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Gazeta
da Biblioteca
Série IV
Especial Teatro Edição 7
Extermínio A palavra à
As obras completas de William 2029, p. 12
Shakespeare, p. 11 poesia, p. 7
Notícias da Opiniões
cinema,
Biblio, p. 3 pp. 4-5
la vra
Outras peças: a
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Gazeta, edição 6
Editorial
O teatro está na raiz, no cerne, nos ramos e nas folhas que respiram e oxigenizam a nossa civilização e que rejuvenescem
em cada Primavera. Nasce ou começa a engrandecer na Grécia como quase tudo, como a Filosofia, a Matemática, a
Física, a Poesia… e a Democracia.
A sua génese está relacionada com as festas em honra do Deus Dionísio e com a prática cívica dos atenienses. Cedo se
libertou das práticas religiosas e tomaram forma a comédia e a tragédia. Gregos e romanos construíram teatros
tendo como cenários as paisagens naturais, os rios, as montanhas, o mar, os primeiros; os segundos as estátuas de
deuses e imperadores, que caíam de vez em quando. Os grandes temas da tragédia foram reinterpretados até aos
nossos dias e mantêm-se actuais, de tal modo que até a Psicanálise adoptou temas como Édipo. Escritores relativamente
recentes, como Camus, utilizaram As Troianas, adaptadas na luta contra o colonialismo francês na Argélia, tal como
Natália Correia e José Afonso com Fuenteovejuna, de Lope de Veja. A comédia utilizou o humor e o riso na crítica aos
poderosos e arrogantes, tanto nas civilizações clássicas, como com Shakespeare que criou personagens tão ridículas
como reais, Falstaff, por exemplo. Rejuvenesceu o teatro em várias épocas. Em Portugal tivemos também autores
importantes, como Gil Vicente, que aliás estreou peças em Évora, ou Almeida Garrett que, como outros liberais, lutou
pela mudança de mentalidades e contribuiu para a Regeneração do país, como escritor e criador do Conservatório e
Teatro Nacional (o D. Maria, em Lisboa).
Mas o teatro é subversivo, não apenas a tragédia na qual aparecem os grandes dilemas da humanidade, como também
a comédia. Já Umberto Eco no romance O Nome da Rosa demonstra a perigosidade do riso que mete medo àqueles que
pensam que o mundo ordenado por si tem que ser imutável. Também por aqui Gil Vicente foi censurado e António José
da Silva, “o judeu”, foi parar aos cárceres da Inquisição.
Mais recentemente, tantos tiveram dificuldades em escrever e fazer teatro. Recorde-se a presença constante de
sociedades recreativas como a Joaquim António de Aguiar, em Évora, que ao longo de um século e até à actualidade
têm conseguido manter uma presença incessante. Recorde-se também, que foi em Évora que se fez, logo com o 25 de
Abril, uma grande escola de teatro, o “Centro Cultural de Évora”, hoje CENDREV, com o grande Mário Barradas,
recentemente falecido. E além disso, os pequenos e grandes grupos de amadores (no sentido em que amam) que
continuam aqui e ali e que são quem mantém a chama viva.
É isto só divertimento, uma passagem do tempo? Pode até ser, mas não só. A prática do teatro leva a pensar, a
discutir, a investigar, a arte de falar e expor ideias, a mudar a personalidade de cada um. Cria também angústias, mas
sem essas angústias e a consciência e a força para as ultrapassar, ainda estaríamos na Idade da Pedra Lascada. Muitas
universidades por esse mundo fora consideram como importante no curriculum dos seus candidatos terem praticado
teatro, tal como muitas empresas, porque sabem que quem o faz, desenvolve competências fundamentais.
No ano em que se comemora a República, por que não homenagear o teatro, fazendo-o, dentro do espírito que “os
nossos egrégios avós” tentaram levar a cabo, promovendo a cidadania?
João Simas
Ficha Técnica
Colaboradores deste número:
Arranjo, concepção gráfica e 1º ASC
revisão Ana Marcão
Paula Vidigal
Ana L.
