You are on page 1of 66

FACULDADES INTEGRADAS “ESPÍRITA”

SERVIÇO SOCIAL
Edna Ubaldo

UMA ANÁLISE DAS MOTIVAÇÕES QUE LEVAM O IDOSO A PARTICIPAR DO


GRUPO FRATERNIDADE ESPIRITA IRMÃO BEZERRA DE MENEZES
DESAFIOS E SUPERAÇÕES

CURITIBA
2009
EDNA UBALDO DE OLIVEIRA

UMA ANÁLISE DAS MOTIVAÇÕES QUE LEVAM O IDOSO A PARTICIPAR DO


GRUPO FRATERNIDADE ESPIRITA IRMÃO BEZERRA DE MENEZES
DESAFIOS E SUPERAÇÕES

Trabalho de Conclusão de Curso para


obtenção do título de Bacharel em Serviço
Social pelas Faculdades Integradas
“Espírita”.
Orientadora: Profª. Raquel Barcelos

CURITIBA
2009
TERMO DE APROVAÇÃO

EDNA UBALDO DE OLIVEIRA

MOTIVO DA PRESENÇA DA PESSOA IDOSA NOS GRUPOS DE APOIO DA


INSTITUIÇÃO FRATERNIDADE ESPIRITA IRMÃO BEZERRA DE MENEZES

Tese aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel no Curso
de graduação em Serviço Social, Setor de Humanas das Faculdades Integradas
Espírita, pela seguinte banca examinadora:

_____________________________________
Orientadora: Professora Mafalda

_____________________________________
Professor

_____________________________________
Professor

Curitiba, ____ de ____________________ de 2009.


Dedico essa pesquisa aos meus filhos: José
Carlos Mendes Júnior e kauane Samara
Mendes, por se constituírem diferentemente
enquanto pessoas, igualmente em beleza e
admiráveis em essência. Meus agradecimentos
por eles aceitarem privar-se da minha
companhia, pelo tempo tomado pelos estudos,
concedendo me realizar ainda mais.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me dar forças


e ânimo.

Aos meus pais, ao meu esposo José Carlos Mendes


e aos meus irmãos, e principalmente ao meu irmão
Adir que já não esta mais junto conosco mais aonde
estiver quero que saiba que você foi muito
importante pra mim e aos terem contribuído na
realização desse sonho conquistado, sempre me
apoiando com palavras de conforto, principalmente
quando pensei em desistir, amo muito todos vocês!
Aos professores que tiveram paciência e dedicação
nesse trabalho.

Aos colegas de sala que foram muito importantes


durante esses quatro anos de convivência, mesmo
em momentos de divergências, mas sabemos que
faz parte de tudo, jamais esquecerei.

E não poderia deixar de dar meu agradecimento


especial a professora Mafalda, que pra mim ela
significa paciência, dedicação, tolerância,
participação, e acima de tudo comprometimento
ético conosco e com a faculdade. Querida
professora jamais esquecerei também.
O VELHO E SEU NETO
Empatia com os idosos

Era uma vez um velho muito velho, quase cego e surdo, com os joelhos tremendo.
Quando se sentava à mesa para comer mal conseguia segurar a colher. Derramava sopa na
toalha e, quando afinal, acertava a boca, deixava sempre cair um bocado pelos cantos.
O filho e a nora achavam aquilo uma porcaria e ficavam com nojo. Finalmente,
acabaram fazendo o velho se sentar num canto atrás do fogão. Levavam comida para ele
numa tigela de barro e, o que é pior, nem lhe davam o bastante.
O velho olhava para a mesa com os olhos compridos, muitas vezes cheios de
lágrimas.
Um dia, suas mãos tremeram tanto, que ele deixou a tigela cair no chão, se
quebrando. A mulher ralhou com ele, que não disse nada. Só suspirou.
Depois ela comprou uma gamela de madeira bem baratinha, era ali que ele tinha de
comer.
Um dia estavam todos assentados na cozinha, o neto, de quatro anos, estava
brincando com uns pedaços de pau.
- O que é que está fazendo? Perguntou o pai.
O menino respondeu:
- "Estou fazendo um cocho, para papai e mamãe poderem comer quando eu crescer".
O marido e a mulher se olharam durante algum tempo e caíram no choro. Depois
disso, trouxeram o avô de volta à mesa. Desde então, passaram a comer todos juntos e,
mesmo quando o velho derramava alguma coisa, ninguém dizia nada.

Conto de irmãos Grimm,


Citado em "O livro das virtudes",
Uma antologia de William J. Bennett.
SUMÁRIO
Agradecimentos
Dedicatórias
Epigrafe
Lista de siglas
INTRODUÇÃO

CAPITULO I
1.1- O ENVELHECIMENTO
1.2 A FAMILIA E O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
1.3
– AS MUNDANÇAS FISICAS DO ENVELHECIMENTO9

CAPÍTULO I I- ............................................................................................................16
2.1 O PAPEL DO TERCEIRO SETOR E O IDOSO
2.2 OS PROBRAMAS E PROJETOS DO SERVIÇO SOCIAL

CAPITULO III

3.1 METODOLOGIA DA PESQUISA


3.2 APRESENTAÇÃO DA PESQUISA
3.3 ANALISE DA PESQUISA

CONCLUSÃO.............................................................................................................44
REFERÊNCIAS...........................................................................................................45
SIGLAS

RMV - Renda Mínima Vitalícia


SUAS - Sistema Único de Assistência Social
PSB - Proteção Social Básica
PSE - Proteção Social Especial
PNI - Política Nacional do Idoso
SUS - Sistema Único de Saúde
LOAS - Lei Orgânica de Assistência Social
BPC - Benefício de Prestação Continuada
OMS - Organização Mundial da Saúde
MDS - Ministério do Desenvolvimento Social
FNAS - Fundo Nacional de Assistência Social
IAP - Instituição de Aposentadoria e Pensão.
CAPs - Caixas de Aposentadorias e Pensão
GFEIBM Grupo fraternidade Espírita Irmão Bezerra de Menezes
9

INTRODUÇÃO

A presente pesquisa está sendo desenvolvida a partir da prática de estágio do


curso de Serviço Social, das Faculdades Integradas “Espírita”, no campo de estágio
da Instituição Grupo da Fraternidade Espírita Ir. Bezerra de Menezes, sob o tema:
Motivo da presença da pessoa idosa nos grupos de apoio da Instituição Fraterna
Espírita Irmão Bezerra de Menezes.
Esta Instituição foi fundada em 29 de agosto de 1986 e está situada a Rua
Alagoas nº 2.915, no bairro Vila Guairá, Município de Curitiba - PR. Suas ações têm
base na filosofia da evangelização da doutrina espírita. Possui estatuto que
regulamenta a sua atuação. Em seu estatuto, no Artigo 2° dispõe sobre os objetivos
da instituição, construir a harmonia, a paz do ser humano, o estimulo ao uso da
razão em seus integrantes e o bem da comunidade em geral.
A Instituição, sem fins lucrativos, é formada e regida por quatro órgãos
funcionais: - Conselho Administrativo (que é o órgão deliberativo e normativo em
matéria técnica relativa à administração); - Conselho consultivo (que participa
ativamente das reuniões do conselho construtor); - Conselho Deliberativo (compete
deliberar sobre a política geral da Instituição); e - Assembléia geral (como órgão
decisório máximo do Grupo Fraterno Entidade Instituição Bezerra de Menezes).
A instituição assiste as famílias em situação de risco e vulnerabilidade social.
Os usuários atendidos pela Instituição se constituem por famílias de baixa renda,
desempregados e sem renda fixa que vive em situação de exclusão e
vulnerabilidade no mercado de trabalho formal e informal e são advindos de toda
grande Curitiba e Região Metropolitana, como Fazenda Rio Grande, Almirante
Tamandaré, Colombo, Araucária e outros.
O sistema baseia-se em um Modelo Administrativo Colegiado, onde o
processo de eleição é direto apenas para conselho Diretivo, sendo os demais
construídos como funções de confiança de cada Conselho eleito.
A instituição conta com cerca de 60 voluntários no desenvolvimento das
atividades. Os recursos são adquiridos através da venda dos livros da doutrina
espírita e das contribuições mensal dos simpatizantes. Não tem parceria com o
Governo do Estado e município, só depende de doações e vendas no bazar de
produtos doados pelos colaboradores.
A instituição desenvolve também, atividades como:
10

• Doação mensal de sacola de alimentos;


• Doação semanal de sacola de frutas e verduras;
• Doação de enxoval para as gestantes;
• Bazar de roupas;
• Higienização e doação de roupas as pessoas em condição de rua
semanalmente;
• Aos sábados é servido café da manhã e sopa no horário de almoço a todos
os seus freqüentadores;
• Almoço a cada sessenta dias.

Seu objetivo, como instituição, trata do atendimento aos usuários numa


cultura de política assistencialista, aos usuários promovendo uma ação de
benefícios as famílias que se encontram na situação de vulnerabilidade social. Assim
a Instituição tem por missão oferecer apoio assistencial e espiritual às pessoas com
situação de vulnerabilidade.
Atualmente conta com uma equipe de voluntários que trabalham em prol dos
objetivos da instituição. Lembrando também do apoio da equipe do Serviço Social e
dos estagiários das Faculdades Integradas “Espírita”.
O Serviço Social foi implantado na Instituição em maio de 2007, onde
atualmente é composto por uma Assistente Social e seis estagiários do Curso de
Serviço Social. No momento o atendimento está sendo realizado em sala
improvisada, pois ainda não possui espaço físico à disposição do Serviço Social.
A ação do Serviço Social através de seu cumprimento ético-político na
demanda que implementam políticas sociais, no sentido de minimizar as
desigualdades sociais, com alternativas e possibilidades de promoção social, onde
atua na tentativa de superação da pobreza diante da exclusão social que assola esta
população.
Os integrantes da ação são pessoas que lutam pela inclusão e pelos direitos
sociais seja individual ou em grupos, necessitando do ‘empoderamento’ através das
relações sociais para o reconhecimento dos seus direitos, incluindo-se as políticas
sociais.
Postular uma igualdade humana básica e revesti-la do direito de cidadania, ou
seja, de um conjunto de direitos civis, políticos e sociais. Impõe-se encontrar a via
11

que permita identificar como se torna possível o crescimento através da busca de


alternativas informal (Fabiana Cristina Severi, USP).
A prática do Serviço Social dentro da Instituição segue um plano pedagógico
construído mediante planejamento onde são realizadas as seguintes intervenções:
cadastros das famílias, visitas domiciliares, e abordagem social no intuito de a
proximidade com as famílias. Analisando a real situação que se encontram, plantão
social, apoio e orientações nas questões relacionada às famílias, idosos,
(preservação e resgates dos vínculos familiares).
Hoje na instituição, o Serviço Social conta com ações voltadas aos
freqüentadores tendo um trabalho envolvendo: Crianças e gestantes, grupo de
mulher e idosos. É possível ressaltar as condições asseguradas às condições que
se encontrão e proporcionar a participação social e qualidade de vida dos idosos
através de reuniões com o grupo, em que, entre os freqüentadores na Instituição,
20% são pessoas acima de sessenta anos.
O Serviço Social está desenvolvendo um trabalho de esclarecimento e
direitos aos idosos, garantido pelo Estatuto do idoso. Pode-se constatar que na
maioria, estes são aposentados, ou recebem algum beneficio, de até um salário
mínimo, enquanto uma parcela vive de pequenos “bicos”, e que na sua trajetória de
vida, chegam a ser responsáveis pelo sustento das famílias ou netos, que estão
sobe os seus cuidados.
O aumento da população com mais de 60 anos é o resultado da evolução e
aperfeiçoamento das condições de vida de um povo. Este fato deveria ser
comemorado como um grande acontecimento, mas vem sendo, pelo contrário,
encarado como um grande problema.
O acolhimento de idosos em situação de risco social, por adulto ou núcleo
familiar, caracteriza a dependência econômica, para os efeitos legais. O
envelhecimento, assim, é visto pelos serviços e instituições estatais como a fonte de
inúmeros problemas e dificuldades que exigem um enfrentamento urgente.
Este trabalho com o grupo de idoso pretende oferecer contribuições l visando
um aperfeiçoamento nas suas ações, que interagem nas diversidades, trabalhando
as relações sociais. É uma atividade voltada para um “fazer” na direção da
cidadania, da justiça social e dos direitos sociais.
Estas ações se realizam com base na teoria e pratica do Serviço Social, onde,
na experiência prática proporcionada pelo estágio na Instituição, formula-se o estudo
12

social, para um novo olhar profissional de Serviço Social, diante das problemáticas
existentes, frente à nova realidade das demandas sociais que se apresentam
permeada de contradições sociais.
O serviço Social atua numa correlação particular de forças, levando–se em
consideração a situação, do usuário que se encontra nesta relação existente e das
exigências do trabalho, que atuam no sentido da desmobilização, de repressão, de
fragmentação e de força que defendem a articulação, em favor do usuário sob a
forma institucionalizada.
Esta proposta de pesquisa nasceu de uma preocupação com as questões
social voltada ao idoso, diante das grandes mudanças na sociedade como um todo,
onde as organizações não governamentais são instituídas apenas para atender as
demandas sociais para viabilizar o acesso aos direitos sociais. O que seria de
obrigação do Estado.
O idoso como foco principal da pesquisa se constitui como um sujeito
resultante das múltiplas determinações da questão social que teve a sua vida
permeada de lutas e contradições sociais que são vividas no seu cotidiano.
Embora a realidade social da vida dos idosos seja permeada de
complexidades, o Serviço Social procura sempre fazer a mediação junto
transformação social e o processo de promoção social.
À questão Social voltada ao idoso torna-se uma preocupação e debate em
várias instâncias da sociedade e intervenção significativa para o Serviço Social em
sua atuação. Motivo este que levou a esta a proximidade do objeto, que se pretende
desvendar e analisar no decorrer do estagio para apontar as necessidades que
condicionam os idosos a encontrar um espaço que também é de convivência e de
reflexão no grupo na Instituição Bezerra de Menezes (RAICHELIS, 1988, p.161).
Durante a realização do estágio, percebeu-se, que há um número
considerável de idosos que vêm à instituição para encontrar uma palavra de conforto
diante das diversas dificuldades que se defrontam na convivência familiar,
desemprego, trabalho informal como catadores de papel reciclável e diante do
desemprego onde buscam alternativas de enfrentamento da pobreza. É, portanto,
um desafio para o Serviço Social encontrar meios tanto instrumentais como atender
essa demanda social.
O estabelecimento de um compromisso de parceria com o Serviço Social é
uma diretriz da Instituição Bezerra de Menezes, diante da demanda dos usuários.
13

O Serviço Social, como disciplina de intervenção na realidade, pretende


transformações sociais, envolvendo, pois, um componente intencional a ação. Sua
prática é sempre planejada, compreendendo procedimentos inerentes ao
planejamento social, ou ao planejamento em si, ou ainda apenas alguns aspectos
particulares deste processo. Toda ação, sendo intencional, objetiva uma
transformação da realidade para o Serviço Social e Planejamentos se integram.
O planejamento nas ações do Serviço Social é de grande importância, pois as
ações não são espontâneas, elas possuem um intuito, e nossa intenção de realizar
os encontros foi de trazer a informação não formal como forma de ensinar, mas
como esclarecimento de cidadania; para a justiça social, para a liberdade, para os
direitos, para a igualdade, a democracia, o exercício da cultura e das igualdades de
direitos das diferentes culturas (GOHN, 2003, p. 21).
As práticas de grupo foram formadas no contexto pudessem romper com a
exclusão, através do trabalho não formal, buscar a cidadania para que as mulheres
possam ter condições de reverter o quadro excludente em que estão inseridas para
(PRATES, 2007, p. 2).
Se a questão social manifesta-se no cotidiano do indivíduo, da conseqüência
materializada no desemprego estrutural, na precariedade de trabalho, nos fracos
vínculos familiares e nos novos modos de resistência, então as velhas expressões,
tais como dificuldade de trabalho, mobilização, engajamento do cidadão são
expressões ainda usadas no cotidiano. Enfim os processos de trabalhos são
pautados na defesa dos direitos e justiça social, na democracia, tal como antes, tudo
para dar condições aos cidadãos de uma efetiva cidadania.
Assim como as ações do Serviço Social foram planejadas, as ações também
pautadas nos projetos ético-políticos da Profissão, com o compromisso profissional
com a garantia dos direitos. “Serviço Social desde as suas origens é uma profissão
que tem um compromisso com a construção de uma sociedade humana, digna e
justa”. (MARTINELLI, 2006, p.15).
O Assistente Social necessita de sua inteiração e ter uma visão da totalidade,
pois o homem é protagonista. Através das mudanças que o capitalismo trouxe, o
homem deixou de ser o interesse principal. Precisamos resgatar a visão por inteiro
do ser humano, buscar sua totalidade, portanto a partir do momento em que vemos
o ser humano na centralidade, estamos fazendo ser protagonista da sua própria
14

história, damos visibilidade ao invisível, fazemos com que eles assumam o papel de
ator e autor de sua história.
O projeto ético-político que existe hoje no Serviço Social tem sua base de
sustentação na teoria social marxista (MARTINELLI, 2006), e nos embasamos em
Marx, porque também lutamos pela igualdade social. Segundo Bottomore (1988):

O Serviço Social em quanto profissão, inscrita na divisão social e técnica do


trabalho, situando-se no processo de reprodução das relações sociais, na
capacidade de construir conhecimento e de estabelecer um olhar critico da
realidade, fazem da pesquisa um instrumento de fundamental importância
para desvela mento das demandas sociais (BOTTOMORE, 1988, p. 12).

