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A rarefacção da camada de ozono tornou-se num dos maiores problemas ambientais do planeta. Ainda que
a reacção a este problema comece a produzir resultados positivos, só dentro de 1 ou 2 séculos se poderá
atingir uma recuperação completa.
São diversas as substâncias químicas que reagem com o ozono, destruindo-o. A lista
negra dos produtos danosos inclui óxidos nítricos e nitrosos expelidos pelos escapes dos
veículos e os dióxido e monóxido de carbono libertados pela combustão do carvão e do
petróleo. Mas em termos de efeitos destrutivos sobre a camada de ozono, nada se
compara ao grupo de gases designados por clorofluorcarbonetos, os conhecidos CFCs.
Junto da superfície terrestre, os CFCs são relativamente inofensivos e não reagem com
qualquer outro tipo de material, inclusive a pele humana. Não são tóxicos, inflamáveis ou
corrosivos e possuem propriedades termodinâmicas estáveis, o que fez com que fossem
saudados como substâncias capazes de solucionar uma boa parte dos problemas da vida
moderna. Durante 50 anos eles foram o exemplo perfeito de uma solução técnica
supostamente benéfica para o ambiente e para os problemas de engenharia, sem nenhuma
contrapartida negativa. Por esta razão, a sua produção foi subindo exponencialmente a
partir dos anos 50, chegando às 100 000 toneladas por ano, na década de 60.
Só no final de 1973 é que o destino dos CFCs foi investigado e as primeiras conclusões
foram preocupantes. Depois de libertadas à superfície, as moléculas destes compostos,
por serem extremamente estáveis, são virtualmente indestrutíveis, pois são insolúveis e
pouco reactivas com os agentes oxidantes atmosféricos. Deste modo, embora possam
permanecer mais de oito anos na baixa atmosfera, estas moléculas migram lentamente
para a estratosfera (acima dos 10 km de altitude), onde uma sequência de reacções tem
início.
Após a primeira “explosão” de interesse por esta matéria, entre 1974 e 1977, o assunto
passou das primeiras páginas dos jornais para a comunidade científica. A maioria das
pessoas pensou, então, que o problema tinha sido resolvido, até que em 1980 foram
tomados de surpresa, quando se noticiou, pela primeira vez, a existência de uma região na
atmosfera antárctica, onde a camada de ozono era muito menos espessa. Medições anuais
demonstraram que este “buraco” aparecia todas as Primaveras na mesma localização e
que a sua extensão aumentava a uma velocidade alarmante. Não se percebia, porém, a
relação entre a concentração de CFCs e a localização deste buraco, já que o nível de
emissões poluentes era maior no Hemisfério Norte.
De 1988 a 1992 o consumo global destes gases decresceu, pois muitos estados baniram
quase por completo a sua produção e importação, e conseguiram produzir aerossóis que
usam propulsores alternativos inócuos para a camada de ozono. É imperativo que a
procura de alternativas continue, para garantir a total eliminação destes gases. É,
igualmente, vital promover a cooperação técnica entre os países desenvolvidos e os
países em desenvolvimento, para que todas as nações adoptem as novas tecnologias.
Afinal, a camada de ozono protege todo o planeta.
Os cientistas começam agora a notar os resultados dos seus esforços para diminuir a
libertação dos CFCs. Mas mesmo assim, recentemente foi descoberta uma área com a
camada de ozono muito destruída no Hemisfério Norte (sobre a Europa do Norte). Isto
pode trazer consequências dramáticas, já que a densidade populacional é bem maior sob
este novo buraco do que sob o da Antárctida. O que vai acontecer ao ozono no futuro
depende de como o problema for encaminhado. No entanto, uma certeza existe – é que a
camada de ozono só retornará à normalidade quando os CFCs tiverem desaparecido por
completo da atmosfera, o que só acontecerá daqui a um ou dois séculos a partir deste
momento.