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EDUCAÇÃO FÍSICA FAZ MAL

José Roiz*

O professor Pedro Américo de Souza disse no dia 08/04/2000, nesta página, que “os colégios
estão fraudando a educação física”.
Aí está a confirmação de uma frase que já ouvi mais de uma vez: Deus tarda, mas não falta.
Esse procedimento dos colégios, deveria ter vindo a mais tempo.
A educação física faz mal.
Ela não tem nenhum apoio científico, pois surgiu há mais de sessenta anos, quando a
medicina ainda não estava nem engatinhando, quando se usava cataplasma de farinha de mandioca e
ventosa para tratar de pneumonia e quando se rotulava a apendicite de “nó nas tripas”.
Os pais devem matricular seus filhos somente nos colégios que não obrigam os alunos a
praticar a educação física.
No ESTADO DE MINAS de 07/01/84 foi publicada matéria onde vários ortopedistas
afirmaram que examinaram quarenta mil crianças de Belo Horizonte e constataram que 8% delas
tinham desvio de coluna vertebral. 8% é quase um para cada dez crianças, isto é, porcentagem muita
elevada para submeter às crianças a qualquer tipo de exercício físico.
Sim, é isso mesmo, porque esses 8% não deveriam fazer todos os tipos de ginástica, mas
unicamente os que lhes recomendara um ortopedista, com a intenção de corrigir a anormalidade.
Se não é possível submeter todas as crianças a RX de toda a coluna vertebral em duas
posições, a vários exames complementares de sangue, urina, cardiológicos e neurológicos, então o
melhor é não obriga-las a fazer educação física.
A expressão “educação física” nos dá a idéia de uma coisa boa, de uma coisa necessária, mas
isso não é verdade.
Pelo contrário, educação física é uma coisa ruim porque pode prejudicar: Chamaram-na
educação porque naquela época em que fora criada, tudo era educação e o mais sadio era a pessoa
muito musculosa. Hoje nós sabemos que o indivíduo mais sadio da face da terra é o magro estênico,
isto é, o indivíduo que é, sempre magro mas não é portador de nenhuma doença.
Demais, a educação física é a mãe do esporte. Não existe um esporte que não faça mal.
Desafio a qualquer pessoa a me provar o contrário. Peço encarecidamente ao ESTADO DE MINAS
para propor esse debate. Julgo que ele é muito necessário porque muitas crianças estão sendo
prejudicadas. É uma caridade que o jornal faria a todas as crianças. O que não podemos permitir, ou
melhor, o que não podemos aceitar é que elas sejam sacrificadas em benefício de uma minoria que
pretende levar vantagem em tudo e que já goza do privilégio de não precisar preparar a matéria para
dar aula no dia seguinte.
É o esporte, o filho pródigo da educação física, que elege vários vereadores e deputados
estaduais e federais para fazer leis em benefício da coisa ruim, desviando dinheiro do erário para
essa coisa ruim, em vez de emprega-lo na educação necessária de nossos filhos ou para matar a
fome de muitos brasileiros que até tomam sopa de papelão. Além disso, dezenas de jovens,
inocentes úteis, são levados às Olimpíadas por técnicos de educação física, com passagens aéreas de
ida e volta e estada lá em hotel cinco estrelas durante quinze dias! Tudo isso a custa do contribuinte
de nosso pobre Brasil. Qual outro professor tem a felicidade de gozar desse privilégio? Absurdo?
Absolutamente, apenas sabedoria dos professores de educação física. Inteligência deles? Também
não, o problema é levar vantagem em tudo. O resto que se dane.

*Médico e escritor
Jornal “ESTADO DE MINAS” 17/04/2000 – segunda-feira – pág. 6 – Opinião

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