Desta forma, parte-se do pressuposto que o conhecimento é fruto das


experiências sociais do homem no seu cotidiano, resultado da busca em satisfazer
suas necessidades naturais e históricas.
Uma pesquisa que abrange toda bibliografia já torna público em relação ao
tema de estudo, “sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo
o que foi escrito sobre determinado assunto” (ILAKATOS, MARCONI, 1993, p. 24).
Na pesquisa documental, analisa-se o Estatuto da Instituição. A pesquisa
documental assemelha-se a bibliografia, todavia as fontes que constituem são
documentos relatórios presentes na Instituição. A utilização de observação livre
proporcionou a sistematização de informação sobre o cotidiano dos idosos da
Instituição.
Além da pesquisa quantitativa, será realizada as entrevista de campo e semi-
estruturada da formação do grupo idoso.
1° Capítulo: O processo de envelhecimento na contemporaneidade, e as
políticas sociais.
2° capítulo: O papel do Terceiro Setor e sua principal característica e o
atendimento aos idosos na suas necessidades na Instituição Bezerra de Menezes.
3° Capitulo: A metodologia da pesquisa e uma analise do Serviço Social.
Por último apresentamos as considerações finais que pretenderam responder
aos problemas de pesquisa como também aos objetivos proposto:
• Frente às mudanças demográficas atuais, identifica-se o aumento crescente
da população idosa a nível mundial e a repercussão social destes na sociedade?
15

• A idéia que rodeia o processo do envelhecer, consentimentos de isolamento


e inutilidade, amizade, falta de atividade e de remuneração social econômica
adequada, aceleram o envelhecimento?
• Seriam esses os motivos que levam os idosos a buscar consolo e ajuda
nesses grupos de apoio oferecidos pelas instituições?
• As ações do Serviço Social que se realiza junto ao grupo de idosos
esclareceram os direitos sociais?
O envelhecimento populacional é um fato cada vez mais perceptível no
mundo e no Brasil.
O presente estudo tem por objetivo ampliar o debate sobre o tema do
envelhecimento na perspectiva da inclusão social, privilegiando sua dimensão
política, protagonizada pelos idosos do Projeto Agente Experiente.
A pesquisa foi desenvolvida adotando-se a perspectiva qualitativa através da
observação participante, entrevista e análise documental.
O grupo pesquisado e constituído pelos idosos que desenvolvem as
atividades da pesquisa. Os resultados revelam a importância do trabalho
desenvolvido pelos idosos, cujo significado compreendido entre eles foi a melhora
da auto-estima, conhecimento de direitos e deveres e a prática da cidadania.
16

CAPÍTULO I - O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

Todo processo de envelhecimento é um mistério, conhecemos e sentimos


seus efeitos, uns mais cedo que outros, em nosso organismo, em nossa mente. O
importante é lembrar que é uma ocorrência natural, onde a intensidade varia de ser
humano para ser humano.
O conceito de envelhecimento precisa ser visto de forma ampla e complexa,
pois ele abrange várias dimensões, como a cronológica (onde a pessoa sofre a ação
natural da idade que vai avançando), a biológica (onde os fatores genéticos atuam
favorecendo ou desfavorecendo no processo), a social (o ambiente em que vivemos
também ajuda no benefício ou desfavorecimento do envelhecimento), a econômica e
a cultural (QUEIROZ; LEMOS, 2002, p.8).
No processo de envelhecimento, algumas mudanças físicas relacionadas à
idade são claras, como o surgimento de rugas, cabelos brancos e peso adicional em
algumas partes do corpo, por exemplo. Mas existem mudanças que não são visíveis,
como a perda gradual de tecido ósseo e a resistência reduzida dos vasos
sangüíneos; elas passam despercebidas, mesmo por décadas. Independentemente
do conhecimento sobre a existência dessas mudanças, elas acontecem
diferentemente para cada pessoa. Em alguns casos vem a depressão, o isolamento
do ambiente social.
A participação de um médico especialista nesse processo é importante, pois
ele poderá tirar as dúvidas que possam surgir nessa caminhada, e ainda dar dicas
para melhorar o condicionamento físico, na medida do possível, respeitando a
limitação de cada indivíduo. Por isso é importante saber como e por que o corpo
muda com a idade, pois ajuda a desencorajar alterações na função das células,
tecidos e órgãos que o debilitam. Esse conhecimento também ajudará a tomar as
medidas certas para interromper o desenvolvimento de condições como a diabete e
doenças oculares que são mais comuns com o avanço da idade.
Os tipos de efeitos que o processo de envelhecimento pode causar ao corpo
são: anatômicos, cardiovasculares, gastronômicos, imunológicos, metabólicos e
sensoriais (WARD, 2007, p.1).
Quanto à idade, muitos estudos afirmam que ela é relativa e sofre influência
de diversos fatores, apesar de que para a Organização Mundial da Saúde a idade
17

inicial da velhice no Brasil é considerada 60 anos (Organização Pan-Americana da


Saúde, 2005).
A divisão por idade dos idosos pela ONU (Organização das Nações Unidas)
possui três categorias, que são os pré idosos, com idade entre 55 e 64 anos; os
idosos jovens, com idade entre 65 e 79; e os idosos com idade avançada com mais
de 80 anos; a maioria dos idosos é do sexo feminino (BVS, 2009, p.1).
Muitas discussões são levantadas na questão dos idosos, a começar pela
idade inicial, onde conforme mencionado anteriormente para a Organização das
Nações Unidas a idade inicial estipulada é uma e para a Organização Mundial da
Saúde é outra, assim nos explanam Santos e Barros (2008):

O envelhecimento populacional traz à tona a discussão do que é ser idoso.


A Organização Mundial da Saúde (OMS) define pessoa idosa como aquela
de 60 anos de idade ou mais, para os países em desenvolvimento, e de 65
anos ou mais, para os países desenvolvidos. [...] O aumento acelerado da
população idosa Brasileira traz uma preocupação quanto à elaboração de
novas políticas públicas. Faz-se necessário, portanto, conhecer o perfil de
hospitalização e de óbito desse grupo etário para o planejamento das ações
de saúde de que será alvo. (SANTOS, BARROS, 2008, p. 178)

Quem é o velho então? A idade cronológica é uma média abstrata, foi criada
como forma de identificação na França do século XVI, para determinar quem poderia
ou não utilizar armas, também considerava o estado civil. Entretanto a idade
cronológica passou a ser mensurável, e é a que menos caracteriza as condições
individuais.
A idade biológica está intrinsecamente ligada ao desgaste que os indivíduos
sofrem. Deve-se levar em consideração que alguns organismos envelhecem antes
que outros, daí pode afirmar que envelhecemos tão logo nascemos (DUARTE, 1999,
p. 43).
A idade social é determinada pela sociedade, onde as pessoas são
categorizadas em termos pelos seus direitos enquanto cidadãos, onde são
atribuídas tarefas a serem desempenhadas, relacionadas com a idade cronológica e
biológica: escola primária aos 07 anos, serviço militar aos 18 anos, emancipação
aos 21 anos, aposentadoria aos 65 anos. Tudo isto lhe dará direitos, votos,
matrimônio, salário, status social, entre várias questões, a idade social está
intrinsecamente ligada à procriação, produtividade, rentabilidade e o ser humano
18

enquanto ser social, isto é tão importante que as pessoas que se desviam das
normas são consideradas problemáticas (DUARTE, 1999, p. 42).
A idade existencial (idade psicológica) é a somatória de experiências
pessoais, de relacionamentos, e a riqueza vivencia acumulada através dos anos;
porém para fins sociais, econômicos e administrativos e a idade que menos aceita
dentro do nosso sistema político e social (DUARTE, 1999, p. 44).
Independente de uma idade fixada, o importante é lembrar que todos um dia
entrarão na terceira etapa da vida, seja com 60, 61 ou 65 anos. A pessoa a partir de
um momento de sua vida, cuidando ou não da saúde, alcançará a velhice seja qual
for sua situação psicológica, social, econômica e até biológica.
O que vale ressaltar é a maneira como a velhice é encarada nessa última
década, onde a velhice é vista apenas como uma “caricatura das diferentes
condições sociais”. A partir deste ponto de vista do autor Fraiman, pode-se deduzir
que a problemática do envelhecimento é de cunho social, “onde em muitos casos
pode-se iniciar em uma infância carente e terminar na velhice abandonada”
(FRAIMAN, 1998, p. 33).
O processo de envelhecimento ocorre de maneira diferente para a sociedade
e para a família. Para a sociedade, o processo funciona, ou é mais visto, como uma
estatística, onde para esta é mais importante quantificar o número de idosos,
principalmente para a previdência social, o envelhecimento para a sociedade
começa a partir da idade de seu reconhecimento como idoso. Para a família, o
processo é mais profundo e participativo, inicia-se desde a infância, como afirma
Berquó (1999):

A situação familiar das pessoas nesta fase da vida reflete o efeito


acumulado de eventos socioeconômicos demográficos e de saúde,
ocorridos em etapas anteriores do ciclo vital. O tamanho da prole, a
mortalidade diferencial, o celibato, a viuvez, as separações, os re-
casamentos e as migrações vão conformando, ao longo do tempo, distintos
tipos de arranjos familiares e domésticos, os quais com o passar da idade
adquirem características específicas, que podem colocar o idoso, do ponto
de vista emocional e material, em situação de segurança ou de
vulnerabilidade. (BERQUÓ, 1999, p.36)

Diferentemente do modo de ver o idoso pelo lado social, o lado familiar para
ser tratado, requer importância no conhecimento de que estrutura familiar ou
doméstica o idoso está inserido. Importante também lembrar que outro fator de
influencia no processo de envelhecimento é se o idoso é masculino ou feminino.
19

O interessa pela questão do idoso no Brasil precisa mais interesse por parte
dos órgãos públicos, dos formuladores de políticas sociais e da sociedade em geral
(BERQUÓ, 1999, p. 38).
O processo de envelhecimento nas sociedades contemporâneas possui
muitos desafios e possibilidades, em cada momento deste processo do ciclo da vida.
As etapas singulares de uma mesma trajetória de vida englobam infância, juventude
e velhice.
Sobre a representação social, Digiovanni (2004) afirma:

Na medida em que a construção da representação social da velhice é


simultânea à elaboração da noção de indivíduo como um valor social e da
noção de tempo como linearidade e história, a formulação das diferenças e
singularidades das idades se dá no contexto da ideologia individualista.
Fundamentada nessa ideologia e na interpretação contrastante entre
juventude e velhice, são definidas e institucionalizadas as classificações das
fases da vida, marcadas por valores diferenciais e desiguais para as
diferentes idades. (DIGIOVANNI, 2004, p.1)

A velhice é uma etapa da vida que implica na diversidade de sentidos e


significados culturais, decorrentes das particularidades dos contextos sociais em que
os indivíduos estão inseridos (PEIXOTO, 2004, p.9). Significado cultural representa o
pensamento de uma sociedade em relação ao idoso, variando a cultura de cada
país, estado ou cidade, além da influência da cultura familiar independente de região
geográfica.
Ainda segundo Peixoto (2004, p. 9), o processo de envelhecimento é diferente
para cada indivíduo, sua variação depende do grupo social a que pertence, se é
homem ou mulher. Além do grupo social, é importante lembrar que cada país ou
região possui um tipo de cultura diferente, incluindo o modo de ver os idosos. Por
exemplo, segundo Rosely Jorge, em artigo para o Portal da Família (2007):

Sabe-se que as culturas orientais respeitam as pessoas idosas, aprendem


este valor, no seio de cada família e portanto, criaram formas de propiciar ao
idoso a sua justa integração à sociedade, conferindo-lhe a dignidade que lhe
é devida nesta etapa da vida. Já no Brasil, país não mais tão jovem, há um
total despreparo para viver e encarar saudavelmente esta fase da vida
(JORGE, 2007, p.1).

Os debates sobre políticas públicas de proteção à velhice incluem a pauta


sobre as representações sociais diferenciadas relacionadas ao envelhecimento.
20

Muitos com intenções de assegurar os direitos dos aposentados, já outros se opõem


a qualquer privilégio, como se nunca fossem envelhecer um dia.
Para que se concretize o processo de envelhecimento é necessário que a
participação da população idosa torne-se considerável em relação à população
jovem. Existem dois estágios no processo de envelhecimento em relação à
demografia da população: o envelhecimento pela base e pelo topo da pirâmide
demográfica (WONG, CARVALHO, 2006, p.6).
O primeiro estágio caracteriza a diminuição da população jovem fruto da
queda da fecundidade (redução do número médio de filhos por mulher), e o segundo
estágio como o aumento da população idosa devido à queda da mortalidade
(diminuição do número de mortes ocorrida).
Em relação a transição da estrutura etária no Brasil entre os anos de 1950 e
2050 foram analisados e estimados pelas Nações Unidas, e colocada em gráficos
(Figura 1). Entre os anos 40 e 60, a população brasileira experimentou um declínio
significativo na mortalidade, com fecundidade relativamente constante (WONG,
CARVALHO, 2006, p.6). As mudanças continuaram:

A partir da segunda metade da década de 60, a rápida e sustentada


redução da fecundidade desencadeou uma série de mudanças profundas
na distribuição etária, tal como na maioria dos países da América Latina e
do Terceiro Mundo [(Figura 01)] (WONG, CARVALHO, 2006, p.7).
21

Figura 1 – Pirâmides Etárias por sexo 1950 a 2050

FONTE: Dados Brutos, Nações Unidas, 2003.

O envelhecimento pela base mostra o início do envelhecimento, e pelo topo já


indica o processo de envelhecimento, assim defini Pelosa e Costa (2008):

O envelhecimento pela base demarca o início do envelhecimento, e o


envelhecimento pelo topo consagra o processo de envelhecimento
populacional, sabendo que os níveis das taxas de fecundidade, já baixos,
tornam-se relevantes para o processo e os níveis das taxas de mortalidade
também se tornam importantes desde que apresentem uma redução
considerável entre os idosos. (PELOSA; COSTA, 2006, p.2)

Conforme afirma Beauvoir, "se o aposentado fica desesperado com a falta de


sentido de sua vida presente, é porque o sentido de sua existência sempre lhe foi
roubado" (BEAUVOIR, 1990, p. 668).
Para contextualizar a relação entre envelhecimento e sociedade capitalista,
tomou-se como ponto de partida a reflexão sobre a sociedade capitalista, sabendo
22

que é hegemônica no contexto histórico vivido, cuja essência é a exploração pelo


trabalho.

Neste sentido a característica principal da sociedade é a transformação do


trabalho em mercadoria, sujeita como qualquer outra a lei da oferta e da
procura. Para Marx, o modo como os indivíduos produzem sua vida material
tem uma relação direta com o desenvolvimento político, social e cultural.
Assim o modo de produção capitalista é um sistema produtor de
mercadorias em que o ser humano é alienado de sua própria essência, o
trabalho (SOUZA, et. al, 2007, p.1).

A alienação a qual o indivíduo é submetido sob estas condições se estende


para o resultado do seu próprio trabalho, pois o produto do trabalho não lhe
pertence; tornando-o um apêndice da máquina que lhe dita o ritmo do trabalho
(MARX, 1998, p. 221).
A sociedade capitalista analisa mais friamente a situação do idoso, conforme
explana Papaléo Netto (2002):

O investimento numa criança tem um retorno potencial de 50 a 60 anos de


vida produtiva, enquanto cuidados médicos [e] sociais direcionados à
manutenção de uma vida saudável de um idoso não podem ser encarados
como investimento (NETTO, 2002, p.5).

