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Teatro Politeama ens Pee corm ators one, *: 5 (ose sophia de Melj, I - on ae Teyner Andres® pe um peter oa " Taal EW rt Tote 2s a AS Dizemos «Sophia» como se esta palavra fosse sinénimo absoluto de poesia Dizemos «Sophia» ¢ a nossa meméria enche-se do som que as palavras tem. Dizemos «Sophia» e de repente o ar é limpido, as aguas transparentes, ha sempre uma casa na falésia e o sol faz rebentar o calor na cal das paredes. Dizemos «Sophia» e todas as flores e todos os peixes tém nome, e as criangas tornam-se mais ricas quando os encontram. Dizemos «Sophia» e nao precisamos de dizer mais nada. Alice Vieira Mais do que o conhecimento, a minha mae transmitiu-nos, desde a infancia, o apego intransigente as coisas essenciais da alegria de viver: 0 bom po, 0 bom vinho, o mar, 0 Vergo, aluz. Essa 6 uma heranga preciosa. Porque essa 6, na _.verdade, a base do conhecimento e da vida. A minha mae ainda hoje, com 80 anos, tem uma maior avidez de mar ou de luz do que de mais livros. E vive com a mesma intensidade todas essas coisas essenciais. Sobretudo, vive com a mesma furia cada instante. Porque ela nao é depressiva ou melancdlica. Pelo contrario, ela enfrenta com fuiria — uma vez mais, 6 essa a palavra — todas as perdas. Essa forma de viver, de amar cada instante que a vida nos da, contagiou-nos profundamente. oe Maria Sousa Tavares Depois da poesia em verso, foi-me entrando em casa a poesia em prosa. “A Menina do Mar", "A Fada Oriana”, “A Noite de Natal”, “Contes Exemplares” deram-nos a nds e a0s pequenos, em varias idades, mais gosto 6 saber do que muitas ligdes em familia e na escola. Casa branca em frente ao mar enorme Com o teu jardim de areia e flores marinhas E 0 teu siléncio intacto em que dorme O milagre das coisas que eram minhas. SOPHIA Tenho muita meméria visual @ lembro-me sempre das casas, quarto por quarto, mével por mével e, lembro-me de muitas casas que cdesapareceram da minha vida, como por exemplo, a casa dos meus avés que foi leloada, vendida, as coisas disperses... Eu penso que ha em todo o homem, em todo 0 posta, uma tentativa para conservar uma eternidade que /“sstd latente nas coisas, porque no fundo, todos nés amamos as coisas sob um olhar de etemidade mesmo que depois vejamos as coisas desfazerem-se... Eu tento sfepresentar, quer dizer, «voltar a tornar presentes=, as coisas de que gostei ¢ 6 isso o que se passa com as casas; quero que a meméria Gelas nao va a deriva, ndo se perca, Simultaneamente porém, tenho imensos poemas escritos sobre esta casa em que eu vivo. Sobre o presente em que estou. E ha, por exempio, uma casa em que eu morei que aparece na «Menina do Mar, aparece logo num poema do meu primeiro livo «Casa Branca em Frente ao Mar Enorme». E uma casa em que eu vivi na minha infancia, uma casa muito pequenina, na duna (deve ter sido em tempos uma casa de pescadores) © que era uma casa que eu adorava a tal ponto que, mais tarde, no meu ultimo livro de contos, aparece um conto que se chama «A Casa Branca», que 6 56 a descrigdo dessa casa, quarto por quarto, comegando numa ponta 6 acabando na outa. Os meus contos para criangas ‘surgiram, (eu alids ja conte isto) quando os meus filhos tiveram sarampo ¢ tinham que estar quietes. Eu tinha que Ihes contar historias e comesei a ficar muito invitada com as histérias que lia. Primeiro com a linguagem sentimental, com a linguagem «ta-te- bi-ta-te», etc. Entao comecei a ‘contar historias a partir de factos e lugares da minha infancia (sobretudo lugares). Por isso a primeira que apareceu se