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As pequenas e médias empresas maranhenses quanto à pesquisa e desenvolvimento e


inovação

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

No início do século XXI o ambiente do mundo empresarial pode ser


descrito como turbulento, onde os desafios são construídos a cada dia de maneira
crescente e desafiadora. Nesse sentido, as empresas estão diante de situações
cada vez mais complexas que exigem soluções inovadoras. Um dos maiores
desafios organizacionais nesta época é ser capaz não só de possuir vantagens
competitivas frente a seus oponentes, mas, também de tornar esta superioridade
sustentável.
Um caminho clássico e poderoso neste sentido é a estreita relação entre
as estratégias organizacionais e os avanços tecnológicos, alcançados pela pesquisa
e inovação. Mais ainda do que no passado, em virtude de um cenário de
hipercompetitividade hoje observado, a Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação
(P,D&I) emergem como fator preponderante para a competitividade organizacional.
Reconhece-se que a inovação é uma estratégia muito bem utilizada nos
países ditos do “primeiro mundo”. Universidades, Empresas, Institutos de Pesquisas,
Governos e a sociedade em geral reconhecem a importância da inovação para o
desenvolvimento de seus países, no que ocorre nos países desenvolvidos onde os
investimentos em pesquisa são mais abundantes frente seus Produtos Internos
Brutos (PIB’s).
Mesmo países em desenvolvimento que observaram um rápido
crescimento nos últimos anos, seus sucessos foram atribuídos aos investimentos em
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. Cita-se como exemplo a Coréia do Sul e
outros “Tigres asiáticos”.
No nível empresarial, reconhece-se que a inovação é responsável por
grande parte da competitividade das firmas, haja vista que o produto da inovação
permite que essas firmas possam utilizar-se de produtos e serviços diferenciados
para garantir posições favoráveis frente à concorrência, como destaca Porter (1986).
O desenvolvimento tecnológico é um exemplo de um grande desafio
compartilhado tanto pelo Estado como pela iniciativa privada para o
desenvolvimento econômico de uma região. Esse desafio pode ser melhor
alcançado com ações conjuntas entre esses dois segmentos. Segundo Vieira;
Ohayo (2002, p. 2), “cada vez mais o processo de inovação requer interações entre
o mundo da ciência e da tecnologia e dos mercados”.
Quanto ao universo da Pequena e Média Empresa (PME), por não ter
ganhos de escala em função de seu porte reduzido frente às grandes empresas, a
inovação constitui um caminho alternativo que pode viabilizar a PME e fazer com
que esta se torne competitiva e torne-se uma grande empresa como aconteceu com
a Microsoft, Xerox, Kodak e outras.
É reconhecido o poder inovador entre as PME’s. O estudo desta situação
para o Estado do Maranhão constitui fator importante e de grande valia tanto para o
universo acadêmico como para o setor empresarial. Este pode utilizar-se dos
conhecimentos gerados para ampliar sua competitividade. Por sua vez, nessa busca
de maior intercâmbio entre academia e setor produtivo, segundo Gusmão (2002,
p.329), “as instituições de pesquisa e Universidades têm sido cada vez mais
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constrangidas a orientar os resultados de seus esforços em P&D a serviço da


competitividade da indústria nacional e do crescimento econômico”. Assim sendo,
não é de hoje que se encontra, na academia e na atividade empresarial, opinião da
existência de um grande distanciamento entre a Universidade e o setor produtivo.
“Embora tenha havido esforços importantes no Brasil nas últimas décadas, esse
tema ainda não foi satisfatoriamente equacionado” (MCT, 2001).
Marcovitch (1999, p.15) comenta que, de certo modo, em ambos, ainda
se cultiva a desconfiança que permanece numa busca constante e poderá ser
eliminada nessa relação.

Há dois mitos a destruir. O primeiro cultivado pelos empresários, de que o


pesquisador acadêmico é um ser etéreo, descolado da realidade. O
segundo corrente na área de pesquisa, de que o empresário despreza a
ciência. Vencidos esses equívocos, a Universidade e a empresa
encontrarão finalmente um novo modelo de convívio.

Esse distanciamento não contribui para a ampliação dos avanços


tecnológicos e para a competitividade nacional, como exemplificado nas
experiências bem sucedidas de países desenvolvidos (Estados Unidos, Inglaterra,
dentre outros). Isso representa mais uma nova quebra de paradigma que permitirá
um salto qualitativo e quantitativo no país, buscando entender que condição como
essa não aparece frequentemente, mas que saibam aproveitar as oportunidades que
surgem de forma favorável.
No caso brasileiro, pode-se considerar que o desenvolvimento tecnológico
do setor industrial ainda não alcançou um estágio que pode ser classificado
favorável, se for levados em conta os dados da pesquisa industrial do IBGE
realizada em 2000. Segundo tal levantamento, apenas 8,1% da receita líquida da
indústria brasileira são oriundos de setores ditos de alta tecnologia, prevalecendo os
setores de baixa e média tecnologia com 62% da receita líquida total.
Além da necessidade de maiores incentivos oficiais, ampliação dos
recursos e outros entraves burocráticos, o reconhecimento por parte da academia de
como ocorre a operacionalização do processo de aquisição e desenvolvimento de
tecnologia no setor produtivo maranhense, tende a facilitar a gestão e a
disponibilidade de ferramentas adequadas à realidade local, maximizando os
recursos públicos e privados investidos, com retorno positivo para ambos os
segmentos.
Não se restringindo à academia, o reconhecimento desse processo
também se torna útil às entidades de classe, que podem usufruir dessas
informações para fomentar a P&D no Estado ou ainda encorajar empresas filiadas a
engajar-se em novos e estratégicos processos de desenvolvimento de novas
tecnologias. Nesse sentido, o esforço para identificação de estratégias de P&D na
indústria maranhense representa um importante vetor para consolidar esse setor no
cenário nacional.
No Estado do Maranhão, onde os indicadores industriais e tecnológicos
são, em tese, mais acanhados, pode-se atribuir uma situação mais alarmante do que
o caso brasileiro em decorrência tanto da falta de cultura de P&D no setor produtivo,
como pela dificuldade de acesso a recursos de financiamento condizentes (em custo
e prazo) com a atividade de pesquisa. Dentre as indicações para reverter esse
quadro estão: maiores incentivos oficiais para P&D, mudança da cultura de pouco
investimento em tecnologia pelo setor empresarial e maior intercâmbio entre os
setores produtivo e de pesquisa.
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Ainda um outro dado que pode indicar o nível inadequado de pesquisa


tecnológica na indústria maranhense é o Programa de Desenvolvimento Tecnológico
Industrial (Lei 8.661/93), desenvolvido pelo Governo Federal que prevê entre outros
benefícios, para empresas que desenvolvem pesquisa tecnológica, o abatimento de
imposto de renda (IR), a redução de imposto sobre produtos industrializados (IPI)
para máquinas, equipamentos e acessórios destinados à pesquisa e ao
desenvolvimento tecnológico e a depreciação acelerada desses equipamentos.
Tal programa prevê incentivos tanto para empresas isoladas como para
associações entre empresas e Institutos de Pesquisa / Universidades. De 1994 até
2002 foram contempladas 112 empresas em todo o país. Desse total, apenas 03
empresas estavam localizadas na região nordeste (Bahia) e nenhuma dessas
estavam sediadas no Estado do Maranhão.
Um outro indicativo importante que reflete as pesquisas e o avanço
tecnológico é a concessão de patentes, realizada pelo INPI. A Tabela 1 expressa a
situação da distribuição de patente no cenário brasileiro entre 1988 e 1996. Tais
dados refletem mais uma vez uma situação desfavorável para o Estado do
Maranhão, aparecendo somente na categoria “outra”, composta por 18 Estados que
detêm, juntos, apenas 5,24% das patentes concedidas no país nesse período.

Tabela 1: Distribuição de Patentes e PIB por Estado (1988-1996)

Unidade da Índice de Distribuição de


Federação Participação no PIB Patentes (INPI)
SP 0,37 53,68%
RJ 0,11 10,73%
RS 0,07 9,34%
MG 0,10 7,37%
PR 0,06 5,86%
SC 0,03 4,03%
DF 0,02 1,55%
BA 0,04 1,26%
PE 0,02 0,94%
Outros 0,17 5,24%
TOTAL 1,00 100,00%
Fonte: Adaptado de Albuquerque (2002)

Isto ajuda a demonstrar que o modelo prevalecente no Brasil é o de


importação de tecnologias, “esse comportamento empresarial [...] levou à
constituição de uma capacidade produtiva moderna, sem a construção de uma
capacidade inovadora correspondente” (MCT, 2001). Embora a pesquisa do IBGE
(2000) não tenha apresentado uma classificação regional que possa analisar o
Estado do Maranhão em particular, admite-se que a situação local não seja
diferente.
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Neste sentido se estabelece o seguinte questionamento norteador da


pesquisa:
Diante dos dados apresentados, como é possível o Estado do
Maranhão romper com essa situação de baixo investimento em pesquisa
industrial? O que fazer para aproximar o setor acadêmico do setor produtivo
na busca de geração de produtos e serviços que signifiquem competitividade
para a pequena e média empresa maranhense e como incorporar as teorias da
inovação em suas práticas?
Com a intenção de ampliar esse debate e conhecer mais sobre as
práticas empresariais apresenta-se o objetivo deste trabalho, que repousa na análise
da gestão da inovação em pequenas e médias empresas atuantes no Estado do
Maranhão e suas conexões com as ações estratégicas.
O objetivo geral desta pesquisa se estabelece na busca de compreender
junto ao setor industrial do Estado do Maranhão estratégias predominantes no
processo de aquisição, pesquisa e desenvolvimento tecnológico utilizados nos
produtos e serviços empresariais.
Quanto aos objetivos específicos que norteiam esta pesquisa:
a) Estabelecer as entidades de representação industrial do Estado do
Maranhão, um perfil de seus integrantes quanto à forma de aquisição de tecnologia
para o desenvolvimento de seus produtos e serviços;
b) Expandir a cooperação em P&D entre as Universidades locais e as
pequenas e médias empresas maranhenses;
c) Conhecer a realidade local das indústrias de pequeno e médio porte do
Estado do Maranhão quanto à Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico e novas
inovações.
Partindo-se da hipótese que prevalecem estratégias não adequadas na
geração de conhecimento tecnológico aplicados a produtos e serviços na indústria
maranhense, esta pesquisa inicial tenta identificar o processo desenvolvido entre os
gestores locais e propor estratégias adequadas para a prospecção tecnológica das
empresas pesquisadas, de acordo com a literatura.
A metodologia aplicada neste estudo baseou-se em um estudo
exploratório, que tem com finalidade desenvolver, esclarecer e modificar alguns
conceitos e idéias, obtendo a formulação dos problemas mais precisos ou hipóteses
pesquisáveis para estudos posteriores, com o objetivo de proporcionar uma visão
geral, do tipo aproximativo, acerca de determinado fato, cita Gil (1999). No Estado
do Maranhão, a pesquisa acadêmica sobre este tema ainda é restrita e
insignificante, sob o ponto de vista aqui trabalhado, o que justifica a escolha da
pesquisa exploratória.
Buscou-se uma análise mais quanti-qualitativa onde se procurou levantar
além das características da realidade de cada investigado, também suas
expectativas em relação ao tema, que servirão de base para estudos futuros.
Foram levantados informações de identificação da empresa e de seu
dirigente principal, ações de P,D&I desenvolvidas, estrutura formal desta atividade
na empresa, conhecimento e aplicação de legislação pertinente e expectativas
estratégicas da P,D&I para a empresa.
Embora sejam apresentadas algumas estatísticas descritivas, não é
possível fazer generalizações comuns nos estudos quantitativos, haja vista o
número de respondentes do questionário, mas como estudo exploratório, que
subsidiará futuras pesquisas, seus resultados se estimam como válidos. A junção de
metodologia quantitativa e qualitativa já é comum na literatura e sua parte qualitativa
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está em acordo com a predominância de método utilizados nos estudos


organizacionais.
Quanto à geração dos dados foi utilizada a técnica do questionário
estruturado com perguntas fechadas e abertas. Para a análise dos dados colhe-se a
análise estatística descritiva e análise de conteúdo para as questões abertas.
Inicialmente, aplicou-se um pré-teste com executivos de quatro empresas no intuito
de analisar-se a consistência e a pertinência das perguntas, entendimento dos
questionamentos pelos respondentes, tempo de aplicação etc. Diante de pequenas
alterações foi aplicado o questionário de forma definitiva.
Os dados foram obtidos a partir de uma amostra por conveniência (não-
probabilística), que é representativa e, sendo validada, pelos parâmetros exigidos
pelos procedimentos estatísticos. O universo da amostra corresponde ao número de
empresas do Estado do Maranhão, conforme dados fornecidos pela FIEMA, de
aproximadamente 98 empresas de pequeno e médio porte. Foram enviados
questionários para 60 empresas (tendo um índice de resposta de 50%). Em seguida
foram realizados contatos telefônicos e pessoais para recebimento das informações.
Uma dificuldade da pesquisa foi o tempo de resposta dos solicitados em
preencher o questionário, fato já comum em pesquisas desta natureza. Porém,
muitos pesquisados deixaram de responder ao questionário em virtude do
insuficiente nível de compreensão acerca do conteúdo indagado e dentre algumas
expressões contidas.
Procurou-se utilizar de respondentes de diferentes ramos empresariais
para conseguir maior representatividade dos dados obtidos. A amostra final foi
composta por empresas implantadas no Estado do Maranhão, do segmento
industrial ou de serviço, de diferentes ramos empresariais como o metalúrgico, a
mineração, as construtoras, as engenharias, o moveleiro, o farmacêutico entre
outros. Os respondentes foram seus representantes principais haja vista o objetivo
da pesquisa de investigar o comportamento estratégico das empresas e, para tal,
necessitar inquirir as pessoas responsáveis por essas empresas. Um total de 30
empresas participou da pesquisa, todas instaladas no Estado do Maranhão.
Após o recebimento dos questionários respondidos, os dados foram
armazenados e operacionalizados através do software SPSS (Statistical Package for
the Social Sciences) para identificação do perfil médio das pequenas e médias
empresas maranhenses quanto à pesquisa e desenvolvimento e inovação (P,D&I) e
seu intercâmbio com Universidades e Instituições de pesquisa.
A representatividade deste estudo se estrutura pela seguinte forma, a
saber: No capítulo I - na introdução - se contextualiza na identificação do atual
cenário das pequenas e médias empresas para garantir competitividade no mercado
diante das inovações, assim como o significado o importante papel que representam
para o desenvolvimento socioeconômico do país e do Estado. Apresentam-se ainda
as razões e justificativas para a construção desse trabalho, como também, seus
objetivos e resultados esperados, sua metodologia, descrição e abrangência da
pesquisa.
O capítulo II analisa o processo de inovação como estratégia de
competição e crescimento nas indústrias brasileiras, as atividades de aplicação da
política de C&T para a transformação efetiva de sistemas de inovação. Discute-se a
análise do período econômico do modelo de industrialização por substituição da
economia brasileira e a importante contribuição do conhecimento da tecnologia para
o desenvolvimento e o aproveitamento da inovação como fator de competitividade
para as empresas.
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No capítulo III discute-se o segmento das PME’s, destacando-se sua


relevância no ambiente econômico e social do país e suas particularidades. Procura
demonstrar a importância da inovação tecnológica no processo de mudança nos
padrões industriais e competitivos de um setor, região e país. O apoio que essas
empresas recebem como incentivo para realizarem pesquisa e desenvolvimento e
que contribuem de forma agregada ao seu potencial.
O capítulo IV define as principais informações para analisar e
compreender as vantagens e desvantagens das pequenas e médias empresas
apostarem em inovação tecnológica para seus processos, produtos e serviços.
Diante disso, como essas empresas podem assumir posturas inovadoras através de
uma base de incentivo governamental e fiscal para obterem vantagens competitivas
diante de um cenário dinâmico e turbulento. Compõe, ainda, a utilização e benefício
da pesquisa e desenvolvimento (P&D) para o crescimento econômico e financeiro
empresarial. E, como os empresários e executivos vêem esse fenômeno da
inovação tecnológica na pequena e média empresa industrial do Estado do
Maranhão. A relação entre Universidade e o setor produtivo como resultados dos
esforços de P&D a serviço da competitividade da indústria nacional e do crescimento
econômico local e regional.
O capítulo V está concentrado na tabulação, apresentação e análise das
informações e dos dados coletados na pesquisa de campo, fazendo um breve
comentário acerca dos assuntos explorados no questionário, visando entender como
os empresários geram e introduzem inovações nas suas empresas para tornar parte
competitivamente dos mercados e identificar o perfil desses empreendedores.
No capítulo VI contém as principais conclusões desta monografia.
Apresentam-se algumas recomendações de ações passíveis de serem implantadas
pelo Governo, pelas entidades de classe, Universidades e centros de pesquisa, com
o objetivo de facilitar e estimular os processos de inovação tecnológica e competição
nas empresas de pequeno e médio porte localizadas em economias frágeis e
dependentes. Pretende-se que estas considerações colaborem para a realização de
trabalhos futuros em que busquem melhores condições e soluções de transformar a
realidade destas empresas e o crescimento científico e tecnológico local e regional.
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CAPÍTULO II

A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO BRASIL

Este capítulo tem como objetivo discutir o atual cenário da inovação


tecnológica nas indústrias brasileiras e as alternativas na definição das estratégias
de competição nas empresas industriais. O capítulo está dividido em sete tópicos.
No primeiro é abordado o progresso da Ciência e da Tecnologia na
indústria do Brasil do ponto de vista das políticas públicas. Na segunda parte são
discutidos os principais modelos de inovação que influenciaram na reforma do setor
de C&T brasileiro. A terceira parte analisa o desencadeamento do modelo de
industrialização substitutiva de importações. A quarta parte se preocupa com a
questão dos objetivos, das diretrizes e dos conceitos do processo de construção do
Sistema Nacional de Inovação no Brasil e no mundo. Na quinta parte são descritas
algumas concepções sobre inovação e suas peculiaridades nas empresas
brasileiras. A sexta parte faz uma análise da conquista da competitividade nacional e
a estratégia da empresa para competir. A sétima e última parte discute a revolução
do conhecimento e a aquisição de novas tecnologias como fatores diferenciais para
o progresso técnico e competitivo nas empresas.
Na realidade a evolução da Ciência e da Tecnologia influenciam
gradativamente em todo processo produtivo de modo sistemático para responder às
exigências do mercado como dimensões competitivas das empresas. Desta forma,
os estudos sobre inovação tecnológica trás uma visão das fontes de vantagens
competitivas para uma quantidade crescente de empresas industriais.

