You are on page 1of 38

EcstasyA Substância

Denominado farmacologicamente como 3,4-metilenodioximetanfetamina e abreviado por MDMA,


o ecstasy é uma substância fortemente psicoativa. Duas outras substâncias farmacologicamente e
psicoativamente semelhantes podem ser encontradas no mercado ilegal como sendo o ecstasy. Uma
delas é conhecida popularmente como Eve e denominada farmacologicamente por N-etil-3,4-
metilenodioxianfetamina e a outra é um metabólito ativo (produto da degradação do ecstasy pelo
fígado, mas que ainda possui atividade psicoativa) conhecido por MDA ou 3,4-
metilenodioxianfetamina. As reações e efeitos provocados por essas três substâncias são
semelhantes, mas durante toda nossa abordagem nessa seção estaremos falando apenas do MDMA,
do ecstasy e seus efeitos podem ser estendidos para as outras duas.
A anfetamina, um dos primeiros estimulantes sintetizados com finalidades terapêuticas foi retirado
do mercado há décadas; a cocaína, outro estimulante, foi proibido de ser comercializado por causa
de seus efeitos mais prejudiciais do que benéficos. Os alucinógenos como a mescalina, nunca foram
empregados com finalidades terapêuticas sendo sempre considerado ilegal. O ecstasy possui
características farmacológicas e efeitos psicológicos semelhantes a uma mistura da anfetamina com
mescalina.
Breve histórico
O MDMA (ecstasy) foi sintetizado pela Merck em 1914 com a finalidade de ser usado como um
supressor do apetite, mas nunca foi usado com essa finalidade. Somente em 1960 foi redescoberto
sendo indicado como elevador do estado de ânimo e complemento nas psicoterapias. O uso
recreativo surgiu em 1970 nos EUA. Em 1977 foi proibido no Reino Unido e em 1985 nos EUA.
Em 1988 um estudo feito nos EUA mostrou que 39% dos estudantes universitários tinham feito uso
do ecstasy no período de um ano antes da pesquisa, mostrando que o uso ilegal já estava
disseminado, da mesma forma como aconteceu na Europa ocidental. O uso do ecstasy concentra-se
nas boates, nos ambientes classificados como "rave" onde há aglomeração noturna em espaços
fechados para dança com música contínua. Como o uso do ecstasy está se tornando comum, as
pesquisas sobre ele estão aumentando.
Efeitos
Teste em voluntários
Pessoas sem doenças somáticas e psíquicas com experiência prévia de ecstasy relataram e
apresentaram uma série de alterações. Os mais evidentes são aqueles semelhantes ao demais
estimulantes como aceleração da freqüência cardíaca, elevação da pressão arterial, diminuição do
apetite, ressecamento da boca, dilatação das pupilas, elevação do humor, sensação subjetiva de
aumento da energia. Efeitos neurológicos foram encontrados em alto índice. Esse estudo usou
apenas dez voluntários e observou-se retesamento mandibular em seis usuários, nistagmo em oito,
diferentes graus de ataxia em sete, aumento dos reflexos tendinosos em oito; apenas um apresentou
náuseas e todos tiveram dilatação pupilar. Quatro pessoas apresentaram perturbações na capacidade
de tomar decisões e realizar juízos. Esse estudo foi feito antes de se conhecer os efeitos danosos que
o ecstasy possui. Nessa época os autores julgavam que o MDMA (ecstasy) era uma droga segura.
Efeito procurados
Produz um aumento do estado de alerta, maior interesse sexual, sensação de estar com grande
capacidade física e mental, atrasa as sensações de sono e fadiga. Muitos usuários sentem também
euforia, bem-estar, aguçamento sensório-perceptivo, aumento da sociabilização e extroversão,
aumenta a sensação de estar próximo às pessoas (no sentido de intimidade) e aumenta a
tolerabilidade.
Efeitos indesejados
Aumento da tensão muscular, aumento da atividade motora, aumento da temperatura corporal,
enrijecimento e dores na musculatura dos membros inferiores e coluna lombar, dores de cabeça,
náuseas, perda de apetite, visão borrada, boca seca, insônia são os efeitos indesejáveis mais comuns.
Nos dias seguintes ao consumo do ecstasy a pressão arterial tende a oscilar mais do que o habitual.
O aumento do estado de alerta pode levar a uma hiperatividade e fuga de idéias. Alucinações já
foram relatadas, despersonalização, ansiedade, agitação, comportamento bizarro. Algumas vezes
pode levar a uma crise de pânico, e episódios breves de psicose que se resolve quando a droga cessa
de atuar. No dia seguinte ou nos dois dias seguintes é comum ocorrer uma sensação oposta aos
efeitos desejados. Os usuários podem ficar deprimidos, com dificuldade de concentração, ansiosos e
fatigados. Apesar desses efeitos os usuários tendem a considerar o resultado final como vantajoso.
Efeitos de longo prazo
Os efeitos de longo prazo são desagradáveis e prejuízos são observados com o uso. As altas
concentrações de serotonina na fenda sináptica provocadas pelo ecstasy provocam lesões celulares
irreversíveis. Os neurônios não se regeneram e quando são lesadas suas funções só se recuperam se
outros neurônios compensarem a função perdida. Quando isso não é possível a função é
definitivamente perdida. Estudos em animais têm demonstrado isso. Nos seres humanos apenas
estudos pos-mortem são possíveis, e nestes, identifica-se uma acentuada diminuição das
concentrações de serotonina, que variam de 50 a 80% em diferentes regiões do cérebro indicando
uma insuficiência no funcionamento desses neurônios. Estudos realizados com usuários vivos
através de indicadores confirmam essa perda de atividade serotoninérgica nos usuários de longo
prazo de ecstasy. A deficiência de serotonina é proporcional ao tempo e a quantidade de ecstasy
usados. Quanto mais tempo ou maior a dose, maior a deficiência da serotonina.
Esses resultados sugerem uma propriedade neurotóxica do ecstasy que levam seus usuários a
perturbações mentais ou comportamentais. Os problemas resultantes mais comuns são:
Dificuldade de memória, tanto verbal como visual.
Dificuldade de tomar decisões
Impulsividade e perda do autocontrole
Ataques de pânico
Recorrências de paranóia, alucinações, despersonalização
Depressão profunda
Via de administração usada
Teoricamente o ecstasy pode ser inalado sob a forma de vapor, pois pode ser apresentado como base
livre, que é uma composição farmacológica que permite a evaporação do composto. Contudo essa
forma de administração não costuma ser empregada. O ecstasy pode também ser injetado via
intravenosa; embora isso já tenha sido feito não costuma ser o modo de utilização. A via mais
comum é a oral. Quando foi sintetizado pela primeira vez, a finalidade era o uso medicamentoso,
portanto nada mais razoável do que a apresentação como comprimidos. Este continua sendo o modo
de comercialização ilegal do ecstasy. A dose recreacional varia de 50 a 150mg em dose única. Mas
como esse mercado é ilegal e não existe controle de qualidade tanto as doses variam de fornecedor
para fornecedor assim como acontece com a cocaína, a substância em si também pode ser
adulterada. Muitas vezes o traficante vende simples adrenalina ou MDA como se fosse o ecstasy.
O efeito do ecstasy dura horas, em média oito horas, mas isso pode variar de pessoa para pessoa
porque as enzimas que eliminam o ecstasy não estão presentes nas mesmas quantidades em todas
pessoas. Aqueles que possuem maior quantidade da enzima metabolizadora eliminam a droga mais
rapidamente. A previsão do tempo de duração da atividade não é precisa por causa dos metabólitos
ativos, ou seja, mesmo o ecstasy tendo sido metabolizado os produtos dessa metabolização
continuam exercendo atividade psicoativa como se fosse o próprio ecstasy. Assim um efeito, não
necessariamente agradável pode se prolongar por mais de oito horas.
Problemas clínicos resultantes
Há quatro tipos básicos de toxicidade física causada pelo ecstasy. A hipertermia, neurotoxicidade,
cardiotoxicidade e hepatotoxicidade.
A hepatotoxicidade é a lesão hepática (fígado) provocada pelo ecstasy, que se manifesta
clinicamente como uma leve hepatite viral na qual o paciente fica ictérico (amarelado) com o fígado
aumentado e amolecido com uma tendência a sangramentos. A toxicidade, no entanto, pode ser bem
mais grave evoluindo para uma hepatite fulminante que resulta em fatalidade caso não se possa
fazer um transplante.
A cardiotoxicidade é caracterizada por aumento da pressão arterial e aceleração do ritmo cardíaco.
Esses efeitos podem levar a sangramentos por ruptura dos vasos sanguíneos. Essas alterações têm
sido registradas pelo quadro clínico e pela análise necropsial, encontrando-se petéquias no cérebro,
hemorragias intracranianas, hemorragias retinianas, tromboses, sérias alterações elétricas no
coração.
Toxicidade cerebral
Ainda não há estudos suficientes, mas parece que o ecstasy provoca elevação da temperatura
corporal o que é agravado pela situação em que é usado, nas danceterias onde há grande atividade
física. A exagerada elevação da temperatura corporal pode provocar diversas lesões pelo corpo de
acordo com a sensibilidade de cada tecido. O próprio tecido cerebral é dos mais sensíveis podendo
sofrer lesões desse superaquecimento. Convulsões também já foram relatadas pelo uso do ecstasy.
Hiperpirexia (hipertermia)
Este é provavelmente o pior efeito indesejável do ecstasy, apesar de ser parte da toxicidade cerebral,
é relatada à parte para maior destaque de sua importância. O aquecimento do corpo pode levar a
rabdomiólise (lesão dos tecidos musculares) que quando acontece de forma simultânea leva a um
"entupimento" dos rins o que pode danificá-los permanentemente. Coagulação intravascular
disseminada: é um efeito extremamente grave que geralmente leva a morte, mesmo quando o
paciente já se encontra internado. O tratamento é feito com resfriamento rápido através de imersão
em água gelada, infusão de solução salina resfriada e lavagem gástrica com líquidos frios.
Dependência
Ainda não há evidências de que o ecstasy provoque dependência física, contudo ainda é cedo para
afirmar que isso não acontecerá. Mais estudos são necessários. Várias vezes na história da medicina
uma substância inicialmente considerada inócua mostrou-se, com o tempo, que era na verdade
nociva. Já encontramos na literatura específica relatos de casos compatíveis com dependência ao
ecstasy.
Crack
O crack não uma droga nova mas uma nova via de administração da cocaína. Isto faz diferença
quanto a rapidez de ação e por motivos operacionais, pois seu baixo custo torna-a atraente para o
consumo. Todas as informações a respeito dos efeitos do crack devem ser procurados nas páginas
sobre cocaína. Nesta seção é tratado apenas das peculiaridades do crack.
No começo dos anos 80 a pasta de coca foi transformada numa forma nova chamada base livre, que
permite a volatilização (transformação em vapor) da cocaína, permitindo com que a cocaína
pudesse ser fumada. A cocaína inalada em pó é uma apresentação sólida que se disolve na mucosa
nasal antes de ser absorvida. Os vapores do crack vão para os pulmões e são transportados para a
corrente sanguínea mais rapidamente conferindo maior rapidez de sensação psicotrópica, a sensação
contudo é a mesma da cocaína bem como os demais efeitos. O nome crack é derivado do ruído
característico que é produzido pelas pedras quando estão sendo decompostas pelo fumo.
O crack é considerado uma jogada de marketing, por ser barato alcança classes econômicas antes
não atingidas pelo alto custo da cocaína em pó. O crack age por menos tempo do que a cocaína
inalada, mas como inicia muito mais rapidamente e mais intensamente que a cocaína há uma
especie de compensação psicológica pelo efetio. O crack é mais barato porque há pouca quantidade
de cocaína nas pedras. O tempo para início de ação do crack são aproximadamente 10 segundos e o
tempo de duração são de 5 minutos.
CocaínaEfeitos psicológicos induzidos pela cocaína
O principal efeito e motivação provocados pelo uso da cocaína nas doses habitualmente empregadas
são a euforia, o estado de bem estar, elevação do humor e aumento da auto-estima. Os tímidos
tornam-se mais sociáveis e aumentam a vontade de falar, ainda que o diálogo seja vazio. É muito
difícil uma pessoa conseguir de forma intensa, todas essas sensações pelas próprias forças. Por
outro lado, é um tanto suspeita a vontade de obtê-las. Hoje em dia qualquer pessoa que conheça em
teoria os efeitos da cocaína conhece também seus malefícios e quem quer que seja, para aceitar seu
uso provavelmente está passando por alguma fase ou experiência ruim. Uma pessoa que esteja
pensando em consumir a cocaína pela primeira vez deve consultar antes um psicólogo ou um
psiquiatra. Muitas vezes essas pessoas estão na verdade entrando em depressão ou não estão
conseguindo sozinhas encontrar saída para as próprias dificuldades. Se houver um quadro incipiente
de depressão é indicado um tratamento específico. Se houver problemas normais embora difíceis é
melhor buscar ajuda para resolvê-los porque do contrário passará a existir uma tendência a procurar
a cocaína todas as vezes que houver problemas.
Efeitos psicológicos desagradáveis também podem acontecer como tendência à desconfiança de
tudo e todos, ansiedade, irritabilidade, estereotipias (comportamento repetitivo de forma não
justificável).
Efeitos biológicos da cocaína
Os mais comuns são aceleração do ritmo cardíaco ou menos freqüentemente diminuição. Dilatação
pupilar tornando mais difícil estar em ambientes claros. Elevação da pressão sanguínea ou menos
freqüentemente diminuição da pressão. Calafrios, náuseas e vômitos. Perda de peso conseqüente à
perda de apetite. Agitação psicomotora ou menos freqüentemente retardo psicomotor. Dores
musculares, diminuição da capacidade respiratória e arritmias cardíacas. Recentemente, a relação
entre o consumo de cocaína e infarto do miocárdio vem sendo estudada. Os estudos estão
confirmando a predisposição ao infarto provocado pela cocaína. A cocaína provoca por um lado
aumento do consumo de oxigênio e por outro lado diminuição da capacidade de captação de
oxigênio. Caso uma pessoa esteja, sem saber, no limite da capacidade de oxigenação no coração,
estará correndo risco de precipitar um infarto.
Dependência/Tolerância
A tolerância é um fenômeno observado no uso de várias substâncias lícitas e ilícitas. Dentre as
lícitas o álcool, os tranqüilizantes e os hipnóticos benzodiazepínicos são os mais conhecidos, dentre
as ilícitas temos a maconha, a cocaína com seus correlatos e os derivados da morfina como a
heroína. Consiste na perda de eficácia com o uso, seja pelo aumento da velocidade de eliminação
que o organismo desenvolve, seja pela habituação que o tecido alvo, no caso o cérebro, desenvolve
para o efeito da substância em uso. A tolerância significa que para se obter o mesmo efeito que se
teve pela primeira vez, é necessário uma dose cada vez maior, até que se chegue a um ponto onde
não se consegue mais obter o efeito da primeira vez, mesmo com doses muito maiores. Nesta fase é
que ocorre o perigo da overdose. Uma vez que o efeito de inibição da respiração não apresenta
tolerância, acaba sendo atingido antes do efeito euforizante.
A tolerância é um resultado não desvinculável da dependência. Quando o usuário começa a precisar
aumentar a dose começa a ficar dependente. O efeito da dependência só acontece quando se
interrompe o uso da cocaína. A falta da cocaína é identificada pela abstinência.
Cannabis (maconha) Maconha e Cigarro
O uso da maconha não pode ser comparado ao uso do cigarro ou álcool em pequenas quantidades.
O cigarro nunca é saudável, mas não possui o efeito psicotrópico da maconha, e é justamente sob
este aspecto que fica a diferença. Uma pessoa que use maconha tem como finalidade alcançar um
estado diferente do normal; uma pessoa que fume cigarro procura status ou prazer. O objetivo de
alcançar um estado diferente de percepção sentir-se como num sonho ou para relaxar-se, indica que
existe uma deficiência psicológica: os problemas externos são muito fortes sendo necessária uma
forma de compensação dessa tensão, ou o indivíduo que fuma maconha está fraco o suficiente para
não enfrentar seus problemas naturais. O uso da maconha para ambas as situações é equivocado e
levará a problemas maiores. Nesse caso o problema não está na maconha, mas no comportamento
de fuga. A adolescência é a preparação para a vida adulta que por natureza é mais difícil devido à
maturidade que será alcançada com o tempo e paciência. Quando um adolescente foge de seus
problemas está plantando o hábito da fuga para a vida adulta. Talvez, através da própria maconha
quando for adulto. A maconha dificilmente é usada com a mesma intensidade do cigarro. É comum
encontrar uma pessoa que fume vinte ou trinta cigarros por dia, mas mesmo para o mais pesado
usuário de maconha dificilmente chegaria a tanto. Como os efeitos maléficos do cigarro são
diretamente proporcionais a intensidade do uso, dificilmente um usuário de maconha terá os
mesmos problemas do usuário do cigarro como câncer ou enfisema. Contudo os efeitos maléficos
da maconha são outros, atingem com certeza o comportamento e a personalidade dos usuários, além
da síndrome amotivacional atribuída ao uso pesado e prolongada da maconha. A maconha talvez
não encurte a vida de uma pessoa como faz o cigarro, mas certamente compromete a qualidade dos
anos vividos.