Os gastos com cuidados médicos e sociais dos idosos precisam ser vistos
como dever da sociedade, um agradecimento por todos os anos produtivos que deu
ao seu país. Mas essa mudança de pensamento e de atitude está fora do controle, a
sociedade capitalista que se baseia na produção e reprodução da força de trabalho,
acaba excluindo a pessoa idosa desse processo.
Os valores que embasam a vida dos jovens de hoje é muito diferente dos
valores seguidos pelos jovens de pelo menos uma década atrás, completando o
pensamento, “a valorização excessiva de grupos etários mais jovens e a rejeição
dos idosos aos novos tempos tornam árdua a integração destes últimos à
sociedade” (NETTO; YUASO; KITADAI, 2005, p.603).
Para tanto, passa a ser importante a análise do processo de envelhecimento
juntamente com a família. Os familiares da pessoa que está entrando na velhice
exercem uma influência sobre a qualidade de vida, então o exercício das entidades
comunitárias em prol de melhoria de vida da pessoa idosa é importante para a
sociedade como um todo.
23

Em alguns casos, os momentos de alegria do idoso acontecem dentro de uma


instituição e não no berço familiar, como deveria ser natural. Este motivo torna
importante a criação de um sub capítulo dedicado ao tema a família e o processo de
envelhecimento.

1.1 A Família e o Processo de Envelhecimento

Na vida da pessoa idosa, a importância da família começa desde a sua


infância e adolescência, onde existe a proteção, o carinho e a educação. Porém,
deve continuar recebendo o apoio em diversos momentos da vida, na formação, no
equilíbrio afetivo e no desenvolvimento físico e social. “É através da família que o ser
humano cresce e se desenvolve, atingindo a vida adulta, onde sai do ninho para
construir a sua própria família” (MOTTI, 2008, p.1).
A situação de cada ser humano é diferente, pois somos parte de uma célula
familiar, desta forma quando adoecemos ou envelhecemos ou ainda qualquer
adversidade enfrentada, deverá existir alguém para nos amparar.
Em alguns países a solidariedade familiar é uma tradição, onde o idoso é
respeitado por sua experiência, sendo ouvido em muitas situações para
aconselhamentos. Quando os laços de família diluíram-se em grande parte devido a
organização social, ou melhor dizendo à sociedade capitalista, onde as pessoas
passaram a desempenhar papéis diferentes, como nos explana Tai Castilho (2007)
em artigo realizado para estudo da terceira idade do site centro esportivo virtual:

Pouco espaço resta para o idoso da família contemporânea, cujos


membros, embora juntos, vivem hoje o isolamento decorrente de uma
família fragmentada e fragilizada. No universo plural da família há maneiras
diferentes de cuidar dos idosos. As histórias das famílias são singulares e se
dão na experiência do pertencimento. A família é um grupo com história que
compartilha uma rede de afetos. (CASTILHO, 2007, p.1)

Com isso ocorreu a transferência inconsciente para a sociedade a tarefa de


amparar os necessitados e idosos ou não. Esta sociedade solidária é de número
insuficiente para atender a demanda e nem sempre está preparada para exercer
essa tarefa, apesar dos valiosos esforços de entidade comunitária e outras, mas
perante a lei os filhos são responsáveis pela manutenção dos pais.
24

verificar que na sociedade atual, os dispositivos legais admitem que os


cuidados para com os idosos sejam de encargo concomitante da família, da
sociedade e do Estado; deste modo, retoma-se a centralidade da família,
com auxílio e suporte do Estado. A princípio, parece razoável que o idoso
seja alvo do cuidado prioritário pela família, uma vez que é ali que se
desenvolvem e exercem os vínculos básicos do indivíduo, criando certa
cultura, com seus códigos, regras e ritos próprios, enfim, um universo de
significados particulares que confere identidade ao sujeito. (MULLER, 2008,
p. 44)

Mas segundo Digiovanni (2004, p.1), por causa da idade precoce de


aposentadoria, “a maioria das pessoas idosas tem a capacidade de prover as
despesas relativas à sua própria subsistência e também de contribuir no orçamento
familiar e até sustento dos filhos”. E completa que “aliada às melhores condições de
saúde e conseqüente prolongamento da vida conquistada pelos avanços da
medicina”. Muitos idosos aposentados ainda estão na ativa, ou por necessidade, ou
por ter o trabalho como uma referência fundamental desde jovens.
Uma coisa é certa, esclarece Peixoto a respeito do envelhecimento:

De envelhecer ninguém escapa. No entanto, se o envelhecimento é, em


princípio, comum a todos, o processo de envelhecer é marcado por
diferentes modos de se vivenciar esta experiência. “Alguns envelhecem
mais rapidamente do que outros e nem todos vivem esse processo da
mesma maneira, uma vez que o envelhecimento está estritamente
relacionado às condições materiais e simbólicas que identificam socialmente
cada indivíduo. O processo de envelhecimento é, assim, diferenciado
segundo o grupo social e o sexo a que pertencemos (Peixoto, 2004, p. 9) .

A solidariedade aos membros da família é um fator impulsionador para que os


aposentados mantenham-se ou regressem ao mercado de trabalho. O divórcio, o
desemprego, a viuvez, acabam tornando-se situações de reaproximação de muitos
pais aposentados com seus filhos e netos, gerando na maioria das vezes a
coabitação entre eles para diminuir qualquer dificuldade que tenham que enfrentar,
dividindo assim o fardo (CASTILHO, 2007. p.1).
Hoje, a relação da família com a pessoa idosa enfrenta várias situações
conseqüentes do momento econômico vivido por todos, isso nos afirma Rosângela
Digiovanni, ao resenhar a obra Família e envelhecimento de Clarice Ehlers Peixoto:

Situações diversas que mostram como a família – mais freqüentemente a


casa das mães, viúvas ou divorciadas – se transformou em lugar de suporte
econômico e afetivo, onde se realizam reciprocidades múltiplas,
favorecendo a interação permanente entre as gerações. Nesse processo,
25

destaca-se a especificidade da condição feminina, explicitando


particularidades na velhice dos homens e mulheres (DIGIOVANNI, 2009,
p.1)

A família assume um papel importante no que se trata dos cuidados


necessários para com as pessoas idosas. O processo de envelhecimento dos dias
atuais é diferente de anos e até décadas atrás. Isso se dá em razão da melhora da
qualidade de vida em parcelas da população de idosos.
Essa melhora significativa na qualidade de vida tem a ver com o
conhecimento científico repassado para a população, por exemplo, sabemos que os
pesticidas borrifados nas frutas e verduras que comemos trazem malefícios para
nossa saúde, então passamos a lavar melhor, ou até a retirar a casca.
Outro exemplo importante é a descobertas dos benefícios oferecidos pelo
exercício físico. A maioria, das poucas entidades assistencialistas, governamentais e
não governamentais, para idosos possuem professores de educação física ajudando
nessa terapia.
Ajudando na melhora da qualidade de vida, conseqüentemente aumenta o
número de anos a ser vivido pelo idoso. No Brasil, conforme afirma Andréia Bahia
(2008) em sua reportagem ao Jornal Opção sobre os Idosos, intitulada de Violência
invisível, país em desenvolvimento, a rápida transição demográfica torna o número
de idoso cada vez maior, o que gera um aumento populacional de “portador de
declínio funcional e cognitivo” (BAHIA, 2008, p.1).
Por outro lado, o empobrecimento da família brasileira, a escassez de suporte
comunitário e de serviços assistencialistas adequados aos idosos incapacitados cria
a “obrigatoriedade deles conviverem com netos e até bisnetos em lares sustentados
ou auxiliados pela renda do idoso” (BAHIA, 2008, p.1).
Da afirmação de Andréia Bahia podemos deduzir que o fator econômico é um
grande influenciador nas condições de vida, (com ou sem) qualidade de vida do
idoso, principalmente no Brasil. Quanto mais afortunada for a família, mais longe
ficam de seus anciãos, colocando-os em asilos ou casa de repouso. E quanto
menos condições financeiras, mais os familiares dependem da aposentadoria destes
idosos, trazendo-os para mais perto.

O empobrecimento da família brasileira, que obriga a convivência de idosos


com netos e bisnetos em lares sustentados quase que exclusivamente pela
renda do idoso, e a escassez de suporte comunitário e de serviços
26

assistenciais adequados aos idosos incapacitados. [...] Além disso, o


empobrecimento inerente ao sistema obriga muitas famílias a depender da
aposentadoria dos pais ou avós e, não raramente, os parentes usam de
violência para se apropriarem dela (BAHIA, 2008, p.1).

Além da qualidade de vida diferenciada de hoje deve-se considerar o grande


avanço da medicina, as grandes descobertas na área da saúde frente ao processo
de envelhecimento, causas, efeitos, maneiras de interagir e até diminuir suas
implicações sobre os idosos.
Muitos idosos de hoje ajudam no orçamento familiar, ajudam na educação e
criação dos netos e bisnetos, situações que antigamente eram mais difíceis de
serem encontradas, pois os idosos, como componentes da família, eram
considerados apenas mais um peso para o chefe ativo da casa, conforme afirma
Souza (2004), onde mostra uma realidade brasileira sobre o idoso muito dura:

Salvo honrosas exceções, nas famílias brasileiras os idosos são vistos


como "peso" ou "fardo", a menos que ainda banquem as despesas da casa,
com o dinheiro de suas aposentadorias. Neste caso, para muitos eles são –
abre aspas - "um mal necessário". Quando o idoso não é mais útil, a família
encontra um meio de colocá-lo num asilo. Não é raro ouvirmos histórias de
tortura e maus tratos contra idosos no Brasil (SOUZA, 2004, p1).

O corpo sofre seu processo de amadurecimento desde nosso nascimento; as


mudanças físicas são aparentes e muitos quando chegam à velhice sentem como se
fossem outra pessoa, pelas mudanças ocorridas pela idade avançada. Tanto
homens como mulheres, de classe financeira alta, recorrem a algum tipo de cirurgia
plástica, onde o motivo é tentar voltar a ser como jovem.
Mesmo autor que afirma esta estatística também diz: “outro dia li uma
matéria, no caderno Ela do jornal O Globo, que mais uma vez me chamou atenção
sobre o fato da não aceitação da velhice muito mais pela decadência física que vem
com ela do que pelo envelhecimento em si” (ROSENFELD, 2009, p.1).
Por isso surgiu a motivação para criar um sub capítulo tratando
especificamente das mudanças físicas do envelhecimento. Em conversas com os
idosos do grupo da Instituição Bezerra de Menezes, confirmou-se a preocupação da
grande maioria com o assunto.
27

1.2 As Mudanças Físicas do Envelhecimento

Todos sabem que conforme o tempo passa o envelhecimento é inevitável.


Porém os recursos e conhecimentos de hoje e o acesso à informação nos permite
saber como o corpo reage em cada faixa etária, assim temos uma noção do que se
pode fazer para que a desaceleração da capacidade funcional do idoso seja mais
lenta e saudável. (MORAES, 2009) VER APARTIR DAQUI
As doenças cardiovasculares e articulares, até a diabete, não atingem tanto a
capacidade física dos idosos, como antigamente que essas doenças, entre outras,
chegavam a invalidar uma pessoa mais velha.
Em relação a capacidade funcional do idoso, ainda completa Moraes (2009):

A capacidade funcional é definida como habilidade de um indivíduo realizar


tarefas diárias ou mesmo inesperadas de forma segura, eficiente e sem
cansaço excessivo. Isso depende da flexibilidade, da coordenação motora,
agilidade, da força e resistência aeróbia geral que naturalmente vão se
perdendo ao longo do tempo se nada for feito para evitar (MORAES, 2009).

Como cada indivíduo sente, reage, assimila diferente seu processo de


envelhecimento, foi de grande importância a criação de uma matéria, ou melhor, um
campo de conhecimento de estudo específico para este processo tão complexo, que
sabemos sua origem: no nosso nascimento. Este campo de estudo interdisciplinar é
a Gerontologia.
Primeiramente, todos os estudos relacionados com o processo de
envelhecimento e suas doenças, eram denominados de geriatria. Então em 1903 Eli
Metchnikoff “defendeu a idéia da criação de uma nova especialidade, a gerontologia,
denominação obtida a partir das expressões gero(velhice) e logia (estudo)”
(PAPALÉO NETTO, 2002, p. 2).
Para Eli Metchnikoff, conforme afirma Papaléo Netto (2002) sobre a
gerontologia:

[...] esta área de estudo seria um dos ramos mais importantes da ciência,
em virtude das modificações que ocorrem no curso do último período da
vida humana. Propunha [...] um campo de investigação dedicado ao estudo
exclusivo do envelhecimento, da velhice e dos idosos. Em vez de aceitar a
inevitabilidade da decadência e da degeneração do ser humano com o
passar dos anos (PAPALÉO NETTO, 2002, p. 2).
28

Este campo de estudo não deve ser confundido com a geriatria, que um ramo
da medicina especializada em tratamento, prevenção e estudo das doenças em
pessoas com idade avançada (RAMOS, 2002. p. 15).
No artigo Tratado de Geriatria e Gerontologia o capítulo intitulado O estudo da
velhice no século XX: histórico, definição do campo e termos básicos, de autoria de
Papaléo Netto (2002), aponta que a despeito do envelhecimento ser uma
preocupação da humanidade desde o início da civilização, foi no século XX o marco
da importância do seu estudo.
Papaléo Netto (2002), ainda afirma que a ciência do envelhecimento deve ter
a responsabilidade de ser o centro de onde surgem as seguintes ramificações:
gerontologia social, gerontologia biomédica e geriatria:

[...] que, em conjunto, atuam sobre os múltiplos aspectos do


fenômeno do envelhecimento e suas conseqüências. A gerontologia social,
que aborda aspectos não orgânicos, e a geriatria e a gerontologia
biomédica, que se atêm aos aspectos orgânicos, são subdivididas de
acordo com as especialidades que as compõem. Assim, a primeira
compreende os aspectos antropológicos, psicológicos, legais, sociais,
ambientais, econômicos, éticos e políticos de saúde (PAPALÉO NETTO,
2002, p. 7).

O envelhecimento da população, juntamente com sua expectativa de vida,


tem sido preocupação mundial de vários cientistas, profissionais da área da saúde,
intelectuais e de políticos atuantes nessa área. Podemos confirmar isso pelo fato do
grande crescimento da área da gerontologia nos últimos anos, seja em matérias e
cursos de universidade, ou em profissionais da medicina atuantes no mercado.
A gerontologia tem como finalidade, ou filosofia, a melhoria da qualidade de
vida e a manutenção da capacidade funcional dos idosos, através da busca por
alternativas de intervenção junto a essa população. Este campo de conhecimento
que estuda o processo de envelhecimento tem a ótica da abordagem interdisciplinar
pois, segundo Morin (2008), o significado para abordagem interdisciplinar é, “a
interdisciplinaridade está em que cada disciplina desenvolva o suficiente para
articular com as outras competências que, ligadas em cadeia, formariam o anel
completo do conhecimento do conhecimento” (MORIN, 2008, p.22).
Seu surgimento veio da necessidade de se ampliar o conhecimento sobre os
idosos, do anseio em amenizar a dor ou a conseqüência do envelhecimento,
expressivamente sentida mais na velhice.
29

O envelhecimento causa muitas mudanças no corpo humano, seu processo é


longo e gradativo, sua intensidade depende de muitos fatores e é diferente para
cada indivíduo.
Segundo a doutora geriátrica Silvana de Araújo, em palestra para a CIAPE, as
particularidades do envelhecimento são: “- Variável nos diversos indivíduos e –
Variável entre os sistemas do mesmo indivíduo” (ARAÚJO, 2009, p.2).
As condições fundamentais nas mudanças do envelhecimento, conforme
leciona Araújo (2009) devem ser:

- Devem ser deletérias: reduzir a funcionalidade;


- Devem ser progressivas: estabelecer gradualmente;
- Devem ser intrínsecas: o ambiente tem forte influência sobre o
aparecimento e velocidade dessas mudanças, apesar de não ser a sua
causa;
- Devem ser universais: dentro de uma mesma espécie. (ARAÚJO, 2009,
p.3).

