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SUBJETIVIDADE EM PESSOA

Alice Marquesi

O conceito de subjetividade reporta-se ao estudo do ser humano (aqui referido como sujeito) em suas relações com o
mundo como se pode comprovar em autores como Castoriadis (1999), González Rey (2004, 2005 a, b); Touraine (2006); Guattari
(2005).

O sujeito

O sujeito é um conceito nuclear e que gerou desdobramentos teóricos, conceituais a respeito de si. Segundo González Rey
(2005 a), foi o marxismo quem impulsionou um pensamento sobre a figura humana, a qual se pautou na concretude do ser
humano, a qual se efetiva por meio de suas atividades, ações, em meio a condições histórico-sociais1.

Inserindo-se nesse espírito, a psicologia (inicialmente a soviética), terminou por se inspirar nessa figura de sujeito concreto,
feito de histórias sociais, e incorporou a questão da atividade, da produção humana (enleadas no marxismo) à atividade psíquica,
passando então a considerar a psique como fundamental nos processos humanos histórico-culturais. Essa incorporação respingou
sobremaneira na psicologia educacional.

A seguir alguns pensadores contemporâneos e suas idéias sobre sujeito e subjetividade.

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Contraposição à figura anteriormente determinante de um ser humano com qualidades universais, metafísicas (González Rey, 2005 a).
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AUTOR SUJEITO SUBJETIVIDADE

Castoriadis (1999) Ser reflexivo (1999) Capacidade de dar e receber; processar e produzir sentido, exercer a
reflexividade e o livre-arbítrio. Superação à dominação social.

González (2004) O sujeito se origina na responsabilidade (2005 a) espaço interior no qual se tem a produção, organização e articulação
Rey por seu comportamento, este comprometido por de sentidos subjetivos, a funcionar como um sistema de sentidos. A
suas emoções e idéias, as quais representam subjetividade individual exibe como o sujeito concreto organizou suas
“sua produção de sentidos nos vários espaços de experiências sociais.
sua vida social” (p. 164).

Guattari (2005) Relação com o mundo (social, grupo de pertença), mas em “uma relação
de alienação e opressão” (submissão àquilo que recebe desse mundo, seus
produtos e atividades) (p. 42). Na forma de subjetividade-relação e
subjetividade-produto, o autor define amplamente que a subjetividade é um
“entrecruzamento de determinações coletivas de várias espécies, não só
sociais, mas econômicas, tecnológicas, de mídia e tantas outras” (p. 42). A
subjetividade pode resultar de “uma relação de expressão e criação entre
indivíduo e sociedade, na qual o indivíduo se reapropria dos componentes da
subjetividade, produzindo um processo” então denominado pelo autor como
“singularização” (p. 42). O indivíduo experimente e domina o mundo.
“Subjetividade capitalística” = sujeitos sociais que configuram as “classes,
castas que detém o poder nas sociedades industriais e tendem a assegurar um
controle cada vez mais despótico sobre os sistemas de produção e de vida
social” (p. 48).

Touraine (2006) Rebelde e movido pela “vontade de Capacidade do indivíduo “de adquirir e manifestar uma consciência de si
escapar às forças, às regras, aos poderes” que mesmo autofundada”, mas que encontra um propósito na libertação (p. 212).
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reduzem o indivíduo em “componente do Contraposição à dominação, à condição de dominado determinado por um


sistema” e buscam assim inviabilizar o exercício modelo social. Contraveneno do arquétipo de dominação social. A subjetividade
da autonomia: “Não há sujeito senão rebelde, figura como “a expressão do dominado” (p. 113).
dividido entre a raiva e a esperança” (2006, p.
119). “Ordem dos direitos e dos deveres, na
ordem da moralidade” (p. 120).

REFERÊNCIAS

CASTORIADIS, Cornelius. Para si e subjetividade. In: PENA-VEGA, Alfredo e NASCIMENTO, Elimar Pinheiro. O pensar
complexo: Edgar Morin e a crise da modernidade. 3a. edição. Rio de Janeiro: Garamond, 1999.

GONZÁLEZ REY, Fernando Luís. Sujeito e subjetividade: uma aproximação histórico-cultural. Tradução: Raquel Souza Lobo
Guzzo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005a .

. O social na psicologia e a psicologia social: a emergência do sujeito. Tradução: Vera Lúcia Mello Joscelyne.
Petrópolis: Editora Vozes, 2004.

GUATTARI, Félix e ROLNIK, Suely. Micropolítica: cartografia do desejo. 7ª edição revista. II. Subjetividade e história. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2005.

TOURAINE, Alain. Um novo paradigma: para compreender o mundo de hoje. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. Parte II – Agora que
falamos de nós em termos culturais, seção I – O sujeito.
i
Orientanda da Profa. Dra. Teresa Cristina Siqueira Cerqueira. Disciplina: Atividades Programadas II. Doutoranda em
Educação (2007). Linha de pesquisa: Subjetividade e Complexidade na Educação. Alicemarques.alice@gmail.com.
Em 11 de junho de 2010.

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