O documento discute a gênese do serviço social segundo Marilda Iamamoto e José Paulo Netto. Iamamoto vê o serviço social como uma profissão que surge para mediar os conflitos entre capital e trabalho e reproduzir o sistema capitalista. Netto argumenta que o serviço social emergiu no capitalismo monopolista para facilitar a exploração dos trabalhadores e garantir os lucros dos monopólios, com o apoio do Estado. Ambos analisam o serviço social dentro de uma perspectiva marxista das relações de produção.
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A Gênese Do Serviço Social Em Marilda Iamamoto e José Paulo Netto
O documento discute a gênese do serviço social segundo Marilda Iamamoto e José Paulo Netto. Iamamoto vê o serviço social como uma profissão que surge para mediar os conflitos entre capital e trabalho e reproduzir o sistema capitalista. Netto argumenta que o serviço social emergiu no capitalismo monopolista para facilitar a exploração dos trabalhadores e garantir os lucros dos monopólios, com o apoio do Estado. Ambos analisam o serviço social dentro de uma perspectiva marxista das relações de produção.
O documento discute a gênese do serviço social segundo Marilda Iamamoto e José Paulo Netto. Iamamoto vê o serviço social como uma profissão que surge para mediar os conflitos entre capital e trabalho e reproduzir o sistema capitalista. Netto argumenta que o serviço social emergiu no capitalismo monopolista para facilitar a exploração dos trabalhadores e garantir os lucros dos monopólios, com o apoio do Estado. Ambos analisam o serviço social dentro de uma perspectiva marxista das relações de produção.
A GNESE DO SERVIO SOCIAL EM MARILDA IAMAMOTO E JOS PAULO
NETTO: ALGUMAS NOTAS INTRODUTRIAS
Andr Luciano da Silva Mestrando em Servio Social - PPGSS/UFAL 1. INTRODUO Este texto tem por objetivo se debruar sobre o entendimento da gnese do Servio Social segundo Marilda Iamamoto e Jos Paulo Netto. Tecendo assim algumas notas introdutrias acerca da compreenso desses autores sobre a origem e necessidade desta profisso para o desenvolvimento/reproduo das condies existenciais do sistema capitalista de produo. Para tanto nos basearemos nos textos Relaes Sociais e Servio Social no Brasil, escrito por Iamamoto e Carvalho e Capitalismo Monopolista e Servio Social, escrito por Jos Paulo Netto. Ambos partem de uma leitura marxista da realidade entendendo que as relaes sociais esto dialeticamente inter-relacionadas a uma forma especfica de produo, ou seja, de realizar trabalho. Neste ponto entende-se que a economia, o trabalho, o polo regente para compreender a realidade e assim as relaes sociais. E obviamente esta conjuntura possibilita analisar a profisso servio social. Compreendendo que a especificidade da temtica sobre a gnese do Servio Social est nas primeiras partes dos livros acima citados, focalizamos nossas anlises sobre tais partes, contundo no desprezamos a riqueza da discurso sobre o surgimento da profisso no Brasil, que consiste nas linhas da segunda parte do livro de Iamamoto e Carvalho; e a questo do carter sincrtico da profisso presente na segunda parte do livro de Netto. Posto isso, comunicamos que este texto est esquematizado da seguinte maneira: no primeiro momento apresentaremos as apreenses terico-metodolgicas da gnese do Servio Social conforme a compreenso de Iamamoto; em seguida o entendimento de Netto sobre tal temtica e por fim nossas consideraes finais. 2. SERVIO SOCIAL, GNESE E FUNO SOCIAL NA SOCIEDADE DO CAPITAL SEGUNDO IAMAMOTO O livro escrito por Iamamoto e Carvalho Relaes Sociais e Servio Social no Brasil divido em duas partes: a primeira busca apresentar as diretrizes analticas e tericometodolgicas, e a segunda expe a constituio da prtica institucional do Servio Social no
Brasil (1920-1960). Ambas so importantes para compreendermos como se deu a constituio