2.1 A Evolução da C&T na Indústria Brasileira

A inovação tem um caráter extenso e permanece crescendo nos últimos


anos, sobretudo procurando ela expressar a importância das inovações para o setor
empresarial e fornecendo prescrições sobre como realizar inovações com sucesso
em um mundo onde cada vez mais as empresas delas necessitam para, no mínimo,
continuarem existindo no mercado. Dessa forma, a busca por inovações é um
processo contínuo e permanente, sendo inerente ao processo de concorrência entre
as empresas e a acumulação de capital.
No Brasil, o processo de industrialização teve início em meados da
década de 40, ainda muito recente se comparado aos países desenvolvidos, com o
objetivo de garantir infra-estrutura necessária à instalação de indústrias automotivas,
de equipamentos, química, elétrica e eletrônica que se estabeleceram no país a
partir dos anos 50.
Com o acelerado processo de industrialização brasileiro, muitos
empresários tiveram de adquirir tecnologias no exterior para proporcionar o
funcionamento de suas empresas, pois o país não oferecia recursos humanos e
materiais para a criação de know how nacional, tendo de obtê-lo por meio de
acordos a assistência técnica, licenças e contratação de profissionais vindos do
exterior (BARBIERI et al., 2007).
A partir daí, houve a necessidade de construir equipes de P&D para
realizar ajustes necessários à adaptação da tecnologia adquirida no exterior. Nesse
sentido, Barbieri et al. (2007, p.9) referem-se que “em algumas empresas,
notadamente as estatais do ramo de energia, telecomunicações e petróleo, tais
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equipes de P&D efetivamente evoluíram e conseguiram ser reconhecidas pelo alto


nível de inovação”.
O Governo só deu importância ao desenvolvimento científico e
tecnológico no final da década de 60, quando criou planos e políticas especializadas
na área, agências de fomento (FINEP), bancos de investimentos (BNDES),
ofertando diversos cursos de pós-graduação em Universidades como a USP, em
1964. Concedeu grandes quantidades de bolsas de mestrado e doutorado a
cientistas brasileiros que realizavam estudos em renomadas escolas do exterior,
além de treinamento de cientistas e pesquisadores como relatou alguns autores.
O resultado foi que muitas empresas brasileiras acabaram por não utilizar
o estoque de conhecimento produzido pelas Universidades, pelo fato de serem
instituições cuja interação com outros segmentos era bastante peculiar (BARBIERI
et al. 2007, p. 10). A década de 80, conhecida como “década perdida”, foi marcada
por uma série de acontecimentos que conturbaram o desenvolvimento científico e
econômico brasileiro.
Em destaque ao período, o país experimentou oito diferentes planos de
estabilização inflacionária, quinze diferentes políticas salariais, quatro diferentes
moedas, dezenove decretos relacionados com os cortes públicos, onze diferentes
indexações para calcular a desvalorização da moeda corrente e cinco
congelamentos de preços e salários. (FERRAZ et al. apud BARBIERI et al., 2007, p.
10). A preocupação com a inovação foi tardia, ocorrendo, somente, no início da
década de 90, em conseqüência da abertura da Economia brasileira.
Acompanhando o mesmo raciocínio Caldas et al. (2001, p.48) enunciam:

O reconhecimento de que o Brasil necessita equacionar


adequadamente seus problemas sociais, em especial aqueles
provocados pelas desigualdades econômicas regionais, e aproveitar
as oportunidades de geração de riqueza proporcionadas pelo seu
vasto potencial de recursos naturais, coloca para o setor de ciência e
tecnologia nacional, ao mesmo tempo, um desafio de imensa
magnitude e uma oportunidade histórica excepcional.

As ações no campo da C&T também foram conturbadas durante o


governo Sarney que extinguiu o MCT e o Ministério da Indústria e Comércio, cujas
funções foram conduzidas pelo Ministério de Desenvolvimento Industrial, Ciência e
Tecnologia. Em decorrência as exigências da comunidade científica, depois de dois
meses, criou-se a Secretaria Especial de Ciência e Tecnologia que foi transformada
novamente em MCT em dezembro/89 e, extinta logo depois, com a reforma
administrativa introduzida nos primeiros dias do governo Collor. Não restam dúvidas,
que esse ambiente conturbado significou um profundo impacto negativo na inovação
empresarial.
Contudo, nos últimos vinte anos, o crescimento econômico brasileiro
mostrou-se bastante modesto em comparação aos períodos anteriores a 1980. No
decênio 1995-2004, a economia brasileira pôde crescer, em média, 2,4% ao ano.
Durante esse período, houve a perda do dinamismo da economia por diversos
fatores que antecederam a década de 90. Isso é ilustrado no gráfico 1, que revela as
taxas de crescimento do PIB no Brasil no decorrer dos últimos quarenta anos e sua
média móvel decenal (SBRAGIA et al., 2006; REZENDE; TAFNER, 2005).
Nota-se que o setor de Ciência e Tecnologia (C&T) Nacional vem
conquistando espaço perante a sociedade e tem demonstrado sua capacidade para
responder a desafios de grande complexidade através do amadurecimento de suas
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instituições de pesquisa e agências de fomento ao desenvolvimento científico e


tecnológico. Atualmente, a ênfase para o aprimoramento desse setor está sendo
redimensionado à construção de um novo modelo de planejamento e gestão das

ações de C&T focado no processo de inovação tecnológica. (CALDAS et al. 2001).


Gráfico 1 – Taxa de crescimento do PIB, 1965 – 2004
Fonte: IBGE (2004)

A cultura da inovação e da tecnologia ainda permanece distante da


realidade das empresas brasileiras. Este cenário político e social refletiu
negativamente na estrutura inovadora empresarial, impedindo o crescimento
científico e econômico do país. A prática da inovação nos países é resultado de
avanço tecnológico, competitividade e conhecimento para as empresas,
proporcionando melhores condições de garantia a estabilidade e ao
desenvolvimento sustentável.

2.2 Os Modelos de Inovação no Brasil

A extrema complexidade dos processos envolvidos nas atividades de


C,T&I, a intensidade e a multiplicidade de conexões entre seus diferentes elementos
têm motivado de certa forma a construção de modelos sintéticos de processos que
promovam a inovação e que fornecessem um panorama ao estado da Ciência,
Tecnologia e Inovação (C, T&I), sendo capazes de identificar os nexos causais entre
Ciência, Tecnologia, Economia e Sociedade. Contudo, alguns esquemas teóricos
parciais que vinculam a inovação à Economia têm sidos utilizados como modelos
para análise da C&T que remontam ao período de institucionalização da Ciência no
pós-guerra (GRIZENDI, 2006; CONDE; ARAÚJO-JORGE, 2003).
Alguns comentários foram observados durante este período, podendo ser
lembrados por Barbieri e Álvares (apud BARBIERI, 2007, p. 10), “Nesse período se
deu a opção pelo modelo linear de inovação, ou science push, dentre os vários
modelos de inovação existentes”. O modelo linear surgiu no final da 2ª Guerra
Mundial dominando o pensamento sobre inovação em C&T cerca de três décadas.
Este modelo realizava grandes investimentos em Ciência que gerava estoque de
conhecimento científico no país, sendo utilizado nas empresas como
desenvolvimento de produtos e processos novos e gerando riqueza e
desenvolvimento social.
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O modelo linear despreza as atividades externas à P&D, considerando-se


a inovação tecnológica relacionada apenas à invenção, produção e comercialização
sem envolver o processo social contínuo das atividades de gestão, coordenação,
aprendizado, negociação, investigação de necessidades de usuários, aquisição de
competência, gestão do desenvolvimento de novo produto, gestão financeira entre
outras (SIRILLI apud GRIZENDI, 2006, p. 2).
Conforme o modelo linear (figura 1), “O desenvolvimento, a produção e a
comercialização de novas tecnologias são vistos como uma seqüência de tempo
bem definida, que se origina nas atividades de pesquisa, envolvidas na fase de
desenvolvimento do produto e leva à produção e, eventualmente, à comercialização”
(OCDE, 1992 apud GRIZENDI, 2006, p.1).

Figura 1 – O modelo linear do processo de inovação


Fonte: Grizendi (2006)

No entanto, a P&D são vistos como a base da inovação tecnológica e a


pesquisa científica como “bem público”. Este modelo teve como base as teorias
clássica e neoclássica, que tratam a inovação de modo mecanicista, tornando
superado pelo apoio excessivo à pesquisa científica como fonte de novas
tecnologias e implementação da abordagem seqüencial e tecnocrática do processo -
descoberta científica, invenção, industrialização e mercado. Nessas abordagens, os
investimentos em capital físico e humano são fatores decisivos para o
desenvolvimento tecnológico e a inovação resulta de uma série sucessiva de
períodos em um continuum linear (CONDE; ARAÚJO-JORGE, 2003; GRIZENDI,
2006).
Apesar das limitações que continha tal modelo, em constatar que
investimentos em P&D não levavam simultaneamente ao desenvolvimento
tecnológico nem ao sucesso econômico do uso da tecnologia, sem garantias a
invenções de novas técnicas. Foi então que surgiu a abordagem não-linear ou
interativa onde obtinha as diversas interações entre (C, T&I) em todas as etapas,
indo além da visão limitada do modelo linear sobre dinâmica inovativa.
Logo, Conde e Araújo-Jorge (2003, p.730) afirmam que “essas novas
abordagens enfatizam então o papel central do design, os efeitos de feedback entre
as diversas fases do modelo linear anterior e as numerosas interações entre ciência,
tecnologia e o processo de inovação em todas as fases”.
Nessa mesma linha de abordagem, ressalta-se a importância do
pensamento estruturalista contemplado nas palavras de Grizendi (2006), a corrente
evolucionista sobre o progresso técnico. Descreve que as formas de relacionamento
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entre pesquisa e atividade econômica são múltiplas e que o processo de inovação é


percebido como sendo interativo e multidirecional, não havendo apenas uma etapa,
a da invenção, em que o aumento do conhecimento é aproveitado pelo sistema
econômico.
A partir da década de 1980, em particular, cujo estudo seminal de Kline e
Rosenberg, em 1986, a introdução do modelo interativo (demand pull) do processo
de inovação que combina interações no interior das empresas e interações entre as
empresas individuais e o sistema de Ciência e Tecnologia mais abrangente em que
elas operam (o chain-linked model). Ou seja, o processo de inovação iniciava-se da
percepção da demanda do mercado (CAMPANÁRIO, 2002).
O modelo interativo mostra que o centro da inovação é a empresa, de
onde derivam as iniciativas que vão possibilitar a inovação, partindo-se das
necessidades de mercado e apoiando-se o conhecimento científico já existente ou
buscando um novo conhecimento científico. Neste modelo, a empresa é o “locus” da
inovação e vários caminhos são possíveis para se chegar à ela.
O modelo abaixo (figura 2) demonstra a validação dos processos
existentes entre inovação e o conhecimento pela representação que nos oferece.
Nesse sentido pode-se constatar que “a existência de feedback loops entre as
atividades de pesquisa e produtividade da empresa é característica central do
processo de inovação neste modelo” (GRIZENDI, 2006, p.3).

Figura 2 - O modelo interativo do processo de inovação


Fonte: Grizendi (2006)

A redução do esforço em P,D&I pelo setor público padece das


características intrínsecas do Estado brasileiro, devido à falta de recursos, limitações
legais e descontinuidade administrativa, fazendo com que a concentração de
pessoal do alto nível de formação retenha-se, relativamente nas pesquisas básicas.
Por isso, a disparidade existente na relação entre pesquisa científica e
tecnologia segue não somente um, mas vários outros caminhos, e a pesquisa
científica pode interferir em diversos estágios do processo de inovação. Nisso
consiste a dinâmica da inovação tecnológica implantada nas empresas como
geradoras de vantagens competitivas e desenvolvimento econômico para regiões,
estados e países.
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2.3 O Modelo de Substituição de Importações

O setor industrial brasileiro passou por um forte avanço no período da


década de 30 assim como nas décadas seguintes, tendo como característica
determinante a industrialização por substituição de importações. Esse processo teve
como principal característica uma industrialização fechada, visando atender apenas
ao mercado interno e dependendo em boa parte de medidas de proteção à indústria
nacional dos concorrentes externos. Desta forma, o processo de substituição de
importações foi denominado como um modelo de desenvolvimento no país.
(GREMAUD et al., 2002)
Santos Jr. (2004, p.6) descreve que:

No Brasil, o processo de substituição de importações (PSI) também se


inicia a partir da crise de 1929 e estas substituições irão complementar
os elos da cadeia industrial até o fim da década de 1970, quando
ocorreram os choques do petróleo, o aumento da taxa de juros nos
Estados Unidos e a crise do endividamento externo brasileiro.

Tavares (apud FRANCO; BAUMANN, 2005, p. 191) define substituição de


importações como todo um processo de desenvolvimento que, respondendo às
restrições do comércio exterior – como aconteceu com os países do Cone Sul nas
quatro décadas que se seguem ao pós-guerra – procurou repetir aceleradamente,
em condições históricas distintas, a experiência de industrialização dos países
desenvolvidos.
Durante a década de 80, a mudança no cenário internacional também
determinou os limites para a estratégia de crescimento no país até então
perseguida. Estas mudanças foram ocorrendo de forma a esgotar os mecanismos
de financiamento externo devido à primeira crise do petróleo, atrelado na crise da
dívida externa de 1982. Segundo Sbragia et al. (2006, p. 27) acrescentam que “a
insistência numa estratégia de desenvolvimento “orientada para dentro” deixou o
país de fora da fase inicial desse processo, comprometendo a capacidade de
competição da economia”.
Observa-se, então, o modelo econômico de substituição das importações,
com a finalidade de abastecer o mercado interno, onde o governo concedia proteção
de mercado para a produção local e os empresários buscando se acomodar e se
adaptar à política industrial existente. A maioria destas empresas não procurava por
novos mercados e por inovações, tornando-se indústrias pouco autênticas em
relação à geração e às fases do progresso técnico, obtendo o isolamento quanto à
competitividade externa, a obtenção da rentabilidade e o acesso relativamente fácil à
importação de tecnologias.
Tais descrições são consistentes com a caracterização das empresas de
modo geral latino-americanas, por serem constituídas por políticas de substituição
de importações e/ ou promoção de exportações. Retrata-se ainda, nesse momento,
o que diz Cassiolato; Lastres (2000, p. 244) sobre a decadência tecnológica nas
indústrias locais durante esse período.

O pequeno esforço quanto ao desenvolvimento de atividades


inovadoras e as conseqüentes fragilidades e deficiências tecnológicas
da indústria local foram considerados como não tendo representado
empecilho significativo ao crescimento econômico durante o processo
de substituição de importações.
24

No entanto, as empresas contavam com um ambiente favorável, o que


não proporcionou incentivo para que investissem em novas tecnologias. A década
de 90 foi marcada pela abertura de mercado e inserida a concorrência com novas
empresas. A recessão e inflação dificultaram os investimentos, além da
estabilização econômica, que a partir de 1994 proporcionou crescimento substancial
nos dois anos seguintes. Com efeito, muitos setores da indústria brasileira, sentiram
os abalos ocorridos devido à abertura de mercados.
É o que Erber (2000, p. 5) refere-se, in verbis:

A abertura às importações eliminou muitas “idiossincrasias” locais


que estimulavam a realização de atividades tecnológicas no país.
Aumentou a pressão para que os bens produzidos no Brasil tivessem
os mesmos atributos (preço, desempenho, durabilidade,
confiabilidade, etc.) que os produtos importados, induzindo a adoção
de tecnologias de produto e processo importadas e, finalmente,
substituiu simplesmente a produção local por bens desenvolvidos e
produzidos no exterior.

Todavia, houve a necessidade de contribuir para aumentar os gastos em


certas atividades tecnológicas como nas adaptações de produtos e processos e no
controle de qualidade e, ao mesmo tempo, reduzir as atividades de pesquisa. Nisso,
as mudanças não encontravam restrições somente à política tecnológica do
governo, mas também à postura da sociedade brasileira perante a inovação.
Conforme enunciam Sbragia et al. (2006, p.199), a lógica da estabilidade
econômica como condição necessária não é o bastante para garantir incrementos na
competitividade industrial. Isso implica que os ganhos dependem de mecanismos de
disposição política, condicionantes sociais e, principalmente, de avanços nas
reformas microeconômicas e setoriais, o que compreende a definição,
implementação e controle de instrumentos orientados para o desenvolvimento
industrial.

2.4 Os Sistemas Nacionais de Inovação no Brasil e no Mundo

A classe empresarial precisa ser estimulada a tomar iniciativas concretas


com relação à inovação, como fator estratégico de seus negócios. Assim como nas
Universidades, centros de pesquisa e no Poder Público a incentivar e apoiar tais
iniciativas, focando as empresas às suas prioridades e ao desenvolvimento
tecnológico nacional.
O Governo brasileiro tem plena consciência do grande distanciamento
entre os investimentos nacionais em Ciência e Tecnologia em relação ao que é
investido em outros países. Este distanciamento entre o volume de recursos
investidos e a freqüência e intensidade das inovações que geram novos produtos,
conquistando novos mercados e promovendo melhorias de trabalho e renda para a
população se enquadra na melhor condição de bem-estar.
O caso brasileiro, consoante Barbieri (2007, p.16) há ausência ou
descontinuidade de uma política industrial e tecnológica por ter sido um dos graves
obstáculos à formação de um Sistema Nacional de Inovação (SNI) moderno e eficaz.
Sobretudo, o conhecimento das desigualdades em investimentos sustentáveis, faz
com que o país busque estabelecer mecanismos para a formação de um SNI capaz
de responder aos novos desafios.
Percebe-se que em países desenvolvidos (Estados Unidos, Alemanha,
Japão, França, Itália, Reino Unido) possuem SNI’s maduros, capazes de mantê-los
25

na fronteira tecnológica internacional. Contudo, outro grupo de países apresenta


sistemas intermediários (Suécia, Dinamarca, Holanda, Suíça, Coréia do Sul, Taiwan)
e estão direcionados exclusivamente à difusão da inovação, com forte capacidade
doméstica de absorver grandes avanços tecnológicos criados a partir de sistemas
maduros.
Embora os países em desenvolvimento (Brasil, Argentina, México, Índia,
China) possuam sistemas de C&T não os conduziram para um efetivo sistema de
inovação capaz de estruturar e expandir sua base tecnológica e, por isso, possuem
sistemas incompletos. Desta forma, o Brasil terá várias condições de obter Sistemas
de Inovação completos e maduros para desempenhar sua liderança e o progresso
tecnológico.
Neste momento, percebe-se que a utilização dos Sistemas Nacionais de
Inovação reside nas discussões da abordagem relevante da sua real contribuição
para o crescimento em face de uma globalização frente a um Sistema Global de
Inovação (SGI). Para Oliveira (2001, p.8) o SGI “é um arranjo institucional mundial
que visa acelerar e difundir a inovação tecnológica”, sendo amplamente incutido
pelos países desenvolvidos.
Por outro lado, Cassiolato e Lastres (2000) descrevem as principais
questões que contribuíram para uma melhor compreensão do processo de inovação
nos últimos anos, destacando como uma delas o entendimento de que existem
importantes diferenças entre sistemas de inovação de países, regiões, setores,
organizações, etc. em função de cada contexto social, político e institucional
específico em cada caso.
A definição de Sistema Nacional de Inovação (SNI) foi desenvolvida
respectivamente pelos estudos de Freeman, na Inglaterra, e Nelson, nos EUA
(1988), podendo ser compreendida da seguinte forma:

Uma rede de instituições públicas e privadas cujas atividades e interações


iniciam, modificam e difundem novas tecnologias (FREEMAN, 1995 apud
REZENDE; TAFNER, 2005, p. 45).

Como um conjunto de instituições distintas que conjuntamente e


individualmente contribuem para o desenvolvimento e difusão de
tecnologias. Tal noção envolve, portanto, não apenas empresas, mas,
principalmente, instituições de ensino e pesquisa, de financiamento,
governo, etc. este conjunto constitui o quadro de referencia no qual o
governo forma e implementa políticas visando influenciar o processo
inovativo (CASSIOLATO; LASTRES, 2000, p.247-248).

Conforme Campanário (2002, p.9) não há uma acepção perfeita para o


termo Sistema Nacional de Inovação (SNI), embora compreenda um conjunto de
definições, mas sob os estudos de Freeman é apontada a seguinte conceituação:

Uma rede de instituições públicas e privadas, dentro de uma economia. Esta


rede dinâmica permitiria financiar e executar as atividades inovadoras
(projetos). Estas traduzem os resultados de P&D em inovações e interferem
na difusão de novas tecnologias. De uma forma mais especifica, o sistema
de inovação compreende as agências públicas de fomento, suporte, apoio e
execução de P&D; as universidades e os institutos de pesquisa que
exercem P&D e formam capital humano para ser empregado no setor
produtivo; as empresas que investem em P&D e na aplicação de novas
tecnologias; os programas públicos direcionados a subsidiar a adoção de
tecnologia; as leis e regulamentações que definem os direitos de
propriedade intelectual, entre outras instituições.
26

Acrescenta-se, ainda, nesse contexto os comentários de Sbragia et al.