Efeitos Biológicos
Imediatos
Durante a fase de intoxicação que é quando se sente os efeitos considerados agradáveis o
usuário apresenta um avermelhamento dos olhos, aumento do apetite, ressecamento da boca,
aceleração dos batimentos cardíacos.
Os efeitos mais comumente relatados quanto ao funcionamento mental são aumento da
sensibilidade aos estímulos externos revelando cores e detalhes não percebidos antes. A percepção
do tempo também é afetada passando a ser sentida como se estivesse mais lento. Sensações de que o
mundo está diferente, distante ou de que houve uma mudança em si mesmo, como se não fosse a
mesma pessoa ou se estivesse sonhando.
Como efeito imediato há um prejuízo na memória de curto prazo, na amplitude da atenção,
na capacidade de recordação e de reter conhecimento. Prejuízo na capacidade de realizar tarefas que
apresentem múltiplas etapas. A capacidade de traduzir em palavras o que se pensa também fica
prejudicada. As capacidades motoras também ficam prejudicadas como a capacidade de exercer a
força muscular original, inibição dos reflexos, descoordenação e desequilíbrio podem ocorrer em
doses mais altas. O álcool aumenta o prejuízo motor.
Longo prazo
Tem sido muito estudado os prejuízos permanentes que a maconha pode causar após o uso
pesado durante muito tempo, quinze anos, por exemplo. Os achados não são conclusivos; não se
pôde por enquanto confirmar nem descartar efeitos como a síndrome amotivacional. Os testes
neuropsicológicos não puderam detectar prejuízos assim como os testes de imagens também não. A
ausência de alterações nos exames não pode ser considerada como ausência de prejuízo. Pode ser
que não haja nenhum, o que é pouco provável, pode ser que só aconteça numa parte dos usuários,
ou pode ser que nossos instrumentos e técnicas de pesquisa ainda não sejam capazes de localizar o
problema. Sabemos que o cérebro de uma pessoa com profundo retardo mental é absolutamente
normal sob todos os exames de imagem e histopatológicos, mas é evidente que essa normalidade
não corresponde à realidade dessas pessoas severamente afetadas pelo retardo.

Efeitos Psicológicos
Um indivíduo de classe social média, saudável, com boa perspectiva de trabalho é o perfil
do usuário mais freqüente de uso de maconha, embora a disseminação nas classes mais baixas esteja
se alastrando. Geralmente esses indivíduos acreditam que não têm nada a perder experimentando a
maconha. O resultado imediato do uso é positivo: torna-se mais aceito em seu grupo, se beneficia
dos efeitos e inicialmente não há prejuízos em nenhuma área de sua vida. Assim sendo para quem
não acreditava que não tinha nada a perder passa a ter algo a ganhar: a ligação com o uso passa a ser
contínua com a permanente sensação de que pode parar o consumo da maconha quando quiser.
Essas são as situações mais comuns no início e na manutenção do uso.
A formação da personalidade, dos hábitos e do comportamento é derivada dos valores e dos
próprios hábitos ensinados. Quando o uso da maconha é realizado na fase de formação dos valores,
o valor da maconha por fazer parte da rotina, dos pensamentos, dos planos e desejos constitui-se
num valor, queira-se ou não. Todo valor tem uma hierarquia e o comportamento das pessoas é
decorrente desses valores e dessa hierarquia. Quanto mais ligada à vida da pessoa, mais elevado o
valor da maconha. Amizades podem ser perdidas, namoros terminados, planos como uma faculdade
podem ser comprometidos. Quando a maconha é uma companheira inseparável ela faz com que as
companhias que a rejeitam sejam rejeitadas pelo usuário. Quem rejeita a maconha são as pessoas
que enfrentam os problemas e as dificuldades da vida de mente sóbria. Por outro lado, como em
todos os grupos sociais, há uma busca pelo semelhante, então o usuário da maconha aceita e é
aceito por outros usuários, que também têm por hábito fugir da realidade. A constituição desses
grupos reforça a certeza de que consumir maconha é a coisa certa, anestesiando o lado da
personalidade que precisaria se desenvolver, que é a capacidade de suportar frustrações sem
desanimar, sem desistir. O consumo constante de maconha faz com que a pessoa assuma em atos,
mas não necessariamente com palavras, que a maconha é uma das coisas mais importantes da vida
dele. Depois de alguns anos de uso, independentemente dos efeitos biológicos, a maconha assumia
uma posição na hierarquia de valores bastante nociva. Possuir uma hierarquia de valores significa
que só um valor pode estar em primeiro lugar, só um valor pode estar em segundo lugar, só um
valor pode estar em terceiro lugar, assim sucessivamente. Quando um usuário de maconha passa a
ter sucesso nos estudos torna-se objeto de referência para o grupo, todos acreditam que se fulano
venceu apesar de fumar, cada um pode vencer também e se fracassar não será por causa da
maconha. Essas deduções são tiradas de forma imediata, mas estamos falando do que acontece ao
longo dos anos. Vencer na vida não é vencer uma só batalha, mas lutar sempre. Essa disposição é
incompatível com fumar maconha freqüentemente. Quando uma pessoa experimenta o sabor da
vitória pelo seu próprio esforço tende a deixar o uso da maconha por perceber que a vitória na vida
é mais saborosa. Há personalidades em nossos dias que alcançaram elevado destaque no cenário
nacional, por merecimentos próprios e justos, tendo eles sido usuários de maconha. Esses,
freqüentemente, são usados como exemplos de que fumar não fará mal. A diferença é que essas
pessoas abandonaram ou quase isso, quando alcançaram o sucesso. Aqueles que alcançam o sucesso
e continuam usando a maconha têm muito mais chances de perderem o que conquistaram, do que
aqueles que abandonaram o uso, substituíram o valor da maconha por outro melhor.
Motivações
Por que fumar maconha? Os motivos são basicamente os mesmos para a maioria dos usuários.
Numa pesquisa com 345 usuários de maconha foram feitas várias perguntas a respeito dos motivos
porque geralmente se usa a maconha. Os mais freqüentes estão abaixo relacionados.

Relaxar 96,8%
Curtir os efeitos 90,7%
Melhorar o desempenho
na prática de jogos, esportes e 72,8%
música
Superar aborrecimentos 70,1%
Ajudar a dormir 69,6%
Sentir-se melhor 69,0%

Síndrome Amotivacional
Esta síndrome é caracterizada por apatia, dificuldade de concentração, isolamento social, perda no
interesse em novas aquisições. Suspeita-se que isso possa ser decorrente de uma diminuição do
fluxo sanguíneo cerebral provocado pela maconha usada durante muitos anos.

Uso Medicinal
O uso do delta 9 tetrahidrocanabinol (originária da planta Cannabis sativa), o princípio ativo da
maconha, ou farmaceuticamente denominada canabis, vem sendo ultimamente defendido para uso
no controle da dor crônica e do enjôo causado por tratamentos para câncer. Nesse tema, contudo,
misturam-se motivos e ideologias pessoais para se aprovar ou desaprovar. Essas bases de conduta
são frágeis e geralmente desrespeitadas. Somente um motivo externo poderá pôr fim a discussão: a
pesquisa dos benefícios sobre os custos. Seria reprovável, sob pretexto de uso medicinal, aprovar
uma substância para ser na verdade usada de forma recreativa. No Brasil existe um sério problema
quanto ao uso de anorexígenos usados para o tratamento da obesidade mórbida: apenas 10% dessas
medicações seguem as vias legais, o restante encontra-se no mercado paralelo causando sérios
problemas sociais e pessoais. Liberar uma substância reconhecidamente como psicotrópico, ainda
que não seja para essa finalidade, poderá causar o mesmo problema que enfrentamos com os
anorexígenos.
A forma imparcial e confiável de se verificar a vantagem do uso medicinal da maconha é através da
pesquisa científica. Um trabalho publicado em julho de 2001 comparando o efeito analgésico da
maconha aos demais analgésicos no mercado não encontrou vantagens da introdução da maconha
com esse fim. Uma indústria farmacêutica antes de lançar uma medicação no mercado precisa
constatar uma vantagem objetiva, seja pelo custo seja pelos benefícios ou menores efeitos
colaterais. Sem isso a comercialização não é permitida.

Classificação das drogas psicotrópicas


(Adaptado de L. Chaloult, 1971)
Estimulantes: são as drogas que aceleram o funcionamento do cérebro. Anfetaminas1.
Histórico das Anfetaminas
As anfetaminas são drogas sintéticas, ou seja são produzidas em laboratório.
A primeira droga sintetizada foi a d-anfetamina em 1928. Depois desta, várias outras foram
fabricadas. Existe também uma droga tipo anfetamina que é natural, usada por nativos do
norte da África e do Oriente Médio. Ela é encontrada nas folhas de Khat, cujo nome científico
é Catha edulis.
As anfetaminas foram introduzidas em 1930 e eram usadas para congestão nasal. Depois elas
começaram a serem utilizadas no tratamento da depressão e na diminuição do apetite. Logo
em seguida, foi descoberto o efeito de dependência causada pela droga e, com isso houve um
controle e declínio do seu uso. Como consequência, ocorreu um crescimento da utilização da
cocaína.
2. O que as Anfetaminas fazem no organismo ?
As anfetaminas interferem na dopamina e noradrenalina, que são neurotransmissores do
Sistema Nervoso. Essas drogas agem aumentando a liberação e diminuindo a recaptação
desses transmissores. Com isso, aumenta a quantidade dessas substâncias e suas funções ficam
exarcebadas no organismo.
A dopamina e noradrenalina possuem várias funções fisiológicas e comportamentais. Os
estados de apetite, saciedade, vigília e funções psíquicas estão envolvidos. A ingestão de
anfetamina causa insônia, perda de apetite e um estado de hiperexitabilidade. A pessoa se
torna muito ativa, inquieta, e extrovertida.
No caso de uma dose excessiva, os efeitos se acentuam e a pessoa pode se tornar muito
agressiva e ter delírios. Ocorre também aumento da temperatura, que em alguns casos pode
levar a convulsões.
A anfetamina produz efeitos também fora do Sistema Nervoso. Nos olhos, ela provoca
dilatação da pupila. No coração, há taquicardia e ocorre aumento da pressão arterial.
3. Como as Anfetaminas são eliminadas do organismo ?
O fígado é o responsável pela metabolização das anfetaminas. Ela é inativada e
posteriormente é eliminada pela urina. Uma pequena quantidade das drogas não é modificada
pelo fígado, sendo eliminada diretamente pela urina.
4. Tolerância e dependência às Anfetaminas
Com o uso crônico dessa droga, ocorre uma diminuição do seu efeito com o passar do tempo.
Para se obter o mesmo efeito é preciso aumentar a dose, ou seja ocorre um efeito de tolerância
.Não ocorre uma Síndrome de abstinência característica quando cessa a ingestão abrupta da
droga.
Cocaína1. Histórico e Formas de Preparação da Cocaína
A cocaína é um alcalóide presente numa planta sul-americana, a coca, cujo nome científico é
Erythroxylon coca.
O "vinho de coca", preparado à base da planta, foi considerado na Europa uma bebida muito
reconfortante e de grande uso social. O Papa Pio XI agraciou o principal fabricante deste
vinho. Um dos mais adeptos da cocaína foi Freud. Ele próprio ingeriu a cocaína para provar a
energia e vitalidade produzidas pela droga. A cocaína foi usada como medicamento até o
início do século. Existiram surtos do uso desta droga no passado, mas depois que foram
demonstrados os seus efeitos prejudiciais ao organismo, houve uma proibição do seu uso e um
declínio na ingestão da cocaína. Hoje em dia, vive-se o pico de uma nova epidemia .
Existem várias formas de cocaína. O "chá de coca", preparado à base das folhas, é muito
utilizado no Peru. Nesta forma, pouca droga é absorvida e portanto muito pouco chega ao
cérebro.
Através de vários procedimentos, usando produtos como solvente e ácido sulfúrico, obtém-se o
sal de cocaína ("pó" ou "neve"). Como ele é solúvel, pode ser aspirado ou usado via
endovenosa, dissolvido em água
Tratando o sal de cocaína com bicarbonato, obtém-se um bloco sólido, que é conhecido com o
nome de "crack". Este nome "crack" advém do barulho produzido neste processo de
solidificação e na quebra deste bloco em pequenos pedaços. Ele também pode ser preparado a
partir da pasta de cocaína. Esta forma é pouco solúvel em água, mas se volatiza quando
aquecida, sendo fumada em cachimbos.
2. O que a cocaína faz no Organismo ?
A cocaína interfere na ação de substâncias que existem no nosso cérebro, os
"neurotransmissores", como a dopamina e a noradrenalina. A cocaína eleva a quantidade
dessas substâncias, porque ela inibe a recaptação pelo neurônio, aumentando a concentração
desta substância na fenda sináptica, isto é, no espaço entre os neurônios nos quais se processa
a neurotransmissão. Com isso, todas as funções que esses neurotransmissores possuem ficam
amplificadas e podem também aparecer ações que não existem nas concentrações normais.
Com a ingestão da cocaína ocorre uma sensação de euforia e prazer.
Ela produz aumento das atividades motoras e intelectuais, perda da sensação de cansaço, falta
de apetite, insônia.
Numa dose exagerada (overdose) aparecem sintomas de irritabilidade, agressividade, delírios
e alucinações. Pode ocorrer também aumento de temperatura e da pressão arterial,
taquicardia e degeneração dos músculos esqueléticos. Este excesso pode levar até à morte, que
ocorre por convulsões, falência do coração ou depressão do centro controlador da respiração.
Se a droga for usada pela via endovenosa ou respiratória os efeitos são quase imediatos. Isto
porque ela vai direto para o cérebro, sem passar pelo fígado, onde é degradada. Isto provoca
aumento da probabilidade de overdose.
No caso da via endovenosa, além do risco de overdose, há também o perigo de infecção
através do uso de seringas contaminadas, principalmente com o vírus da AIDS, da hepatite e
de outras doenças transmissíveis.
3. Como a cocaína é eliminada do organismo ?
A cocaína é rapidamente metabolizada pelo fígado e seus metabólitos inativos são detectáveis
na urina.
4. Tolerância e dependência à cocaína
Não há comprovado efeito de tolerância devido ao uso crônico e não existe Síndrome de
Abstinência característica, quando cessa a ingestão. No entanto, o componente psicológico é
muito forte e ocorre, na maioria das vezes, uma vontade incontrolável de consumir a droga,
que é a chamada "fissura".
Cafeína1. Histórico do uso de café e outras plantas que contém cafeína
A cafeína também chamada metil-xantina, derivada das xantinas, está presente em plantas
amplamente distribuídas nas várias regiões geográficas. Ela é encontrada nos grãos de café,
folhas de chá e de mate, nas sementes de cacau e em várias partes do guaraná. Devido ao
consumo generalizado dessa substância, conclui-se que ela é a droga mais utilizada no mundo.
Um copo de café contém aproximadamente 85mg de cafeína.
2. O que a cafeína faz no organismo ?
A cafeína possui efeitos terapêuticos importantes como dilatação dos brônquios, estimulação
do coração e aumento da excreção urinária. No cérebro, ela alivia dores de cabeça. Ela possui
também efeitos prejudiciais, provoca aumento da secreção gástrica, agravando sintomas de
gastrite e úlcera.
A droga também possui efeitos psicoestimulantes. Em doses moderadas (85 a 250mg), os
usuários relatam uma sensação de bem estar, melhora de atenção e pensamento. Porém em
doses elevadas (acima de 250mg), surgem efeitos de nervosismo, inquietação, insônia e
tremores. Doses muito altas podem produzir convulsões, delírios e aumento da frequência
cardíaca.
3. Como a cafeína é eliminada do organismo ?
A cafeína é metabolizada pelo fígado e eliminada pela urina.
4. Tolerância e dependência à cafeína
O uso crônico dessa substância (350mg ao dia) provoca dependência física e tolerância à
droga. Na retirada da droga pode aparecer uma síndrome de abstinência caracterizada por
dores de cabeça, nervosismo, irritação, ansiedade e insônia.

