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IDEOLOGIA

CONSERVADORA
Características
○ Ideologia contrária ao colectivismo;
○ Na classificação da oposição binária em política, o
conservador propriamente dito nunca é de
esquerda, é quase sempre de direita. Só muito
excepcionalmente poderá ser tido como de
centro-direita. Contudo, nunca representará uma
direita extremista (fascista, nazi);
○ O conservador é um pessimista antropológico,
que pensa antes de mais que os homens são
maus, decaídos ou pecadores;
○ Não existe o indivíduo abstracto, só existe
integrado numa sociedade. Portanto, é a
sociedade que faz o indivíduo. Por outro lado,
respeita a intimidade da vida privada;
○ O conservadorismo preza antes de mais a
autoridade, a ordem, e se não é totalitário, pode
tender para o autoritarismo, sobretudo em
tempos de crise;
○ Avessos à mudança, às transformações abruptas
(ex: revoluções) em vários domínios. Por isto, o
conservador clássico é normalmente dogmático e
moralista;
○ Deseja a segurança, que assenta na ordem
instituída, garante da estabilidade;
○ Conservador ≠ Tradicionalista – O universo
pessoal do conservador é sobretudo o mundo
burguês, ao passo que o do tradicionalista é o
aristocrático;
○ A segurança está, assim, sobretudo nos bens
materiais e na posição social que muito preza e
defende com muito orgulho e preconceito. A
propriedade é a espinha dorsal da sua existência
enquanto indivíduo e enquanto classe;
○ Estado garantidor da paz social, numa
perspectiva de democracia, mas eventualmente
de democracia musculada (com poder decisório,
liderança autoritária, populismo proveniente das
massas, associado ao descontentamento
popular);
○ Durante os anos 20/30, denotou-se uma
proximidade do conservadorismo ao fascismo. Já
nos anos 60/70, verificou-se um renascimento do
conservadorismo tradicional, com a preocupação
de zelar pelo bem comum (neo-conservadorismo)
○ Não é raro que o conservador seja um
nacionalista. Nacionalismo que, historicamente,
numa certa medida, tem uma ligação com
sufrágio universal e democracia;
○ Não se deverá confundir conservadorismos com
reaccionarismos nem com tradicionalismos. Em
princípio, o conservadorismo é mais institucional,
podendo mesmo chegar a apresentar-se quase
como centrista ou de centro-direita. Nesse caso,
o conservador é-o mais por estilo, hábito, quase
inclinação de temperamento ou gosto. O
reaccionarismo é mais uma atitude emocional e
um estado mental de cristalização reactiva à
mudança;
○ Entre nós, António José de Brito selecciona como
contra-revolucionário a figura de Salazar,
assinalando sobretudo a sua distinção com o
fascismo e aproximando a contra-revolução do
conservadorismo. Já porém Jorge Campinos,
ministro sem pasta no I Governo Constitucional
liderado por Mário Soares, afirmava ser
impossível afastar do Estado Novo a conotação
com o fascismo;
○ Também em Portugal os socialistas foram
acusados por pessoas da área comunista por
terem apoiado a “contra-revolução” (Mário
Soares é acusado de ter sido o líder desse
movimento) que culminou com o 25 de
Novembro de 1975;
○ Mário Soares assumiu a difícil posição
conservadora no período 1974-1975, em pleno
período pós-revolucionário;
○ O tradicionalismo é, nos nossos dias pós-
revolucionários, muito mais inconformista que o
conservadorismo, pois é normalmente não
acomodado e por isso pode até tornar-se, num
certo sentido, “revolucionário”. Há vários estilos e
famílias de tradicionalismo:
 Católicos e nacionalistas;
 Pagãos (ou esotéricos) e internacionalistas;
 Pré-liberais (mais raros);
 Pós-modernos (mais raros);
○ Por vezes também se afirma como conservadora
a doutrina social da Igreja católica e a
democracia cristã, que se afirmou no período pós-
guerra, declinando mais tarde. Se, na verdade, a
democracia cristã e outras formações que
derivam do magistério social da Igreja andaram
por vias conservadoras em matéria de valores e
costumes, no plano político tomaram em geral
rumos democrático-liberais (em vez de um
alinhamento entre o centro-direita e a direita-
direita;
○ Entre nós, durante o Estado Novo e mesmo
depois, se falou em “católicos progressistas”, e
mesmo em “católicos para o socialismo”. Assim,
comprova-se que o lugar político dos católicos é
complexo e plural. No Reino Unido, por exemplo,
quer o Partido Liberal Democrático, quer o Partido
Trabalhista, têm organizações específicas para
cristãos.
