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Simples

Sementes
Em Lugar de Corpos
"E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples
grão, como de trigo, ou de outra qualquer semente." (I Coríntios 15:37)

Vencendo a batalha financeira


através da cura emocional

Adriana Horta
Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Dedico este livro aos meus pais que eu tanto amo e que com amor e dedicação, além
de me ajudarem durante todos estes anos, praticamente criaram quatro netos. E, que
apesar de todo o sofrimento que passaram, valeu à pena, pois eles foram sempre
usados por Deus para nos abençoar.

Obrigada, pai e mãe, por seu infinito amor. Que Deus os abençoe com saúde e muitos
anos de vida junto a nós. E que vocês possam, de fato, aceitar a Jesus como seu Deus.

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Sumá rio

Introdução............................................................................... 7
1. O que é corpo.......................................................................... 13
2. Por que plantamos corpo........................................................ 19
3. Malefícios de plantar corpo...................................................... 51
4. Como deixar de plantar corpo.................................................. 66
5. O que é semente para Deus...................................................... 75
6. Características da semente de Deus..........................................81
7. Como semear.............................................................................89
8. Como cuidar do que plantamos.................................................99
9. Como colher...............................................................................109
10. Desfrutando do tempo que a semente leva para virar corpo...117
Bibliografia.................................................................................125
Sobre a autora............................................................................127

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Introduçã o
Motivos de escrever este livro

Quem assistiu ao filme “O Todo Poderoso II”, pode entender


bem como Deus vem agindo em minha vida e como Ele deve agir da mesma
forma em outras vidas também. Lembro que quando vi o filme pela primeira
vez achei-o exagerado. Ainda não era tempo de entendê-lo.

Olhando agora da minha janela para a paisagem lá fora me


ponho a pensar em tudo o que aconteceu com aquele homem e vejo muita
semelhança com o que Deus está fazendo em minha vida no momento.

Ele era um político no filme e de um dia para o outro Deus


aparece para ele e começa a mudar sua vida. Sua barba e seu cabelo começam
a crescer, mesmo que ele se barbeie e corte seu cabelo todos os dias. Os
animais o seguem mesmo que ele não queira, na verdade ele nem gosta de
animais. Aparecem madeiras em seu jardim, e até Deus também aparece para
ele e diz que é para ele construir uma arca. Sinais são mandados por Deus a
todo o momento. Sua roupa é uma túnica, mesmo que ele ponha um terno.

A despeito da sua vontade própria ele não pôde fazer outra


coisa, senão a vontade de Deus. Que era a de que ele construísse uma arca,
assim como Noé. O político, sem entender nada, vê que sua vontade própria
não conta e resolve colaborar.

Ele era famoso, tinha casa, esposa, filhos, secretária, reputação,


etc. Mas nada disso prevaleceu. Sua estrutura de vida, seu lugar seguro
passaram a inexistir depois que Deus começou a agir em sua vida, e decidiu que
era chegada a hora de usá-lo.

No principio e depois de um bom tempo, a única coisa que este


homem fazia era lutar para ter sua vida de volta. Buscava exaustivamente
voltar ao lugar comum, à sua vidinha de político, de “puxa-sacos”. Mas quando
Deus decide algo, sai de baixo, não tem nada que O detenha. Afinal de contas,
Ele é Deus.

O pequeno homem em sua visão reduzida e frágil não conhecia


os propósitos dEle. Não sabia da grande tarefa que Deus havia destinado a ele.
Não sabia que apesar da sua vida pequena, Deus queria realizar algo grande.
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Claro, que este é um filme, e por isso é exagerado, fictício. Mas, ilustra bem o
momento em que vivo agora.

Com Jonas aconteceu o mesmo. Fugiu de Deus e do que Ele


havia determinado para a sua vida, até ser engolido por um peixão. Deus queria
que Jonas fosse até Nínive e dissesse àquele povo pecador para se
arrependerem. Jonas fugiu, fugiu e fugiu, mas nada adiantou. Deus o fez
cumprir com Sua vontade e o povo de Nínive se arrependeu e foi salvo. Deus
havia se compadecido deles e a despeito da vontade de Jonas, tudo se cumpriu
conforme a vontade de Deus. Claro, ele é Deus. Correto, justo e generoso.
Perfeito.
O que acontece comigo é o mesmo que aconteceu com aquele
político do filme. Há alguns meses Deus colocou em meu coração que eu
escreveria um livro. Mas, meu Deus, eu NUNCA havia escrito um livro antes.

Tudo bem, me parece algo bacana. Ok, vamos lá, nas horas
vagas vou escrevendo o tal livro.

Mas Deus com suas atitudes me provou depois que eu estava


errada. Calma lá, quem ordenou isto foi Deus. É algo muito importante.
Requereria dedicação total, afinal, Deus quer fazer algo para transformar vidas,
curar feridas, falar aos corações. Serão necessárias mais do que horas vagas.

E Ele providenciou tudo. Sem me avisar nada. Agora me dou


conta de que este era seu plano: fazer-me escrever o tal livro. E,
conseqüentemente, fazer-me crescer mais espiritualmente. Ter esta
experiência maravilhosa que estou tendo com Ele.

No início me deu pistas fortes da importância da missão.


Mandou um homem crente parar-me na rua e dizer-me que havia algo de um
livro da parte de Deus para mim. Disse a ele que já sabia. O homem parecia
mais impactado que eu pela revelação que Deus o havia dado.

Depois Deus colocou em meu coração de insistir em voltar a


viver com meu marido, pois já estávamos separados há uns sete anos. No início
meu marido não quis, mas o tempo foi passando e pensando melhor no
assunto ele decidiu voltar. Na verdade, Deus o fez decidir fazendo-o cair de
uma moto. E na situação indefesa em que se encontrava, deve ter achado
melhor aceitar meu pedido e minha ajuda. Bom, cá estamos.

