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CÂNCER: POR QUÊ?

23-02-2008

Essa pergunta ainda intriga médicos, cientistas e pacientes.


Apesar dos avanços consideráveis no tratamento e no
diagnóstico desse mal, os especialistas ainda não têm
respostas definitivas sobre a sua gênese

por Fábio De Oliveira,

O organismo humano passa por uma renovação constante. Isso


porque a maioria de seus 100 trilhões de células têm prazo de
validade. Nesse meio-tempo, obedecendo a comandos
moleculares, essas unidades microscópicas se dividem, dando
origem a novos exemplares. Mas alguns deles podem sair da linha
de montagem com defeito de fabricação. As células defeituosas, no
entanto, costumam ser pouco longevas. O organismo dispõe de
vários mecanismos para eliminá-las, não permitindo que elas se
reproduzam, explica o oncologista clínico Artur Katz, do Centro de
Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. E esses
mecanismos fi scalizam uns aos outros, se complementando.

É como se fosse um controle de qualidade. Ele precisa ser perfeito,


acrescenta o cirurgião oncologista Benedito Mauro Rossi, do
Hospital A.C. Camargo, na capital paulista. Veja o caso das células
do intestino, continua Rossi. Elas existem aos milhões e se
renovam a cada 48 horas. Imagine esse processo ad continuum?
Daí a necessidade de uma monitoração constante do próprio corpo.

Dessa forma, uma célula recém-saída do forno e que foge aos


padrões de excelência, com profundas alterações em seu material
genético, se autodestrói. Esse suicídio celular, conhecido como
apoptose, vem à tona graças a uma série de reações deslanchadas
por uma proteína encontrada no núcleo, a p53. Só que, por algum
motivo, todo esse esquema de proteção às vezes entra em pane e
a célula defeituosa começa a se multiplicar loucamente. É a gênese
do tumor. Mas por que isso acontece? E por que algumas pessoas
desenvolvem câncer e outras não? Como preveni-lo? O
neuropsiquiatra francês David Servan-Schreiber foi atrás de
algumas respostas para essas questões.
Servan-Schreiber lançou na França, no segundo semestre do ano
passado, o livro Anticancer (Éditions Robert Laffont) anticâncer, em
português , obra que já vendeu quase 800 mil exemplares por lá.
Aos 46 anos, ele descobriu que tinha um tumor cerebral aos 31, no
auge de sua carreira científica. Quase duas décadas mais tarde e
depois de uma recidiva, o neuropsiquiatra mergulhou numa série de
estudos sobre a doença e chegou à conclusão de que hábitos como
a alimentação e afins, mais do que os genes, são os grandes
responsáveis pelo crescimento de casos de tumores, sobretudo nos
países ocidentais. Servan-Schreiber cita os resultados de um
trabalho dinamarquês para comprovar sua tese.

DE PAI PARA FILHO?

Publicada no periódico americano The New England Journal of


Medicine, a pesquisa analisou os dados genéticos dos pais
biológicos de mais de mil crianças adotadas e constatou: ter
herdado os genes de pai ou mãe natural mortos de câncer antes
dos 50 anos não influencia tanto o risco de desenvolver o mal. Na
verdade, os cientistas têm demonstrado que essa possibilidade é de
15%. Por outro lado, a morte de um pai adotivo (que transfere seu
estilo de vida, mas não os genes) em razão de um tumor multiplica
por cinco a probabilidade de o filho sucumbir ao mesmo problema,
escreve o autor.

Assim sendo, também baseado em evidências científicas, Servan-


Schreiber descreve em seu livro estratégias para tentar prevenir
tumores ou, no caso de quem já enfrentou um, para evitar uma
recaída (veja o quadro à esquerda). Elas vão de ajustes na dieta,
com ênfase no consumo de substâncias que afastam o mal, até o
papel das emoções tudo para reforçar nossas defesas naturais
contra a doença.

A maioria dos oncologistas está de acordo que, sim, os hábitos,


principalmente o tabagismo, têm um grande peso na conflagração
da enfermidade. Mais de 90% dos casos de câncer de pulmão
estão relacionados com o cigarro, revela o oncologista Luiz Augusto
Maltoni Júnior, coordenador de assistência do Instituto Nacional de
Câncer. A ingestão de carnes processadas, como salame e
mortadela, também representa um perigo para o intestino. Se o
consumo for diário, e dependendo de sua proporção no cardápio,
aumenta-se de 30 a 40 vezes o risco de tumores nesse órgão, diz
Benedito Mauro Rossi. O motivo: conservantes como os nitritos,
presentes nesses alimentos, agridem as mucosas intestinais.

Exagerar nas porções de gordura também não é nada bom. Isso


porque o intestino passa a trabalhar mais lentamente, o que facilita
a absorção de substâncias cancerígenas, explica o oncologista
clínico Francisco Miguel Correa, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz,
em São Paulo. Além disso, quando esse órgão não trabalha direito,
as fezes ficam em maior contato com suas paredes, outro fator que
ajudaria a disparar a doença nesse órgão.

Já virou lugar-comum, mas a obesidade, fator de risco para um


sem-número de problemas, também elevaria o risco de câncer.
Quem tem muitos quilos a mais costuma desenvolver resistência à
insulina. Quer dizer, grande quantidade desse hormônio fica
circulando sem conseguir realizar sua função primordial, que é botar
o açúcar para dentro das células. Em excesso e mal utilizada, a
insulina favorece o crescimento celular em geral, revela Benedito
Mauro Rossi.

O PAPEL DAS EMOÇÕES

O neuropsiquiatra David Servan-Schreiber acredita que o estresse


emocional pode contribuir para o surgimento de um câncer, mas
não causá-lo em si. Um quadro depressivo muitas vezes mina o
batalhão de defesa do corpo, disseram em quase uníssono os
especialistas ouvidos por SAÚDE!. A observação é empírica, mas
constato que os pacientes que se entregam à doença geralmente
apresentam mais complicações, diz Luiz Augusto Maltoni Júnior.

Não se deve temer o diagnóstico, mas, sim, estar predisposto a


seguir o tratamento. Afinal, as taxas de sucesso chegam à média de
50%, considerando todos os tipos de tumor. Infelizmente, ainda não
é possível falar em cura. Até porque não se trata de um único mal,
mas de um conjunto de mais de 100 doenças. A melhor arma é
velha conhecida: submeter-se periodicamente a exames
preventivos, como a mamografia e o toque retal, para flagrar o
inimigo enquanto há grandes chances de controlá-lo.

DIVIDIR PARA MULTIPLICAR


Na imagem, células cancerosas presentes na bexiga se encontram
no estágio final de divisão. Esse tumor é mais comum nos homens.
Seus principais fatores de risco são o histórico familiar, o tabagismo
e a exposição a certos compostos químicos

ATAQUE E DEFESA

Nesta imagem, três linfócitos T (em amarelo) se ligam à superfície


de uma célula maligna. Em seguida, esses glóbulos, que integram a
tropa de choque do sistema imune, disparam um sinal para outras
células de defesa darem cabo do exemplar canceroso

O TUMOR NA HISTÓRIA

Coube aos egípcios o pioneirismo dos relatos sobre o câncer.


Casos de tumores de mama tratados com cauterização foram
descritos em papiros. Há divergências sobre as datas desses
registros (3000 a.C-1500 a.C).

Dá para deduzir que esse tratamento era paliativo, o que indica o


provável grau de extensão da doença, conta Mauricio Monaco,
gerente médico de grupo de produtos do laboratório Pfizer.

ESTRATÉGIAS ANTICÂNCER
Veja o que propõe o neuropsiquiatra David Servan-Schreiber para
barrar o mal. O mix sugerido por ele contribuiria para reduzir
inflamações associadas à doença e reforçar as células de defesa:

• Quando possível, tente evitar produtos químicos. Por exemplo:


depois de lavagens a seco, deve-se deixar arejar as roupas antes
de guardá-las no armário.

• Consuma de preferência alimentos orgânicos e reduza a ingestão


de açúcar, farinhas refinadas e fontes de ômega-6, como o óleo de
girassol.

• Incremente o prato com alimentos ricos em ômega-3, como o


salmão.

• Exercite-se de 20 a 30 minutos por dia e tome sol por pelo menos


20 minutos, o que ativa a produção de vitamina D.

• Purifique a água da torneira com um filtro de carbono ou beba


água mineral.

• Pratique algum método de relaxamento, como ioga e meditação.

• Libere-se do sentimento de impotência tente resolver os traumas


passados, aprenda a aceitar seus sentimentos e tente encontrar
uma pessoa com quem possa compartilhar suas emoções.

OS TIPOS DO PROBLEMA
As várias formas da doença são classificadas da seguinte maneira:

CARCINOMA trata-se de um tumor que se desenvolve na pele ou


nos tecidos que recobrem os órgãos internos.

SARCOMA esse tipo de câncer acomete ossos, cartilagem, tecido


adiposo, músculos e vasos sangüíneos.

LEUCEMIA origina-se na medula óssea, a encarregada de produzir


componentes do sangue, como glóbulos vermelhos, brancos e
plaquetas. Esse tumor deflagra o surgimento de um grande número
de células sangüíneas defeituosas.

LINFOMA E MIELOMA são tumores que eclodem nas células do


sistema imune, já fora da medula onde foram produzidas

TUMORES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL desenvolvem-se


no cérebro e na medula espinhal.

O SUICÍDIO

Esta célula com câncer está se autodestruindo. Trata-se do que os


especialistas denominam de apoptose, uma espécie de morte
programada. Esse processo normalmente ocorre quando uma
célula se torna velha ou, por algum outro motivo, é danificada

Fonte:
http://saude.abril.uol.com.br/edicoes/0295/medicina/conteudo_2697
65.shtml?pagin=1

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CÂNCER: por quê?