(2006, p.120) como definição para um Sistema Nacional de Inovação, a saber:

Um Sistema Nacional de Inovação (SNI), por sua vez, pode ser definido
como uma rede de instituições públicas e privadas que interagem para
promover o desenvolvimento científico e tecnológico de um país. Inclui
universidades, escolas técnicas, institutos de pesquisa, agência
governamentais de fomento, empresas de consultoria, empresas industriais,
associações empresariais e agências reguladoras, num esforço de geração,
importação, modificação, adaptação e difusão de inovações.

Estas considerações enfatizam a importância de países criarem um


ambiente institucional capaz de promover a capacitação técnica, a inovação, a
difusão e a utilização eficiente de novas tecnologias. De fato, as economias com
sistemas nacionais de inovação capazes de gerar um número significativo de novos
produtos ou processos para o mercado mundial e local desfrutam de vantagens
competitivas excepcionais. (REZENDE; TAFNER, 2005).
Este ambiente ou arranjo institucional correspondem a diversos atores,
como o relacionamento entre pesquisa básica e pesquisa aplicada, entre
pesquisadores e empresários; a inovação, a difusão e a incorporação de novas
tecnologias dentro e fora dos limites regionais, e a crescente qualificação da mão-
de-obra. A estes elementos consistem nos arranjos de Sistemas Nacionais de
Inovação (OLIVEIRA, 2001, p.8). Obviamente, a ênfase, que é dada aos diversos
atores que correspondem um SNI, possui variação de país para país, mostrando a
importância das empresas fazerem parte deste sistema de inovação.
Por isso, na concepção de Guimarães (2000, p. 126), a empresa é,
portanto, o elemento chave no processo de transformação e aquisição das
tecnologias dominadas rumo à constituição de um sistema nacional de inovações. É
necessário que essas empresas façam parte desse sistema que apresentem,
entretanto, características nacionais, não sendo suficiente produzir somente no
espaço nacional ou para o mercado nacional.
É preciso expandir tecnologicamente seus produtos, processos e serviços
assim como empresas estrangeiras absorvem avanços tecnológicos elevados
gerados nos sistemas maduros. Contudo, empresas privadas precisam reagir e
tomar iniciativas indispensáveis para expandirem tecnologicamente e criar soluções
para que a inovação aconteça, de fato, no Brasil, com a mesma intensidade exigida
para o aumento da competitividade delas (SBRAGIA et al., 2006, p. 5).
Neste sentido, o sucesso das empresas brasileiras na competição não
depende unicamente do esforço em realizar pesquisa e desenvolvimento tecnológico
e outras atividades técnicas, mas, sobretudo, do modo em que os recursos
disponíveis são gerenciados e organizados na sociedade, ou no domínio da
instituição pública ou privada, pois o que pode ser declarado à questão de empresas
aderirem ao modelo sistêmico de inovação, conhecidos aqui por SNI’s, é, consoante
afirmação de Sbragia et al. (2006, p.31):

O fato de que empresas não inovam isoladamente, mas geralmente o fazem


no contexto de um sistema de redes de relações diretas ou indiretas com
outras empresas, a infra-estrutura de pesquisa pública ou privada, as
instituições de ensino e pesquisa, a economia nacional e internacional, o
sistema normativo e um conjunto de outras instituições, sem deixar de lado
uma série de políticas governamentais bem direcionadas, estáveis e
desburocratizadas.
27

Isso demonstra que a capacidade inovadora das empresas locais


depende de vários fatores econômicos, culturais, sociais e políticos, relacionados à
organização do setor e ao sistema de inovações no qual elas se encontram.
Um dos esclarecimentos para o estágio inicial em que se depara a
inovação no Brasil são as condições ínfimas da articulação e das ênfases distintas
atribuídas pelo atual SNI, que se tornam confusas entre os agentes de
desenvolvimento que o compõem. No entanto, SNI’s bem estruturados são capazes
de mudar trajetórias produtivas e tecnológicas ao longo da dependência dos países
em desenvolvimento, observando um crescente reconhecimento da importância da
inovação e dos sistemas nacionais de inovação em tais países.

2.5 A Concepção de Inovação

Pensar em inovação como algo essencialmente revolucionário e de alta


tecnologia é uma visão estreita e superada. Na verdade, o conceito de inovação tem
se expandido extraordinariamente em toda esfera global, atingindo qualquer área de
uma organização e sendo favorável para a obtenção e sustentação de uma
vantagem competitiva.
O termo ‘inovação’ vem apresentando uma larga discussão entre teóricos
da Administração e Economistas, devido à contribuição e o papel que assume no
desenvolvimento sócio-econômico dos paises, através da criação de novas
oportunidades para o mercado. “Muito já se discutiu sobre a importância de encarar
a inovação e os investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D&I)
como pontos fundamentais na capacidade de competição das firmas ao longo do
tempo”, declaram Barroso e Damasceno (2006, p.3). Cabe, agora, essas empresas
buscarem mecanismos que as beneficiem na aplicação de novos processos,
produtos e serviços, com o propósito de permanecerem sobrevivendo às facetas do
mundo globalizado e se manterem competitivas.
A discussão sobre a teoria da inovação teve início desde os primeiros
estudos de Joseph Schumpeter, ganhando notoriedade em âmbito acadêmico sendo
considerada como importante fator na geração de riquezas em uma economia. É
tratada como forma de obtenção de grandes lucros nas empresas, através das
vantagens competitivas decorrentes da produção de novos produtos ou processos
que agregam valor ao cliente a partir da ação proativa da empresa no quesito
inovação (BARROSO; DAMASCENO, 2006).
Nesse enfoque, a percepção Schumpeteriana a respeito do mundo
empresarial revela o entendimento sobre a criação de novos negócios e respectiva
associação ao conceito de inovação mesmo que, a criação de negócios, em sua
maioria, não esteja relacionada à inovação.
Nas palavras de Joseph Schumpeter (1982, p.48 apud BARROSO;
DAMASCENO, 2006, p.2): “As inovações no sistema econômico não aparecem, via
de regra, de tal maneira que primeiramente as novas necessidades surgem
espontaneamente nos consumidores e então o aparato produtivo se modifica sob
sua pressão”. É através do produtor que, via de regra, se inicia a mudança
econômica na geração de emprego, renda e investimento onde consumidores
aprendem a sempre querer coisas novas. Com isso, as inovações desempenham
um papel de mola propulsora do fenômeno do desenvolvimento com crescimento
econômico e aliado aos objetivos estratégicos organizacionais.
28

O investimento brasileiro em pesquisa, desenvolvimento e inovação


(P,D&I) ainda é pouco se comparado aos países de nível semelhante. Na concepção
de Sbragia et al. (2006, p. 23), “percebe-se que os países desenvolvidos (EUA,
Japão, Alemanha e Reino Unido) despendem boa parcela de sua produção para
gastos com P&D, incluindo gastos relacionados à formação de recursos humanos”.
Porém, há dois fatores que inibem o crescimento da inovação brasileira referentes
ao baixo nível educacional da mão-de-obra e a incompreensão dos setores público e
privado no significado contemporâneo da inovação.
Segundo Hasegawa e Furtado (2001 apud BARROSO; DAMASCENO,
2006, p.2), “A inovação não é resultado de um processo linear que se inicia com a
pesquisa básica, passa pela pesquisa aplicada e termina com o desenvolvimento de
um novo produto ou processo que é ofertado ao mercado”. Neste sentido, o
processo inovador deve ser entendido como uma série de interações e troca entre
pesquisadores, cientistas, usuários, técnicos, governo, empresas etc, que, por fim,
constituem a rede de inovação.
No Brasil, a lei sobre inovação (Lei Nº. 10.973/04), cita como conceito de
inovação a introdução de uma novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo
ou social que resulte no desenvolvimento de novos produtos, processos ou serviços.
A inovação significa ter idéias que os concorrentes ainda não tiveram e implantá-las
com sucesso, podendo ser de produtos, de processos, de serviços, de negócios ou
ainda de gestão. Por sua vez, em qualquer definição, presume-se que a inovação
inicia-se pela concepção de idéias, seguindo-se por uma fase de P&D que resulta na
criação de protótipos ou modelos inovadores e, finalmente, que tenha aplicação no
mercado ou que tenha utilidade para os clientes que dela necessitam.
Na concepção de Baumol (apud ARRUDA; GOULART, 2003, p.2), a
inovação “é a capacidade de ofertar novas soluções aos clientes – produtos,
serviços, processos ou mesmo negócios - e não a competição via preços, o
componente central do processo de funcionamento dos mercados”. É a iniciativa
para a criação de novos produtos o que torna o capitalismo bem-sucedido.
A inovação é o principal determinante do aumento da produtividade e da
geração de oportunidades de investimento. Ela compreende a introdução e a
exploração de novos produtos, processos, insumos, mercados e formas de
organização. Uma característica central da inovação tecnológica nas economias
industrializadas é a crescente incorporação do conhecimento científico, cada vez
mais complexo, aos processos mais simples de geração de riqueza. Do ponto de
vista de muitos autores, “a criação de produto incorpora um processo completo
focado em descobrir o que os clientes querem ou do que precisam e gerar idéias e
tecnologias para satisfazer tais desejos e necessidades”, comentam Arruda e
Goulart (2003, p.3).
De fato, a inovação exige não só a capacidade de criar e comercializar
algo novo, mas também assume a capacidade de entender as forças em
funcionamento no ambiente. Para as empresas a busca pela inovação é uma
variável permanente para continuarem competitivas (OLIVEIRA, 2001).
A contribuição e o papel da inovação tecnológica tem sido significativo no
processo de desenvolvimento socioeconômico dos países devido à criação de novas
oportunidades de negócios e avanços tecnológicos. Segundo (MARCOVITCH apud
ANDREASSI; SBRAGIA, 2001, p.1), “O ritmo desse crescimento, tanto nos países
desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento, irá depender da capacidade
de se introduzir inovações tecnológicas adequadas”.
29

Com isso, entende-se por inovação tecnológica o processo realizado por


uma empresa diante da introdução de produtos e processos que incorporem novas
soluções técnicas, funcionais ou estéticas (BARBIERI, 1997, p.67). A capacidade de
realizar inovações tecnológicas de forma sistêmica faz com que empresas
respondam às exigências do mercado que é uma das principais dimensões
competitivas no cenário organizacional.
No contexto geral, inovar tecnologicamente representa reunir um
arcabouço de conhecimentos e técnicas para desenvolver novos processos e fazer
novos produtos para o mercado, gerando riquezas e divisas para o país. Contudo, é
nas empresas que a ciência germina o processo de transformação num bem
econômico e social (CRAVEIRO, 2004).

2.6 Competitividade nas empresas

Para enfrentar a concorrência atual, a teoria preceitua que as PME’s


devem buscar iniciativas coletivas que fortaleçam sua competitividade. Uma das
alternativas disponíveis é a contribuição da pesquisa, desenvolvimento e inovação
nos setores produtivos e empresariais. As empresas que buscam competitividade e
diversificação nos seus produtos e serviços necessitam inovar, abrangendo um
grande investimento na aplicação do desenvolvimento tecnológico. Nesse sentido,
Santos (1996) recomenda que a empresa haja rapidamente as mudanças, em
função de sua percepção quanto ao surgimento de ameaças ou oportunidades, para
que atinja seus objetivos e aumente a probabilidade de garantir sua perenidade.
De acordo com Barroso e Damasceno (2006, p.2), “Não há duvida de que
a contribuição e o papel da inovação tecnológica nos países e nas empresas têm
assumido grande relevância para o desenvolvimento socioeconômico, através da
criação de novas oportunidades de negócios”. Com base nisso, um ponto central da
temática sobre competitividade organizacional reside nas decisões gerenciais e no
reconhecimento da importância de uma adequada gestão do processo inovador
como base para uma vantagem competitiva.
O termo ‘competitividade’ é, sobretudo, um fator importante no mais
diverso nível da nação, do setor econômico e empresarial. Sob esta óptica, as
organizações precisam melhorar sua própria competitividade para garantir sua
sobrevivência e vencer num mercado cada vez mais desafiador e acirrado. Ademais,
num mundo de competição crescente e economias globalizadas as empresas
decidem as estratégias para se manter competitivas no mercado tendo que
combinar decisões estratégicas do jogo de ação e reação nos negócios. “A
competitividade de um país depende da capacidade da sua indústria de inovar e
melhorar” descreve Porter (1999, p.167).
Contudo, Coltro (1996, p.1) declara que “esta competição acirrada tem se
refletido nas organizações que buscam cada vez mais se aprimorarem para estarem
aptas para atuar com sucesso, frente a seus clientes nos mais diversos segmentos
de mercado”. O autor acrescenta ainda que, a empresa competitiva precisa ser
capaz de se manter de forma espontânea num mercado altamente concorrido e
instável, conservando-se sempre inovadora. Por sua vez, a competição é
responsável pela adequação das atividades de uma organização em relação ao
ambiente que atua, sendo fruto das estratégias competitivas adequadas usadas
pelas mesmas, conclui Coltro (1996).
Na análise desenvolvida por Caron (2003, p.58) mostra que a
competitividade é uma resultante da combinação eficaz e eficiente de informação,
30

conhecimento, tecnologia, organização, cooperação e coordenação. Esta resultante


positiva desta combinação sistêmica e interativa é a melhoria da qualidade, da
produtividade, racionalidade no uso dos fatores de produção e, conseqüentemente,
os produtos e serviços da empresa conquistar participação no mercado nacional ou
internacional, portanto, em mercados competitivos.
Na observação de Albuquerque (apud SANTOS, 1996, p.2) a
competitividade empresarial resulta na “capacidade da empresa de formular e
implementar estratégias concorrenciais que lhe permitam obter e manter, a longo
prazo, posição sustentável no mercado”.
Portanto, competitividade é, segundo Coltro (1996, p.2), entendida como
a base de sucesso ou fracasso das organizações empresariais. A competição é
responsável pela adequação das atividades de uma empresa em relação ao seu
ambiente de atuação, fruto das estratégias competitivas adequadas e utilizadas
pelas mesmas. A contribuição da inovação para a competitividade é, logicamente,
bastante significativa e, para o país se manifesta também no momento de disputar
novos mercados externos.

2.7 Conhecimento e Tecnologia

A concorrência globalizada apresenta-se cada vez mais baseada no


conhecimento e na organização dos processos de aprendizado. Nisso, observa-se a
crescente importância desses fatores nas capacitações das empresas, em termos
de produção e uso do conhecimento, tendo como fator crucial, a sua
competitividade. De tal modo, Cassiolato; Lastres (2002) justificam “o fato de que
inovação e conhecimento são os principais fatores que definem a competitividade e
o desenvolvimento de nações, regiões, setores, empresas e até indivíduos”.
No mercado global a demanda por novas estratégias e novas formas de
organizar a produção, através da promoção e difusão do conhecimento e da
Tecnologia, vem sendo caracterizada como fatores diferenciais no progresso técnico
e competitivo. Nisso, reconhece que a inovação e conhecimento colocam-se de
forma visível como elementos centrais da dinâmica e do crescimento de qualquer
nação, região, setor, organização e instituição.
Com base neste raciocínio declara Montbrial (2000 apud VIEIRA;
OHAYON, 2002, p.1) que:

Novas configurações organizacionais permitem aos agentes econômicos


responder, de forma mais eficaz, aos desafios impostos pela crescente
complexidade do mundo globalizado, uma vez que empresas e
aglomerados intensivos em tecnologia e conhecimento são essenciais para
competir frente à ‘nova economia’.

Complementando tal pensamento, Vieira; Ohayon (2002, p.3) descrevem


como características fundamentais em qualquer empresa: o conhecimento e a
tecnologia, pois:
O conhecimento é o principal ativo financeiro das empresas da Nova
Economia. A tecnologia passa a ter uma dimensão central na atuação
internacional das grandes empresas, que fazem invariavelmente, os
maiores investimentos em P&D. As alianças e acordos de cooperação são,
por excelência, o meio que permite às empresas se coligarem e buscarem o
aperfeiçoamento acelerado de tecnologias, compartilhando seus recursos e
trocando os conhecimentos que cada uma detém.
31

Segundo Mañas (2001; 20), “para obter a vantagem competitiva, a


organização se vê obrigada a encontrar meios de ensinar os homens, que dela
fazem parte, a gerar essas informações e conhecimentos”. Na visão abrangente de
Marshall (apud AZEVEDO; GONÇALVES NETO, 2002, p. 3), afirmam que:

Conhecimento é a informação contida na mente humana; ao ser transferido,


reverte ao estado de informação e se transforma novamente em
conhecimento quando a informação é acessada por outra pessoa. É,
portanto, uma coisa pessoal, pois depende dos modelos mentais de cada
indivíduo.

A inovação e o conhecimento são, hoje, os maiores pilares de grande


relevância que determinam a competitividade nas indústrias mundiais. A capacidade
de mudar as relações com o ambiente leva a empresa a originar sua vocação de
competitividade e adquirir como base o conhecimento e a informação.
É neste sentido que a inovação e a revolução do conhecimento
representam os principais fatores que determinam as novas bases da
competitividade e do desenvolvimento das nações.
É o que descrevem Barroso e Damasceno (2006, p.3-4) acerca da
contribuição da tecnologia e do conhecimento para o setor empresarial no que tange
a sua capacidade de inovar e agregar valor ao seu produto, processo e serviço.

A inovação é uma das principais fontes renováveis e sustentáveis de


desempenho diferenciado das empresas, tendo esta inovação ocupado um
lugar central na economia baseada no conhecimento. A tecnologia utilizada
é o ingrediente fundamental para o desenvolvimento de novos produtos ou
para tornar os já existentes adaptados à demanda de seus atuais e futuros
clientes. Admite-se aqui que as permanentes transformações do meio
socioeconômico são derivadas da implantação das inovações tecnológicas
e da expansão do mercado mundial que motivam empresários a um
contínuo processo de adaptação, a fim de assegurarem sua sobrevivência e
crescente participação no mercado.

No que concerne à Tecnologia, entende-se como uma sucessão de


técnicas organizadas com certa lógica (conhecimentos), configurando um processo
gradativo da produção de um determinado bem ou à prestação de um serviço.
Notadamente, a Tecnologia está voltada para atender às necessidades e demandas
do mercado, trazendo vantagem competitiva para os esforços aplicados na melhoria
dos procedimentos organizacionais. É o que revelam Barroso; Damasceno (2006, p.
2) “A tecnologia utilizada é o ingrediente fundamental para o desenvolvimento de
novos produtos ou para tornar os já existentes adaptados à demanda de seus atuais
e futuros clientes”.
Na abordagem de Alário Jr.; Oliveira (2000, p.45) “A Tecnologia é,
nitidamente, a interface entre pesquisa e a aplicação prática da inovação que for
alcançada e, assim, contém os procedimentos técnicos necessários para a alocação
dos novos conhecimentos científicos gerados na produção de bens ou aplicações
pertinentes”. Por isso, a aquisição de tecnologias propicia condições favoráveis de
domínio e base para o início do processo de inovações.
Embora seja resultado da Ciência, a Tecnologia é sempre lapidada e
profundamente influenciada pelas demandas e forças do mercado, além de
questões voltadas à economia, ao ambiente e aos investimentos financeiros, que
muitas vezes restringem ou atuam como elementos limitadores da potencialidade
inovadora de uma determinada tecnologia. No que diz Rosemberg apud Guimarães
32

(2000, p. 1) “ciência e tecnologia são de fato coisas diferentes mas, na realidade,


não são independentes e se fertilizam mutuamente”.
Com base nessa exposição Fallgatter (2006, p.23) considera a
importância da contribuição do conhecimento e da Tecnologia para o
desenvolvimento e o estudo da inovação, pois

A inovação envolve conhecimento não apenas no que diz respeito ao


desenvolvimento da tecnologia, embora esta constitua um elemento-chave.
Para a inovação acontecer, todo um espectro de conhecimentos que
ultrapassam o escopo da tecnologia faz-se necessário; aspectos como o
financiamento, a produção, a logística, e a difusão mercadológica são não
apenas pertinentes como essenciais para que se migre da invenção à
inovação.