2.
Inalantes1. Histórico dos inalantes
Um número grande de produtos comerciais têm em sua formação várias substâncias voláteis
(evaporam-se facilmente), os chamados solventes. Como essas substâncias têm a capacidade
de evaporar facilmente, a sua inalação pode ocorrer voluntária, principalmente entre
adolescentes e crianças, ou involuntariamente, como nos casos de trabalhadores da indústria
de sapato.
2. Como os inalantes agem no organismo?
Os solventes podem ter efeitos estimulatórios, ou de depressão e até causar alucinações.
Devido à essa complexidade de efeitos, considera-se que essas substâncias tenham efeitos em
vários processos fisiológicos cerebrais simultaneamente. Até o momento, não se conhece a
interação dos solvente com nenhum neurotransmissor conhecido.A intoxicação aguda pode ser
descrita em quatro fases:- Primeira fase: excitação, euforia, exaltação, tonturas, perturbações
visuais e auditivas. Além disso podem ocorrer: náuseas, espirros, tosse, salivação, fotofobia e
rubor na face. - Segunda fase: confusão, desorientação, obnubilação, perda do autocontrole,
visão embaçada, diplopia, cólicas abdominais, dor de cabeça e palidez. - Terceira fase:
redução acentuada do alerta, incoordenação motora, ataxia, fala pastosa, reflexos deprimidos
e nistagmo. - Quarta fase: depressão acentuada do alerta, chegando até a inconsciência,
sonhos bizarros e convulsões epileptiformes.A exposição crônica aos solventes pode causar:
prejuízo de memória, diminuição da destreza manual, alteração no tempo de reação aos
estímulos, cansaço, dor de cabeça, confusão mental, incoordenação motora e fraqueza
muscular. Essa fraqueza pode ser causada por lesão em nervos motores, em casos graves, pode
resultar em paralisia.
3. Metabolismo e Eliminação dos inalantes
A eliminação ocorre em parte através da respiração, mas a maior parte é metabolizada
rapidamente pelo fígado. Os seus metabólitos, como a hexanodiona (substância tóxica para os
nervos periféricos), são eliminados na urina.
Opiáceos1. Introdução e Histórico aos opiáceos
Os opióides incluem tanto drogas opiáceas naturais, quanto as drogas sintéticas relacionadas,
como a meperidina e a metadona. Os opiáceos são substâncias derivadas da papoula. A
codeína e a morfina são derivadas do ópio, e a partir destas produz-se a heroína.
O uso de opiáceos remonta a séculos atrás. No século XVI, o ópio era utilizado como remédio
para os "nervos", contra tosse e diarréia. No fim de século XIX, a heroína foi utilizada como
um remédio para a dependência causada pela morfina, no entanto seu uso mostrou-se
inadequado. Apesar de ter reconhecidamente um maior efeito contra a dor e contra a tosse,
tem também maior probabilidade de causar dependência.
As drogas sintéticas relacionadas aos opiáceos foram criadas para tratar da dor sem causar
dependência. Apesar de sua eficiência como analgésicos, essas drogas também podem causar
dependência.
2. O que os opiáceos fazem no organismo?
Logo após a injeção de opióides, o usuário experimenta um "rush", uma "onda de prazer".
Isso ocorre devido à rápida estimulação de centros cerebrais superiores, que pode ser seguido
de depressão do sistema nervoso central. A dose necessária para causar esses efeitos pode
também causar agitação, náuseas e vômitos. Com o aumento da dose, há a sensação de calor
no corpo, boca seca, mãos e pés pesados, e um estado em que o "mundo é esquecido".
Esses efeitos ocorrem devido à ação de opióides "exógenos" como a morfina, e opióides
"endógenos" como as beta-endorfinas em receptores opióides do tipo mu. Ao se ligarem a esse
receptor, essas substâncias causam analgesia, somente com o uso sistemático é que pode
ocorrer a depressão do sistema nervoso central.
Os efeitos fora do sistema nervoso central são muitos: contração da pupila, depressão
respiratória, respiração irregular, obstipação, retenção de urina e diminuição do volume
urinário. Todos esse efeitos ocorrem devido à ação da droga nos centros nervosos do tronco
cerebral, ponte e bulbo, e na musculatura lisa do intestino e do trato genitourinário. A
depressão respiratória pode ser bastante grave, podendo levar à morte.
3. Como os opiáceos são eliminados do organismo?
Os opiáceos são absorvidos pelo trato gastrointestinal, mas sofrem o "efeito da primeira
passagem" (são metabolizados no próprio intestino e no fígado). Devido a seu caráter básico e
a limitada ionização ao pH fisiológico, a droga atinge rapidamente o interior das células.
Como essas substâncias não têm afinidade especial pelo sistema nervoso central, elas se
espalham por todo o organismo, causando diversos efeitos.
O metabolismo final ocorre no fígado, onde a morfina é transformada em mono e
diglucuronídeos e eliminada na urina.
4. Tolerância e Dependência aos opiáceos
Com o uso regular, há necessidade de maior quantidade de droga para obter-se o mesmo
efeito anterior (tolerância). O desenvolvimento de dependência pode rapidamente. A
dependência psicológica ocorre quando a droga ocupa um papel central na vida do usuário.
Nestes casos, a cessação do uso leva os usuários a uma forte e incontrolável vontade de utilizar
a droga.
A dependência física faz com que os usuários tenham sintomas de abstinência quando o uso é
diminuído ou interrompido de maneira abrupta. Estes sintomas podem aparecer poucas horas
após a última administração. Os sintomas mais comuns são: agitação, diarréia, cólicas
abdominais e uma vontade intensa de consumir a droga ("fissura" ou "craving"). Estes
sintomas são mais intensos entre 48 e 72 horas após o último uso, e cessam após uma semana.
Em usuários pesados, que não apresentam boa saúde, a abstinência repentina pode levar à
morte.
5. Opióides e a Gravidez
Mulheres grávidas dependentes de opióides podem ter dificuldades durante a gravidez e o
parto. As ocorrências mais comuns são: anemia, doenças cardíacas, diabetes, pneumonia e
hepatite. Há também uma maior incidência de abortos espontâneos e nascimentos
prematuros.
Os recém-nascidos de mães dependentes de opióides geralmente são menores e mostram sinais
de infecção aguda. Os opióides têm capacidade de ultrapassar a barreira placentária e a
barreira hematoencefálica imatura do feto, causando depressão respiratória de maneira mais
intensa que no adulto. A maioria dos recém-nascidos apresentam variados graus de sintomas
de abstinência. A mortalidade entre estas crianças é maior que a normal
Perturbadores: são drogas que alteram o funcionamento do cérebro. - Alucinógenos primários:
LSD-25. Histórico e origem do LSD-25
O LSD-25, ou seja, a dietilamida do ácido lisérgico é uma substância sintética, produzida em
laboratório. Ela foi descoberta acidentalmente pelo cientista suíço Hoffman, que ingeriu uma
pequena quantidade da droga. A partir disso, iniciaram-se experiências terapêuticas com o
LSD-25. Ela foi utilizada para o tratamento de doenças mentais, mas hoje em dia sabe-se que
ela não tem utilidade médica. Ela é talvez a substância mais ativa que age no cérebro.
Pequenas doses já produzem grandes alterações.
2. O que o LSD-25 faz no organismo ?
O LSD-25 é uma droga perturbadora do sistema nervoso, ou seja, ela provoca alterações no
funcionamento do cérebro, causando fenômenos psíquicos como alucinações, delírios e ilusões.
Essa substância contém em sua estrutura o núcleo indol, que também está presente em um
neurotransmissor do cérebro, a serotonina. Por esta característica, essa droga interfere no
mecanismo de ação da serotonina. O LSD-25 é um alucinógeno primário, porque seus efeitos
ocorrem principalmente no cérebro.
Os efeitos dessa droga dependem da sensibilidade da pessoa, do ambiente, da dose e da
expectativa diante do uso da droga. Os efeitos físicos observados são: dilatação das pupilas,
sudorese, aumento da frequência cardíaca, aumento de temperatura. Às vezes podem ocorrer
náuseas e vômitos.
As alterações psíquicas são muitos mais importantes. As sensações podem ser agradáveis
como a observação de cores brilhantes e a audição de sons incomuns. Pode ocorrer também
ilusões e alucinações. Em outros casos as alterações são desagradáveis. Algumas pessoas
observam visões terríveis e sensações de deformidade externa do próprio corpo. Já foi
descrito o efeito de flashback , isto é, semanas ou meses após o uso da droga os sintomas
mentais podem voltar, mesmo que a pessoa não tenha mais consumido a droga.
3.Como o LSD-25 é eliminado do organismo ?
A metabolização ocorre no fígado e a eliminação é feita pelas fezes e pela urina.
4. Tolerância e dependência ao LSD-25
Os alucinógenos indólicos produzem pouco fenômeno de tolerância e não induzem
dependência física.
Outras DrogasMescalina
A mescalina é um alucinógeno sintetizado a partir de um cactus, peiote, natural do México. O
cacto era usado há séculos em cerimônias religiosas. Ele ganhou maior importância há alguns
anos atrás. Ela tem estrutura semelhante aos neurotransmissores do cérebro, a dopamina e a
noradrenalina. Portanto ela age nessas substâncias para produzir os efeitos de alucinações. A
mescalina é quase inexistente no Brasil.
Êxtase
A sigla MDMA é a abreviação do nome Metilena-DioxiMetaAnfetamina, conhecida
popularmente com o nome de extase. Ela é uma droga sintética que surgiu recentemente e é
quase inexistente no Brasil. Ela é uma droga que além de produzir alucinações provoca
também um estado de excitação. A droga interfere no sistema nervoso agindo nos
neurotransmissores dopamina e noradrenalina.
Naturais
Maconha
1. Histórico e origem da maconha
A palavra maconha provém de cânhamo (Cannabis sativa), que é um arbusto de cerca de dois
metros de altura, que cresce em zonas tropicais e temperadas. O princípio ativo da planta é o
THC (tetra hidro canabinol), sendo ele o responsável pelos efeitos que a droga causa no
organismo. A folha da maconha é conhecido por vários nomes: marihuana ou marijuana,
diamba ou liamba e bangue. O haxixe é uma preparação obtida por grande pressão que se
torna uma pasta semi-sólida, que pode ser moldada sob a forma de bolotas e que tem grande
concentração de THC.
A maconha é conhecida do homem há milênios. O uso dessa droga passou por várias etapas ao
longo dos séculos. Como medicamento ela foi usada há quase 5000 anos na China. No II
milênio da era cristã ela chegou ao mundo ocidental. A primeira referência de maconha no
Brasil é do século XVI. Nos Estados Unidos ela era muito utilizada como hipnótico, anestésico
e espasmolítico. Porém o seu uso terapêutico declinou no final do século passado. A razão para
o desuso médico da droga foi a descoberta que a droga se deteriorizava muito rapidamente
com o tempo, e consequentemente ocorria a perda do seu efeito clínico. Uma outra causa foi o
relacionamento do seu uso não-médico (abuso) da maconha à distúrbios psíquicos, ao crime e
à marginalização.
Nos meados da década de sessenta houve um aumento do uso da maconha nos Estados
Unidos, principalmente entre os jovens. Esse uso se difundiu para a Europa e países em
desenvolvimento. No Brasil, o consumo é feito geralmente por jovens da classe média das
grandes cidades e também por estudantes do primeiro grau. A legislação brasileira considera
o uso e o tráfico da droga um crime.
2. O que a maconha faz no organismo ?
A maconha é uma droga perturbadora do sistema nervoso, ou seja, ela altera o funcionamento
normal do cérebro, provocando fenômenos psíquicos do tipo delírios e alucinações.
Os efeitos da droga dependem da quantidade absorvida, do tipo de preparação, da via de
administração, da sensibilidade da pessoa e do seu estado de espírito no momento do uso.
Os efeitos físicos agudos não são muito importantes. Podem ocorrer: boca seca, dilatação dos
vasos da conjuntiva e aumento da frequência cardíaca. A diminuição do hormônio sexual
masculino e consequentemente infertilidade pode ser um dos efeitos crônicos do uso da
maconha. Não existem comprovações, mas possivelmente a maconha pode provocar também
câncer de pulmão, pois contém níveis de benzopirenos semelhantes ao do tabaco. O uso
prolongado provoca redução das defesas imunológicas do organismo.
Os efeitos psíquicos agudos dependem muito do estado de espírito do usuário e da
expectativas do seu uso. Em algumas pessoas pode provocar euforia e hilaridade, em outras
causa sonolência ou diminuição da tensão. Podem surgir também os efeitos de ilusões, delírios
e alucinações. Ocorre também uma perda da noção de tempo e espaço e diminuição da
memória. Quanto aos efeitos psíquicos crônicos não existem certezas somente suposições.
Possivelmente, ocorra a chamada Síndrome amotivacional, em que as pessoas perdem o
interesse pelos objetivos comuns, em prol do uso da droga do seu uso.
3. Como a maconha é eliminada do organismo ?
O THC não é solúvel em água e é por isso que ele não pode ser injetado. A via de introdução
são os pulmões. Essa substância é inativada pelo fígado e eliminada pelas fezes e pela urina.
4. Tolerância e dependência à maconha
O uso prolongado pode levar ao efeito de tolerância. A droga também provoca o efeito de
dependência, mas não existe uma Síndrome de abstinência característica com a cessação.
5. Efeitos terapêuticos dos derivados da maconha
Alguns derivados da maconha possuem efeitos terapêuticos. Tais aplicações incluem efeitos
contra vômitos e nauseas causados pela quimioterapia no tratamento de câncer e ação
analgésica e anticonvulsivante.
MACONHA sem distorção
Efeitos específicos nos sistemas sistemas
Neurológico
Diminuição da coordenação motora
Alteração da memória e concentração
Alteração da capacidade visual
Alteração do pensamento abstrato
Reprodutivo
Infertilidade (a maconha diminui em até 50–60% a quantidade de testosterona)
Alterações na menstruação
Diminuição da libido e satisfação sexual
Psiquiátrico
Depressão e ansiedade
Mudanças rápidas no humor
Ataques de pânico
Mudanças de personalidade
Suicídio
Aumentando-se a dose e/ou dependendo da sensibilidade, os efeitos psíquicos podem chegar até a
alterações mais evidentes, com predominância de delírios e alucinações.
Introdução
Nossa sociedade vive um momento ímpar e contraditório com relação à atitude que assumimos
perante o uso de drogas. Se por um lado, demoramos séculos para perceber que o cigarro provoca
diversos males à saúde, e agora há uma tendência internacional em deslocar o seu uso para o pólo
da ilegalidade restringindo propaganda, aumentando taxação, etc), por outro lado, vivemos uma
discussão em torno da legalização da maconha e do seu uso em medicina. Esta substituição de uma
droga por outra ou as mudanças na forma de consumo da mesma droga é histórica. Desde os
primórdios, o homem esteve às voltas com diferentes drogas e
diferentes formas de consumi-las, como se nossa sociedade,
historicamente, não pudesse viver sem alguma substância que
distorça nossa percepção e modo como vemos a realidade.
Se por um lado, nas revistas médicas científicas, recebemos
mensalmente artigos que comprovam os efeitos da maconha no
Sistema Nervoso Central e a associação clara do uso desta droga
com diversas doenças mentais, também assistimos na imprensa uma
retórica de que a maconha é uma droga leve, com poucos efeitos
maléficos.
A que se deve esse descompasso entre o que sai nas revistas médicas
científicas e o que sai na mídia? Como devemos lidar com nossos adolescentes diante desta
contradição? Esta, não é individual, não é conflito adolescente, nem tampouco dificuldades dos pais
e educadores em lidar com esse assunto. Trata-se de uma questão que permeia toda sociedade, que
divide opiniões baseadas em ideologia e pouco embasadas em ciência pura, sem a contaminação
ideológica. A seguir, apresentaremos dados sobre a droga e seus efeitos, para que se estabeleça uma
discussão baseada nas evidências que nos aponta a ciência.
MACONHA
Origem: cannabis sativa
Uso medicamentoso: a maconha era usada há cerca de 3000 anos na China. Por volta de 1850,
começou a ser usada na Europa. Atualmente, é considerada droga de abuso
provocando dependência. As pessoas ainda têm uma certa tolerância em relação
ao uso da maconha, desconsiderando ou desconhecendo os danos que ela
provoca. Os educadores devem ter um conhecimento mais responsável em
relação à maconha - ela é a droga ilícita mais usada pelos jovens e apresenta um
perfil de problemas característicos que muitas vezes necessita de tratamento.
Curiosidade: o tetrahidrocanabinol (THC) – uma das 4000 substâncias
químicas presentes na maconha – já foi usado como medicamento em três condições clínicas: para
reduzir ou eliminar as náuseas e vômitos produzidos por medicamentos contra o câncer; pelo seu
efeito benéfico em alguns casos de epilepsia (doença que se caracteriza por convulsões) e por
aumentar o apetite em pacientes com AIDS. Entretanto, a discussão gira em torno do fato de que
existem muitos medicamentos com menor risco para a saúde e que podem ter o mesmo efeito
terapêutico. Os efeitos colaterais da maconha, como por exemplo, a diminuição da imunidade, não
justifica o seu uso em pacientes com AIDS.
Como é usada: fumada
Nomes comuns: baseado, erva, beck, marijuana
Efeitos: o THC é a substância química produzida pela maconha e responsável pelos efeitos
psicológicos da planta. Dependendo da quantidade de THC presente (o que pode variar de acordo
com o solo, clima, estação do ano, época de colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso) a
maconha pode ter potência diferente, isto é, produzir maior ou menor efeito. Os efeitos
experimentados pelo uso da maconha dependem também do estado psicológico da pessoa
ambiente, momento da vida, pessoas ao seu redor), determinam sensações agradáveis (boa viagem)
ou desagradáveis (má viagem). Assim, a mesma dose de maconha que é insuficiente
para um, pode produzir efeito nítido em outro e até uma forte intoxicação num terceiro.
Existem, no entanto, alguns sintomas clássicos do uso da maconha que estão abaixo
relacionados:
Sinais e sintomas do uso da maconha
Olhos avermelhados
Boca seca
Taquicardia (aumento da freqüência cardíaca)
Aumento do apetite
Sonolência
Deformação na percepção de tempo e espaço
Prejuízo na atenção e memória de curto prazo
Problemas respiratórios (bronquite, sinusite, faringite, tosse seca, congestão nasal, etc)
Esterilidade masculina
Texto:
Departamento de Saúde Mental/HIAE
ÁCIDOS