“Essa pergunta ainda intriga médicos, cientistas e pacientes.
Apesar dos avanços consideráveis no tratamento e no
diagnóstico desse mal, os especialistas ainda não têm
respostas definitivas sobre a sua gênese”(???)

“Ainda não tem respostas definitivas sobre a sua gênese”?

Então, leia o artigo abaixo (um pequeno trecho do livro):


T. S. WILEY
BENT FORMBY, Ph.D.

APAGUE A LUZ!
Durma melhor e: perca peso, diminua a pressão arterial e
reduza o estresse

Editora Campus
2000

Apague a luz!
Durma melhor e: perca peso, diminua a pressão arterial e
reduza o estresse
Bent Formby e T. S. Wiley
Auto-Ajuda 377 páginas

Com base em uma pesquisa minuciosa, colhida no National


Institutes of Health (Instituto Nacional de Saúde), T.S.Wiley e Bent
Formby apresentam descobertas incríveis:os americanos estão
doentes de cansaço. Diabetes, doenças do coração, câncer e
depressão são enfermidades que crescem em nossa população e
estão ligadas à falta de uma boa noite de sono.

Quando não dormimos o suficiente, em sincronia com a exposição


sazonal à luz, estamos alterando um equilíbrio da natureza que foi
programado em nossa fisiologia desde o Primeiro Dia. A obra revela
por que as dietas ricas em carboidratos, recomendadas por muitos
profissionais da saúde, não são apenas ineficazes, mas também
mortais; por que a informação que salva vidas e que pode reverter
tudo é um dos segredos mais bem guardados de nossos dias.

Com o livro, o leitor saberá que:

• perder peso é tão simples quanto uma boa noite de sono

• temos compulsão por carboidratos e açúcar quando ficamos


acordados depois que escurece

• a incidência de diabetes tipo II quadruplicou


• terminaremos como os dinossauros, se não comermos e
dormirmos em sincronia com os movimentos planetários.

T.S.WILEY e BENT FORMBY, Ph.D., são pesquisadores que


trabalharam juntos no Sansum Medical Research Institute em Santa
Barbara, na Califórnia – o centro de pesquisas de ponta sobre
diabetes desde que a insulina foi sintetizada pela primeira vez, lá
mesmo, na década de 1920.

AGRADECIMENTOS

A primeira rodada de agradecimentos vai para nossas famílias, por


sua paciência e apoio. Florence, a esposa de Bent, é uma séria
candidata à canonização, e meu Neil é, e tem sido sempre, o meu
Médici particular. Não sou nada sem ele. Meus filhos, os pobres
negligenciados Jake, Max, Zoe e Ian continuam sendo os melhores
filhos do planeta. Este esforço levou cinco longos anos, no meu
caso, e quase três para o meu colaborador. Durante esse tempo,
nossas famílias agüentaram mais “papo ciência” de manhã, de
tarde e de noite do que qualquer pessoa mereceria. Quase sempre,
o jantar saia tarde e o sofrimento deles era palpável, mas ainda
assim eles nos amam, e por isso somos gratos.
Tenho uma dívida especial com minhas filhas mais velhas, Mara e
Aja, por seus intelectos raros e diferenciados, que serviram para
inspirar e expandir meu próprio intelecto. Mara Roden passou horas
infindáveis em profundo debate, acrescentou inúmeros conceitos
evolucionários e neuroendócrinos, deu apoio incondicional e fez
grande parte da primeira e tediosa parte da editoração. Aja Raden,
consultora criativa, deu o título ao livro, assim como a vários
capítulos, além de criar uma infinidade de subtítulos fortes e
mordazes. Também ela passou muitas horas explicando física,
química e matemática à sua velha mãe.
Wiley Lorente provou que sangue é mais forte que tinta, ao
trabalhar ombro a ombro comigo editando, reorganizando ou
simplesmente sofrendo, durante os cinco anos e as quatorze
versões da obra. E ao meu colaborador, o incrível Dr. Bent Formby,
muito obrigada. Obrigada por entender o que eu queria dizer, antes
de você me dar as palavras para dizê-lo. Obrigada por ser o
professor e mentor mais fantástico do mundo. Obrigada por sua
grande capacidade para crescer e mudar. Sem as suas centenas de
horas de pesquisa, minhas teorias não passariam de “teorias”. Bent,
você é a outra metade do meu cérebro.
Muitos outros colegas também colaboraram com este livro. A Dra.
Julie Taguchi, do Hospital Cottage, em Santa Bárbara; o Dr. Alex
Depaoli, que agora está em Amgen; as Dras. Eve Van Cauter e
Martha McClintock, da Universidade de Chicago; Ernst Mayr, de
Harvard; e Anthony Cincotta, da Ergo Science. Todos eles me
emprestaram seus cérebros mais de uma vez. Não poderia
esquecer, é claro, os grandes cérebros forçados a colaborar no
National Institutes of Health de Washington: o Dr. Thomas Wehr,
su7a pós-doutorada Holly Giessen e a Dra. Ellen Leibenluft.
Minha assistente Chelsey Haskins trabalhou incasavelmente nas
edições e notas. Krista Silva, a gerente de nosso escritório,
compilou a volumosa pesquisa de Bent. Ambas passaram horas
demais na Federal Express ou no e-mail, ou simplesmente “me
agüentando”. Temos também uma dívida de gratidão com todos os
leitores voluntários e cobaias – cujo número é grande demais para
citarmos nominalmente – que acreditaram em nossas teorias e
concordaram em testá-las.
Talvez o mais valoroso de todos os soldados, em nossa cruzada
para trazer de volta a noite, tenha sido Débora Schneider, nossa
agente. Ela identificou e lutou pela verdade anos antes de termos
ao pesquisa para comprovar tudo. Sem seu apoio visionário e
representação talentosa, nunca teríamos somado nossas forças às
do fantástico pessoal da Pocket Books. Minha primeira conversa
com emily Bestler e Jane Cavolina me convenceu de que nenhuma
outra editora daria conta do recado. O entusiasmo e a rara
inteligência de ambas, que se irradiavam pelo telefone a 5 mil
quilômetros de distância, naquele dia, aquecem meu coração até
hoje.
O termo “minha editora” realmente me dá força e energia. Jane
Cavolina se apoderou deste projeto e me convenceu
completamente de que “não estamos sozinhos nesse negócio”. Sua
metáfora para seu artístico trabalho de edição – “faxina” – não lhe
faz justiça. Ela tornou o processo de escrever uma versão após
outra completamente indolor, e transformou o produto final em algo
de que me orgulho profundamente.
Obrigado, Jane.
E por fim, mas não por último em importância, queremos
agradecer a Pam Duevel. Se você tem hoje este livro nas mãos é
graças a ela, Pam, a absurdamente talentosa, ridiculamente criativa
e dedicada líder da equipe de publicidade da Pocket Books,
encarregada de colocar essas informações nas mãos das pessoas
que dela precisam.
T. S. Wiley

SUMÁRIO

Introdução 13

PARTE 1, 21
SEGREDOS E MENTIRAS

UM 23
Queremos acreditar: a igreja dos falsos deuses

DOIS 41
No escuro: Um evento no nível da extinção

PARTE II 59
NÃO ESTAMOS SOZINHOS

TRÊS 61
Uma autópsia da terra:
O meio ambiente controla a genética da obesidade

QUATRO 83
No gelo: A evolução, a biofísica e o escuro

PARTE III 97
A VERDADE ESTÁ AQUI

CINCO 99
Negue tudo:
O sono controla o apetite e, portanto, a obesidade, o diabetes e a
hipertensão

SEIS 121
Tudo está dentro da sua cabeça:
Não dormir e comer açúcar demais v]ao levar você à loucura

Sete 145
O melhor lugar para esconder uma mentira é entre duas verdades:
O que faz parar o maior relógio de seu corpo

OITO 169
Dez segundos para a autodestruição:
No esquema evolutivo, o câncer é simplesmente o novo “você”

PARTE IV 193
SÓ OS PARANÓICOS SOBREVIVEM

NOVE 195
Controle dos danos:
O método rítmico de comer para evitar a extinção

DEZ 235
Tenha medo, muito medo:
Somos uma espécie em perigo

GLOSSÁRIO 245

NOTAS 267

BIBLIOGRAFIA E SUGESTÕES DE LEITURA COMPLEMENTAR


363

ÍNDICE 369

Não estamos aqui preocupados com esperanças e medos, apenas


com a verdade, até onde nossa razão nos permite descobri-la. Já
forneci provas, ao máximo de minha capacidade...

- Charles Darwin
A descendência do homem

Pág 13
INTRODUÇÃO

O tema é notícia em toda parte.


