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Boletim - Outubro / 2000

Procedimentos Para Análise De Solo

Nos dias de hoje, dispomos de uma série de ferramentas para efetuarmos recomendações de aplicações de
corretivos e fertilizantes ao solo, ou até mesmo, para tomada de decisões referentes a diferentes manejos que
possam ser adotados às mais diversas situações de solo e clima. Mas, sobressai-se ainda como de fundamental
importância a análise de solo, pois é uma das fontes de dados, através da qual buscamos o melhor equilíbrio
entre os nutrientes no solo e a necessidade das culturas.

Num sistema de produção agropecuário autosustentável temos a qualidade do solo como alicerce, e o
planejamento da propriedade deverá ser elaborado tendo como ponto fundamental as condições desse
substrato desse alicerce. Cabe salientar, que um bom número de decisões que são tomadas dentro da
propriedade, tem como base os laudos de análises de solo. Muitas vezes deixam de ser feitas essas análises
em função do custo, mas quando compara-se esse valor com o custo de formação da lavoura ou o valor do
investimento o qual tem por base os resultados das mesmas, conclui-se que é uma prática extremamente
econômica pela sua importância.

O sistema plantio direto que inicialmente surgiu tendo como objetivo primeiro o controle da erosão, solidifica-
se hoje como sendo, também, um grande aliado no controle da poluição ambiental e mais do que isso, como
a base de sustentação técnico-econômica de muitas propriedades rurais, representando atualmente uma
área cultivada sob esse sistema ao redor de 12 milhões de hectares no Brasil. Mas ao mesmo tempo deixa um
desafio, à pesquisadores, agrônomos, técnicos agrícolas e produtores rurais, o de cada vez mais buscarem
aperfeiçoar o entendimento dos mecanismos de funcionamento desse sistema, visando sua manutenção e
exploração dos seus reais benefícios. Também, é nessas áreas sob sistema plantio direto, que temos hoje
muitos avanços e mudanças no que diz respeito a amostragem de solo, e de maneira geral, à fertilidade. Uma
delas é o gradiente de concentração de nutrientes existente, onde há um acúmulo nas camadas superficiais,
o que chama-se de variabilidade vertical, outra, é quando a adubação é feita em linha, e ocorre o acúmulo
de alguns nutrientes nessas linhas, chamada de variabilidade horizontal, o que tende a diminuir com o passar
do tempo. Estas e demais alterações fisico-químicas causadas por esse sistema, fazem com que tomemos
determinados cuidados especiais no momento da amostragem do solo para análise.

Esses aspectos, entre outros, evidenciam a importância de adotarmos procedimentos de amostragem


condizentes com cada sistema de manejo de solo. É nesse sentido que a Fertilizantes Serrana S/A, traz nesse
material, algumas considerações no que diz respeito à equipamentos para coleta, à coleta propriamente
dita, ao preparo e envio de amostras de solo ao laboratório, bem como algumas sugestões no manuseio e
interpretação de laudos de análises, em diferentes sistemas de manejo de solo.

A Fertilizantes Serrana S/A, tem disponibilizado em algumas regiões do Brasil o levantamento de solo
georeferenciado, método que utiliza os recursos da agricultura de precisão e reduz drasticamente os
problemas de amostragem acima referenciados. No entanto, neste boletim abordaremos apenas sobre os
métodos que utilizam ferramentas convencionais de amostragem de solo.
Em primeiro lugar é importante definirmos o que são subamostras ou amostras simples e amostra ou
amostra composta : subamostras ou amostras simples são aquelas coletadas nos diversos pontos dentro
da mesma gleba; Amostra ou amostra composta é aquela que é retirada do recipiente, após a mistura e
homogeneização das subamostras .

Instrumentos Para Coleta De Amostras De Solo

Deverão ser providenciados os seguintes equipamentos

A) Um recipiente, onde deverão ser colocadas as subamostras para misturá-las e depois retirar amostra
composta, pode ser um balde ou galão. mas deve-se observar a limpeza do mesmo, não poderá conter
nenhum tipo de resíduo que possa interferir na análise, como restos de defensivos agrícolas, calcário,
fertilizantes ou até mesmos sobras de produtos agrícolas aderidos ao mesmo.