A Tecnologia surge a partir da aplicação de um novo conhecimento


aprendido por meio da ciência a algum problema prático. Sendo, portanto, a ponte
de acesso da ciência à inovação. A Ciência e a Tecnologia hoje são resultados
fundamentais para que organizações se mantenham sempre competitivas em
mercados mutantes e acirrados. “A Tecnologia é voltada para as necessidades e
demandas do mercado, ao passo que a ciência busca, antes de tudo, o
conhecimento como um bem em si mesmo” (TAMBOSI, 2005).
Para Tambosi (2005, p.1), “é necessário reconhecer que, apesar de todos
os avanços, o modo científico de pensar ainda está longe de ser universal. A
tecnologia já conquistou os corações, mas a ciência ainda não alcançou as mentes”.
Para a produção de riqueza numa sociedade dependerá de inúmeros
fatores que determinarão, fundamentalmente, a disponibilidade de recursos naturais,
estoque de capital disponível como, máquinas, equipamentos, instalações, etc., o
volume e o grau de qualificação da mão-de-obra necessária. Para isso, a tecnologia
estabelecerá como esses fatores serão combinados para a produção de bens e
serviços da forma mais eficiente. Tal fato implica em diversos modelos de base para
a teoria do crescimento econômico que nos trabalhos de Robert Solow, “a tecnologia
é um fator exógeno ao desenvolvimento, estando relacionado à simples e natural
evolução dos mercados, que correspondem ao crescimento da economia e do
investimento” (Campanário, 2002, p.1).
Novos produtos são desenvolvidos com base na integração de diferentes
tecnologias e estas estão aludindo crescentemente em diferentes disciplinas
científicas. O Brasil está no caminho certo, mas precisa investir ainda mais na
geração interna de tecnologia. Não importa o tamanho da empresa, é preciso
investir em novos avanços tecnológicos, porém, longe de ter se tornado “global”, a
tecnologia, a inovação e o conhecimento têm se caracterizado como componentes
devidamente estratégicos, de cunho localizado, assim expressam Cassiolato;
Lastres (2002).
Sendo assim, Sbragia et al. (2006, p.39) afirmam que a tecnologia é o
principal direcionador do crescimento dos países industrializados e devem ser
também para o crescimento das empresas inseridas nesses países, como condição
essencial para a promoção do progresso econômico de um país e da
competitividade entre as empresas industriais.
33

CAPÍTULO III

O PERFIL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS BRASILEIRAS

A discussão sobre a importância da pequena e média empresa (PME)


para a Economia brasileira e mundial é reconhecida por todos os segmentos do
sistema produtivo. Sua importância reside no fato de que seu surgimento e
desenvolvimento aumentam a competitividade na Economia e propiciam a
descentralização dos poderes de decisão. Traz uma característica própria da
atividade empresarial, isto é, a agilidade e o dinamismo de respostas rápidas e
certas aos mais diversos fatores externos inerentes ao seu ambiente organizacional.
O cenário dessas empresas apresenta-se de forma cada vez mais
turbulento e dinâmico, no que reside a mercados, tecnologias, impactos ecológicos,
mudanças políticas, econômicas, culturais, sociais e entre outros. Deste modo para
permanecerem competitivas no mercado, precisam inovar estrategicamente e obter
vantagens competitivas, assumindo uma postura inovadora em seus produtos,
serviços e processos.
Ao longo deste capítulo, serão expostos assuntos estabelecendo os
critérios que definem o que seja uma pequena ou média empresa. Pretende-se, por
outro lado, abordar o perfil das pequenas e médias empresas - aqui tratadas
simplesmente por PME’s - do Brasil e do Estado do Maranhão, com comentários
acerca de suas características predominantes e suas dificuldades de alcançar
objetivos e metas devido à baixa capacidade gerencial e à falta de incentivos fiscais.
Também, a importância do conhecimento da atividade inovadora para o seu
crescimento e a realização da P&D como potencialidade industrial e competitiva.

3.1 Classificação Brasileira das Pequenas e Médias Empresas

Existem muitos parâmetros que classificam e conceituam as empresas,


contudo cabe verificar a legislação vigente que muda de país para país e entre
órgãos e esferas governamentais os quais adotam formas particulares de acordo
com suas realidades de mercado, buscando entender qual o critério utilizado pelos
mesmos para fazer a distinção de pequena e média empresa. “A classificação de
empresas, segundo o porte, é controversa no mundo todo. [...] São divergentes nas
instituições financeiras, instituições de pesquisa e órgãos de apoio às micro e
pequenas empresas”, complementa Girardi (2002, p.50).
Os padrões, para definir o tamanho que caracteriza as empresas como
micro, pequena, média e grande, variam de acordo com os diferentes propósitos
existentes e consideram, principalmente, elementos como número de empregados,
faturamento, localização, entre outros. [...] adotando como referência também o
faturamento anual, de acordo com o setor de atividade a que pertence tal empresa
(LONGENECKER et al., 1998).
As entidades responsáveis que definem esses critérios estabelecem os
tamanhos das firmas e estas constituem um importante fator de apoio às MPME’s,
consentindo que as mesmas possam usufruir dos benefícios e incentivos previstos
nas legislações fiscais definidas pelo Governo, tanto no nível estadual como federal
e municipal. Dispõem de tratamento diferenciado ao segmento e buscam alcançar
objetivos prioritários de Políticas Públicas, assim como o aumento das exportações,
a geração de renda e emprego, a diminuição da informalidade dos pequenos
negócios, entre outros fatores.
34

De acordo com o SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e


Pequenas Empresas - (2005), as empresas podem ser classificadas com base no
número de empregados que compõem suas estruturas, conforme apresentação da
Tabela 2, a seguir.

Tabela 2: Classificação de empresas por número de empregados (SEBRAE, 2005).

Classificação Setor Industrial/Construção Setor de Serviços/ Comércios


Microempresa (ME) até 19 empregados até 09 empregados
Pequena Empresa (PE) de 20 a 99 empregados de 10 a 49 empregados
Média Empresa (MDE) de 100 a 499 empregados de 50 a 99 empregados
Grande Empresa (GE) acima de 499 empregados mais de 99 empregados
Fonte: SEBRAE (2005)

Por ser um critério bastante utilizado, Drucker (1992) afirma que esse
critério não corresponde a um parâmetro adequado para tal classificação. Com a era
da Informática e do conhecimento, empresas do setor de Tecnologia de Informação
e fabricantes de software chegam a movimentar milhões em negócios, contando
apenas com uma pequena equipe de funcionários.
Nota-se que as empresas de pequeno porte empregam considerável
parcela da mão-de-obra disponível em relação às médias e grandes empresas nos
mais diversos setores produtivos, ou nos setores de produção de bens e serviços,
ou na construção civil e comércios varejistas e atacadistas, representando 4,5
milhões em todo o país. São sendo responsáveis por 59% da mão-de-obra
empregada e ainda participam na formação de 20% do PIB (SEBRAE, 2004).
Outro critério de classificação é utilizado pelo Governo federal,
correspondendo à cobrança de impostos, estabelecido pela Lei Complementar N°
123/2006, chamada de Simples Nacional ou Super Simples, que se baseia no total
arrecadado no ano fiscal.
Com base na classificação da Receita Federal, são consideradas como
microempresa, por esta lei, aquelas que auferem receita bruta anual igual ou inferior
a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais); e as empresas de pequeno porte
aquelas com receita bruta anual superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil
reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais),
sendo responsável mensalmente por uma conta única a arrecadação de impostos
como o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição para o Programa de Contribuição Social e do
Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP), entre outros.
Esses critérios são criticados por muitos autores e são considerados
insuficientes para o estabelecimento de categorias analíticas adequadas. Para Chér
(1990) são critérios que até hoje não tiveram consenso. Somente com a utilização
de fatores que meçam o desempenho dessas empresas poderá contribuir para uma
classificação mais próxima da realidade (ANHOLON et al. 2004).
Nesse contexto, as pequenas e médias empresas possuem
características próprias e exclusivas, contribuindo significativamente para a
economia do país, como motores do crescimento de emprego e renda devido a sua
maior flexibilidade de expansão. Deste modo geram novos postos de trabalho, na
absorção de mão-de-obra, por desempenhar um importante papel na interiorização
35

do desenvolvimento. Essas empresas, entretanto, representam uma base importante


na criação de emprego e para melhoria da eficiência de cada cadeia produtiva.

3. 2 Características das PME’s do Nordeste no Mercado Brasileiro

Devido ao potencial competitivo entre as grandes empresas,


principalmente as multinacionais que sempre buscam pela maior produtividade e
pela alta qualidade, provocou-se uma dispensa de trabalhadores ao redor do mundo.
Com efeito, esse cenário afetou o mundo do trabalho e fez surgir a criação de
inúmeras pequenas e médias empresas por conseqüência da força de desemprego
ou até mesmo por outros motivos. Pode-se constatar pelo que Silva (2004, p.28)
afirma: “o surgimento de novas empresas é quase que 100% formada por pequenos
investidores ou por trabalhadores que vislumbram uma oportunidade de conseguir
renda e trabalho”.
Nesse contexto, as PME’s no Brasil têm representado 15,4%, o que
revela um número significativo em comparação as empresas de grande porte, sendo
importantes para o crescimento da economia do país. Essas empresas empregam
considerável parcela da mão-de-obra disponível em relação às grandes empresas
nos diversos setores produtivos, seja no setor da produção de bens e serviços, seja
no setor de comércio (SEBRAE, 2004), conforme são apresentados na tabela
abaixo.

Tabela 3: Número de empresas formais no Brasil, por porte e setor de atividade -


Brasil – 2005
Porte Microempresa Pequena Média Grande Total
Setor N° % N° % N° % N° % N° %
Indústria 219.620 81,2 40.492 15 8.524 3,2 1.609 0.6 270.245 100,0
Construção 60.067 84,3 9.159 12,9 1.780 2.5 242 0,3 71.248 100,0
Comércio 830.048 86,3 119.300 12,4 8.124 0,8 4.312 0,5 961.784 100,0
Serviços 689.766 81,5 127.669 15,1 14.943 1,8 13.251 1,6 845.629 100,0
TOTAL 1.799.501 83,7 296.620 13,8 33.371 1,6 19.414 0,9 2.148.906 100,0
Fonte: MTE, Rais
Elaboração: Adaptado pela autora
Obs.: Inclui apenas os estabelecimentos com empregados.

No Brasil, existe um número expressivo de empresas de pequeno porte


que representam uma parcela bastante representativa do conjunto de empresas.
Essas empresas representam, de acordo com o Sebrae (2004), 98% dos 4,1
milhões de estabelecimentos formais na indústria, comércio e serviços, e empregam
45% da força-de-trabalho que possuem carteira assinada, respondendo por 20% do
Produto Interno Bruto do Brasil.
As perspectivas das micro, pequenas e médias empresas no Brasil
aumentaram consideravelmente devido as suas possibilidades de crescimento e
oportunidades de sobrevivência e transformação organizacional. Por um aspecto
histórico, pode-se afirmar que as PME’s sempre estiveram presentes ao longo do
processo de transformações dos modos de produção e dos sistemas econômicos
(AMATO NETO, 2000).
De certo modo, Silva (2004, p.15) acrescenta: “A onda de desemprego
assola não apenas o Brasil, mas todo o mundo em virtude da automação dos
processos produtivos que possuíam uma grande participação de mão-de-obra”. Na
36

realidade, essas empresas sempre existiram, até mesmo muito antes das grandes
empresas, como potencial de crescimento e desenvolvimento em qualquer
economia.
No dizer de Chér (1990, p.18):

Através de uma análise histórica, infere-se que o capitalismo moderno teve


início com a pequena empresa, crescendo a partir de negociantes que,
acompanhados de seus servos, viajavam pelo interior do país vendendo
mercadorias à nobreza. Estas empresas acabaram se tornando um dos
principais alicerces do desenvolvimento econômico das nações
industrializadas de nossos dias.

O autor ainda acrescenta que as pequenas e médias empresas possuem


considerável importância econômica e social não somente em países em
desenvolvimento, como o Brasil, mas independentemente do grau de
industrialização ou do nível de desenvolvimento, contribuindo com a evolução da
sociedade do ponto de vista econômico, social e até mesmo político.
Sendo assim, a importância desse grupo de empresas para o cenário
empresarial tem contribuído para o bem-estar econômico da Nação de forma similar
às grandes empresas. Por outro lado, Amato Neto (2000) afirma que na perspectiva
de maior descentralização produtiva e para atingir objetivos em busca da excelência
empresarial, é preciso que as grandes empresas estejam apoiadas numa base
industrial de PME’s mais dinâmica. No contexto mundial, as PME’s permanecem
ocupando o lugar de destaque na economia, geralmente em setores mais
tradicionais, como o comércio varejista e serviços e sendo responsáveis pela
sustentação da geração de investimento e emprego nas nações (LONGERNECKER
et al.,1997).

Tabela 4: Número de estabelecimentos, por porte - Brasil e Grandes Regiões (2005)

Brasil e Grandes
Micro Pequena Média Grande TOTAL
Regiões
Norte 57.561 12.313 1.499 906 72.279
Nordeste 260.888 43.181 4.814 2.917 311.800
Sudeste 931.649 162.264 18.805 11.212 1.123.930
412.589 56.304 6.157 3.059 478.109
Sul
Centro-Oeste 136.814 22.558 2.096 1.320 162.788
BRASIL 1.799.501 296.620 33.371 19.414 2.148.906
Fonte: MTE. Rais
Elaboração: Adaptado pela autora.
Obs.: Inclui apenas os estabelecimentos com empregados

Deste modo, Amato Neto (2000, p. 20) aponta, de forma especial, o caso
do Brasil, diante do importante papel desempenhado pelas pequenas e médias
empresas nas condições de uma nova base produtiva.

Pode-se esperar que haja um aumento significativo do número de novas


pequenas e médias empresas, que deverão surgir a partir da lógica de
maior descentralização produtiva por parte das grandes organizações, com
a conseqüente terceirização e subcontratação de serviços das PME’s.
Portanto, essa nova base produtiva deverá estar apoiada em um conjunto
de políticas concretas, focalizadas em atender às necessidades de
37

modernização técnica/gerencial das PME’s, visando ao maior poder de


competitividade.

Durante muito tempo, o Nordeste brasileiro era sinônimo de pobreza,


atraso e desigualdade social e econômica. “Por décadas, a região foi palco de
clientelismo e de um capitalismo de fachada, sustentado à base de iniciativas do
governo. Mergulhados na pobreza e em taxas pífias de crescimento, os nordestinos
não eram vistos como um mercado a ser explorado pelas empresas”, (MEYER,
2007). A realidade do Nordeste muda a partir dos últimos sete anos, quando adquiriu
um novo processo de desenvolvimento e crescimento sustentáveis diferente dos
períodos anteriores.
Na Região Nordeste, observa-se que o crescimento do número das micro,
pequenas e médias empresas (MPME’s) tem sido relevante nos últimos anos.
Segundo o Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa, produzido por meio
da parceria entre o SEBRAE e o DIEESE (2007), revela-se que a Região Nordeste
representa 14,51% do número de empresas formais do Brasil, conforme tabela
abaixo.

Tabela 5: Número de empresas formais por setor de atividade e porte - Região


Nordeste (2005)
Construçã
Porte Comércio Serviço Indústria TOTAL
o
Micro 134.365 90.918 26.620 8.985 260.888
Pequena 17.736 19.127 4.464 1.854 43.181
Média 1.149 2.376 910 379 4.814
Grande 603 2.049 216 49 2.917
TOTAL 153.853 114.470 32.210 11.267 311.800
Fonte: MTE. Rais
Elaboração: Adaptado pela autora
Obs.: Inclui apenas os estabelecimentos com empregados

Constata-se então que o setor industrial da região nordeste teve uma


contribuição de 10,33%, embora seja verificado que “A presença industrial na região
apresentou um processo de adensamento e diversificação, embora pouco
estruturada em termos de cadeias produtivas e com baixo coeficiente de geração de
valor em termos regionais e nacionais” (BANCO DO NORDESTE, 2006, p.16).
A região Nordeste concentra indústrias que fornecem produtos para o
mercado interno e são intensivas de mão-de-obra, proporcionando o crescimento do
emprego na Indústria. A realidade das empresas brasileiras vem despertando
interesse em busca de causas e efeitos (soluções) para os casos de insucessos da
pequena e média empresa brasileira, em virtude de todo o potencial demonstrado
por essas empresas (SEBRAE, 2005).
Apesar dessas diversidades, as pequenas e médias empresas vêm
ocupando substancialmente seus espaços, além da reconhecida importância no
cenário brasileiro como instrumento indutor do desenvolvimento e crescimento
sócio-econômico, em face das suas peculiaridades. Em continuação à análise do
panorama de crescimento e desenvolvimento da região nordestina para o Brasil,
pode-se também vislumbrar o surgimento, ainda que discreto, contudo promissor, de
um setor de serviços dinâmico e moderno nas áreas de Tecnologia da Informação,
38

Logística, Saúde e Educação nas grandes capitais nordestinas. (BANCO DO


NORDESTE, 2006, p.17).
A nova estratégia articulada nesse contexto regional revela que, de fato, a
realidade econômica da região nordestina teve reflexos desde a criação da Sudene
e do sistema de incentivos fiscais, em meados dos anos 60 até hoje, constatando
um cenário definitivamente modificado e propício para grandes investimentos
internos, em que alguns setores produtivos vêm revelando sensíveis
transformações, com a presença de segmentos modernos e inovadores, superando
a crise, que até então, assolava esses setores (BANCO DO NORDESTE, 2006).
Admite-se, como resultado dessa análise, que a Região Nordeste
permanece em constante crescimento econômico, político e social, de modo que,
sua economia regional encontra-se atrelada ao contexto nacional, representando
uma considerável potência de acelerado desenvolvimento no mercado brasileiro.

