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Técnicas Compensatórias
para o Controle de
Cheias Urbanas
Guia do profissional em treinamento Nível 2 e 3
Rede Nacional de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - ReCESA
Águas Pluviais
Técnicas Compensatórias
para o Controle de
Cheias Urbanas
Guia do profissional em treinamento Nível 2 e 3
Promoção Rede de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - ReCESA
Instituições integrantes do Nucase Universidade Federal de Minas Gerais (líder) | Universidade Federal do Espírito Santo |
Universidade Federal do Rio de Janeiro | Universidade Estadual de Campinas
Financiamento Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia | Fundação Nacional de Saúde do
Ministério da Saúde | Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades
Parceiros do Nucase
· Cedae/RJ - Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro
· Cesan/ES - A Companhia Espírito Santense de Saneamento
· Comlurb/RJ - Companhia Municipal de Limpeza Urbana
· Copasa – Companhia de Saneamento de Minas Gerais
· DAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo
· DLU/Campinas - Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura Municipal de Campinas
· Fundação Rio-Águas
· Incaper/Es - O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
· IPT/SP - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
· PCJ - Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí
· SAAE/Itabira - Sistema Autônomo de Água e Esgoto de Itabira – MG.
· SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
· SANASA/Campinas - Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A.
· SLU/PBH - Serviço de Limpeza Urbana da prefeitura de Belo Horizonte
· Sudecap/PBH - Superintendência de desenvolvimento da capital da prefeitura de Belo Horizonte
· UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto
· UFSCar - Universidade Federal de São Carlos
· UNIVALE – Universidade Vale do Rio Doce
Águas Pluviais
Técnicas Compensatórias
para o Controle de
Cheias Urbanas
Guia do profissional em treinamento Nível 2 e 3
A282 Águas pluviais : técnicas compensatórias para o controle de
cheias urbanas : guia do profissional em treinamento : nível 2 e 3 /
Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento
Ambiental (org.). – Belo Horizonte : ReCESA, 2007.
52 p.
Créditos
Composição Final
Cátedra da Unesco - Juliane Correa | Maria José Batista Pinto
Adeíse Lucas Pereira | Sara Shirley Belo Lança
Impressão
Artes Gráficas Formato Ltda
É permitida a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citada a fonte.
Apresentação da ReCESA
Lya Luft
(Livro Pensar é Transgredir)
Sumário
Caro Profissional,
A cada ano percebe-se que temos um aumento - Qual é a escala que deve ser tomada como
da ocorrência de eventos de inundação e alaga- unidade de referência para o estudo e
mento em meio urbano. Este fato é agravado planejamento de medidas de manejo de
pela falta de controle do uso e ocupação do solo, águas pluviais em meio urbano?
bem como pela constante impermeabilização de - Como propor sistemas de drenagem e
áreas que passam a contribuir, durante eventos mecanismos complementares que tenham
de chuva, com maior produção de escoamento o potencial de solucionar os problemas de
superficial para as redes de drenagem e cursos inundação nas cidades?
de água existentes. Mesmo com a constan- - Quais técnicas de manejo de águas pluviais
te aparição destes problemas nos noticiários, são adequadas para solucionar os proble-
percebe-se que a maioria das cidades ainda mas da minha cidade?
não se preocupa de forma sistemática com o
desenvolvimento e manutenção de programas Para responder estas e outras perguntas, o
de manejo de águas pluviais. presente guia foi dividido em quatro concei-
tos chave para a orientação do profissional em
O advento do Estatuto das Cidades no ano treinamento:
de 2001, Lei Federal nº 10.257, possibilitou - Ligação da Civilização com os Cursos de
utilizar mecanismos legais para o controle Água;
dos impactos da urbanização sobre os recur- - Ciclo Hidrológico e Geração de Escoamento
sos hídricos nos núcleos urbanos. A partir Superficial;
deste instrumento é possível criar, dentro dos - Sistemas Clássicos de Manejo de Águas
planos diretores das cidades, regras de orde- Pluviais em Meio Urbano; e
nação do município de maneira a minimizar - Uso de Técnicas Alternativas no Manejo de
a geração de escoamento superficial. Águas Pluviais.
Mesmo com a aplicação de instrumentos de Esperamos com essa divisão orientar e facilitar
planejamento nas cidades, percebe-se ainda que as atividades e estudos que serão realizadas
existem deficiências nos sistemas de drenagem nesta oficina.
existentes. Assim, algumas perguntas podem
ser feitas para melhor entender quais variá- Antes de seguirmos adiante, vamos realizar a
veis devem ser levadas em consideração para o atividade a seguir de maneira a nos apresen-
manejo de águas pluviais em meio urbano: tarmos e descrevermos o que esperamos e
trazemos para esta oficina.