A dietilamida do ácido lisérgico (LSD) é a mais poderosa droga conhecida: menos de 30


gramas são suficientes para produzir mais de trezentas mil doses. Devido a essa potência, a
dosagem de LSD é medida em microgramas, sendo que cada micrograma equivale a um
milionésimo de grama. Cem microgramas são suficientes para produzir uma viagem, como o
efeito da droga é conhecido. Em estado puro, o LSD - um derivado semi-sintético do ácido
lisérgico - apresenta-se na forma de cristal, podendo ser também produzido, com potência
cinco mil vezes maior que a da mescalina e duzentas vezes maior que a da psilobcina. Doses
vendidas ilegalmente costumam ter de 50 a 400 microgramas, produzindo efeitos por um
período variável entre 8 e 12 horas. Overdoses de LSD podem acontecer mais facilmente do
que com outras drogas, já que é difícil medir quantidades tão minúsculas. Alguns
pesquisadores, entretanto, sugerem que uma verdadeira overdose de LSD ocorre apenas com
a ingestão de quantidades fantásticas, em torno de 7 milhões de microgramas.
A história do LSD é relativamente recente. Ela começa em 1943, com o químico suíço Dr.
Albert Hoffman, que trabalhava para os Laboratórios Sandoz pesquisando derivados do
Claviceps purpúrea, também conhecido como ergot, um fungo que atacava o centeio. Os
alcalóides desse fungo já haviam sido isolados alguns anos antes, mas pela primeira vez o Dr.
Hoffman constatou sua presença em plantas mais elevadas, da família das Convolvuláceas.
Essas plantas - a Rivea corymbosa e a Ipomoea violácea - eram empregadas há séculos na
América Central pelos índios zapotecas. Acredita-se que os alcalóides sintetizados por
Hoffman no fungo do centeio foram responsáveis pelos delírios que acompanhavam os
sintomas da peste negra que grassou pela Europa, na Idade Média, quando populações
inteiras eram intoxicadas ao comer pão feito com centeio contaminado pelo Claviceps
purpúrea. Ao realizar experiências com o ácido dietilamida d-lisérgico, a vigésima quinta
substância extraída numa série de testes com o fungo, o Dr. Hoffman absorveu,
acidentalmente, através da pele, uma quantidade mínima de droga. Intrigado com os efeitos
que experimentou, o cientista baptizou a substância como LSD-25 e resolveu fazer novas
pesquisas com ela, escrevendo mais tarde um relatório que chamou a atenção do mundo
científico para a descoberta de uma droga que, segundo Hoffman, podia deflagrar um estado
de realidade alterada. No começo da década de 60, o LSD-25 foi empregado
experimentalmente em sessões de psicoterapia, principalmente nos Estados Unidos, onde seu
uso era legal. Das clínicas e das universidades, a droga espalhou-se para o mundo,
transformando-se, junto com a "beatlemania" e a revolução sexual, em símbolos de uma
época que, para muitos, representava o início da Era de Aquário.
Embora seu uso tenha sido legalmente restrito a partir de 1963, o ácido lisérgico continuou
sendo fabricado em laboratórios clandestinos e consumido em grande quantidade. Mas, a
partir de 1969, seu consumo começou a diminuir, ao mesmo tempo em que se desvanecia o
sonho dos anos 60. Nas décadas posteriores o LSD se tornou droga fora de moda e hoje o seu
uso é raro. Enquanto esteve em voga, o ácido lisérgico influenciou profundamente a música, o
cinema, as artes plásticas e os costumes, num amplo movimento que ficou conhecido como
psicodelismo.
O LSD-25 é classificado oficialmente como droga alucinógeno, embora alguns especialistas
sustentem que a substância não pode ser considerada dessa forma pois não provoca
alucinações. Assim considera-se que a substância seja uma droga psicomimética: ela induziria
sintomas que simulam, ou mimetizam psicoses, como a esquizofrenia. Mas nada disso está
demonstrado. O que se sabe com certeza é que o LSD permanece no cérebro durante um
período de vinte minutos. A maior parte da droga vai para o fígado e os rins, sendo que o
ácido lisérgico pode ser detectado na corrente sanguínea apenas por duas horas depois de
ingerido. Relatórios norte-americanos afirmam que os efeitos do LSD são resultado da
liberação ou da inibição de substâncias que já existem no cérebro, as quais alteram o
equilíbrio químico desse órgão. Quer dizer, não é a droga que causa alterações de consciência
- o LSD deflagra, isto sim, relações do próprio organismo. Os primeiros efeitos do LSD são
físicos e começam cerca de uma hora depois da ingestão da droga. Eles variam de uma vaga
sensação de ansiedade à náusea, sendo acompanhados por aceleração de pulsação, pupilas
dilatadas, elevação da temperatura, batimento cardíaco e pressão sanguínea, além de
inquietação e redução do apetite. Em seguida, o usuário entra num estado de grande
sugestionabilidade: impressões subconscientes afloram aos borbotões, enquanto a capacidade
de receber e analisar de forma estrutural as informações do ambiente fica distorcida, podendo
até desaparecer. A experiência, que varia muito de uma pessoa para outra, pode induzir a
sinestesia, um estado de cruzamento dos sentidos, no qual o usuário "vê" a música e "ouve"
as cores. A percepção espacial também é alterada e as cores têm sua intensidade realçada;
imagens caleidoscópicas e tridimensionais flutuam no vazio. O sentido de tempo se desfaz, e
passado, presente e futuro parecem não ser fronteiras.
Alguns pesquisadores afirmam ter documentado empregos terapêuticos do LSD, já que a
substância induziria "auto-aperfeiçoamento, aumento do interesse por questões filosóficas,
teológicas e cosmológicas, e iluminação espiritual. Respostas emocionais e padrões aprendidos
de comportamento podem ser alterados pela droga, resultando numa eventual mudança de
estilo de vida. Empatia e comunicabilidade podem ser alteradas até chegar ao ponto da
telepatia, embora todos esses efeitos possam ser resultados de características da personalidade
de cada usuário. Muitas das grandes mudanças de estilo de vida atribuídas ao LSD podem ser
podem ser explicadas sociologicamente em vez de quimicamente". Autores norte-americanos
consideram que a droga não gera dependência física, mas provoca tolerância se diversas doses
forem tomadas sucessivamente. A dependência psicológica também é rara, uma vez que a
intensidade da experiência lisérgica desencoraja os usuários a consumirem novas doses num
curto período de tempo. A tolerância diminui rapidamente à medida que a ingestão de LSD é
reduzida, tendendo a desaparecer três dias depois da suspensão do consumo. Não existem
sintomas documentados de síndrome de abstinência. Também devido à intensidade da
"viagem" causada pelo LSD, o usuário pode ficar mais sujeito a acidentes, e este talvez seja o
maior dos perigos provocados pela droga. Os estudos médicos são raros e incompletos, sendo
que, em 1967, nos Estados Unidos, foi publicado um relatório afirmando que o ácido lisérgico
pode danificar os cromossomos. Testes de laboratório sugeriram que o LSD talvez cause
alterações cromossômicas, assim como a cafeína, os raios X, as infecções viróticas e as
queimaduras solares.
O usuário de LSD também está sujeito as chamadas bad trips, ou "viagens ruins", nas quais
pode ser levado a estados emocionais depressivos, que podem evoluir para reacções psicóticas
e paranóia. Em casos extremos, esses estados podem prolongar-se por toda a viagem, que se
transforma em verdadeiro pesadelo. Tais problemas são geralmente causados pela
predisposição do usuário, embora também possam ser resultados de adulterações no LSD
vendido ilegalmente sob a forma de cápsulas, comprimidos, micropontos, gotas em papel
mata-borrão e folhas de gelatina. Outro efeito colateral a que se sujeita o usuário de LSD é o
fenómeno conhecido como flashback, um retorno ocasional dos efeitos da droga muitos dias
depois de ela ter sido tomada. Ainda não se sabe o que provoca o flashback, embora se
acredite que ele seja um processo psicológico e não químico. Mesmo assim, existem suspeitas
de que o flashback possa ser disparado por fadiga psicológica ou ingestão de remédios
antiestamínicos. Os efeitos a longo prazo do uso de LSD não foram determinados. Entretanto,
sugere-se que a chance de reacções psicóticas seja mínima, desde que a droga seja ingerida
com certas precauções. Administrada em experiências científicas com pessoas clinicamente
classificadas como saudáveis, e devidamente alertadas sobre as alterações psicológicas que
enfrentariam, a droga demonstrou não provocar maiores danos. Paradoxalmente, quando
tomado sem supervisão médica especializada, o LSD pode resultar em estados temporários de
pânico, medo, depressão e psicose. Um dos efeitos mais raros da droga é o
"desmascaramento" de personalidades psicóticas que, embora aparentemente normais,
deixam aflorar conflitos internos reprimidos ao ingerir LSD.
ANFETAMINAS

COCAÍNA

Sintetizada em 1859, a cocaína tem como origem a planta Erythroxylon coca, um arbusto
nativo da Bolívia e do Peru (mas também cultivado em Java e Sri-Lanka), em cuja
composição química se encontram os alcalóides Cocaína, Anamil e Truxillina (ou Cocamina ).
Duas variedades da planta dominam o mercado: a huanaco, coca boliviana de folhas ovais e
coloração marrom-esverdeada, e a coca peruana, de folhas bem menores e cor verde-clara,
que contém muito mais alcalóide do que as plantas que medram na Bolívia. A coca aclimatada
em Java, além dos alcalóides comuns às outras variedades possui a atropa cocaína acrescida
de quatro glicogénios cristalinos. A droga também pode ser obtida de um arbusto aparentado
à Erythroxylon coca - o epadu, que cresce na Amazónia e é utilizado há séculos pelos índios da
região.
Na civilização Inca, o uso da folha de coca era controlado pessoalmente pelo imperador. O
maior privilégio que um Inca podia obter era conquistar o direito de mascar as folhas de coca,
e os nobres costumavam ser sepultados com uma generosa provisão de folhas para abastecê-
los no paraíso incaico. Mascadas, as folhas de coca produzem euforia e enorme capacidade de
trabalho. Nos altiplanos da Cordilheira dos Andes, o costume de mascar coca persiste até hoje
entre os habitantes, ajudando-os a enfrentar os problemas da altitude e os rigores do clima.
A cocaína propriamente dita, ou cocaína hidroclorida, é uma substância branca, amarga e
inodora, na forma de cristais ou pó, e que pode ser bebida, aspirada ou injectada. Apesar do
curto período de sua existência, a história registra usuários famosos da droga, como Sigmund
Freud, o papa Leão XIII e o escritor Conan Doyle, criador do famoso detective Sherlock
Holmes, que por sua vez também apreciava a cocaína. Na actualidade, a droga tem seu uso
difundido não só entre os astros do cinema, da música e da televisão, mas também vem
ganhando consumidores entre executivos e a classe média em geral.
Segundo a revista Veja, no Brasil os usuários típicos têm entre 25 e 40 anos de idade, salário
acima de Cz$ 15.000 (maio-86) e podem ser publicitários, jornalistas, criadores de moda ou
profissionais da área financeira, que exibem comportamento auto-suficiente e elegantemente
agressivo. De acordo com a revista Time, de 1979 a 1982, o número de consumidores de
cocaína nos Estados Unidos aumentou de 15 milhões para 22 milhões, e parece continuar
crescendo.
As propriedades primárias da droga bloqueiam a condução de impulsos nas fibras nervosas,
quando aplicada externamente, produzindo uma sensação de amortecimento e enregelamento.
A droga também é vaso constritora, isto é, contrai os vasos sanguíneos inibindo hemorragias,
além de funcionar como anestésico local, sendo este um dos seus usos na medicina.
Ingerida ou aspirada, a cocaína age sobre o sistema nervoso periférico, inibindo a reabsorção,
pelos nervos, da norepinefrina (uma substância orgânica semelhante à adrenalina). Assim, ela
potencializa os efeitos da estimulação dos nervos. A cocaína é também um estimulante do
sistema nervoso central, agindo sobre ele com efeito similar ao das anfetaminas. No cérebro, a
droga afecta especialmente as áreas motoras, produzindo agitação intensa. A acção da cocaína
no corpo é poderosa porém breve, durando cerca de meia hora, já que a droga é rapidamente
metabolizada pelo organismo.
Sua aspiração por período prolongado danifica as mucosas e os tecidos nasais, podendo
inclusive causar perfuração do septo. Doses elevadas consumidas regularmente causam
sangramento do nariz e corisa persistente, além de palidez, suor frio, convulsões, desmaios e
parada respiratória. A quantidade necessária para provocar uma overdose varia de uma
pessoa para outra, e a dose fatal vai de 0,2 a 1,5 grama de cocaína pura. A possibilidade de
overdose, entretanto, é maior quando a droga é injectada directamente na corrente sanguínea.
O efeito da cocaína pode levar a um aumento de excitabilidade, ansiedade, elevação da
pressão sanguínea, náusea e até mesmo alucinações. Um relatório norte-americano afirma que
uma característica peculiar da psicose paranóica, resultante do abuso de cocaína, é um tipo de
alucinação na qual formigas, insectos ou cobras imaginárias parecem estar caminhando sobre
ou sob a pele do cocainómano.
Embora exista controvérsia, alguns afirmam que os únicos perigos médicos do uso da cocaína
são as reacções alérgicas fatais e a habilidade da droga em produzir forte dependência
psicológica, mas não física. Por ser uma substância de efeito rápido e intenso, a cocaína
estimula o usuário a utilizá-la seguidamente para fugir da profunda depressão que se segue
após o seu efeito.
A Coca-Cola, um dos refrigerantes mais populares, foi originalmente uma beberagem feita
com folhas de coca e vendida como um "extraordinário agente terapêutico para todos os
males, desde a melancolia até a insónia". Complicações legais, todavia, fizeram com que a
partir de 1906 o refrigerante passasse a utilizar em sua fórmula folhas de coca descocainadas.
Heroína

A heroína é descendente directa da morfina, e ambas são tão relacionadas que a heroína, ao
penetrar na corrente sanguínea e ser processada pelo fígado, é transformada em morfina. A
droga tem sua origem na papoila, planta da qual é extraído o ópio. Processado, o ópio produz
a morfina, que em seguida é transformada em heroína. A papoila empregada na produção da
droga é cultivada principalmente no México, Turquia, China, Índia e também nos países do
chamado triângulo Dourado (Birmânia, Laos e Tailândia).
A morfina é um alcalóide natural do ópio, que deprime o sistema nervoso central, e foi a
primeira droga opiácea a ser produzida em 1803. Como poderoso analgésico, suas
propriedades foram amplamente empregadas para tratar de feridos durante a Guerra Civil
Americana, em meados do século passado. No final do conflito, 45 mil veteranos
encontravam-se viciados em morfina, o que despertou na comunidade médica a certeza de
que a droga era perigosa e altamente causadora de dependência. Mesmo assim, nos Estados
Unidos, a morfina continuou sendo usada para tratar tosse, diarreia, cólicas menstruais e
dores de dente, sendo vendida não só em farmácias, mas também em doceiras e até por
reembolso postal. Em consequência, o número de viciados começou a crescer, e os riscos
representados pela droga eram cada vez mais evidentes, o que fez com que os cientistas
passassem a procurar um substituto seguro para a morfina.
Em 1898, nos laboratórios da Bayer, na Alemanha, surgiu o que se acreditou na época ser o
substituto ideal: a diacetilmorfina, uma substância três vezes mais potente que a morfina.
Devido a essa potência, considerada "heróica", a Bayer decidiu baptizar oficialmente a nova
substância com o nome de heroína.
A heroína foi aplicada em viciados em morfina, e os cientistas comprovaram que a droga
aliviava os sintomas de abstinência dos morfinômanos.
Durante doze anos acreditou-se que a heroína poderia substituir, segura e eficazmente, a
morfina. Além das doenças anteriormente "tratadas" pela morfina, a heroína também foi
usada como remédio para a cura do alcoolismo. Por ironia, ficou provado que a heroína é
ainda mais viciante do que a morfina, podendo criar dependência em apenas algumas
semanas de uso. Em 1912, os Estados Unidos assinaram um tratado internacional visando
acabar com o comércio de ópio no mundo inteiro. Por causa disso, dois anos mais tarde, o
Congresso norte-americano aprovou uma lei que restringiu o uso de opiáceos, e, na mesma
década, criou mecanismos judiciais que tornavam a heroína ilegal. Isso levou a uma situação
peculiar: antes de 1914, muitas pessoas se haviam tornado viciadas em heroína consumindo a
droga como remédio; a partir desse ano os dependentes eram transformados em marginais
que precisavam recorrer ao mercado negro para obter a droga e evitar os dolorosos sintomas
da síndrome de abstinência. Ao ser consumida (geralmente por injecção intravenosa), a
heroína pode causar inicialmente náusea e acessos de vomito, mas à medida que o organismo
se adapta aos efeitos da droga o usuário passa a sentir-se num estado de excitação e euforia, às
vezes semelhante ao prazer sexual. Simultaneamente a droga induz sensações de paz, alívio e
satisfação, que se desvanecem algum tempo depois. Como o efeito é relativamente breve (mais
ou menos 60 minutos), o usuário é impelido a consumir nova dose de droga. Dentro de algum
tempo de uso constante, ele sentirá necessidade de quantidades cada vez maiores de heroína,
não para sentir prazer, mas simplesmente para evitar os terríveis sintomas da abstinência. O
viciado em heroína torna-se apático, letárgico e obcecado pela droga, perdendo todo interesse
pelo mundo que o cerca. Ficar sem a droga significa um verdadeiro inferno para ele, que
passa a sentir dores atrozes, febres, delírios, suores frios, náusea, diarreia, tremores,
depressão, perda de apetite, fraqueza, crises de choro, vertigens, etc.
Apesar de tudo isso, algumas teorias recentes sustentam que ninguém morre de overdose de
heroína, já que testes em animais mostraram que não existe uma dose letal da droga. Afirma-
se que uma dose de heroína pode ser mortal para um viciado em certas ocasiões, mas em
outras não.
Essas teorias consideram que, nesses casos, não é a heroína a causa da morte, mas sim um
efeito semelhante ao choque causado pela injecção de misturas de heroína com outras
substâncias utilizadas para adulterar a droga vendida ilegalmente. Como se não bastassem os
perigos da heroína, ela ainda é consumida em coquetéis conhecidos como speedballs, onde a
droga é misturada com anfetaminas ou cocaína. Esta última mistura foi responsável pela
morte do cantor e comediante John Belushi, em 1982.
Da mesma forma que a heroína foi descoberta como remédio para a morfina, outras
substâncias vêm sendo pesquisadas para resolver o problema do vício em heroína. Uma delas
é a metadona, uma mistura química sintética que alivia os sintomas de abstinência de heroína.
Sintetizada pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial, a metadona é um opiáceo
produzido em laboratório, pouco mais potente que a morfina. Ela é quase tão eficaz quando
aplicada por via intravenosa. Doses adequadas de metadona podem durar até 24 horas, e por
isso a droga vem sendo empregada, nos Estados Unidos, para tratar viciados em heroína. Seu
uso é totalmente restrito a clínicas e hospitais que aplicam a metadona em pacientes
dependentes de heroína, que precisam da droga para escapar dos sintomas da síndrome de
abstinência. Entretanto, o viciado que não receber a sua dose também está sujeito a sofrer
diarreia, suores, insónia, e dores de estômago, provocados pela falta da substância.
Ela também é considerada altamente viciante, mas não produz a euforia gerada pela heroína.
A metadona não causa tolerância e, a medida que o tratamento vai evoluindo, o usuário pode
reduzir paulatinamente as doses até livrar-se do vício.
Ópio