3.3 As dificuldades e desafios das PME’s para inovar

A abertura do mercado brasileiro tem exigido dos empresários de PME’s


uma preocupação constante com a capacidade competitiva e inovadora dos seus
produtos e serviços, em que a busca da qualidade, produtividade e redução de
custos passaram a ser o grande desafio dessas empresas brasileiras frente à
concorrência no mercado internacional. Para recuperar o atraso tecnológico e
gerencial as empresas brasileiras precisam investir em novas tecnologias de
processo e de produtos, e na reciclagem constante de seus recursos humanos,
acrescentam Cândido et al. (2000, p.3).
O fechamento prematuro de empresas no país tem sido um caso
preocupante para a sociedade, principalmente para as entidades que desenvolvem
programas de apoio ao segmento de pequeno porte, como é o caso do SEBRAE e
outros órgãos. Embora já tenha sido demonstrada a grande importância econômica
dessas empresas ao longo das décadas, a taxa de mortalidade de MPE’s nos
primeiros anos de existência ainda se encontra bastante elevada.
Apesar das pequenas e médias empresas serem fundamentais para a
economia e o desenvolvimento do país, já que representam 98% do número total de
empresas formais, essas empresas apresentam um elevado índice de mortalidade.
A variação do índice de mortalidade dessas empresas no Brasil está entre 30% e
61% em seu primeiro ano de vida, entre 40% e 68% em seu segundo ano de vida, e
de 55% e 73% no terceiro ano do empreendimento, segundo o Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2004). Confirmando isto, Maluche
(2000, p.27) diz que: "O número de pequenas empresas constituídas a cada ano é
bastante grande [...], porém, muitas dessas pequenas empresas não sobrevivem
mais de cinco anos, morrem ainda jovens".
Baseado em dados e informações sobre a alta taxa de mortalidade
apresentada por essas empresas, o relatório de pesquisa promovido pelo SEBRAE
(2004), verificou no Brasil e nas cinco regiões a real situação representada pelos
seguintes dados e tabela abaixo:

A) 49,4% para as empresas com até 2 anos de existência (2002);


B) 56,4% para as empresas com até 3 anos de existência (2001);
C) 59,9% para as empresas com até 4 anos de existência (2000).
39

Tabela 6: Taxa de Mortalidade por Região e Brasil – 2000 / 2002


Regiões (%)
Ano de
Sudeste Sul Nordeste Norte Centro Brasil
Constituição
Oeste
2002 48,9 52,9 46,7 47,5 49,4 49,4
2001 56,7 60,1 53,4 51,6 54,6 56,4
2000 61,1 58,9 62,7 53,4 53,9 59,9

Fonte: SEBRAE

O SEBRAE (2004) destaca ainda que, dentre as principais razões para o


fracasso das empresas, está a falta de habilidade administrativa, financeira,
mercadológica ou tecnológica dos empresários e os aspectos comportamentais que
envolvem a gestão do negócio. Todavia, a despeito de todas as dificuldades que
assolam as empresas, não restam dúvidas, de que elas continuam crescendo a todo
instante e, de uma forma ou outra, todas fazem a diferença e contribuem para o
progresso das nações, regiões e Estados.
Apesar de toda representação econômica exercida por estes
empreendimentos, eles encontram significativas dificuldades para sobreviverem no
mercado. Isto pode ser evidenciado pelo tempo de vida útil destas empresas, que é
de cinco anos para 92% das organizações de pequeno e médio porte (CHÉR, 1990).
É constatado que a taxa de mortalidade da Região Nordeste diminuiu ao
longo do período de 2000 a 2002, representado um maior nível de empresas
sobreviventes e gerando desenvolvimento para a região. Contudo, no período de
2002 a 2005, foi revelado que as empresas maranhenses, em nível nacional, ainda
se encontravam com índice abaixo da média com uma taxa de 77,6%; entretanto,
segundo o resultado do estudo do SEBRAE, a média de sobrevivência aumentou de
28,9%. A melhora neste índice colocou o Estado a apenas 0,4 pontos percentuais da
média nacional, que é de 78% (SEBRAE, 2007; FIEMA, 2007).
Vários fatores influenciam para tal índice de mortalidade nas empresas
brasileiras, alguns citados por Anholon et al. (2007, p. 3), como “a constituição de
empresas muito reduzidas, a falta de experiência anterior e de capital de giro, a
dificuldade de se lidar coma carga tributária, a falta de apoio profissional, a
concepção errônea do negócio, etc.”. Outro agravante se nota nas dificuldades de
financiamento quando se tem um total de MPE’s instaladas no Brasil. Apesar dessa
problemática, é constatado que essas empresas vêm crescendo quantitativamente
no país nos últimos anos.
Amato Neto (2000, p. 38) faz alusão a esse contexto dizendo:

É importante relevar as inúmeras dificuldades e problemas, tanto de ordem


financeira como técnico-organizacional e gerencial, que as PME’s devem
superar, a fim de que possam tornar-se viáveis e competitivas, em face da
40

tendência de globalização das economias nacionais e regionais,


principalmente no caso dessas empresas atuarem de forma isolada em
seus respectivos mercados.

Sendo assim, a sobrevivência das PME’s encontra-se ameaçada ao


competir direta e individualmente em mercados locais, regionais e globalizados,
onde as grandes empresas exercem vantagens sobre as menores, afirmam Santos
e Varvakis (1999). Por outro lado, existem possibilidades dessas empresas
sobreviverem devido a algumas delas apresentarem um bom desempenho dos
setores técnico e financeiro perfeitamente integrados por um sistema gerencial que
leve em consideração as necessidades dos clientes e da sociedade. Sendo assim,
de fundamental importância a obtenção de informações que propiciem identificar as
causas das elevadas taxas de mortalidade das empresas, visando-se a atuação
efetiva e coordenada dos órgãos públicos e particulares, em face da permanência
das atividades dessas empresas, evitando-se o seu encerramento de forma precoce.
Nesta linha de pensamento, prioritariamente, buscam-se alcançar
objetivos visando-se a geração de uma política econômica capaz de gerar de forma
coerente o crescimento de investimentos, a geração de emprego e renda. Assim
sendo, permite-se de maneira salutar a redução da informalidade relativa aos
pequenos negócios via incentivos à P&D e outros.

3.4 O Cenário das PME’s Maranhenses

Conhecer a realidade das empresas maranhenses como elemento


propulsor do mercado produtivo implica em aferir o potencial inovador perante as
mais diversas atividades econômicas desenvolvidas por cada uma das pequenas e
médias empresas locais. Contudo, a aplicação de atividades econômicas, que
favoreçam o aporte de novas tecnologias e a formação de estratégias inovadoras,
busca elevar o grau de modernidade e competitividade da Economia maranhense,
gerando mais renda, emprego e bem-estar para a população (MESQUITA, 2002).
A relação entre desenvolvimento regional e empresas de pequeno porte
advém da grande representatividade destas no cenário econômico, principalmente
no oferecimento de emprego à população, introdução de inovação, geração de
impostos e estímulo à competição econômica. Manter as empresas de pequeno
porte competitivas num mercado altamente complexo e dinâmico requer atualização
constante, com dados compilados e transformados em informações, sobre as quais
a empresa toma suas decisões para gerir seus recursos de forma eficiente e eficaz.
A atual situação para atrair novos investimentos e empreendimentos no
Estado reflete-se numa verdadeira tarefa de proporcionar incentivos políticos e
fiscais para uma gama de empresas propícias ao crescimento e desenvolvimento
local. Esse tipo de política, como refere Amato Neto (2000), pode ser adequado para
um Estado que deseja começar a construir um adequado parque industrial, mas
pode reverter-se em desastrosas medidas e ineficientes soluções. Daí, o autor
complementa, se um Estado pretende adquirir uma base industrial e uma infra-
estrutura consolidada é preciso elaborar uma política industrial direcionada
justamente para complementar e até mesmo ajustar as tendências da indústria num
mundo altamente globalizado e competitivo.
Conforme Amato Neto (2000, p.18):

Historicamente, as PME’s vêm desempenhando um importante papel


socioeconômico, tanto do ponto de vista da geração de emprego e de
41

renda, quanto do ponto de vista de seu potencial de inovação incremental,


principalmente quando tais empresas estão vinculadas a uma cadeia de
suprimento de peças, componentes e serviços para a grande empresa
cliente.

A relevância das empresas de pequeno porte no desenvolvimento das


regiões e seu papel no contexto dos mercados locais relaciona-se à capacidade de
oferecer as oportunidades de emprego e renda que uma população e uma economia
em crescimento precisam, além de proporcionarem a introdução de inovação,
estimular a competição econômica e auxiliar as grandes empresas, principalmente
nas funções de distribuição (DOTTO et al., 2004).
Na percepção de Cândido et al. (2000, p.2) recomenda-se que

O desenvolvimento empresarial em uma dada região ou setor econômico


deve envolver um conjunto de atividades a estimular o espírito
empreendedor em uma sociedade e favorecer a criação de novas empresas
bem como oferecer condições para a sobrevivência e desenvolvimento das
já existentes. [...], uma vez que, pôr uma questão natural, os seus negócios
tendem ao crescimento, são estimuladores da competência e como
conseqüência, produzem grandes trocas nos participantes dos mercados e
na política de preços.

O Estado do Maranhão está passando por profundas mudanças


correspondentes à era da agricultura tradicional de subsistência para a era da
industrialização; da enxada à indústria pesada. Uma vez que essas mudanças no
setor empresarial, focadas nas indústrias, nos comércios e nos serviços, em que os
fatores físicos e econômicos precisam ser revistos para obterem melhores
resultados na economia local, muita coisa precisa mudar.
A situação atual e as potencialidades econômicas do Estado do
Maranhão revelam características peculiares ao setor empresarial que supera
desigualdades econômicas e sociais, e que busca desenvolver ações para o
fortalecimento das indústrias maranhenses frente a um novo desenvolvimento da
economia local, criando no Estado oportunidades de geração de emprego,
distribuição de renda e recolhimento de impostos, além de fortalecer a economia
local, mantendo-se um melhor padrão de qualidade de vida à população.
Na década de 80, a economia do Maranhão permanece em crescimento,
mesmo em períodos de crise nacional, excedendo a economia da região nordestina
como um todo e, até mesmo, de outros estados da macroárea. Com isso, “os
investimentos privados, mais que os do setor público, têm tido participação
preponderante nesse contexto, sobretudo os realizados nos setores industrial e de
serviços”, complementa Mesquita (2002, p.27).
Desta forma, a necessidade de fornecer subsídios aos empresários de
pequenos negócios faz com que a tomada de decisão seja propícia para a adoção
de mecanismos de atuação nas estratégias de mercado com a elaboração de
Políticas Públicas voltadas para uma orientação empresarial condizente com a
geração e expansão de negócios e, ainda, inclusão social por meio de atividades
empreendedoras. Sendo assim, reconhece-se que há problemas históricos no meio
empresarial maranhense quanto à falta de informação e dados estatísticos sobre a
economia local, que dificulta a execução de ações empresariais, propiciando o
aumento da informalidade nos setores.
O cenário econômico maranhense ainda se revela promissor em termos
de maiores investimentos e financiamentos aos novos empreendimentos; isso se
42

reflete na falta de uma política de incentivo tanto local como nacional. É o que
apresenta a Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer do Estado do
Maranhão (2001, p.79), realizada pela Secretaria de Educação Profissional e
Tecnológica (SEADE):

Esses investimentos relacionam-se à busca de soluções que possibilitem


aumentos de produtividade; melhoria da qualidade dos produtos; ampliação
da capacidade de produção; o aperfeiçoamento gerencial/organizacional; e,
em menor escala, lançamento de novos produtos.

Com base na Tabela 7, apresenta-se o dado referente à taxa de


mortalidade das empresas do Estado do Maranhão, podendo, assim, afirmar-se que
a taxa de mortalidade de micro e pequenas empresas (MPE’s) no Estado caiu de
51,3% em 2002 para 22,4%, atingindo um elevado crescimento principalmente nos
setores do comércio, indústria e serviços. Convém salientar que os fatores que
levaram à queda da mortalidade das empresas maranhenses refletem a melhoria do
ambiente econômico do país, em termos de estabilidade, controle de inflação e
redução dos juros, como uma das principais causas (SEBRAE, 2007).
Tabela 7: Taxa de mortalidade das MPE’s do Maranhão – 2005.

Mortalidade 88
Natalidade 392
Taxa de mortalidade 22,4%
Fonte: SEBRAE (2007).

Atualmente, o Estado registra um crescimento da taxa de sobrevivência


das micro e pequenas empresas. A queda no fechamento dessas empresas vem
ocorrendo desde 2000. Nesta época, a taxa era de 64,4%, caindo no ano seguinte
(2001) para 57,6%, e chegando a 51,3% em 2002. Na última pesquisa, pode-se
registrar um recuo de 28,9 pontos percentuais. Por esta razão, houve a queda
acentuada em todo o país fazendo com que o Brasil se aproxime dos níveis de
mortalidade de empresas em nações desenvolvidas, segundo as informações do
SEBRAE (2007).
Conforme os dados do anuário SEBRAE e DIEESE (2007), revela-se que
o número de pequenas e médias empresas formais, por porte, no Estado do
Maranhão, corresponde a 3.416 unidades, sendo que o número de pequenas
empresas nos setores da Indústria e da Construção representam 11,35% dos 3.093
unidades.

Tabela 8: Número de empresas formais por porte – 2005.

Micro Pequena Média Grande Total

Maranhão 16.103 3.093 323 198 19.717


Nordeste 260.888 43.181 4.814 2.917 311.800
Fonte: MTE. Rais
Elaboração: DIEESE
Obs.: Inclui apenas os estabelecimentos com empregados

A pesquisa revela ainda que, em 2005, apareceram mais empresas


ligadas a Comércio e Serviços. Nesse período foram abertas 7.693 empresas no
43

Maranhão e, dessas, 7.201 foram microempresas (até 9 pessoas em Comércio e


Serviços / até 19 pessoas em Indústria) e 431 pequenas empresas (de 10 a 49
pessoas em Comércio e Serviços / de 20 a 29 pessoas em Indústrias), sendo o setor
de Comércio o mais representativo no universo das microempresas, com 188
unidades abertas. No setor de Serviços houve abertura de dez pequenas empresas,
ocorrendo uma triplicação do número de acessos ao SEBRAE, com aumento de 5%
para 14%, segundo notícias do Sebrae (2007).
A Economia maranhense baseia-se no setor de serviços assumindo a
maior parte do PIB do Estado (54,5%). A indústria de transformação vem mantendo,
ao longo dos últimos anos, uma participação pouco significativa no total da indústria
nacional. Conforme dados do IBGE, representa 25,1%, formando um dos menores
parques industriais o país. Destacam-se também a indústria de alumínio e alumina,
a indústria alimentícia e a atividade madeireira. No extrativismo, o babaçu é o
principal produto. Na agricultura, predominam os seguintes cultivos: arroz,
mandioca, soja, milho, laranja, banana, algodão e cana-de-açúcar (PAER, 2001;
SEBRAE, 2005). Todavia, “os investimentos privados, mais que os do setor público,
têm tido participação preponderante nesse contexto, sobretudo os realizados nos
setores industrial e de serviços”, acrescenta Mesquita (2002, p.27).
Nesse sentido, para o setor empresarial maranhense, o amparo
governamental e o incentivo fiscal, como são, indispensáveis para sua
sobrevivência, assim como o apoio financeiro para a modernização e reequipamento
das indústrias de todos os segmentos seria fundamental para o desenvolvimento
local.

3.5 As PME’s como potencial inovador

No final do século XX e início do século XXI assistiu-se a um processo de


mudança crescente, contínuo e imprevisíveis na estrutura organizacional das
empresas. Os efeitos da globalização dos mercados exigiram atitudes proativas e
desafiadoras para qualquer tipo e porte de empresas. As empresas brasileiras, para
se manterem no mercado e alcançar vantagens competitivas, necessitavam buscar
condições mais favoráveis em relação aos concorrentes no desempenho de suas
atividades, disponibilizando produtos e serviços com melhores preços e qualidades
no mercado (SILVA et al. 2001).
No entanto, essas PME’s são caracterizadas como fortes geradoras de
empregos e renda, sendo consideradas potência para o desenvolvimento econômico
de uma sociedade (CÂNDIDO et al., 2000). Contribuem desta forma para a oferta de
vários componentes de mercadorias e serviços para outras empresas, bem como de
um potencial de incremento inovador para regiões e nações. Isso implica que, para
permanecerem promovendo o crescimento e o desenvolvimento econômico, atenção
maior deve ser dada face ao interesse real dos órgãos governamentais que devem
elaborar políticas públicas específicas de apoio à modernização, à inovação
tecnológica, visando a melhoria das condições de competitividade no contexto da
Economia. As pequenas e médias empresas sempre desempenharam papel
fundamental no desenvolvimento produtivo, econômico e social tanto no Brasil como
em outras nações; representam, portanto, uma parcela significativa do PIB desses
países desenvolvidos e em desenvolvimento, contribuindo de forma decisiva para a
geração de investimentos, emprego e renda (SANTOS; VARVAKIS, 1999).
As empresas com elevado potencial de crescimento são as pequenas e
médias, necessitam de uma base financeira capaz de proporcionar aumentos
44

relativos na produtividade, lucratividade e rentabilidade, e assim possam obter


elevado crescimento econômico e financeiro com possíveis retornos expressivos.
Nesta análise, Rieche e Santos (2006, p.2), descrevem essa importância para o
cenário de investimentos em PME’s de capital fechado.

Do ponto de vista do desenvolvimento industrial, o apoio a pequenas e


médias empresas (PME) é justificado não somente pelo alto potencial de
retornos para os investidores, mas porque tais empresas são responsáveis
por parcela preponderante do PIB de todos os países e pela geração
substancial de empregos. Mas, se por um lado o apoio às PMEs é
necessário e meritório, por outro, essas empresas enfrentam diversos
problemas para obtenção de financiamentos, seja em função da dificuldade
de apresentação de garantias, seja pela escassez de recursos próprios ou
pela dificuldade de acessar o sistema financeiro e de mercado de capitais
no Brasil. Soma-se a isso o fato de que pequenas empresas com elevado
potencial de crescimento necessitam de captações recorrentes para
composição de seu fluxo de caixa, o que acaba sendo incompatível com seu
perfil de crédito.

Nesse contexto, Amato Neto (2000, p.20) acrescenta que “O atual


ambiente competitivo é caracterizado pela preocupação das empresas em ganhar
flexibilidade, aprimorar sua capacitação tecnológica e gerencial, manter o acesso ao
mercado e estar em sintonia com as mudanças internacionais”.
Pode-se constatar que, no Brasil, as indústrias não possuem condições
econômicas favoráveis como, as das transnacionais, em realizarem pesquisas pelo
menos pesquisas básicas, desenvolvidas nas Universidades Públicas e aplicadas ao
setor industrial, adequando a Tecnologia ao produto final. Essa realidade encontra-
se distante do mundo empresarial.
Com base nos dados da segunda Pesquisa Industrial Tecnológica
(Pintec), divulgada pelo IBGE (IBGE, 2005), são expressas algumas questões que
podem ser resolvidas mediante uma política de fomento no país capaz de atender e
divulgar as vantagens que muitas empresas teriam ao investir em inovações
tecnológicas. É o que pode ser expresso no gráfico 2 abaixo.

Gráfico 2 – Participação percentual do número de empresas que implementaram


inovações - Brasil - período 1998-2000 e período 2001-2003.
45

Nota-se que das 84 mil companhias brasileiras com mais de dez


funcionários, as quais fizeram parte da pesquisa, 33,3% efetuaram algum tipo de
inovação no período de 2001-2003, sendo que, é confirmado na pesquisa do
período anterior 1998-2000: que o “Brasil é um dos países que menos implementam
inovações em bens e serviços relativamente ao número de empresas analisadas”,
complementa Sbragia et al. (2006, p.28).
O desafio que se revela às empresas que desejam competir, tanto no
mercado doméstico como no mercado internacional, é o de adotar tecnologias de
mercado, produção e informação, que possibilitem à empresa alcançar sucesso num
mundo econômico em transformação. A liberdade das trocas de fatores de
produção, a adoção de um novo padrão de qualidade e de produtividade premiarão
com lucros crescentes as empresas mais eficientes, mais criativas, mais inovadoras
(CARON, 2003). As PME’s estão inseridas nessa realidade e precisam definir o seu
campo de atuação, o caminho que quer seguir, aonde querem chegar, para sua
própria sobrevivência.
O posicionamento das pequenas empresas no mercado tende a ser de
certa forma desempenhar um papel de complementação às grandes organizações,
onde é permitida a ocupação de espaços deixados por elas quanto ao oferecimento
de bens e serviços, cuja produção e distribuição seriam mais vantajosas quando
efetuadas por essas empresas, no caso específico a empresa de menor porte
(PINHEIRO, 1996). “As empresas nacionais em geral, pequenas e médias
empresas, são mais flexíveis, mais ágeis e podem tirar proveito de sua maior
capacidade de ajuste diante do quadro mundial de mudanças e transformações”, diz
Caron (2003, p. 45).
Essas empresas passam, assim, a desempenhar um novo e importante
papel de absorção de mão-de-obra, principalmente para ajudar a enfrentar o
desemprego causado pela redução de demanda afetiva face ao desenvolvimento
tecnológico provido pelo pouco uso da força-de-trabalho (SEBRAE, 2006).
Observa-se que nem toda empresa de pequeno e/ou médio porte tem
condições de modernizar-se o suficiente para sobreviver e competir gradativamente
nesse novo contexto da Economia. Surge aí a constatação de que as Políticas
46

Públicas devem ser seletivas e direcionadas a priorizar, em particular, o incentivo e o


apoio ao processo inovativo nas PME’s. Para Dauscha, Diretor da ANPEI (2003),
cumpre ressaltar-se que:

A implantação de políticas públicas claras, acessíveis e perenes de fomento


à inovação tecnológica, aliada a um circulo virtuoso de experimentação,
melhoria continua de produtividade e de aumento das exportações,
garantirá a conscientização das organizações e a adequação a esta que é a
única formula comprovada de crescimento sustentado de um país.