chama «A menina do mars, Era uma histéria que a minha mae me tinha contado quando eu era pequena mas que era uma ”~istéria incompleta - ela tinha-me dito sé que havia uma menina muito pequenina que vivia nas rochas e como a coisa que eu mais adorava na vida era tomar banho de mar, essa menina tornou-se para mim o simbolo da felicidade maxima, Porque vivia no mar, com as algas, com os peixes... Entéo eu comecei a.contar a histéria a partir disso. Depois os meus filhos ajudavam; primeiro porque néo me debcavam parar @ segundo porque Perguntavam: «Eo peixe o que 6 7“ue fazia? E 0 caranguejo?» Essa Tistéria foi contada oralmente, numa tarde. Depois, quando a escrevi, tentei escrever como a tinha contado, sem cair em nenhuma. espécie de literatura nem de «peso. E entdo escrevia muito depressa, em voz alta. No fim, quando fui reler, cada frase comegava «E depois ... », + depois ... ». Tive que passar tudo: impo. Tentei contar exactamente ‘como tinha contado as criangas. Depois as outras histérias, algumas foram meias contadas, meias escritas; lembro-me quando eles iam para 0 colégio e quando vottavam me perguntavam se ja tinha escrito mais alguma coisa. EDUARDO; Influenciaram a logica da propria historia, ou eram s6 os pormenores que Ihe intoressavam? SOPHIA; Acho que eles infiuenciavam talvez a l6gica da propria historia, E depois, como eu estava com criancas, eu propria era influenciada, por exemplo nisto: nunca usar palavras abstractas nem ‘construgses complicadas. E a atengao dos outros guia-nos sempre. (xcerto de entrevista de Eduardo Prado Costho a Sophia de Mello Breyer) © ei zion § } Nasceu em 1919, Frequentou 0 curso Filologia Ciéssica na © @ | ‘el Faculdade de Letras de Lisboa. Colaborou em diversas revistas ‘como Cadernas de Poesia, Arvore ou Tavola Redonda. Embora ‘tenha publicado os primeiros livros em 1944 (Poesia) e 1947 (Dia ‘do Mar), onome de Sophia aparece associado as mudangas ie) e e O poéticas verificadas em Portugal nos anos 50: soberania da palavra poética, exigéncia de uma palavra pura e justa, vinculagao. da justeza do poema a justica na cidade, retorno de uma infinita, RB (OVN OY vorgneserscen enews e VV Em 1950 publicou Coral, em 54 No tempo afviaido, ern 58 Mar ‘Novo, em 61 O Cristo Cigano, em 62 Livro Sexto, em 67 Geografia, em 72 Dual, em 77 O nome das coisas. Também em ANCES ie ntica: Sect ure atocos ce ones de antren © essencial da sua obra comegou a ser reunido em Antologia, ‘com uma primeira edigdo em 1968, e uma 4.* edigéo aumentada em 1975, com um importante prefacio de Eduardo Lourengo. € hoje um dos grandes nomes da poesia portuguesa contempordnea. Mas a sua obra abrange também o dominio da ficcdo, tendo publicado em 1962 Contos exemplares e em 1984 Histdrias da Terra e do Mar, além de numerosos livros de contos para criancas. E também importante a sua actividade de tradutora, tendo publicado A anunciagao a Maria de Paul Claudel, O Purgatorio de Dante, Hamlet de Shakespeare e Medeia de Euripedes. Soon| na Escola A poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen j4 tem uma escola com o seu nome. Na quarta-feira, os alunos da Escola Basica de Outurela/Carmaxide viram a também autora de livres infantis ficar para sempre ligada 20 sitio onde vao aprendendo as letras. A ideia partiu do ministro da Educago, Margal Grilo, que considerou ser esta a melhor forma de homenagear uma escritora cujas obras continuam a ser auténticas sebentas para quem quer conhecer coisas sobre os homens ¢ o mundo. Sophia, como a foto documenta, foi ao encontro dos estudantes, embora a conversa