O ópio é a única droga que foi motivo declarado para uma guerra. No século 17, a British East
Índia Company produzia ópio na Índia e o vendia em grande quantidade para a China. Até
que, em 1800, o Imperador Ch'ung Ch'en proibiu o consumo da droga, que se alastrava pelo
território chinês como uma verdadeira epidemia. Todavia o contrabando prosseguiu e, em
1831, a venda de ópio em Cantão atingiu o equivalente a 11 milhões de dólares, enquanto que
o comércio oficial deste porto chinês não passou dos sete milhões de dólares.
A insistência do governo chinês em reprimir o uso e a venda da droga levou o país a um
conflito com a Inglaterra, conhecido como a Guerra do Ópio. Ela começou em Março de 1839,
durou quase três anos e terminou com a vitória dos ingleses, que obrigaram a China a liberar
a importação da droga e a pagar indemnização pelo ópio confiscado e destruído em todos
esses anos, além de ceder Hong Kong. Como resultado, em 1900, metade da população adulta
masculina da China era viciada em ópio.
Uma das substâncias mais viciante que existe, o ópio é produzido a partir da resina extraída
das cápsulas de sementes de papoila, (Papaver somniferum), planta originária da Ásia Menor
e cultivada na Turquia, Irã, Índia, China, Líbano, Grécia, Jugoslávia, Bulgária e sudoeste da
Ásia, onde se localiza o famoso Triângulo Dourado. A droga é feita retirando-se um líquido
leitoso das cápsulas da papoila, que, depois de secado, resulta numa pasta amarronzada, que
então é fervida para se transformar em ópio. Processamentos posteriores do ópio resultam em
morfina, codeína, heroína e outros opiáceos.
No mercado ilegal, o ópio é vendido em barras ou reduzido a pó e embalado em cápsulas ou
comprimidos.
Ele não é fumado e sim inalado pelos usuários, já que em contacto directo com o fogo o ópio
perde suas propriedades narcóticas. A droga também é comida e consumida como chá ou, no
caso de comprimidos, dissolvida sob a língua. Uma dose moderada faz com que o usuário
mergulhe num relaxado e tranquilo mundo de sonhos fantásticos. O efeito dura de três a
quatro horas, período em que o usuário se sente liberado das ansiedades cotidianas, ao mesmo
tempo em que seu discernimento e sua coordenação permanecem inalterados. Nas primeiras
vezes, a droga provoca náuseas, vómitos, ansiedade, vertigens e falta de ar, sintomas que
desaparecem à medida que o uso se torna regular. O consumidor frequente torna-se passivo e
apático, seus membros parecem cada vez mais pesados e sua mente envolve-se numa onda de
letargia.
Como os seus derivados, o ópio provoca tolerância no organismo, que passa a necessitar de
doses cada vez maiores para se sentir normal. O aumento da dosagem leva ao sono e à
redução da respiração e da pressão sanguínea, podendo evoluir, em caso de overdose, para
náusea, vomito, contracção das pupilas e sonolência incontrolada, passando à coma e morte
por falha respiratória. A overdose pode ser causada não apenas por um aumento da dosagem
de ópio, mas também pela mistura da droga com álcool e barbitúricos. Como o ópio causa
grave dependência, o consumidor habitual pode morrer em razão da síndrome de abstinência,
caso o uso da substância seja suspenso abruptamente.
Especialistas afirmam que a inalação casual da droga dificilmente causa vício, embora seja
desconhecido o ponto exacto em que a pessoa se torna dependente de ópio. Uma vez viciado, o
indivíduo deixa de sentir o estupor originalmente produzido pela droga, passando a consumir
ópio apenas para escapar dos terríveis sintomas da síndrome de abstinência, que duram de
um a dez dias e incluem arrepios, tremores, diarreias, crises de choro, náusea, transpiração,
vómito, cólicas abdominais e musculares, perda de apetite, insónia e dores atrozes. Pesquisas
recentes indicam que os opiáceos podem causar mudanças bioquímicas permanentes a nível
molecular, fazendo com que o ex-viciado se mantenha predisposto a retornar ao vício mesmo
após anos de privação do uso de opiáceos.
O ópio possui diversos alcalóides, entre eles a morfina, principal responsável pelo efeito
narcótico. Outros alcalóides fazem do ópio um agente anestésico, e por milhares de anos a
droga foi utilizada como sedativo e tranquilizante, além de ser ministrada como remédio para
disenteria, diarreia, gota, diabetes, tétano, insanidade e até ninfomania. O ópio também já foi
considerado medicamento útil na alcoolismo, sendo que no século 19 milhares de alcoólatras
passaram a consumir preparados de opiáceos para se livrar da bebida, mas apenas trocavam
uma droga por outra.

Cogumelos
e
Plantas Alucinógeno

Definição e histórico
A palavra alucinação significa, em linguagem médica, percepção sem objectivo; isto é, a
pessoa que está em processo de alucinação percebe coisas sem que elas existam. Assim,
quando uma pessoa ouve sons imaginários ou vê objectos que não existem, ela está tendo uma
alucinação auditiva ou alucinação visual.
As alucinações podem aparecer espontaneamente no ser humano em casos de psicoses, sendo
que destas, a mais comum é a doença mental chamada esquizofrenia. Também podem ocorrer
em pessoas normais (que têm doença mental) que tomam determinadas substâncias que são
chamadas de substâncias ou drogas alucinógeno, isto é, que "geram" alucinações. Estas são
também chamadas de psicoticomiméticas por "imitarem" ou "mimetizarem" um dos mais
evidentes sintomas das psicoses – as alucinações. Alguns autores também as chamam de
psicadélicas, o que significa expansão da mente, evidentemente, um exagero. Isto porque a
alucinação e o delírio nada têm de aumento da actividade ou da capacidade mental: ao
contrário, são aberrações, perturbações do perfeito funcionamento do cérebro, tanto que são
característicos das doenças chamadas psicoses.
Grande número de drogas alucinógeno vêm da natureza, principalmente de plantas. Estas
foram "descobertas" pelos seres humanos do passado que, ao sentirem os efeitos mentais das
mesmas, passaram a considerá-la como "plantas divinas", isto é, que faziam com que, quem
as ingerisse, recebesse mensagens divinas, dos deuses. Assim, até hoje, em culturas indígenas
de vários países, o uso destas plantas alucinógenas tem significado religioso.
Com o progresso da ciência, várias substâncias foram sintetizadas em laboratório e, desta
maneira, além dos alucinógenos naturais, hoje em dia têm importância também os
alucinógenos sintéticos, dos quais o LSD-25 é o mais representativo.
Há ainda a considerar que alguns destes alucinógenos agem em doses muito pequenas e
praticamente só atingem o cérebro e, portanto, quase não alteram qualquer outra função do
corpo da pessoa: são os alucinógenos propriamente ditos ou alucinógenos primários. O THC
(tetrahidrocanabinol) da maconha, por exemplo, é um alucinógeno primário. Mas, existem
outras drogas que também são capazes de actuar no cérebro, produzindo efeitos mentais: são
os alucinógenos secundários.
Os vegetais alucinógenos
As mais conhecidas plantas alucinógenas estão citadas a seguir :
Cogumelo - O uso de cogumelos ficou famoso no México, onde, desde antes de Cristo, já era
usado pelos nativos daquela região. Assim, hoje sabe-se que o "cogumelo sagrado" é usado
por alguns pajés. Ele recebe o nome cientifico Psylocybe mexicana e dele pode ser extraído
substância de poderosa ação alucinógena: a psilocibina.
Jurema - O vinho de Jurema, preparado à base da planta brasileira Mimosa hostilis, chamado
popularmente de Jurema, é usado pelos remanescentes índios. Os efeitos do vinho são muito
bem descritos por José de Alencar no romance Iracema. Só é utilizado nos terreiros de
candomblé por ocasião de passagem de ano. A Jurema sintetiza uma potente substância
alucinógena, a dimetiltriptamina ou DMT, responsável pelos efeitos.
Mescal ou Peyolt -(Lophophora williamsii)- Trata-se de um cacto, utilizado desde remotos
tempos na América Central, em rituais religiosos. Este cacto produz a substância alucinógena
mescalina. O cacto Mescal já fez parte dos rituais de populações indígenas da América
Central no sudoeste dos Estados Unidos . O peyolt ainda é usado legalmente em vários rituais
indígenas, através de um sacramento reconhecido pela igreja nativa Americana .
Caapi e Chacrona - São duas plantas alucinógenas que são utilizadas conjuntamente sob
forma de uma bebida que é ingerida no ritual do Santo Daime ou Culto da União Vegetal e
várias outras seitas. No Peru, a bebida preparada com as duas plantas é chamada pelos índios
quéchas de Ayahuasca, que quer dizer "vinho da vida". As alucinações produzidas pelas
bebidas são chamadas de miragens e os guias desta religião procuram "conduzi-las" para
dimensões espirituais da vida.

Atropa belladona - A Atropina é encontrada em grande quantidade na Atropa belladona, uma


planta nativa da Europa que agora se alastra pelos Estados unidos. Suas bagas são doces (um
atractivo que representa risco, especialmente para as crianças ), mas com taxas especialmente
altas de atropina . Os Hyoscyamus niger (meimenbros ) contém grandes quantidades de
escopolamina .
Datura stramoniun (estramónio ou figueira-do-inferno) A Datura Stramonium (estramonio ou
figueira do inferno) e uma planta nativa da América do Norte Todas as partes da planta
contêm quantidades significativas de atropina , escopolamina e compostos relacionados . As
espécies ''datura'' foram usadas em rituais nativos americanos. Um incidente ocorrido em
Jamestown,Virginia,originou o seu nome alternativo"Jimson" ou " Jamestowm weed"(algo
como "erva daninha de Jamestown"). Soldados enviados a Jamestowon para reprimir um
motim permaneceram desorientados por quase duas semanas quando a datura foi
inadvertidamente colocada em sua comida.
A noz - moscada e suas cascas contêm as substâncias alucinógenas miristicim e elemicim . As
estruturas químicas de ambas , são, como a mescalina ,semelhantes à da norepinefrina ou
anfetaminas criadas em laboratório , mas os efeitos se parecem mais com os do LSD. O uso
delas frequentemente ocorre quando as substâncias preferidas não estão disponíveis.
As videiras "morning glory" (glória da manhã ) são encontradas em muitos lugares. O nome
de algumas , por exenplo "Heavenly Blue" (azul celeste), pode indicar o seu potencial
alucinógeno. As sementes contêm a maior parte das substâncias químicas alucinógenas .
Uma das substâncias sintetizadas pelas plantas é a DMT, já comentada em relação à Jurema.
Efeitos no cérebro
Já foi acentuado que os cogumelos e as plantas analisadas acima são alucinógenas, isto é,
induzem a alucinações e delírios. É interessante ressaltar que estes efeitos são muito
maleáveis, isto é, dependem de várias condições como: sensibilidade, personalidade do
indivíduo, expectativa que a pessoa tem sobre os efeitos, presença de outras pessoas, etc, como
a bebida do Santo Daime.
As reacções psíquicas são ricas e variáveis. Às vezes, são agradáveis (boa viagem) e a pessoa se
sente recompensada pelos sons incomuns, cores brilhantes e pelas alucinações. Em outras
ocasiões, os fenómenos mentais são de natureza desagradável, visões terrificantes, sensações
de deformação do próprio corpo, certeza de perigo iminente, etc. São as más viagens.
Tanto as ''boas'’ como as '‘más’ viagens podem ser conduzidas pelo ambiente, pelas
preocupações anteriores (o experimentador contumaz sabe quando não está de '‘cabeça boa'’
para tomar o alucinógeno) e principalmente por uma pessoa ao lado. Esse é o papel do ‘'guia’'
ou '‘sacerdote'’ nos vários rituais religiosos, que, juntamente com o ambiente do tempo, os
cânticos, etc., são capazes de conduzir os efeitos mentais para o lado desejado".
Efeitos no resto do corpo
Os sintomas físicos são pouco salientes, pois são alucinógenos. Pode aparecer dilatação das
pupilas, suor excessivo, taquicardia e náuseas/vómitos, estes últimos mais comuns à bebida do
Santo Daime.
Aspectos gerais
Como ocorre com quase todas as substâncias alucinógenas, praticamente não há
desenvolvimento de tolerância; também, comummente, não induzem à dependência e não
ocorre síndrome de abstinência com o cessar do uso. Assim, a repetição do uso dessas
substâncias tem outras causas que não o de evitar os sintomas da abstinência. Um dos
problemas preocupantes com o uso desses alucinógenos é a possibilidade, felizmente rara, da
pessoa ser tomada de um delírio persecutório, delírio de grandeza ou acesso de pânico e, em
virtude disto, tomar atitudes prejudiciais a si e aos outros.
Inalantes

