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Taubaté –SP
2008
Marcela de Avila Villaron
Taubaté –SP
2008
Marcela de Avila Villaron
Data:______________________________________________________
Resultado:__________________________________________________
BANCA EXAMINADORA
Prof. ______________________________________________________
Assinatura:_________________________________________________
Prof.______________________________________________________
Assinatura:_________________________________________________
Prof.______________________________________________________
Assinatura:_________________________________________________
Prof.______________________________________________________
Assinatura:_________________________________________________
Dedico este trabalho aos meus pais, que puderam
me proporcionar uma boa educação e
ensinamentos de boa conduta; ao meu marido,
pela compreensão nas horas em que estive
compenetrada nos estudos e aos companheiros de
trabalho, que se mostraram solidários à causa.
AGRADECIMENTOS
Ao Instituto de Controle do Espaço Aéreo, pela cessão dos dados do Aeroporto de São
José dos Campos.
Ao orientador, Prof. Dr. Gilberto Fisch, pela paciência e pela sempre rápida resposta aos
meus questionamentos.
Ao Prof. Dr. Edson Cabral, pela colaboração com o envio de material bibliográfico a
respeito do tema.
Ao Tenente Marcos Luiz, pela revisão deste trabalho e pelo grande incentivo à pesquisa
científica.
RESUMO
Este estudo visou caracterizar a ocorrência de nevoeiro no Aeroporto de São José dos Campos,
buscando identificar razões para o seu comportamento ao longo do período analisado. Foram
utilizados dados anuais e horários de temperatura do ar, umidade relativa, precipitação, além de
informações quantitativas do fenômeno. Os dados, provenientes de três tipos de formulários
utilizados nos aeroportos brasileiros, e armazenados digitalmente no Banco de Dados
Climatológicos do ICEA, foram agrupados em planilhas do Excel. A análise estatística
identificou uma pequena elevação nas médias das temperaturas, nas médias das máximas e das
mínimas, embora insuficiente para afirmar ser uma das conseqüências do aquecimento global.
Houve, também um decréscimo nos valores de precipitação, na umidade relativa e na quantidade
de horas anuais de nevoeiro, principalmente a partir de 1990. Os meses mais comprometedores
para as atividades aéreas foram, em ordem, junho, maio e julho, e os horários mais críticos foram
os do início da manhã. Foram encontradas, também, tendências de redução quantitativas em
todos os meses do ano, bem como nos horários mais críticos. Considerando os horários com
nevoeiro, verificou-se que 83% das operações de pouso e 72% das operações de decolagem
foram comprometidas devido à restrição de visibilidade. Relacionou-se a redução de nevoeiro
com o aumento das “noites quentes” e com a diminuição da umidade relativa nos horários mais
susceptíveis à formação do fenômeno.
Palavras-chave: tendências climáticas; aeroporto; nevoeiro.
ABSTRACT
This work proposed to characterize fog occurrence at São José dos Campos Airport, trying to
identify its behavior over the analised period. Beside quantity information about fog there were
annual data about: air temperature, relative humidity and rainfall. These data came from three
differents forms used at Brazilian airports and filed in Climatologic Database of ICEA. They
were grouped in Excel sheets. During this period, the statistics analysis identified a small in the
temperature average increase, as well as in the averages of the maximums and of the minimums,
but its not enough to be said it would be a consequence of global warming. There was also a
decrease in the values of rainfall, relative humidity and annual hours of fog, specially after 1990.
The most dangerous months to air activities were in order, June, May and July, and the first hours
of early morning were the worst. It was found some tendencies of decrease of the quantity of
occurrences in the all months in the year as well as the worst hours. Considering the hours with
fog, it was found that 83% of landings and 72% of departures were compromised due to
restriction of visibility. The fog decrease was related to increase in warm nights and the decrease
in relative humidity during the hours more susceptible to formation of the phenomenon.
Key Words: climatic trends; airport; fog.