Com o apoio de:
Ana Paula Ferrão Luís Camacho
Catarina Roques Magda Fialho
Agradecimentos Olívia Amador
Cátia Morgado
Cidália Gil Paula Pereira
Direcção da ESSFaria Paula Vidigal
Anabela Urbano
Cristina Brejo
Ana Paula Fadigas Diana Alvarenga Rita Martins
Ana Paula Vidigal Diogo Fortunato Sofia Aires
António Cravo Diogo Weigel
Hortense Carreiro Francisca Ramalho
Sónia Butes Inês Almeida
Joana Machado
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Notícias da Biblio
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Opiniões: cinema
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Gazeta, edição 6
seus ideais afastaram o inevitável encontro com a jovem Tracy. Mas a sua missão e sentido de vida
eram muito mais fortes que a necessidade de descobrir os seus instintos e sentimentos, por isso,
“Alex” deixa Tracy para trás, assim como Jan e Rainey, deixando a paixão e a sua nova família para
trás.
O climax do seu comportamento contraditório é atingido quando conhece Ron, um velho que perdera
a família e que vivia fechado na sua pequena casa. Ron era o oposto de “Alex”. Ron era um homem
que morrera por dentro, cujo dia-a-dia se resumia a uma rotina muito básica e pouco emocionante.
Tudo o que fazia tinha muito pouco sentimento e “Alex” era um rapaz energético, cheio de vida e
de ideias e de desejos prontos a serem satisfeitos. A sua filosofia chocava com a vida pacata de
Ron e sem família, “Alex” acabara por se tornar, no curto espaço de tempo que passara com ele, na
sua única família.
“Quando perdoas, amas. E quando amas, a luz de Deus ilumina-te”, dissera-lhe Ron. E “Alex” guardara
para si essas palavras queridas e profundas.
Quando finalmente chegou ao Alasca, a verdadeira jornada de “Alex” começou. O que ao início
pareceu simples, a longo prazo revelou-se complicado. A ausência de comunicação, de contacto
social, a dificuldade em arranjar alimento e os dias gélidos do Alasca, a longo prazo fizeram “Alex”
repensar na história que queria contar.
Nos seus últimos dias de vida, “Alex” agora não mais “Alex” mas sim Christopher, reflectiu no
verdadeiro significado da sua jornada. Tudo aquilo em que acreditara estava errado e não existiam
milagres ou verdades absolutas. Era verdade que nos tornamos dependentes do dinheiro e que ele
nos faz pessoas cautelosas e consumistas. Exageros são cometidos todos os dias e sem nos
apercebermos, desvalorizamos os pequenos pormenores da vida, assim como as mais pequenas e
belas coisas como a natureza. Sem se aperceber, tudo o que alcançara tinha sido conseguido a
partir das pessoas que conhecera. Tudo aquilo que queria provar perdera o seu significado, pois
não havia forma de provar algo que não podia ser negado. As sociedades tinham evoluído num
sentido e um único homem não lhes poderia fazer frente.
“A felicidade só é verdadeira/real quando é partilhada”, e na ausência de outras pessoas perdemos
a nossa humanidade. Christopher precisou de todas aquelas pessoas não só para atingir os seus
objectivos como para se “humanizar”. Ninguém consegue viver sozinho, mesmo que o deseje, pois a
solidão torna-nos amargos e, no caso da felicidade, toda aquela de que Christopher se pôde orgulhar,
foi vivida na companhia daqueles que se cruzaram na sua jornada. Sozinho achou que estava feliz,
mas a longo prazo se apercebeu que o que sentira era diferente.