A categoria das drogas inalantes abrange diversas substâncias, sendo três as principais:
toluene, éter e clorofórmio.
O toluene é o ingrediente activo da cola de sapateiro, cola de aeromodelismo, fluido de
isqueiro, tinta, gasolina, desodorante, spray para cabelo, limpador de móveis e vidro, esmalte
de unhas, etc. A inalação dos vapores liberados por esse produtos provoca efeitos similares aos
do álcool, assim como alucinações em casos de doses exageradas. Os sintomas incluem euforia,
inquietação, confusão, desorientação, excitação e perda de coordenação motora.
Inalações repetidas podem causar vertigens, vacilação, alterações na percepção de cores,
distorção do sentido de tempo e espaço e sensação de omnipotência ou de grande poder. A
overdose é caracterizada por náuseas, vómitos, fadiga, fraqueza muscular, dores estomacais,
tremores, sentimentos de medo, solidão e culpa, paralisia dos nervos cranianos e periféricos,
delírio, perda de consciência e até coma.
A acção do toluene é devida à sua capacidade de deprimir o sistema nervoso central.
Relatórios médicos divulgados na década de 60 afirmam que a droga causa danos
permanentes no cérebro, podendo inclusive matar o usuário, além de corroer as membranas
nasais, destruir o tutano dos ossos e danificar os rins. O toluene ainda pode induzir impulsos
violentos, lesões no fígado e nos órgãos respiratórios, e cegueira.
O toluene pode gerar tolerância se for usado com frequência semanal durante um período de
cerca de três meses, a partir dos quais o usuário precisará de doses sempre maiores para obter
o mesmo efeito. Não se sabe se o toluene causa dependência física, mas acredita-se que os
usuários que inalam a substância com muita frequência estão sujeitos à dependência
psicológica. Seus efeitos negativos podem ser revertidos com a suspensão do consumo da
droga.
O éter, conhecido cientificamente como éter dietil, foi descoberto no século 13, e é produzido
através da desidratação do álcool etílico pelo ácido sulfúrico. Por volta de 1700, os
universitários europeus passaram a consumir éter recreativamente, em substituição às
bebidas alcoólicas. Na Inglaterra, o uso de éter como inebriante foi muito popular até o final
do século 19, quando a droga passou a ser proibida. Apesar de fora da lei, o éter continuou
popular entre os ingleses até seu uso começar a declinar, por volta de 1920, quando o álcool
tornou-se mais barato e mais fácil de se comprar do que o éter.
Já nos Estados Unidos, o uso recreativo do éter teve um breve surto de popularidade entre os
anos de 1920 e 1933, quando o álcool esteve proibido pela Lei Seca. Na época, as bebidas não-
alcoólicas eram misturadas com éter para provocar intoxicação. Mais tarde, durante a
Segunda Guerra Mundial, a substância foi muito consumida na Alemanha para compensar a
falta de bebidas alcoólicas.
No Brasil, o éter foi o ingrediente básico do lança-perfume, um produto carnavalesco que
podia ser inalado para gerar euforia e desinibição. Apesar de proibido em 1961 pelo então
presidente Jânio Quadros, o lança-perfume continuou bastante difundido no país, sendo
contrabandeado principalmente da Argentina, onde é fabricado legalmente.
A utilização medicinal do éter remonta a 1846, quando a droga passou a ser inalada como
anestesiante. Doses moderadas de éter deprimem o sistema nervoso central, produzindo
efeitos inebriantes. O consumo de éter pode provocar gastrite e até mesmo morte em casos de
overdose.
O clorofórmio foi descoberto simultaneamente na Alemanha, na França e nos Estados Unidos,
em 1831. A substância é um líquido pesado e incolor, que desprende vapores quando mantido
em temperatura ambiente. Inicialmente o líquido e seus vapores foram considerados como
substitutos seguros para o álcool, já que pequenas quantidades de clorofórmio causam euforia
e desinibição sem produzir ressacas. A substância foi aplicada como anestésico em partos e
cirurgias a partir de 1847, provando-se capaz de agir oito vezes mais rápida e poderosamente
que o éter. Com o passar do tempo, constatou-se que uma overdose da droga poderia causar
morte súbita por depressão circulatória, o que fez com que o clorofórmio fosse
paulatinamente abandonado pelos médicos em favor de outras drogas anestésicas. Devido à
sua potência, o clorofórmio pode ser letal se ingerido oralmente em grande quantidade
Tranquilizantes

Drogas tranquilizantes são uma invenção do século 20, desenvolvidas para aliviar ansiedades,
preocupações e temores. Junto com álcool, nicotina e aspirina, os tranquilizantes são as
drogas mais usadas e abusadas no mundo. São várias as categorias em que estão divididos os
tranquilizantes, que, de maneira geral, actuam como agentes depressivos do sistema nervoso
central. Eles podem ser:
Benzodiazepinas: Considerados tranquilizantes menores, incluem medicamentos como
Librium e Valium, duas substâncias farmacologicamente similares, que são consideradas as
drogas mais amplamente receitadas no mundo todo. Esses dois remédios têm acção
prolongada e pequeno potencial de overdose ou formação de hábito. Consumidores de doses
excessivas, porém, podem tornar-se viciados.
Meprobamatos: Representados principalmente pelos medicamentos Equanil e Miltown,
vendidos e receitados desde 1955, considerados inicialmente como remédios seguros e não
viciantes para o alívio de ansiedades. Mais tarde, descobriu-se que essa substâncias possuíam
enorme potencial de overdose e de indução ao vício, produzindo euforia e efeitos semelhantes
aos dos barbitúricos.
Metaqualona: Categoria que inclui medicamentos como Quaalude e Mandrax (ou Mandrix),
substâncias sedativas e hipnóticas não-barbitúricas, semelhantes aos meprobamatos.
Atualmente, sabe-se que os metaqualones possuem grande potencial de overdose e de vício,
embora há alguns anos a droga fosse considerada segura e incapaz de formar hábito.
Fenobarbitais: Classe representada por tranquilizantes como Luminal. Quando usada por
breves períodos, a droga tem baixo potencial de vício e overdose, agindo como relaxante
muscular, sem os efeitos sedativos dos outros barbitúricos. Quando ingerida de forma
intensiva, a substância pode causar dependência, com sintomas de síndrome de abstinência no
caso de suspensão repentina.
Fenotiazinas: Abrange, entre outros, os remédios Thorazine, Compazine, e Mellaril,
considerados tranquilizantes maiores ou antipsicóticos, com aplicação no tratamento de
esquizofrenia. Essas drogas têm potencial de overdose moderado, e praticamente não causam
vício, embora possam gerar efeitos colaterais, como sintomas semelhantes aos apresentados
por doentes do mal de Parkinson.
Antidepressivos tricíclicos: Representados por produtos farmacêuticos como Elavil e Triavil,
empregados para elevar o ânimo. Eles têm potencial de overdose considerável, embora seja
baixo o risco de vício. Têm sido amplamente receitados, apesar de alguns médicos afirmarem
que estes produtos só deveriam ser usados em caso de desordens psíquicas graves.
Deve-se observar que a distinção entre tranquilizantes "maiores" e "menores" nada tem a ver
com seu grau de potência, mas sim com sua estrutura química. Seu uso terapêutico atinge as
áreas da odontologia, neurologia, cardiologia, obstetrícia e ginecologia, ortopedia, pediatria,
dermatologia, cirurgia plástica e psiquiatria. Afirma-se também que os tranquilizantes são
úteis em alguns casos de tratamento de viciados em álcool, anfetaminas, heroína ou
barbitúricos. Sob o ponto de vista médico, eles são classificados como sedativos,
anticonvulsivos, relaxantes musculares, agentes antiansiedade e soníferos.
Os tranquilizantes actuam sobre o sistema límbico do cérebro, afectado as conexões dos
circuitos sensoriais e motores, o que gera depressão do sistema nervoso central. O usuário é
induzido a um estado de calma e tranquilidade, enquanto os músculos ligados ao esqueleto
relaxam, fazendo desaparecer tensões e ansiedades. A euforia resultante do emprego da droga
pode afectar a coordenação, a fala, os impulsos sexuais e a capacidade de concentração,
reduzindo a agressividade e induzindo ao sono. A duração e a intensidade dos efeitos
dependem do tipo de tranquilizantes, da dosagem e das características de personalidade do
usuário, que, em alguns casos, pode ser lavado à dependência psicológica.
A dependência, tanto psicológica quanto física, pode sobrevir em casos de uso intenso e
prolongado, e o abandono do vício pode ser muito difícil, produzindo desagradáveis sintomas
de abstinência, que surgem entre quatro e oito horas depois da suspensão da droga. De acordo
com a potência dos tranquilizantes, o metabolismo do usuário e a frequência do uso, estes
sintomas podem incluir ansiedade e hiper excitação, reduções no pulso e na respiração,
dificuldade de coordenação e fala, náusea, vómitos, tremores e convulsões. Os tranquilizantes
podem matar, caso sejam combinados com outros depressivos do sistema nervoso central, que
potencializam os seus efeitos, como álcool, barbitúricos, opiáceos, sedativos-hipnóticos e
narcóticos sintéticos.
Os tranquilizantes também são desaconselháveis durante a gravidez, já que eles penetram na
placenta, aumentando os riscos de morte do feto ou o surgimento de problemas cardíacos
congênitos, anormalidades do esqueleto e outros defeitos de nascimento. Um dos casos mais
famosos nessa área é o da Thalidomida, uma pílula para dormir não-barbitúrica, que se
mostrou responsável pelo nascimento de crianças gravemente deformadas. Os tranquilizantes
também podem se infiltrar no leite materno, e por isso devem ser evitados mesmo após o
parto.
Além de todos esses riscos, os tranquilizantes também podem gerar tolerância, se bem que em
grau menor que os barbitúricos. A tolerância pode surgir apenas em algumas semanas, caso a
droga seja ingerida três vezes ao dia, o que faz com que ela se mantenha constantemente na
corrente sanguínea. Os efeitos colaterais incluem apatia, diminuição da pressão sanguínea,
problemas visuais, desorientação, confusão, fraquezas musculares, dores de cabeça,
perturbações estomacais, perda de coordenação, vertigens, irregularidades menstruais e de
ovulação, ansiedade e alucinações. Em alguns usuários, os tranquilizantes produzem
estimulação em vez de sedação, tendo como consequência a hiperexcitabilidade, insônia,
hostilidade e inclinação a acessos de raiva. Doses excessivas podem causar tremores, perda da
coordenação muscular e convulsões.
Maconha