da profisso no cenrio brasileiro. Em relao primeira parte, a qual ser analisada neste texto, Iamamoto vai desenvolvendo um primeiro cenrio terico-metodolgico, o qual vai dar embasamentos necessrios para compreender o papel do Servio Social no metabolismo do capital, e de suas peculiaridades na diviso social e tcnica do trabalho. Neste percurso ela expe que a produo uma relao social, uma atividade social, por isso, histrica, dinmica. E Iamamoto analisa ainda que a produo social no produo de objetos, mas sim de relaes sociais entre pessoas. Observando isso, a autora se dispe a compreende a produo capitalista, e aponta que o capital uma relao social, a qual se expressa atravs das necessidades e do dinheiro. Indica que a produo capitalista ocorre pela produo de mercadorias com novo valor, onde os meios de produo (matrias-primas, auxiliares e instrumentos de trabalho) e os meios de vida necessrios reproduo da fora de trabalho tornam-se mercadorias. Assim como a prpria fora de trabalho do operrio na esfera da circulao, no mercado. Neste contexto, desprovidos dos meios necessrios a sua sobrevivncia os trabalhadores vendem sua fora de trabalho ao capitalista como uma mercadoria. O produto da produo capitalista, defende a autora, a mais-valia que representa trabalho no pago pelo capitalista. E a fora de trabalho a nica mercadoria que produz mais valor, mais-valia. Para que essa extrao de mais valor ocorra necessria existncia de uma superpopulao ociosa ao trabalho, que possa mover a lei da oferta e demanda do trabalho, a qual bastante favorvel ao capitalista que pode baixar os salrios de acordo com a oferta de trabalhadores aos portes de suas fbricas. E enquanto mais pessoas dispostas a venderem a sua fora de trabalho ao capitalista, este poder alm de explorar a mais-valia deste trabalhador, intensificando-a, poder ainda baixar os salrios pagos. Estas intensas exploraes, a falta de emprego para todos os trabalhadores, a radical concorrncia proporcionada pelas dinmicas do capital, e a miserabilidade intensificada por essas relaes, fizeram com que muitos dos trabalhadores se rebelassem contra os capitalistas. Essas insurreies dos trabalhadores exigiram com que a classe burguesa utiliza-se de novas estratgias para atenuar os conflitos e assim manter o domnio da produo. Neste contexto o Estado chamado a intervir ainda mais nestas mazelas.
Nascem a s profisses liberais como estratgias da burguesia para conter as revoltas
e assim defender o capitalismo. Dentre elas o servio social. Diante
desse
contexto,
agora
possvel
compreender
emergncia
da
profissionalizao do Servio Social.
O Servio Social age como processo/instrumento de reproduo do sistema capitalista. Como uma especializao do trabalho coletivo e pertence diviso social do trabalho, dentro da sociedade industrial. Dentro da lgica do capital a profisso age tanto pelas demandas do capital como, a do trabalho, mediando o seu oposto, ou seja, participa dos mecanismos de dominao e explorao como tambm atende as necessidades de sobrevivncia do trabalhador. Essa ao profissional mediadora, ao mesmo tempo em que reproduz os antagonismos de classes, reproduz a forma social capitalista. Compreende-se da que o Servio Social nasce como uma necessidade social da sociedade do capital pois, esta cria novos impasses, os quais necessitam de profissionais qualificados. Neste contexto, temos a questo social como as expresses oriundas do processo de formao e desenvolvimento do proletariado, e do seu ingresso poltico na sociedade que reivindicam aes alm da caridade e da represso. Assim, o Servio Social se desenvolve como profisso com o prprio desenvolvimento capitalista industrial e a expanso urbana e com a constituio e expanso do proletariado e da burguesia industrial. A autora alerta que no se pode pensar a profisso no processo de reproduo das relaes sociais, independentes das organizaes empregatcias a que se vinculam as atividades deste profissional, ou seja, sua atuao profissional. Assim necessrio frisa que o Estado o principal empregador dos assistentes sociais, pois o processo de institucionalizao desta profisso encontra-se vinculado ao crescimento das grandes instituies de prestao de servios sociais e assistenciais geridas ou subsidiarias pelo Estado. Uma ressalva necessria: o Servio Social no uma profisso vinculada ao processo de criao de produtos e de valor, todavia age no sentido mais amplo da produo social. Assim, esta profisso utiliza dos conhecimentos socialmente acumulados e produzidos por outras cincias para intervir, atravs de sua prtica social-profissional, na sociedade.