Na revista Life de janeiro de 1998, 70 milhões de americanos
finalmente admitiram que, ocasionalmente, dormimos ao volante,
deixamos a bola cair ou saímos literalmente do ar. Livros como
Power Sleeping e recortes de notícias sobre jet lag estão sempre
aparecendo nos meios de comunicação. A falta de sono é o mais
novo déficit dos Estados Unidos. Este déficit é uma trementa cratera
que não temos esperança de fechar. Aparentemente, quando
perdemos horas de sono, a sensação é igual a correr a pé atrás de
um trem em movimento. O problema é que, no caso do sono,
realmente não se pode recuperar. Por que não?
Seus hormônios não são tão elásticos assim.
Hormônios e sono? Isso é novidade.
Hormônios ocomo o estrogênio e, ocasionalmente, a testosterona,
são sempre notícia. O DHEA e o hormônio do crescimento humano
até aparecem de vez em quando, mas sempre nas matérias sobre
envelhecimento. O único hormônio ligado ao sono é a boa e velha
melatonina – e todo mundo sabe que pode ser comprada sem
receita médica. Se precisar é fácil conseguir, certo?
Então, por que deixar a falta de sono mantê-lo noites e noites
acordado?
Porque, quando você dorme menos no que deve, a melatonina
não é o único hormônio afetado. Há pelo menos dez hormônios
diferentes, e outros tantos neurotransmissores no cérebro, que
começam a não funcionar direito quando você não dorme o
suficiente. A melatonina é apenas a ponta do iceberg, por assim
dizer. Todas as outras alterações é que modificam o apetite, a
fertilidade e a saúde mental e cardíaca.
Então, porque essa notícia faça parte, separadamente, de cinco
ou seis disciplinas acadêmicas diferentes. Por exemplo, a Dra. Eve
Van Cauter, da Universidade de Chicago, chama de “dívida de
sono” as alterações hormonais que registra em seu laboratório de
estudos do sono. Um

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nome que pode pegar... Talvez assim a perda do sono atraia
alguma atenção. De alguma maneira, a idéia de relacionar a perda
do sono a ser credor ou devedor de alguma coisa – igual a dinheiro
– atribua ao assunto maior importância. O dinheiro sempre fala alto
– e essa dívida de sono que você está contraindo tem um custo
anual direto, para a nação, de 15,9 bilhões de dólares, e um custo
indireto de mais de 100 bilhões de dólares, em horas perdidas de
trabalho e acidentes. Mas nós dizemos que o custo é, na verdade,
bem maior.
É o custo da sua vida.
Dormir depois que o despertador toca, cochilar no teclado do
computador ou derramar o café na mesa de trabalho, não são os
principais desastres para quem dorme pouco: a morte é a pior
conseqüência.
E, quando falamos de morte não estamos falando de acidentes de
automóvel.
Como a nação, estamos doentes porque não dormimos. Estamos
gordos e diabéticos porque não dormimos. Estamos morrendo de
câncer ou do coração porque não dormimos. Uma avalanche de
artigos científicos escritos e revisados por colegas nossos dão
suporte à nossa conclusão de que, quando não dormimos em
sincronia com a variação sazonal da exposição à luz, alteramos
definitivamente um equilíbrio da natureza que foi programado em
nossa fisiologia desde o Primeiro Dia. O relógio cósmico está
embutido na fisiologia de cada ser vivo.
A história que estamos prestes a contar é tão óbvia e, no entanto
tão fantástica, que você não acreditaria, se não fosse verdade. Há
mais coisas na história da perda de sono do que qualquer um de
nós esperaria, porque até agora ninguém foi capaz de enxergar o
quadro completo.
Nós enxergamos – e vamos mostrá-lo a você.
Em Apague a luz, provamos que a obesidade e os principais
assassinos relacionados a ela – doenças cardíacas, diabetes e
câncer – são causados por noites curtas, por trabalhar durante
horas ridiculamente longas, por, literalmente, queimar a vela nas
duas pontas – e pela eletricidade, que nos permite fazer tudo isso.
A causa, com toda a certeza, não é comer gordura demais ou a
falta de exercício.
Pesquisamos o crescimento da obesidade e das chamadas
doenças relacionadas a esse aumento de peso durante dois anos e
meio. Nossas conclusões são suportadas por mais de uma década
de pesquisa feita no National Institutes of Health (NIH), em
Washington, e em mais de

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outras fontes científicas. A nova abordagem em relação à doença
pode ser humilde e desconcertante, mas é o preço da verdade.
Então ouça.

***

Quando o dia mais longo, criado pelos ciclos artificiais de


claridade e escuridão se tornou a norma, há apenas setenta anos –
com o uso indiscriminado das lâmpadas elétricas – obesidade,
diabetes, doenças cardíacas e câncer de repente se tornaram as
causas oficiais de morte nos relatórios dos investigadores públicos.
Desde que essas doenças começaram a aparecer como as
principais causas de morte, por volta de meados do século, os
esforços por parte da ciência e da medicina para explicar o
impressionante aumento de casos nunca examinaram qualquer
outra mudança ambiental gritante, a não ser a dieta. E após todos
esses anos, enquanto os americanos continuam a morrer, todos os
médicos e pesquisadores continuam a insistir no mesmo ponto.
É hora de ver a luz.
A maior mudança pela qual os seres humanos passaram, nos
últimos 10 mil anos, aconteceu há menos de setenta anos. A
eletricidade e o uso indiscriminado da lâmpada elétrica figuram, ao
lado da descoberta do fogo, do advento da agricultura e da
descoberta do tratamento com antibióticos, entre os marcos sem
retorno na história da humanidade.
Em 1910, um adulto ainda dormia de nove a dez horas por noite.
Hoje, esse adulto tem sorte se consegue dormir sete horas por
noite. A maioria de nós não consegue. Esses números significam
quinhentas horas a mais acordados por ano. Na natureza,
dormiríamos 4.370 horas de um possível total de 8.760, ou metade
de nossas vidas. Há oitenta anos, já tínhamos caído para 3.395
horas. Agora, temos sorte de atingir umas parcas 2.255 horas. Se a
natureza conta o nosso tempo, e apostamos que sim, isso significa
que só chegamos a viver a metade do que viveríamos. Talvez
tenhamos dobrado esses números com cirurgias e antibióticos, mas
imagine o quanto mais poderíamos viver se também dormíssemos.
Na década de 1970, os americanos dedicavam 27 horas
semanais ao “lazer”. Na década de 1990, essa média caiu para
quinze horas. E trabalhamos pelo menos 48 horas semanais, em
comparação às 35 que um trabalhador cumpria, em média, na
década de 1970. naquela época

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tínhamos hobbies, jogávamos beisebol, montávamos miniaturas de
navios, éramos membros de clubes e líderes de escoteiros. Hoje,
embora o número de horas que dedicamos ao trabalho e ao lazer
seja aproximadamente o mesmo, a proporção mudou
consideravelmente. Nos últimos trinta anos, desde 1970,
encontramos novas paixões para acrescentar às antigas: fazer
exercícios, ir ao médico, agüentar um tráfego cada vez mais
ensandecedor, assistir a 150 canais e a filmes de verdade na TV a
cabo, além dos mais recentes bandidos: e-mail e eBay. Não admira
que não sobra tempo para dormir ou cuidar das crianças.
Então, por que os guardiões da nossa saúde não prestam
atenção ao estresse e à falta de sono antes de colocarem a culpa
na comida? Vai advinhar. E quando resolveram examinar a dieta
dos americanos e dar conselhos, fizeram tudo ao contrário.
Disseram à população para comer açúcar e evitar gorduras.
Ao revelar como seu corpo evoluiu junto com o planeta e tudo o
mais que nele existe, e ao explicar como esse corpo utiliza o
alimento para provocar o sono e lidar com o estresse, podemos
dizer exatamente o que acontece – à sua mente, ao seu corpo e ao
planeta – quando você come. Agora vamos lhe mostrar a luz.
A ciência do ritmo circadiano explica tudo. Todos os mistérios
podem ser desvendados. Neste livro, examinamos as evidências
científicas através das lentes da biologia evolutiva e da biofísica.
Os mapas moleculares nos mostram o caminho de casa e nos
contam de novo o que sempre soubemos. O sono controla o
apetite, e o apetite e o estresse controlam a reprodução. Dormir,
comer e fazer amor controlam o envelhecimento.
Os hormônios melatonina e a prolactina são atores fundamentais
em nossa conexão mente-corpo-planeta. Eles se comunicam com o
sistema imunológico e com o sistema de metabolização de energia,
em relação aos ciclos de luz-e-escuridão. A insulina e a prolactina
orquestram a química cerebral que governa a serotonina e a
dopamina no cérebro, para controlar nosso comportamento e
estado de espírito. Serotonina e dopamina controlam o
comportamento em relação à comida e ao sexo. Resultado: pouco
sono faz você ficar gordo, faminto, impotente, hipertenso,
canceroso, e com o coração doente.
A energia solar é a catalizadora de todo tipo de vida. A quantidade
de luz que age sobre você informa os “controles” do seu “sistema”
sobre a rotação e a órbita do planeta em que vivemos. Esse
posicionamento global ajuda nossos sentidos a ficarem de olho no
estoque de alimentos.

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É essa comunicação cósmica que nos diz, desde o início dos
tempos, quando comer, o que comer e quando reproduzir, para
maximizar a comida disponível. Nós e todos os outros organismos
neste planeta evoluímos com o giro do planeta – dentro e fora da
luz do sol.
O fato de você estar lendo isto significa que o sistema teve
sucesso.
O fato de você querer ler isto mostra que o sistema está
desmoronando.
A maioria das pessoas está absolutamente cansada de controlar o
peso e preocupar-se com o coração. Estamos prestes a lhe dizer
como parar.
Poderíamos ter dado a este livro o título de Perca peso enquanto
você dorme, mas nos pareceu demasiado vulgar. Quase o
chamamos de Mantido no escuro, depois que descobrimos
exatamente onde eram conduzidos os estudos que provavam nossa
premissa: em Washington. E ninguém menos do que o National
Institutes of Health confirma que é um “dado” científico dizer que os
ciclos de luz-e-escuridão:

• ligam e desligam a produção de hormônios


• ativam o sistema imunológico
• determinam a liberação diária, particularmente a sazonals,
dos neurotransmissores

Acabamos de dizer que, anos e anos atrás, nós existíamos em


sincronia com todos os ciclos biofísicos e ritmos da natureza. Hoje,
não apenas controlamos o estoque de alimentos, mas também
fazemos retroceder a noite e o tempo. Neste livro dizemos qual é o
preço que estamos pagando por querer brincar de Deus.
Aqui está a conta: a infindável luz artificial com a qual convivemos
é registrada, em nosso relógio interno, igual aos longos dias de
verão, porque a noite nunca cai e o inverno nunca chega. Como
mamíferos, somos teleguiados para armazenar gordura durante a
exposição a dias longos e depois dormir – um pouquinho – ao
menor sinal de fome.
Só que agora não dormimos e também não sentimos fome; pelo
menos, não temos fome de carboidratos. É por isso que estamos
gordos e ficamos cada vez mais gordos. Afinal, é sempre verão!
Enquanto o fogo, com sua luz, estendeu nosso dia o suficiente
para afetar o intelecto e a reprodução, a eletricidade ilimitada pode
simplesmente acabar com a gente.
A menos que o governo faça isso primeiro.