SUMÁRIO
1-INTRODUÇÃO.......................................................................................................11
2-REVISÃO DA LITERATURA..............................................................................13
3- MATERIAL E MÉTODO.....................................................................................22
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.............................................22
3.1.1 O MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS.......................................22
3.1.2 O AEROPORTO.......................................................................................23
3.2 DADOS UTILIZADOS ....................................................................................23
3.3 COLETA DE DADOS ......................................................................................24
4- RESULTADOS E DISCUSSÕES.........................................................................28
4.1 ANÁLISE TEMPORAL DA TEMPERATURA DO AR, PRECIPITAÇÃO E
UMIDADE RELATIVA NO AEROPORTO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS .......... 28
4.2 ANÁLISE TEMPORAL DO NEVOEIRO NO AEROPORTO DE SÃO JOSÉ
DOS CAMPOS ............................................................................................................ 33
4.3 O NEVOEIRO NO LOCAL DO ESTUDO......................................................44
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES................................................47
REFERÊNCIAS ...........................................................................................................50
LISTA DE FIGURAS
Tabela 1 – Tendências das temperaturas médias, médias das máximas e médias das mínimas na
estação do IAG-USP, no posto agrometeorológico da UNITAU e na EMS-SJ entre os anos de
1995 e 2002 ..............................................................................................................................30
Tabela 2 – Tendências de precipitação na Estação do IAG-USP, no posto agrometeorológico da
UNITAU e na EMS-SJ no período de 1983 a 2002.................................................................33
Tabela 3- Tabela 4677 (WW) ..................................................................................................42
11
I – INTRODUÇÃO
1
A ocorrência de teto se dá quando a cobertura de nuvens é superior a 4/8 da abóboda terrestre, visível do ponto de
observação. No caso do aeródromo de São José dos Campos, a visibilidade horizontal mínima permitida para
operações de pouso é de 800 metros e, para decolagem, é de 600 metros, com o uso dos auxílios à navegação, além
da altura mínima de teto de 200 pés ou 60 metros para ambos procedimentos.
2
Aeroporto alternativo é aquele informado pelo piloto, antes da decolagem em um documento chamado no plano de
vôo. É utilizado no caso do aeroporto de destino estar indisponível, ou como tecnicamente se diz, estar fechado.
12
cansaço físico e mental de todo o pessoal envolvido, gera conflitos e discussões em que pouco se
pode fazer se tratando de problemas causados por fenômenos naturais.
A inexistência de estudos sobre o nevoeiro no aeródromo de São José dos Campos, aliado
à necessidade de se ampliar à quantidade de vôos diários de rota comercial, em vista ao projeto
de ampliação do terminal de passageiros e a sobrecarga dos Aeroportos de Congonhas e
Guarulhos, motivaram a elaboração deste trabalho.
Assim, este estudo visa caracterizar os meses e horários mais comprometedores das
atividades aéreas, bem como a intensidade em que o fenômeno ocorre, a partir de observações
meteorológicas realizadas no aeródromo de São José dos Campos, pelo Comando da
Aeronáutica.
Considerando o fenômeno de nevoeiro no aeroporto de São José dos Campos, elaboraram-se
alguns questionamentos a serem averiguados ao longo deste trabalho, a saber:
1) Considerando os dados históricos do fenômeno de nevoeiro, existe alguma tendência de
diminuição da ocorrência do fenômeno? Em caso positivo, esta tendência se apresenta em
todos os meses do ano?
2) Quais são os meses e horários mais comprometedores para as atividades aéreas?
3) É possível quantificar impactos no fechamento do aeroporto?
4) Haveria algum possível efeito do aquecimento global com a freqüência de ocorrência do
fenômeno, como um aumento nas médias das temperaturas mínimas?
13
3
Pode-se afirmar que a Temperatura do Ponto de Orvalho é aquela em que a molécula de vapor d’água se condensa
em uma molécula de água. Seu valor é sempre igual ou inferior a Temperatura do Ar. Quando ambas temperaturas se
igualam podemos dizer que o nível de condensação foi alcançado e a Umidade Relativa chegou a 100%.
14
4
Em uma expansão adiabática o volume do ar aumenta, a pressão e a temperatura diminuem, embora não haja troca
de calor com o meio.
15
5) Bancos de Nevoeiro (Figura 2): Serão utilizados para informar bancos de nevoeiro que
cobrem, de forma descontínua, setores do aeródromo.
6) Nevoeiro Parcial (Figura 3): Será utilizado para informar nevoeiro que cobre, de forma
contínua, parte do aeródromo.
5
Visibilidade Horizontal é a maior distância que um objeto, de dimensões apropriadas, pode ser visto e identificado.
16
6
Podem ser considerados como tais: poeira, areia, sal marinho, fuligem, fumaça de queimadas, resíduos industriais,
entre outros.