Algumas verdades e mentiras sobre a maconha


Verdades:
Reprimir não reduz o consumo: Legalizado em 1976 na Holanda, o consumo cresceu de 3%
para 12% em 1991. Nos Estados Unidos, a repressão aumentou e o consumo subiu muito mais.
Chegou a 50% dos alunos do segundo grau;
Maconha pode causar câncer de pulmão: Alguns estudos sustentam que a maconha mais do
que a nicotina pode iniciar alterações cancerígenas em células do pulmão;
Não prejudica o feto: Não há nenhuma comprovação de que o consumo materno de maconha
faça mal ao feto, segundo a OMS;
Não atrapalha a performance de desportistas: Atletas como jogadores de futebol que fumam
até três cigarros de maconha por dia não apresentam nenhuma diferença de capacidade
respiratória em relação aos que não fumam.
E mentiras:
Maconha vicia mais do que cigarro e álcool: 90% das pessoas que usam maconha na
juventude param de fumar por volta dos 30 anos. Quem experimenta cigarro e álcool
continua a consumi-los por muito tempo ou toda a vida;
Destrói a atenção, a memória e a capacidade de aprender: as pesquisas negam o cliché do
maconheiro sonhador e distraído. Fumar ou não produz diferenças mínimas;
É mais fácil parar de beber do que parar de fumar maconha: a abstinência de cannabis pode
gerar na pior das hipóteses insónia, ansiedade e sintomas semelhantes aos de um resfriado;
Não existe maconha de laboratório mais forte e viciante:Pacientes que procuram centros de
desintoxicação permitem observar que isso está de fato acontecendo.
Retirado da revista ISTOÉ de 25 de Fevereiro de 1998.
A maconha é uma das várias preparações possíveis da planta fêmea da Cannabis Sativa, erva
originária da Ásia, da qual são extraídas outras drogas como haxixe, bhang, kif, etc. A planta
cresce em estado selvagem no mundo inteiro e, de acordo com o lugar, é conhecida por um
nome diferente. Os jamaicanos a chamam de "ganja", enquanto os americanos e mexicanos a
conhecem como "marijuana". Seu princípio activo, concentrado na resina das folhas e flores
superiores, é o delta-9-tetrahydrocannabinol, conhecido simplesmente como THC. Fumada
comumente como cigarro (*) que contém de 4 a 40 miligramas de THC, a maconha produz
efeitos psicológicos e químicos que lhe são peculiares. Pessoas diferentes estão sujeitas a
reacções diversas, e a droga pode ser levemente alucinógena, relaxante, tranquilizante,
estimulante do apetite ou intoxicante. Os efeitos variam na proporção da quantidade fumada,
da potência da maconha e das características da personalidade do usuário. A erva tem muito
pouco em comum com o LSD e os verdadeiros psicadélicos, mas tem muita afinidade com o
álcool e outros sedativos, e ainda certa similaridade com as anfetaminas e outros estimulantes.
Na opinião de vários cientistas, a maconha, decididamente não é um narcótico - o dr.
Frederick Meyers a classifica como sedativo-estimulante, enquanto o Dr. Leo Hollister a
enquadra como sedativo-ativo-hipnótico-psicodélico.
Um baseado, como também é conhecido o cigarro de maconha na gíria dos usuários, produz
efeitos que começam alguns minutos depois do consumo da droga, e perduram por um
período que vai de 1 a 2 horas. As únicas alterações físicas causadas pela maconha são:
aceleração temporária do batimento cardíaco, com o consequente aumento da pressão
sanguínea, ligeira redução de temperatura, avermelhamento dos olhos e secura da boca e das
vias respiratórias.
Os efeitos psicológicos podem ser de calma e introspectiva euforia ou de aumento de
sociabilidade do usuário, que em alguns casos se engaja em intermináveis discussões sobre
assuntos triviais. A maconha, de modo geral, intensifica a concentração em detalhes ou em
determinadas actividades, embora também possa causar dispersão. A percepção do próprio eu
e do mundo exterior é aumentada e, ao mesmo tempo, distorcida. Profundos pensamentos
brotam à mente e o usuário tem a impressão de ter feito importantes descobertas filosóficas,
que geralmente se mostram irrelevantes depois de dissipados os efeitos da droga.
Os pensamentos acontecem em vários níveis simultaneamente, o que quase sempre leva à
conclusão e à incapacidade de coordenar as ideias. Tudo parece motivo para risos, que muitas
vezes se transformam em crises intermináveis de gargalhadas. Conversações entre drogados
com maconha costumam chegar a um ponto em que todos esquecem o assunto discutido.
Esquecimentos são frequentes, assim como um relaxamento da noção de tempo e de espaço.
Às vezes o usuário da droga pode experimentar obsessões peculiares que chegam até a um
comportamento compulsivo. Muitos sentem uma obsessão por comida, principalmente doces e
frutas, embora qualquer alimento se torne agradável ao paladar. O sentido da audição é
apurado, o que faz com que a música se transforme em outra obsessão dos usuários da droga.
Para alguns, a maconha também produz relaxamento e desinibição que induzem à prática de
sexo, apesar de a droga não ser considerada afrodisíaca. Outros, todavia, experimentam
efeitos contrários, como aumento da ansiedade, da depressão e da paranóia, que podem
evoluir para reacções psicóticas e de pânico. Quaisquer que sejam os efeitos, entretanto, eles
desaparecem em no máximo três horas após o consumo da maconha, cujas consequências
fisiológicas e psicológicas são consideradas de menor importância em comparação com outras
drogas psicoactivas. A maconha produz, sem dúvida, alterações na percepção e nos reflexos, o
que torna seu uso contra-indicado para pessoas em actividades que exijam grande atenção,
como dirigir automóvel, por exemplo.
Não existem casos comprovados de morte por intoxicação de maconha, nem provas definitivas
de que ela cause dano cerebral, esterilidade, impotência ou insanidade. Do ponto de vista
farmacológico, a aspirina é encarada como uma substância capaz de provocar mais problemas
que a maconha. Sob o aspecto médico e social, o álcool e o tabaco são considerados mais
perigosos.
Apesar disso, alguns autores consubstanciam a tese de que a maconha deve permanecer
proibida sob alegação de que seu uso representa o primeiro passo para o consumo de drogas
mais nocivas. Os críticos da erva citam estudos feitos no Oriente Próximo com fumantes de
haxixe para provar que o uso da maconha está associado com a psicose. Outra pesquisas feitas
com macacos sugerem que o uso da maconha pode resultar numa redução de 40 a 50% de
nascimentos de filhos saudáveis, resultados esses extrapolados, pelos adversários da droga,
para a espécie humana. Também na área de reprodução afirma-se que o emprego da droga
pode levar a uma redução dos hormônios, principalmente dos espermatozóides. Alega-se
ainda que a maconha causa dano cerebral permanente, envelhecimento precoce do cérebro e
um tipo de letargia mental classificada como uma síndrome de falta de motivação. Os
detractores da droga asseguram que a maconha reduz a resistência do organismo às doenças
infecciosas e ao câncer, além de provocar reacções pré-cancerosas nas células pulmonares. De
todas essas acusações, a única realmente comprovada é a de que a fumaça da maconha pode
causar problemas ao fumante, já que contém grande teor de monóxido de carbono e alcatrão,
comparável ao dos mais baratos cigarros sem filtro. Usuários sofrendo de bronquite ou
problemas respiratórios estão sujeitos a um agravamento de seus males, devido à inalação da
fumaça de maconha.
Defensores da maconha, por seu lado, contestam as demais acusações, procurando
demonstrar que a maior parte delas é resultado de interpretação distorcida de dados obtidos
através de experiências que pouco tem a ver com a realidade. Quanto ao argumento de que
fumar maconha leva ao consumo de drogas mais perigosas, estatísticas norte-americanas
mostram que, de fato, o número de usuários de maconha vem diminuindo nos últimos anos,
apesar de vários Estados terem descriminalizado a droga. Neste mesmo período, aumentou
assustadoramente a quantidade de viciados em cocaína, os quais pareciam não consumir
maconha.
Com relação aos estudos feitos com fumadores de haxixe do Oriente Próximo, argumenta-se
que este preparado tem potência oito vezes maior que a da maconha, embora ambos sejam
extraídos da Cannabis sativa. Desta forma, conclusões a respeito do uso de haxixe não
poderiam ser aplicados a casos de usuários de maconha. E com relação as experiências
realizadas com macacos, sabe-se que os animais foram alimentados diariamente com THC
sintético puro, uma poderosa substância que só é empregada em laboratórios de pesquisa, não
estando, por isso, ao alcance do usuário comum. A quantidade de maconha aplicada aos
macacos equivalia a noventa cigarros diários, consumidos ininterruptamente durante seis
meses. Em outros testes, o THC puro foi ingetado directamente no estômago dos ratos, uma
forma de consumo de droga sem qualquer paralelo com o uso da maconha comum.
Os estudos que levaram à conclusão de que o emprego frequente da maconha aumenta a
probabilidade de problemas genéticos e de nascimentos defeituosos foram feitos com pessoas
que utilizavam não só a maconha, mas também outras drogas, o que compromete a
credibilidade da pesquisa. E cinco outros estudos realizados sobre essa mesma questão não
obtiveram informações que corroborassem com a referida acusação. Ainda relacionada à área
sexual, afirma-se também que a maconha pode levar à esterilidade ou à impotência entre os
homens. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos,
em 1972, tendo como objectivo um grupo de jamaicanos que haviam fumado uma média de
sete cigarros por dia por mais de dezassete anos, mostrou que depois de duas semanas de
abstinência da droga, os níveis hormonais dessas pessoas estavam no limite mais alto da faixa
considerada normal. Quando os usuários voltaram ao consumo pesado de maconha, estes
níveis não diminuíram. Isto sugere que o emprego intenso da droga pode realmente alterar os
níveis hormonais do organismo, embora essas alterações sejam passageiras e reversíveis. A
afirmação de que a droga causa dano cerebral surgiu depois de um estudo com apenas dez
indivíduos, sendo que todos eles eram usuários de outras drogas e alguns apresentavam
evidências de dano cerebral antes de se submeterem à experiência. O estudo realizado com os
jamaicanos serviu também para contradizer a acusação de que maconha reduz a resistência
do corpo ao câncer e às infecções, demonstrando que a incidência de doenças e a taxa de
mortalidade dos usuários não era diferente da dos não-usuários de maconha.
A controvérsia sobre os malefícios da maconha ainda não chegou a conclusões definitivas,
embora a droga seja conhecida e usada há milénios. Registros feitos na China, em 2737 a.C.,
contam que a Cannabis sativa era empregada na época em preparados medicinais. A planta é
citada até no Velho Testamento, onde Salomão canta e louva as propriedades da erva, por ele
denominada kalamo. Documentos deixados por Marco Polo revelam que a maconha era
cultivada na Ásia e no Oriente Próximo não apenas por causa de suas fibras, usadas na
fabricação de cordas e tecidos, mas também por suas propriedades psico-activas. Foram os
conquistadores espanhóis que trouxeram a Cannabis Sativa para as Américas, plantando-a no
Chile no final do século 16, embora outras fontes assegurem que a planta já se havia
disseminado pelo continente americano muito tempo antes da descoberta do Novo Mundo. Os
colonizadores britânicos que se estabeleceram na América do Norte receberam estímulos do
rei Jaime I para cultivar a erva como forma de conseguirem matéria-prima para a produção
de cordas e velas para os navios da Armada Real. Ainda nos Estados Unidos, o Departamento
de Agricultura incentivou a plantação de maconha durante a Segunda Guerra Mundial
também com a finalidade de produzir fibras para a indústria têxtil.
Intelectuais e escritores europeus do século 19 foram os primeiros a difundir no Ocidente o
uso recreativo da Cannabis sativa. Na década de 20, durante a Lei Seca, algumas cidades
americanas assistiram a um breve surto de consumo de maconha em função da falta de álcool.
Em Nova York, por essa época, chegaram a existir mais de quinhentas "casas de haxixe", que
funcionavam como verdadeiros bares, onde em vez de álcool os frequentadores consumiam a
erva. Dez anos mais tarde, a droga era proibida pela lei americana, enquanto as bebidas
alcoólicas voltavam a ser legalizadas.
No Brasil, a Cannabis sativa foi usada originariamente por escravos que já conheciam suas
propriedades antes de serem trazidos da África. Em 1943, o relatório Campanha contra o Uso
da Maconha no Norte do Brasil informava que o uso da planta na região era largamente
difundido entre as camadas mais baixas da população. O documento afirmava que os
principais focos de irradiação do vício da maconha estavam localizados no vale do rio São
Francisco e nos Estados do Maranhão, Piauí, Alagoas e Sergipe, apesar de a droga ter adeptos
também na Bahia, em Pernambuco, no Rio de Janeiro e São Paulo. Os anos 60 assistiram a
um novo e muito maior surto do consumo da maconha, que se tornou uma das drogas da
moda, primeiramente nos Estados Unidos e na Europa, em seguida no resto do Mundo. Na
década seguinte, a maconha já havia perdido sua característica de droga de hippies para ser
habitualmente utilizada por estudantes, profissionais liberais e muitos outros seguimentos da
sociedade. Hoje, algumas estatísticas indicam que o consumo talvez esteja diminuindo,
enquanto outra substância se impõe como a droga da moda: a cocaína. Mas a Cannabis sativa
não pode ser encarada apenas como uma droga recreativa. Ela também vem sendo empregada
com fins terapêuticos há muito tempo: na China, ela foi usada como anestésico há quase
quatro mil anos, e existem evidências de que os antigos egípcios a recomendavam como
remédio para os olhos. O emprego medicinal da maconha também é uma tradição entre povos
africanos e asiáticos, que a recomendavam para aliviar tosses, dores de cabeça e cólicas
menstruais. A história registra que o médico particular da rainha Vitória da Inglaterra
concluiu, no século 19, que a maconha, estudada por ele durante trinta anos, tinha aplicações
no tratamento de enxaqueca, insónia senil, depressões, estados epilépticos, cólicas e ataques de
asma. Neste mesmo século, a medicina recomendava a droga para males que iam da gota à
insanidade ou à impotência. Em 1860, a sociedade médica de Ohio, Estados Unidos, divulgou
pesquisas indicando que a maconha era adequada no tratamento de tétano, dores reumáticas,
asma, psicoses pós-parto, convulsões, gonorreia e bronquite crónica. O mesmo documento
afirmava que a droga produz um sono mais natural, sem interferir com a acção dos órgãos
internos, sendo dessa forma preferível aos compostos opiáceos então utilizados para se obter
os mesmos efeitos.
Entre os anos de 1839 e 1900, centenas de artigos académicos foram publicados tendo como
tema as aplicações médicas da Cannabis sativa, que era ingrediente principal de diversos
remédios fabricados por laboratórios como Parke-Davies, Squibb e Lilly, vendidos nos
Estados Unidos sem qualquer restrição. A aplicação medicinal da maconha começou a
diminuir nas primeiras décadas do século 20, quando a descoberta da morfina e dos
barbituratos resultou no surgimento de drogas novas e mais potentes. A Cannabis Sativa foi
banida da farmacologia a partir de 1942.
Hoje em dia alguns pesquisadores têm confirmado que a maconha pode ter uso potencial em
casos de perda de apetite, anorexia nervosa, ataque cardíaco, enxaqueca, hipertensão, crises
hepáticas e insónia. Para certos médicos, a droga parece ser relativamente segura, com
potencial de toxidade e vício inferior ao da aspirina. A maconha não provoca tolerância no
organismo e nem síndrome de abstinência quando seu uso é suspenso. Conclui-se também que
a maconha funciona como agente anti emético, controlando as náuseas e vómitos que resultam
do tratamento quimioterápico do câncer. No final da década de 70, cientistas norte-
americanos estabeleceram que a droga pode reduzir significativamente as pressões intra-
oculares associadas ao surgimento de glaucoma.
Diante de todas essas informações disponíveis sobre a maconha, alguns autores afirmam que a
perseguição aos usuários da droga pode ser considerada uma espécie de "síndrome de bode
expiatório", fenómeno descrito pelos antropólogos como a selecção, por uma determinada
sociedade, de um grupo minoritário a ser punido pelos vícios de toda uma população, cuja
culpa é dessa forma extirpada através do sacrifício de vítimas simbólicas. Todavia, a proibição
da maconha não é uma prática generalizada. Em alguns países islâmicos, por exemplo, a erva
tem o seu consumo permitido, já que o Corão não a proíbe, ao contrário do álcool,
considerado fora da lei.
Alguns Estados norte-americanos, como Oregon, Maine, Nova York, Mississipi, Colorado e
Califórnia, possuem leis que, de uma forma ou de outra, descriminalizam o porte e o consumo
da maconha, livrando o usuário de uma possível prisão. A campanha pela descriminalização
total da Cannabis nos Estados Unidos prossegue, contando com o apoio de entidades tão
insuspeitas como a Associação dos Advogados Americanos, a Associação Americana de Saúde
Pública, o Conselho Nacional de Igrejas, a Academia Americana de Pediatras e a Associação
Nacional de Educação, entre outras.
No Brasil, o Conselho Federal de Entorpecentes, sob orientação do advogado Técio Lins e
Silva, vem propondo, desde 1985, uma ampliação do debate para redefinir a atitude oficial
sobre a criminalização da maconha.
Um usuário comum consome habitualmente uma média de cinco cigarros de maconha por
dia.
Yagé
A planta Banisteriopsis caapi é uma trepadeira que cresce na Amazónia e produz uma droga
conhecida pro vários nomes: para os índios brasileiros e colombianos ela é a caapi, enquanto
no Peru, Bolívia e Equador ela é chamada de ayahuasca. Nos Andes ela tem o nome de yagé, e
é obtida através da fervura das cascas recém-formadas da trepadeira caapi.
De acordo com a região, outras plantas psicoactivas podem ser misturadas ao preparo de
caapi, como a datura, rica em alcalóides da beladona, e a Banisteriopsis rusbyana, que contém
DMT (n,n dimethyltryptamine, um poderoso alucinógeno). Depois de fervido durante horas, o
equivalente a um copo de beberagem contém cerca de 400 miligramas de alcalóides, o que,
segundo pesquisadores norte-americanos, é quatro vezes superior à dose necessária a uma
pessoa não habituada ao uso frequente da droga. Grandes quantidades de yagé podem causar
morte por envenenamento.
O princípio activo do caapi, conhecido como harmina, pode ser extraído e transformado em
cloreto de harmina, droga aspirada ou mascada para produzir os mesmos efeitos da
beberagem.
Imediatamente após a ingestão de yagé, o usuário vomita; em seguida, começam os efeitos
propriamente ditos: embriaguez acompanhada por alucinações e espoucar de luzes coloridas.
Também pode ocorrer insónia, perda de coordenação e vertigens. À medida que os efeitos se
intensificão, as alucinações entram num grau mais avançado e o usuário pode experimentar
um aumento de visão nocturna e um desenvolvimento da energia psíquica, assim como uma
estimulação dos sentidos sexuais. Um estudo realizado nos Estados Unidos afirma que "yagé
em demasia pode transformar a mente num pesadelo de visões, acompanhadas por
sentimentos .
A harmina produz efeitos e sensações semelhantes aos da mescalina, acrescidos de
embriaguez. Afirma-se que a droga aumenta a percepção extra-sensorial, fazendo com que o
usuário adquira a capacidade de prever eventos futuros.
Durante muito tempo o alcalóide harmina foi conhecido pelo nome de telepatina, isso por
induzir fenómenos telemáticas. Alguns relatos asseguram que o yagé pode funcionar como
estimulante sexual, além de poderoso alucinógeno. A droga produz, segundo um testemunho,
"brilhantes flashes de luz na mente, ilusões de objectos ficando maiores e menores, vívidas
alucinações e uma excepcional habilidade para enxergar na escuridão".
Chá de St. Daime

Para o Chá do Santo Daime, usa-se uma planta comum em rituais indígenas da qual é
produzida uma bebida alucinógena que quando ingerida "libera a alma do seu confinamento
corporal". As seitas religiosas de Santo Daime e União do Vegetal (UDV) utilizam esta planta,
fundamentados nessas tradições indígenas. O uso do chá, causa a chamada impulsão motora,
no sentido de aumentar a sensação de bem estar do indivíduo, criando condições de felicidade,
contentamento, bom apetite, impulso sexual e equilíbrio. Usuários dos chás já relataram
experiências de dependência e fortes crises de abstinência. A ciência ainda caminha nesse
estudo, o que se sabe é que a dependência psicológica é alta.
A permissão do uso de substâncias alucinógenas por seitas religiosas tem sido repensada
ultimamente pelo Conselho Federal de Entorpecentes.
*Crise de Abstinência: são sintomas de diferentes gravidades que aparecem quando a pessoa
pára de usar uma certa droga. Numa crise destas muitas pessoas chegam a tentar suicídio, tal
o sofrimento.
Tabaco

Definição e histórico
O tabaco é uma planta cujo nome científico é Nicotina tabacos, da qual é extraída uma
substância chamada nicotina. Seu uso surgiu aproximadamente no ano 1000 A.C., nas
sociedades indígenas da América Central, em rituais mágicos-religiosos com objectivo de
purificar, contemplar, proteger e fortalecer os ímpetos guerreiros, além de acreditar que a
mesma tinha o poder de predizer o futuro. A planta chegou ao Brasil provavelmente pela
migração de tribos tupis-guaranis. A partir do século XVI, o seu uso foi introduzido na
Europa, por Jean Nicot, diplomata francês vindo de Portugal, após ter-lhe cicatrizado uma
úlcera de perna, até então incurável.
No início, utilizado com fins curativos, através do cachimbo, difundiu-se rapidamente,
atingindo Ásia e África, no século XVII. No século seguinte, surgiu a moda de aspirar rapé, ao
qual foram atribuídas qualidades medicinais, pois a rainha da França, Catarina de Médicis, o
utilizava para aliviar suas enxaquecas.
No século XIX, iniciou-se o uso do charuto, através da Espanha atingindo toda a Europa,
Estados Unidos e demais continentes, sendo utilizado para demonstração de ostentação. Por
volta de 1840 a 1850, surgiram as primeiras descrições de homens e mulheres fumando
cigarros, porém somente após a Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918) seu consumo
apresentou uma grande expansão.
Seu uso espalhou-se por todo mundo a partir de meados do século XX, com ajuda de técnicas
avançadas de publicidade e marketing, que se desenvolveram nesta época.
A partir da década de 60, surgiram os primeiros relatórios científicos que relacionaram o
cigarro ao adoecimento do fumante e hoje existem inúmeros trabalhos comprovando os
malefícios do tabagismo à saúde do fumante e do não-fumadores exposto à fumaça do cigarro.
Hoje o fumo é cultivado em todas as partes do mundo e é responsável por uma actividade
económica que envolve milhões de dólares.
Apesar dos males que o hábito de fumar provoca, a nicotina é uma das drogas mais
consumidas no mundo.
Efeitos no cérebro
Quando o fumante dá uma tragada, a nicotina é absorvida pelos pulmões, chegando ao
cérebro geralmente em 9 segundos.
Os principais efeitos da nicotina no Sistema Nervoso Central são: elevação leve no humor
(estimulação) e diminuição do apetite. A nicotina é considerada um estimulante leve, apesar de
um grande número de fumantes relatarem que se sentem relaxados quando fumam. Essa
sensação de relaxamento é provocada pela diminuição do tônus muscular.
Essa substância, quando usada ao longo do tempo, pode provocar o desenvolvimento de
tolerância, ou seja, a pessoa tende a consumir um número cada vez maior de cigarros para
sentir os mesmos efeitos que originalmente eram produzidos por doses menores.
Alguns fumantes, quando suspendem repentinamente o consumo de cigarros, podem sentir
fissura (desejo incontrolável por cigarro), irritabilidade, agitação, prisão de ventre,
dificuldade de concentração, diurese, tontura, insónia e dor de cabeça. Esses sintomas
caracterizam a síndrome de abstinência, desaparecendo dentro de uma ou duas semanas.
A tolerância e a síndrome de abstinência são alguns dos sinais que caracterizam o quadro de
dependência provocado pelo uso de tabaco.
Efeitos no resto do organismo
A nicotina produz um pequeno aumento no batimento cardíaco, na pressão arterial, na
frequência respiratória e na actividade motora.
Quando uma pessoa fuma um cigarro, a nicotina é imediatamente distribuída pelos tecidos.
No sistema digestivo provoca queda da contracção do estômago, dificultando a digestão. Há
um aumento da vasoconstrição e na força das contracções cardíacas.
Efeitos tóxicos
A fumaça do cigarro contém um número muito grande de substâncias tóxicas ao organismo.
Dentre as principais, citamos a nicotina, o monóxido de carbono, e o alcatrão.
O uso intenso e constante de cigarros aumenta a probabilidade da ocorrência de algumas
doenças como por exemplo a pneumonia, câncer (pulmão, laringe, faringe, esófago, boca,
estômago, entre outros), enfarte miocárdio; bronquite crónica; enfisema pulmonar; derrame
cerebral; úlcera digestiva; etc. Entre outros efeitos tóxicos provocados pela nicotina, podemos
destacar ainda náuseas, dores abdominais, diarreia, vómitos, cefaleia, tontura, bradicardia e
fraqueza.
Tabaco e gravidez
Quando a mãe fuma durante a gravidez "o feto também fuma", recebendo as substâncias
tóxicas do cigarro através da placenta. A nicotina provoca aumento do batimento cardíaco no
feto, redução do peso do recém-nascido, menor estatura, além de alterações neurológicas
importantes. O risco de, abortamento espontâneo, entre outras complicações durante a
gravidez é maior nas gestantes que fumam.
Durante a amamentação, as substâncias tóxicas do cigarro são transmitidas para o bebé
também através do leite materno.
Tabagismo passivo
Os fumadores não são os únicos expostos à fumaça do cigarro pois os não-fumadores também
são agredidos por ela, tornando-se fumantes passivos.
Os poluentes do cigarro dispersam-se pelo ambiente, fazendo com que os não-fumadores
próximos ou distantes dos fumantes, inalem também as substâncias tóxicas.
Estudos comprovam que filhos de pais fumantes apresentam uma incidência 3 vezes maior de
infecções respiratórias (bronquite, pneumonia, sinusite) do que filhos de pais não-fumadores.
Aspectos gerais
O hábito de fumar é muito frequente na população. A associação do cigarro com imagens de
pessoas bem sucedidas, jovens, desportistas é uma constante nos meios de comunicação. Este
tipo de propaganda é um dos principais factores que estimulam o uso do cigarro. Por outro
lado, os programas de controle do tabagismo, vêm recebendo um destaque cada vez maior em
diversos países, ganhando apoio de grande parte da população.
O que é INCA/Contapp?
O INCA (Instituto Nacional de Câncer) é o órgão do Ministério da Saúde responsável pelas
acções de controlo do tabagismo e prevenção primária de câncer no Brasil, através da
Coordenação Nacional de Controlo do Tabagismo e Prevenção Primária de Câncer
(Contapp). Essas acções vão desde a comemoração de datas específicas, como Dia Mundial
sem Tabaco, 31 de Maio e Dia Nacional de Combate ao Fumo, 29 de Agosto, até a
estruturação e realização de programas continuados para controlo do tabagismo e de outros
factores de risco de câncer, em unidades de saúde, escolas e ambientes de trabalho.
Para isso, o INCA/Contapp, coordena uma rede de 27 coordenadores estaduais, capacita
recursos humanos, desenvolve pesquisas, elabora livros didácticos sobre o tema, além de
folhetos, cartazes e adesivos; presta assessoria técnica nos projectos de lei sobre tabagismo,
que tramitam no Congresso Nacional; e participa de congressos de todas as áreas do
conhecimento relacionadas ao tabagismo.