O importante é lembrar que antes a população brasileira era mais jovem, mas
que esse quadro está mudando e a previsão para 2025 é que o Brasil ocupe a 6ª
posição mundial em relação ao número de pessoas idosas, segundo relatório do
IBGE de 2004 (IBGE, 2004, p. 62).
Os melhor que podem fazer por nós mesmos é envelhecer com qualidade, já
que ninguém está livre disso; o primeiro passo é encarar o envelhecimento como um
processo natural da vida, pensar na idade como maturidade e sabedoria. Muitas
pesquisas e tecnologias em torno do envelhecimento existem, mas como soluções
paliativas, nada ainda para evitar ou retardar a evolução de seu processo.
Para mantermos a qualidade de vida, mesmo ao envelhecermos, é importante
manter o convívio social, através da família, dos amigos, vizinhanças, trabalho
voluntário e em grupos de terceira idade; praticar atividade física; ter uma
alimentação balanceada; dedicar tempo para o lazer; dormir o suficiente (com o
passar da idade a necessidade diminui um pouco); e a espiritualidade. Estas são
indicações de todos os médicos.
A espiritualidade também pode ajudar a manter o equilíbrio e a felicidade,
muitos trabalhos em medicina comprovam que pessoas com espiritualidade
adoecem menos.
A Bíblia Sagrada declara que os cabelos brancos são como "coroa de glória"
ou "de honra", no livro de Provérbio, capítulo 16, versículo 31 (BÍBLIA, V.T.
30

Provérbios, 16:31). Nos tempos bíblicos, era comum o respeito e a reverência aos
mais velhos, sobretudo aos da própria família.
A população idosa não tem a particularidade de exigir ou fazer crítica, ao
contrário, muitas vezes age como se tivesse que aceitar a situação em que se
encontra, sem questionar ou reclamar. Com relação a essa aceitação a autora
Weldow (1998) nos trás que a cultura brasileira que é formada por pessoas de
origem humilde freqüentemente agradece o cuidado recebido, como se estivessem
recebendo um favor ao invés de um direito.
Fato este que também foi visualizado na aplicação desta pesquisa, pois as
pessoas idosas que freqüentam a Instituição Bezerra de Menezes, citada neste, são
de origem humilde e vivem em situação financeira restrita.
Outra declaração da Bíblia Sagrada, no livro de Deuteronômio, capítulo 28, no
versículo 50, Moisés aparece profetizando o castigo de Deus sobre os filhos de
Israel por não respeitarem os mais velhos; Moisés os chama de "gente cruel"
(BÍBLIA, V.T. Deuteronômio, 28:50). O princípio por detrás das recomendações
bíblicas aponta para o fato de que, "no plano de Deus, o ser humano deve começar
na família e encerrar seus dias de vida na terra também em família". Nenhum ser
humano é digno de isolamento e esquecimento em nenhuma fase da vida.
31

CAPÍTULO II . O TERCEIRO SETOR, OS PROGRAMAS E PROJETOS DO


SERVIÇO SOCIAL

O primeiro setor é o governo, responsável pelas questões sociais, o segundo


setor é o privado, responsável pelas questões individuais. Com a inoperância do
governo, o setor privado, ou seja, o segundo setor começou a prestar auxílio para
diversas instituições em relação às questões sociais. Estas instituições sem fins
lucrativos e não ligadas do governo são consideradas o terceiro setor.
Segundo Kanitz (s.d., p. 1), “o terceiro setor é constituído por organizações
sem fins lucrativos e não governamentais que têm como objetivo gerar serviços de
caráter público”.
A Instituição Bezerra de Menezes encaixa-se no terceiro setor, justamente por
ser uma entidade sem fins lucrativos, seu diferencial está em sua base filosófica,
que é norteada pela evangelização da doutrina espírita, com intuito de promover a
paz, harmonia, o estimulo para continuar a viver em meio a adversidade. A missão
da instituição é oferecer apoio tanto espiritual como assistencial, através de ações
assistencialistas e ensino da doutrina espírita.

2.1. O Papel do Terceiro Setor e o Idoso

Como em alguns outros países, no Brasil ocorre o espantoso crescimento do


Terceiro Setor, coexistindo com dois outros setores, o primeiro que representa o
governo cumprindo a função administrativa dos bens públicos, este corresponde às
ações do Estado com fins públicos, no âmbito municipal, estadual e federal; e o
segundo que representa o mercado, ocupado pelas empresas privadas com fins
lucrativos.
Ainda não há um consenso por parte dos pesquisadores do assunto, quanto a
questão conceitual do Terceiro Setor, mas todos chegam no mesmo ponto em
relação aos ‘fins lucrativos’. Para Fernandes (1994, o conceito denota):

um conjunto de organizações e iniciativas privadas que visam à produção


de bens e serviços públicos. Este é o sentido positivo da expressão. “Bens e
serviços públicos”, nesse caso implicam uma dupla qualificação: não geram
lucros e respondem a necessidades coletivas (FERNANDES, 1994, p.21).
32

Na visão de Rothgiesser (2002), o Terceiro Setor seriam iniciativas “privadas


que não visão lucros, iniciativas na esfera pública que não são feitas pelo Estado.
São cidadãos participando de modo espontâneo e voluntário, em ações que visão ao
interesse comum.” (ROTHGIESSER, 2002, p.2).
O grupo de instituições e organizações que formam o setor tem em comum:
ser sem fins lucrativos, ter sua função eminentemente coletiva e fazem parte deste
grupo: Organizações Não Governamentais, Fundações e Institutos Empresariais,
Associações Comunitárias, Entidades Assistenciais e Filantrópicas, assim como a
Instituição Bezerra de Menezes, entre outras instituições sem fins lucrativos.
Sua origem é relativamente nova, próxima a entrada do século XX, sem
considerar a pioneira, que possui data de abertura inferior ao século citado. Uma das
mais antigas é a Santa Casa, aberta inicialmente no Rio de Janeiro, antes do século
XIX, esta instituição era a junção da ação de igrejas católicas com o Estado que
durou todo o período colonial até inicio do século XIX, conforme relata o Relatório
Geset (RELATÓRIO GESET, 2001, p. 6,7).
A partir do século XX surgem outras religiões que passam a atuar no campo
da caridade com fins filantrópicos associadas ao Estado e à igreja católica
(RELATÓRIO GESET, 2001, p. 6).
Nas décadas de 70 e 80 foi o marco para a acentuação de uma sociedade
tradicionalmente hierarquizada e desigual. Em oposição às práticas autoritárias do
regime militar desse período surgem movimentos sociais reivindicando direitos
sociais.
Importante destacar a Constituição de 1988, que num processo amplo de
mobilização social, possibilitou melhorias dos direitos de cidadania política e
princípios da descentralização na promoção de políticas sociais. Juntamente com a
reformulação constitucional vieram as pressões feitas pelos movimentos populares,
através dos chamados “lobbies populares” no Congresso, com a finalidade de
aprovarem emendas. A Nova Constituição representou um avanço para a política
social no Brasil. (TEIXEIRA, 2000; p.31)
Com a atuação ineficiente do Estado, em especial na área social, o Terceiro
Setor vem crescendo e se expandindo em várias áreas, objetivando atender a
demanda por serviços sociais, requisitados por uma quantidade expressiva da
população menos favorecida, em vários sentidos, de que o Estado e os agentes
33

econômicos não têm interesses ou não são capazes de provê-la. “Seu crescimento
se dá pelas práticas cada vez mais efetivas de políticas neoliberais do capitalismo
global, produzindo instabilidade econômica, política e social, principalmente nos
países do terceiro mundo” (GONÇALVES, 2002, p.1).

2.2. O Idoso na Instituição

São direitos dos idosos os direitos de qualquer cidadão, mesmo não idosos,
tais como: saúde, educação, trabalho, lazer, etc., por meio das leis, decretos e
resoluções, que têm sido criados no decorrer dos tempos.
Políticas de inclusão que tentam garantir o acesso aos mínimos necessários
para a sobrevivência, e a manutenção das condições dignas de vida em favor da
comunidade idosa é válido, em vista que a população brasileira está envelhecendo.

O Censo de 2000 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística (IBGE) aponta [grifo nosso que o número de idosos já equivale a]
[...] 8,4% da população curitibana. De acordo com o mesmo órgão, o
número de idosos cresce no Brasil. De 2007 a 2008, o aumento foi de 0,6%
entre a faixa etária com 60 anos ou mais. Estima-se que exista mais de 20
milhões de idosos no País (JUNQUEIRA, 2009, p.1).

As palavras iniciais da Lei Federal n. 1041 de 2003 (Política Nacional do


Idoso), sobre o estatuto do idoso, garantem que essas ações adotadas pelo Estado
do Paraná são de direito dos idosos:

O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,


sem prejuízo da proteção integral de que tratam o estatuto, assegurando-se-
lhes meios a todos os oportunidades e facilidades, para a preservação de
sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual,
espiritual e social. O estatuto destina-se a regular os direitos assegurados
às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos; e instituí penas severas
para quem desrespeitar ou abandonar cidadãos idosos (POLÍTICA
NACIONAL DO IDOSO, 2003).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a terceira idade é


considerada a partir de sessenta anos, quando então há necessidade da pessoa
receber mais atenção, ante as transformações fisiológicas que começam a se
acentuar. A legislação brasileira acompanhou a orientação da citada entidade
estipulando o mesmo limite inicial de idade (art.2º, Lei 8.842, de 04.01.94), Anexo III.
34

Desde a Constituição Federal de 1988, do conjunto de leis, direitos e políticas


que compõem a nova institucionalização da proteção ao idoso no Brasil, a
Assistência Social destaca-se como importante fonte de melhoria das condições de
vida e de cidadania desse estrato populacional em constante crescimento.
Pois, segundo Pereira (2008), a Constituição ganhou nova institucionalidade:

A Constituição vigente, promulgada em 1988, a Assistência Social também


ganhou nova institucionalidade, que a fez pautar-se pelo paradigma da
cidadania ampliada e a funcionar como política pública concretizadora de
direitos sociais básicos particularmente de crianças, idosos, portadores de
deficiência, famílias e pessoas social e economicamente vulneráveis.
(PEREIRA, 2008, p. 1)

Esse amparo, citado pela Constituição, refere-se ao auxilio médico, em


hospitais precários, ao auxílio remédio, onde os mais caros não se encontram
disponíveis, ao atendimento psicológico, onde muitos não têm como se deslocar até
o local de atendimento. Assunto que não nos aprofundaremos por não fazer parte da
proposta deste projeto.
O artigo 230 da nossa legislação, Lei Federal nº 9.527, de 10 de dezembro de
1997, nos afirma sobre o direito à saúde, tanto para aposentado ou não, ou seja,
incluído os idosos:

"Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e de


sua família, compreende assistência médica, hospitalar, odontológica,
psicológica e farmacêutica, prestada pelo Sistema Único de Saúde - SUS ou
diretamente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou,
ainda, mediante convênio ou contrato, na forma estabelecida em
regulamento.
§ 1º Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida perícia,
avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico ou junta médica
oficial, para a sua realização o órgão ou entidade celebrará,
preferencialmente, convênio com unidades de atendimento do sistema
público de saúde, entidades sem fins lucrativos declaradas de utilidade
pública, ou com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.

Este artigo acima supracitado assegura ao idoso benefícios referentes a


saúde, e o programa proposto pelo Estado do Paraná foi um desses benefícios
sendo cumprido com êxito em parte da região Sul do país.
Em se tratando de benefícios previdenciário e assistenciais, oferecidos pelo
governo, ao aposentado, podemos citar, que a quantidade de pessoas recebedoras
de benefícios previdenciários cresce 44,4% neste período de 1997 à 2003. Além do
aumento do número de benefícios assistenciais houve um aumento do real do
35

salário mínimo que corresponde ao piso dos benefícios previdenciários. A política de


reajuste permitiu que o idoso fosse mais valorizado, aumentando a renda do idoso
de baixa renda, conforme afirmam Neri e Soares (2004):

Como a política de reajuste dos benefícios previdenciários passou a partir


de 1998 a diferenciar os reajustes dos benefícios iguais ao piso
constitucional o que associado à criação de novos programas como o BPC
que seleciona rendas domiciliares per capita inferiores a um quarto de
salário mínimo; o efeito do aumento das transferências de renda sobre os
idosos de renda mais baixa foi amplificado (NERI, SOARES, 2004).

Já, de acordo com o Estatuto do Idoso – L – 010.741-2003 (Anexo II), são


consideradas idosas as pessoas com mais de 65 anos de idade. É a partir dessa
idade que todos os cidadãos teriam o direito de receber o benefício mensal de um
salário mínimo, pois é somente a partir de 65 anos, e ainda na condição de não
possuir meios para prover sua subsistência nem através de sua família, que eles
passam a usufruir desse direito (Anexo II).
O benefício de prestação continuada de assistência social (BPC) é

Um direito garantido pela Constituição Federal de 1988 e consiste no


pagamento de 01 (um) salário mínimo mensal a pessoas com 65 anos de
idade ou mais e a pessoas com deficiência incapacitante para a vida
independente e para o trabalho. Em ambos os casos a renda per capita
familiar seja inferior a ¼ do salário mínimo. O BPC também encontra
amparo legal na Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003, que institui o
Estatuto do Idoso. O benefício é gerido pelo Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome (MDS), a quem compete sua gestão,
acompanhamento e avaliação. Ao Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), compete a sua operacionalização. Os recursos para custeio do BPC
provêm do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).

Porém, com o desenvolvimento da medicina e da tecnologia, bem como da


consciência social, os idosos passaram a ter melhor qualidade de vida,
conseqüentemente maior perspectiva de vida, e a gozar de mais respeito social, o
que os têm tornado mais capacitados socialmente.
Para Santos (2009), atualmente os idosos representam uma grande força de
trabalho; o que vem sendo reconhecido principalmente nos países mais ricos. E
ainda continua:

São milhões deles que viajam pelo mundo todo, surgindo cada vez mais
agencias de turismos, hotéis, casas de espetáculos especializados na
terceira idade, representando um grande potencial econômico. Milhões de
idosos aposentados retornam ou iniciam alguma atividade laboral,
36

contribuindo assim para o sustento do lar e para o giro da economia.


(SANTOS, 2009, p.1)

Em 07 de dezembro de 1993 foi promulgada a Lei n. 8.742, denominada Lei


Orgânica da Assistência Social (LOAS). Em seu art. 1º estampa como objetivo
prover os mínimos sociais, para garantir o atendimento às necessidades básicas do
cidadão. No art. 20, explana sobre o benefício de prestação continuada,
freqüentemente chamado de benefício assistencial. O benefício é oferecido ao idoso
com 70 (setenta) anos ou mais (atualmente 67 anos ou mais) e ao portador de
deficiência, que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e
nem de tê-la provida por sua família.
No capítulo IV dos Benefícios, dos Serviços, dos Programas e dos Projetos de
Assistência Social, na seção I, o artigo 20º apresenta os seguintes parágrafos:

§ 1o Para os efeitos do disposto no caput, entende-se como família o


conjunto de pessoas elencadas no art. 16 da Lei no 8.213, de 24 de julho de
1991, desde que vivam sob o mesmo teto. (Redação dada pela Lei nº 9.720,
de 30.11.1998)
§ 2º Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa portadora de
deficiência é aquela incapacitada para a vida independente e para o
trabalho.
§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de
deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4
(um quarto) do salário mínimo.
§ 4º O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo
beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro
regime, salvo o da assistência médica.
§ 5º A situação de internado não prejudica o direito do idoso ou do portador
de deficiência ao benefício.
§ 6º A concessão do benefício ficará sujeita a exame médico pericial e laudo
realizados pelos serviços de perícia médica do Instituto Nacional do Seguro
Social - INSS. (Redação dada pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998)
§ 7º Na hipótese de não existirem serviços no município de residência do
beneficiário, fica assegurado, na forma prevista em regulamento, o seu
encaminhamento ao município mais próximo que contar com tal estrutura.
(Redação dada pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998)
§ 8º A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada
pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais
procedimentos previstos no regulamento para o deferimento do pedido.
(Redação dada pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998). (BRASÍLIA, 1993).

Por tanto, quem tem o direito ao benefício assistencial são: as pessoas com
mais de sessenta e sete anos de idade; as pessoas portadoras de deficiência
incapacitadas para o trabalho; com renda familiar per capita inferior a 1/4 do salário
mínimo.
37

A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) é prestada a quem dela


necessitar e independe de contribuições. Trata-se de direito público subjetivo, na
medida em que qualquer pessoa necessitada pode reivindicar do Estado, que é
obrigado a prestá-la. Também é financiada com a receita da seguridade social e tem
como objetivo atender as necessidades básicas da sociedade. Serve de amparo
genérico à população carente (ROBSON, 2007. p.1).
Em se tratando de revisão e cancelamento da aplicação da Lei do benefício
assistência o artigo 21º afirma que “o benefício prestado deve ser revisto a cada dois
anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem”
(BRASÍLIA, 1993) e ainda deixa os artigos 1º e 2º para complementar a ordem:

§ 1º O pagamento do benefício cessa no momento em que forem superadas


as condições referidas no caput, ou em caso de morte do beneficiário.
§ 2º O benefício será cancelado quando se constatar irregularidade na sua
concessão ou utilização. (BRASÍLIA, 1993).