17
pode ser atribuído ao processo de urbanização nessas áreas, ligada à grande área
pavimentada e construída e à retirada da vegetação outrora existente, resultando
em um conseqüente aumento das médias térmicas e da redução dos valores de
umidade relativa e com a queda dos totais de horas anuais de nevoeiros. Tal
situação tem contribuído sensivelmente com a maior operacionalidade nesses
dois movimentados locais, resultando em maior segurança e economia dos vôos
(CABRAL e ROMÃO, 2006).
durante o período noturno, esfriou-se por perda radiativa e tornou-se saturado. Os resultados
obtidos foram satisfatórios e pôde identificar a associação do fenômeno com a existência de
vento calmo, progressiva queda da umidade específica e da temperatura do ar na noite anterior ao
nevoeiro.
Friedlein (2004) investigou algumas variáveis, como vento, temperatura e fatores locais a
fim de propor uma análise sazonal e sugerir possíveis causas para a formação de nevoeiro denso,
com visibilidade horizontal inferior a 500 metros no aeroporto de Chicago, nos Estados Unidos,
no período de julho de 1996 a abril de 2002. Durante todo o ano, predominou a maior parte das
ocorrências do fenômeno no período da madrugada. Cerca de 75% dos casos ocorreram na
estação fria, quando também foi comum a permanência do nevoeiro durante o dia. Os ventos de
sudeste/sul são fundamentais para a formação do nevoeiro de advecção no inverno, pois são mais
quentes. Os ventos provenientes de nordeste/leste estão ligados à influência do Lago Michigan,
localizado próximo ao Aeroporto. Em todas as estações, o vento fraco foi associado ao fenômeno.
Em relação à temperatura, observou-se uma relação entre a ocorrência de nevoeiro e a
temperatura superior à média da estação, no caso do inverno; e no caso do verão, a temperatura
tendia a ser inferior a média.
Santos (2002), em seu estudo preliminar no Aeroporto Afonso Pena de Curitiba-PR,
utilizando dados do período de janeiro de 1998 a janeiro de 2002, observou que as estações com
maiores ocorrências de nevoeiro foram às estações de inverno e de outono. O mês com maior
incidência foi o de junho. Verificou que quanto mais cedo se inicia o fenômeno mais tarde é a sua
dissipação, e isso ocorre predominantemente entre os meses de maio a agosto, quando as
temperaturas são menores. Isto se deve pela formação de um nevoeiro mais espesso, demorando
mais para evaporar. A intensidade do vento foi fraca, com menos de cinco nós e com direção
predominante de norte/leste em quase todos os meses. O tipo de nevoeiro predominante foi o de
radiação de superfície, com céu visível, e teto variando de 100 a 200 metros. Na maioria dos
casos, a umidade relativa do ar foi superior a 90%.
Oliveira (1998) procurou relacionar fatores sinóticos com a ocorrência de nevoeiro, na
cidade de Pelotas-RS. Verificou que a estação climática com maior ocorrência do fenômeno foi a
de outono. A situação sinótica mais favorável é quando o anticiclone de curvatura ciclônica7 das
7
Anticiclone é um centro de alta pressão, cujo movimento do ar é descendente, expandindo-se à superfície. As
isóbaras são de curvatura ciclônica, ou seja, a curvatura das superfícies isobáricas é côncava.
20
isóbaras está a leste/nordeste da cidade. Além disso, são verificados valores elevados de umidade
relativa, temperatura baixa e vento fraco. O autor também identificou quatro tipos de perfis
verticais de temperaturas do ar e do Ponto de Orvalho, sendo os principais: a inversão da
temperatura com grau de inversão entre 2 e 8 ºC; e, uma camada úmida em baixos níveis com
topo entre 950 e 670 hPa e temperatura do ar próxima a de Orvalho, e uma camada seca mais
elevada com depressão psicrométrica8 entre 10 e 30 ºC;
Cunha e Maia (2004), realizaram um estudo sobre a visibilidade em cinco aeroportos da
cidade do Rio de Janeiro, utilizando dados de METAR9 do ano de 2003. Pode-se identificar que
em apenas 2% das observações obteve-se visibilidade inferior a 1000 metros ligada à presença de
nevoeiro. Os aeroportos mais atingidos, em ordem crescente foram: Jacarepaguá, Santos Dumont,
Santa Cruz, Campo dos Afonsos e Galeão. O horário mais propício foi entre as 06hs e 08hs local.
