O documento discute a habitação no Porto, Portugal, especificamente a transformação de casas unifamiliares em edifícios de habitação multifamiliar. Analisa os processos históricos de adaptação de tipologias existentes para atender às necessidades de habitação crescentes, em contraste com abordagens que constroem novos edifícios sem considerar o contexto urbano. Defende a importância de entender a cidade e seu desenvolvimento ao longo do tempo para projetar arquitetura que se integre harmonicamente ao tecido urbano
Original Description:
algumas passagens importantes do livro relativamente a reabilitação
O documento discute a habitação no Porto, Portugal, especificamente a transformação de casas unifamiliares em edifícios de habitação multifamiliar. Analisa os processos históricos de adaptação de tipologias existentes para atender às necessidades de habitação crescentes, em contraste com abordagens que constroem novos edifícios sem considerar o contexto urbano. Defende a importância de entender a cidade e seu desenvolvimento ao longo do tempo para projetar arquitetura que se integre harmonicamente ao tecido urbano
O documento discute a habitação no Porto, Portugal, especificamente a transformação de casas unifamiliares em edifícios de habitação multifamiliar. Analisa os processos históricos de adaptação de tipologias existentes para atender às necessidades de habitação crescentes, em contraste com abordagens que constroem novos edifícios sem considerar o contexto urbano. Defende a importância de entender a cidade e seu desenvolvimento ao longo do tempo para projetar arquitetura que se integre harmonicamente ao tecido urbano
Livro transformaoo e permanncia na habitaoo Portuense- as
formas da casa na forma da cidade---- francisco barata fernandes
pensamos que numa dissertao nesta rea dever contribuir
sobretudo para o enriquecimento do processo de projecto, atravs de trabalhos de reflexo ou de investigao sobre a prtica do ofcio
neste sentido um trabalho especulativo, de investigao e
meditao sobre um modo pessoal de projectar , de entender a cidade e as suas arquitecturas, bem como sobre o modo de transmitir estes conhecimentos no mbito de uma escola.
o aluno ideal deveria apresentar um trabalho com evidente
expresso pessoal, inovador em relao a experincias passadas e crtico em relao s experincias contemporneas
-O tema da habitao tem sido utilizada com matria pedaggica
preferencial, tanto .... a casa sendo o facto arquitectnico no qual o iniciado tem possibilidade de verificar directamente toda a complexidade de relaes entre programas, usos, formas, espaos, tempo e significados. -
aprofundar a questo arquitectnica enquanto o edficio
entendido como objecto, e aprofundar simultaneamente a questo urbanstica enquanto o objecto visto como fazendo parte essencial e determinante de um sistema espacial de maior complexidade, a cidade.
como explicar que no necessrio comear a desenhar um
edifcio de habitao para se levantarem, de modo sistemtico, as questes arquitectnicas que so constantes na prtica de projectos com este tema, por exemplo? Pag 13
se considerarmos , precisamente, o tema da habitao
burguesa no porto, e se analisarmos o que se passa no lote urbano tradicional, da cidade tradicional, verificamos longas permanncias de matrizes tipolgicas na cidade. Como se fossem estruturas elementares que vo persistindo. Pag 13
a obra arquitectnica entendida como um todo complexo
constutuido pelos elementos que a compem nos seus aspectos especficos e essenciais e pelo processo de projecto que lhe est subjacente.
se dispusermos de informaoo apropriada para aprofundar a
observaoo, verificaremos que existem sensveis diferenas entre edificaes, nomeadamente na sua profundidade, na largura das suas fachadas, na existncia ou nao de logradouros, estando este facto associado quer parte de cidade antiga em que o lote se integra, quer fase de transformao do edifcio . pag 79
ver diferena de casas na folha que escrevi
Do cruzamento de culturas parece resultar uma continuidade
meridional nas duas primeiras tipologias de edificao , surgindo posteriormente uma profunda mudana com a terceira tipologia de origem setentrional. Curiosamente, ser a recuperao da matriz tipolgica das primeiras e a sua capacidade de adaptao que conduzir ao surgimento da tipologia de habitao plurifamiliar dos anos 60.
a burguesia portuense preferia realizar uma pequena casa de
cada vez, podendo vende-la ou aluga-la de imediato, do que investir no prdio de rendimento que implicava um maior investimento inicial de capital, uma maior complexidade de gesto e administrao do edifcio e uma menor flexibilidade nas decises de venda ou de aluguer . Com algumas habitaes unifamiliares e alguns inquilinos dispem-se de maior capacidade negocial, do que com um nico prdio de habitao plurifamiliar e o mesmo numero de inquilinos. Pag 181
processos de transformao de edifcios de habitao unifamiliar em
edifcios de habitao plurifamiliar existe uma interpretaoo de formao da tipologia plurifamiliar como resultado de um processo de sucessivas adaptaes de modelos, que teriam como referencia inicial o palcio. Os palcios podiam dar origem a conventos, programas de reabilitao para vrios fins etc.