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Se o NIH realizou a maior parte dos estudos que fornecem as
provas de que a depressão, a obesidade, as doenças do coração e
o câncer podem ser prevenidos, em grande parte dos casos, se as
pessoas simplesmente dormirem mais e apagarem as luzes, por
que eles nos mantiveram no escuro até agora? Por que continuar a
insistir que dietas ricas em carboidratos e exercício vão nos curar?
Será que eles estão realmente tentando nos matar?
A verdade é sempre mais estranha que a ficção. Os cientistas da
MacArthur Mind/Body Foundation, da Universidade de Chicago, da
NASA, do National Institutes of Health e do National Institutes of
Mental Health, esses últimos em Washington, vêm estudando
biofísica ao longo da última década. Isso significa que os mais
importantes pensadores científicos dos Estados Unidos estão
pesquisando a mesma ciência que nós pesquisamos para este livro.
Enquanto você lê, também eles estão provando que nos
reproduzimos e nos alimentamos sazonalmente, que temos um
metabolismo fartura-fome, que desenvolvemos diabetes, doenças
cardíacas, câncer e depressões graves se dormirmos menos de
nove horas e meia por noite durante pelo menos sete meses no
ano.
Quando perguntamos ao Dr. Thomas Wehr, o chefe do
departamento que estuda os ritmos sazonais e circadianos no NIH
em Washington, se ele achava que a população tinha o direito de
saber que com menos de nove horas e meia de sono por noite – ou
seja, no escuro – as pessoas a) nunca serão capazes de deixar de
comer açúcar, fumar e beber álcool; e b) com grande margem de
certeza desenvolverão uma das seguintes condições: diabetes,
doenças cardíacas, câncer, infertilidade, doença mental e/ou
envelhecimento precoce, ele respondeu:”Bem, sim, ela tem o direito
de saber. E deve ser informada; mas isso não vai mudar nada.
Ninguém vai apagar mesmo as luzes...”
Talvez não.
Afinal, a luz é sedutora. Quanto mais tempo ficamos acordados,
mais aprendemos. É por isso que os americanos são os melhores e
os mais brilhantes – e também os mais doentes do mundo.
Mas ainda acreditamos que algo pode acontecer.
Afinal, quando os números divulgados pelas autoridades disseram
aos americanos, no final da década de 1960, que era melhor
encontrarem tempo para fazer exercícios ou então morreriam, eles
passaram a fazer exercícios. E quando nos disseram para cortar a
gordura de nossa dieta porque senão morreríamos, todas as
fábricas de alimentos se prepararam para isso. Quando a medicina
declarou que os remédios para

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diminuir o colesterol seriam a nossa salvação, enquanto ficávamos
cada vez mais doentes. A gente botou as pílulas para dentro como
se fossem balas de chocolate. É claro que muita gente ganhou
dinheiro com o movimento do condicionamento físico, com os
alimentos de baixo teor de gordura e com os remédios. Mas a única
pessoa que vai se beneficiar com o sono é você mesmo.
O que está em jogo, aqui, é se queremos ou não ir mais cedo
para a cama e trabalhar menos horas por dia. Com os
minimercados 24 horas, 250 canais de televisão e a internet para
surfar a noite toda, reverter nosso ritmo exigiriam um esforço
hercúleo. Sabemos disso, mas estamos prestes a fazer da volta ao
tempo dos dinossauros uma escolha pessoal, não federal.
Acreditamos que a população merece, de nosso governo, o acesso
aos fatos e a uma consultoria nutricional mais precisa.
Nós pagamos por isso.
Todos os americanos sabem que Washington é pródiga em
segredos, mas é um pouco difícil de engolir que, ao mesmo tempo
que o Departamento Federal de Medicina nos diz para ingerir uma
dieta pobre em gordura e 58% de carboidratos para curar
obesidade, diabetes, doenças cardíacas e câncer, o NIH, que fica
do outro lado da rua, está provando que o consumo excessivo de
carboidratos, provocado pela privação do sono, figura entre as
causas dessas mesmas doenças.
Por que vimos sendo mantidos na ignorância, quando eles
sempre souberam da verdade?

PARTE I
SEGREDOS
E MENTIRAS

Pág 23
UM
QUEREMOS ACREDITAR:
A igreja dos falsos deuses

Em algum momento do passado, os cientistas descobriram que o


tempo flui mais vagarosamente quanto mais longe estivermos do
centro da Terra. O efeito é minúsculo, mas pode ser medido com
instrumentos extremamente sensíveis. Uma vez conhecido o
fenômeno, algumas pessoas, ansiosas por permanecer jovens,
mudaram-se para as montanhas.
Agora, todas as casas estão construídas em Dom, no Matterhorn,
Monte Rosa e outras elevações. É impossível vender casas em
qualquer outro lugar... Pilotis... Pessoas ansiosas por viver mais
construíram suas casas nos pilotis mais altos... Elas celebram sua
juventude e caminham nuas em suas varandas...
Com o tempo, as pessoas esqueceram a razão por que o mais
alto é melhor.
Mesmo assim, continuam a ensinar a seus filhos a evitarem
deliberadamente outras crianças que vivem em elevações menores.
Elas até se convenceram de que o ar rarefeito é bom para seus
corpos e, seguindo essa lógica, adotaram dietas parcimoniosas e
recusam tudo que não seja o alimento mais leve. No final, o povo
se tornou fino como o ar, ossudo e velho antes da hora.
– Alan Lightman,
Os sonhos de Einstein

Em O Dorminhoco, clássico de Woody Allen, o personagem Miles


Monroe, dono de uma loja de alimentos naturais e clarinetista, dá
entrada no Saint Vincent’s Hospital em 1977 para um procedimento
de rotina. Tem uma úlcera péptica. Quando acorda, duzentos anos
depois, descobre que morreu – e que uma tia carinhosa o colocou
em suspensão criogênica.

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A trama engrossa quando dois cientistas fora-da-lei o
descongelam ilegalmente para tirar vantagem do fato de que ele é
uma não entidade numérica – e, como tal, pode ajudá-los a
derrubar o regime fascista que controla os Estados Unidos em
2173. Há uma conversa em que eles discutem o progresso do
paciente:

– Ele pediu algo especial?


– No café da manhã, pediu umas coisas chamadas germe de trigo e
mel orgânico.
– Aah, sim, parece que naquele tempo as pessoas pensavam que
essas coisas eram substâncias encantadas, que continham
propriedades capazes de preservar a vida.
– Quer dizer que não havia gordura, churrasco ou cobertura de
chocolate quente?
– Oh, não, essas coisas eram consideradas más para a saúde –
exatamente o oposto do que hoje a gente sabe ser verdade.
– Incrível!

O que é mais enervante a respeito desse pequeno flash de


cinematografia? Que os números do seguro social classificam todo
cidadão em um banco de dados de computador tipo “O Grande
Irmão”, que um regime fascista controla os Estados Unidos ou que
o New England Journal of Medicine divulgou um estudo em 1998
que conclui que a gordura pode, na verdade, proteger contra
doenças cardíacas? Será que a sabedoria nutricional de 1970, na
qual confiamos há décadas, pode estar completamente
equivocada?
O que vem agora? Durma mais ou você terá câncer?
Pode considerar profética esta última afirmação.
Mais tarde, Miles (Woody) vê o personagem vivido por Diane
Keaton acender um cigarro por razões médicas e reclama: “Como
pudemos errar tanto? Todo mundo sabia que gordura e cafeína
eram substâncias tóxicas!” O outro respondeu: “Miles, todo mundo
sabe que as únicas coisas que mantiveram viva a humanidade
foram café, cigarros e carne vermelha!”
De certa forma não parece tão engraçado, agora que pode ser
verdade.
Sem dúvida, café e cigarros parecem manter os franceses vivos.
Eles até têm uma aparência melhor que a nossa. Nessa mesma
cena tragicômica, o germe de trigo é dublê muito velado de nossas
saladas e barras

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nutritivas. Na década de 1970, as saladas e barras nutritivas
certamente seriam classificadas como “comida saudável” para os
“maníacos da saúde”. Todos se sentiam muito confortáveis com o
fato de que havia os “maníacos da saúde” e o resto de nós.
Atualmente, se você não cuida da sua saúde, é considerado um
imbecil.
Hoje em dia tudo é rotulado “de baixo teor de gordura”, “sem
gordura”, “99% livre de gordura” ou “com 30% menos de gordura”,
na tentativa de se qualificar um “alimento saudável”. Até mesmo os
sucos de frutas e as massas secas são vendidas como “sem
gordura” porque somos todos imbecis. Seu médico e os doutores
que aparecem na mídia, todos dizem – mesmo depois que os livros
Protein Power do Dr. Atkins, já provaram o contrário – que você não
consegue carboidratos de alta qualidade para perder peso a menos
que consuma:

• 5 a 7 porções de frutas e verduras por dia, além das


• 5 a 7 porções recomendadas de grãos e pães, além de
• Massas e vinho

Eles nunca contam a Pepsi, a Coca, o mel no chá o xarope de


milho com alto teor de frutose, que aparece como conservante em
quase todos os alimentos processados. Agora vamos imaginar toda
a comida que eles recomendam empilhada sobre a mesa (isto
porque jamais caberia no prato). Não lhe parece muita coisa?
E se todas essas promessas de baixo teor de gordura gerando
vida longa, sem câncer e diabetes, num corpo magro e esbelto,
ativado por um coração forte, limpo e sem hipertensão, fossem
falsas desde o início? E se os carboidratos, e não a gordura fossem
a causa da obesidade, do diabetes e do câncer?