O que é?
O crack é uma mistura de cloridrato de cocaína (cocaína em pó), bicarbonato de sódio ou
amónia e água destilada, que resulta em pequeninos grãos, fumados em cachimbos
( improvisados ou não). É mais barato que a cocaína mas, como seu efeito dura muito pouco,
acaba sendo usado em maiores quantidades, o que torna o vício muito caro, pois seu consumo
passa a ser maior.
Estimulante seis vezes mais potente que a cocaína, o crack provoca dependência física e leva à
morte por sua acção fulminante sobre o sistema nervoso central e cardíaco.
Quais são as reacções do crack? O que ele provoca no organismo?
O crack leva 15 segundos para chegar ao cérebro e já começa a produzir seus efeitos: forte
aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor
intenso, tremor muscular e excitação acentuada, sensações de aparente bem-estar, aumento da
capacidade física e mental, indiferença à dor e ao cansaço. Mas, se os prazeres físicos e
psíquicos chegam rápido com uma pedra de crack, os sintomas da síndrome de abstinência
também não demoram a chegar. Em 15 minutos, surge de novo a necessidade de inalar a
fumaça de outra pedra, caso contrário chegarão inevitavelmente o desgaste físico, a
prostração e a depressão profunda.
Estudiosos como o farmacologista Dr. F. Varella de Carvalho asseguram que "todo usuário de
crack é um candidato à morte", porque ele pode provocar lesões cerebrais irreversíveis por
causa de sua concentração no sistema nervoso central.
O crack é uma droga mais forte que as outras?
Sim, as pessoas que o experimentam sentem uma compulsão ( desejo incontrolável) de usá-lo
de novo, estabelecendo rapidamente uma dependência física, pois querem manter o
organismo em ritmo acelerado. As estatísticas do Denarc ( Departamento Estadual de
Investigação sobre Narcóticos) indicam que, em Janeiro de 1992, dos 41 usuários que
procuraram ajuda no Denarc, 10% usavam crack e, em Fevereiro desse mesmo ano, dos 147
usuários, já eram 20%. Esses usuários, em sua maioria, têm entre 15 e 25 anos de idade e vêm
tanto de bairros pobres da periferia como de ricas mansões de bairros nobres.
Como o crack é uma das drogas de mais altos poderes viciantes, a pessoa, só de experimentar,
pode tornar-se um viciado. Ele não é, porém, das primeiras drogas que alguém experimenta.
De um modo geral, o seu usuário já usa outras, principalmente cocaína, e passa a utilizar o
crack por curiosidade, para sentir efeitos mais fortes, ou ainda por falta de dinheiro, já que
ele é bem mais barato por grama do que a cocaína. Todavia, como o efeito do crack passa
muito depressa, e o sofrimento por sua ausência no corpo vem em 15 minutos, o usuário usa-
o em maior quantidade, fazendo gastos ainda maiores do que já vinha fazendo. Para
conseguir, então, sustentar esse vício, as pessoas começam a usar qualquer método para
comprá-lo. Submetidas às pressões do traficante e do próprio vício, já não dispõem de tempo
para ganhar dinheiro honestamente; partem, portanto, para a ilegalidade: tráfico de drogas,
aliciamento de novas pessoas para a droga, roubos, assaltos, etc.
Heroína

É a mais devastadora e escravisadora droga que existe. Beneficiada à base de morfina, a


tolerância do organismo a essa droga se dá mais depressa do que qualquer opiáceo (ópio, morfina,
cafeína) e , portanto, é mais perigosa devido aos contaminantes usados na sua preparação para seu
uso tóxico. É um depressivo cerebral, espinal e respiratório que pode tornar o usuário dependente
após a segunda ou terceira dose. Imediatamente, após injetar a droga, o usuário se torna sonolento.
A isto se dá o nome de "cabecear" ou "cabeceio". As pupilas ficam fortemente contraídas. A
Heroína causa inapetência, dependência física e psicológica. A reação inicial é de euforia e
conforto. Esta sensação desaparece rapidamente, exigindo uma dose cada vez maior, gerando,
assim, o processo de dependência. Em longo prazo causa bronquites, conjuntivites e danos nos
cromossomos. Seu usuário torna-se um "morto-vivo". No caso de ser injetável, pode causar necrose
(morte dos tecidos e das veias) e, surdez, cegueira, delírios, coma e morte. É muito difícil de ser
diluída em água e por isso acaba por intupir as veias causando a flebite (inflamação dos vasos
sangüíneos). Com as picadas freqüentes torna-se cada vez mais difícil de se achar veias adequadas e
por isso o viciado passa a injetar por exemplo nos pés, na jugular e etc. Causa também inflamação
nas válvulas cardíacas. Com o uso continuado de heroína, o organismo deixa de produzir endorfinas
e entra em colapso se a droga falta. O mais suave estímulo físico é sentido como dor; o estômago e
o intestino entram em pane, causando dores abdominais, diarréia e vômito; o coração e a respiração
ficam acelerados. Isso acontece porque o corpo passa a produzir noradrenalina em excesso. O
organismo fica também incapaz de regular a temperatura e o viciado passam a suar muito e a sentir
calafrios.

Alessandro Baratta, “FUNDAMENTOS IDEOLÓGICOS DA ATUAL POLÍTICA CRIMINAL


SOBRE DROGAS”, in SÓ SOCIALMENTE …, org. Odair Dias Gonçalves e Francisco Inácio
Bastos, Rio de Janeiro, Relume Dumará, 1992, páginas 35 a 49.

• United Nations Office on Crimes and Drugs [homepage on the internet]. World Drug Report
2006 [cited 2006 Jul 3]. Available from: http://unodc.org. Brito Filho D. Toxicologia
humana e geral. 2 ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 1988.
• 2. Kritico P, Papadaki S. The history of the poppy and of opium and their expansion in
antiquity in the Eastern Mediterranean area. Bull Narc. 1967;19:5-10.
• 3. Wikipedia [homepage on the internet]. Morphine [cited 2006 Jul 3]. Available from:
http://en.wikipedia.org/ wiki/morphine.
• 4. Wikipedia [homepage on the internet]. Heroin [cited 2006 Jul 3]. Available from:
http://en.wikipedia.org/ wiki/heroin.
• 5. de Ridder M. Heroin: new facts about an old myth. J Psychoactive Drugs. 1994;26:65-8.
• 6. Gegler LL, Mark H. Medical complications of cocaine abuse. N Eng J Med.
1986;315:1495-500.
• 7. Wikipedia [homepage on the internet]. Cocaine [cited 2006 Jul 3]. Available from:
http://en.wikipedia.org/ wiki/cocaine.
• 8. Karch SB. The pathology of drug abuse. 2nd ed. Boca Raton: CRC; 1996. p. 349-50.
• 9. United Nations Office on Crimes and Drugs [homepage on the internet]. World Drug
Report 2006 [cited 2006 Jul 3]. Available from: http://unodc.org.
• 10. Larini L, Carvalho D. Estimulantes centrais. In: Larini L, editor. Toxicologia. São Paulo:
Manole; 1993. p.251-63.
• 11. Vasica G, Tennant CC. Cocaine use and cardiovascular complications. Med J Aust.
2002;177:260-2.
• 12. Ayman M. Drug-induced myocardial infarction secondary to coronary artery spasm in
teenagers and young adults. J Postgrad Med. 2006;52:51-6.
• 13. Dick AD, Prentice MG. Cocaine and acute porphyria. Lancet. 1987;2:1150.
• 14. Schuster DS. Snorters´ warts. Arch Dermatol. 1987;123:571.
• 15. Kerr HD. Cocaine and scleroderma. South Med J. 1989;82:1275-6.
• 16. Enriquez R, Palacios FO, Gonzalez CM, Amoros FA, Cabezuelo JB, Hernandez F. Skin
vasculitis, hypokalemia and acute renal failure in rhabdomyolysis associated with cocaine.
Nephron. 1991;59:336-7.
• 17. Chevalier X, Rostoker G, Larget Piet B, Gherardi R. Schöenlein-Henoch purpura with
necrotizing vasculitis after cocaine snorting. Clin Nephrol. 1995;43:348-9.
• 18. Orriols R, Munoz X, Ferrer J, Huget P, Morell F. Cocaineinduced Churg-Strauss
vasculites. Eur Respir J. 1996;9:175-7.
• 19. Hofbauer GFL, Burg G, Nestlé FO. Cocaine-related Stevens-Johnson syndrome.
Dermatology. 2000; 201:258-60.
• 20. Tomecki KJ, Wikas SM. Cocaine-related bullous disease. J Am Acad Dermatol.
1985;12:585-6.
• 21. Feeney CM, Briggs S. Crack hands: a dermatologic effect of smoking crack cocaine.
Cutis. 1992;50:193-4.
• 22. Zamora-Quezada JC, Dinerman H, Stadecker MJ, Kelly JJ. Muscle and skin infarction
after free-basing cocaine (crack). Ann Intern Med. 1988;108:564-5.
• 23. Kreek MJ, Bart G, Lilly C, Laforge KS, Nielsen DA. Pharmacogenetics and human
molecular genetics of opiate and cocaine addictions and their treatments. Pharmacol Rev.
2005;57:1-26.
• 24. Westerhof W, Wolters ECH, Brookbakker JTW, Boelen RE, Schipper MEI. Pigmented
lesions of the tongue in heroin addicts - fixed drug eruption. Br J Dermatol. 1983;109:605-
10.
• 25. Vollum DI. Skin lesions in drug addicts. Br Med J. 1970;2:647-50.
• 26. Ebright JR, Pieper B. Skin and soft tissue infections in injection drug users. Infect Dis
Clin North Am. 2002;16:697-712.
• 27. Summanen PH, Talan DA, Strong C, McTeague M, Bennion R, Thompson Jr JE, et al.
Bacteriology of skin and soft-tissue infections: comparison of infections in intravenous drug
users and individuals with no history of intravenous drug use. Clin Infect Dis. 1995;20
(Suppl 2):S279-82.
• 28. Chen JL, Fullerton KE, Flynn NM. Necrotizing fasciitis associated with injection drug
use. Clin Infect Dis. 2001;33:6-15.
• 29. Hsueh PR, Hsine TR, Hsieh WC. Pyomyositis in intravenous drug abusers: report of a
unique case and review of the literature. Clin Infect Dis. 1996;22:858-60.
• 30. Murphy EL, DeVita D, Liu H, Vittinghoff E, Leung P, Ciccarone D, et al. Risk factors
for skin and soft tissue abscesses among injection drug users: a case-control study. J Infect
Dis. 2001;33:35-40.
• 31. Leclerc G, Weber M, Contet-Audonneau N, Beurey J. Candida folliculitis in heroin
addicts. Int J Dermatol. 1986;25:100-2.
• 32. Leclech C, Cimon B, Chennebault JM, Verret JL. Pustulose candidosique des
heroïnomanes. Ann Dermatol Venereol. 1997;124:157-8.
• 33. Recio C, Pique E, Lluch J, Vidal JM. Foliculitis por Candida en usuários de drogas por
via parenteral. Enferm Infecc Microbiol Clin. 2003;21:84-5.
• 34. Passaro DJ, Werner SB, McGee J, Mac Kenzie WR, Vugia DJ. Wound botulism
associated with black tar heroin among injection drug users. J Am Med Assoc.
1998;279:859-63.
• 35. Vugia DJ, Werner SB, Woodfill CJ. Wound botulism, tetanus, and necrotizing fasciitis
among injection drug users in Califórnia: the clostridial connection. In: Scheld WM, Murray
BE, Hughes JM, eds. Emerging infections 6. Washington, DC: ASM Press; 2004. p.111-20.
• 36. McGuigan CC, Penrice GM, Gruer L, Ahmed S, Goldberg D, Black M, et al. Lethal
outbreak of infection with Clostridium novyi type A and other spore-forming organisms in
Scottish injecting drug users. J Med Microbiol. 2002;51:971-7.
• 37. Williamson N, Archibald C, Van Vliet JS. Unexplained deaths among injection drug
users: a case of probable Clostridium myonecrosis. Can Med Assoc J. 2001; 165:609-11.
• 38. Kimura AC, Higa JI, Levin RM, Simpson G, Vargas Y, Vugia DJ. Outbreak of
necrotizing fasciitis due to Clostridium sordellii among black-tar heroin users. Clin Infect
Dis. 2004;38:87-93.
• 39. Withington D, Patrick J, Reynolds F. Histamine release by morphine and diamorphine in
man. Anaesthesia. 1993;48:26-9.
• 40. Heng MCY, Haberfeld G. Thrombotic phenomena associated with intravenous cocaine. J
Am Acad Dermatol. 1987;16:462-8.
• 41. Del Giudice P, Vandenbos F, Boissy C, Cua E, Marion B, Bernard E, et al. Cutaneous
complications of direct intra-arterial injection in drug addicts. Acta Derm Venereol. 2005;
85:451-2.
• 42. Scott DW, Morrell JI, Vernotica EM. Focal necrotizing panniculitis and vascular
necrosis in rats given subcutaneous injections of cocaine hydrochloride. J Cutan Pathol.
1997;24:25-9.
• 43. Posner DI, Guill MA. Cutaneous foreign body granulomas associated with intravenous
drug abuse. J Am Acad Dermatol. 1985;13:869-72.
• 44. Hashibe M, Straif K, Tashkin DP, Morgenstern H, Greenland S, Zhang ZF.
Epidemiologic review of marijuana use and cancer risk. Alcohol. 2005;35:265-75.
• 45. Combemale P, Consort T, Denis-Thelis L, Estival JL, Dupin M, Kanitakis J. Cannabis
arteritis. Br J Dermatol. 2005;152:166-9.
• 46. Wollina U, Kammler HJ, Hesselbarth N, Mock B, Bosseckert H. Ecstasy pimple - a new
facial dermatosis. Dermatology. 1998;197:171-3.
• 47. Fisher AA, Brancaccio RR, Jelinek JE. Facial dermatitis in man due to inhalation of
butyl nitrite. Cutis. 1981;27: 146-54.
• 48. Botella-Estrada R, Sanmartin O, Sanchez J, De La Quadra J. Dermatitis por "poppers".
Urticária de contato y dermatitis de contato alérgica sumultáneas. Med Cutan Ibero Lat Am.
1993;23:117-20.

Figueiredo, Regina Maria Mac Dowell de; Gregori, Rosana. Prevenção ao abuso de drogas em ações de
saúde e educação / Prevention of drug abuse in publichealth and edution actions São Paulo; NEPAIDS;
1992. 62 p

Abramovay, Miriam; Castro, Mary Garcia. Drogas nas escolas / Drugs at school. Brasília; Unesco; 2005. 143
p.

Galduróz, José Carlos F. colab; Noto, Ana Regina colab; Fonseca, Arilton Martins colab; Carlini, E.A., colab.
V Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do Ensino
Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras: 2004 / V National Survey on
the Consumption of Drugs between Students of the Basic and Average Education of the Education Public
Net in the 27 Brazilian Capitals: 2004. São Paulo; UNIFESP Centro Brasileiro de informações sobre Drogas
Psicotrópicas; 2005. 398 p. ilus, tab, graf.

Silva, Elissandro de Freitas et al. Prevalência do uso de drogas entre


escolares do ensino médio do Município de São José do Rio Preto, São
Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública, Jun 2006, vol.22, no.6, p.1151-1158.

Oliveira, Maria de Lourdes Aguiar et al. "The first shot": the context of first injection of illicit drugs, ongoing
injecting practices, and hepatitis C infection in Rio de Janeiro, Brazil. Cad. Saúde Pública, Apr 2006, vol.22,
no.4, p.861-870. ISSN 0102-311X

You might also like