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Resumo
Abstract
The image is a story of all time. Reflect on the images is faced with the multiple
meanings of the concept of image, with the media historically determined - the body
as medium and the process of technological mediation, with the increasing
inseparability of images and sounds: voices, images, sound, soundscapes - with
practices developed throughout the history of the technology of sound and image,
with the profound changes wrought by digital technologies and the practices of
anthropology - field work and the writings of anthropology (construction of speech)
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and consequently with the theoretical, ethical and epistemological arising from its
use. The questions that we believe to be necessary in the study of the images are not
the dichotomy between external images and internal images, but the interaction
between what we see and what we imagine or remember that the relationship
between perception and production of images as two sides of a coin. Because these
are the two issues - the interaction between external and internal images, between
mental images and materials, and the connection between perception and
production of images that define the practice of using images and sounds in
anthropology and we intend to explore in this paper.
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1. Introdução
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Entendo ser necessária uma abordagem antropológica da “imagem” que esteja para
além da percepção, que constitua o resultado de simbolização social e colectiva, isto
é, constitua uma olhar físico e um olhar interno (como o afirma Roland Barthes
acerca da fotografia) sobre a imagem que aborde a produção de imagens nos
espaços sociais das diversas culturas e comunidades (étnicas, científicas, artísticas,
religiosas, tecnológicas, ou das industrias) por cada indivíduo, autor das suas próprias
imagens – internas e externas.
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uma função indicial e a sua presença icónica. Neste sentido serve múltiplas funções,
mas não deixa nunca de ser índice, testemunha, documento e daí todas a as
implicações epistemológicas, éticas e políticas. É também representação (traz para o
presente algo previamente ausente mas também a incarnação de uma abstracção
num objecto) e símbolo remetendo para algo que não o referente.
O estatuto do signo fotográfico parece pois ser ambíguo e bivalente: umas vezes com
predomínio da função indicial outras da função icónica. Esta ambiguidade e
ambivalência relançam sem cessar o movimento de interpretação, quer dizer o apelo
a novos interpretantes. A crença do sentido é infinita (a tradução interminável). O
interpretante é o que impede que paremos num dos extremos da cadeia, lado signo
ou lado coisa, do lado do índice ou do lado do ícone. O sentido não é captado mas
produzido, em função de um contexto comunicacional, por definição plural,
transitório e relativo.
Claro que no acto fotográfico existe a dimensão das escolhas: 1) Antes do acto
fotográfico: intenção e decisão de fotografar, escolha do tema; escolha dos tipos de
câmara fotográfica, película, objectiva; tempo de exposição, abertura do diafragma,
foco; ângulo de tomada de vista, hierarquização da grandeza de planos; "instante
decisivo" (Cartier-Bresson); a posicionalidade (política, ideológica, cultural); 2) Depois
do acto fotográfico: tipo de tratamento, suporte (natureza – papel, tipo de papel,
acetato, digital – e formato), trucagem; redes e circuitos de distribuição e difusão;
utilização ou uso da fotografia – pesquisa científica, judicial, espionagem, reportagem,
documental, de moda, de arte, fotografia como objecto de arte (galerias de
fotografia), familiar, etc...; 3) Na recepção e utilização e os saberes paralelos que lhe
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Uma maior estabilidade do signo icónico é assegurada por saberes paralelos inscritos
na imagem, desde logo, os elementos de identificação do contexto de produção
(data, autor, local, instituição produtora, a legenda e outras referências escritas) e as
vozes, como refere por Ella Shohat e Robert Stam: “Formular a questão em termos de
vozes e discursos ajuda-nos a superar a atracção do visual, para ir mais além da
superfície epidérmica do texto. Não se trata de dar importância à cor e ao rosto que
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se vê na imagem, mas ao discurso ou à voz social figurada ou real que fala “através
da imagem” A “precisão de um filme é menos importante de que o facto que
transmita as vozes e as perspectivas – enfatizemos o plural – da comunidade ou
comunidades em questão. No tempo em que a palavra “imagem” coloca a questão
do realismo mimético, a “voz” evoca um realismo de delegação e interlocução, um
acto verbal situado num lugar a partir do qual se fala a alguém. Quando uma
comunidade se identifica com uma voz / discurso a questão das imagens positivas se
recolhem ao lugar que lhe corresponde e ocupam como um tema secundário”
(Shohat e Stam, 2002:218).
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dessin” (McCauley, 1997) e François Arago anuncia poucos dias depois, na Câmara
de Deputados e numa sessão pública da Academia Francesa das Ciências a
importância da fotografia pela sua “vocação cognitiva” e da maior utilidade como
meio de registo e suporte da investigação científica.