Nas últimas décadas as condições favoráveis, que levam as empresas a


obter vantagens competitivas, são assumir uma postura inovativa dos seus produtos,
processos ou serviços para acompanhar os avanços tecnológicos e contribuir com o
desenvolvimento empresarial e econômico. Para assumir essa postura inovadora
surge a necessidade de aprender e criar novos conhecimentos, apesar das novas e
diferentes competências relacionadas ao desenvolvimento e implementação de
produtos, processos ou serviços (CASSIOLATO; LASTRES: 2000).
Santos (1998) assevera o importante papel exercido pelas PME’s
expressando positiva opinião sobre a contribuição econômica e social que essas têm
nas economias capitalistas, no que se refere à geração de emprego e renda
possuem uma série de vantagens, dentre as quais a maior capacidade de
flexibilidade e agilidade para adaptarem-se às mudanças ocorridas no ambiente
onde encontram-se inseridas.
Porter (1986) ressalta que as pequenas e médias empresas têm grande
importância nos países em vias de desenvolvimento, diante dos investimentos por
parte de grandes empresas estrangeiras, tendo-se em vista que geram,
rapidamente, postos de trabalhos, capacitam trabalhadores locais e trazem recursos
técnicos evitando arriscar o capital escasso do país.
De certo modo, as inovações desempenham o papel de mola propulsora
do fenômeno do desenvolvimento com crescimento econômico e que aciona e
mantém em movimento a máquina capitalista. “É dessa forma que as grandes
inovações, que constituem novos paradigmas, transformam toda a realidade
econômica e social”, acrescenta Campanário (2002, p.3). Sem as inovações, a
capacidade de geração de lucro e acumulação de capital de uma economia local ou
mundial tenderia a reduzir-se. Como conseqüência, as empresas tendem a
desaparecer do mercado, e a região ou país perderiam a dinâmica do
desenvolvimento econômico (CARON, 2004).

3.6 A Política de Incentivos Fiscais nas PME’s e o fomento no Brasil

Nos tempos atuais, as decisões de investimentos estão sendo cada vez


mais influenciadas por vantagens competitivas dinâmicas que buscam oferecer
resultados satisfatórios para o desenvolvimento das pequenas e médias empresas
industriais. A capacidade criativa, desesperadamente procurada pelos pequenos
empresários, decorre do fato de que, muitas vezes, ele não dispõe de grandes
montantes de investimentos de capital para investir em novas tecnologias em seus
produtos ou processos industriais (GIRARDI, 2002).
No dizer de Goedert (1999, p.13), a importância de uma política de
incentivos públicos e privados com mecanismos de fomento poderão ajudar na
superação de alguns obstáculos que representam barreiras para o processo de
inovação em pequenas e médias empresas brasileiras.
47

O país atravessa uma situação bastante crítica no aspecto monetário. As


pequenas e médias empresas (PME’s) estão remando contra a correnteza.
A falta de uma política bem definida de ajuda e incentivos à indústria
comércio e serviços fazem com que as PME’s não tenham competitividade
nos mercados em que atuam.

Na realidade, esses problemas e obstáculos, que atingem tanto as


pequenas e médias empresas como as grandes empresas, estão intrinsecamente
relacionados ao processo de inovação. Embora as grandes empresas também
apresentem dificuldades com a inovação, existem algumas vantagens como melhor
acesso as fontes de informação sobre tecnologias, melhor infra-estrutura, acesso
facilitado às linhas de financiamento, maiores investimentos em pesquisa e
desenvolvimento (P&D), além de outras maiores chances de desenvolver e aplicar
recursos favoráveis ao crescimento organizacional (SILVA et al., 2004).
Entretanto, no contexto das PME’s existem algumas dificuldades para
inovar, sendo elas, conforme a análise de Caron (2003): 1) Falta de recursos para
investir em inovação na empresa; 2) Falta de acesso a financiamentos; 3) Falta de
informações sobre entidades de apoio à inovação tecnológica; 4) Falta de pessoal
capacitado; 5) Falta de máquinas e equipamentos; 6) Falta de informações sobre
mudanças tecnológicas; 7) Falta de confiança em parcerias e alianças para inovação
tecnológica e; 8) Falta de informações sobre mercados.
Isso reflete o que afirmam Barroso e Damasceno (2006a, p.5-6; 2005c,
p.5), quanto à aquisição tecnológica no setor empresarial.

A inovação necessita de condições favoráveis, tais como crédito a um custo


competitivo e mercado com significativo poder aquisitivo e em expansão. O
incentivo à inovação tecnológica precisa ser reconhecido pelas empresas
como um insumo imprescindível, analogamente ao capital, a recursos
humanos e a matérias-primas. Ela precisa ser difundida como norma pela
alta administração, fazendo parte do plano estratégico, estando em
consonância com as áreas de finanças, marketing e produção entre outras.
Muitas empresas não se conscientizaram da importância das atividades de
P,D&I aplicada na melhoria da produtividade e na competitividade. Toda
inovação nas organizações encontra dificuldades burocráticas.

Observa-se que a capacidade de inovação das empresas de pequeno


porte é afetada por características organizacionais que as diferenciam das grandes
empresas, acarretando vantagens e desvantagens. As vantagens são relacionadas
à capacidade de reagir rapidamente a novas demandas do mercado; ter pouca
burocracia interna e por isso aproveitar oportunidades mais rapidamente; serem
gerenciadas de maneira mais dinâmica e com mais disposição para assumir riscos;
ter uma comunicação interna informal e eficiente; e se adaptarem mais facilmente às
mudanças no ambiente externo (ROTHWELL; DODGSON apud DOTTO et al.,
2004). Em contrapartida, essas empresas se encontram em situação desvantajosa
devido à baixa capacidade gerencial, gestão informal e escassez de recursos para
buscar e utilizar fontes externas científicas e tecnológicas, além de não incorporar
recursos humanos especializados ou bem qualificados, não podendo manter um
esforço de P&D na escala necessária, possuindo dificuldade em atrair capital de
risco. Não conseguem assumir os riscos financeiros da inovação, sem alcançar
economias de escala na produção, e têm dificuldades em reunir o capital necessário
para crescer rapidamente e lidar com organizações ou regulamentações muito
complexas, acrescentam Dotto et al. (2004).
48

Segundo Silva (2004, p.16), “Essas novas empresas, no entanto, ao


surgirem necessitam de apoio e incentivos para que possam prosperar num
mercado cada vez mais competitivo, exigente e globalizado, onde apenas os
competentes sobrevivem”. De fato, segundo Amato Neto (2000), as características
intrínsecas das pequenas e médias empresas propiciarem vantagens na geração de
renda e desenvolvimento nos países em desenvolvimento constituem-se foco
interessante de análise e de orientação de Políticas Públicas nesses países,
principalmente no que diz respeito a iniciativas de apoio orientadas no sentido do
aprimoramento tecnológico e gerencial dessa categoria de empresas.
As empresas brasileiras, especialmente as pequenas e médias, que
assumiram posturas inovativas sofreram diversos impactos ao longo do tempo tendo
sido gerados problemas e obstáculos na implementação de novas inovações; e em
função disso algumas empresas assumiram o risco de nunca ou por um determinado
período de tempo não inovar (SILVA et al. 2004).
Por isso, Krugliankas (apud SILVA et al., 2004, p.7), asseveram que:

Essa implementação de produtos e processos é um grande desafio para a


empresa, pois é necessário oferecer um ambiente propício e superar as
resistências naturais que surgem quando o processo inovativo está
ocorrendo, além de muita perseverança e investimentos para comprovar a
viabilidade do produto ou processo.
A partir disso, Barbieri et al. (2007, p.3) afirmam claramente que “O
quadro regulatório e o sistema de incentivos e apoios governamentais são decisivos
para a manutenção de um ambiente propício à produção e incorporação de
conhecimentos”. De tal modo, “a falta de investimento em atividades inovativas
dentro das empresas brasileiras fez que estas não fossem dotadas de produtos
competitivos no mercado internacional”, acrescentam Sbragia et al. (2006, p.29).
Sabe-se que a maioria dos países, tanto industrializados como
emergentes, adotam políticas de incentivo à inovação para promover o
desenvolvimento econômico, estimulando investimentos privados. Grande número
de países utiliza incentivos fiscais para estimular as empresas a investir em
pesquisa e inovação tecnológica. Com a compensação dos investimentos realizados
pelas empresas, os incentivos propiciam redução de custos e o risco de novos
projetos, tornando-se uma atratividade para as empresas (SBRAGIA et al., 2006).
No Brasil, ainda existe o preconceito em relação à subvenção direta ao setor
privado, e só agora passou-se a adotar esse mecanismo, somente nas micro e
pequenas empresas, ou para aquelas que já contam com incentivos fiscais (PDTIs),
justificam Sbragia et al. (2006).
A política de fomento no país existe desde 1967, com a participação
efetiva do Governo Federal e outros órgãos da iniciativa privada. É por meio de uma
empresa pública, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), vinculada ao
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), que o Governo Federal promove e
financia a inovação e a pesquisa cientifica e tecnológica em empresas,
Universidades e centros de pesquisa. (SILVA et al., 2004). Há dois tipos de
incentivos fiscais à inovação tecnológica das empresas: uns são específicos para a
área de informática e automação, e outros se destinam à implantação de P&D em
qualquer setor industrial (SBRAGIA et al., 2006).
A FINEP possui uma política de fomento que estabelece apoio as ações
de ciência, tecnologia e inovação, atuando junto às pessoas jurídicas e tem como
finalidade ampliar o conhecimento e formar recursos humanos, aumentar a
competitividade dos produtos, processos e serviços para o mercado internacional,
49

aumentar a qualidade e o valor agregado dos produtos, processos e serviços para o


mercado nacional, aptos para a competição internacional, entre outras.
Vale ressaltar que a FINEP ainda mantêm uma estreita relação com o
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Vale esclarecer que
a CNPq apóia prioritariamente as pessoas físicas, por meio de bolsas e auxílios,
enquanto o SEBRAE apóia projetos empresarias de inovação tecnológica e de
modernização de produtos e processos de MPE’s para o desenvolvimento
sustentável, esclarece Silva et al.(2004).
Em relação ao financiamento público, algumas iniciativas acabam tendo
um impacto reduzido, de difícil acesso e pouco abrangentes, em razão das
dificuldades operacionalizadas. Com a criação dos incentivos fiscais, pela Lei
8.661/93, chegaram a beneficiar poucas empresas. De tal forma, quando se
examinam os valores por tamanho de empresa, esse número aumenta com o
tamanho das firmas, o que mostra a maior dificuldade de acesso das pequenas e
médias empresas aos instrumentos públicos de fomento (SBRAGIA et al., 2006).
A ênfase é dada aos incentivos fiscais acerca da redução de impostos
sobre importação (bens da capital e insumos de produção), redução do imposto
sobre produtos industrializados (IPI) destinados à exportação e à produção
intermediária. Cada governo regional cria mecanismos de isenção de ICMS sobre os
produtos exportados. Os programas de desenvolvimento de C&TeI, como o
Programa de Apoio Tecnológico à Exportação (PROGEX), o Programa de
Tecnologia Industrial Básica e o Programa de capacitação de Recursos Humanos
para Atividades Estratégicas (RHAE), correspondem a um determinado caráter
especifico. Sendo assim, se preocupam com o fortalecimento da capacitação
tecnológica, recursos humanos e criação de uma infra-estrutura que aumente a
competitividade do parque produtivo nacional. Por outro lado, há dificuldades de
entendimento do funcionamento de cada programa nos diversos aspectos que são
relacionados. Implica, então, no pouco conhecimento que as micro e pequenas
empresas têm da existência de um programa que visa fomentar a capacitação
tecnológica deste segmento, na realidade são programas com desenhos
consistentes, mas que não estão conseguindo atingir o seu público-alvo (SBRAGIA
et al. ,2006).
Deste modo, as políticas de inovação voltadas para essas empresas
podem ser um instrumento de estímulo ao crescimento e iniciativa à competitividade
de setores regionais e estaduais. Em termos gerais, destacam-se os setores de
Indústria e Serviços quanto às estratégias e resultados relacionados à inovação.
50

CAPÍTULO IV

A INOVAÇÃO COMO FATOR COMPETITIVO NAS PEQUENAS E MÉDIAS


EMPRESAS

Vive-se numa época onde a queda das fronteiras deu origem à


globalização caracterizada pela alta competitividade, bem como a um cenário em
que empresas e companhias passam constantemente por reestruturações, fazendo,
portanto, com que a inovação desempenhe um papel crucial na vida empresarial de
qualquer organização. “Não há dúvida de que as inovações tecnológicas estão entre
as principais fontes de vantagens competitivas para uma quantidade crescente de
empresas industriais”, declara Barbieri (1997, p.66).
A intensa concorrência no ambiente de negócios no limiar do século XXI
impõe às organizações a implementação de uma gestão estratégica capaz de
promover a capacidade competitiva e permitir uma posição sustentável no mercado
através de processos inovativos. O desenvolvimento tecnológico e todo seu
processo de pesquisa quanto a produtos e serviços constituem fator preponderante
para o diferencial competitivo do setor empresarial. A identificação deste processo
permite que acadêmicos e gestores possam oferecer melhorias para o setor
produtivo. As pequenas e médias empresas apresentam resultado satisfatório com
relação à inovação, a questão dos investimentos associados às estruturas de P&D,
que favorecem os processos inovativos, ainda pode constituir um limitador.

4.1 A principal função da Inovação Tecnológica nas PME’s

Diante de um quadro econômico marcado pela alta competitividade,


qualidade dos produtos e concorrência acirrada, cada vez mais o êxito empresarial
depende da capacidade de inovar tecnologicamente, colocando novos produtos no
mercado, a um preço adequado, com qualidade superior e de forma mais rápida do
que seus concorrentes, o que não constitui tarefa simples.
A Inovação Tecnológica já é um assunto bastante discutido entre os
atores do processo que ocorre, principalmente em pequenas e médias empresas.
Contudo, nem sempre os frutos são obtidos com sucesso devido à falta dos canais
de financiamentos que podem sustentar as idéias. Todavia, essa forma de
financiamento não reflete na capacidade das empresas de assumirem riscos
vultosos. “A capacidade de realizar inovações tecnológicas de modo sistemático
para responder às exigências do mercado é uma das principais dimensões
competitivas das empresas”, acrescenta Barbieri (1997, p. 67).
A contribuição e o papel da inovação tecnológica nos países e nas
empresas têm assumido grande relevância para o desenvolvimento socioeconômico,
através da criação de novas oportunidades de negócios (SBRAGIA et al. 2006). E
para tanto, a inovação tecnológica tem proporcionado amplas discussões políticas e
acadêmicas, sobretudo pela questão do desenvolvimento e da competitividade nas
empresas, regiões e nações, além de ser uma das preocupações constantes das
organizações em meio aos novos desafios de competitividade e sobrevivência no
mercado, comentam Barroso; Damasceno (2006).
Dessa forma, Fonseca (2001, p. 66 e 73) ressalva: “O processo de
inovação tecnológica está intimamente ligado à geração de idéias, ainda que
inovação seja mais do que criar uma idéia, mas colocar essa idéia em uso”. E,
ainda, comenta sobre a formação de profissionais qualificados em todos os níveis,
51

colocando a educação como prioridade número um para obtenção de melhores


resultados no processo de inovação. “A capacitação da mão-de-obra do país para
absorver as novas idéias (tecnologias) depende, sobretudo, do nível de educação da
população”.
Para melhor compreensão sobre Inovação Tecnológica, é necessário
distinguir alguns conceitos. Na publicação do “Livro Verde da Ciência, Tecnologia e
Inovação”, coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), divulga o
conceito de Inovação Tecnológica sob a óptica da OCDE citada no Manual de Oslo
(1996, p.35).

Inovação tecnológica de produto ou processo compreende a introdução de


produtos ou processos tecnologicamente novos e melhorias significativas
em produtos e processos existentes. Considera-se que uma inovação
tecnológica de produto ou processo tenha sido implementada se tiver sido
introduzida no mercado (inovação de produto) ou utilizada no processo de
produção (inovação de processo). As inovações tecnológicas de produto ou
processo envolvem uma série de atividades científicas, tecnológicas,
organizacionais, financeiras e comerciais. A firma inovadora é aquela que
introduziu produtos ou processos tecnologicamente novos ou
significativamente melhorados num período de referência.

Entende-se por Inovação Tecnológica, segundo Caron (2004, p.1), “é a


transformação do conhecimento em produtos, processos e serviços que possam ser
colocados no mercado”. Para Barbieri (1997, p.67), “Inovação Tecnológica é um
processo realizado por uma empresa para introduzir produtos e processos que
incorporem novas soluções técnicas, funcionais ou estéticas. (...) Ou dito de outra
forma, trata-se de inovações pioneiras que introduzem novidades absolutas”.
Muitos autores reconhecem a importância que esse fator representa para
a organização que pretende conservar-se competitiva. Essa afirmação é adotada por
Leifer et al. (2002, p.18) quando dizem que “o cenário competitivo contemporâneo
tem sido regido pela Revolução Tecnológica, Globalização, hipercompetitividade e
extrema ênfase sobre preço, qualidade e satisfação do consumidor, exigindo um
foco na inovação como competência estratégica”.
A capacidade de desenvolver inovações tecnológicas de forma sistêmica
para atender às exigências do mercado é uma das principais dimensões
competitivas das empresas, comenta Barbieri (1997). Embora os estudos abordem a
questão da inovação tecnológica como fator de competitividade empresarial e
determinante do crescimento econômico de um país, os incríveis avanços científicos
e tecnológicos, assim como as profundas mudanças que se estão produzindo de
forma unânime, obrigam à renovação contínua de processos tecnológicos para
manter a competitividade (SÁNCHEZ; PAULA, 2001, p.42).
Diante deste contexto, Barroso e Damasceno (2005, p. 2) revelam a
importância da capacidade inovadora das empresas na obtenção de vantagens
competitivas.