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Quando aceitou, me colocou uma imposição: que a gente se


mudasse para Friburgo. Pronto, eu aceitei na hora e fiquei muito feliz de saber
que nossa segunda unidade do curso de informática que temos em Itaperuna,
seria em Friburgo.

Mas, não foi bem assim. Deus queria mesmo era me trazer pra
Friburgo para que eu pudesse escrever o tal livro.

Queria me afastar dos problemas da escola e capacitou meu


filho e uma funcionária para tocarem o negócio em Itaperuna. E a tão sonhada
segunda escola não saiu até agora. Já se passou um ano e nada. Tivemos um
obstáculo intransponível aqui em Friburgo para a abertura da escola. Mas lá na
região da nossa primeira escola surge uma oportunidade, agora, de forma
espontânea. Ainda não temos certeza quanto a abrir ou não a segunda escola.
O que tenho claro é que Deus me quer longe dos problemas de trabalho. Ele
me quer escrevendo o tal livro.

A terceira pista quanto à realização deste livro, se deu quando


uma vez navegando, encontrei um site que mantém contato e expõe trabalhos
de escritores a várias editoras.

Deus ordenou que disponibilizasse a idéia para um livro – para


este livro. Ela foi logo aceita por um editor, que fez contato comigo e queria
publicar o livro sem eu nem ao menos tê-lo escrito ainda. Este Deus é incrível
mesmo!

Mas e a minha vidinha? Meus problemas de dinheiro, meus


problemas com funcionários, com alunos...... “Sem mim, aquilo não anda!”
Doce ilusão! Está indo “de vento em popa”. Meu filho está levando bem a serio,
apesar da pouca idade e está se saindo muito bem.

No momento tenho todas as manhãs livres e nenhum problema


financeiro. Minha casa anda bem, meus filhos estudando. Todos com saúde. O
trabalho do meu marido fluindo maravilhosamente bem e Deus nos suprindo
todos os dias. Além disso, pasmem, Deus me colocou em um lugar maravilhoso.
Aqui é montanha e tenho uma vista linda da minha janela aonde passo minhas
manhãs escrevendo.

Eh, amados, Deus me colocou numa posição em que só me


resta escrever. E aqui estou. Me deu a semente e a terra. Ele vai mandar a
chuva na hora certa.
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Deus vê coisas que não vemos. Olha profundo em nosso


coração e vê a intenção dele. No caso do personagem do filme, se fosse
realidade, Ele certamente teria visto no coração daquele político um desejo
enorme de ajudar o próximo. Claro que o homem buscava isso da forma que o
mundo vê e com as armas que o mundo dá. Mas o desejo estava ali latente e
puro.

Deus conhece nosso coração mais do que nós mesmos. Sabe


aonde vai colocar sua ação.

Se este livro estiver sendo escrito somente por mim, ele está
fadado ao fracasso. Por que este é o caminho comum das coisas que eu inicio e
faço com “o meu braço”. Mas como Deus está neste negócio, este livro não
está sendo escrito para que milhares sejam vendidos, está sendo escrito para
que vidas sejam abençoadas, impactadas, libertas das mãos daquele que nos
paralisa e nos escraviza. O inimigo de nossas almas – o Diabo. E com este fim,
este livro já nasce cumprindo seu objetivo antes mesmo de ser impresso,
porque eu mesma tenho sido tremendamente abençoada por ele. Obrigada,
Senhor, porque Sua obra é completa. E a sua vontade perfeita e agradável.

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Motivos de escrever sobre este tema

Há um ano aproximadamente escrevo artigos em meu blog


www.dricahorta.blogspot.com e disponibilizo estes mesmos artigos em sites de
noticias. A repercussão é boa, todos gostam e comentam minhas matérias. Um
de meus primeiros artigos fala sobre este tema do livro.

Decidi, no momento em que escrevi o texto, que o assunto era


revelador demais para ser explorado somente em um artigo. Merecia se tornar
um livro.

Tenho certeza que muitos, assim como eu era, sofrem do mal


de plantar corpos. Desesperados por resultados. Fracassados em algumas ou,
porque não, em todas as áreas de suas vidas. Cansados de tentar e não
conseguir. Este é um mal do nosso tempo. A ansiedade de ver coisas realizadas,
a cobrança das pessoas quanto a nossas realizações... A sede por resultados.
Isso tudo nos deixa loucos e apressados, sem planejamento algum começamos
a plantar corpos, como nos diz nosso Deus em sua palavra. Nosso coração
ferido planta corpos em lugar de sementes. Precisamos ter nosso coração
curado por Deus para que plantemos sementes e para que Deus possa, então,
fazer crescer os corpos.

Plantar a semente demora muito, pois precisa de tempo para


crescer e virar corpo. Precisa de cuidado. Isto tudo demanda tempo e esforço.
Parece mais fácil plantar o corpo logo pronto. Neste mundo de instantâneos,
de tudo imediato, tudo pré-pronto o negócio é queimar etapas. É só abrir a
embalagem e desfrutar. É só apertar um botão e está tudo feito. Optamos por
este tipo de plantio por que não podemos plantar semente. Sementes
necessitam de corações saudáveis.

Corpos são plantados por corações doentes, magoados, que querem


encobrir suas dores, mostrar algo pronto e aparentemente perfeito.

Mas vamos ver no decorrer do livro qual é o preço que se paga


por plantarmos corpo, e não semente como nos aconselha nosso Senhor em
sua palavra. E, vamos aprender como parar de plantar corpos em lugar de
sementes. E, a desfrutar do tempo que leva para que Deus possa fazer crescer
um lindo corpo na semente que plantamos, enquanto nos faz crescer
espiritualmente.

