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de
Morris Weitz e O que a arte? de George Dickie, a fim de mostrar que, a despeito da
pequena crtica que Dickie dirige a Weitz, os dois artigos possuem algo em comum mais
anterior. Decerto que a breve crtica de Dickie a Weitz foi o propulsor para este trabalho,
mas no se pretende aqui, pelo teor do trabalho, erigir nenhuma crtica a estes dois
pensadores; ao contrrio, procurou-se acatar passivamente os dois pensamentos e inserilos em um pano de fundo comum de cunho histrico.
3. O que arte?
Esta pergunta no faz muito sentido. No final das contas, cada poca tem a sua medida
para garantir um estatuto ontolgico de obra de arte, sendo o conceito de arte muito
vago e passvel de sofrer muitas modulaes. Lembremos que tanto Weitz quanto
Dickie se depararam com o problema do Readymade: como seria possvel delimitar uma
essncia metafsica para a arte diante da obra de Duchamp? um problema prprio de
uma poca. Bem, mas assim no temos outra coisa a fazer seno admitir com Weitz que
arte um conceito aberto e dizer com Dickie que o estatuto ontolgico da obra de arte
depende do mundo institucional da arte. Decerto. Afinal, qual o limiar que separa a
poesia de lvaro de Campos e Alberto Caeiro da filosofia? H tantos pensamentos
potentes sobre linguagem nas Primeiras Estrias, de Guimares Rosa. Arte um
conceito aberto. Mas precisaramos dizer que as consideraes de Dickie so to
longnquas das de Weitz? Penso que no. Afinal, as teorias estticas tambm fazem
parte do Mundo da arte. Poder-se-ia argumentar, entretanto, que as consideraes de
Weitz ainda so perifricas e que Dickie mais preciso em sua anlise: ainda assim a
discrepncia desaparecia se lembrssemos que estamos numa poca em que no parece
fazer o menor sentido abordar o problema da arte por vias metafsicas. Isso permeia o
pensamento de ambos.
Penso que, antes de expormos uma mirade de pensamentos de tantos autores (ou
mesmo de preferir um a outro), deveramos nos perguntar o porqu de tais e tais temas
se apresentarem como problemticos para eles.