A capacidade de realizar inovações tecnológicas tem sido uma das


exigências do mercado em resposta às várias dimensões competitivas nas
empresas. 1) Imposição de uma situação cada vez mais complexa e
desafiadora que exigem soluções inovadoras; 2) Necessidade de investir
em inovação tecnológica e pesquisa e desenvolvimento (P&D) como fonte
de Vantagens Competitivas; 3) Interação entre Instituições de
Pesquisa/Universidades para ampliação de resultados nos esforços da
P&D.
52

A inovação tecnológica é constituída de várias etapas e atividades


complexas, nas quais integram diversos agentes com diferentes papéis, tornando
assim, uma tarefa difícil de delimitar o início e o término de um processo de
inovação. Uma das estratégias competitivas possíveis de ser empregada pelas
empresas é a diferenciação dos seus produtos e serviços de forma inovadora. Para
Santos (1996, p.2), “a estratégia indica o caminho que a organização define para
seu negócio e deve se transformar internamente em diretrizes e planos de ação para
os processos e relacionamentos com o mercado-alvo”.
Sem dúvida, isso implica na contribuição e no papel da inovação
tecnológica nos países, representando grandes vantagens para o desenvolvimento
socioeconômico e a criação de novas oportunidades de mercado. Craveiro,
presidente da ANPEI, afirma que

Inovar tecnologicamente é reunir um arcabouço de conhecimentos e


técnicas para desenvolver novos processos e fazer novos produtos para o
mercado, gerando riquezas e divisas para o país. É nas empresas que
ocorre o processo de transformação da ciência num bem econômico e
social.

Deste modo, o reconhecimento que as empresas são as principais forças


inovadoras de um país, requer mecanismos expressivos de motivação para a
produção de novos produtos, processos e serviços cada vez mais competitivos no
mercado. Talvez muitas empresas ainda não se conscientizaram da importância e
dos ganhos da atividade de inovação tecnológica. Desta forma, se tornam frágeis e
sensíveis as ameaças de um mercado cada vez maior e oscilante economicamente.

4.2 A importância da Pesquisa e Desenvolvimento nas Indústrias

O cenário empresarial vem sendo dominado pela Revolução Tecnológica,


a Globalização, hipercompetitividade e ênfase conjunta sobre preço, qualidade e
satisfação do consumidor, focalizando a inovação como competência estratégica. A
inovação tem como resultado factível propiciar melhorias nas condições competitivas
de mercado e, conseqüentemente, otimizar, via processo inovativo, a redução dos
custos fixos para obter-se uma escala de produção e adquirir-se as reais condições,
visando-se os benefícios da legislação de P&D.
Isso implica segundo a concepção de Guimarães (2000, p.122) na
seguinte afirmação:

Se é a empresa o veículo natural para a introdução da inovação no mercado


tem ela que ser o objeto privilegiado da política de P&D, já que, se ela
domina a tecnologia que utiliza é improvável que possa interagir com a
pesquisa e desenvolvimento no sentido de realizar inovações, mesmo que
tais inovações sejam secundárias.

A gestão da inovação, porém, é complexa e arriscada: impõe o uso de


competências gerenciais distintas daquelas requeridas para a gestão tradicional.
Não obstante ao seu caráter multidisciplinar e multifuncional exige uma estreita
colaboração entre as diversas áreas da empresa, especialmente no Marketing, nas
operações, na Engenharia de produção e processos e outros. Isso representa custos
elevados, riscos econômicos excessivos e escassez de fontes de financiamento
apresentados pelas empresas para o investimento singular em inovação tecnológica.
53

Essas empresas inovadoras sabem diferenciar seus produtos (bens e


serviços) e beneficiar-se de processos produtivos mais eficientes, conseguindo não
apenas melhorar sistematicamente sua produção, mas também inovar com sucesso,
sem omitir-se da responsabilidade das economias externas. A partir disso, essas
empresas buscam apoio junto a setores de desenvolvimento e pesquisa científica e
tecnológica atribuída aos seus segmentos produtivos.
Como complemento deste contexto, Silva (2005, p. 31) esclarece:

Atualmente, as empresas inovadoras sentem a necessidade de aproximar-


se de setores ligados ao conhecimento, Universidades ou centros de
pesquisas e algumas empresas procuram além de manter seus projetos
cooperativos, também estruturarem seus próprios centros de pesquisa e
desenvolvimento (P&D) para dar suporte aos seus colaboradores envolvidos
em pesquisa.

Diante do exposto, Roussel et al. (1992, p.1) garantem que o sucesso das
empresas dependem da sua capacidade e sua habilidade de administrar os esforços
de pesquisa e desenvolvimento, pois

As empresas que obterão sucesso na competição global serão aquelas que


empregam tecnologia para manter uma margem na qualidade do produto e
na inovação, uma vantagem na produção e na produtividade de marketing,
e poder de resposta aos interesses de mercado.

De fato, o processo de inovação no Brasil ainda é incipiente e não


demanda uma sólida base de conhecimentos. “O mais grave é que as inovações
continuam concentradas em poucos segmentos, cuja intensidade tecnológica é alta
por sua própria natureza”, informam Sbragia et al. (2006, p.30). Contudo, para a
implementação de uma inovação tecnológica envolverá a criação de ferramentas,
aquisição e preparação dos recursos de manufatura, produção inicial, sustentação
comercial e outras atividades que se encontram entre as mais críticas de qualquer
processo de inovação (BARBIERI, 1997).

4.3. O papel da P,D&I no contexto empresarial

No contexto atual, os mercados, as tecnologias e as formas


organizacionais são caracterizados por mudanças aceleradas que geram
capacidade e absorção às inovações, consideradas, absolutamente, cruciais para
que agentes econômicos se tornem competitivos. Para a empresa moderna, a
gestão da pesquisa e do desenvolvimento (P&D) é encarada como uma arma que
possibilita alcançar uma diferenciação competitiva (ROUSSEL et al. 1992).
Neste caso, a possibilidade de que uma organização venha se tornar
inovadora depende de fatores internos e externos. Os primeiros se referem a uma
gestão moderna que encoraje as iniciativas e valorize o aprendizado individual e
grupal apresentando melhores condições internas para que as inovações aconteçam
em bases sistemáticas. Porém, as condições externas dependem da economia
como um todo e do ambiente de Ciência e da Tecnologia nacional, regional e local,
entre outras (BARBIERI et al., 2007).
Para acompanhar as rápidas mudanças em curso, é extremamente
necessária a aquisição de novas capacitações e conhecimentos, intensificando a
capacidade de indivíduos, empresas, países e regiões no sentido de aprenderem e
transformarem este aprendizado em fator de competitividade. E esta fase é baseada
54

no aprendizado e na gerência do conhecimento. No que se referem Sbragia et al.


(2006, p.32), “O Brasil possui um dos dez maiores parques industriais do mundo,
mas fabrica produtos de baixo e médio valor agregado, por falta de linhas
consistentes de financiamento à P&D, ao lado da falta de cultura inovadora por parte
dos empresários”.
Neste sentido, reconhece-se que o Brasil despende pouco recurso com
P&D, assim como possui um fraco sistema para formação de recursos humanos,
ocorrendo assim uma deficiência diante dos demais países desenvolvidos e
industrializados. “As atividades de P&D nas empresas se caracterizam pelo custo
elevado e retorno incerto. Por isso, as nações industrializadas dispõem de um
conjunto de políticas e instrumentos de incentivo e fomento à P&D empresarial”,
referem-se Melo e Silva (2001, p.133).
É a partir dessas mudanças que surgem as janelas de oportunidade que
permitem nações galgar um novo patamar qualitativo na trajetória do
desenvolvimento, propiciando organização em seus próprios sistemas nacionais de
inovação, de forma a sair do estágio de subordinação tecnológica, conquistando a
etapa de eficiência e competitividade. Diante disso, urge buscar iniciativas
imprescindíveis para que a inovação possa alavancar a competitividade existente no
país, contando com o apoio do Poder Público quanto à aplicação de Políticas
Públicas favoráveis ao setor empresarial.
Diante disso, as PME’s enfrentam grandes dificuldades de desenvolver
estratégias de desenvolvimento tecnológico devido às restrições de financiamentos,
comprometendo os resultados da implantação de novas tecnologias no setor
empresarial. De fato, o Brasil não investe muito em Pesquisa, Desenvolvimento e
Inovação (P, D & I) em relação a países de nível semelhante. Já a redução do
esforço em P, D & I pelo setor público padece por características intrínsecas do
estado brasileiro, como a falta de recursos, limitações legais e descontinuidade
administrativa fazendo com que a concentração de pessoal do alto nível de
formação concentre-se, relativamente nas pesquisas básicas.

4.4 Por que e para que Inovar?

A capacidade de inovar é atualmente a componente chave para a


sobrevivência e desenvolvimento das pequenas organizações. O futuro hoje é cada
vez menos previsível a partir de parâmetros passados e o ambiente de negócios
revela-se cada vez mais acirrado e desafiador. O fato é que as empresas de
pequeno porte vêm resistindo, aos processos históricos de concentração e
centralização econômica, concebendo atualmente, um segmento importante na
atividade industrial, comercial e de serviços, responsável pela geração de uma
expressiva parcela de empregos, renda e investimentos, além do produto nacional e
arrecadação de impostos (GIRARDI, 2002).
Não obstante, a empresa que busca inovar está agregando valor ao seu
potencial competitivo, obtendo maiores lucro e reduzindo custos, aumentando suas
vantagens de sobreviver no mercado, pois se sabe que “a inovação de produto e de
processo permite que a empresa inovadora se diferencie das demais. Sendo mais
produtiva, produzindo com menores custos, ou detendo produtos inovadores, a
empresa consegue se apropriar de lucros gerados a partir dessa diferenciação”
declara Campanário (2002, p.4). O autor afirma ainda que a empresa inovadora que
contém maiores recursos advindos dos ganhos das inovações, passa a obter maior
fôlego financeiro para viabilizar outros projetos de P&D, podendo arriscar em
55

estratégias mais ousadas, mais ofensivas, na realização de atividades tecnológicas.


Desta forma, a busca por inovação chega a ser mais permanente.
Do ponto de vista de Amato Neto (2000, p.7), o significado da pequena e
média empresa no processo de desenvolvimento econômico e social de um país,
constituem como:

Organizações propícias à inovação e à geração de renda e emprego,


quanto por sua elevada importância como fornecedoras das grandes
empresas, [...] na qual a presença da pequena e média empresa constitui-se
em fator de fundamental importância para o desenvolvimento industrial,
econômico e social.

No resultado da pesquisa do Comitê Inovação nas Pequenas e Médias


Empresas (PME) da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e
Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei) publicam “Pequenas e médias
empresas brasileiras revelam que inovar é imprescindível para seu funcionamento”.
Certamente, é o mercado dinâmico e competitivo que impulsiona as empresas a
investir em inovação. As PME’s inovam principalmente por conta da oportunidade de
mercado e para reagir à concorrência. A busca por maior lucratividade,
produtividade e rentabilidade e a exigência dos clientes também estão entre os
fatores que motivam a inovação (PERFEITO, 2007).
Essas empresas não têm consciência dos possíveis ganhos competitivos
trazidos pelas inovações. Sendo que, a maioria destas empresas gera ou adota
inovações apenas quando elas percebem claramente as oportunidades de negócio
ligadas à inovação ou são pressionadas por clientes e/ou fornecedores (La Rovere,
2001). Percebe-se que muitas dessas empresas desconhecem o potencial inovador
ajustado em seus produtos, processos e serviços, ocasionando a obtenção de
ganhos competitivos e vantagem comparativas diante das grandes empresas.
A empresa que inova se diferencia das demais, tornando-se mais
produtiva, produzindo com menores custos, ou detendo produtos inovadores,
conseguindo se apropriar de elevados custos a partir dessa diferenciação. Para
Campanário (2002), a empresa inovadora que adquire maiores ganhos das
inovações, passa a deter mais capital para viabilizar outros projetos de P&D,
lançando estratégias mais ousadas e mais ofensivas, na realização de atividades
tecnológicas. Desta forma, as empresas mais inovadoras não podem nunca mais
parar de inovar, pensando que sua posição de liderança é duradoura. Portanto, a
busca por inovação é permanente.
Na divulgação da terceira edição da Pesquisa de Inovação Tecnológica
(Pintec), pelo IBGE, houve a expansão dos estudos nos setores de
Telecomunicações Informática e Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). As empresas
industriais de médio porte, com corpo de funcionários de 100 a 499 empregados,
foram as que obtiveram aumentos mais significativos nas taxas de inovação em
comparação como os dois triênios 2003/2005 contra 2001/2003, conforme é
demonstrado na Tabela 9.

Tabela 9: Participação percentual do número de empresas que implementaram


inovações, segundo faixas de pessoal ocupado.
56

No entanto, as taxas de inovação para as empresas de 10 a 40


empregados cresceram de 31,5% para 33,3%. Elas correspondem 79,7% do
universo da PINTEC 2003, e são as que mais afetam a taxa de inovação da indústria
nacional. No entanto, constata-se que as variações das taxas de inovação, de modo
geral ou específico, não sofreram alterações significativas e permanecem oscilando
segundo as faixas de pessoal ocupados. Contudo, o esforço inovativo foi maior nos
segmentos de telecomunicações, informática e P&D do que nas indústrias de um
modo geral.
A grande maioria, portanto, é de empresas que não diferenciam seus
produtos e apresentam produtividade menor. Dessa forma, elas não se beneficiam
significativamente da inovação. Por isso, não importa o tamanho e nem o porte da
empresa, é preciso investir em novas tecnologias e ter uma estratégia de mercado
eficiente, buscando informações e apoio para agregar valor ao seu negócio.

4.5 A contribuição das Universidades como geradoras de tecnologia para as


empresas locais.

Algo diferente que ocorre em países desenvolvidos que pode explicar


parte de uma tímida participação mundial do Brasil em P,D&I é a distancia entre a
empresa e a Universidade e centros de pesquisa. O relacionamento entre
Universidades e empresas no Brasil ainda não estão em um nível adequado se
comparado aos países industrializados, apesar dos estudos “apontarem para a
necessidade de uma integração entre Universidades e empresas no enfrentamento
dos desafios da indústria brasileira e na geração de novas oportunidades, tanto em
Ciência e Tecnologia (C&T) quanto em (P&D)” (TAMBOSI, 2001).
Barroso e Damasceno (2006b, p.5) revelam que a pouca relação que há
entre as empresas e as Universidades e centros de pesquisa na obtenção do
desenvolvimento e modernização dos processos produtivos, desfavorece o avanço
tecnológico em seus produtos e processos.

No Brasil, reconhece-se, que a empresa interage pouco com as


Universidades, principalmente as pequenas, por investirem pouco em
tecnologia, já as grandes empresas realizam pesquisas internamente;
outras trazem tecnologia de fora; portanto há pouco conhecimento das
empresas quanto à utilidade das Universidades no que podem fazer e
fazem, devido à falta de envolvimento, marketing, confiança e credibilidade.

Sbragia et al. (2006) comentam que esse caso ocorre no Brasil em razão
da falta de cultura, necessidade e motivação das empresas em investir em
desenvolvimento tecnológico, sendo poucas empresas que possuem estruturas
57

próprias de P&D. E, acrescentam, (2006, p.94): “A colaboração com universidades e


institutos de pesquisa é uma alternativa viável, mais rápida e mais barata do que a
montagem de laboratórios e a contratação de profissionais especializados em várias
áreas do conhecimento”.
Diante deste contexto, existem diversas barreiras (organizacionais,
pessoais/profissionais e culturais), que são consideradas como diferenças de
características e objetivos aspirados por ambas às partes. A principal meta da
Universidade é investir na geração de conhecimentos e tecnologia no
desenvolvimento da sociedade em geral; para a empresa, o importante é gerar
receitas (lucros) para a sua sobrevivência que sem ela são incapazes de realizar sua
função social de criar empregos atendendo a sociedade, alterando a tecnologia para
garantir sua participação no mercado (BARROSO; DAMASCENO, 2006)
Existem alguns órgãos governamentais que estimulam e fomentam a
pesquisa e o desenvolvimento entre a cooperação de Universidade e empresa.
Como por exemplo, os Programas Federais, PADCT, PRONEX, RHAE e os
Programas Estaduais como a FAPEMA (Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado do
Maranhão) e a SECITEC (Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Ensino
Superior e Desenvolvimento Tecnológico) e a SINCOEX (Sistema de Apoio à
Industria e ao Comércio Exterior) entre outros.
A declaração do diretor da Agência Brasileira de Desenvolvimento
Industrial (ABDI) à Agência FAPESP revelou que o Brasil é um dos países com
maior cooperação entre Universidades e empresas em todo mundo, porém essa
prática não é nomeada como Política Pública e por isso tem pouca visibilidade.
Apesar de, “a pesquisa tecnológica no Brasil dá ao país vantagens comparativas”,
acrescenta. Todavia, esta postura não condiz com uma realidade complexa que hoje
se apresenta nas empresas. Sabe-se, entretanto, que esta realidade é mais
comumente realizada no âmbito das grandes empresas por terem maior capacidade
de conhecimento e acesso rápido às informações, o que de fato, para as PME’s é
uma deficiência.
Atualmente as empresas inovadoras sentem a necessidade de aproximar-
se de setores ligados ao conhecimento, Universidades ou centros de pesquisas e
algumas empresas procuram além de manter seus projetos cooperativos, também
estruturarem seus próprios centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para dar
suporte aos seus colaboradores envolvidos em pesquisa.
Para Amaral (apud BARROSO; DAMASCENO, 2006, p.7), as
Universidades precisam

olhar a colaboração com a empresa com menos dúvida e menos


preconceito. E o empresário precisa ver na Universidade um aliado,
respeitar os que estão na chamada pesquisa pura porque não existe
pesquisa aplicada, porque não se aplica o que não se tem, o que existe é
ciência.

O principal papel da Universidade é produzir ciência. À medida que ela vai


produzindo ciência, mais espaço ela estará criando para a aplicação. Segundo
alguns pesquisadores, as Universidades são responsáveis por 90% da pesquisa
cientifica do país. Os autores enfatizam que na pequena empresa, o gestor principal
deve conduzir a gestão de P, D&I, considerando a temática da implantação efetiva
nestas empresas, complementa Barroso e Damasceno (2005).
Nesse contexto, outro ponto importante revelado na pesquisa Pintec e
ressaltado no estudo conduzido pela ANPEI (2004), refere-se: “o perfil do
58

empresário ou executivo é determinante na capacitação tecnológica das empresas”.


E, para tanto, Roussel et al. (1992, p.12) acrescentam

[..] aumentar a apreciação dos lideres industriais para aquilo que a ciência e
a tecnologia podem fazer por eles, e desenvolver sua compreensão a
respeito de uma administração intencional e estratégica de P&D que
promova lucrativos avanços na Ciência e na Tecnologia.

Por isso, Gestores precisam aderir a uma postura mais ativa e


prospectora frente aos novos desafios da inovação. Não se pode conceder uma
postura empresarial que está a reboque dos avanços tecnológicos. De certo que se
pode contestar que as condições brasileiras não são adequadas quando
comparadas com os concorrentes internacionais (juros mais baixos, garantias
menores, prazos maiores etc.). Mas isto não pode significar simplesmente se valer
de tecnologias obsoletas ou sem competitividade adequada.

CAPÍTULO V

ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA DE CAMPO

O objetivo deste capítulo é revelar a análise dos dados obtidos no


levantamento de campo e estabelecer relações com as bases teóricas apresentadas
nos capítulos anteriores. Diante disso, serão apresentados os resultados que
descreve o perfil das pequenas e médias empresas maranhenses no contexto da
gestão da inovação realizada nesses setores como fator decisivo para obter
vantagens competitivas e processos produtivos inovadores. Apresentam-se as
principais informações levantadas junto aos empresários das empresas industriais
sediadas em municípios maranhenses para compreender seu comportamento diante
do fenômeno da inovação.
Neste caso, pretende-se revelar como os empresários e as empresas
industriais de pequeno e médio porte localizadas em diferentes municípios do
Estado do Maranhão e atuando em ramos industriais diferentes, percebem a
mudança e a necessidade de inovação. Qual o nível de conhecimento desses
59

empresários sobre as práticas empresariais apresentadas neste trabalho em relação


à análise da gestão da inovação nas empresas e suas conexões com as ações
estratégicas para obter vantagens e competitividade.
Analisa-se, também, a visão de mundo dos empresários num ambiente
mutante e turbulento na identificação das oportunidades de inovação tecnológica
para o melhoramento de seus produtos e processos, e que dificuldades desprendem
para incorporar, gerar e irradiar inovações e a participar competitivamente do
mercado em tempos de globalização, de abertura econômica, aumento de
incertezas e insegurança, porém, de oportunidades, de crescimento e lucros.