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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1. O que é Corpo
Definição segundo o dicionário
Segundo o minidicionário Aurélio Buarque de Holanda, corpo é
“a parte central ou principal de um edifício, de um veiculo, de uma idéia, de
uma doutrina, de um texto.”

Definição segundo a palavra de Deus


Em nenhuma das 182 referências citadas na bíblia usando a
palavra corpo pude perceber sentido para a palavra igual ao colocado neste
versículo. Somente neste versículo Deus usa a palavra corpo de forma peculiar.

Por causa da dicotomia SEMENTE X CORPO colocada por Paulo


no versículo, podemos analisar a palavra corpo como a estrutura já madura,
pronta, feita, completa. Se buscarmos no dicionário a palavra, ela se referirá
muito mais como sendo a parte central ou principal de algo. Mas não é
somente neste sentido que vejo a palavra CORPO ser colocada por Deus. É
muito mais alusiva neste caso ao produto final da elaboração da semente. Já
que a semente é o principio, o fim seria o corpo.

Se há um contraste claro entre a palavra semente e a palavra


corpo no versículo, elas estão carregadas de antagonismos e se nos
remetermos a outros antagonismos, iremos parar em BEM X MAL, CÉU X
INFERNO, e também DEUS X DIABO. E, é neste ponto que eu queria chegar.

A semente provém de Deus e o corpo plantado como semente é de


Satanás!

O que é corpo para nós


Corpo desde a nossa perspectiva diminuta, frágil, pequena é a
fotografia da família, o álbum do casamento, o diploma, o título honoris causa,
o carro do ano último modelo estacionado na porta de casa, o corpo malhado,
a esposa lapidada por um cirurgião plástico, a família na festa da escola, a casa
própria, a carreira, a poupança, o seguro de vida, a aposentadoria, os filhos
criados e tudo aquilo que o mundo nos diz que é necessário ter para dizer-se
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que está pronto, completo, bem acabado. Uma vida feita como uma obra de
arte.

Por favor, entendam que esta não é uma crítica a nenhuma


destas conquistas que, de fato, são belas. O que Deus condena é o corpo
esculpido por mãos humanas, para olhos humanos verem e se possível
invejarem. O que Deus condena é o corpo que se mostra, não sendo
necessariamente o que se vive.

Foi desta forma que Deus me deu a revelação quanto a este


versículo e a inspiração para escrever este livro. Foi como um estalo e, tudo
ficou claro, após tê-lo lido. Pude ver como eu vinha há anos plantando corpos
em lugar de sementes. Tentando levar uma vida que não era minha. E com isso
carregando em minhas costas cadáveres que não deram frutos, seqüelas de
decisões mal feitas por falta de paciência, por pressa em realizar coisas que
demandam tempo. Porque precisava mostrar o que eu não era, ter o que não
era meu para diminuir minha dor pelos meus fracassos. Para diminuir a dor
pela péssima imagem que tinha de mim mesma.

O que é corpo para Deus


Corpo para Deus é a estrutura para uma vida plena que Ele
forma para nós, em nossa caminhada por esta vida terrena. Vida vivida para
cumprir um propósito pré-determinado por Ele para nosso bem e de outros,
glorificando assim o nome de Deus.

Corpo é o Seu agir diário em nossas vidas contando com nossa


colaboração. Com nossa dependência. O corpo para Deus é feito a partir do
interior e não somente no exterior. É no interior, na estrutura, que Deus ergue
o corpo. Não foi feito só para ser mostrado. É feito para ser vivido, para ser
bênção. Deus nunca está preocupado com o que os outros vão achar de nós,
Ele está sempre focado em nós. Com nosso bem-estar, nosso crescimento
espiritual. O que acontece é que nunca confiamos em Deus a ponto de deixá-lo
formar nosso corpo. Queremos nós mesmos fazê-lo com nossas forças. Com
nosso braço.

Qual o propósito do corpo para Deus


O propósito do corpo na visão de Deus é dar frutos. Deus
prepara em nós toda aquela estrutura magnífica, ou seja, aquele belo corpo,
para dar frutos. Inclusive existe uma passagem na bíblia que fala do fato de
Jesus amaldiçoar uma planta somente porque ela tinha folhas e não tinha
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frutos. E no momento em que Jesus a encontrou, Ele estava com fome. A fome
física de Jesus não foi saciada por que na planta não havia frutos. Deus seca a
planta que não frutifica. O mundo tem sede, as pessoas estão cada vez mais
sedentas, mais famintas. Elas têm uma fome e uma sede que somente Deus
pode saciar.

Os frutos gerados em nossas vidas pelo corpo que Deus forma é


para alimentar vidas com fome e sede espiritual.

“E, de manhã, voltando para a cidade, teve fome; E, avistando


uma figueira perto do caminho, dirigiu-se a ela, e não achou nela senão folhas.
E disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti! E a figueira secou imediatamente.”
(Mateus21: 18, 19)

Somos conhecidos pelos frutos


Nossos frutos podem ser vistos a partir de nossas atitudes em
cada situação de nossas vidas. Jesus disse que nós somos a vara. A aplicação da
palavra de Deus em nossas atitudes, em nosso dia-a-dia fará fluir de Jesus, que
é a videira, vida para os frutos. Podemos estar em lutas ou em vitórias, temos
sempre que apresentar bons frutos porque vivemos da palavra. Porque nosso
corpo foi formado por Deus e não por nossas mãos. Estamos atados à videira.

"Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não


pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes
em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá
muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer." (João 15: 4-5)

Bons frutos vêm de uma boa videira, como diz o Senhor em Sua
palavra. Sendo Deus aquele que forma o corpo, ou seja, a árvore, bons serão os
frutos. Portanto, quanto mais próximos e íntimos de Deus estamos, mais bonito
e forte será nosso corpo. Conseqüentemente nossos frutos serão saudáveis e
ricos.

“Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos


espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar
maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom
fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os
conhecereis.”(Mateus 7: 16-20)

Esperando em Deus
Plantar corpo não se refere somente a pressa. Fala também do
fato de formarmos um corpo com as nossas próprias mãos. Se refere a não
esperar em Deus. Não confiar naquele que nos ama, que nos conhece
profundamente.

"Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão


com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se
fatigarão." (Isaías 40: 31)

Quando esperamos em Deus coisas milagrosas acontecem


todos os dias. Meu marido não é cristão e sempre me dizia: “Esperar em
Deus...Ele vai vir aqui e me dar uma sacola de dinheiro agora? Porque é disso
que eu estou precisando!”Ele ainda não podia ver a forma mágica como Deus
realiza as coisas em nossas vidas. Por exemplo, estou com meu marido há
quinze anos e pela primeira vez ele está arcando com todas as despesas da casa
sem problemas. Não nos tem faltado nada. Minha vida está maravilhosa.
Estudo, escrevo, cuido de meus filhos e de minha casa. Quer mais mordomia do
que essa? Pois bem, desde que viemos há um ano para Friburgo, Deus foi
providenciando para a empresa de meu marido bons funcionários, uma boa
forma de trabalhar e bons clientes. Que algumas vezes têm até ligado adiando
a instalação do equipamento (ele trabalha com instalação de equipamentos
para aquecimento de água – por energia solar) facilitando assim a entrega para
meu marido quando ele está atrasado. Que bênção, hein? Aí, eu digo a ele: “Vê
como Deus não te dá uma sacola de dinheiro na mão, mas pode te dar ótimos
funcionários, uma forma melhor de trabalhar e bons clientes, que pagam
adiantado?” Isso é esperar em Deus! Deixá-lo agir e mostrar como cuida de nós
muito melhor que nós mesmos. Na verdade tudo o que está acontecendo é
recompensa de Deus por termos sido obedientes e termos colaborado com
seus planos aqui em Friburgo para nossas vidas.

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"A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do


Senhor é fiel, e dá sabedoria aos símplices." (Salmos 19: 7)

"Mas esforçai-vos, e não desfaleçam as vossas mãos; porque a


vossa obra tem uma recompensa." (II Crônicas 15: 7)

O mundo nos ensina a confiarmos somente em nós mesmos. A


filosofia do mundo de hoje fala de egocentrismo, de auto-realização, de auto-
satisfação. Tudo está ligado ao prazer pessoal das coisas. Os valores de Deus
são ridicularizados neste mundo. São considerados primitivos. Valores como
honrar o pai e a mãe, ser gentil e misericordioso, dar uma chance a alguém.
Confiar em Deus. Não usar da justiça dos homens e nem da nossa própria
justiça para com os outros. Estas são coisas “velhas”, amados. O novo é o que
“Eu” quero, o que “Eu” sinto, o que “Eu” faço. Tudo tem que girar em torno de
mim. “Será que Eu estou de acordo com este corpo que Deus está querendo
fazer em mim?” Não, amados, não pode ser assim. Com Deus ou se confia e
segue-se em frente ou não se confia e se “murcha”.

“Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a


vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem. Se vós estiverdes em
mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e
vos será feito.”(João 15: 6-7)

Muitas vezes passamos por lutas mais tempo do que o necessário


por não confiarmos em Deus.

Por querermos fazer tudo à nossa maneira. Sendo que já


sabemos que à nossa maneira tem muito mais chance de dar errado. Mas
seguimos dizendo que confiamos em Deus e fazendo as coisas com nossos
braços. Na verdade, temos que tomar posse da nova vida em Cristo e ir
tratando de vivê-la.

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2. Por que plantamos corpo


Plantamos corpo quando precisamos de cura na área espiritual.
Cura interior. Cura que somente Deus pode nos oferecer. Plantamos corpo
quando pensamos que estamos atrasados na vida. Quando pensamos que só
contamos conosco. Quando sentimos culpa por nossos erros. Plantamos corpo
porque temos pressa, porque precisamos mostrar algo de concreto para as
pessoas – o corpo. Plantamos corpo por insegurança, plantamos corpo por que
nos sentimos sós e precisamos do apoio de outros. Na verdade, precisamos de
Deus.

Plantar corpo é iniciar do meio e ter pressa na conclusão.


Plantar corpo é acumular coisas umas em cima das outras, como que tentando
formar e mostrar um corpo que nunca se forma. E, que quando aparece logo
termina, porque já trás nele prazo de validade. Plantar corpo é estar
desesperado. É não confiar em Deus. É nem saber que Ele existe. É agir por
conta própria.

Quando me vi começando a vida com dois filhos, aliás, dois


bebês, e sem marido. Comecei a plantar corpo. Era o primeiro sinal de que
estava com o meu coração doente e precisava de cura. Mas eu não fazia nem
idéia de que tinha um problema. Comecei a criar muitos problemas para mim e
para os outros até perceber que algo estava errado comigo. Mas isso demorou
muito tempo. Eu pensava que algo estava errado com os outros e não comigo.