“Society, I hope you’re not lonely without me...” (Sociedade, espero que não sintas a minha falta) –
no fim, Christopher não marcara a diferença e a sociedade não sofreu alterações com a sua morte,
mas sim, quem sentira falta da sociedade, ou mais
concretamente das pessoas que dela faziam Ano: 2007
parte, foi o próprio Christopher. Nos últimos País: EUA
momentos da sua vida, Christopher lembrou-se Género: Drama, Aventura
dos traumas que os seus pais lhe deixaram, e as
Realização: Sean Penn
palavras de Ron iluminaram-no. Se Christopher
tivesse perdoado os seus pais e, se tivesse Intérpretes: Emile Hisrsch, Marcia Gay
regressado para os seus braços, teriam eles Harden, William Hurt,Jena Malone, Catherine
“visto” o mesmo que ele viu? Keener, Vince Vaughn, Kristen Stewart
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Visitas guiadas com drama
Memorial do Convento e Frei Luís de Sousa pretendeu-se consolidar o estudo do texto dramático
e facultar aos alunos a sua recepção, possibilitando-
No dia 14 de Janeiro de 2010, os alunos do 12º ano, lhes, assim, a apreensão de todos os seus elementos
acompanhados das professoras Adelaide Vaz, Ana paralinguísticos.
Paula Ferrão, Ana Paula Vidigal, Cidália Gil, Cristina
Brejo e Paula Carvalho, realizaram uma visita de Ana Paula Ferrão
estudo a Mafra, no âmbito do estudo da obra de Cidália Gil
leitura obrigatória Memorial do Convento, de José Cristina Brejo
Saramago. Francisca Ramalho
Da parte da manhã, decorreu uma visita guiada ao Olívia Amador
Convento e Palácio de Mafra; enquanto da parte da
tarde teve lugar a representação de uma peça de
teatro, baseada no romance histórico homónimo.
Esta actividade teve como objectivo motivar os
alunos para o estudo da obra referida.
No dia 2 de Fevereiro,pelas 15.00 horas, foi a vez
de os alunos de Português de 11º e os alunos de
Literatura de 10º ano assistirem à representação
do drama romântico Frei Luís de Sousa, de ALmeida
Garrett.
Tratou-se de uma adaptação original dessa obra
garrettiana, pela Companhia do Teatro Itinerante
da Casa dos Afectos. Com esta actividade,
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A palavra às vozes da rádio
A palavra à poesia
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Temas da Ciência: filosoficamente falando
“A quem pertencem os nossos genes?” outros o peso que têm de suportar até ao fim dos
seus dias. Muitos preferem o silêncio e a ignorância,
Esta é uma questão bastante polémica e actual, que com medo do que possam enfrentar, outros colocam
merece sem dúvida, que seja opinada de vários pontos em causa o sigilo médico e os seus interesses,
de vista. nomeadamente para fins de investigação e pesquisa.
Primeiramente, os testes ou rastreios genéticos são Outras razões surgem, como a possível
um ponto de partida desta questão. Eles permitem a descriminação social e no trabalho; os elevados
análise do DNA, a partir de uma amostra de sangue. preços destes testes, etc.
Eles apresentam uma enorme abrangência, podendo Quer por uns motivos ou por outros, a polémica e o
prever doenças que se manifestam ou desenvolvem impasse dos testes genéticos andam no ar e só o
futuramente em pacientes sem sintomas, ou em futuro responderá a todos estes dilemas.
pacientes que já apresentam sintomas, permitem O património genético pertence a cada um de nós,
confirmar o diagnóstico. Porém, não existe “bela sem agora a questão de que possa ou não ser divulgado,
senão”; realmente estes testes são óptimos no que diz só a nós no compete.
respeito à detecção atempada de doenças, mas o que
acontece quando estas doenças ainda são pouco Diana Alvarenga,
conhecidas e a hipótese de tratamento é muito 12º CT2
reduzida? Será que vale a pena tomar conhecimento
destas doenças e posteriormente viver em estado de
culpa, ansiedade e diminuição de auto-estima? Estas
questões assombram a realização dos testes genéticos,
por uns considerados a salvação das suas vidas, para
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Sabias que...
O Buraco Negro
O que é um Buraco Negro?
Como se forma um Buraco Negro?