No aeródromo de Galeão, lugar onde a ocorrência foi maior, a freqüência de nevoeiros fortes e
moderados é baixa e a faixa horária mais comprometida é das 04hs às 11hs local, com máximo às
07hs. Quanto à freqüência mensal, o mês de julho foi o mais propenso à restrição da visibilidade
causada por nevoeiro, chegando a apresentar no ano de 2003, sete dias com registro do
fenômeno.
Piva e Fedorova (1999) procuraram caracterizar as condições atmosféricas mais propícias
para a ocorrência de nevoeiro de radiação em Porto Alegre-RS. Durante o período analisado, de
janeiro de 1995 a abril de 1996, observaram-se onze casos de nevoeiro, sendo que oito eventos na
estação do outono e o restante no inverno. A maior ocorrência nesta estação se deve a maior
duração do período noturno, fato que favorece a saturação do ar. Em todos os casos, foram
encontradas uma camada úmida em baixos níveis (até 950h Pa) e uma camada seca logo acima.
Segundo os autores: “A inversão térmica é uma evidência do resfriamento radiativo noturno da
superfície terrestre”. A perda de calor é ainda maior quando as camadas superiores são ainda
mais secas, dificultando a absorção de vapor d’água. Os autores identificaram que numa
seqüência de dias com nevoeiro, a duração do fenômeno aumentava, em média, quatro horas de
8
A Depressão Psicrométrica pode ser definida pela diferença entre a Temperatura do Ar (ou do Bulbo Seco) e a
Temperatura do Bulbo Úmido. O conjunto desses termômetros é chamado de psicrômetro e é utilizado nas estações
meteorológicas de superfície convencionais
9
O METAR é um código internacional meteorológico, estabelecido pela Organização Meteorológica Mundial, de
caráter horário e com fins aeronáuticos, que visa informar condições meteorológicas no local da observação.
Basicamente é composto por dados de vento, visibilidade, tempo presente, nebulosidade, temperatura do ar e do
ponto de orvalho, pressão ao nível do mar para ajuste de altímetro. Conforme necessidade, algumas informações
suplementares podem ser registradas após a informação de pressão.
21
O município de São José dos Campos (Figura 4), situa-se na região Leste do Estado de
São Paulo. Possui área total de 1099,6 km2, subdividida em 361,95 km2 de área urbana, 734,39
km2 de área rural e 3,26 km2 de área de expansão urbana (PMSJC, 2007). A população estimada
pelo IBGE (2008), no ano de 2007, foi de 594.948 habitantes.
Figura 4: Município de São José dos Campos – SP, em destaque região do aeroporto.
Fonte: Adaptada de Moura et al, 2008.
O clima da região, pelo sistema de Köeppen modificado, é do tipo Cwa, quente, verão
úmido e inverno seco. Localiza-se na Depressão do Rio Paraíba do Sul, que está inserido nos
Cinturões Móveis Neoproterozóicos Sudeste-Sul (IBGE,2006). Esta área apresenta em uma
parcela a vegetação do tipo Cerrado e, em outra, Floresta Ombrófila Densa na sua forma
secundária, ambos tipos com atividade agrária (IBGE, 2004).
23
3.1.2 O Aeroporto
O aeroporto Professor Urbano Ernesto Stumpf (Figura 5) está localizado nas coordenadas
geográficas 23°13’44’’S e 045°52’16’’W, a uma altitude aproximada de 646 metros (COMAER,
2005). O número sinótico da estação, para fins de identificação na Organização Meteorológica
Mundial, é 83829. Possui fins militares e civis e, segundo a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura
Aeroportuária (INFRAERO, 2008), administradora do atual terminal civil de passageiros, já se
encontra em tramitação o processo de zoneamento civil/militar, delimitando o terreno para a
implantação da nova área terminal, com fins de expansão para o desenvolvimento de um terminal
de cargas e maior atendimento aos passageiros.
Figura 5: Ortofoto10 com o aeroporto de São José dos Campos. Folha 21.
Fonte: Projeto Cidade Viva, PMSJC, 2004.
10
Ortofoto é uma fotografia aérea retificada, ou seja, corrigida as distorções de geometria (posição e inclinação) e de
deslocamentos provocados pelo relevo (ESTEIO, 2008).