5.1 Análise Empírica

No que diz respeito à caracterização dos respondentes, o tempo de


existência das 30 empresas no mercado distribui-se assim: 16 empresas existem há
mais de 15 anos, apenas 2 delas estão entre 10 até 15 anos de existência, 5
empresas atuam no intervalo de 5 até 10 anos e 7 empresas tem até 5 anos. O
tempo de atuação dos dirigentes principais tem como principal categoria mais de 15
anos de experiência. A maior parte trata-se de empresa LTDA. (21 respondentes),
com 06 S/A e, Outros, 3. Destas 30 empresas, 05 são exportadoras e 25 não
possuem experiência internacional. Quanto ao número de funcionários, considerou-
se microempresa aquela que possui até 49 empregados, pequena empresa aquela
que possuía até 99 empregados, e média empresa, aquela com até 499
empregados. Dentre os respondentes, 15 empresas possuíam até 49 empregados, 5
empresas possuíam até 99 empregados e 10 empresas possuíam até 499
empregados.
Quanto aos dirigentes principais das empresas respondentes, o nível de
instrução constatado foi de 16 empresários que possuem nível superior completo; 03
respondentes possuem nível de pós-graduação; 10 empresários têm nível médio e
apenas 01 empresário possui nível fundamental. O predomínio do gênero desses
dirigentes é o sexo masculino (28 dirigentes), conforme mostra o gráfico 4 abaixo.

70

60
57
50
50 50
40

30 32
Percentual

Sexo do Entrevistado
20
Masculino
10
11
0 Feminino
N

P
u

ó
.

s-
F

e
u

g
é

ri
n

ra
d

o
d

io

d
a

u
m

a
o
e

çã
m
n
ta

o
le
l

to

Nível de instrução

Gráfico 3: Nível de Instrução dos entrevistados, por sexo.


Fonte: Pesquisa de campo, São Luís, 2007.

Buscou-se identificar a que nível hierárquico organizacional está


subordinado e, o que estas empresas consideram como um setor de P,D&I. Aqui já
observa situação indesejada visto que apenas 05 empresas afirmaram se quer
60

possuir um setor formalizado de pesquisa, mesmo que seja considerado um setor


com pouca estrutura. Das empresas que possuem uma formalização, somente 07
delas vinculam o setor de P,D&I à diretoria empresarial. Observa-se uma realidade
não condizente com os desafios e as práticas organizacionais requeridas
atualmente, conforme já comentado. A maioria dos respondentes se quer possui
setores de P,D&I, o que mostra um grau de amadorismo e mesmo de negligência
sobre a pesquisa e inovação em tais organizações, representada, em percentual, no
gráfico 5 abaixo.

Sim
16.7%

Não
83.3%

Gráfico 4: Existência de P&D Formalizada


Fonte: Pesquisa de campo, São Luís, 2007.

Outro ponto investigado diz respeito ao conhecimento de benefícios da


legislação específica na aplicação de recursos em P,D&I nas organizações. Esta
variável também pode ser um indicativo do interesse dos participantes em tentar
conhecer e usufruir de possíveis instrumentos legais que permitiriam uma gestão
mais adequada desta seara. Aqui já se pode observar um fator preocupante, pois,
de 30 questionários respondidos, 12 respondentes declararam que simplesmente
não conhecem qualquer legislação relacionada com esta temática, enquanto 18
empresas reconhecem a existência de uma legislação, como mostra o gráfico 6.

Tabela 10: Legislação específica qto a P&D * Benefício sobre a


Legislação
Benefício sobre a
legislação
Sim Não Total
1 17 18
Sim Legislação específica
Legislação qto a P&D
5.6% 94.4% 100.0%
específica qto a
P&D 12 12
Não Legislação específica
qto a P&D
100.0% 100.0%

1 29 30
Total Legislação específica
qto a P&D
3.3% 96.7% 100.0%

Fonte: Pesquisa de campo, São Luís, 2007.

Ainda com o reconhecimento, quase a totalidade não se utiliza de tais


mecanismos de apoio à pesquisa e inovação. Das 30 respostas válidas, 28 delas
61

disseram não se utilizar de qualquer benefício legal de pesquisa, sendo que apenas
duas empresas são beneficiadas com a utilização de um programa estadual, o
SINCOEX (Sistema de Apoio à Indústria e ao Comércio Exterior). Registra-se ainda
que nenhuma das empresas utilizam os programas presentes na legislação federal
e, outros, na estadual, de apoio a Pesquisa e Desenvolvimento, que também poderia
contribuir para uma melhor gestão da inovação destas empresas.
Buscou-se investigar também o uso de investimentos em P,D&I com
recursos próprios das empresas. Aqui mais uma vez o que se pode observar entre
os respondentes foi um resultado não tão adequado quando comparado com outras
realidades relatadas na literatura. Neste quesito, apenas oito empresas aplicam
recursos próprios em pesquisa, correspondendo a 27% (Gráfico 5).

80

73

60

40
Percentual

20

10
7 7
0
0% 11%a30% 0,1%a10% 31%a50% Acimade50%

Gráfico5: Percentual derecursosinvestidos


Fonte: Pesquisadecampo, SãoLuís, 2007.

Mais grave foi a situação constatada que a maior parte dos respondentes
não designa recursos por não considerarem relevante tal prática. Isto demonstra um
grande distanciamento das práticas empresariais destes respondentes com as
demandas indicadas nos referenciais teóricos deste tema.
Quando indagados sobre a relevância de se ter uma estreita relação entre
o desenvolvimento estratégico empresarial e a P,D&I, ainda que a empresa não
possua uma prática de pesquisa, o que se pode constatar é que a maioria também
não considera esta prática relevante, visto que apenas sete respondentes
destacaram a prática da pesquisa com estreita correlação com suas ações
empresariais.
Estes dados são preocupantes sob o ponto de vista estratégico, no que
diz respeito a participação da P,D&I não ser considerada relevante para as grandes
ações destas empresas. Fato refletido também quando 11 das empresas
respondentes declararem que utilizam de tecnologias advindas de tecnologia de
domínio próprio; 08 empresas utilizam tecnologias de domínio púbico e apenas uma
aplica pesquisa compartilhada. Como salientado no referencial teórico, a
competitividade está cada vez mais atrelada com produtos e processos inovadores,
e quando visto um conjunto de empresas que não considera esta prática importante,
fica-se a preocupação da posição competitiva e mesmo a sobrevivência das
mesmas.
Esta posição está refletida em mais uma variável aqui investigada, a que
se trata da destinação de parte do orçamento empresarial para a P,D&I. A tônica
principal é simplesmente a total ausência de destinação orçamentária para este fim.
62

Tendo-se apenas dez delas com esta prática, o que vem mais uma vez enfatizar
uma situação delicada das empresas respondentes instaladas no Estado do
Maranhão, ainda que tais resultados não sejam generalizáveis.
Por fim, procurou-se identificar possíveis parcerias empresariais
desenvolvidas pelos respondentes no que se refere a P,D&I. Diante da propagada
importância para atuação em rede das empresas no que se refere a este tema para
buscar alcançar competitividade, o conhecimento desta realidade maranhense
também é importante. Mais uma vez os resultados se mostraram com um número
reduzido de empresas com estas práticas formais, correspondendo a 05 empresas
(16,7%) e, apesar de que 06 delas (20%) tenha dito que possuíam alguma parceria
em nível informal.
Um tipo específico de parceria é aquela realizada com Universidades e
centro de pesquisa, visto estes serem locais especializados e que seriam caminho
natural para a existência de parcerias desta natureza. Neste sentido, essa parceria é
uma prática reconhecida pela literatura como fator importante para o
desenvolvimento da pesquisa e da competitividade resultante para as organizações.
Mais uma vez, os resultados podem ser considerados críticos.
Tabela 11: Parceiros envolvidos * Parceria em P&D com Uiversidades
Parceria em P&D com Uiversidades
Sim Não Total
4 4
Parceiros
Universidades 100.0% 100.0%
envolvidos
100.0% 66.7% 33.3%
2 2
Parceiros Ent. de Repr. Parceiros
100.0% 100.0%
envolvidos da Categorias envolvidos
100.0% 33.3% 16.7%
2 4 6
Parceiros
Outros 33.3% 66.7% 100.0%
envolvidos
100.0% 33.3% 66.7% 50.0%
6 6 12
Parceiros
Total 50.0% 50.0% 100.0%
envolvidos
100.0% 100.0% 100.0% 100.0%
Fonte: Pesquisa de campo, São Luís, 2007.

Apenas quatro empresas entre os respondentes registraram parcerias


formalizadas com Universidades para o desenvolvimento de alguma P,D&I e ainda
assim, relatados como em estágios embrionários, o que não pode ser considerado
um número adequado quando comparado ainda com práticas internacionais. A
tabela 11, acima, demonstra tal situação nas empresas maranhenses.
63
64

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente monografia teve como principal finalidade investigar como os


principais gestores de pequenas e médias empresas localizadas no Estado do
Maranhão gerenciam, sob o ponto de vista estratégico, as práticas de pesquisa e
desenvolvimento tecnológico.
Foram apontadas diversas variáveis, onde se detectou que muitas
empresas têm pouco interesse em investir na pesquisa como estratégia de inovação
em seus produtos, serviços e processos. Muitas das empresas que responderam ao
questionário não conhecem a participação das Universidades/Institutos de Pesquisa
para a criação e o aprimoramentos de novas tecnologias, bem como os incentivos
dos programas federais e estaduais em apoiar e fomentar o desenvolvimento
tecnológico e a pesquisa científica.
Reconhece-se que há uma falta de cultura para a pesquisa no âmbito das
empresas privadas, havendo um baixo incentivo das entidades de classe, que
poderiam usufruir dessas informações para fomentar a P&D no Estado ou encorajar
as empresas filiadas a engajarem-se em novos e estratégicos processos de
desenvolvimento de novas tecnologias. No entanto, houve um esforço para
identificar as estratégias de P&D das indústrias maranhenses em representar grande
relevância à aplicação de inovação tecnológica nos produtos, processos e serviços.
Muitas empresas não atribuíram a nenhum investimento em P&D alinhados aos
objetivos estratégicos e nem ao conhecimento da existência de uma legislação
especifica a P&D e seus benefícios oferecidos.
Os resultados encontrados na pesquisa foram ao encontro das
expectativas prévias do estudo, destacando para a possibilidade de melhoramento
de um instrumento capaz de aproximar estas duas áreas entre a ciência e a
realidade, pois as cooperações tecnológicas entre Universidades e empresas
permitem uma nova abordagem em P&D, aplicados em um novo contexto. As
empresas analisadas mostram-se distantes da realidade de investir no avanço da
pesquisa e da inovação tecnológica, que são fundamentais na aplicação do setor
produtivo e base principal para o crescimento econômico empresarial.
Algumas empresas, apesar de possuírem interesse em incorporar
conhecimento e melhoramento em seu produto, desconfiam da capacidade da
Universidade local em desenvolver novas técnicas de aplicação, utilizando como
fonte de pesquisa tão-somente a “pesquisa própria”, ou porque desconhecem o
verdadeiro significado da capacidade científica instalada no país, certamente poucas
expostas a necessidade de competirem globalmente e por não incluírem a inovação
e o desenvolvimento tecnológico como prioridades aos objetivos estratégicos
organizacionais.
Diante do número de respondentes da pesquisa, os resultados aqui
propostos não devem ser generalizados, mesmo assim podem ser considerados
indicadores de uma realidade, haja vista a diversidade dos setores das empresas
participantes. Percebeu-se que as práticas empresariais não incorporaram, ainda,
entre a amostra pesquisada, a necessidade de colocar a inovação como fator chave
do desenvolvimento empresarial e de sua competitividade. Isto de certa forma não
deixa de ser realidade no nível nacional, conforme demonstra pesquisa da
Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas
Inovadoras (ANPEI, 2004).
Os resultados desta pesquisa indicam que os gestores necessitam
reexaminar suas práticas em P,D&I como um caminho natural para a
65

competitividade. Ainda que alguns exemplos positivos fossem citados, o que


prevaleceu foi um cenário onde se negligencia a pesquisa e o desenvolvimento, fato
preocupante para uma realidade de concorrência elevada como prevalece hoje.
Estes resultados indicam uma necessidade, no mínimo, de mudança de postura
gerencial e estratégica destas organizações, se querem assumir um lugar de
destaque no mercado. Usando-se o modelo já comentado de Coutinho, Bomtempo e
Weinberg (2003), as empresas respondentes da pesquisa classificam-se como
“seguidoras lentas”, que se caracterizam por se limitarem a imitar ou comprar
tecnologias disponíveis no mercado com raros investimentos em P,D&I, ou seja,
algo deficitário do ponto de vista estratégico.
Diante do consenso da importância de uma gestão da P,D&I com as
ações estratégicas empresariais, estes resultados, que podem estar se repetindo em
outras regiões do país, são, no mínimo, preocupantes e devem ser debatidos no
intuito de se buscar meios, tanto na academia quanto no setor empresarial, para que
tais práticas sejam imediatamente modificadas em um curto espaço de tempo e que
o Brasil de forma geral venha a assumir um lugar de destaque no competitivo
cenário internacional.
Ainda que não se possa identificar uma relação direta de causa e efeito
entre uma gestão inadequada de P,D&I e a perda de competitividade empresarial,
esta prática não deve ser negligenciada. As conseqüências para o conjunto destas
empresas pesquisadas podem ser significativamente negativas e seria válido, diante
das comparações com experiências internacionais, que tais práticas fossem
modificadas de forma célere, para contribuir no alcance de níveis crescentes de
competência organizacional que a competitividade internacional impõe aos diversos
atores empresariais. Ainda assim, novos e maiores estudos desta natureza devem
ser realizados para confrontar com os resultados aqui encontrados.
66
67

REFERÊNCIAS

ALÁRIO JR, Dante; OLIVEIRA, Nelson Brasil de. A Inovação tecnológica e a


Industria Nacional. In: Revista Parcerias Estratégicas, n.8, Maio/ 2000. Disponível
em: <http://www.mct.gov.br/CEE/revista/Parcerias8/dantealario.pdf>. Acesso em: 28
Nov. 2004.

AMATO NETO, João. Redes de cooperação produtiva e clusters regionais:


oportunidades para as pequenas e médias empresas. São Paulo: Atlas: Fundação
Vanzolini, 2000.

ANDREASSI, Tales; SBRAGIA, Roberto. Fatores determinantes do grau de


inovatividade das empresas: um estudo utilizando a técnica de análise
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74

APÊNDICE
75
76

APÊNDICE A – QUESTINÁRIO DE PESQUISA / 2007

Questionário

PARTE 1 – IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA E DIRIGENTE PRINCIPAL


1. EMPRESA
1.1 Ano de Fundação _________________
1.1 Exporta? ( ) SIM ( ) NÃO
1.2 Natureza Jurídica
1.2.1 ( ) LTDA 1.2.2 ( ) Sociedade Anônima 1.2.3 ( ) Sociedade Civil
1.2.4 ( ) Outra ______________
1.3 Número de funcionários ___________ Ramo de atividade: ______________

2. DIRIGENTE PRINCIPAL
2.1 Nível de instrução___________________
2.2 Tempo de Experiência profissional____________
2.3 Formação_____________________
2.4 Sexo ( ) M ( )F

PARTE 2 – POLÍTICA E GESTÃO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO (P&D)


3.1 É do conhecimento da empresa a existência de uma legislação específica
quanto a P&D?
( ) SIM ( ) NÃO
3.2 A empresa utiliza algum beneficio sobre a legislação?
( ) SIM ( ) NÃO

3.3 Em caso positivo, qual?


3.3.1 Programas Federais
3.3.1.1 ( ) PADCT (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e
Tecnológico)
3.3.1.2 ( ) PRONEX (Programa de Apoio a Núcleo de Excelência )
3.3.1.3 ( ) RHAE (Programa de Capacitação de Recursos Humanos para
Atividades Estratégicas)
3.3.1.4 ( )PROGEX (Programa de Apoio Tecnológico à Exportação)
3.3.1.5 Outros ___________________________________________________

3.3.2 Programas Estaduais


3.3.2.1 ( ) FAPEMA (Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado do Maranhão)
3.3.2.2 ( ) SECTEC (Secretaria de Estado da Ciência , Tecnologia, Ensino Superior
e Desenvolvimento Tecnológico)
3.3.2.3 ( ) SINCOEX (Sistema de Apoio à Indústria e ao Comércio Exterior)
3.3.2.4 Outros________________________________________________________
77

3.4 Qual o percentual de recursos próprios investidos no projeto? ______________

4.1 Na empresa, há existência de P&D formalizada com um setor estruturado?


( ) SIM ( ) NÃO
4.2 Em caso positivo, qual o nível de subordinação organizacional do setor de P&D?
4.2.1 ( ) Presidencial 4.2.2 ( ) Diretoria 4.2.3 ( ) Gerência
4.2.4 Outro _____________________

5.1 Na empresa a existência de P&D está alinhada aos objetivos estratégicos.


( ) SIM ( ) NÃO

5.2 Para a empresa qual a prioridade dada à implantação de P&D. (1 Para menor
prioridade e 5 para maior prioridade)
_______________________________
1 2 3 4 5
5.3 Qual o percentual médio dos últimos três anos do orçamento é destinado à
pesquisa e desenvolvimento (P&D)?_____________________________________

6.1 O que prevalece quanto ao tipo de fonte das tecnologias aplicadas na empresa:
6.1.1 ( ) Pesquisa própria 6.1.2 ( ) Pesquisa compartilhada 6.1.3 ( )
Compra de direitos
6.1.4 ( ) Tecnologia de domínio público
6.1.5 ( ) Outro _____________________________________

7.1 Número de funcionários envolvidos com P&D ______________________

7.2 Quantidade de funcionários para cada nível de instrução


7.2.1 ( ) Especialista 7.2.2 ( ) Mestrado 7.2.3 ( ) Doutorado
7.2.4 ( ) Outros_________________________________________________

8.1 A empresa tem registrado ou está em andamento com algum processo de


patenteamento?
( ) SIM ( ) NÃO
8.2 A empresa aplicou algum tipo de inovação tecnológica em seus produtos ou
procedimentos no último ano?
( ) SIM ( ) NÃO

9.1 A Empresa possui algum tipo de parceria em P&D?


( ) SIM ( ) NÃO
9.2Qual o tipo de parcerias?
9.2.1 ( ) Informais 9.2.2 ( ) Formais

9.3 Parceiros Envolvidos


78

9.3.1 ( ) Universidades 9.3.2 ( ) Entidades de Representação da Categoria


9.3.3 ( ) Órgãos Governamentais 9.3.4 ( ) Empresas Concorrentes
9.3.5 ( ) Outros __________________________________

10. Em relação específica a Universidades ou Instituições de Ensino Superior


(IES)
10.1 A empresa possui ou já possuiu alguma parceria em P&D com Universidades
ou IES? ( ) NÃO. Porquê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
( ) SIM
10.2 Quais Atividades Desenvolvidas?____________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
10.3 Resultados Alcançados_____________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

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