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Ao mesmo tempo que sei no ter direito de lhes negar informaes novas e
ampliar seus conhecimentos, dando-lhes a oportunidade de ouvir e passar pela histria da
msica clssica ocidental, tambm no sei se faz sentido continuar falando delas que so
to distantes e fora da realidade deles.
Paulo Freire pregava a importncia de se partir da cultura do indivduo e de seu
mundo de conhecimentos para que a educao seja frutfera. Ele falava de universo
vocabular, pertencente a cada grupo social, e de onde se deveria partir dentro do processo
de alfabetizao. Transpondo o pensamento do educador para a rea da msica, poderamos
falar de universo vocabular musical, onde as msicas ouvidas todos os dias seriam o ponto
de partida para a iniciao deste ensino, pois com ela que a maioria dos alunos est
familiarizada. Mas at que ponto o professor se permitiria comear um ensino a partir de
exemplos que, na maioria dos casos, no considera adequados para o ensino? E se assim
no fizer, ser que conseguir interessar os alunos, e chegar at eles?
Parece que nos encontramos diante de um impasse. De um lado h a mdia,
deixando suas marcas por onde passa, impondo seus produtos, e de outro h as escolas e os
professores de msica, desejosos de desenvolver um ensino de qualidade, que eleve tanto a
msica quanto o indivduo, mas com muitas dificuldades para consegui-lo.
No entanto, devo lembrar que a variedade de tipos de msica existente nesse
mundo imensa, e que preciso abrir os horizontes - e os ouvidos - para novas
descobertas. No ensino, no podemos nos restringir ao trabalho a partir da produo
veiculada pela mdia, nem do clssico ou do folclore. preciso buscar a diversidade.
Temos a, sem dvida, um grande desafio. No me iludiria em pensar que
teramos armas suficientemente eficazes para combater o poder descomunal dos meios de
comunicao. Mas apesar de tudo, acredito ainda que cabe aos educadores encontrar sadas
e alternativas para melhorar a situao da msica e do ensino musical no pas. Precisamos
comear a agir, pois como diz o poeta, quem espera nunca alcana.