Ao longo da oficina, sinta-se à vontade para partilhar suas experiências e aprender com as
experiências dos outros.
Bons Estudos!
Atividade 2
Você sabe por que a maioria das grandes cidades sofre problemas de inundação? Como a
escolha do local de ocupação de um aglomerado urbano está associada a este problema?
Por que o homem preferiu ocupar os fundos de vale, próximos dos cursos de água?
Nesse momento da oficina vamos entender a história e a relação do homem com as cidades,
para podermos identificar quais são os pontos de fragilidade existentes na forma como
as áreas urbanas foram e são ocupadas. Também vamos explorar alguns mecanismos de
planejamento que podem ser utilizados para o controle e manejo das águas pluviais.
Você Sabia?
Os preceitos higienistas preconizavam que a condução das águas pluviais fosse efetuada através
da implantação de condutos, preferencialmente subterrâneos, funcionando por gravidade,
facilitando a circulação viária e o desenvolvimento urbano, sem a presença nociva da água
na superfície, de forma a evitar doenças de veiculação hídrica. As principais são: amebíase;
giardíase; gastroenterite; febres tifóide e paratifóide; hepatite infecciosa e cólera. Indiretamente,
a água pode ainda estar ligada à transmissão de algumas verminoses, como esquistossomose,
ascaridíase, taeníase, oxiuríase e ancilostomíase.
80
70
60
Parcela Urbanizada (%)
50
40
30
20
10
0
1940
1950
1960
1970
1980
1990
2000
2020
Anos
Brasil Mundo
Você Sabia?
São instrumentos de planejamento previstos no Estatuto da Cidade para a esfera municipal:
Portanto, como indicado na figura do Ciclo Hidrológico, as principais etapas que o compõem
são:
• Precipitação
• Escoamento superficial
• Infiltração
• Evapotranspiração
Precipitação
A precipitação compreende toda a água que cai da atmosfera na superfície da Terra, princi-
palmente na forma de chuva, mas também como orvalho, sereno, granizo, neve etc.
Após atingir a superfície da Terra, a água de precipitação tem dois caminhos por onde seguir:
escoar na superfície ou infiltrar no solo.
Escoamento superficial
Fonte:dn.sapo.pt
O escoamento superficial é o deslocamento
sobre o terreno, por ação da gravidade, da
água precipitada da atmosfera que não se
infiltra no solo ou não volta diretamente à
atmosfera pela evapotranspiração.
www.dn.sapo.pt
Escreva exemplos de escoamento supercial.
Infiltração
A infiltração corresponde à água que atinge o subsolo, formando os lençóis de água subter-
rânea que alimentam as nossas nascentes d’água. Existem dois tipos de lençóis de água:
Lençol freático: aquele em que a água se encontra livre, com sua superfície sob a ação da
pressão atmosférica.
Lençol subterrâneo: aquele em que a água se encontra confinada por camadas impermeáveis
do subsolo, de
Acabamos sob ação
ver de pressão
as etapas superior
do ciclo à pressão
hidrológico. atmosférica.
Que tal voltar à gura da atividade do início
deste módulo e rever suas respostas?
Evapotranspiração
22 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 1
A transferência da água para a atmosfera se dá através de dois mecanismos:
Agora que resgatamos como a água circula de um meio para o outro, vamos entender como
o processo de urbanização altera os termos que compõem o ciclo hidrológico.
Atividade 5
T1 T2 Tempo T1 T2 Tempo
Até agora, pelas discussões realizadas, percebemos que a maneira como a cidade se urba-
niza, com a concentração humana em regiões metropolitanas, na capital dos estados e nas
cidades pólos regionais, leva geralmente à ocorrência dos seguintes impactos sobre os
recursos hídricos:
Para que os impactos descritos acima possam ser minimizados ou mitigados, uma série de
soluções podem ser propostas. Duas medidas básicas de controle podem ser descritas:
Medidas Estruturais: são descritas como aquelas medidas que o homem usa para modificar
o curso de água. São exemplos destas medidas: obras hidráulicas, como barragens, diques e
canalizações.
Medidas Não-Estruturais: são descritas como aquelas medidas que o homem usa para conviver
com o curso de água. São exemplos destas medidas: o zoneamento de áreas de inundação, a
restrição do uso e ocupação do solo, a implantação de sistemas de alerta, etc.
Observações:
1. As soluções devem ser tomadas considerando a redução da ocor-
rência de inundações na área central da cidade (área de inundação
delimitada na figura).