Em resumo: o Servio Social, como profisso inscrita na diviso social e tcnica do
trabalho, situa-se no processo da reproduo das relaes sociais fundamentalmente como uma atividade auxiliar e subsidiaria no exerccio do controle social. E participa do processo social, reproduzindo e reforando as contradies bsicas do sistema do capital, ao mesmo tempo e pelas mesmas atividades favorecendo a reproduo da fora de trabalho atravs dos servios sociais. 2. SERVIO SOCIAL, GNESE E FUNO SOCIAL EM NETTO O livro que analisamos de Jos Paulo Netto a primeira parte de sua tese de doutoramento; nela h a apreciao do desenvolvimento do Servio Social at a dcada de 1960, observando os desdobramentos da necessidade desta profisso no contexto do capitalismo monopolista. Em relao segunda parte do livro o autor tematiza o Servio Social como um sistema sincrtico. Este sincretismo terico e ideolgico observado luz da Teoria Social de Karl Marx. Em suma: o objetivo do texto : compreender a emerso do Servio Social como profisso no mbito da ordem burguesa na idade dos monoplios e os desvendamentos dos seus sincretismos do seu sincretismo terico e ideolgico. Como anunciado iremos analisar a primeira parte desta obra. Netto compreende que a emergncia do Servio Social no depende apenas da complexificao da questo social, mas decorrente tambm do acirramento da expropriao da mais-valia do operariado pelo burgus no estgio do capitalismo monopolista. Explicando melhor esse momento do capitalismo o autor expe que: o capitalismo monopolista compreendido no ultimo quartel do sculo XIX compreendido tambm como o estagio imperialista (Lnin), perodo histrico em que o capitalismo concorrencial sucede ao capitalismo dos monoplios. J Ernest Mandel entende que o perodo do imperialismo clssico situa-se entre 1890 e 1940. Neste estgio a dinmica social se complexifica, e as contradies fundamentais do capitalismo concorrencial tambm. Na constituio da organizao monopolista sua mxima o acrscimo dos lucros mediante o controle dos mercados. E neste ambiente social-produtivo surgem duras consequncias: a super-capitalizao que a dificuldade de valorizao do montante de capital o parasitismo da burguesia, e ascenso das profisses improdutivos stricto sensus setor tercirio.
Neste ambiente, o Estado muito importante, pois tido como um mecanismo de
interveno extra econmica o qual utilizado para a efetivao do capitalismo monopolista. Assim, a funo essencial do Estado, neste contexto, garantir os superlucros dos monoplios. Ele propiciar o conjunto de condies necessrias acumulao e valorizao do capital monopolista. Numa dessas condies est reproduo da fora de trabalho e a sua conservao fsica, ameaada pela super-explorao do capital dos monoplios. As polticas sociais pblicas surgem desse contexto da sociedade burguesa, onde o crescimento das expresses da questo social passa a ser administradas pelo Estado. Netto adverte que tanto a compreenso da poltica social pblica quanto da questo social no podem ser tomadas descoladas das relaes sociais e produtivos da sociedade do capital monoplico, ou seja, ele defende que tomar a totalidade da questo social, e das polticas compreenderia pr em xeque a prpria conjuntura do sistema, apontando-o como o produtor da questo social, e das polticas sociais pblicas. Alm disso, o autor relembra que a capacidade e organizao da classe operria e do conjunto dos trabalhadores foram fatores fundamentais para a implantao das polticas sociais, visto que foi o choque de interesses presentes nas classes sociais que possibilitaram tais mudanas de estratgias da classe burguesa na dominao da classe trabalhadora e assim para manter a reproduo e produo das condies essenciais produo capitalista. Apesar disso, Netto recorda que o novo cenrio no implica um abandono do trato individualista, prprio do capitalismo, visto que os problemas sociais so enfrentados por polticas sociais pblicas, porm incorpora essas ideias. Assim, o enfrentamento superficial da questo social corta e recupera o iderio liberal corta-o intervindo com polticas pblicas, recupera-o sujeitando os indivduos a elas, assim como ao seu acesso. Isto porque o estilo de pensar o social na sociedade burguesa imperialista encontra-se no Positivismo, que naturaliza a sociedade e sua explicao, assim como a explicao das refraes sociais, localizando-as na esfera moral e no na econmica tampouco na poltica. Quando a sociedade (concebida como natural, positiva e harmnica) encontra desvios na conjuntura normal necessrio san-los atravs de uma reorganizao espiritual, uma modelagem psicossocial e moral. Temos a a psicologizao das relaes sociais, pois no adentra na raiz dos problemas de tais desvios, mas sim busca ajust-los normalidade da sociedade. Os problemas so individuais, so desvios de indivduos.