Em dezembro deste ano de 2009 a LOAS completará 16 anos. Somente


agora conseguimos visualizar seus resultados. Seu marco principal é a criação do
Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
O Sistema Único de Assistência Social (SUAS), cujo modelo de gestão é
descentralizado e participativo, constitui-se na regulação e organização em todo
território nacional dos serviços, programas, projetos e benefícios sócio assistenciais,
de caráter continuado ou eventual, executados e providos por pessoas jurídicas de
direito público sob critério universal e lógica de ação em rede hierarquizada e em
articulação com iniciativas da sociedade civil. Além disso, o SUAS define e organiza
os elementos essenciais e imprescindíveis à execução da política pública de
assistência social, possibilitando a normatização dos padrões nos serviços,
qualidade no atendimento aos usuários, indicadores de avaliação e resultado,
nomenclatura dos serviços e da rede prestadora de serviços sócioassistenciais.
O SUAS foi a principal deliberação da IV Conferência Nacional de Assistência
Social, realizada em Brasília (DF), em 2003, e se inscreve no esforço de viabilização
de um projeto de desenvolvimento nacional, que pleiteia a universalização dos
direitos à Seguridade Social e da proteção social pública com a composição da
política pública de assistência social em nível nacional.
38

O idoso carente tem por lei direito a vida digna, muitos não tem conhecimento
dos benefícios que lhe são oferecidos pelo governo. O cumprimento dessas
obrigações traria para a vida do idoso uma qualidade de vida melhor, por exemplo, a
assistência médica gratuita, a possibilidade de convívio social com pessoas de sua
idade, auxílio com remédios. O auxilio financeiro é somente para idoso com algum
problema ou doença que necessitam cuidados maiores, é muito pequena a quantia
se fosse contabilizado o custo que uma pessoa idosa e doente gera.
Os benefícios assistenciais surtiriam maior efeito se desde antes de se
aposentarem ou passarem para o grupo de terceira idade, fosse realizados
programas em relação à saúde. Sabe-se que o custo de cuidar e prevenir doenças é
menor do que o custo de “remediar”.

Os idosos não constituem uma massa homogênea no que diz respeito ao


uso dos serviços de saúde. Uma parcela substancial da utilização deve-se a
uma demanda extensiva gerada por um subgrupo relativamente pequeno.
Além disso, o acesso aos serviços não é bem distribuído e muitos idosos
recebem os primeiros cuidados somente nos estágios mais avançados de
suas doenças. (VERAS, 2001, p.11)

Mesmo com tantos projetos, leis, programas, ainda assim, os idosos carentes
estão vulneráveis a um maior número de doenças, pois, os serviços oferecidos na
atenção primária não se encontram suficientemente estruturados para atender as
necessidades da demanda idosa. O Sistema Único de Saúde (SUS) não consegue
responder a enorme procura que recorre aos seus serviços (PEREIRA, 2006, p. 32).
A dificuldade de estruturação e funcionamento do atendimento no setor
primário enfraquece os tratamentos preventivos e fortalecem pouco a pouco os
tratamentos curativos e paliativos, completando o que já foi comentado
anteriormente neste capítulo (COHN ET AL, 1991, p. 4-8).
A Política Nacional do Idoso (PNI), pela Lei 8.842/ 94 e regulamentada pelo
Decreto 1948/96, estabelece direitos sociais, garantia da autonomia, integração e
participação dos idosos na sociedade, como instrumento de direito próprio de
cidadania, sendo considerada população idosa o conjunto de indivíduos com 60
anos ou mais (13).
A Lei Federal nº 8.842/94 criou o Conselho Nacional do Idoso, responsável
pela viabilização do convívio, integração e ocupação do idoso na sociedade, através,
inclusive, da sua participação na formulação das políticas públicas, projetos e planos
39

destinados à sua faixa etária. Suas diretrizes priorizam o atendimento domiciliar; o


estímulo à capacitação dos médicos na área da Gerontologia; a descentralização
político-administrativa e a divulgação de estudos e pesquisas sobre aspectos
relacionados à terceira idade e ao envelhecimento (BRASÍLIA, 1994).
As políticas públicas governamentais têm procurado implementar
modalidades de atendimento aos idosos tais como, Centros de Convivência –
espaço destinado à prática de atividade física, cultural, educativa, social e de lazer,
como forma de estimular sua participação no contexto social que se está inserido
(NERI, FREIRI, 2000).
Mas com todos esses aparatos legais, criados em prol do idoso, a população
idosa não está sendo assistida em suas necessidades; portanto isso é a força
impulsionadora da criação de outras iniciativas da sociedade civil para tentar ajudar
a suprir as necessidades da população idosa do Brasil. Daí a grande importância de
Instituições como a Instituição Bezerra de Menezes.
Buscando a qualidade de vida, todo esforço feito em favor da comunidade
idosa é válido, em vista que a população brasileira está envelhecendo. Já que o
número percentual de idosos em Curitiba é 8,4% da população.
O Censo de 2000 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) aponta [grifo nosso que o número de idosos já equivale a] [...] 8,4% da
população curitibana. De acordo com o mesmo órgão, o número de idosos cresce no
Brasil. De 2007 a 2008, o aumento foi de 0,6% entre a faixa etária com 60 anos ou
mais. Estima-se que exista mais de 20 milhões de idosos no País (JUNQUEIRA,
2009, p.1).
40

CAPÍTULO III.

METODOLOGIA

A coleta de dados foi realizada no grupo de apoio da Instituição Fraternidade


Espírita irmão Bezerra de Menezes. Local da realização do estágio. Onde são
composto de por idosos,gestantes,moradores de rua,crianças e também com o
plantão social, alem de uma assistente social e sete estagiarias.

3.1. Metodologia da pesquisa

Para o desenvolvimento desta pesquisa, serão utilizadas técnicas e


instrumentais de entrevistas semi-estruturada a entrevista e reconhecida como
instrumento utilizado pelo serviço social.o procedimento mais adotado quando se
trata de uma investigação,que venha de encontro, e resulte aos objetivos de se
conhecer o motivo que traduza o pesquisado (LAKATOS E MARCONI, 1986, p. 7), o
profissional, quando usa essa técnica se exercita na escuta, ouvindo atentamente e
compreendendo os sujeitos da pesquisa a proposta metodológica empregada nesta
pesquisa e o método de Marx: materialismo histórico dialético,em que desenvolve o
processo,enfatizando o todo histórico,e investigando as tendências dentro da visão
do serviço social.
Na pesquisa de campo foi utilizado como ferramenta de coleta de dados um
questionário com quatro questões abertas (Anexo I).
O questionário aberto, segundo Brasilis (2009, p.1), “é quando o entrevistado
tem a possibilidade de colocar sua preferência ou opinião pessoal”. Ele conterá
apenas quatro questões para não aborrecer os entrevistados.
Entrevista é uma ferramenta usada “na investigação social para coleta de
dados, com a finalidade de fornecer subsídios para diagnósticos, análises,
pesquisas, ou mesmo com a finalidade de discutir e buscar soluções para alguma
problemática de natureza social” (FARIAS, 2002, p. 21).
Ao longo do estágio, o primeiro passo foi conhecer cada idoso participante
das reuniões do grupo, saber a freqüência deles nas reuniões, quem faltava muito e
41

o motivo. A partir daí foram escolhidos seis pessoas do grupo para realizar a
entrevista, o critério utilizado na escolha do número de participantes foi a presença
em todas as reuniões. No início do programa pretendia-se entrevistar os vinte
idosos, a cada reunião foi possível determinar o número total de integrantes
participantes da entrevista.
Como o objetivo do referido trabalho foi justamente “conhecer os motivos que
levam as pessoas idosas a participar do grupo promovido pelas estagiarias do
Serviço Social da Instituição Bezerra de Menezes”, conclui-se que o melhor era que
as perguntas fossem realizadas com os assíduos do grupo.
O grupo de entrevistados foi composto por seis idosos, entre eles um homem
e cinco mulheres.
Após conhecer o grupo assíduo das reuniões, o questionário foi elaborado
cuidadosamente para que pudesse sanar todas as dúvidas em relação aos motivos
deles em querer participar do grupo.
A primeira questão levantada foi com intenção de saber de que maneira ou
através de quem a pessoa, ou melhor o idoso, conheceu a Instituição Fraternidade
Espírita Irmão Bezerra de Menezes.
A segunda questão é saber sobre a assiduidade do pessoal no grupo e o
motivo que o leva a participar.
A terceira questão procura identificar se o idoso percebeu benefícios com a
sua participação no grupo da Instituição Fraternidade Espírita Irmão Bezerra de
Menezes.
A quarta e última questão questiona as motivações que levam o idoso a
continuar participando do grupo.

3.2. Apresentação da pesquisa


3.2.1 Apresentação dos dados de identificação dos sujeitos
Usuários

identificação idade sexo


42

Usuário A 72 MASCULIMO
Usuário B 80 FEMENINO
Usuário C 66 FEMENINO
Usuário D 70 FEMENINO
Usuário E 68 FEMENINO
Usuário F 78 FEMENINO

O grupo que respondeu ao questionário era composto por cinco mulheres e


um homem, a idade média é de 72 anos. As mulheres tinham respectivamente 80,
66, 70, 68, 78 anos e o homem tinha 75 anos no dia que responderam o
questionário.
Em relação a primeira questionamento através de quem você conheceu a
GFEIBM:Todos foram unânimes que conheceram a GFEIBM através de seus
vizinhos.
Quando questionamos se o usuário sempre participa dos encontros semanais
na GFEIBM:
Usuário A: ”gosto de não faltar porque perco a cesta básica”
Usuário B: ‘ “Eu não falto mesmo contra a vontade de meu marido”
Usuário C; “Não falto pra não perder a evangelização “
Usuário D; “Não posso falta porque as moças da evangelização ficam
bravas”.
Usuário E; “Só não veio se tiver com muita dor nas pernas”
Usuário F; “Minha maior alegria e a evangelização”
As ações dentro do GFEIBM não podem limitar-se apenas a ações
emergenciais, pos com isso o usuário torna-se cada vez mais dependente, acabam
transformando-se em ações assistencialistas, pois como sabemos as praticas.
Voltadas para os menos favorecidos, fazem com que os serviços assistenciais sejam
produzidos como benefícios e não como direitos.
Também perguntamos sobre quais benefícios o GFEIBM trouxe pra sua vida;
Usuário A: “Meu filho foi preso injustamente e sofreu na prisão; quando saiu
de lá, ficou traumatizado; não fala, vive isolado de todos, mas ao começar a trazê-lo
nas evangelizações, sentiu pequenas melhoras que pra mim são grandes
maravilhas”.
43

Usuária B: “Perdi meu marido alcoólatra me senti culpada porque as


pessoas diziam, que havia um lugar pra eu lava-lo, mas nunca fiz nada,e ele morreu
Mas ao começar a freqüentar a evangelização, hoje eu sei que a culpa era
dele mesmo, que ele precisava passar por tudo “aquilo “
Usuária C: “Sabe só encontrei paz aqui, porque perdi meu filho para as
drogas”.
Usuária D: “Eu sentia muita dor no corpo,tratava de depressão
profunda,pensava em morrer,sempre passava essas coisa pela minha cabeça ,ai
minha vizinha me convidou pra vir aqui,hoje ainda tomo remédios pra
depressão,mas quero viver bastante pra poder também trazer outras pessoas aqui”
Usuária E: “Sabe moça eu tinha uma ferida enorme na perna que não
cicatrizava mais, tinha muitas dores ai me trouxeram aqui e comecei a tomar o
passe na evangelização, sabe que minha ferida sarou que agora ate ajudo na
limpeza das mesas aqui na instituição”.
Usuária F: “Pois tu sabes que foi nessa evangelização, que encontrei minha
cara metade (...) acho que por ele ser calmo tolerante estamos morando juntos”.
Também ressaltamos a importância da “escuta ativa”, segundo
Matumoto(2002,p2) uma vez que ela foi interpretada por nos como uma das
alternativas para os problemas levantados tanto pelos estagiários quanto pelos
usuários. Atitude de escuta pressupõe a capacidade do profissional de proporcionar
um espaço para que o usuário a sua situação e responder as reais expectativas e
necessidades destes [...]
Também foram questionadas quais as motivações que os levam a continuar a
participar do GFEIBM:
Usuário A: “meu filho melhorou muito, quer mais motivação que essa”.
Usuário B: “A evangelização me deixa calma e feliz, alem da cesta de frutas
e claro”.
Usuária C: “Minha auto estima esta bem graças a evangelização e também
mudei minha maneira de pensar, antes só enxergada os defeitos dos outro e era
nervoso, após as participações no grupo posso dar mais valos a vida a família e
principalmente nos amigos que aqui conquistei”
Usuário D: “Sei que minha família não morreu ela desencarnou pra outra
vida e isso deixa muito feliz”
44

Usurário E :” minha depressão só teve uma melhora quando passei a aceitar


a morte,porque sei que meus entes queridos estão bem”
Usuário F: “Ainda sou bem nervosa, mas meu companheiro mais a,
evangelização estão me transformando em uma pessoa melhor,. e olhe que não
sou fácil não[...].

Ao analisarmos as respostas dos entrevistados, podemos perceber a melhoria


na qualidade de vida dos idosos participantes do grupo. A perda que muitas
mulheres sofreram e como conseqüência o aumento de estados depressivos quando
comparadas às demais faixas etárias
Em estudo realizado no Rio de Janeiro (VERAS, 1994), constatou-se os problemas
mais significativos entre as mulheres mais idosas são a solidão, a pobreza e a
privação social. (VERAS, 2003, p.08)
Sabemos que para atingir objetivo é preciso não apenas a ética, mas também
o conhecimento e o saber profissional a construção de novas estratégias de poder
que possibilitam o enfretamento concreto das desigualdades sociais,sabendo que
todas as condutas profissionais tem implicações praticas e podem concorrer para
distintos projetos e soluções.
E ainda Iamamoto que nos alerta no sentindo de não perdemos de vista que
um dos desafios maiores para decifrar o exercício profissional está apreender as
particularidades dos processos de trabalho que em circunstâncias diversas vão
atribuindo feições,limites e possibilidades ao exercício da profissão,ainda que esta
não perca a sua identidade.Nesta linha de raciocínio,faz-se necessário considerar
Alguns requisitos que são fundamentais para entender o trabalho do
assistente social.

3.3 Analise da pesquisa

A estatística do IBGE, como já mencionada anteriormente, se confirma em


nosso grupo de estudo, que mostra que o número de idosos do sexo feminino é
maior que o número de idosos do sexo masculino.
A comunidade ao redor dos idosos estudados foi de grande importância para
orientá-los e apresentá-los para a Instituição. Todos os idosos, falando do grupo
45

pesquisado, precisam de uma ajuda, seja espiritual, material, ou até alguém para
ouvi-los, para conversar com eles.
A carência maior é a espiritual mesmo, pois apesar de serem bem carentes,
com histórias de vidas bem marcantes e situação financeira quase que miserável,
pode perceber que a maior necessidade e o isolamento.
A assiduidade deles não é por obrigação, mas por sentir que alguém se
importa com eles; um encontrou seu parceiro, outros sentem alívio espiritual, outros
recebem curas, e somente um falou da importância da cesta básica recebida.
Percebe-se que esse último é bem o mais carente financeiramente falando, pois
sempre comparece para os cafés oferecidos pela instituição.
O trabalho que a Instituição Fraternidade Espírita Irmão Bezerra de Menezes
faz na verdade e ajudar muito as pessoas em situação de vulnerabilidade social,
com alimentos e roupas doadas, neste grupo de idoso, o que mais eles dão valor é o
lado humano da instituição. A maior motivação encontrada no grupo é o apoio
espiritual oferecido pela instituição.
46

CONCLUSÃO

Compreendemos o mundo do trabalho como centro de produção humana, da


vida material e conseqüentemente um espaço na vida dos trabalhadores que
vendem sua força de trabalho.
O materialismo histórico dialético explica o problema social a partir das
relações de produção. O homem e criador de sua história, o trabalho e concebido
como primeiro ato histórico e a sociedade e contraditória e histórica.
Uma das características do materialismo histórico dialético e que o ser social
produz a consciência, e a partir dela o homem modifica a realidade. O método
dialético e antes de tudo um método histórico que ressalta a necessidade de
investigar como as forças produtivas e as relações que elas condicionam, determina.