24
(EMS-SJ), nos horários das 00h às 23hs (local), dos anos de 1982 a 2004, mantidos arquivados
pela Subdivisão de Climatologia Aeronáutica do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA)11,
em São José dos Campos - SP.
Os dados se referem às observações horárias nos quais as condições de tempo presente
foram classificadas como nevoeiro (associado aos valores de visibilidade horizontal), umidade
relativa, temperaturas do ar e precipitação.
Para as análises das temperaturas anuais foram realizados cálculos para a obtenção dos
dados médios mensais de temperatura, além de médias mensais paras as temperaturas máximas e
mínimas diárias. A partir da geração destas informações, foram calculadas as médias anuais.
Procedimento semelhante foi adotado para a umidade relativa. Os totais anuais de precipitação
são resultados do somatório das precipitações diárias ao longo do ano.
Os registros de visibilidade seguem os seguintes critérios técnicos e operacionais: os
registros devem ser feitos de hora em hora, tendo como referência os pontos descritos na carta de
visibilidade do aeródromo; visibilidades acima de 5.000 m são registradas como múltiplos de
1.000 (mil), visibilidades abaixo de 5.000 m, em múltiplos de 100 (cem) e visibilidades abaixo de
800 m, em múltiplos de 50 (cinqüenta) (COMAER, 2004).
11
O ICEA é um órgão subordinado ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo. Mais informações sobre este na
página:<www.icea.gov.br>.
12
Uma variação do código METAR, para casos em que a ocorrência não é horária, ou seja, o minuto é diferente de
zero.
25
13
Os horários sinóticos na atividade aérea são 00 UTC, 03 UTC, 06 UTC, 09 UTC, 12 UTC, 15 UTC, 18 UTC, 21
UTC e 23 UTC. Os horários UTC (Tempo Universal Coordenado) são baseados no fuso horário de referência, ou
seja, de Greenwich.
26
4) RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados das análises realizadas foram divididos em três partes. A primeira, procura
investigar tendências nas séries temporais anuais de temperatura do ar, umidade relativa e
precipitação. A seguir, são apresentadas séries de registros anuais de nevoeiro, além de
informações de horários, visibilidades e tipos de nevoeiro mais freqüentes. Procurou-se, também,
associar umidade com os horários mais críticos. Por fim, foi apresentado um caso de nevoeiro no
aeroporto de São José dos Campos, no dia 06 de junho de 2008, com as imagens de satélite da
região. As séries temporais foram apresentadas com análise de tendência linear, cujos valores
correspondem à linha retilínea que se ajusta aos dados.
25,0
24,0
23,0
22,0
21,0
20,0
19,0
18,0
17,0
16,0
15,0
1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Anos
Temperatura Média Temperatura Mínima Temperatura Máxima
Linear (Temperatura Máxima) Linear (Temperatura Média) Linear (Temperatura Mínima)
Figura 8: Temperatura Média, Médias das Máximas e das Mínimas Anuais das Temperaturas na
EMS-SJ entre os anos de 1982 e 2004.
Tabela 1 – Tendências das temperaturas médias, médias das máximas e médias das mínimas na
estação do IAG-USP, no posto agrometeorológico da UNITAU (Marques, 2003) e na EMS-SJ
entre os anos de 1995 e 2002.
A análise das temperaturas absolutas anuais revelou que a série de temperatura máxima
absoluta (Figura 9) apresentou uma pequena elevação ao longo dos anos e a série de temperatura
mínima absoluta um pequeno decréscimo (Figura 10), embora ambas as séries tenham se
comportado razoavelmente estáveis ao longo do tempo. Os extremos de temperaturas máxima e
mínima no aeroporto de São José dos Campos, ocorrido no período considerado, foram,
respectivamente, de 38,0ºC em novembro de 1993, e 1,0ºC em junho de 1988. A elevação da
série de temperatura máxima condiz com o que se verifica na figura 8, cuja série das médias das
máximas apresentou uma elevação mais significante em relação às outras da mesma figura. A
elevação estimada por década, de acordo com a regressão linear simples, foi em torno de 0,2ºC
para as máximas absolutas. Já o decréscimo estimado para as temperaturas mínimas absolutas foi
de 0,1ºC por década.
y = 0,0229x + 35,39
R2 = 0,0243
39,0
38,0
Temperatura (ºC)
37,0
36,0
35,0
34,0
33,0
32,0
31,0
30,0
1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Anos
Máxima Absoluta Linear (Máxima Absoluta)
Figura 9: Máximas Absolutas Anuais das Temperaturas na EMS-SJ entre os anos de 1982 e 2004.