O MÓDULO DE DEUS

A gente acha que o exercício explica por que as pessoas se sentem


tão bem quando estão morrendo. É também a razão pela qual
algumas pessoas conseguem manter regimes de baixo teor de
gordura durante tempo suficiente para se matarem. O que faz uma
pessoa agir assim?
O desejo de ser magra e se sentir bem? De forma alguma.
Michael Persinger, Ph.D., professor de neurociência e psicologia
na Laurentian University, no Canadá, isolou uma área dos
neurônios, nos

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lobos temporais do cérebro, que emite repetidamente fagulhas de
atividade elétrica quando a pessoa pensa em Deus ou tem qualquer
sentimento relativo à espiritualidade. Nós, cientistas, conhecemos
isso através das tomografias de monges, freiras e esquizofrênicos,
quando “falam com Deus”. Quase na frente desses lobos temporais
está a amigdala, um órgão de formato amendoado que imbui os
eventos de intensa emoção e de sensação de significado.
Devido à forma como os lobos temporais são estruturados e
sensorialmente conectados com a amigdala, eles são as regiões
mais eletricamente sensíveis do cérebro. O Dr. Persinger tem
conhecimento pessoal sobre isto porque ele criou um elmo com
molas de fios de aço colocadas logo acima das orelhas (lembra
Woody Allen em O Dorminhoco?). Ao passar uma corrente elétrica
cuidadosamente controlada através dessas molas, o médico cria
um campo magnético pulsante que imita os padrões transmissores
de energia dos neurônios nos lobos temporais. Isso gera uma
experiência espiritual mística completa, com uma saudável dose de
paz. Os cobaias do Dr. Persinger relatam um “efeito opiáceo, com
uma queda substancial da ansiedade e uma elevada sensação de
bem-estar, semelhante aos relatos de iluminação”.
Enquanto o Dr. Persinger caprichava em sua melhor
caracterização de cientista louco, Vilayanur Ramachandran, Ph.D.,
diretor do Laboratório do Cérebro e da Percepção da Universidade
da Califórnia, em San Diego, entrava em contato com o céu. O Dr.
Ramachandran anunciou, em 1998, que havia descoberto o
“módulo de Deus”. Este “módulo” está localizado no cérebro, numa
área dentro dos lobos temporais, que se torna eletricamente ativada
quando uma pessoa pensa em Deus ou em espiritualidade, ou
relembra uma experiência “mística”. Olha, isso me parece familiar.
Sabemos também que o estresse, a tristeza e principalmente a
falta de oxigênio estimulam fortes descargas elétricas na mesma
área, vizinha ao módulo de Deus. Como a falta de oxigênio
desencadeia estas explosões neurais, alguns cientistas acreditam
que esse mecanismo pode ser o responsável pelas várias
experiências de euforia e tranqüilidade próximas da morte. Também
a apnéia do sono, em pessoas com lobos temporais
descontrolados, pode significar que elas ouvem alguém chamar seu
nome quando adormecem, ou que têm uma “experiência fora do
corpo”, como a sensação de estar voando, durante o sono.
Podemos dizer também que a hiperventilação resultante do
exercício, junto com o estilo de vida Yuppie-urbano de baixo teor de
gordura,

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aciona o módulo de Deus. É por isso que o barato do corredor é
uma experiência tão religiosa.
Seu cérebro pensa que você está morrendo. Mas você só está
sem fôlego.
Receamos que você esteja sem tempo também.
A verdade é que todo esse exercício está fazendo mais do que lhe
dar um barato. Está exacerbando a queima de seus receptores de
cortisol. Correr é uma resposta de medo. No mundo real, significa
algo está querendo te pegar; pelo menos é o que seu corpo e seu
cérebro pensam. Se você correr por tempo suficiente, todos os seus
sistemas acreditarão que você vai conseguir ultrapassar aquele
predador. A química cerebral que acompanha as corridas longas
evolui para tornar mais agradável a saída deste mundo. Isso
significa que a falta de oxigênio, sozinha, vai acionar aquela parte
do cérebro que nos leva para o céu ou, neste mundo, nos dá uma
razão para continuar correndo. O mecanismo da química cerebral
que o faz ver Deus enquanto fica sem oxigênio evolui a partir das
respostas programadas – respostas a impulsos ambientais que não
mais existem, respostas que, num passado remoto, podem ter salvo
sua vida ou tornado a morte agradável.
Pois agora essas respostas o estão matando.

VIDA SAUDÁVEL?

Que outros impulsos ambientais estão acionando os mecanismos


ancestrais da sobrevivência? A resposta a essa questão é uma
cena arrepiante, digna de um romance de ficção científica. Ou de
um livro como o nosso.
Trabalhar até tarde, com luzes bem claras após escurecer, assistir
ao programa de David Letterman ou conferir os e-mails tarde da
noite, mesmo que seja por apenas meia hora – tudo isso fica
registrado como se fosse um longo dia de verão, em seus controles
ambientais internos. Isso significa que seu cérebro o forçará a
buscar energia para armazenar, através da ingestão de açúcar. O
açúcar (carboidratos) é o único caminho para a liberação da
insulina; e a função da insulina é armazenar o excesso de
carboidratos como gordura e colesterol, para que você tenha algo
com que viver quando terminar o verão.
A faixa de gordura no abdome, comum nos pacientes cardíacos
resistentes à insulina e com colesterol alto, assim como nos
diabéticos Tipo

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II teria servido, em outro tempo e lugar, para manter aquecidos os
órgãos internos e ser utilizada como energia durante o período
normal de fome (o inverno). A ingestão cada vez maior de
carboidratos (açúcar) sempre acaba numa produção maior de
colesterol também, porque os carboidratos baixam a temperatura de
congelamento da membrana celular. No mundo real, você nunca
teria acesso a uma tal quantidade de açúcar, a menos que fosse
verão antes do inverno. Mas você não vive no mundo real.
Da próxima vez que seu médico disser que seu colesterol está
alto demais e que você deve cortar gorduras e fazer mais exercício,
diga-lhe que ele está errado. Diga-lhe que você não está doente,
que só vai hibernar – e que não quer congelar. Talvez ele ache
graça.
Você, por outro lado, deveria estar chorando pois tem um grande
problema.
Todos os sistemas que evoluíram para mantê-lo vivo, e que o
mantiveram até este ponto, estão berrando: “A fome está
chegando!!!”
Quando você se exercita dia e noite para driblar o ganho de peso
que seu corpo e sua mente desejam, você aciona sua “resposta de
estresse”. E a mensagem que você envia a esses sistemas é: “Ai,
meu Deus, a fome está chegando e tem um tigre atrás de mim!”
Acredite, isso não é solução.
Na realidade, o exercício pode muito bem ser o último prego de
nossos caixões coletivos. A resposta de estresse ancenada quando
você corre para salvar sua vida naquela esteira eleva seus níveis de
cortisol. Se você faz isso de vez em quando – digamos, a cada dez
dias, a resposta episódica natural do cortisol vai manter seu
coração e cérebro saudáveis. Mas se você faz exercício feito um
maníaco mais de uma vez por semana, os altos níveis de cortisol
resultantes de todo o exercício crônico na verdade imitam o
estresse da época da procriação, quando as longas horas de luz e a
competição (principalmente para os machos) mantinham o cortisol
em picos anuais. A competição sexual é a situação mais
estressante possível na natureza, depois da morte. O período da
procriação seria um fracasso sem uma base de gordura para
sustentar uma gravidez durante o inverno. Assim sendo, não é por
acaso que a compulsão por carboidratos, para gerar gordura,
coincide com os altos níveis de cortisol e de hormônios sexuais. É
preciso ter pão no forno em agosto ou setembro para a maioria dos
mamíferos, para que o bebê possa nascer em abril ou maio, na
primavera, quando o alimento é abundante.

