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: Parte Il ETICA PROFISSIONAL 1, ETICA E PROFISSAO A tia profissional' corresponde a parte da ética aplicada (ética eco- logica, tica familiar, ética profissional...), debrugando-se sobre um conjun- to de atividades humanamente engajadas e socialmente produtivas. A ética aplicada, sem divida, surge de uma derivagao da ética geral, a0 que se dedicou toda a primeira parte desta obra. Por sua vez, a ética profissional se destaca de dentro da ética aplicada como um ramo espectfico relaciona- do aos mandamentos basilares das relagdes laborais. E como especializagio de conhecimentos aplicados que a ética profissional se vincula as ideas de utilidade, prestatividade, lueratividade, categoria laboral, engajamento em -modos de producao on prestagio de servigos, exercicio de atividades regu- Jarmente desenvolvidas de acordo com finalidades sociais..., Entio, o que define o estatuto ético de uma determinada profissio € a responsabilidade que dela decorre, pois, quanto maior a sua importneia, maior a responsa- bilidade que dela provém em face dos outros? Ento, a primeira preocupagdo nesse momento deve ser a de concei- tuar 0 que seja profissdo, para que, em seguida, se esteja habilitado a pro- mover essa discussio na seara das profiss0es juridicas, Dirigindo e orien- tando a reflexdo nesse sentido € que se percebem as dificuldades prelimi- nares no tratamento da temética; definir profissio ja € por si s6 algo de grande complexidade. Profissio, entdo, deve ser entendida como uma pré- tica reiterada ¢ Tucrativa, da qual extrai o homem os meios para a sua sub- sisténcia, para sua qualificagao e para seu aperfeigoamento moral, técnico ¢ intelectual, ¢ da qual decorre, pelo simples fato do seu exereicio, um be~ 1, Vesbete ca Profisional “Conjunto de regras moras de condeta que o individuo ‘eve observar em sua atividade, no sentido de valorizar a profssio e bem servi as que dela dependem” (Sidou, Dieionério Jurdico: Academia Brasileira de Letras Suriicas, 1997, p 335), 2, Pereeber-se4, ao longo da exposigdo, que a primeira caracterstca da profissio, ara que seje definida como tal, ¢ estar a servigo do social: “O que € natural, como ético, & que a profissio este a servigo do social, quer das eélula, quer do conjunto indserisnina- damente” (Lopes de $4, Erea profssional, 1998, p. 130) 3. Cf, José Renato Nalin, A étiea nas profissdes juridicas, in Elias Farah, Etiew do ‘advogado, 2000, p. 27 403 neficio social’. F, sem diivida nenhuma, além de algo de relevo para o in. _ dividuo, algo de relevo para a sociedade, na medida em que o homem que professa uma atividade (professione, professio, la.) nao vive sozinho, mas cengajado numa teia de comprometimentos tal que uns dependem dos outros para que se perfagam objetivos pessoais € coletivos. © tema ainda suscita maiores divergéncias, sobretudo quando se trata de distinguir profissdo de oficio®e atividade’. i Esse € 0 lado técnico da definigao de profissto. Mas ela ainda pode ser conceituada a partir de uma valoragdo moral. Nesse caso, ter-se-4 em vista, sobretudo, 0 fato de que, representando um engajamento social, a profissdo deverd ser sempre exercida com vistas & protego da dignidade humana’, A profissdio deve permitir a realizacio das vocagGes ¢ habilidades ‘humanas. Nese sentido ¢ que se tem dado grande importancia ao fator social do trabalho. O trabalho é mais uma das oportunidades de ago social, para © equilfbrio fino da relagdo entre virtude e vicio. Impondo-se acima do aspecto meramente técnico, tem-se procurado incutir a ideia de que a pro- “4 “A palavra profissdo correspondem véros signiicados. Vejamos os mais comuns: 19 pao de declara, de ensinar wma profisao, de exercer um fico; 2 ocupacao on oficio «qe requer estudosespeciais; 3) quando deriva do patcpio pesado do verbo latino pro- Jiteo, como professus, contém a ideia de declaragdo pibica; 4) intuo uma ceta evolusas ‘timol6ica partndo da ideia contida no vocabulo srego profane, usado nos cissicos gre= 08, que sigifieaexpressar, mostrar, fazer aparecer trazer-a luz, revela epreizer; 5?) do latim temos ainda outras ideias interligadas, a saber: do verbo prafcisco, fects, stn, ere, com o sentido de pér.se a camtinho, dirigi-se para, comegar por: 6) do verbo profiteor Jessus, sum, ere, que, entre outas, contéi as ideias de proclamar, prometer, descobrit, exercer una proissao” (Kort, Iniciagdo a étca, 1999, p. 151) 5. “Damos alguns exemplos de oficios, que so identifcados pela tradigZo, ws0s € ‘costumes: artesdos, consirutores, pedreiros, sapateiros, ferrirs,vidreiros alfaate, c08- tureiras, Bordadeiras, marceneiros, crpinteros, mecinicos, torneiros, toluelros, pntore,

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