31
y = -0,0123x + 5,2731
R2 = 0,0022
10,0
9,0
Temperatura (ºC)
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Anos
Mínima Absoluta Linear (Mínima Absoluta)
Figura 10: Mínimas Absolutas Anuais das Temperaturas na EMS-SJ entre os anos de 1982 e
2004.
14
Considera-se neste trabalho “noites quentes” aquelas em que a temperatura não foi inferior nem igual a 7ºC.
32
210
180
Registros
150
120
90
60
30
0
1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Anos
Temp>=33ºC Temp<=7ºC Linear (Temp>=33ºC ) Linear (Temp<=7ºC )
Figura 11: Quantidade Horária Anual de Registros de Temperaturas superiores ou iguais à 33ºC e
inferiores ou iguais à 7ºC na EMS-SJ entre os anos de 1982 e 2004.
A Figura 12 refere-se aos totais anuais de precipitação no aeroporto de São José dos
Campos. A regressão linear da série indica uma significativa tendência de diminuição ao longo
dos anos analisados, em torno de 83,7mm por década. O ano de 1983 apresentou o maior total de
precipitação anual, alcançando 1765,2mm. No outro extremo, o ano de 1990 apresentou
894,7mm de precipitação.
y = -8,3744x + 1331,6
R2 = 0,0829
2000
Precipitação (mm)
1750
1500
1250
1000
750
500
1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Anos
Precipitação Linear (Precipitação)
Figura 12: Total de Precipitação Anual na EMS-SJ entre os anos de 1982 e 2004.
A Figura 13 exibe a média anual da umidade relativa ao longo dos vinte e três anos. A
série apresenta uma ligeira redução ao longo do tempo, variando de 75% a 82%. A umidade
relativa média da EMS, é de 77,94%. A estimativa de redução, por ano, é de 0,05% apresentando
no final da série, uma média 1,2% menor do que a inicial.
100
Umidade Relativa (%)
90 y = -0,0515x + 78,558
R2 = 0,0251
80
70
60
50
1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Anos Umidade Relativa Linear (Umidade Relativa)
Figura 13: Umidade Relativa Média Anual na EMS-SJ entre os anos de 1982 e 2004.
y = -6,17x + 210,13
R2 = 0,7023
250
225
Horas de nevoeiro
200
175
150
125
100
75
50
25
0
1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Anos
Figura 14: Quantidade horária anual de nevoeiro na EMS-SJ entre os anos de 1982 e 2004.
Entretanto, dividindo a série total nos períodos de 1982 a 1989 (Figura 15),
correspondente ao formulário IEMA 105-25, e de 1990 a 2004 (Figura 16), correspondente aos
formulários IEPV 105-13 e IEPV 105-78, verifica-se que, no primeiro período, a série apresenta
uma pequena tendência positiva contrariando a série da figura 14. Entretanto, na análise de
tendência do segundo período, que conta com a classificação WW, a tendência negativa aparece,
evidenciando sua influência deste último período na análise do período total.
y = 1,1905x + 186,89 y = -4,025x + 138,33
R2 = 0,0087 R2 = 0,4885
250 250
225 225
200 200
Horas de nevoeiro
175 175
Horas de nevoeiro
150 150
125 125
100 100
75 75
50 50
25 25
0 0
Anos 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 Anos 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Figura 15: Quantidade horária anual de Figura 16: Quantidade horária anual de
nevoeiro na EMS-SJ entre os anos de 1982 a nevoeiro na EMS-SJ entre os anos de 1990 a
1989. 2004.
35
1000
900
Horas de nevoeiro
800
700
600
500
400
300
200
100
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Meses
Figura 17: Quantidade horária mensal de nevoeiro na EMS-SJ entre os anos de 1982 e 2004.
y = -0,249x + 6,1621
R2 = 0,2915
14
10
0
Anos 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Figura 18: Horas de nevoeiro na EMS-SJ em janeiro entre os anos de 1982 e 2004.
y = -0,2105x + 7,2213
R2 = 0,0956
18
Quantidade horária de nevoeiro
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Anos 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Figura 19: Horas de nevoeiro na EMS-SJ em fevereiro entre os anos de 1982 e 2004.
y = -0,2559x + 11,202
R2 = 0,0968
30
Quantidade horária de nevoeiro
25
20
15
10
0
Anos 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Figura 20: Horas de nevoeiro na EMS-SJ em março entre os anos de 1982 e 2004.