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Agora você está na academia de ginástica, é novembro e o
horário é um momento qualquer entre seis e meia e nove e meia da
noite; pelo menos dez watts de luzes florescentes estão acesos,
intensificados pelos espelhos que brilham diretamente em seus
olhos e sobre a pele de seu corpo superexposto. Você levante
pesos, corre e caminha numa esteira ou trilha, e se for realmente
suicida, está num StairMaster ou girando.
Saiba que, para seu corpo e sua mente – que evoluíram, ao longo
de milênios, para reconhecer os sinais da Natureza – você está
numa luta, uma disputa mortal, igualzinho aos gnus que golpeiam
com os chifres, que você vê no Discovery. Você está lutando por um
ovo, pela imortalidade ou apenas por uma chance no próximo
round. Essa luta parece razoável para seu corpo porque as luzes à
noite (a luminosidade da sala de ginástica) significa que estamos no
auge do verão, e que você deve se acasalar ou vai se tornar
violento. É por isso que o cortisol fica elevado durante o dia: para
fornecer glicose aos músculos para correr ou fugir, e para mantê-lo
calmo para os processos de tomada de decisão – no caso,
acasalar-se. É por isso que, quando somos constantemente
banhados por luzes inesgotáveis, sentimo-nos todos tão nervosos
(leia-se: paranóicos, agressivos, histéricos, apressadíssimos), até
mesmo quem não se exercita, até nos desligarmos de tudo.
Nesse estado crônico, você não está apenas mantendo alto o
nível de açúcar no sangue, o que sobrecarrega o sistema de
resposta da insulina com os efeitos mobilizadores do açúcar no
sangue do cortisol; na verdade, também está se tornando resistente
à insulina enquanto se exercita.
Esse fato significa que o exercício pode engordar.
Enquanto você faz exercícios feito um maníaco e vive numa dieta
de baixo teor de gordura, ganha peso até se cheirar um biscoito.
Além disso, de quebra, desperdiça hormônios sexuais, causa
câncer e provoca supressão do seu sistema imunológico. O cortisol
alto crônico também altera sua percepção do tempo e fez com que
você viva constantemente correndo. É essa percepção alterada do
tempo que provoca o período de divagação tarde da noite, antes de
ir para a cama, quando você fica acordado sob a impressão de que
deve haver algo a ser feito, ou de que você não concluiu seu
trabalho. Aí você enche mais de açúcar, porque não dormiu – e sua
insulina vai à estratosfera. Sabemos que só esse comportamento já
o torna gordo e doente.
Acredite, a culpa não é da falta de exercício, da carne ou da
manteiga.
Nem da gordura, de jeito nenhum.

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De verdade, gente.
Se a ingestão de gordura saturada causasse obesidade, já
estaríamos lá na frente, no sentido de reduzir a obesidade
nutricionalmente. Todos nós teríamos a aparência de supermodelos.
Estamos comendo menos gordura e nos exercitando mais do que
nunca, mas não lembramos em nada os supermodelos.
Na verdade, estamos horríveis.
Estamos mais gordos e doentes do que nunca, em toda a história
do nosso país. E o problema não é apenas a nossa aparência
terrível: nossos planos de erradicar doenças cardíacas, câncer e
diabetes foi para o brejo. O americano mediano na verdade ganhou,
em média, quatro quilos de peso desde o início da uerra do baixo
teor de gordura” contra a obesidade.
O pressuposto que cultivamos com carinho durante trinta anos era
que perder peso cortando gorduras e fazendo exercícios levaria a
uma redução importante nas ocorrências de doenças
cardiovasculares, sem mencionar o diabetes e o câncer.
Mas não foi o que aconteceu.
E quando não aconteceu, a medicina disse que os cientistas
disseram que a gente não tinha cortado gordura suficiente. E que,
se diminuíssemos o teor de gordura de todos os alimentos
processados, se reduzíssemos o consumo de carne vermelha e
criássemos imitações de gordura com o Olean, a marca do olestra,
a maré finalmente se reverteria. Hoje, todos esses milagres e metas
já se concretizaram, a gente se exercita dia e noite – e, no entanto,
muitos de nós já tentaram, pelo menos uma vez durante os últimos
anos, virar vegans.* Todos os dias os apresentadores de televisão,
os documentários, novos âncoras e programas de culinária nos
dizem que a vida de baixo teor de gordura funciona. E você jamais
saberá que não funciona, a menos que dê uma olhada nas
estatísticas e no crescimento das vendas de remédios para dieta.
Esses números mostram um quadro totalmente diferente.
Dizer que o cenário não é tão róseo, no mínimo, uma brincadeira
de mau gosto. Estudos recentes mostraram que perdemos mais de
________________ ___
*Vegans: vegetariano radical, que não consome qualquer produto de origem animal, nem
mesmo laticínios. (N.T.)

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um milhão de vidas, só de doenças cardíacas. O grande rumor,
entre os estatísticos, é que as mortes por doenças cardiovasculares
têm sido omitidas indiscriminadamente. De alguma forma, embora o
número de mortes por doenças cardíacas tenha caído, o verdadeiro
número de ataques cardíacos subiu bastante.
Isto significa que alguém está manipulando os números.
Significa, também que as pessoas continuam tendo tantos
ataques cardíacos e doenças cardiovasculares quanto sempre
tiveram; no entanto, procedimentos como cirurgias, angiogramas,
uma droga que dissolve coágulos chamada t-PA, 911 e angioplastia
as têm salvo, por enquanto, e com isso o índice de mortes tem
caído. Isso para falar só em morte cardiovascular; outros 60 milhões
de pessoas (isso é 25% da popoulação norte-americana) vão
acabar morrendo de doenças cardíacas, tendo em vista seu perfil
de risco.
Alguns desses “riscos” são cigarro, idade, gênero, pressão alta,
elevadas taxas de colesterol, diabetes, estresse e, logicamente, a
obesidade, o pesadelo médico de quase todo o mundo (em nossa
sociedade), o terror não é a pogreza, as doenças cardíacas ou
sequer os crimes violentos; a idéia assustadora de que, um dia, a
pessoa pode simplesmente acordar de manhã e constatar que está
realmente gorda).
Muito bem, agora acorde e sinta o cheiro do milk-shake dietético.
O homem mediano, nos Estados Unidos, não é magro. Tem 23%
de gordura corporal, enquanto a mulher mediana tem 32%. Esses
números tornam o cidadão médio 53% mais gordo do que o ideal
saudável, e a cidadã média pelo menos 50% mais gorda. Em 1961,
a obesidade atingia, historicamente – ou pelo menos assim se
pensava – 20% de toda a população. Em 1995, o Centers for
Disease Control and Prevention nos revelou que o número de
americanos gravemente obesos havia aumentado 30%, somente
durante a década de 1980. lembre-se da academia de ginástica.
Nos vinte anos anteriores, essa mesma estatística de obesidade
permaneceu inalterada, em um quarto da população. E este é
exatamente o mesmo período de vinte anos em que se desenvolveu
o grosso da pesquisa nutricional que hoje seguimos. Esse intervalo
de vinte anos assistiu também ao fim da comida de verdade, da
semana de trabalho de quarenta horas e das férias de suas
semanas, assim como ao advento da TV a cabo, dos telefones
celulares, do correio de voz e do e-mail.

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JÁ PENSOU NISSO?

Todos os anos, 80 milhões de americanos “começam com uma


dieta”. A quantidade de peso que perdem nem conta, porque 95%
deles engordam tudo de novo (e ainda ganham mais alguns quilos)
num prazo de cinco anos. Vimos diminuindo regularmente o nosso
consumo de gordura e colesterol – e mesmo assim aumentou a
incidência de obesidade, doença e morte.
Desde a virada do século, o consumo de açúcar aumentou 150%.
Como o açúcar se revelou um conservante barato, virou aditivo em
quase todos os alimentos processados – e, como sabemos, o
consumo de alimentos processados nos Estados Unidos vem
crescendo exponencialmente ao longo dos últimos cinqüenta anos.
Na década de 1940, os aparelhos de televisão eram raros. Em
meados da década de 1950, três em cada dez residências já
recebiam ondas de rádio visíveis. Mesmo no período de glória da
programação tipo Nickelodeon, só ocasionalmente as assoberbadas
donas-de-casa envenenavam suas famílias com jantares
comprados. Hoje, a família mediana tem dois adultos que trabalham
em horário integral e comem fora, ou comida congelada, pelo
menos quatro noites por semana. Se essa é a norma numa família
tradicional, imagine quão raramente uma casa com um único
resposável pode se dar ao luxo de servir uma refeição caseira.
Ou a mãe pega as crianças na creche e sai com elas para comer,
ou então chama a babá para começar a ferver a água para cozinhar
a massa. Já são seis e meia da tarde quando jantar é servido
(massa, suco ou leite desnatado para as crianças, além de pão e
sobremesa). A mãe precisa de um drinque para se manter de pé – e
ainda tem o dever de casa, os banhos a mais a “atenção de
qualidade” para das às crianças. Se a mãe faz jantar de verdade,
com mais de dois grupos de alimentos reconhecidamente
importantes, em vez de alimentar a próxima geração com massa,
tudo se atrasa ainda mais. Para isso, a mãe precisa de dois
drinques.
Bom, já são nove ou nove e meia da noite, e ela não teve ainda
um minuto para sentar e descansar depois do trabalho. No verão,
isso seria natural. Mas a cena de descrevemos ocorre durante o
ano escolar, o que significa durante os “dias escuros” na natureza.
Então, essa família de mãe solteira, ou de mãe que trabalha e de
“pai ausente”, seja por preguiça ou por trabalhar ainda mais horas,
vai agüentar pelo menos

Pág 33
cinco, ou talvez sete horas a mais de luz, num período de 24 horas,
dia sim dia também, durante sete meses por ano, completamente
fora de estação. Isso entra ano e sai ano, década após década –
até a mãe ter câncer de mama e a filha ter acne e ser gorda demais
para estar na capa da Vogue. E o Júnior, com apenas 1.70 m de
altura, ainda por cima ter asma. Se o nosso pai imaginário estiver
presente, terá artérias obstruídas, pressão alta e excesso de açúcar
no sangue.
Como tudo isso acontece é um completo mistério para a ciência
médica.
A desastrosa derrocada na saúde do povo americano corresponde
ao aumento das atividades noturnas estimuladas pela luz e ao
consumo de carboidratos que as acompanha. Considere apenas o
aumento do peso médio de jovens adultos e adolescentes ao longo
dos últimos quinze a vinte anos. Na média, esse peso aumentou,
previsivelmente, mais de 5 quilos. O percentual de adolescentes
obesos estava em 15% na década de 1970, e subiu para 21% na
década de 1990. agora, está acima de 30%.
Um recente artigo de primeira página do New York Times citou a
televisão como a causa do aumento da obesidade entre os jovens.
O artigo se baseava apenas na premissa “preguiça”, alegando falta
de atividade física exercício). A causa é a televisão, sim, – mas não
da forma que eles pensam. Grande parte dos jovens de hoje
nasceram num mundo de baixo teor de gordura/exercícios pesados.
Mais de um terço deles se autodeclaram vegetarianos, ciclistas,
montanhistas e patinadores. E há aproximadamente 12,5 milhões
de jovens como esses hoje nos Estados Unidos. E quando se
pergunta a esses jovens adultos por que são vegetarianos, a maior
parte diz que é por causa da saúde; o resto só acha que é legal.
Eles não tem idéia do que estão fazendo a si mesmos.

