1) Alexander defende a existência de clássicos na sociologia, diferentemente das ciências naturais, devido à natureza dos objetos de estudo e à dificuldade de consenso.
2) Connell questiona por que Durkheim, Marx e Weber tornaram-se os principais clássicos, invisibilizando outros autores e temas originais da sociologia.
3) Ambos destacam a importância de se questionar a construção social do cânone clássico na academia.
Original Description:
Resumo sobre a Importância dos clássicos da sociologia
1) Alexander defende a existência de clássicos na sociologia, diferentemente das ciências naturais, devido à natureza dos objetos de estudo e à dificuldade de consenso.
2) Connell questiona por que Durkheim, Marx e Weber tornaram-se os principais clássicos, invisibilizando outros autores e temas originais da sociologia.
3) Ambos destacam a importância de se questionar a construção social do cânone clássico na academia.
1) Alexander defende a existência de clássicos na sociologia, diferentemente das ciências naturais, devido à natureza dos objetos de estudo e à dificuldade de consenso.
2) Connell questiona por que Durkheim, Marx e Weber tornaram-se os principais clássicos, invisibilizando outros autores e temas originais da sociologia.
3) Ambos destacam a importância de se questionar a construção social do cânone clássico na academia.
CURSO DE MESTRADO EM SOCIOLOGIA DBORA ARAJO DE VASCONCELLOS Resumo referente aos textos: ALEXANDER, Jeffrey (1989). Sociology and discourse: on the centrality of the classics, in Structure and meaning: relinking classical sociology. Nova York, Columbia University Press. CONNELL, R.W. (1997). Why is Classical Theory Classical?. The American Journal of Sociology, 102(6): 1511-1557. Jeffrey Alexander (1989) define um clssico enquanto (...) earlier works of human exploration which are given a privileged status vis-a-vis contemporary explorations in the same field. (ALEXANDER, 1989:9). Assim, uma obra se torna clssica para uma determinada disciplina pela capacidade dos seus argumentos de permanecerem atuais e de estabelecerem critrios bsicos no debate ao qual est inserida, tornando-se uma leitura praticamente obrigatria para os cientistas do presente que pretendem se inserir na discusso que o texto clssico pioneiramente abordou. Na Sociologia diversos autores ascenderam ao status de clssicos da teoria sociolgica e suas leituras esto presentes nos mais diversos programas de sociologia pelas universidades. Connell (1997) aponta que trs pais fundadores ganharam destaque superior em detrimento de outros escritores, estes seriam o trio: mile Durkheim, Karl Marx e Max Weber. No seu artigo, Connell problematiza as razes para que esses autores tenham tomado o papel central entre os clssicos da sociologia, questionando os motivos pelos quais um clssico torna-se clssico, e consequentemente, o porqu de outros autores serem invisibilizados, antes dissertarei sobre a defesa de Alexander (1989) para a existncia de clssicos. Alexander (1989) se coloca em defesa importncia dos clssicos em contrapartida a cientistas sociais positivistas que acreditam que em uma cincia emprica aquilo que j foi dito no precisaria ser revisitado, havendo uma comparao com as prticas existentes nas cincias naturais. Assim, a questo central no texto de Alexander (1989), aqui estudado, reside na tentativa de questionar as argumentaes que defendem a no existncia de clssicos a partir de uma defesa da empiria tal qual vista pelas cincias naturais.
