O documento discute como a nossa visão da morte mudou ao longo do tempo, de uma aceitação natural na Idade Média para uma visão mais científica e institucionalizada a partir do Renascimento. A morte passou a ser escondida e retirada do cotidiano das pessoas com a medicalização dos cuidados de saúde. Isso criou desafios para profissionais da saúde que precisam lidar com a morte de forma natural, apesar de virem de uma sociedade que evita o assunto.
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A morte e o processo do morrer são duas grandes angústias da humanidade. Pelo fato de estarem expostos constantemente com a morte e com os significados desse evento para a vida do paciente, os profissionais da saúde vivenciam momentos difíceis em sua jornada diária.
O documento discute como a nossa visão da morte mudou ao longo do tempo, de uma aceitação natural na Idade Média para uma visão mais científica e institucionalizada a partir do Renascimento. A morte passou a ser escondida e retirada do cotidiano das pessoas com a medicalização dos cuidados de saúde. Isso criou desafios para profissionais da saúde que precisam lidar com a morte de forma natural, apesar de virem de uma sociedade que evita o assunto.
O documento discute como a nossa visão da morte mudou ao longo do tempo, de uma aceitação natural na Idade Média para uma visão mais científica e institucionalizada a partir do Renascimento. A morte passou a ser escondida e retirada do cotidiano das pessoas com a medicalização dos cuidados de saúde. Isso criou desafios para profissionais da saúde que precisam lidar com a morte de forma natural, apesar de virem de uma sociedade que evita o assunto.
A morte e o processo do morrer so duas grandes angstias da humanidade. Pelo fato de estarem expostos constantemente com a morte e com os significados desse evento para a vida do paciente, os profissionais da sade vivenciam momentos difceis em sua jornada diria. A construo do que a morte e como enfrentamos o processo de morrer possui uma carga histrica importante. Na Baixa Idade Mdia, perodo em que o modo de produo e as relaes feudais entraram em crise, surgiram uma grande variedade de epidemias graves que acabaram aproximando a morte do cotidiano do homem. Isso, juntamente com o fato da morte ser vivida na intimidade do contexto domstico, sendo os acometidos de alguma enfermidade tratados dentro de suas prprias casas, acabou causando uma familiaridade do homem feudal com a morte, gerando uma espcie de aceitao da ordem justa e natural da vida. Nesse perodo, quando a cura era improvvel, aguardava-se a morte no prprio leito e o indivduo sabia presidir todos os atos da sua cerimnia fnebre, desde a lamentao at a aceitao e a despedida da famlia. A partir da renascena, perodo da transio do Feudalismo para o Capitalismo, nossos ideais sobre a morte e o morrer foram sendo modificados. Nesse perodo houve um rompimento com certos valores religiosos e a separao entre corpo e alma, sendo ento o homem considerado mais uma das espcies biolgicas. Ao colocar o corpo humano no conjunto do que parece ser controlvel e manipulvel, cria-se a ambio de usar o conhecimento como forma de manipular a natureza e controlar at mesmo a mortalidade. Assim o pensamento foi considerado definidor do que o ser, e o corpo passou a ser apenas o lugar onde aquele reside. D se entao o pontap para a criao da medicina cientfica que conhecemos. O ser humano agora passou a ter uma vida biolgica e uma vida social, sendo que a morte em uma delas no causa necessariamente a morte em na outra. Os seres biologicamente vivos e os biologicamente mortos passam a ser considerados indivduos, fato demonstrado, por exemplo, nas covas individuais que passam traos de parte da identidade do indivduo biologicamente vivo para o indivduo biologicamente morto. Com a possibilidade de manipular o corpo humano, e at mesmo conserta-lo, foram criados locais especializados para controle das doenas, aonde ento os cientistas estudam e aplicam seus conhecimentos sobre o corpo humano. A partir da existncia desses locais de funcionamento das cincias mdicas foi sendo perdido parte do carter sagrado atribudo a cura, sendo acentuado o enfoque profissional dessa atividade. O adoecer, o morrer e a morte passaram a ser escondidos, e com
isso a morte foi passando a ser gradativamente retirada do cotidiano das
pessoas. Com a morte sendo institucionalizada foi perdendo o espao da cerimnia fnebre como despedida do moribundo aos seus familiares e amigos, pertencendo o processo do morrer ao campo das cincias. Agora apenas os profissionais da sade detm o poder de vivenciar e declarar a morte, perdendo o indivduo a sua posse. Algo importante de ser lembrado que em sua formao o profissional da sade sai de uma sociedade que no convive com a morte e o morrer, e que muitas vezes evita at mesmo de comentar sobre eles. Isso faz com que no processo de transformao profissional ocorram as mais variadas atitudes, sendo construdos inmeros mecanismos de defesa at que esse grande tabu seja quebrado e ento o futuro mdico e equipe possam encarar a morte de forma mais natural. Um outro problema que, muitas vezes, o hospital, local da cincia e do profissionalismo, no suporta a expresso de emoes, o que faz com que o acadmico, o profissional de sade e os familiares sofram ainda mais tentando transparecer que est tudo sob controle, quando na verdade no est.