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de vida social: trabalho, segurança e conforto. Trata-se da vida pessoal. Viver a vida,
desfrutando dos prazeres, já que seus dias de qualquer ser vivo podem terminar a
qualquer momento. Seria preencher o tempo enquanto estamos vivos e desempenhamos
nossa função primária. Embora o objetivo pessoal de um homem seja possuir um carro
último tipo e uma bela conta bancária para seduzir uma boa quantidade de mulheres, o
objetivo principal da natureza é a reprodução da espécie, e não está nem aí para as
fantasias do sujeito. Mesmo assim, na fantasia dele está implícita a fecundação da
mulher.
O homem é mortal. A humanidade é imortal, não como medida de tempo, mas como
continuidade. A sensação de que vamos deixar de ser o que somos e de que vamos
mudar o objetivo da existência, é falsa. Porque nascemos como fruto da reprodução e
toda a nossa existência se afunila no objetivo de reproduzir.
O objetivo secundário da existência é apenas uma conseqüência do objetivo
primário. Mas a lógica de justificar a existência individual como uma função de
manutenção da continuidade da espécie através da procriação, tem a compensação do
prazer de viver para si mesmo.
A imortalidade da espécie humana, no entanto, é uma abstração porque a
imortalidade só existe em função da continuidade da reprodução dos indivíduos. Logo,
concluímos que a reprodução é a própria imortalidade enquanto um fenômeno existente.
E os indivíduos de uma espécie, consequentemente, são os fabricantes da imortalidade
da espécie. Os indivíduos fabricam a imortalidade da humanidade quando se
reproduzem. A reprodução é em si um ato de busca da eternidade.
Por isso as famílias valorizavam o nome, a árvore genealógica, o nome, numa
pretensão de fundamentar-se numa história que representaria um tempo, uma tradição,
uma quase eternidade.
A BUSCA DA ETERNIDADE
Essa sensação de evoluir para algo maior e de alcançar a eternidade, ela existe em
função de que somos realmente algo maior e eterno. Logicamente que estamos falando
da humanidade. Estamos continuamente em contato com algo maior e eterno: a
humanidade.
Todavia nunca alcançamos, fisica e plenamente, essa eternidade. O indivíduo fica
pelo meio do caminho, na história, como se fosse um pneu furado que não serve mais
para rodar e levar a humanidade adiante. Assim acontece com todos os animais das
diferentes espécies que habitam nosso planeta.
A certeza de que a humanidade não morre, deixa na pessoa a sensação de que pode
evoluir para algo maior e eterno, como se fosse uma provocação existencial,
estimulando um vir a ser, que é fantasiado pela imaginação, e produz a teoria de que
podemos alcançar o espírito e nos transformar em divinos.
Podemos sim nos transformar em animais controlados, adaptados, generosos,
dominar a violência natural e desenvolver a inteligência a tal ponto que nos
transformamos em gênios em alguma área do conhecimento, fato que acontece
rotineiramente na sociedade. Mas isto ainda é um alcance humano.
A eternidade não é um espírito e nem vem de um espírito. Ela é a abstração da
humanidade como ser que continuará a existir indefinidamente depois que morrermos.
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Se, por um lado, a vida do indivíduo é finita para si mesmo. Ela, no entanto, por
outro lado, representa a eternidade da raça. A minha vida que acaba, impulsiona a vida
eterna da humanidade.
Todo e qualquer esforço na sociedade é pela sobrevivência da humanidade e não pela
sobrevivência do indivíduo, visto que sabemos que o indivíduo não vai sobreviver por
muito tempo.
Por isso que a mulher, como micro-humanidade e pessoa potencialmente coletiva,
sempre foi mantida numa cristaleira, num altar, preservada, protegida e diferenciada.
Sabemos que o homem vai acabar mesmo. Ela, a mulher, precisa ser resguardada como
micro-humanidade. Ela é a espécie.
Nosso foco, portanto, quando reforçamos o pacto social e a vida dentro das regras da
lei, visando limitar a violência natural e diminuir a taxa de mortalidade ocasionada pela
criminalidade social; nosso foco é a humanidade e não o cidadão. Embora a lei atinja
todos, o objetivo do pacto social e do direito civil é a segurança da mulher e da
coletividade.
No princípio, o ataque principal sempre foi sobre a sexualidade da mulher, e as leis
nasceram em decorrência disso. Era preciso conter a violência natural sobre a
sexualidade feminina. E surgiram as leis e a sociedade organizada.
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eternidade, pensando-se na eternidade real, que é a humana, e não na suposta eternidade
de uma suposta alma.
Pois o único ser que sobrevive indefinidamente na Terra é a mulher ou a fêmea.
Enquanto a mulher é o fenômeno da materialidade do ser continuo (a eternidade
humana), o homem só existe em função de acasalar para que a mulher engravide e saia
de dentro dela mesma. O grande plano da vida biológica animal é garantir a eternidade
da fêmea.