Um Buraco Negro é um lugar no Universo
Quando uma estrela com a massa dez vezes
com uma gravidade tão forte que tudo o que
superior à do sol está no fim da vida, passa pelas
entra já não sai. O Buraco Negro é, na maior
seguintes fases:
parte, vazio pois a massa dele concentra-se
1. Gasta todo o Combustível (Hélio e Carbono)
num ponto infinitamente denso – uma
na fusão Nuclear.
singularidade.
2. Implode devido à falta de energia porque o
combustível esgotou.
3. Devido à rapidez da implosão a estrela
concentra a energia até explodir numa
Supernova.
4. Quando a estrela gastar a energia toda na
Diogo Weigel,
explosão implode de novo, mas como já
gastou o combustível todo continua a 7ºA
implodir formando um Buraco Negro.
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Cursos profissionais e a arte de representar
Muda de canal! “A peça era criativa, porque juntava a dança à
representação.”, Sónia Butes
Foi já no ano que passou, a 16 de Dezembro, mas nunca é “Gostei porque souberam mostrar e transmitir os
de mais recordar e escrever umas linhas sobre o assunto. problemas sociais de hoje em dia.”, Sara Patrício
Referimo-nos à performance efectuada pelo 2º ASC, “A violência doméstica foi representada por uma
intitulada Muda de Canal, criada e concebida como dança entre as vítimas e os agressores e a parte
trabalho final do módulo “Corpo e Gesto”, da disciplina das classes sociais foi numa paragem de
Área de Expressões. autocarros.”, Raquel Marcão
Para muitos daqueles alunos, este trabalho representou “A peça estava gira e interessante, porque mesmo
a estreia no mundo dos palcos ( o palco em questão foi o falando pouco, os alunos conseguiram mostrar as
da Escola dos Salesianos, numa simpática colaboração diferentes classes sociais e as suas diferenças”.,
da Direcção daquela escola, uma vez que a nossa escola Cátia Pãozinho
se vê a braços com as mudanças e as obras, aguardando
por melhores dias), perante um público muito especial
(pais, familiares, professores e colegas).
A peça, explorando essencialmente o gesto, a mímica e o
movimento, abordou temas como: a violência doméstica,
a crise, as desigualdades sociais.
Os colegas do 1º ASC, convidados especiais e
colaboradores na organização do evento, registaram as
suas opiniões na aula de Português:
“-… por vezes não podia deixar de me rir, com o que eles
faziam e diziam”, Vera Acácio
“… aquela peça era um relato do dia-a-dia.”, Susana Paulo
“Todo o trabalho que os nossos colegas tiveram, deu bons
frutos.”, Catarina
“… no final via-se que os alunos estavam com uma alegria
imensa de ter corrido tudo bem.”, Cátia Barros
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O Fim, de António Patrício
No passado dia 29 de Janeiro, o 2º ASC dirigiu-se ao Teatro
Garcia de Resende, em Évora, para assistir à peça O Fim.
Esta peça retrata o fim da monarquia e o regicídio. A rainha,
personagem principal da peça, apresenta uma grave demência
insolúvel. A acção decorre no espaço interior do Paço velho, asilo
da louca Rainha, com o universo exterior das ruas de uma Lisboa
em guerra.
O texto dramático O Fim foi publicado em 1909, um ano antes
da queda da Monarquia e é fortemente marcado pelo Simbolismo
e Expressionismo.
Este espectáculo do Cendrev foi encenado pelo actor Vitor
Zambujo. O espaço cénico revelou-se um elemento curioso, porque
leva os espectadores a imaginarem o espaço, uma vez que se
trata de um teatro simbolista.
A peça foi interpretada por Rui Nuno, Jorge Baião, Maria
Marrafa, Rosário Gonzaga e Álvaro Corte-Real, uma fascinante
galeria de actores com muito talento.
No final do espectáculo, o encenador deu-nos uma palavrinha,
esclarecendo-nos sobre a peça, as personagens e pudemos colocar
as questões que nos ocorreram. A peça e a conversa ajudaram-
nos a compreender melhor o que está por detrás de uma peça de
teatro.
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Extermínio 2029, por Luís Camacho
(continua...)
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