Iniciei quatro faculdades sem concluir nenhuma delas porque


pensava não ter tempo para plantar esta semente e vê-la crescer e frutificar.
Queria ver o corpo logo. Precisava mostrar o corpo para as pessoas. Precisava
caminhar no corpo logo. Sempre tentei abrir negócios, porque me parecia a
forma mais rápida de ver o corpo pronto logo. Aquele corpo bonitão e
invejável. Plantei cinco corpos (micro-empresas) que morreram meses depois
de nascidos. O tempo máximo de duração foi de um ano. Eram corpos sem
vida, sem estrutura, sem Deus. Deus não está interessado em nossos corpos
plantados como sementes, Ele está interessado em nossas sementes. Elas
demonstram nossa fé. Elas estão carregadas de esperança, de confiança e Deus
ama isso. Ele faz crescer o corpo enquanto nos trata.

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O corpo é presente de Deus para nós e a semente é nosso presente
pra Ele.

Desde o início, tudo o que plantei foi corpo: olhei para o


Gustavo, pai dos meus filhos maiores, e pensei: “esse é um cara legal pra passar
o resto de minha vida e ter filhos com ele. Ter a minha própria casa. Basta me
juntar a ele e está tudo pronto”. Já comecei a plantar corpo, porque tinha
pressa. Queria sair da casa dos meus pais, não agüentava mais. Mas não sabia
nem trabalhar – nunca havia trabalhado antes, era insegura e tinha medo do
futuro – ele, o Gustavo, era uma boa escolha e estava tudo resolvido.
Coitado!!!Era muito pra ele também, mas eu estava grávida. Tudo bem,
pensava eu. Estava tudo resolvido, nos casamos e seremos felizes para sempre,
como eu queria. Gustavo era perfeito: meigo, amigo, bonito, jovem. Não sabia
que Gustavo tinha muitas limitações – ele não queria casar, não queria
responsabilidade, não me conhecia o suficiente para me amar. Era filho de uma
família humilde do interior da Argentina, eu nem tinha observado isso quando
o conheci. Nos “juntamos” depois de dias que havíamos nos conhecido. Foi,
sem dúvida, plantar corpo. Éramos uma foto bonita de alguma propaganda, de
algum produto para jovens destemidos e cheios de personalidade, mas não deu
certo. E a semente? Não havia semente pra crescer. Já éramos o corpo pronto.
Começando rapidamente a apodrecer do momento em que nasceu por falta de
estrutura.

Mas e a semente? Ah sim, havia uma semente e ela estava


plantada no interior do meu ventre. Eu estava grávida. Era uma menina linda.
Que Deus fez crescer em situação não própria para ela, mas adaptada ao que
tínhamos na mão – meus pais. No corpo que eu plantei (nosso casamento) e
rapidamente morreu – depois de três anos, Deus gerou duas sementes lindas
em mim – Tamara e Martin. Fantástico esse Deus!!! Faz dos nossos erros,
acertos. Com estas duas sementes, eu mais recebi do que dei. Eles me frearam
na velocidade desenfreada em que vinha correndo e plantando corpos. Me
mostraram que passo-a-passo vamos crescendo e nos transformando.
Acompanhando-os nos primeiros passos, nas primeiras palavras, no primeiro
dia de aula na escola, nos primeiros desenhos, primeiras lições...Eu sempre
dizia que não merecia tanto!!! Até hoje recebo mais deles, do que eles de mim.
São responsáveis, fiéis, maduros, equilibrados, atenciosos. Filhos exemplares.

Mas meus filhos, claro, não seriam solução para tudo. Não
solucionariam meu problema emocional. Eu precisava de cura. Estava doente.
Meu coração tinha feridas enormes. Precisava do tratamento de Deus.

O tão desejado sucesso profissional também não solucionaria


meus problemas, até poderiam agravá-los.
20 Eu precisava de cura emocional. O
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fracasso profissional e conseqüente fracasso financeiro demonstravam


claramente que havia algo extremamente errado comigo. Se obtivesse êxito em
minha vida profissional nunca buscaria a cura para minhas feridas. Eu era boa
no que fazia, tinha boas idéias, trabalhava muito e bem. Porque sempre dava
tudo errado e eu tinha que voltar à estaca zero, ou seja, à casa de meus pais?
Todos se perguntavam e eu também me perguntava. Me sentia frustrada e
perdida. Parecia que minha vida corria em círculos. Não saía do lugar, não
havia progressão. Precisava de algo mais que dinheiro, experiências sexuais,
sucesso profissional, imagem de liberdade. Precisava de Deus e de seu poder de
cura. Precisava voltar à casa dos meus pais, pois a raiz dos meus problemas se
encontrava lá e Deus precisava que eu estivesse lá para me curar. Por isso
sempre voltava.

A seguir falaremos mais sobre os motivos pelos quais


plantamos corpo e os sintomas, em geral, demonstrados por aqueles que
plantam corpo. Falaremos disso porque, tomando ciência dos motivos e
descobrindo em você algum sintoma, você terá despertada a necessidade de
buscar a cura emocional e obter a conseqüente vitória total em sua vida.

Plantamos corpo por termos uma ferida no coração não curada


Não importa o sintoma qual seja, a raiz de toda necessidade de
cura vem da ferida que alguém ou algo fez em você. Por causa da dor
provocada pela ferida começamos a fazer coisas que nos levam à culpa, falta de
perdão, impulsividade, medo da rejeição, medo do fracasso, falta de
conhecimento, auto-sabotagem, apego, falta de prioridades, instabilidade,
sensação de atraso, desculpas, troca-troca de cônjuge, troca-troca de emprego,
palavras de maldição, falta de confiança em si mesmo, falta de confiança em
Deus. Fazemos isso porque queremos esconder nossa ferida e precisamos
mostrar que está tudo bem. Que estamos dominando a situação.

Uma ferida só se chama assim porque está aberta. Porque depois


que está curada, se chama cicatriz.