nao tenha chegado ao ponto de se saber se alguns deles conheciam a poesia e os contos da autora. Timida como @, Sophia sorriu, mas, diz quem a canhece bem, estaria muito mais €vontade nos seus recantos de Veneza, ao entardecer. | a Féria, apresenta no Teatro Polteama “A INA DO MAR”, um magico musical baseacio no ‘conto da poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen, das vozes mais betas da poesia portuguesa, “AMENINA DO MAR" 6 um texto dedicado a Infancia e Juventude, integrado nos livros escolares do 1° Ciclo do Ensino Basico. Obra eterna e patriménio da literatura infanto-juvenil, “A MENINA DO MAR" de Sophia de Mello Breyner Andresen perdurara através de todas as gerages num apelo ao sonho, transportando o espectador ao mundo do imaginério, de uma poesia luminosa, repleta de canto, ritmo e harmonia. Um elenco de jovens actores e cantores como Isabel Noronha (a protagonista de “Amalia”), Miguel Dias (o _-Protagonista de “My Fair Lady"), Yola Dinis, Tiago Jiogo (a revelagao de “A Rainha do Ferro-Velho"), David Ventura ¢ Tiago Isidro nos principais papéis, esté em cena no palco do Teatro Politeama, inundando-o de sonho e fantasia. “A MENINA DO MAR" é uma histéria de amizade. entre @ Rapaz ea Menina. Ha uma troca de ‘experiéncias, nascendo em cada um deles a ansia de atingirem a liberdade plena, pois qualquer um deles tem barreiras fisicas que os impedem de ser completamente livres. A Menina 6 detentora de dois dons: pode respirar fora de Agua como os homens é "A MENINA DO MAR" de Sophia de Mello Breyner Andresen im espectaculo fantastico para a Infancia e Juventude dentro de Agua como os peixes. Sempre viveu no mar © quer conhecer a Terra mas no pode afastar-se muito da agua porque fica seca e desidratada. Além disso tem a sua liberdade condicionada porque é a bailarina da “Grande Raia*, senhora daqueles mares, que a traz constantemente vigiada, impedindo-a de realizar 0 seu sonho de conhecer os mistérios da Terra. © Rapaz é um apaixonado pele mar e, depois da descrig&o que a Menina Ihe faz da sua vida do fundo do mar, fica seduzido e desejoso de experimentar todas aquelas maravilhas do jardim das ondas. “A MENINA DO MAR" é um relato maravilhoso das aventuras vividas pelos dois amigos, na tentativa de conseguirem alcangar e realizar 0s seus sonhos, “fazendo levantar a cabega das nossas criangas para © assombro". "A MENINA DO MA elenco / personagens MENINA: ‘Sara Cabeleira / Joana Teixeira / Ariana Carvalho MENINO: Jodo Queiroga / Guilherme Henene / Sérgio Moreno POETA: Isabel Noronha CARANGUEJO: Miguel Dias. PEIXE: David Ventura POLVO: Tiago Isidro GRANDE RAIA: Yola Dinis GOLFINHO: Tiago Martins REI DO MAR: Hugo Goepp BUZIOS: Tiago Diogo / Tiago Martins / Hugo Goepp: POLVO TERRIVEL: ‘Sérgio Moreno CAVALOS MARINHOS Hugo Goapp / Tiago Martins Um espectaculo de FILIPE LA FERIA MUSICA: Antonio Leal IMAGEM, FIGURINOS E VIDEO: Marta Anjos ASSISTENCIA COREOGRAFICA: Inna Lisniak ASSISTENCIA DE ENCENAGAO Carlos Gongalves ASSISTENCIA DE VOO: Frontline Rigging Consultancy Han Wannemakers Marco Langereis PRODUCGAO: pm& —Bastidores Produgdes Artisticas, Lda “A MENINA DO MAR" FAZ LEVANTAR A CABECA DAS NOSSAS GRIANGAS PARA OQ ASSOMBRO. a HORARIO DO ESPECTACULO ‘Segunda a Sexta Feira: (Para escolas e grupos mediante reserva prévia) as 11:00 e as 15:00h Sabados, Domingos e Feriados: as 15:00h (também descontos para associacdes, grupos e estabelecimentos de ensino} Bilhetes & Venda: Teatro Politeama - Abep - Alvalade - Ticketline - Piateia iol M/6 anos La

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