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MÓDULO 6
Em busca da cidadania
O Viaduto do Chá e
o Teatro Municipal
mostravam o
desenvolvimento
de São Paulo.
Buscando reagir a essa situação, os trabalhadores se organizaram e se A U L A
rebelaram em defesa de seus direitos, em movimentos nem sempre vitoriosos.
No espaço da cidade, sua posição era a de personagens políticos em busca da
conquista da cidadania. 23
O primeiro partido operário do Brasil surgiu em fevereiro de 1890, no Rio de
Janeiro, numa reunião com cerca de 120 trabalhadores, que decidiram editar o
jornal Echo Popular (echo = eco). No Sul, no Norte, no Nordeste, nessa mesma
época, formavam-se diversos núcleos e grupos socialistas que se
autodenominavam partidos e que publicavam vários jornais operários.
Entre 1890 e 1910, surgiram dezenas de organizações socialistas em várias
regiões do país, mas todas tiveram vida curta. Não existia uma tendência
majoritária que fosse capaz de reunir os diferentes grupos.
Os primeiros anos do século XX representaram o início da ascensão do
movimento operário no Brasil, com o aumento do número de greves, o apare-
cimento dos primeiros sindicatos e o fortalecimento de novos grupos políticos,
em especial os anarquistas. Esses grupos tornaram-se uma tendência majoritá-
ria no conjunto do movimento operário de certas cidades, no estado do Rio de
Janeiro e, principalmente, no de São Paulo. Os anarquistas, imigrantes ou
brasileiros, eram defensores das idéias e das práticas libertárias.
A imprensa
brincava com a
obrigatoriedade da
vacinação.
A revolta da vacina
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Oswaldo Cruz foi
ridicularizado em
várias caricaturas
da época.
Os revoltosos de
Canudos eram
uma ameaça aos
“coronéis”.
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Todos esses movimentos ocorreram na República das Oligarquias, que se O tempo
mostrou incapaz de integrar os setores populares à vida política do país. não pára
A década de 1920 anunciaria tempos de crise da República Oligárquica. Mas,
apenas a partir da Revolução de 1930 seriam realizadas profundas reformas
políticas, econômicas e sociais, que tiveram como um dos seus principais
objetivos a incorporação das massas trabalhadoras ao projeto político do novo
governo.
Exercícios
A U L A Relendo o texto
23 Leia mais uma vez o texto da aula, sublinhe as palavras que não entendeu
e procure ver o que elas significam, no vocabulário da Unidade ou no dicionário.
1. Releia O s m o v i m e n t o s s o c i a i s u r b a n o s e M a s , a f i n a l , o q u e é s e r
anarquista? e responda: Quem eram os anarquistas? O que eles defen-
diam?
Fazendo a História
Documento A
“ Vocês se acodem comigo para conseguir a cura de suas doenças,
uma idéia, um conselho para seus padecimentos. As autoridades
não fazem nada e não querem que ninguém faça (...) Eles têm
cobiça por terras, por gente, por amigos e por compadres. Os
mandões estão trazendo gente de lá de fora e dão tudo aos
estrangeiros (...) Os gaviões estão chegando e querem os pinti-
nhos. Aprontem-se que vai haver guerra feia. ”
Discurso do Monge José Maria, líder do Contestado,
citado na coleção Nosso Século , Vol. 2, pág. 21
1. Retire do texto as expressões utilizadas pelo monge José Maria que cor-
respondem aos seguintes agentes:
a) governo;
b) Brazil Railway;
c) coronéis;
d) sertanejos.
2. Tomando por base o texto da aula, explique o significado da frase: “ Eles têm
cobiça por terras” .
Agora leia com atenção o memorial de reclamações apresentado pelo A U L A
Comitê de Defesa Proletária (dos operários) durante a greve geral de 1917 e faça
o que se pede.
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Documento B
“É o seguinte o memorial de reclamações apresentadas pelo Comitê
de Defesa Proletária e que o proletariado continua a sustentar.
Os representantes das ligas operárias, das corporações em greve e
das associações político-sociais que compõem o ‘Comitê’ de Defesa
Proletária, reunidos na noite de 11 de julho, depois de consultadas as
entidades de que fazem parte, expondo as aspirações não só da massa
operária em greve como as aspirações de toda a população angustiada
por prementes necessidades, considerando a insuficiência do Estado no
providenciar de outra forma que não seja pela repressão violenta,
tornam públicos os fins imediatos que a atual agitação se propõe,
formulando da maneira que segue as condições de trabalho que, oportu-
namente, serão examinadas nos seus detalhes:
1º Que sejam postas em liberdade todas as pessoas detidas por motivos
de greve;
2º Que seja respeitado do modo mais absoluto o direito de associação
para os trabalhadores;
3º Que nenhum operário seja dispensado por haver participado ativa
e ostensivamente no movimento grevista;
4º Que seja abolida de fato a exploração do trabalho dos menores de 14
anos nas fábricas, oficinas etc.;
5º Que os trabalhadores com menos de 18 anos não sejam ocupados em
trabalhos noturnos;
6º Que seja abolido o trabalho noturno das mulheres;
7º Aumento de 35% nos salários inferiores a 5$000 e de 25% para os
mais elevados;
8º Que o pagamento dos salários seja efetuado pontualmente, cada 15
dias e, o mais tardar, cinco dias após o vencimento;
9º Que seja garantido aos operários trabalho permanente;
10º Jornada de oito horas e semana inglesa;
11º Aumento de 50% em todo o trabalho extraordinário.
O ‘Comitê’ de Defesa Proletária crê haver encontrado o caminho
para uma solução honesta e possível. Esta solução terá, certamente, o
apoio de todos aqueles que não forem surdos aos protestos da fome. ”
“O que reclamam os operários”, A Plebe, nº 6, 21.7.1917, pág. 3 (AEL). Extraído
do livro A Classe Operária no Brasil 1889-1930 - Documentos, Vol. 1 (Org.
Paulo Sérgio Pinheiro e Michael Mall) Ed. Alfa Omega, SP, 1979.