Por anos minha mãe tenta superar suas frustrações por não ter
recebido amor e nem reconhecimento por seus esforços por parte do meu pai.
Ela não sabia que ele a traia. Ela percebia que algo estava errado. Talvez ele a
tenha feito pensar que algo estava errado com ela. Satanás, com certeza, a fez
pensar por anos que a culpa pela falta de interesse dele por ela e pela casa era
dela. Porque o interesse de Satanás é nos fazer sentir culpados. Por que
culpados, ficamos paralisados. E tendemos a formar o ciclo do “culpado culpa
para se sentir menos culpado”. Foi, 21então, o que minha mãe fez. Por se sentir
Simples Sementes em Lugar de Corpos
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culpada pelo distanciamento do meu pai, ela passou a culpá-lo por tudo. E
neste ciclo todos saímos perdendo. Nós, os filhos, ela e meu pai.

Minha mãe é uma mulher de coração duro. Não se dobra ao


cristianismo tão facilmente, mesmo tendo dois filhos e seus quatro netos salvos
por Jesus Cristo. Com este caráter, imaginem como é difícil ela entender que
deve mostrar suas feridas a Deus e pedir para que Ele as cure. Esta pode ser a
sua dificuldade também. Mas o que você prefere? Ser curado e viver uma vida
plena ou continuar ferido e viver uma vida incompleta, errada, ruim? Você,
como minha mãe, com toda esta dificuldade só poderá plantar corpos. No caso
dela, ultimamente ela planta corpo na área profissional. Sinto que ela carrega
uma frustração causada pelo fato de não ter tido uma vida profissional. Ela
considera que se puder se realizar profissionalmente será feliz, já que se
esforçou tanto no casamento e não obteve resultado positivo. Ela se esforçou
tanto como mãe e não teve o resultado e o reconhecimento que ela acredita
merecer. Com isso, montou comigo quatro negócios aos quais abandonou nos
primeiros meses, antes deles acabarem. E, ela mesma, já tentou mais outros
dois negócios com meu irmão. Está tentando um negócio no momento com
setenta anos. Ela crê que pode resolver seus problemas internos com sucesso
profissional e dinheiro. Engano.

Plantamos corpo por culpa


Desde que comecei a cometer erros mais graves na vida, ou
seja, aos dezesseis anos com a perda da minha virgindade, passei a me sentir
culpada. Sentia uma enorme culpa, que me deixou paralisada por anos. Sentia
culpa por saber que estava cometendo um erro grave e que as conseqüências,
muitas das vezes, outros tinham que pagar por mim. No caso meus pais e meus
irmãos. Dei muito trabalho na minha juventude e isso inclui drogas, álcool,
noitadas, muitos namorados (que na bíblia se chama prostituição), aborto e
atitudes rebeldes de todas as formas possíveis. Vivia ao sabor do momento,
dentro daquele jargão do mundo: “aproveitando a vida”. Não parava em lugar
algum, não tinha nenhum projeto e me sentia muito, muito mal. As pessoas
não me entendiam e nem eu mesma. Andava como Alice no país das
Maravilhas, a qual o gato diz: “Se você não sabe aonde vai, qualquer caminho
te leva até lá”. E qualquer caminho me levou a qualquer lugar, muito piores do
que podia imaginar.

Realmente, eu não sabia aonde queria ir. Algo enorme me


prendia para trás ao passado. Eram as feridas que eu tinha por causa da minha
família. Muitas vezes não nascemos com a família ideal segundo o nosso
padrão, ou a família que sonhamos. Não sei como tocar neste assunto porque,
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na verdade, meus pais não fizeram nada de tão grave para que saísse por aí
bebendo, me drogando e transando com todo mundo. Foram pais normais do
mundo. Sem discernimento espiritual algum, mas não fui abusada ou “largada”
por nenhum deles. Minha mãe era muito dedicada. Talvez até ao extremo. Meu
pai nunca nos deixou faltar nada em casa. Ao contrário, tínhamos uma vida
ótima do ponto de vista financeiro. Nenhum dos dois usava drogas ou álcool.
Mas, hoje, eu posso ver as coisas desta forma. Naquela época, não. A minha
percepção das coisas é que me matava. Acho que havia de fato um
distanciamento muito grande deles com relação aos filhos e deles entre eles
como casal.

Na minha infância era assim: Meus pais viviam numa corrida


desenfreada em busca de uma vida perfeita aos olhos dos outros. Meu pai era
homem sério, austero e distante. Estava mais preocupado em trocar de carro
todo ano para visitar os parentes em Belo Horizonte – levar boa impressão de si
mesmo – do que dar afeto aos filhos e à esposa. Sua educação se baseava na
crítica. Nunca o que fazíamos era suficiente. Sempre apontava nossos erros e,
definitivamente, havia excluído a palavra elogio e afeto do seu dicionário.

O assunto dos meus pais girava em torno de promoções no


trabalho e aumento de salário. Minha mãe era dona de casa, e pelo fato de não
exercer profissão, transformou a nossa casa em uma empresa em que ela era a
presidente e nós, seus produtos. Não se preocupavam com qualidade de vida
ou vida em família, com valores morais ou espirituais... Apenas uma oração
aqui, outra ali. Eles viviam preocupados com o que os outros iriam dizer e
nunca, nunca faziam um elogio a um filho, “para não deixá-los seguros demais e
se achando superiores em algo” segundo seus próprios argumentos. E, com
isso, eles deixavam-nos sempre insatisfeitos e sempre dedicados e empenhados
a tentar satisfazer os mais altos padrões de desempenho da dupla de
executivos - meu pai e minha mãe. Nunca conseguíamos! Estes padrões eram
altos demais para nós.

"Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o
ânimo." (Colossenses 3: 21)

Meu pai era totalmente distante, como se fosse um deus.


Alguém inacessível para nós, sua família. Isolado e excluído. Nunca dirigia a
23
Simples Sementes em Lugar de Corpos
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palavra a mim. Somente alguns poucos “boa noite” ou “boa tarde”. Aquilo me
incomodava muito. Satanás, com certeza, me fazia pensar que eu não deveria
valer muito para ele ou que deveria ter algum problema, já que meu próprio
pai me tratava com tanta frieza. Sentia um desconforto e vergonha de mim
mesma pela distância que vivia dele. Não sei se queria beijar e abraçar meu pai,
coisa que somente hoje desfruto, mas gostaria de sentir-me no mínimo visível,
não invisível como suas atitudes me faziam sentir. Ele nos tratava como se não
existíssemos. Tenho certeza que o mesmo aconteceu com meus irmãos porque
os dois têm problemas de relacionamento. Têm um grau alto de carência
afetiva. A ausência do pai nos trouxe seqüelas, feridas que nos arrastam para
longe dos propósitos de Deus, para longe de uma vida equilibrada, para longe
do amor. Com o tempo descobrimos os motivos pelos quais ele se mantinha
distante: casos amorosos fora do casamento e também pelo fato de que meu
avô tratava meu pai da mesma forma.

Minha mãe, desde meus 13 anos, me transformou em ouvinte


de suas reclamações com relação à frieza de meu pai e sua inabilidade em lidar
com os problemas matrimoniais. Minha avó já havia falecido e talvez, minha
mãe não tivesse alguém mais íntimo e de confiança para compartilhar suas
frustrações pela frieza e distância do meu pai. Eu ficava furiosa com a situação
e na adolescência comecei a me rebelar aos poucos contra ele. Na verdade, eu
queria chamar sua atenção. Queria que ele nos desse mais atenção. Queria
também compensar minha mãe pelas coisas que meu pai fazia, ou melhor,
deixava de fazer: com meus primeiros salários comprava anéis de ouro,
comprei uma máquina de costura nova. Mas não adiantava nada. Eu não era
meu pai. Ela queria que ele fizesse alguma coisa, e não eu. O objeto em si não
importava muito. Ela queria que ele desse sinal de vida. Meu pai pensava que
com o dinheiro que trazia para casa já estava cumprindo sua função. Não
precisava dar-nos atenção. Já pagava nossa escola, coisa que não recebeu de
seu pai quando criança. Pagava as melhores escolas de São Paulo.
Comprávamos roupas nas melhores lojas. Ele pensava que isso era suficiente.
Errou. Já sei que hoje ele, de certa forma, assume isso. Não para a família, mas
para ele mesmo. Já o ouvi comentando sobre possíveis erros no passado.

Mas, voltando ao tema da culpa, olhem o tamanho da minha


culpa: Imaginem estar morando com dois filhos-bebês e marido na casa de
meus pais. Nos três primeiros anos morando com o pai dos meus filhos
maiores. E nos anos seguintes com meus dois, três, quatro filhos. Eu me sentia
responsável por cada centavo que eles gastavam, e me propunha a pagá-los
assim que pudesse. Imaginem que absurdo! Aquilo ia se acumulando em meus
ombros e me pressionando para baixo cada vez mais. Essa dívida não se paga.
Ela é impossível de ser paga. Não se faz algo assim com intenção de receber
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algo em troca. Por que é algo feito com amor, por misericórdia, por piedade
pela enrascada a qual eu estava acabando de entrar. Sem trabalho, sem
marido, sem pensão. Minha mãe me dizia: “ninguém vai te querer com dois
filhos”. Coitada, ela não sabia dos planos de Deus para mim. Não sabia que Ele
me amava tanto. Não sabia que Ele acordava e dormia comigo. Que Ele é o
marido das viúvas e das separadas. Que nunca me desamparou. E estava
preparando alguém especial para mim.

A culpa é como a ferrugem. Ela vai nos corroendo por dentro.


Vai eliminando a nossa auto-estima. Vai nos incapacitando. Vai nos fragilizando.
A culpa é a ferramenta de aprisionamento preferida por Satanás. Porque se
acreditamos ser culpados por algo, nós mesmos nos punimos. Eu me punia com
uma vida indigna, longe do que o meu coração dizia ser o certo. A culpa dói. Dói
muito. Porque o ato atroz da punição é feito por nós mesmos. Muitas vezes a
dor da culpa é tão grande que muitos não a suportam e criam em suas mentes
outras realidades por não suportarem encarar a culpa.

A culpa mostra nossa falibilidade. Mostra nossa fragilidade.


Mostra que somos pequenos, que erramos. E temos, em geral, uma dificuldade
enorme de assumirmos isso. Porque quando assumimos que somos frágeis é
sinal de que precisamos de alguém e não gostamos disso. Pensamos e
gostamos de ser auto-suficientes, independentes. Mentira, mentira de Satanás!

Uma vez vi um filme em que o homem havia chegado bêbado


em sua casa, como era seu costume. Pegou seu bebê que dormia no berço e,
por estar bêbado, desequilibrou-se e deixou o bebê cair no chão provocando
sua morte. Matou seu próprio filho por estar bêbado, com certeza, após anos
de reclamações de sua esposa e demais familiares por causa da bebida. Que
coisa terrível, amados, foi aquele fato para aquele homem! Ele saiu naquele
mesmo momento de casa com a roupa do corpo e puniu-se indo viver na rua.
Virou mendigo! Não podia encarar sua família. Assumir seu erro. Ele se sentia o
último dos homens. Nunca durante o filme aquele homem comentou sobre
este fato com outros mendigos amigos. Somente no final do filme ele decide,
depois de anos na rua longe de casa, aparecer para sua família. É desta culpa
que eu falo.