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Os videojogos são objecto dos mais diversos estudos antropológicos3 e o Second Life
objecto de estudos antropológicos dos mundos virtuais4 em que se desenvolve uma
sociedade e uma cultura em que os métodos e a teoria antropológica terão que fazer
o mesmo que em qualquer outra situação, isto é, de focalizar a mudança às novas
sociabilidades, novas culturas, novos artefactos, como problemática e objecto de
estudo e de adaptar os métodos à situação, ao terreno específico da realidade virtual.
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nos admoestam, que têm a ver connosco, até à evidência, uma vez que falam do
mundo onde vivemos, e que nós reconhecemos, sem verdadeiramente os
conhecermos. O jogo das imagens conforta ainda a nossa ilusão propondo-nos
imagens de imagens: caricaturas, marionetas, que, fazendo-nos rir pelos seus traços
vincados, nos persuadem por esse meio de termos um verdadeiro conhecimento dos
originais” (Augé, 1999:79).
Uma ampla vulgarização das imagens de família – fotos e filmes de família surgiu
quando a câmara fotográfica portátil invadiu o mercado e os laboratórios
fotográficos da Kodak e de outras empresas produtoras de película fotografia a
desenvolviam o negativo impressionavam e reproduziam o papel fotográfico.
Pierre Bourdieu, no início dos anos 60, realizou um estudo sobre a fotografia na
sociedade, concluindo tratar-se uma técnica realista e simples, criadora de uma
temporalidade cíclica, susceptível de captar a ritualidade da vida, a sua prática se
impôs como instrumento de integração familiar. Fotografam-se sobretudo rituais
familiares, os filhos, o casal. A estética é dominada pela pose frontal, decoração
simbólica, vestuário de festa e penteados mais cuidados que os da vida quotidiana.
As fotografias de família eram frequentemente organizadas em álbuns de família que
representam a história de família - «a verdade da memória social». Ao popularizar-se a
fotografia de família criou frequentemente a repulsa das classes elevadas. Como
reacção foram em procurar encontrar formas fotográficas que se aproximem das
práticas artísticas das mesmas temáticas ou de procura de novas temáticas e
contextos que não os familiares.
Roger Odin, dedica-se também durante algum tempo à investigação sobre imagens
de família - os filmes de família. Para Esquenazi o primeiro centro de interesse dos
estudos de Odin “foi o próprio objecto, as suas desordens e irregularidades. Quem já
fez a experiência de uma projecção sabe que um filme de família é incompreensível
para todas as pessoas exteriores à família... O que segura a projecção de um filme de
família é a memória familiar. A recordação dos acontecimentos conservada pelos
membros da família, o tecido de historietas que podem acompanhar a projecção,
conferem substância e matéria às imagens desajeitadas” (134-136). Wim Wenders
retoma esta temática incluíndo um filme de família, os rituais de recepção e mesmo a
sua função terapêutica em Paris Texas (1984).
Conclusão
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Enquanto isto a história das imagens revela-se como história de todos os tempos. As
imagens representam formas históricas quando se centram nos media, nas técnicas e
dispositivos historicamente determinados. À historicidade das imagens poder-se-á
juntar uma outra questão fundamental – as razões da sua produção em todos os
tempos, nos diversos contextos sociais e culturais, nas diversas culturas.
Tentamos nesta reflexão definir uma problemática que nos parece central na
abordagem antropológica das imagens - a interacção entre imagens internas e
externas, entre imagens mentais e materiais e a ligação entre a percepção e
produção das imagens, que definem a prática de utilização das imagens e dos sons
em antropologia e definir contextos em que esta problemática se possa definir e
inscrever. Partimos da proposição da instabilidade ou ambivalência do signo
imagético, da possibilidades e das práticas da sua estabilização nas diversas práticas
culturais relacionadas com a imagem. Estamos certos das múltiplas vias de
desenvolvimento desta pesquisa que entroncam na problemática definida.
Sobretudo uma questão central se nos oferece na actualidade como é que os dois
ciclos de transformação das imagens – da reprodutibilidade técnica e da
transformação digital se encaixam numa mesma problemática em análise em que
são evidentes algumas transformações – a dissolução da relação física entre a
imagem e o seu medium, a imagem separado do seu suporte de mediação,
desmaterialização, manipulação. A imagem digital servirá para analisar
objectivamente o visível mas traz consigo uma síntese subjectiva - "análise objectiva "e
de" síntese subjectiva "do visível".
Bibliografia
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O presente texto tem origem na comunicação com o memso título apresentada no V Seminário Imagens
da Cultura / Cultura das Imagens realizado na Universidade de Sevilha em Abril de 2009 organizado pela
REDE ICCI de Centro de Estudos europeus e da América Latina.
2
Ver os trabalhos realizados por Fátima Nunes apresentados neste seminário sobre Ponto de Encontro,
objecto de dissertação de Mestrado.
3
Ver http://casimiropinto.net/, consultado em 5 de Janeiro de 2010 e os trabalhos realizados e
apresentados neste Seminário.
4
Ver os trabalhos realizados por Paula Justiça apresentados neste Seminário.
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