37
y = -0,415x + 15,937
R2 = 0,1279
30
20
15
10
0
Anos 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Figura 21: Horas de nevoeiro na EMS-SJ em abril entre os anos de 1982 e 2004.
y = -1,5593x + 45,407
R2 = 0,5006
70
Quantidade horária de nevoeiro
60
50
40
30
20
10
0
Anos 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Figura 22: Horas de nevoeiro na EMS-SJ em maio entre os anos de 1982 e 2004.
y = -1,6166x + 59,225
R2 = 0,3043
90
Quantidade horária de nevoeiro
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Anos 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Figura 23: Horas de nevoeiro na EMS-SJ em junho entre os anos de 1982 e 2004.
38
y = -0,9644x + 31,66
R2 = 0,193
60
40
30
20
10
0
Anos 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Figura 24: Horas de nevoeiro na EMS-SJ em julho entre os anos de 1982 e 2004.
y = -0,5711x + 19,593
R2 = 0,3191
30
Quantidade horária de nevoeiro
25
20
15
10
0
Anos 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Figura 25: Horas de nevoeiro na EMS-SJ em agosto entre os anos de 1982 e 2004.
y = -0,0652x + 4,7826
R2 = 0,0122
16
Quantidade horária de nevoeiro
14
12
10
8
6
4
2
0
Anos 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Figura 26: Horas de nevoeiro na EMS-SJ em setembro entre os anos de 1982 e 2004.
39
y = -0,0494x + 2,8972
R2 = 0,0129
12
0
Anos 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Figura 27: Horas de nevoeiro na EMS-SJ em outubro entre os anos de 1982 e 2004.
y = -0,1561x + 3,4822
R2 = 0,0818
16
Quantidade horária de nevoeiro
14
12
10
8
6
4
2
0
Anos 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Figura 28: Horas de nevoeiro na EMS-SJ em novembro entre os anos de 1982 e 2004.
y = -0,0563x + 2,5455
R2 = 0,0319
9
Quantidade horária de nevoeiro
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Anos 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Figura 29: Horas de nevoeiro na EMS-SJ em dezembro entre os anos de 1982 e 2004.
40
750
675
Registros de nevoeiro
600
525
450
375
300
225
150
75
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Horas
Figura 30: Quantidade de registros por hora de nevoeiro na EMS-SJ entre os anos de 1982 e
2004.
500
450
400
Visibilidade (m)
Figura 31: Freqüência dos registros de visibilidade nos casos de nevoeiro na EMS-SJ entre os
anos de 1982 e 2004.
600
Quantidade de horas
500
400
300
200
100
0
11 12 41 42 43 44 45 46 47 48 49
WW
Figura 32: Tipos de nevoeiros mais freqüentes na EMS-SJ no período de 1990 a 2004
42
Nevoeiro ou nevoeiro
41
glacial em bancos
Nevoeiro ou nevoeiro
42
glacial, céu visível
Tornou-se mais fraco durante a hora precedente
Nevoeiro ou nevoeiro
43
glacial, céu invisível
Nevoeiro ou nevoeiro
44
glacial, céu visível Sem mudança apreciável durante a hora
precedente
Nevoeiro ou nevoeiro
45
glacial, céu invisível
Nevoeiro ou nevoeiro
46
glacial, céu visível Começou ou tornou-se mais forte durante a hora
precedente
Nevoeiro ou nevoeiro
47
glacial, céu invisível
Nevoeiro, depositando
48
escarcha, céu visível
Nevoeiro, depositando
49
escarcha, céu invisível
Fonte: Adaptada de MCA 105-10.
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
Quantidade de Registros
0
1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Anos 05 h 06 h 07 h 08 h 09 h 10 h
Figura 33: Quantidade de registros de nevoeiro entre os horários das 05 h às 10 h na EMS-SJ entre os anos de 1982 e 2004.
44
Com isso, procurou-se identificar os três horários com maiores ocorrências (05 h, 06 h
e 07 h), associando às médias da umidade relativa e às médias da temperatura do ar nos
horários correspondentes. Assim, buscou-se investigar uma possível associação dos horários
mais freqüentes da ocorrência de nevoeiro com aumento da temperatura e o decréscimo da
umidade.