○ São considerados partidos conservadores o
PPD/PSD e o CDS-PP, que integram o Partido
Popular Europeu;
○ Antes do 25 de Abril, concorreram a actos
eleitorais os seguintes partidos:
 União Nacional / Acção Nacional
Popular ( UN/ANP)
• Fundada em 1930, para apoiar a
criação e a manutenção do Estado
Novo;
• Adopta a designação Acção Nacional
Popular em 1970, já com Marcello
Caetano como Presidente do Conselho
de Ministros.
 Movimento Democrático Português –
Comissão Democrática Eleitoral
(MDP/CDE)
• Fundado em 1969, para concorrer às
eleições legislativas como opositor ao
partido do regime;
• Depois do 25 de Abril, constitui-se
como partido político, fazendo parte de
todos os Governos Provisórios, com
excepção do VI. Concorreu à eleição
para a Assembleia Constituinte de 1975
sozinho, e a partir de 1976 em aliança
com o PCP, integrando a APU. Em 1987,
em dissidência com o PCP, já não
participou na coligação eleitoral CDU,
acabou por dar lugar ao movimento
Política XXI que veio a integrar o Bloco
de Esquerda.
 Comissão Eleitoral de Unidade
Democrática (CEUD)
• Formação eleitoral oposicionista que
disputou as eleições legislativas de
1969;
• Integrava personalidades como Mário
Soares (da Acção Socialista
Portuguesa), Francisco Sousa Tavares,
Sophia de Mello Breyner Andresen
(católicos) e Gonçalo Ribeiro Telles
(monárquico);
• A formação da CEUD visava sobretudo
destacar perante o país a existência
dos socialistas, demarcando-se do
Partido Comunista Português.
○ Depois do 25 de Abril, o Francisco Sá Carneiro,
conotado como monárquico, ex-deputado da Ala
Liberal da ANP, recusa integrar o PS e funda com
Magalhães Pinto e Franscisco Pinto Balsemão o
PPD, considerado o menos ideológico do espectro
político português, que tem albergado dissidentes
do PCP;
○ Já o CDS, suspeito de albergar fascistas, era
integrado por centristas, como Diogo Freitas do
Amaral (fundador), democratas-cristãos, como
Adriano Moreira e liberais nacionais, como
Francisco Lucas Pires. Três dos seus presidentes
abandonaram o partido:
 Francisco Lucas Pires abandonou em 1991,
que viria a exercer, mais tarde, o cargo de
eurodeputado, eleito como independente e
integrado nas listas do PSD;
 Manuel Monteiro abandonou em 1997 a
presidência do Partido, na sequência de
maus resultados nas eleições autárquicas.
Em 2003, funda o PND – Nova Democracia
por dissidências com o presidente eleito do
CDS-PP, Paulo Portas;
 Diogo Freitas do Amaral, presidente do
partido em dois períodos (1974-1982 e
1988-1991), aceitou o convite para ocupar o
cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros,
em 2005, num governo PS liderado por José
Sócrates.
○ Existem democracias lideradas por mentalidades
autoritárias. O autoritarismo não se resume a
uma ideologia. Existem indivíduos conotados com
o regime democrático com espírito autoritário.

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