A SÍNDROME DO ETERNO VERÃO

Além de um aumento regular na ocorrência de doenças cardíacas e


de obesidade, as estatísticas já mostram que o diabetes e o câncer
também estão aumentando.
Talvez não seja só por causa da comida.
Na edição de 12 de janeiro de 1998 do U.S. News and World
Report, Walter Willet, o chefe do departamento de nutrição da
Escola de Saúde Pública de Harvard – um homem muito
inconstante – foi questionado

Pág 34
com relação ao fracasso da dieta de baixoi teor de gordura em curar
doenças ou salvar vidas. Sua resposta fraca e inconsistente:
“Desde o início isso era apenas uma hipótese” – não demonstrou
vergonha alguma.
Essa “hipótese” custou mais vidas do que as duas guerras
mundiais e o conflito do Vietnã juntos. Basta verificar as estatísticas
da American Câncer Society e da American Heart Association nas
últimas três décadas. Em 1999, a previsão era de que, só de
câncer, 1.257.800 pessoas iriam morrer.
Se preferir uma projeção de futuro, consulte os números
misteriosos da American Diabetes Association sobre a crescente
população de diabéticos Tipo II. Agora, os pesquisadores estão em
busca de explicações genéticas para a obesidade porque, se temos
certeza de alguma coisa, essa certeza é de que a obesidade é o
começo do fim. A obesidade é a precursora do diabetes adulto. Não
é coincidência o fato de que, até o final do ano 2000, haverá mais
de 25 milhões de diabéticos Tipo II. É cerca de 98% de toda a
população diabética. Se todos os 25 milhões se tornarem
diabéticos, com certeza uma grande parcela deles terá doenças
cardíacas e pressão alta – duas condições que levam ao derrame.
Essas complicações são as que mais matam os diabéticos.
Há anos que se prevê que a redução da gordura na dieta reduziria
também o câncer; só que as estatísticas nos mostram uma
crescente incidência de câncer de colo, associada a uma queda na
incidência de morte. Isso significa que o câncer de colo está
aumentando, mas as pessoas estão morrendo menos disso. Isso
não quer dizer cura; no caso do câncer de mama e de próstata,
podemos ver aumento na incidência e também nas mortes. Esses
dados sobre câncer de mama, próstata e colo são os que, com toda
certeza, deveriam ter apresentado queda, dadas as mudanças que
os americanos fizeram na dieta dos últimos quinze anos. Em vez de
reconhecer a dieta de baixo teor de gordura, a pesquisa médica nos
deu Mevacor, Provachol, Proscar – e agora Tamoxifen e Raloxifene.
A medicina admite que a “melhora” nas estatísticas de câncer é
conseqüência do diagnóstico precoce, não do tratamento ou da
prevenção. Mas o diagnóstico procece aumenta apenas o período
de conhecimento – a vitima só fica sabendo antes que vai sofrer e
morrer. Na verdade, não muda a data da morte. O diagnóstico
procece nunca salva vidas; com maior freqüência, apenas as
prolonga por tempo suficiente para confundir os números. E todos
esses números provam que estamos no caminho ERRADO.
Concordamos que a intervenção da dieta com certeza

Pág 35
pode reverter o curso da doença. Cortar carboidratos pode curar a
obesidade e grande parte do diabetes, mas não as doenças
cardíacas, e com certeza nem todos os tipos de câncer. O final
dessa história é a EXTINÇÃO.
A comida é parte dessa equação, está bem, mas não é a
resposta. A resposta está no ritmo circadiano e na evolução.
A resposta está em comer, dormir e reproduzir-se em sincronia
com a órbita do planeta, ou acabar como os dinossauros. As longas
horas de luz artificial que confundem seu ancestral sistema
regulador de energia também destroem o revestimento de seu
coração, e portanto o colesterol em excesso pode obstruir o fluxo
sangüíneo. Ao longo do curso da evolução, seu subconsciente foi
condicionado e ajustado para acreditar a agir da seguinte maneira
quando as luzes ficam acesas por um período muito longo: “Coma
carboidratos agora, ou morra mais tarde.” Da mesma forma, ao
longo do curso da evolução, seu subconsciente foi condicionado e
ajustado para acreditar e agir da seguinte maneira quando as luzes
ficam acesas por um período muito longo: “Acasale-se ou morra.”
Esse instinto que responde à luz tem sido a base de nosso
metabolismo fartura-ou-fome e, em última análise, de nossa
sobrevivência, durante pelo menos 3 milhões de anos. Todos os
efeitos da exposição crônica à luz e o consumo de carboidratos que
acompanha essa exposição, em outro tempo e lugar, ter-nos-iam
preparado para o pior: para a falta de comida e para os dias mais
frios, curtos e escuros, em que há menos sol.
Nós sempre “nos fartamos” para agüentar a “fome” que
certamente viria – até agora. Infelizmente, a verdade em nosso
tempo é que ingerimos carboidratos hoje e morremos mais
depressa. Nosso corpo traduz como “verão” as intermináveis horas
de luz artificial. Como ele sabe, instintivamente, que o verão vem
antes do inverno, e que o inverno significa falta de comida,
começamos a desejar carboidratos, para acumular gordura para um
período em que o alimento é escasso e deveríamos estar
hibernando. Esta é a fórmula:

A. Longas horas de luz artificial = verão na mente.


B. Inverno significa fome, para seus controles internos.
C. Fome no horizonte significa desejo instintivo de carboidratos,
para armazenar gordura para a hibernação e para a escassez.

Pág. 36
Essa escassez é acompanhada de:

1. Consumo cada vez maior de carboidratos, até que seu corpo


responda a toda a insulina, tornando-se resistente à insulina
no tecido muscular;
2. Garantia de que os carboidratos ingeridos se transformem em
depósito de gordura;
3. Fazer com que o fígado use o excesso de açúcar na produção
de colesterol, o que evitará que as membranas celulares
congelem com as baixas temperaturas.

Se você dormir à noite durante o número de horas em que


normalmente estaria escuro lá fora, só vai desejar carboidratos no
verão, quando as horas de luz são mais longas. É a “adaptação
perene”, ou a crônica e constante intenção de hibernar, que provoca
o consumo excessivo de carboidratos e a obesidade – e a
conseqüente pressão arterial elevada, o colesterol alto e a inevitável
falência cardíaca.
As etapas 1, 2 e 3 correspondem também ao quadro hormonal do
diabetes Tipo II – doença, na verdade, é o resultado final da fadiga
extrema provocada pela “toxidade” da luz. Na caminhada rumo ao
fim. Você certamente encontrará uma das seguintes condições:
obesidade, doença cardíaca, derrame, doença mental ou câncer. A
comunidade médica, a FDA, o Instituto Nacional de Saúde e sua
televisão dirão que a causa é uma praga dos céus – que só poderá
ser curada com uma dieta com 80% menos de gordura, três a seis
horas semanais de exercício pelo menos, e um monte de
suplementos e vitaminas.
Em quem você vai acreditar?
O mercado está saturado de informações sobre dietas de baixo
teor de gordura: como se alimentar com pouca gordura, por que se
alimentar com pouca gordura, quem deve se alimentar com pouca
gordura. Existem apenas algumas opiniões dissidentes, embora o
número esteja crescendo a cada dia. Está vazando lentamente na
consciência nacional a idéia de que “para algumas pessoas, o baixo
teor de gordura talvez não seja a melhor opção”, de acordo com
Walter Willet. Este recuo, meio balbuciado, meio escondido, é muito
tímido – e vem tarde demais para aqueles que conhecemos e que
não sobreviveram ao movimento pela pouca gordura.
Esta catástrofe nacional da saúde, na verdade, vem sendo
construída há 75 anos. Durante todo esse tempo, um número
incalculável de almas lutaram e fracassaram ao seguir um
aconselhamento nutricional que nunca poderia levar ao sucesso.
Fracassaram porque a comida não era

Pág 37
realmente a culpada. A história nos ensina que todas as doenças da
civilização surgiram com força total depois da Revolução Industrial,
quando a eletricidade tornou real a disponibilidade da luz artificial
ilimitada e barata. Foi a lâmpada elétrica que transformou a noite
em dia. A curva do desempenho de preços da lâmpada elétrica é
semelhante à curva do desempenho de preços de um computador
portátil. Uma lâmpada de 100 watts custa 33 centavos de dólar em
qualquer supermercado; em 1883, a mesma quantidade de luz
custaria ao consumidor US$1.445. Os especialistas concluíram que
as máquinas usurparam nosso bem-estar físico; na verdade, foram
os alimentos processados, refinados e adoçados que entraram pela
primeira vez na nossa vida (ao mesmo tempo que as luzes
estenderam o nosso dia e mudaram nosso apetite) que provocaram
todo esse processo. Embora o instrumento da destruição possa ser
a alimentação, a causa da morte é algo bem mais insidioso.