Em virtude do registro de umidade relativa ter sido realizado apenas em horários
sinóticos no formulário IEMA 105-25 (utilizado até março de 1990), realizou-se a análise a
partir dos dados de abril de 1990, como exposto na Figura 34.
As temperaturas médias dos horários analisados tiveram pouca alteração, sendo que as
temperaturas das 05 h e das 06 h apresentaram valores semelhantes, e a temperatura das 07 h,
um valor superior de, aproximadamente, 1ºC.
A análise da umidade relativa média revelou significativa tendência de redução nos
horários selecionados, especialmente a partir de 1999. A queda da umidade nos horários mais
favoráveis à ocorrência de nevoeiro, pode contribuir para justificar o declínio do fenômeno de
nevoeiro, visto que além de significativa perda radiativa, a presença de umidade é
fundamental para a condensação dos núcleos higroscópicos ou, núcleos de condensação.
100 19,0
Umidade Relativa (%)
98
18,5
Temperatura (ºC)
96
94 18,0
92
17,5
90
88 17,0
86
16,5
84
82 16,0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Figura 35 – Aeroporto de São José dos Campos, com visibilidade comprometida pelo
nevoeiro, restrita a 400 metros, foto tirada dia 06/06/2008 às 09 h 30 min.
Neste dia, o aeroporto ficou fechado para pousos e decolagens, desde as 03 h até às 10
h, prejudicando aeronaves que tinham como destino a cidade, visto que neste dia iniciava-se
uma feira de aviação de caráter civil.
O fenômeno também pode ser identificado pelas imagens do satélite GOES 10,
específico para o estudo meteorológico, como se pode ver nas Figuras 36 e 37.
15
Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica. A página também está disponível para o público externo,
no endereço <www.redemet.aer.mil.br>
46
Figura 36 – Imagem do satélite GOES 10 com destaque para nevoeiro e/ou nuvem do tipo
Stratus, do dia 06/06/2008 às 06 h local, com destaque ao Vale do Paraíba-SP.
Fonte: INPE, 2008.
Figura 37 – Imagem do satélite GOES 10, no canal visível, dia 06/06/2008 às 07 h 45 min
local, com destaque ao Vale do Paraíba-SP.
Fonte: INPE,2008.
47
céu visível mostrou-se mais recorrente, pois necessariamente também inclui os registros
anteriormente classificados de céu invisível, e que tiveram uma dispersão da nebulosidade
baixa e conseqüente aumento da visibilidade vertical.
A análise dos principais horários mais comprometedores, das 05 h às 10 h, confirmou
a tendência de diminuição do nevoeiro. No período de 1990 a 2004, procurou-se associar os
três horários mais críticos (05 h, 06 h e 07 h) com as médias da umidade relativa e da
temperatura do ar. A análise revelou uma significativa tendência de redução da umidade,
especialmente a partir de 1999, fato que pode estar relacionado com a redução do nevoeiro,
pois a presença de umidade é fundamental para a condensação dos núcleos higroscópicos.
O objetivo deste trabalho foi o de caracterizar a ocorrência de nevoeiro no Aeroporto
de São José dos Campos a fim de buscar respostas aos questionamentos elaborados na
introdução desta monografia. Entretanto, este trabalho pode ser estendido em virtude da
insipiência de estudos sobre o tema, em especial no Vale do Paraíba.
Infelizmente, a maior dificuldade está em obter dados reais, cujo registro está restrito a
estações meteorológicas que contam com um profissional observador, tornando os aeroportos
os principais fornecedores de informações desta natureza.
50
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CABRAL, E.; ROMÃO, M. Estação dos nevoeiros. AeroMagazine, São Paulo, v. 13, n. 146,
p. 32-34, 2006.
FRIEDLEIN,M.T. Dense Fog Climatology: Chicago O’Hare International Airport, July 1996-
April 2002. American Meteorological Society,2004.
_____. Mapa de Vegetação do Brasil. Rio de Janeiro: Diretoria de Geociências, 2004. Mapa
color.,115cm x 90cm. Escala 1:5.000.000.
WILLET,H.C. Fog and Haze, Their Causes, Distribuition, and Forecasting. Monthly
Weather Review, 1928,v. 56, 435-468 p.