O compromisso com os idosos não recai somente sobre a Sociedade, ou o


estado, mas também sobre a família, cabe aos três amparar as pessoas idosas,
assegurando sua participação na sociedade, garantindo-lhes o direito a vida,
conforme artigo 230 da legislação: “a família, a sociedade e o Estado têm o dever de
amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade,
defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”.
O mais se destacou na pesquisa foi a “fome” espiritual do grupo em questão,
muito mais gritante que a necessidade por alimento sólido.
Identifica-se que o processo da participação nos grupos significou para os
idosos uma forma de inserção social e espiritual, pois em sua grande maioria
quando chegam a velhice enfrentam sérios problemas de saúde, e tudo isso na
verdade são decorrentes das perdas sofridas ao longo de sua vida.Através do grupo
possibilitei inúmeras descobertas,sendo que o fato de serem tão desprovidos
fisicamente,jamais deixam de integrarem –se ao algum encontro seja uma palestra
ou a evangelização,pois tudo abre-lhes um leque de novas possibilidades de maior
sentido a sua vida
Considero esse grupo de pessoas idosas como privilegiadas para que o
assistente social contribua inicialmente para o processo de conhecimento sobre a
velhice e sobre os projetos as políticas sócias,compreendendo-a como uma fase da
vida que deve ser considerada em sua totalidade ,na qual devem ser abalizados os
47

aspectos físicos,psicológicos e sociais .Dessa forma cada integrante possa


compreender suas falhas e que como seres humanos estamos sujeitos a errar,mas
possuindo clareza sobre as diferenças de cada um,e que a convivência em grupo
para o idoso venha proporcionar a socialização,auxiliado os indivíduos a melhorarem
o seu relacionamento social,possibilitando a troca de experiências,fortalecendo os
vínculos entre os membros do grupo.
Com esta pesquisa procuramos demonstrar o quanto e importante
proporcionar alternativas de um envelhecimento saudável, como programas da
terceira idade como os grupos de convivência.
E por fim esta pesquisa nos mostrou como a pessoa idosa trata a questão da
fé, um novo conhecimento que jamais esquecerei foi terminando esta pesquisa que
me deparei com um fortalecimento pessoal, mas que o grupo me proporcionou
indiretamente.
Quando procurei pesquisar o porquê de tantas pessoas idosas, sofridas e
vulneráveis a questão social tinham dentro delas uma paz espiritual, após
participarem da evangelização da doutrina da instituição ela estavam mais calmas
e,cerenas e assim percebo o trabalho, na sua real conjuntura ,ou seja,a vida não e
feita só de bens materiais ou alimentos pra suprir aquela necessidade imediata,mas
e muito alem,se não tivermos paz, jamais conseguiremos ser um grande
profissional.comecei essa pesquisa pra entender a questão do idoso sem muitas
expectativas de conseguir supri-las, mas na verdade foi essa pesquisa que me
ajudou a superar a grande perda que tive ao decorrer desse trabalho, com uma
força interior bem maior que qualquer projeto de políticas fosse capas de dar conta.E
termino fazendo uma analise de tudo que aprendi ,como se eu tivesse mesmo que
pesquisar essa temática,ou seja e preciso buscar alem de direitos,deveres,cidadania
uma força maior,que não se encontra no Estatuto ou nas Leis,mas sim dentro de
cada um.
48

REFERÊNCIAS

LIVROS CONSULTADOS:

BEAUVOIR, Simone de. A velhice. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.

BERQUÓ, Elza Salvatori. Considerações sobre o envelhecimento da população


no Brasil. In: Anita L. Neri; Guita Debert. (Org.). Velhice e Sociedade. Campinas:
Papirus, 1999.

BÍBLIA, F. A. João. Português. Bíblia Sagrada. Revista e corrigida. São Paulo: SBB,
1969. Provérbios. Cap. 16, vers. 31.

COHN, Amélia et al . A saúde como direito e como serviço. São Paulo: Cortez,
1991.

DUARTE, Lúcia Regina Severo. Idade Cronológica: mera questão referencial no


processo de envelhecimento. In Estudo Interdisciplinar do envelhecimento, v. 2.
Porto Alegre, 1999.

FARIAS, Edvaldo de. Elaboração de Instrumentos de pesquisa: entrevistas e


questionários. Rio de Janeiro: Universidade Estácio de Sá, 2002.

FERNANDES, Rubens C. Privado Porém Público: O terceiro Setor na América


Latina. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Relume Dumaré, 1994.
49

FRAIMAN. A. P. Coisas da idade. São Paulo: Hermes, 1998.

IBGE. Projeção da população do Brasil por sexo e idade para o período 1980-2050 –
Revisão 2004. Rio de Janeiro: IBGE/COPIS, 2004.

LAKATOS, Marina, MARCONI, Eva. Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas. 1986.

MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. Livro 1. 16ª ed. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

Morin, Edgar. O método 3: O conhecimento do conhecimento. 4 ed. Porto Alegre:


Sulina, 2008.

MULLER, Eliane Fransielii. A Violências Intrafamiliar contra o Idoso: um estudo


no contexto dp CIAPREVI. Florianópolis, 2008.

NERI Al., FREIRI As. E por falar em boa velhice. São Paulo: Papirus; 2000.

NERI, Marcelo; SOARES, Wagner. A Fonte da Juventude. Revista Conjuntura


Econômica. Abr, 2004. Rio de Janeiro: FGV. 2004.

NETTO, Matheus Papaléo. “O estudo da velhice no século XX: histórico, definição


de campo e termos básicos.” In: FREITAS, Elizabete Viana et al (Org.). Tratado de
geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

NETTO, Matheus Papaléo. YUASO, Denise Rodrigues. KITADAI, Fábio Takashi.


Longevidade: Desafio no terceiro milênio. Artigo de Revisão, ano 29, v. 29, nº 4,
out./dez. São Paulo: O Mundo da Saúde, 2005.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Envelhecimento ativo: uma


política de saúde. Brasília: OPAS; 2005.

PEIXOTO, Clarice Ehlers. Família e envelhecimento. Rio de Janeiro: FGV, 2004.

PELOSO, Laura Almeida. COSTA, Sandra M. Fonseca da. Caracterização do


processo de envelhecimento da população e o município de São José dos
Campos. ABEP, in XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais. Caxambu, MG,
2006.

PEREIRA, Andréa B. M. Colombari. As implicações dos fatores sócio


econômicos no cuidado à saúde do idoso em domicílio. Monografia apresentada
à Faculdade de Medicina da USP. São Paulo, 2006.

QUEIROZ, Zally P. Vasconcellos; LEMOS, Nair de Fátima Dutra. Avaliação pelo


assistente social. In. Avaliação multidisciplinar do paciente geriátrico. Rio de Janeiro:
Revinter, 2002.

RAMOS LR. Epidemiologia do Envelhecimento. In: Freitas EV, Py L, Néri Al,


Cançado FAX, Gorzoni ML, Rocha. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan; 2002.
50

SANTOS, Juliana Siqueira e BARROS, Maria Dilma de Alencar. Idosos do


Município do Recife, Pernambuco, Brasil: uma análise da morbimortalidade
hospitalar. Set., v.17, n.3, Recife: Epidemiol. Serv. Saúde, 2008.

TEIXEIRA, Ana Claudia C. Identidades em Construção: As Organizações Não-


Governamentais no Processo Brasileiro de Democratização. Dissertação de
Mestrado em Filosofia e Ciências Humanas – DCP do Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas, Universidade de Campinas. Campinas, 2000. 166 f.

VERAS, Renato. Velhice numa Perspectiva de Futuro Saudável. Rio de Janeiro:


UNATI, 2001.

Waldow, Regina. Cuidado humano: o resgate necessário. Porto Alegre: Sagra


Luzzatto, 1998.

SITES CONSULTADOS:

ARAÚJO, Silvana. Teorias do Envelhecimento. UFMG. Disponível em:


http://74.125.93.132/search?
q=cache:1ui4qtx2sZMJ:www.ciape.org.br/matdidatico/silvanasilva/teorias_do_envelh
ecimento.ppt+mudan%C3%A7as+do+envelhecimento&cd=2&hl=pt-
BR&ct=clnk&gl=br. Acesso em 21/10/09.

BAHIA, Andréia. Idosos: Violência invisível. Goiânia, 2008. Disponível em:


http://www.jornalopcao.com.br/imprime.asp?
secao=Reportagens&idjornal=287&idrep=2607. Acesso em 19/10/09.

BRASILIA. Lei n. 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a Política Nacional


do Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8842.htm. Acesso em 22/10/09.

BRASÍLIA, Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da


Assistência Social e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742.htm>. Acesso em 24/06/09.

BRASILIS, Dino. Coleta de dados: tipos de questionários. Disponível em:


http://www.google.com.br/url?
sa=t&source=web&ct=res&cd=2&ved=0CAoQFjAB&url=http%3A%2F
%2Fdinobrasilis.pro.br%2Fcoleta1.pdf&rct=j&q=tipos+de+question
%C3%A1rios&ei=8X7oSoS0H5HnlAf5ofSCCA&usg=AFQjCNFxPZ1aTvkHTdSFGC3
0FoloJtX1qw. Acesso em 20/10/09.

CARDOSO JÚNIOR, José Celso; JACCOUD, Luciana. Políticas sociais no Brasil:


organização, abrangência e tensão da ação estatal. Disponível em:
http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/livros/questaosocial/Cap_5.pdf. Acesso em
18/10/09.

CASTILHO, Tai. O Idoso Fragilizado e a Família: Representações, Preconceitos,


Conflito e Solidariedade. In A Terceira Idade, n. 38, 2007. Disponível em:
51

http://cev.org.br/biblioteca/o-idoso-fragilizado-e-familia-representacoes-preconceitos-
conflito-solidariedade. Acesso em 14/10/09.

DIGIOVANNI, Rosângela. Resenha: Família e Envelhecimento. 25º ed. Disponível


em: <http://www.antropologia.com.br/res/res25.htm>. Acesso em 22/06/09.

GONÇALVES, H. S. O Estado o Terceiro Setor e o Mercado: Uma Tríade


Completa. Disponível em: http://www.rits.org.br/. Acesso em: 15/11/2009.

JORGE, Rosely. Velhice e dignidade: um desafio para todos. Portal da Família,


19/03/2007. Disponível em: http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo542.shtml.
Acesso em 10/10/2009.

JUNQUEIRA, Ana Paula. Academia da Terceira Idade. Noticia 20/10/09. Disponível


em: http://www.paranaesporte.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=2331.
Acesso em 20/10/09.

KANITZ, Stephen. O que é o Terceiro Setor? s/d. Disponível em:


http://www.filantropia.org/OqueeTerceiroSetor.htm. Acesso em 09/11/2009.

BVS. Biblioteca Virtual da Saúde. Ministério da Saúde. Idoso no Mundo. Disponível


em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/exposicoes/idoso/idosom.html . Acesso em
22/06/2009.

MORAES, Luiz Carlos de. Os pilares de uma velhice saudável: é o corpo


desacelerando. Disponível em: http://www.copacabanarunners.net/velhice-
saudavel-3.html. Acesso em 20/10/2009.

MOTTI, Monica Cristine Jove. O idoso e a família. Out. 2008. Disponível em:
http://www.medicinageriatrica.com.br/2007/10/08/saude-geriatria/o-idoso-e-a-familia/.
Acesso em 19/10/09.

MPS. Ministério da Previdência Social. SPS. Secretaria de Políticas de Previdência


Social. Painel: Estratégias de Ampliação da Proteção Social dos/das Jovens.
Brasília, 2009. Disponível em: http://www.oitbrasil.org.br/topic/decent_work/doc/prote
cao _jovens_9.pdf. Acesso em 20/10/09.

PEREIRA, Potyara. Política de Assistência Social para pessoa idosa. Maio, 2008.
Disponível em: http://www.observatorionacionaldoidoso.fiocruz.br/biblioteca/
_eixos/4.pdf. Acesso em 15/09/2009.

RELATÓRIO DE GERÊNCIA DE ESTUDOS SETORIAIS (GESET). Terceiro Setor e


o Desenvolvimento Social. Disponível em: http://www.bndes.gov.br/ Acesso em
15/11/2009.

RIBEIRO, Maria Piedade Fernandes; SOUSA, Vânia Pinheiro de. Elaboração de


trabalhos acadêmicos. Artigo publicado em 28/09/06. Disponível em:
<http://www.normalizacao.ufjf.br/subitem.php?nome_item=2%20FASES%20E
%20PARTES%20DO%20TRABALHO%20MONORÁFICO&id_subitem=2> Acesso
em 15/05/2009.
52

ROBONS, S. Benefícios Previdenciários. Nov. 2007 Disponível em:


http://pt.shvoong.com/law-and-politics/law/929313-benef%C3%ADcios-previdenci
%C3%A1rios/. Acesso em 02/08/2009.

ROSA, Marcelo P. de Luna. Benefícios Previdenciários. Jun. 2008. Disponível em:


http://www.soartigos.com/articles/354/1/Beneficios-Previdenciarios/Page1.html.
Acesso em 03/08/2009.

ROSENFELD, Sandra. Os transtornos das modificações físicas. Weelness club,


23/03/2009. Disponível em:
http://www.wellnessclub.com.br/website/colunas_ler.php?
canal=6&canallocal=62&canalsub2=206&id=1639. Acesso em 15/11/2009.

ROTHGIESSER, Tanya L. Sociedade Civil Brasileira e o Terceiro Setor.


Disponível em: http://www.terceirosetor.org.br/. Acesso em: 10/11/2009.

SANTOS, Antônio Silveira Ribeiro. Direitos dos Idosos. Programa Ambiental: A


última Arca de Noé. Disponível em http://www.aultimaarcadenoe.com/idosos.htm
Acesso em 17/05/2009.

SOUZA, Irailton Melo de. O idoso e a família. Jul. 2004. Disponível em:
http://www.jornalpequeno.com.br/2004/7/5/Pagina1765.htm. Acesso em 19/10/09.

SOUZA, Rosângela F. de. MATIAS, Hernani A. BRÊTAS, Ana Cristina P. Reflexões


sobra envelhecimento e trabalho. Revista Ciência e Saúde. Artigo 54. Rio de
Janeiro: ABRASCO, 2007. Disponível em: http://www.abrasco.org.br
/cienciaesaudecoletiva/artigos/artigo_int.php?id_artigo=1968 Acesso em 16/06/09.

TEIXEIRA, Gilberto. Módulos: Metodologia da Pesquisa. O que significa


Metodologia? Mar. 2005. Disponível em
http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/ler.php?modulo=21&texto=1338. Acesso
17/05/09.

WARD, Liz. "HowStuffWorks - O processo de envelhecimento". Publicado em 21 de


agosto de 2007. Disponível em: http://saude.hsw.uol.com.br/envelhecimento.htm
Acesso 17/06/09.
53

ANEXO I – QUESTIONÁRIO REALIZADO COM O GRUPO

Idade ( ) sexo( )
1)Através de quem ou como conheceu a Instituição Fraternidade Espírita Irmão Bezerra de
Menezes?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

2) Sempre participa dos encontros semanais na Instituição Fraternidade Espíritas Irmão


Bezerra de Menezes?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

3) A participação na Instituição Fraternidade Espírita Irmão Bezerra de Menezes lhe trouxe


algum beneficio?Qual?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

4) Quais as motivações que os levam a continuar participando do GFEIBM?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
54

ANEXO II – ESTATUTO DO IDOSO NA ÍNTEGRA

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003.

Mensagem de veto
Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências.
Vigência

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I
Disposições Preliminares

Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou
superior a 60 (sessenta) anos.
Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de
que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de
sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.
Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta
prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à
cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à
população;
II – preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas específicas;
III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção ao idoso;
IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso com as demais gerações;
V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não
a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência;
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos
idosos;
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os
aspectos biopsicossociais de envelhecimento;
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais.
IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda. (Incluído pela Lei nº 11.765, de 2008).
Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo
atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.
§ 1o É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso.
§ 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
Art. 5o A inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos da
lei.
Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha
testemunhado ou de que tenha conhecimento.
Art. 7o Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais do Idoso, previstos na Lei no 8.842, de 4 de
janeiro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos do idoso, definidos nesta Lei.
TÍTULO II
Dos Direitos Fundamentais
CAPÍTULO I
Do Direito à Vida
Art. 8o O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção um direito social, nos termos desta Lei e da
legislação vigente.
Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas
sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade.
CAPÍTULO II
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como
pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis.
§ 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, os seguintes aspectos:
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
II – opinião e expressão;
III – crença e culto religioso;
IV – prática de esportes e de diversões;
V – participação na vida familiar e comunitária;
VI – participação na vida política, na forma da lei;
55

VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.