A CAUSA DA MORTE

Seu apetite é apenas um dos sintomas dessa disfunção mortal,


assim como a obesidade está associada às doenças cardíacas mas
não é a causa. A grande verdade é que a necessidade urgente de
dormir é também a causa do diabetes Tipo II. Todas as doenças que
não são causadas por contágio ou maus-tratos são provocadas por
disfunções imunológicas, em função do metabolismo. Seu sistema
imunológico é governado por duas substâncias: a prolactina e a
melatonina – e ambas são controladas pelos ciclos de luz e pela
escuridão. São esses controles biológicos fundamentais que estão
em perigo. A variação sazonal e a intensidade da luz do dia
controlam a floração, o crescimento e o estado de dormência nas
plantas e nos animais; as mudanças sazonais na iluminação
ambiente controlam a hibernação, a migração e o acasalamento.
Expor as pessoas ao brilho incessante da luz artificial por um
número de horas maior do que o dia claro em si é problema na
certa. Até 75 anos atrás, passávamos até quatorze horas por noite,
dependendo da estação, no escuro.
Por volta de 1920, a maioria das pessoas tinha condições de
manter as luzes acesas durante umas duas ou três horas à noite.
Tinham condições de comprar uma ou duas novas “lâmpadas”
elétricas de Edison, e também a eletricidade necessária para
mantê-las acesas, porque a mesma fonte de energia estava
construindo uma economia que utilizava uma

Pág 38
enorme força de trabalho. As luzes geravam empregos para pagar
por elas. No final da década de 1920, as caras máquinas instaladas
nas fábricas já haviam começado a funcionar junto com os
ponteiros do relógio. De repente, estavam rodando durante as 24
horas do dia, enquanto, apenas uma década antes, a energia
proveniente do gás era cara demais para ser usada durante a noite
inteira. Antes da eletricidade, as fábricas só funcionavam durante
dez horas. Essa segunda Revolução Industrial remapeou o
panorama econômico.
O trabalho noturno trouxe mais dinheiro de várias maneiras. Não
apenas forrou os bolsos dos donos das fábricas; gerou também
mais empregos e dinheiro para uma subclasse econômica de novos
imigrantes. O mais importante, porém, é que o trabalho noturno
trouxe com ele uma economia de serviço. Essa economia fez
proliferarem transportes, restaurantes e mercados 24 horas,
quadras de tênis e jogos de beisebol noturnos, pontos de jogo e por
aí vai. A eletricidade alimentou o telefone, que é a base de nossa
atual capacidade de comunicação de ficção científica, e que
permitiu que os pequenos mercados se tornassem globais. Existe
até uma nova pérola de terminologia, na língua inglesa, para este
fenômeno, graças à Internet: 24 por 7. Foi um golpe de sorte
ridiculamente terrível, num século que de outra forma seria bem
interessante, o fato de que, exatamente ao mesmo tempo que o
açúcar começou a ser usado para preservar e embalar “comida”
industrializada, nós tivéssemos a oportunidade de ficar acordados a
noite toda para comê-lo.
É claro que, naquela época, não havia muitos alimentos
industrializados no mercado; porém os que existiam utilizavam
xarope de milho altamente refinado (em máquinas industriais) para
evitar perda de umidade e aumentar a vida de prateleiras de
produtos. Muitos alimentos industrializados ainda usam o mesmo
conservante. Até os pãezinhos de aveia adoçados com mel, feitos
com grãos integrais e de baixos teores de gordura, bem
embaladinhos, que você encontra próximo às caixas registradoras
dos minimercados, são preservados com açúcar. É altamente
esclarecedor observar, neste ponto, que a incidência de diabetes
Tipo II caiu tremendamente durante as duas guerras mundiais,
época em que o açúcar era racionado.

O INSTRUMENTO DA MORTE

Para entender por que os carboidratos são o instrumento da morte,


precisamos de um pouquinho de ciência. Só recentemente a ciência
ea

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medicina começaram a reconhecer uma condição chamada
hiperinsulinemia crônica. Este é o termo que designa a insulina
elevada crônica, produzida no próprio organismo. Isso só pode
ocorrer quando a pessoa consome carboidratos de forma crônica.
Na natureza, nunca seria possível uma pessoa comer carboidratos
de forma crônica. As árvores e plantas dão frutos apenas em uma
estação e floresce na outra. Viver só de açúcar por mais de um ou
dois meses não seria possível, a menos que você estivesse se
preparando para hibernar, como uma marmota, durante um longo
sono de inverno.
A mídia não fala muito sobre insulina, a não ser em relação ao
diabetes do Tipo I; por isso mesmo, as pessoas pensam na insulina
como um remédio para os diabéticos do Tipo I – que, seja por
razões virais ou por serem auto-imunes, não conseguem fabricar a
própria insulina.
A insulina é o elemento central em ambas as formas de doença,
pois ela controla o nível de açúcar no sangue ao se encaixar nos
receptores das células como uma chave que abre uma tranca. Uma
vez abertos os portões, o açúcar presente no sangue pode entrar e
energizar todas as células do organismo. A resistência à insulina é a
incapacidade do corpo em responder à insulina que é produzida
normalmente, porque os receptores recuam para salvar sua vida.
Cada função do seu corpo – desde a comunicação básica molécula
a molécula até operações complexas, como o controle do apetite ou
da temperatura – está numa estreita zona de normalidade chamada
homeostase. Um recuo dos receptores de insulina é uma tentativa
de controlar a quantideade de açúcar permitida. Insulina demais
não é normal.
A pista reveladora de nosso destino ameaçador é que a incidência
de resistência à insulina vem ocorrendo em pessoas cada vez mais
jovens. A população inteira está envelhecendo em ritmo acelerado.
A resposta lógica seria reequipar todas as indústrias alimentícias e
aconselhar as pessoas a evitarem o açúcar, certo? Foi essa a
nossa abordagem em relação á gordura, e a população aderiu em
massa. Acredite em nós, com o açúcar isso não seria assim tão
fácil. Seria mais parecido com Proibição. Somos tão viciados numa
dieta de baixo teor de gordura e alto teor de açúcar quanto os
alcoólatras são viciados em álcool, porque os altos níveis de
insulina criam, no cérebro, o mesmo estado criado pelo álcool.
Os alcoólatras “dormem” depois de um pileque não apenas
porque o álcool em si temum efeito sedante sobre seus receptores
opiáceos, mas
Pág. 40
também porque a enorme carga de carboidratos da uva, dos grãos,
da batata, do cactus ou, no caso do rum, da cana-de-açúcar contida
na bebida literalmente os faz adormecer. Lembre-se disso toda vez
que tomar aquela taça de vinho após o jantar. O pico de insulina
depois de um pileque transforma a serotonina do cérebro em
melatonina – e isso quer dizer luzes apagadas. Em nossa cultura,
ingerimos tantos carboidratos num único dia quanto um
bêbado durante um porre. Para ele e para nós, a recuperação
natural é a mesma.
Dormir.

A RESSURREIÇÃO DA VERDADE

Será que a perda de sono pode estar destruindo o relógio endócrino


que controla o ganho de peso? Será que a quantidade de horas que
você dorme realmente pode controlar seu apetite? Nossas
descobertas são quase simples e extraordinárias demais para se
acreditar. Mas aqui gostaríamos de recordar a legendária regra da
lâmina de Occam, que diz: “Em condições iguais, a resposta mais
simples é sempre a correta.” Sabemos que, para a maioria de nós o
que estamos dizendo é algo como descobrir que tudo aquilo que
você acreditou desde pequeno é mentira. E é! Você não quer
saber?
Ocorre que tudo o que era fato sobre nossa saúde acaba não
sendo mais do que conjecturas absurdas. Conjecturas que não têm
evidências científicas que as apóiem. Conjecturas que, para
algumas pessoas, fizeram sentido.
Só que não fazem mais.

Pág. 41
DOIS
No escuro:
Um evento no nível de extinção

Dormir, talvez sonhar.


- William Shakespeare,
Hamlet, 3.2.54, 1554

Dormir, talvez sonhar,


quem sabe transformer a realidade.
- Sony Corporation, 1997

Ó tu, escuridão, envolve o espírito daqueles que ignoraram a tua


glória. Leva-nos agora.
- Mayra Montero, uma prece para os que estão
morrendo, extraído de you, Darkness, 1999

O suave conforto proporcionado pelos sons dos anfíbios na noite


está profundamente enraizado na consciência humana, assim como
a música prateada do som da água correndo. A batida dos oceanos
na praia, uma borbulhante fonte romana, grilos cantando e sapos
coaxando – tudo isso antecipa o bem para a humanidade. E nós
contamos com isso. Desde o primeiro dia da criação que nos
sentimos seguros ao ouvir esses sons, pois eles sempre se
traduziram em sobrevivência: comida, água e companhia.
Agora, porém, tudo isso está mudando. Os sapos andam quietos
demais. O silêncio está ficando surdo. Os anfíbios, sapos e rãs
estão morrendo sob cinscunstâncias misteriosas. Em alguns casos,
nem os corpos são encontrados. De acordo com a revista New
Scientist, no Parque Nacional de Causuco, em Honduras, várias
espécies de sapos selvagens desapareceram sem deixar rastro; e
também não há mais
Pág 42
girinos. Na Austrália, quatro – nem uma, nem duas, nem três: quatro
– espécies desapareceram das florestas de Queensland. Na ilha
havaiana de Kauai, um tipo de rã que antes abundava na região
simplesmente não existe mais. Os nativos disseram aos
pesquisadores

(... continua até à página377...)

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