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UFRN – CCSA – DepAd – PPGA Prof: Maria Arlete e Jomária Alloufa

Disc: Teoria da Pesquisa Aluno: Carlos Eduardo Cavalcante

Texto: Convite à filosofia, Marilena Chauí. Unidade 7 – As ciências

A idéia central do capitulo é apresentar as características da atitude cientifica, a ciência na história, as


ciências naturais e humanas e finalmente encerra a unidade questionando a neutralidade da ciência.
Inicia diferenciando a ciência do senso comum afirmando que este é opinião baseada em hábitos,
preconceitos, tradições cristalizadas, e aquela está baseada em pesquisas, investigações metódicas e
sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam internamente coerentes e digam a verdade sobre a realidade.
Já aqui a autora dá destaque à razão, citando que a ciência é conhecimento que resulta de um trabalho racional.
Em seguida localiza a ciência na história em suas três principais concepções de ideal de cientificidade: o
racionalista, o empirista e o construtivista. Para o racionalista a ciência é um conhecimento racional dedutivo e
demonstrativo como a matemática, portanto, capaz de provar a verdade necessária e universal de seus
enunciados e resultados, sem deixar qualquer dúvida possível. Sugere pleno controle do objeto pesquisado
A empirista indica que a teoria científica resulta das observações e dos experimentos, de modo que a
experiência não tem simplesmente o papel de verificar e confirmar conceitos, mas tem a função de produzi-los.
Aqui já parece existir uma consciência de limitação de controle do objeto.
A concepção construtivista tem características das duas concepções anteriores pois considera a ciência
uma construção de modelos explicativos para a realidade e não uma representação da própria realidade.
Acrescenta a idéia de conhecimento aproximativo e corrigível.
A concepção empirista pode ser classificada como ciência antiga e a racionalista como moderna. Nesse
sentido a empirista seria uma ciência teorética, que apenas contemplava os seres naturais, sem jamais imaginar
intervir neles ou sobre eles. Já a racionalista nasce vinculada à idéia de intervir na Natureza, de conhecê-la para
apropriar-se dela, para controlá-la e dominá-la.
Nota-se então uma espécie de “evolução” na ciência. Durante certo tempo, julgou-se que a ciência
(como a sociedade) evolui e progride de modo contínuo e cumulativo, de modo determinista, conseqüência do
ideal racionalista de ciência. Entretanto, a Filosofia das Ciências, estudando as mudanças científicas,
questionou as idéias de evolução e progresso e surgiram então expressões como ruptura epistemológica e
revolução científica que demonstram uma descontinuidade e uma diferença temporal entre as teorias científicas
como conseqüência de resultado de diferentes maneiras de conhecer e construir os objetos científicos, de
elaborar os métodos e inventar tecnologias.
A ciência, portanto, não caminha numa via linear contínua e progressiva, mas por saltos ou revoluções.
Assim pode-se dizer que a ciência contemporânea é construtivista pois a descoberta de fatos e fenômenos novos
podem exigir a elaboração de novos métodos e novas teorias.
Em seguida a autora comenta a classificação das ciências, dando destaque inicial a matemática, pois ela
teria uma espécie de pureza ao definir seus objetos de estudo que não se confundiriam com as coisas percebidas
subjetivamente e pela a precisão e o rigor dos princípios e demonstrações matemáticos, que seguiriam regras
universais. Entretanto a Filosofia das Ciências, em filósofos como Kant afirmam que a matemática é uma pura
invenção do espírito humano, uma construção teórica imaginária rigorosa e perfeita.
Depois comenta que as ciências da natureza – e seus fenômenos físicos e vitais – se materializam em
duas grandes ciências: a física e a biologia. Estas se desenvolveram graças à observação ativa e controlada dos
objetos (experimentação), mais uma vez, buscando o ideal de controle e dominação da natureza através da
previsão. Esta previsão é fruto do determinismo, onde se as causas e o estado atual do objeto são conhecidos, é
possível se conhecer seu estado futuro. Nesse sentido estas ciências desconheceriam o acaso.
Mas com advento da física contemporânea e o estudo dos átomos, o acaso retornou, pois percebeu-se a
incapacidade de determinar estados futuros, mesmo com o conhecimento das propriedades do objeto. Também
na biologia este impasse existe, com o agravante de que grande parte de seus objetos tem características como a
individualidade e organicidade, inexistente em objetos físicos.
Logo após apresenta as ciências humanas que para ganhar respeitabilidade científica procuraram estudar
seu objeto – o ser humano - empregando conceitos, métodos e técnicas propostos pelas ciências da Natureza o
que apresentou limitações obvias: o determinismo requer altas doses de objetividade, pressuposto esse que
inexiste no ser humano, totalmente subjetivo. Para diminuir esta limitação, surgem a Fenomenologia,
estruturalismo e marxismo. A fenomenologia permitiu que a esfera ou região “homem” fosse internamente
diferenciada em essências diversas: o psíquico, o social, o histórico, o cultural. Com essa diferenciação,
garantia às ciências humanas a validade de seus projetos e campos científicos de investigação: psicologia,
sociologia, história, antropologia, lingüística, economia.
O estruturalismo mostrou que os fatos humanos assumem a forma de estruturas ou sistemas que criam
seus próprios elementos organizados segundo princípios específicos internos que lhes são próprios. Portanto a
universalidade sugerida pelas ciências naturais são inúteis aqui. E o marxismo considerou que os fatos humanos
primários são as relações dos homens com a Natureza na luta pela sobrevivência e que a historicidade permite a
interpretação racional destas e o conhecimento de suas leis.
Chauí conclui a unidade colocando em questão a neutralidade da ciência afirmando que a construção do
conhecimento, nos dias atuais está subordinada ao elemento econômico e que a sociedade assiste passiva este
fenômeno. Esta fato pode ser confirmado na distribuição de bolsas de apoio a projetos de pesquisa pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ, 2010) onde as Ciências Humanas,
Sociais e as Artes receberam cerca de 17% das bolsas, enquanto as Ciências Biológicas, Exatas e as
Engenharias contam com cerca de 42% das bolsas.

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