§ 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da
imagem, da identidade, da autonomia, de valores, idéias e crenças, dos espaços e dos objetos pessoais.
§ 3o É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento,
aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
CAPÍTULO III
Dos Alimentos
Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da lei civil.
Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores.
Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser celebradas perante o Promotor de Justiça, que as referendará, e
passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial nos termos da lei processual civil.
Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor Público,
que as referendará, e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial nos termos da lei processual civil. (Redação dada
pela Lei nº 11.737, de 2008)
Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao Poder
Público esse provimento, no âmbito da assistência social.
CAPÍTULO IV
Do Direito à Saúde
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS, garantindo-
lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção,
proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos.
§ 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio de:
I – cadastramento da população idosa em base territorial;
II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;
III – unidades geriátricas de referência, com pessoal especializado nas áreas de geriatria e gerontologia social;
IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que dele necessitar e esteja impossibilitada de se
locomover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e
eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos meios urbano e rural;
V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para redução das seqüelas decorrentes do agravo da saúde.
§ 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso continuado,
assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
§ 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade.
§ 4o Os idosos portadores de deficiência ou com limitação incapacitante terão atendimento especializado, nos termos da
lei.
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde
proporcionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, segundo o critério médico.
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável pelo tratamento conceder autorização para o
acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escrito.
Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento de
saúde que lhe for reputado mais favorável.
Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de proceder à opção, esta será feita:
I – pelo curador, quando o idoso for interditado;
II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou este não puder ser contactado em tempo hábil;
III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não houver tempo hábil para consulta a curador ou familiar;
IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou familiar conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao
Ministério Público.
Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o atendimento às necessidades do idoso,
promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como orientação a cuidadores familiares e grupos de auto-
ajuda.
Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra idoso serão obrigatoriamente comunicados pelos
profissionais de saúde a quaisquer dos seguintes órgãos:
I – autoridade policial;
II – Ministério Público;
III – Conselho Municipal do Idoso;
IV – Conselho Estadual do Idoso;
V – Conselho Nacional do Idoso.
CAPÍTULO V
Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem
sua peculiar condição de idade.
Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos, metodologias e
material didático aos programas educacionais a ele destinados.
§ 1o Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técnicas de comunicação, computação e demais
avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna.
§ 2o Os idosos participarão das comemorações de caráter cívico ou cultural, para transmissão de conhecimentos e
vivências às demais gerações, no sentido da preservação da memória e da identidade culturais.
Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de
envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a
matéria.
Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será proporcionada mediante descontos de pelo
menos 50% (cinqüenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso
preferencial aos respectivos locais.
Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou horários especiais voltados aos idosos, com finalidade
informativa, educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de envelhecimento.
56

Art. 25. O Poder Público apoiará a criação de universidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação de
livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados ao idoso, que facilitem a leitura, considerada a natural redução
da capacidade visual.
CAPÍTULO VI
Da Profissionalização e do Trabalho
Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e
psíquicas.
Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou emprego, é vedada a discriminação e a fixação de limite máximo
de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a natureza do cargo o exigir.
Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em concurso público será a idade, dando-se preferência ao de idade
mais elevada.
Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas de:
I – profissionalização especializada para os idosos, aproveitando seus potenciais e habilidades para atividades regulares
e remuneradas;
II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de estímulo a
novos projetos sociais, conforme seus interesses, e de esclarecimento sobre os direitos sociais e de cidadania;
III – estímulo às empresas privadas para admissão de idosos ao trabalho.
CAPÍTULO VII
Da Previdência Social
Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do Regime Geral da Previdência Social observarão, na sua concessão,
critérios de cálculo que preservem o valor real dos salários sobre os quais incidiram contribuição, nos termos da legislação
vigente.
Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manutenção serão reajustados na mesma data de reajuste do salário-
mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do seu último reajustamento, com base em percentual
definido em regulamento, observados os critérios estabelecidos pela Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991.
Art. 30. A perda da condição de segurado não será considerada para a concessão da aposentadoria por idade, desde que
a pessoa conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido para efeito de carência na data de
requerimento do benefício.
Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício previsto no caput observará o disposto no caput e § 2o do art. 3o da Lei
no 9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, não havendo salários-de-contribuição recolhidos a partir da competência de julho de
1994, o disposto no art. 35 da Lei no 8.213, de 1991.
Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios, efetuado com atraso por responsabilidade da Previdência Social,
será atualizado pelo mesmo índice utilizado para os reajustamentos dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social,
verificado no período compreendido entre o mês que deveria ter sido pago e o mês do efetivo pagamento.
Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1o de Maio, é a data-base dos aposentados e pensionistas.
CAPÍTULO VIII
Da Assistência Social
Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, de forma articulada, conforme os princípios e diretrizes previstos na
Lei Orgânica da Assistência Social, na Política Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e demais normas pertinentes.
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de
tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da
Assistência Social – Loas.
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para
os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.
Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar, são obrigadas a firmar contrato de prestação de serviços
com a pessoa idosa abrigada.
§ 1o No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada a cobrança de participação do idoso no custeio da
entidade.
§ 2o O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal da Assistência Social estabelecerá a forma de participação
prevista no § 1o, que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de qualquer benefício previdenciário ou de assistência
social percebido pelo idoso.
§ 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante legal firmar o contrato a que se refere o caput deste
artigo.
Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência
econômica, para os efeitos legais.
CAPÍTULO IX
Da Habitação
Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou desacompanhado de seus
familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou privada.
§ 1o A assistência integral na modalidade de entidade de longa permanência será prestada quando verificada inexistência
de grupo familiar, casa-lar, abandono ou carência de recursos financeiros próprios ou da família.
§ 2o Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica obrigada a manter identificação externa visível, sob pena de
interdição, além de atender toda a legislação pertinente.
§ 3o As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões de habitação compatíveis com as necessidades
deles, bem como provê-los com alimentação regular e higiene indispensáveis às normas sanitárias e com estas condizentes,
sob as penas da lei.
Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de prioridade na
aquisição de imóvel para moradia própria, observado o seguinte:
I – reserva de 3% (três por cento) das unidades residenciais para atendimento aos idosos;
II – implantação de equipamentos urbanos comunitários voltados ao idoso;
III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para garantia de acessibilidade ao idoso;
IV – critérios de financiamento compatíveis com os rendimentos de aposentadoria e pensão.
CAPÍTULO X
Do Transporte
Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos
urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.
57

§ 1o Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade.
§ 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para
os idosos, devidamente identificados com a placa de reservado preferencialmente para idosos.
§ 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a critério
da legislação local dispor sobre as condições para exercício da gratuidade nos meios de transporte previstos no caput deste
artigo.
Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual observar-se-á, nos termos da legislação específica: (Regulamento)
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos;
II – desconto de 50% (cinqüenta por cento), no mínimo, no valor das passagens, para os idosos que excederem as vagas
gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos.
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os mecanismos e os critérios para o exercício dos direitos
previstos nos incisos I e II.
Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos
estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao idoso.
Art. 42. É assegurada a prioridade do idoso no embarque no sistema de transporte coletivo.
TÍTULO III
Das Medidas de Proteção
CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais
Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados
ou violados:
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento;
III – em razão de sua condição pessoal.
CAPÍTULO II
Das Medidas Específicas de Proteção
Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas nesta Lei poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativamente, e
levarão em conta os fins sociais a que se destinam e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimento
daquele, poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade;
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar;
IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas
lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação;
V – abrigo em entidade;
VI – abrigo temporário.
TÍTULO IV
Da Política de Atendimento ao Idoso
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á por meio do conjunto articulado de ações governamentais e não-
governamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento:
I – políticas sociais básicas, previstas na Lei no 8.842, de 4 de janeiro de 1994;
II – políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que necessitarem;
III – serviços especiais de prevenção e atendimento às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade
e opressão;
IV – serviço de identificação e localização de parentes ou responsáveis por idosos abandonados em hospitais e
instituições de longa permanência;
V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos dos idosos;
VI – mobilização da opinião pública no sentido da participação dos diversos segmentos da sociedade no atendimento do
idoso.
CAPÍTULO II
Das Entidades de Atendimento ao Idoso
Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades, observadas as normas
de planejamento e execução emanadas do órgão competente da Política Nacional do Idoso, conforme a Lei no 8.842, de 1994.
Parágrafo único. As entidades governamentais e não-governamentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à inscrição de
seus programas, junto ao órgão competente da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Idosa, e em sua falta,
junto ao Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os regimes de atendimento, observados os seguintes
requisitos:
I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho compatíveis com os princípios desta Lei;
III – estar regularmente constituída;
IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes.
Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de institucionalização de longa permanência adotarão os seguintes
princípios:
I – preservação dos vínculos familiares;
II – atendimento personalizado e em pequenos grupos;
III – manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso de força maior;
IV – participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter interno e externo;
V – observância dos direitos e garantias dos idosos;
VI – preservação da identidade do idoso e oferecimento de ambiente de respeito e dignidade.
Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de atendimento ao idoso responderá civil e criminalmente pelos atos
que praticar em detrimento do idoso, sem prejuízo das sanções administrativas.
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento:
58

I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o idoso, especificando o tipo de atendimento, as obrigações da
entidade e prestações decorrentes do contrato, com os respectivos preços, se for o caso;
II – observar os direitos e as garantias de que são titulares os idosos;
III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação suficiente;
IV – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade;
V – oferecer atendimento personalizado;
VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos familiares;
VII – oferecer acomodações apropriadas para recebimento de visitas;
VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade do idoso;
IX – promover atividades educacionais, esportivas, culturais e de lazer;
X – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas crenças;
XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda ocorrência de idoso portador de doenças infecto-contagiosas;
XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público requisite os documentos necessários ao exercício da cidadania
àqueles que não os tiverem, na forma da lei;
XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que receberem dos idosos;
XV – manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do atendimento, nome do idoso, responsável,
parentes, endereços, cidade, relação de seus pertences, bem como o valor de contribuições, e suas alterações, se houver, e
demais dados que possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento;
XVI – comunicar ao Ministério Público, para as providências cabíveis, a situação de abandono moral ou material por parte
dos familiares;
XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com formação específica.
Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucrativos prestadoras de serviço ao idoso terão direito à assistência
judiciária gratuita.
CAPÍTULO III
Da Fiscalização das Entidades de Atendimento
Art. 52. As entidades governamentais e não-governamentais de atendimento ao idoso serão fiscalizadas pelos Conselhos
do Idoso, Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros previstos em lei.
Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842, de 1994, passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art. 6o desta Lei a supervisão, o acompanhamento, a fiscalização e a avaliação
da política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias político-administrativas." (NR)
Art. 54. Será dada publicidade das prestações de contas dos recursos públicos e privados recebidos pelas entidades de
atendimento.
Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem as determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem prejuízo da
responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos, às seguintes penalidades, observado o devido processo legal:
I – as entidades governamentais:
a) advertência;
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
d) fechamento de unidade ou interdição de programa;
II – as entidades não-governamentais:
a) advertência;
b) multa;
c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas;
d) interdição de unidade ou suspensão de programa;
e) proibição de atendimento a idosos a bem do interesse público.
§ 1o Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer tipo de fraude em relação ao programa, caberá o afastamento
provisório dos dirigentes ou a interdição da unidade e a suspensão do programa.
§ 2o A suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas ocorrerá quando verificada a má aplicação ou desvio de
finalidade dos recursos.
§ 3o Na ocorrência de infração por entidade de atendimento, que coloque em risco os direitos assegurados nesta Lei, será
o fato comunicado ao Ministério Público, para as providências cabíveis, inclusive para promover a suspensão das atividades ou
dissolução da entidade, com a proibição de atendimento a idosos a bem do interesse público, sem prejuízo das providências a
serem tomadas pela Vigilância Sanitária.
§ 4o Na aplicação das penalidades, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
provierem para o idoso, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes da entidade.
CAPÍTULO IV
Das Infrações Administrativas
Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as determinações do art. 50 desta Lei:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), se o fato não for caracterizado como crime,
podendo haver a interdição do estabelecimento até que sejam cumpridas as exigências legais.
Parágrafo único. No caso de interdição do estabelecimento de longa permanência, os idosos abrigados serão transferidos
para outra instituição, a expensas do estabelecimento interditado, enquanto durar a interdição.
Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável por estabelecimento de saúde ou instituição de longa
permanência de comunicar à autoridade competente os casos de crimes contra idoso de que tiver conhecimento:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), aplicada em dobro no caso de reincidência.
Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a prioridade no atendimento ao idoso:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 (um mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz,
conforme o dano sofrido pelo idoso.
CAPÍTULO V
Da Apuração Administrativa de Infração às
Normas de Proteção ao Idoso
Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo IV serão atualizados anualmente, na forma da lei.
Art. 60. O procedimento para a imposição de penalidade administrativa por infração às normas de proteção ao idoso terá
início com requisição do Ministério Público ou auto de infração elaborado por servidor efetivo e assinado, se possível, por duas
testemunhas.
59

§ 1o No procedimento iniciado com o auto de infração poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a
natureza e as circunstâncias da infração.
§ 2o Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á a lavratura do auto, ou este será lavrado dentro de 24
(vinte e quatro) horas, por motivo justificado.
Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a apresentação da defesa, contado da data da intimação, que será
feita:
I – pelo autuante, no instrumento de autuação, quando for lavrado na presença do infrator;
II – por via postal, com aviso de recebimento.
Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do idoso, a autoridade competente aplicará à entidade de atendimento as
sanções regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das providências que vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou
pelas demais instituições legitimadas para a fiscalização.
Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida ou a saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade competente
aplicará à entidade de atendimento as sanções regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das providências que vierem a ser
adotadas pelo Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas para a fiscalização.
CAPÍTULO VI
Da Apuração Judicial de Irregularidades em Entidade de Atendimento
Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimento administrativo de que trata este Capítulo as disposições das Leis
nos 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29 de janeiro de 1999.
Art. 65. O procedimento de apuração de irregularidade em entidade governamental e não-governamental de atendimento
ao idoso terá início mediante petição fundamentada de pessoa interessada ou iniciativa do Ministério Público.
Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o
afastamento provisório do dirigente da entidade ou outras medidas que julgar adequadas, para evitar lesão aos direitos do
idoso, mediante decisão fundamentada.
Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de 10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar
documentos e indicar as provas a produzir.
Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na conformidade do art. 69 ou, se necessário, designará audiência de
instrução e julgamento, deliberando sobre a necessidade de produção de outras provas.
§ 1o Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério Público terão 5 (cinco) dias para oferecer alegações finais,
decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
§ 2o Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária
oficiará a autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado, fixando-lhe prazo de 24 (vinte e quatro) horas para
proceder à substituição.
§ 3o Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades
verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem julgamento do mérito.
§ 4o A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da entidade ou ao responsável pelo programa de atendimento.
TÍTULO V
Do Acesso à Justiça
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições deste Capítulo, o procedimento sumário previsto no Código de
Processo Civil, naquilo que não contrarie os prazos previstos nesta Lei.
Art. 70. O Poder Público poderá criar varas especializadas e exclusivas do idoso.
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências
judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer
instância.
§ 1o O interessado na obtenção da prioridade a que alude este artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefício à
autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará as providências a serem cumpridas, anotando-se essa
circunstância em local visível nos autos do processo.
§ 2o A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro
ou companheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos.
§ 3o A prioridade se estende aos processos e procedimentos na Administração Pública, empresas prestadoras de serviços
públicos e instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à Defensoria Publica da União, dos Estados e do Distrito
Federal em relação aos Serviços de Assistência Judiciária.
§ 4o Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com a
destinação a idosos em local visível e caracteres legíveis.
CAPÍTULO II
Do Ministério Público
Art. 72. (VETADO)
Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas nesta Lei, serão exercidas nos termos da respectiva Lei Orgânica.
Art. 74. Compete ao Ministério Público:
I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais
indisponíveis e individuais homogêneos do idoso;
II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de interdição total ou parcial, de designação de curador especial, em
circunstâncias que justifiquem a medida e oficiar em todos os feitos em que se discutam os direitos de idosos em condições de
risco;
III – atuar como substituto processual do idoso em situação de risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei;
IV – promover a revogação de instrumento procuratório do idoso, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, quando
necessário ou o interesse público justificar;
V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo:
a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injustificado da
pessoa notificada, requisitar condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil ou Militar;
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais, estaduais e federais, da
administração direta e indireta, bem como promover inspeções e diligências investigatórias;
c) requisitar informações e documentos particulares de instituições privadas;
VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, para a apuração de
ilícitos ou infrações às normas de proteção ao idoso;
60

VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados ao idoso, promovendo as medidas judiciais e
extrajudiciais cabíveis;
VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de
pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades porventura verificadas;
IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços de saúde, educacionais e de assistência social,
públicos, para o desempenho de suas atribuições;
X – referendar transações envolvendo interesses e direitos dos idosos previstos nesta Lei.
§ 1o A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
mesmas hipóteses, segundo dispuser a lei.
§ 2o As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, desde que compatíveis com a finalidade e atribuições do
Ministério Público.
§ 3o O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá livre acesso a toda entidade de atendimento
ao idoso.
Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos
direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipóteses em que terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar
documentos, requerer diligências e produção de outras provas, usando os recursos cabíveis.
Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita pessoalmente.
Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a
requerimento de qualquer interessado.
CAPÍTULO III
Da Proteção Judicial dos Interesses Difusos, Coletivos e Individuais Indisponíveis ou Homogêneos
Art. 78. As manifestações processuais do representante do Ministério Público deverão ser fundamentadas.
Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados ao
idoso, referentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de:
I – acesso às ações e serviços de saúde;
II – atendimento especializado ao idoso portador de deficiência ou com limitação incapacitante;
III – atendimento especializado ao idoso portador de doença infecto-contagiosa;
IV – serviço de assistência social visando ao amparo do idoso.
Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção judicial outros interesses difusos, coletivos,
individuais indisponíveis ou homogêneos, próprios do idoso, protegidos em lei.
Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá competência
absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Federal e a competência originária dos Tribunais
Superiores.
Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos,
consideram-se legitimados, concorrentemente:
I – o Ministério Público;
II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
III – a Ordem dos Advogados do Brasil;
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos 1 (um) ano e que incluam entre os fins institucionais a defesa
dos interesses e direitos da pessoa idosa, dispensada a autorização da assembléia, se houver prévia autorização estatutária.
§ 1o Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União e dos Estados na defesa dos interesses e
direitos de que cuida esta Lei.
§ 2o Em caso de desistência ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado
deverá assumir a titularidade ativa.
Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação
pertinentes.
Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições de Poder Público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que se regerá
pelas normas da lei do mandado de segurança.
Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tutela
específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao adimplemento.
§ 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao
juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, na forma do art. 273 do Código de Processo Civil.
§ 2o O juiz poderá, na hipótese do § 1o ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente do pedido do autor,
se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o
dia em que se houver configurado.
Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei reverterão ao Fundo do Idoso, onde houver, ou na falta deste, ao Fundo
Municipal de Assistência Social, ficando vinculados ao atendimento ao idoso.
Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta) dias após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas por
meio de execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados em
caso de inércia daquele.
Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte.
Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser condenação ao Poder Público, o juiz determinará a remessa de
peças à autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e administrativa do agente a que se atribua a ação ou
omissão.
Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado da sentença condenatória favorável ao idoso sem que o
autor lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada, igual iniciativa aos demais legitimados, como
assistentes ou assumindo o pólo ativo, em caso de inércia desse órgão.
Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
quaisquer outras despesas.
Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Ministério Público.
Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá, provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe
informações sobre os fatos que constituam objeto de ação civil e indicando-lhe os elementos de convicção.
61

Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tribunais, no exercício de suas funções, quando tiverem conhecimento
de fatos que possam configurar crime de ação pública contra idoso ou ensejar a propositura de ação para sua defesa, devem
encaminhar as peças pertinentes ao Ministério Público, para as providências cabíveis.
Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certidões e
informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de 10 (dez) dias.
Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser
inferior a 10 (dez) dias.
§ 1o Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a
propositura da ação civil ou de peças informativas, determinará o seu arquivamento, fazendo-o fundamentadamente.
§ 2o Os autos do inquérito civil ou as peças de informação arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta
grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público ou à Câmara de Coordenação e Revisão do
Ministério Público.
§ 3o Até que seja homologado ou rejeitado o arquivamento, pelo Conselho Superior do Ministério Público ou por Câmara
de Coordenação e Revisão do Ministério Público, as associações legitimadas poderão apresentar razões escritas ou
documentos, que serão juntados ou anexados às peças de informação.
§ 4o Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público de homologar a
promoção de arquivamento, será designado outro membro do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
TÍTULO VI
Dos Crimes
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as disposições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se
o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do
Código Penal e do Código de Processo Penal.
CAPÍTULO II
Dos Crimes em Espécie
Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e 182
do Código Penal.
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte,
ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade:
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
§ 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo.
§ 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente.
Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente
perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de
autoridade pública:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se
resulta a morte.
Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover
suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições desumanas ou
degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho
excessivo ou inadequado:
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 2o Se resulta a morte:
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa:
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivo de idade;
II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho;
III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa;
IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que
alude esta Lei;
V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei, quando
requisitados pelo Ministério Público.
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida nas ações em
que for parte ou interveniente o idoso:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes
aplicação diversa da de sua finalidade:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do idoso, como abrigado, por recusa deste em outorgar procuração à
entidade de atendimento:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem como
qualquer outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.
Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informações ou imagens depreciativas ou injuriosas à
pessoa do idoso:
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
62

Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de administração de bens
ou deles dispor livremente:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procuração:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem discernimento de seus atos, sem a devida representação legal:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
TÍTULO VII
Disposições Finais e Transitórias
Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante do Ministério Público ou de qualquer outro agente fiscalizador:
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 110. O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal, passa a vigorar com as seguintes alterações:
"Art. 61. ............................................................................
............................................................................
II - ...................................................................................
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
............................................................................." (NR)
"Art. 121. .................................................................................
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do
seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é
praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
............................................................................." (NR)
"Art. 133. ............................................................................
............................................................................
§ 3o ............................................................................
............................................................................
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos." (NR)
"Art. 140. ............................................................................
............................................................................
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa
idosa ou portadora de deficiência:
............................................................................ (NR)
"Art. 141. ............................................................................
............................................................................
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
............................................................................." (NR)
"Art. 148. ............................................................................
............................................................................
§ 1o............................................................................
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do agente ou maior de 60 (sessenta) anos.
............................................................................" (NR)
"Art. 159............................................................................
............................................................................
§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60
(sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
............................................................................" (NR)
"Art. 183............................................................................
............................................................................
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos." (NR)
"Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para
o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou
faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer
descendente ou ascendente, gravemente enfermo:
............................................................................" (NR)
Art. 111. O O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro de 1941, Lei das Contravenções Penais, passa a vigorar
acrescido do seguinte parágrafo único:
"Art. 21............................................................................
............................................................................
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos." (NR)
Art. 112. O inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 9.455, de 7 de abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 1o ............................................................................
............................................................................
§ 4o ............................................................................
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
............................................................................" (NR)
Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21 de outubro de 1976, passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 18............................................................................
............................................................................
III – se qualquer deles decorrer de associação ou visar a menores de 21 (vinte e um) anos ou a pessoa com idade igual ou
superior a 60 (sessenta) anos ou a quem tenha, por qualquer causa, diminuída ou suprimida a capacidade de discernimento ou
de autodeterminação:
............................................................................" (NR)
Art. 114. O art 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 1o As pessoas portadoras de deficiência, os idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as
lactantes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendimento prioritário, nos termos desta Lei." (NR)
63

Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará ao Fundo Nacional de Assistência Social, até que o Fundo
Nacional do Idoso seja criado, os recursos necessários, em cada exercício financeiro, para aplicação em programas e ações
relativos ao idoso.
Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos dados relativos à população idosa do País.
Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacional projeto de lei revendo os critérios de concessão do
Benefício de Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica da Assistência Social, de forma a garantir que o acesso ao direito
seja condizente com o estágio de desenvolvimento sócio-econômico alcançado pelo País.
Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (noventa) dias da sua publicação, ressalvado o disposto no caput do art.
36, que vigorará a partir de 1o de janeiro de 2004.
Brasília, 1o de outubro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Márcio Thomaz Bastos
Antonio Palocci Filho
Rubem Fonseca Filho
Humberto Sérgio Costa LIma
Guido Mantega
Ricardo José Ribeiro Berzoini
Benedita Souza da Silva Sampaio
Álvaro Augusto Ribeiro Costa
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 3.10.2003
64

ANEXO III – LEI Nº 8842 – Política Nacional do Idoso


LEI Nº 8.842 - DE 4 DE JANEIRO DE 1994 - DOU DE 5/1/94
Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO I -
DA FINALIDADE
Art. 1º
Art. 1º A política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para sua autonomia,
integração e participação efetiva na sociedade.
Art. 2º
Art. 2º Considera-se idoso, para os efeitos desta Lei, a pessoas maiores de sessenta anos de idade.
CAPÍTULO II -
DOS PRINCÍPIOS E DAS DIRETRIZES
SEÇÃO I -
DOS PRINCÍPIOS
Art. 3º
Art. 3º A política nacional do idoso reger-se-á pelos seguintes princípios:
I - a família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação
na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida;
II - o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos;
III - o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza;
IV - o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através desta política;
V - as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão
ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação desta Lei.
SEÇÃO II -
DAS DIRETRIZES
Art. 4º
Art. 4º Constituem diretrizes da política nacional do idoso:
I - viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso, que proporcionem sua integração às demais
gerações;
II - participação do idoso, através de suas organizações representativas, na formulação, implementação e avaliação das políticas,
planos, programas e projetos a serem desenvolvidos;
III - priorização do atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos
idosos que não possuam condições que garantam sua própria sobrevivência;
IV - descentralização político-administrativa;
V - capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços;
VI - implementação de sistema de informações que permita a divulgação da política, dos serviços oferecidos, dos planos,
programas e projetos em cada nível de governo;
VII - estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos
biopsicossociais do envelhecimento;
VIII - priorização do atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados prestadores de serviços quando desabrigados e sem
família;
IX - apoio a estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao envelhecimento.
Parágrafo único. É vedada a permanência de portadores de doenças que necessitem de assistência médica ou de enfermagem
permanente em instituições asilares de caráter social.
CAPÍTULO III -
DA ORGANIZAÇÃO E GESTÃO
Art. 5º
Art. 5º Competirá ao órgão ministerial responsável pela assistência e promoção social a coordenação geral da política nacional do
idoso, com a participação dos conselhos nacionais, estaduais, do Distrito Federal e municipais do idoso .
Art. 6º
Art. 6º Os conselhos nacionais, estaduais, do distrito Federal e municipais do idoso serão órgãos permanentes, paritários e
deliberativos, compostos por igual número de representantes dos órgãos e entidades públicas e de organizações representativas da
sociedade civil ligadas à área.
Art. 7º
Art. 7º Compete aos conselhos de que trata o artigo anterior a formulação, coordenação, supervisão e avaliação da política nacional
do idoso, no âmbito das respectivas instâncias político-administrativas.
Art. 8º
Art. 8º À União, por intermédio do ministério responsável pela assistência e promoção social, compete:
I - coordenar as ações relativas à política nacional do idoso;
II - participar na formulação, acompanhamento e avaliação da política nacional do idoso;
III - promover as articulações intraministeriais necessárias à implementação da política nacional do idoso;
IV - (VETADO)
V - elaborar a proposta orçamentário no âmbito da promoção e assistência social e submetê-la ao Conselho Nacional do Idoso.
Parágrafo único. Os ministérios das áreas de saúde, educação, trabalha, previdência social, cultura, esporte e lazer devem elaborar
proposta orçamentária no âmbito de suas assistências, visando ao financiamento de programas nacionais compatíveis com a política
nacional do idoso.
Art. 9º
Art. 9º (VETADO)
Parágrafo único. (VETADO)
CAPÍTULO IV -
DAS AÇÕES GOVERNAMENTAIS
Art. 10.
65

Art. 10. Na implementação da política nacional do idoso, são competências dos órgãos e entidades públicos:
I - na área de promoção e assistência social:
a) prestar serviços e desenvolver ações voltadas para o atendimento das necessidades básicas do idoso, mediante a participação das
famílias, da sociedade e de entidades governamentais e não governamentais.
b) estimular a criação de incentivos e de alternativas de atendimento ao idoso, como centros de convivência, centros de cuidados
diurnos, casas-lares, oficinas abrigadas de trabalho, atendimentos domiciliares e outros;
c) promover simpósios, seminários e encontros específicos;
d) planejar, coordenar, supervisionar e financiar estudos, levantamentos, pesquisas e publicações sobre a situação social do idoso;
e) promover a capacitação de recursos para atendimentos ao idoso;
II - na área de saúde:
a) garantir ao idoso a assistência à saúde, nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde;
b) prevenir, promover, proteger e recuperar a saúde do idoso, mediante programas e medidas profiláticas;
c) adotar e aplicar normas de funcionamento às instituições geriátricas e similares, com fiscalização pelos gestores do Sistema
Único de Saúde;
d) elaborar normas de serviços geriátricos hospitalares;
e) desenvolver formas de cooperação entre as secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal, e dos Municípios e entre os
Centros de Referências em geriatria e Gerontologia para treinamento de equipes interprofissionais;
f) incluir a Geriatria como especialidade clínica, para efeito de concursos públicos federais, estaduais, do Distrito Federal e
municipais;
g) realizar estudos para o caráter epidemiológico de determinadas doenças do idoso, com vistas a prevenção, tratamento e
reabilitação; e
h) criar serviços alternativos de saúde para idoso;
III - na área de educação:
a) adequar currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais destinados ao idoso;
b) inserir nos currículos mínimos, nos diversos níveis do ensino formal, conteúdos voltados para o processo de envelhecimento, de
forma a eliminar preconceitos e a produzir conhecimentos sobre o assunto;
c) incluir a Gerontologia e a Geriatria como disciplinas curriculares nos casos superiores;
d) desenvolver programas educativos, especialmente nos meios de comunicação, a fim de informar a população sobre o processo de
envelhecimento;
e) desenvolver programas que adotem modalidades de ensino à distância, adequados às condições do idoso;
f) apoiar a criação de universidade aberta para a terceira idade, como meio de universalizar o acesso às diferentes formas do saber;
IV - na área de trabalho e previdência social:
a) garantir mecanismos que impeçam a discriminação do idoso quanto a sua participação no mercado de trabalho, no setor público
e privado;
b) priorizar o atendimento do idoso nos benefícios previdenciários;
c) criar e estimular a manutenção de programas de preparação para aposentadoria nos setores públicos e privado com antecedência
mínima de dois anos antes do afastamento;
V - na área de habitação e urbanismo:
a) destinar, nos programas habitacionais, unidades em regime de comodato ao idoso, na modalidade de casas-lares;
b) incluir nos programas de assistência ao idoso formas de melhoria de condições de habitabilidade e adaptação de moradia,
considerando seu estado físico e sua independência de locomoção;
c) elaborar critérios que garantam o acesso da pessoa idosa à habitação popular;
d) diminuir barreiras arquitetônicas e urbanas;
VI - na área de justiça:
a) promover e defender os direitos da pessoa idosa;
b) zelar pela aplicação das normas sobre o idoso determinando ações para evitar abusos e lesões a seus direitos;
VII - na área de cultura, esporte e lazer:
a) garantir ao idoso a participação no processo de produção, reelaboração e fruição dos bens culturais;
b) propiciar ao idoso o acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços reduzidos, em âmbito nacional;
c) incentivar os movimentos de idosos a desenvolver atividade culturais;
d) valorizar o registro da memória e a transmissão de informações e habilidades do idoso aos mais jovens, como meio de garantir a
continuidade e a identidade cultural;
e) incentivar e criar programas de lazer, esporte e atividade físicas que proporcionem a melhoria da qualidade de vida do idoso e
estimulem sua participação na comunidade.
§ 1º É assegurado ao idoso o direito de dispor de seus bens, proventos, pensões e benefícios, salvo nos casos de incapacidade
judicialmente comprovada.
§ 2º Nos casos de comprovada incapacidade do idoso para gerir seus bens, ser-lhe-á nomeado Curador especial em JuÍzo.
CAPÍTULO V -
DO CONSELHO NACIONAL
Art. 11.
Art. 11 ao Art. 18. (VETADOS)
CAPÍTULO VI -
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 19.
Art. 19. Os recursos financeiros necessários à implantação das ações às áreas de competência dos governos federal, estaduais, do
Distrito Federal e municipais serão consignados em seus respectivos orçamentos.
Art. 20.
Art. 20. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de sessenta dias, a partir da data de sua publicação.
Art. 21.
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 22.
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 4 de janeiro de 1994; 173º da Independência e 106º da República.
ITAMAR FRANCO
Leonor Barreto Franco
66

You might also like