Assim, o autor apresenta inicialmente a argumentao positivista que alicera
sua arguio aos clssicos atravs da no existncia de clssicos nas cincias naturais. O principal autor defensor dessa postura, seria o socilogo Merton. Este acreditava na necessidade de se formar uma teoria sistemtica do social, com leis explicativas e processos experimentais acumulativos, portanto, ao se formar uma acumulao de conhecimentos os clssicos no haveriam de ser necessrios. Dessa forma, os clssicos deveriam ser utilizados de forma utilitria e no clssica, deveriam ser vistos enquanto fontes ou como dados histricos, no mais que isso. A viso ps-positivista de Alexander refuta essa perspectiva dos clssicos atravs da diferenciao das cincias sociais das cincias naturais, para isso ele formula quatro argumentos principais, que seriam: 1 nas cincias naturais os objetos estudados encontram-se no mundo fsico, seus referentes empricos podem ser mais facilmente definidos e verificados, enquanto nas cincias sociais os objetos consistem em estados mentais havendo uma difcil dissociao entre objeto e observador; 2 h nas cincias sociais uma resistncia ao consenso dos referentes empricos, as conceituaes implicam nas organizaes e reorganizaes do social, dessa forma passveis modificaes; 3 j que o consenso dos referente empricos apresenta-se de forma dificultosa, igualmente se d para com as abstraes feitas a partir deles que formam a substncia para o conhecimento de uma teoria social; 4 Como nem os referentes nem as leis entram em consenso, todos os elementos analisados se tornam temas de debate, havendo vrias tradies e escolas que se tornam os alicerces para a discordncia e debates constantes. (ALEXANDER, 1989). Por isso para o autor, o clssico transforma a complexidade do debate em um smbolo que representa diversos argumentos sobre determinado tema, simplificando a discusso terica, permitindo o no consenso na temtica ao chamar o argumento de x ou y para a discusso sem entrar em uma unanimidade sobre o que seria por exemplo cultura. Alm de que, com tudo isso, no precisa haver um discurso geral homogneo. Assim, utilizar-se dos clssicos se torna uma ao instrumental e estratgica dentro dos estudos no consensuais da sociologia. Connell (1997) por sua vez leva o questionamento no para a importncia dos clssicos para as cincias sociais, mas sim para como determinados clssicos, debates e recortes foram escolhidos gerando um discurso hegemnico daqueles que poderiam e so considerados clssicos em detrimento de outros autores da sociologia. O autor aponta que nos tempos atuais ficou comumente estabelecido pelos socilogos que as
temticas prprias a sociologia desde suas origens seriam a modernidade e a
industrializao, enquanto seus pais fundadores e precursores desses debates seriam os j citado acima, Durkheim, Weber e Marx. Atravs de uma anlise histrica, Connell percebe que este cenrio da gnese sociolgica, to familiar para a sociologia atual, foi construdo posteriormente. Alm disso, a sociologia atribuiu para esses clssicos a noo de cnones, tornando esse seleto grupo de autores um discurso dominante legitimador para os debates sociolgicos. Por isso, ao investigar as origens da sociologia, o que norteia o artigo de Connell seria Why did a canon come into existence at all? Why does sociology now have the configuration of constructed memories known as classical theory? (CONNELL, 1997:1514). Sendo breve, o autor percebe ao analisar as evidncias histricas (revistas, compilaes, livros) do perodo que circunscreve a origem da sociologia como cincia, (por volta do final do sculo XIX e incio do sculo XX), uma forte influncia do Imperialismo europeu, sendo a temtica mais frequente nos textos produzidos a busca pela compreenso das culturas globais, tendo como principais pontos as noes de raa e gnero nos povos colonizados. Com a crise desse sistema ao final da primeira guerra mundial, h um deslocamento dos estudos em Europa para a Amrica, e a influncia do trabalho de Talcott Parsons acabou por direcionar o debate dos clssicos para outros autores, como Durkheim e Weber. Com a ascenso de Stalin na Rssia, os textos de Marx acabaram por adquirir maior destaque, tendo ento os trs autores caminhado para os papis de pais fundadores, apagando-se aos poucos as origens reais da sociologia, invisbilizando outros autores e vrias temticas (como gnero e raa) os tornando pouco relevantes e legtimos no espao sociolgico em comparao com a legitimidade dos cnones. Assim, a crtica feita por Connell reside no apagamento sofrido para a constituio de uma noo cannica da sociologia, a crtica no est nos autores considerados clssicos, mas na forma como se estabeleceu uma hierarquia e hegemonia no campo clssico da sociologia, perdendo-se uma crtica sociolgica da prpria construo social na academia das temticas e obras que podem ser vistas enquanto legtimas.