B) Uma fita métrica

C) Um canivete ou faca, ou uma pequena espátula para retirar a amostra do coletor ou para fracioná-la.

D) Saquinhos para embalar a amostra final

E) Ferramenta para efetuar a coleta propriamente dita.

Dispõe-se de várias ferramentas, as mais usadas são: trados de roscas, trados holandeses, trados caladores e
pás-de-corte.

Trados de Rosca e Holandês - são práticos e geram certa facilidade para amostrar, mas em contra partida
a porção de solo extraída não caracteriza de forma real o perfil do solo, pois fazem com que ocorra uma
inversão na camada de terra, dificultando também, quando há necessidade, o fracionamento em diferentes
profundidades.

Trado Calador - este, no caso de fracionamento da amostra, é bastante prático, a dificuldade é a de


introduzi-lo em solos argilosos quando secos, a porção extraída caracteriza bem o perfil do solo, apesar de
pequena, o que requer um maior número de subamostras para formar a amostra composta.

Pá de corte - também facilita o fracionamento, tem-se um bom volume de solo, caracteriza bem o perfil,
apresenta uma maior resistência na introdução ao solo, o que pode ser facilitado pela abertura de uma mini-
trincheira com uma enxada ou enxadão. É a ferramenta ideal para coleta de amostras em áreas sob sistema
plantio direto.

Procedimentos De Amostragem De Solo

Plano de Amostragem

1- Elaborar um croqui, dividindo a área a ser amostrada em glebas o mais uniformes possível, levando em
consideração:

- Declividade (áreas planas e áreas inclinadas);


- Tipo de vegetação existente;
- Cultura anterior, seja de cobertura ou produção de grãos;
- Umidade;
- Cor do solo;
- Aplicação de corretivos ( separar as áreas que já receberam calcário das que não receberam );
- Aplicação de fertilizantes ( separar as áreas que foram adubadas com diferentes doses, fórmulas e
tipos de fertilizantes );
- Outras práticas anteriores adotadas;
- Outra forma de verificar glebas homogêneas é o estado visual da lavoura ainda quando verde, entre outras.
Observação: Um aspecto importante é a presença de uma pessoa que conheça bem o histórico da área.
2- O tamanho das glebas deverá ser ajustado de acordo com a maior ou menor homogeneidade da área, de
maneira geral não deverá exceder 20 hectares.

3- Após a divisão em glebas identificar, no croqui, cada uma delas através de números, letras ou nomes. Essa
identificação deverá corresponder à identificação da amostra que será enviada ao laboratório, pois cada
gleba dará origem a uma amostra.

Para Áreas sob Sistema de Plantio Convencional ou Preparo com Revolvimento do Solo

a) Local e número de coletas de subamostras - coletar entre 15 e 20 pontos ao acaso, para cada gleba,
fazendo que sejam bem distribuídos dentro de cada gleba.

b) Profundidade - de 0 - 20 cm superficiais

Para Áreas sob Sistema Plantio Direto

Essas áreas devem ser separadas de acordo com o tempo de plantio e a forma de adubação adotada.

1 - Quanto ao tempo de adoção do sistema plantio direto:

Áreas em fase de implantação ( áreas até 4 anos* de cultivo sob sistema plantio direto) e áreas estabilizadas
(áreas com mais de 4 anos** sob sistema plantio direto).

2 - Quanto a forma de adubação :

Áreas com adubação à lanço e áreas com adubação em linha.

*O tempo para transição da fase de implantação para a fase de estabilização varia de acordo com o tipo de
solo, climas e manejos utilizados.

**O tempo para transição da fase de implantação para a fase de estabilização varia de acordo com o tipo
de solo, climas e manejos utilizados.

a) Local e número de subamostras:

ADUBAÇÃO A
ÁREAS ADUBAÇÃO NA LINHA
LANÇO
10 a 20 Pontos PÁ DE CORTE10 Pontos, com largurta igual ao espaçamento da
ESTABILIZADAS
Casualizados cultura anterior e espessura de 3-5 cm (fig. 1)
LINHA DE ADUBAÇÃO NÃO VISÍVEL
ÁREAS EM FASE DE 10 a 20 Pontos
10 Pontos por gleba, com pá, deixando a linha no centro e largura
ESTABILIZAÇÃO Casualizados
igual a largura da entre linha e espessura de 3-5 cm (Fig. 1).
Outra maneira é para cada subamostra na linha coletar o resultado da equação: 8 x [(EL /2,54) / 12], sendo:

EL - espaçamento entre linhas da cultura anterior em centímetros

Exemplo: Se a cultura anterior estivesse com espaçamento de 40 cm, para cada subamostra coletada na
linha quantas deverão ser coletadas na entrelinha ? 8 x [ (40/ 2,54)/ 12] = 10,49 , aproximando-se 11. Para
cada subamostra na linha deverão ser coletadas 11 subamostras na entrelinha.

b) Profundidade

- Quando a área está em fase de implantação (até 4 à 5 anos sob sistema plantio direto), para cada ponto
amostrado uma amostra de 0 -20 cm. Nesta situação, outra alternativa, para fins de acompanhamento da
distribuição dos nutrientes no perfil do solo é o fracionamento da amostra 0-10 cm e 10-20cm, apesar de
que para fins de interpretação e recomendação a amostragem de 0-20 cm é a mais indicada.

- Quando a área for estabilizada ( após 4 à 5 anos sob sistema plantio direto) amostrar somente de 0 - 10
cm.

Para áreas onde serão implantadas culturas perenes

Coletar de 15 à 20 subamostras por gleba a uma profundidade de 0-20 cm, de 20-40 cm e de 40-60 cm.

Para áreas já em cultivo de plantas perenes

Coletar de 15 à 20 subamostras por gleba homogênea, a uma profundidade de 0-20 cm, para frutíferas,
na projeção da copa (onde foi aplicado o fertilizante), coletar mais 15 à 20 subamostras, também a
profundidade de 0-20 cm no meio das ruas de plantio.

Para áreas com pastagens perenes

Coletar 15 à 20 subamostras por gleba homogênea à profundidade de 0-20 cm

Preparação Da Amostra Para Envio Ao Laboratório

1-Quantidade de solo - entre 250 e 500 gramas por amostra;

2-Umidade - caso a amostra apresente umidade em excesso, deixar secar à sombra e em recipiente que evite
qualquer tipo de contaminação. Nunca deixar secar em excesso e nem expor a amostra ao sol;

3-Uniformização - esboroar o solo, evitando-se torrões;

4- Identificação - identificar a amostra de acordo com a identificação da gleba a qual representa. Se houver
possibilidade escrever na própria embalagem de acondicionamento (saquinhos), ou anexar etiqueta à
embalagem;

5- Tempo -após a preparação, enviar o mais breve possível ao laboratório.

Lembretes:

- Não utilizar para coleta ferramentas zincadas ou de alumínio;

- Durante todo o processo de coleta, evitar o contato do solo com materiais estranhos;

- Ter certeza da limpeza de materiais, como: ferramentas de coleta, vasilhas utilizadas na coleta e mistura
das subamostras e dos saquinhos para embalagem;

- Nunca deixe caírem gotas de suor no solo amostrado e não manuseie o solo com as mãos excessivamente
suadas (preferencialmente use luvas);

- Evite fumar durante as operações de coleta e preparação das amostras;

- Utilizar sempre a mesma identificação das glebas em amostragens posteriores;

- Não esqueça de arquivar os laudos de análises, bem como os procedimentos de fertilização adotados em
cada gleba;

- Faça análise de solo, no máximo a cada 3 anos, o ideal é a cada três colheitas;

- Preferencialmente coletar as amostras sempre na mesma época do ano;

- “Só leve a sério os resultados da análise, se foi efetuada uma correta amostragem”.

Bibliografia Consultada:

- Guia de Fertilidade do Solo - versão multimídia - Alfredo Scheid Lopes, Luiz Roberto Guimarães Guilherme,
Renato Marques - 1999;
- Anais - Curso sobre manejo do solo no sistema plantio direto - Castro - Paraná - 1995;
- Fertilidade do solo e adubação - Bernardo Van Raij - Potafés, 1991;
- Resumos - Segundo Encontro Regional de Plantio Direto - Ijuí - RS - 2000;
- Anais - Primeiro Simpósio sobre Fertilidade do solo e nutrição de plantas no sistema plantio direto - Ponta
Grossa - PR - 2000.

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