Estamos convictos que sera possvel demonstrar que determinados
tipos de habitao plurifamiliar , eventualmente os dominantes em roma milao ou Florena. Decorrero de processos de transformaoo tipolgica tendo como origem o palcio e at, directamente a insula romana. No porto haviam poucos palcios e que se localizavam normalmente no ambiente rural. Nestas circunstncias, a eventual influencia dos palcios do porto na formao dos tipos de habitaoo plurifamiliar portuense ser difcil de definir. Deste modo, consideramos que o processo setecentista portuense de formao do tipo de habitaoo plurifamiliar, ao contrrio do lisboeta, um processo que decorre da sobreocupaoo das casas burguesas. a via pobre, simultaneamente individualista e solidria, de criao provisria e casustica de habitaoo . pag 226 No um modelo terico de habitao plurifamiliar que se constri, a progressiva recuperao do eficiio de habitao unifamiliar para uso de vrios inquilinos que fornece a resposta s carncias de habitaoo existentes a partir dos finais de setecentos e na segunda metade de oitocentos. a casa burguesa em profundidade, com frente estreita, que revela toda sua capacidade de adaptao. No porto, como j se afirmou, o tipo de obra arquitectnica de que se dispe para se ir respondendo aos sucessivos afluxos populacionais provenientes da deslocao da mo-de-obra rural para a cidade a casa do burgus mercador ou artfice. a construo com duas frentes estreitas, com nmero varivel de pisos e caixa de escadas central. No o palcio nem o solar. A proibio , pura e simples, da utilizaoo do sagues nos edifcios de habitao da cidade do Porto terminou, em meados de 50, com um tipo de soluo muito racional que permitia a adaptaoo , com meios elementares e tradicionais, dos antigos edifcios unifamiliares aos novos programas plurifamiliares. Esta proibio nao permitia que se realizasse a notvel proposta de integrao de linguagens e materiais contemporneos com a tradio tipolgica, que constitui o edifcio de habitao plurifamiliar projectado por Fernando Tvora para a Avenida do Brasil. As novas tipologias de habitao urbana tm sempre como primeira soluo o tema da recuperao arquitectnica e o reaproveitamento. Talvez aqui tenha nascido , para a tradio portuense, o significado moderno e operativo de preexistncia arquitectnica.
O tipo de habitao plurifamiliar portuense que, na primeir ametade
do sculo XX acaba por se introduzir de forma sistemtica, nao so respeita como decorre das caractersticas cadastrais e tipolgicas de modelos pre-existentes.
Historia de rua sa bandeira e santa catarina, banqjueiros e
industriais interessam-se.. neste contexto que, mas dcadas de 40 e 50 , vemos emergir nesta rua, em pleno centro da cidade, alguns edifcios de habitao e tercirio que do ponto de vista tipolgico nada tm em comum com os que existem na sua nvolvente prxima. Ver pag 247 Representar a cidade como um todo , com a sua identidade prpria
A cidade desenhada e a arquitectura como fragmento
A primeira grande ruptura no processo de construo da cidade aconteceu com a revolio industrial; a segunda ruptura com um determinado tipo de continuidade urbano-morfologica aconteceu com a reconstruo das cidades destrudas durante a 2 grande guerra. Se recorrermos novamente ao processo de transformao da cidade do Porto, podemos verificar que os modelos urbanos se sobrepem, se cruzam dentro e fora de muralhas, e que as malhas de transio , nalguns casos no correspondem apenas a reas sem significao urbana mas tambm a reas de sobreposio de identidades. Estas malhas, quer num caso quer noutro, sero descontnuas em relao s reas adjacentes. Pag 301 Em tais situaes, a defesa da arquitectura como fragmento tem sado reforada. ... o tipo de interveno projectual, que apenas se mede com a forma dos edifcios dos lotes vizinhos, nao basta. Ser necessrio avanar para o estudo do modelo ou dos modelos urbanos em presena. Ser indispensvel que os arquitectos possuam um conhecimento mais aprofundado e operativo da cidade, da forma urbana e dos
mecanismos da gesto para responderem projectualmente de um
modo consequente. Tanto na arquitectura corrente, como na arquitectura singular, indispensvel reconhecer a realidade. Caso contrario, contribumos para a arquitectura esquizitoide da cidade contempornea. Devemos procurar na histria da cidade construda as regras dominantes da sua urbanidade e a partir delas recriar com segurana um fio condutor, nico certificado de que o nosso trabalho no ser aleatrio nas poder ser inserido no processo colectivo de construo urbana. O discurso contemporneo, ainda que subsidirio do reportrio funcionalista da carta de Atenas, presume que sempre que um edifcio altera a sua funo ou a sua organizao interna, deve manifesta-lo na fachada. Este principio tem conduzido a situaes em que, sendo as transformaes internas avultadas, se defende imediatamente a sua integral substituio por um edifcio completamente novo. Assim se tem criado incoerncia e descaracterizado o espao urbano pblico- avenida, ruas, praasem nome de uma coerncia arquitectnica funcionalista. Pag 308 Robert venturi desenvolveu esta questo em complexidade e contradio em arquitecura. Quanto mais de pretende autonomizar a obra arquitectnica corrente, mais se perde a noo de espao pblico e da prpria cidade. A tendncia para se construir de raiz, em alternativa a possveis recuperaes de preexistncias, j sintoma da subalternizaoo do espao pblico. No defendemos uma posio conservacionista do patrimnio edificado na cidade contempornea. Defendemos que a recuperaoo de antigos nveis de qualidade do espao urbano publico esta directamente relacionada com a capacidade de integraoo e transformaoo desse patrimnio, o que passa pelo entendimento tipo-morfologico das obras em que se intervem, e nao pela apreenso epidrmica da obra. Assistimos ao questionamento e desagregaoo de regras ancestrais de configuraoo dos elementos urbanos principaispraas, avenidas, ruas, alamedas- em favora da atribuio do papel principal ao edifiico em si prprio. Pag 308 Hoje comea a ser difcil manter a iluso de que a obra arquitectnica pontual e o meio mais realista para intervir no estabelecimento de determinado tipo de regras e de ordem na cidade. Pelo contrario, tem sido o meio para acelerar a anarquia e a arbitrariedade. Podemos confirma-lo atravs de exemplo negativos construdos na cidade ( zona do Bom sucesso, praa da Galiza, jardim do carregal, antas, fonte da moura, Boavista.