2. As soluções serão avaliadas por sub-bacia.
3. Podem ser utilizadas soluções estruturais e não-estruturais.
www.google.com
www.google.com
www.google.com
www.google.com
www.google.com
www.google.com
Existência de áreas não ocupadas: 30% da área total
Estado da rede de drenagem: 60% da rede é cana-
lizada e 40% permanece em condições naturais
www.google.com
Taxa média de impermeabilização do solo: 85%
Existência de áreas não ocupadas: 5% da área total
Estado da rede de drenagem: 100% da rede é
canalizada
Soluções Propostas:
No próximo momento da oficina iremos falar sobre os sistemas clássicos de drenagem e quais os
impactos, em termos de poluição, o escoamento superficial em meio urbano pode gerar.
Você Sabia?
A microdrenagem urbana é definida pelo sistema de condutos pluviais a nível de loteamento ou
de rede primária urbana.
A macrodrenagem destina-se ao deslocamento final das águas captadas pela drenagem
primária, conduzindo as parcelas de escoamento provenientes dos lotes e das ruas.
Mas antes de falarmos nas técnicas que possam articular funções de controle
da quantidade e da qualidade das águas, vamos conversar um pouco sobre a
poluição hídrica.
• Esgotos domésticos;
• Esgotos industriais;
Fonte: www.cesan.com.br
Fonte: www.cesan.com.br
• Resíduos sólidos;
• Pesticidas, fertilizantes e detergentes;
• Carreamento de solo; e
• Percolação do chorume dos depósitos de lixo.
Área urbana Área rural
Vimos que a poluição das águas é originada de diferentes
fontes e é certo que todas trazem conseqüências nega-
tivas para o meio ambiente e para a qualidade de vida
das pessoas. As principais conseqüências da poluição
das águas são:
O texto a seguir discute o papel da drenagem na poluição dos cursos d’água, além das outras
fontes de poluição já apresentadas.
Poços de infiltração
Baptista et. al. (2005)
Reservatórios domiciliares/individuais
Pavimentos porosos
Baptista et. al. (2005)
Baptista et. al. (2005)
Bacia de
detenção
Bacia de inflitração
Acima foram apresentadas as principais técnicas compensatórias estruturais para o manejo das águas
pluviais em áreas urbanas. Iremos agora descrever os principais parâmetros que devem ser levados
em conta para adequação dos diferentes tipos de soluções a um determinado contexto local.
Com relação aos Aspectos Físicos devem ser levados em conta os seguin-
tes parâmetros:
• Topografia do local;
• Capacidade de infiltração do solo;
• Estabilidade do subsolo;
• Nível das águas subterrâneas; e
• Aporte permanente de água.
Observações:
1. As soluções devem ser tomadas considerando a redução da ocor-
rência de inundações na área central da cidade (área de inundação
delimitada na figura).
2. As soluções serão avaliadas por sub-bacia.
3. Podem ser utilizadas soluções estruturais e não-estruturais.
4. Lembre-se, deve-se pensar em soluções integradas para a mini-
mização de problemas de qualidade das águas superficiais.
Sub-Bacia 2
Área: 12,70 km²
Renda per capita: R$ 450,00
Uso do solo: predominância de residências unifamiliares e comércio
varejista
Taxa média de impermeabilização do solo: 40%
Existência de áreas não ocupadas: 40% da área total
Estado da rede de drenagem: 30% da rede é canalizada e 70%
permanece em condições naturais
Informações complementares:
- Sem presença de lençol freático superficial
- Escoamento superficial de origem pluvial apresenta alto carre-
amento de solo
- Rede canalizada bem preservada
- Sistema viário predominantemente não asfaltado
- Cursos d’água bem preservados, sem indícios de poluição
Chegamos ao final do nosso encontro. Esperamos que este guia tenha contribuído bastante
neste processo de troca de conhecimentos!
Ao recapitularmos o que foi trabalhado, podemos verificar que nesta oficina foram apresen-
tados aspectos importantes da relação de uso do espaço urbano, com a dinâmica de geração
de escoamento superficial. Foram apresentadas informações históricas de como as cidades
foram e são organizadas. Discutimos como é constituída a técnica tradicional para afastar
o excedente das águas e quais mecanismos legais podem ser instituídos para o manejo das
águas pluviais nas cidades.
Por fim, cabe ressaltar que as técnicas compensatórias, agindo em conjunto com as estru-
turas convencionais de drenagem, procuram compensar sistematicamente os efeitos da
urbanização.
Urbonas, B. e P. Stahre, D. (1993). “Stormwater – Best management, practices and detention for
water quality drainage, and CSO management”. Prentice Hall, Englewood Cliffs (EUA), 449 p.
Realização
UFMS UnB
Organização Promoção