Neste ambiente, por exemplo, a questo social deseconomizada e desistorizada. Se
os conceitos cientficos no estavam subordinados aos fatos (sociais e naturais) eram remetidos moral e tica. Netto aponta ainda que a sociedade monopolista do capital, seus protagonistas histrico-sociais, com seus projetos decisivos. O proletariado constitudo como classe para si onde comea a construir sua identidade como protagonista histrico social se configura com os embates de 1848. Essas derrotas do proletariado comeam a conscientiz-los como uma classe. Neste embate, os sindicatos e o partido proletrio so os principais instrumentos de interveno scio-poltica. A experincia da Comuna de Paris (1871) foi importante para esta constituio. Neste contexto de efervescncia e organizao da classe operria, como classe para si, temos a burguesia como agente social conservador e que mediante a situao se ver acuada a articuladas um projeto poltico-social que seja concorrente ao de seu adversrio e simultaneamente que atenda s exigncias da nova dinmica econmica. Este projeto deve combinar conservadorismo e reformismo. As classes mdias, camadas e categorias entre a burguesia e o proletariado, neste ambiente eram bem expressivas quantitativamente, e tinha peso ideolgico importante. neste contexto de projetos em conflitos que se tem a emergncia do Servio Social como profisso. Todavia, esta profisso requerida neste contexto como umas das necessrias ao controle das massas no uma continuidade das antigas formas de filantropia e assistencialismo que so antecessores da profisso, mas justamente, como o autor relembra h uma ruptura com tais relaes. Assim, centrar-se nela, ou eleg-las como fundamento do Servio Social um equvoco analtico. Segundo Netto, o Servio Social se constitui enquanto profisso quando inserida no mercado de trabalho onde o agente passa a inscrever-se numa relao de assalariamento e faz parte da diviso social e tcnica do trabalho; exercendo atividades, alocados por organismos e instncias alheios s matrizes originais das protoformas da profisso, por exemplo, o Estado. Assim, a emergncia do Servio Social como profisso indissocivel do contexto da ordem monopolista que, enfrenta a questo social com polticas sociais e remunera um agente social para desempenhar este servio.
Em resumo: h uma ruptura com as protoformas do servio social, pois seu
assalariamento, sua incluso no mercado de trabalho como agente vendedor da sua fora de trabalho agente para enfrentar as mazelas da questo social a diferencia de forma cabal das antigas atividades espordicas do assistencialismo e da filantropia. Assim, para Netto, os elementos que esto nas bases da profissionalizao esto no contexto da ordem monoplica do capital. CONSIDERAES FINAIS obvio que outras interpretaes sobre a temtica da gnese do Servio Social coexistem com estas que foram apresentadas acima, por exemplo, a apreciao de Martinelle em Servio Social, Identidade e Alienao. Isso tambm no indica que ambas as leituras acerca do assunto sejam idnticas, mas que ambas partem metodologicamente da economia, do trabalho como o polo regente para compreender a gnese e a funo social da profisso em meio conjuntura socioeconmica capitalista. H nas linhas textuais desses pensadores a especificao da profisso como uma das que realiza a funo social de controle e reproduo das condies necessrias existncia da produo capitalista, mas ao mesmo tempo sinalizam que a mesma ao auxilia na condio de existncia da classe trabalhadora. Expem que a gnese da profisso decorrente da luta de classes, e no apenas do acirramento das expresses da questo social, ou do surgimento das polticas sociais, dos direitos sociais. Mas sua existncia prpria da conjuntura socioeconmica da sociedade capitalista na idade dos monoplios. Alertam que tomar qualquer um desses elementos de forma isolada um erro, pois desconsidera as relaes sociais e produtivas que requereram tais medidas e estratgias. Por isso, as bases que deram possibilidade para que se existisse uma profisso que rompe com as antigas atividades espordicas, filantrpicas e assistencialistas esto no bojo conjuntural da sociedade capitalista em seu estgio monoplico. Onde o Estado intimado a interferir mais no social, e consequentemente no mercado, no econmico, e passa a assalariar um agente para desempenhar uma funo social, a mediao do acesso aos direitos sociais. Por isso, o maior empregado do assistente social o Estado. Somos ontologicamente reprodutores do capital, e de suas desumanidades.
REFERNCIAS
IAMAMOTO, M. V; CARVALHO, R. Relaes Sociais e Servio Social no Brasil: Esboo
de uma interpretao histrico-metodolgica. 28 ed. So Paulo: Cortez,/ CELATS, 2009. NETTO, J.P. Capitalismo Monopolista e Servio Social. 6 ed. So Paulo: Cortez, 2007.