A relao entre o antigo e o novo na construo da cidade
A noo de oposio entre partes diversas dentro da mesma cidade, com base numa ideia de confronto entre passado e presente, ir-se- acentuando at aos nossos dias. A demolio e a construo, a substituio e o acrescento, a sobreposio ou a redefinio de uma obra, ou mesmo um determinado conjunto urbano (redimensionamento de ruas existentes, regularizao de praas, abertura de novos arruamentos) processava-se numa lgica semelhante do ciclo natural da vida. Nascer, crescer, ser reproduzir-se e morrer. Uma das principais tarefas dos arquitectos que pretendem intervir na cidade, visando mais do que a rea do lote que lhes destinada, passa pela capacidade de avaliar com grande objectividade os factos urbanos existentes, o que implica reflectir sobre patrimnio e consequentemente sobre a relao novo-antigo. A partir da segunda metade da dcada de 70, arquitectos com opes polticas bem distintas como L.Benevolo e Campos Venutti, entre outros, definiam as futuras transformaes das cidades europeias, de media e grande dimenso, em funo do conceito de grau zero do crescimento urbano. Desta forma se reforava a pertinncia da recuperao do patrimnio arquitectnico, das pequenas intervenes de preenchimento de lotes vazios ou da substituio de construes existentes sem valor arquitectnico, por novas obras. Estavam em causa as grandes intervenes urbanas, os megaprojectos, nas cidades cujos problemas reais de construo decorriam, efectivamente , da falta de gesto do seu patrimnio construdo e no da necessidade de expanso. Com o reconhecimento dos processos de transformao urbana ao nvel da sua essncia, e no apenas ao nvel da sua aparncia, sera possvel intervir repondo uma determinada identidade de espao urbano qualificado sem que isso signifique o regresso fatal ao modelos oitocentistas, ou a denuncia incondicional do racionalismo moderno. Toda a avaliao da relao entre o novo e o antigo, seja escala do objecto arquitectnico, seja escala de uma parte da cidade, deveria basear-se na informao recolhida atravs de uma analise tipo-morfologica especificamente dirigida para esse objectivo.
Novas edificaes em reas urbanas de transio
Estas reas contem aspectos essenciais para o conhecimento da
cidade que lhe sao comuns. E se estes aspectos sao essenciais para o entendimento de determinado processo urbano, tambm o sao para a intervenoo do arquitecto. Com efeito, todas estas reas sao as marcas no territrio urbano das suas grandes mudanas. Mas sao tambm o registo dos meios e do tempo que essas grandes mudanas envolveram. As reas urbanas de transio sao a confirmaoo histrica da ausncia de continuidade no planeamente urbano contemporneo. Outras situaes urbanas em que objectivamente existe diferenciao nas caracterisiticas formais do espao publico ( ruas mais largas, maior ou menos complexidade do sistema de espao e equipamento publico), mas onde nao existe uma sistemtica alterao dnas opes de lote e de tipologia de edifcicao , podem corresponder a reas previamente escolhidas para direcionar a expanso urbana que no entanto, nao foram acompanhadas pela promoo imobiliria. Deste ponto de vista as reas de transio dentro da cidade consolidada, que se vao preenchendo com construo fazem-no mediante opes muitas vezes ambguas ou memso contraditrias, porque estabelecem empatias com os modelos de que so charneira e tambm om outros que lhe esto distantes no espao e no tempo. Qualquer das principais vias histricas de acesso ao porto, ou das grandes vias de expansoo urbana como a avenida da boavsta, exemplificam perfeitamente o anterior raciocnio. Quanto mais tempo estas reas ficarem por ocupar, por urbanizar, maior o descontrolo da forma urbana que da resulta. Consideramos este aspecto muito significativo para a interpretao das sistemticas e recentes opes de urbanismo autista, que so, alis, o complemento da arquitectura desconstrutivista reanimada pela ausncia de convices no refazer da cidade.