Não que meus pais tenham feito algo realmente grave, como já
disse, para que eu me sentisse ferida e com isso sair cometendo erros graves
por aí. Talvez, eu tenha feito mais coisas erradas no papel de mãe do que
minha própria mãe. No entanto, meus filhos não demonstram nenhum
problema maior. São sóbrios e equilibrados. Amáveis e gentis. Talvez, todas as
vezes em que pedi perdão por atos que eu considerei que tenha feito e que
foram errados. Não sei. Tenho que considerar que Deus age na minha vida e
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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isso faz muita diferença. Não quero julgar meus pais. Eles fizeram o melhor que
puderam. Mas culpa leva a culpa e...

Tentava me livra da culpa culpando meus pais.

A única coisa que me dava força para lutar era pensar que eles
eram culpados pelo que me aconteceu. Isso me dava alívio e força, pois
diminuía minha culpa por meus atos. Mas este alívio, assim como as drogas e o
álcool abriam um abismo maior entre eu e eles, entre eu e minha vida. A vida
que eu ansiava. A vida que Deus queria para mim.

Além do álcool, das drogas, do sexo e além de culpar meus pais,


eu também usava outra estratégia que só piorava tudo mais: era o plantar
corpos.

Por estar atrasada na vida, assim eu pensava por causa dos


meus erros, eu acreditava que tinha que fazer algo para solucionar minha
situação e demonstrar que eu tudo podia. Pensava e queria provar que podia
ser rebelde e levar a vida na contramão da ordem social e religiosa e ainda sim,
sair vitoriosa. Precisava, é claro, mostrar o corpo maduro às pessoas para
isentar-me da culpa. Mentira, mentira de Satanás! Mas com este raciocínio e
esta necessidade comecei a plantar corpos. Casamentos sem estrutura, filhos
sem estrutura, empresas sem estrutura.

Plantamos corpo por falta de perdão


Plantamos corpo por termos uma ferida aberta que sangra vez
ou outra. E era por causa desta dor que eu, por exemplo, buscava alívio nas
drogas, no sexo e no álcool. É por causa desta mesma dor que existem pessoas
que resistem a uma cura. Escondem suas feridas como se fossem de estimação.
Sabem aquelas pessoas que se referem a uma doença como se fosse algo
íntimo e particular? Do tipo: “a minha úlcera está doendo hoje”, entendem? Se
referem ao seu problema com carinho. Como se tivessem ciúmes.

Pois assim são muitas pessoas com relação às suas feridas


emocionais. Elas as tratam como se fossem suas, intocáveis. Não querem
tratamento, não querem expor sua ferida. Escondem-na até de si mesmas.
Temem sentir dor ao expô-las, ao deixar Deus tratá-la. Se comportam de forma
arredia e presunçosa. “A culpa é dela, eu não a perdôo nunca. Comigo ela não
tem vez”. Conhecem este tipo de discurso?

Temos uma funcionária que já está conosco há mais de dois


anos. Quando a conheci, anos antes dela vir trabalhar conosco, eu sabia que ela
tinha fama de ser elétrica e um pouco desequilibrada. Mas todos concordavam
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que ela sabia trabalhar bem, até certo ponto. Mas era este ponto que eu não
conseguia precisar. Ela é muito esforçada, coisa rara por estas bandas.
Estudava, trabalhava, muitas vezes, em mais de um emprego e investia todo
seu tempo em trabalho e estudos. Um dia seu currículo apareceu em minhas
mãos. Antes de ver a foto, li suas qualificações e pensei “esta é a pessoa que eu
estou procurando”. Até observar bem a foto e ver que se tratava “daquela
moça”. Meu Deus, nem pensar! Todos já tinham me avisado que ela é meio
“maluquinha”. Não. Esta garota, nem pensar! Tempos depois olhando
novamente currículos me deparo outra vez com outro currículo dela. Não. Nem
pensar. E isto se repetiu por mais algumas vezes. Meu Deus! Já era o Espírito
Santo de Deus trabalhando em mim e na situação. Um dia encontro com uma
pessoa que a conhecia e perguntei se era uma boa decisão contratá-la. A
pessoa me disse que poderia valer a pena já que eu precisava de uma
vendedora. Retruquei, testando-a, afirmando que sabia ser ela um pouco
desequilibrada. Esta pessoa me respondeu: “Adriana, você sabe, ela é ligada em
220 volts” Bom, eu estava precisando. O currículo dela era bom, mas
demonstrava ser instável, já que havia passado por quase todas as melhores
empresas da área de informática da cidade. Por quê? Será que ela não era boa
o suficiente? Será que ela se sentia insatisfeita rapidamente com o trabalho, ou
com a empresa? Não poderia saber aquela resposta a menos que a contratasse.
Entrevistei-a e a contratei. Foi tudo um desastre. O que temia aconteceu. Ela
não era tão boa em vendas, competia com todas as funcionárias e rapidamente
desestruturou a equipe que eu tinha. Resultado: ela acabou pedindo demissão
depois de alguns meses. Mas nossa estória estava só começando.

Como ela não era tão boa em vendas apesar de ter passado boa
parte de sua vida profissional trabalhando como vendedora, eu resolvi colocá-la
em outra posição. Convidei-a para ser professora. No início ela relutou dizendo:
“Será que eu sou capaz?”. Eu a estimulava porque via nela qualidades e
conhecimentos suficientes para preencherem as minhas expectativas de
encontrar um professor mais humano, mais versátil, mais dinâmico do que os
que eu tinha. Pimba! Acertei na mosca. Ela foi, mesmo que de forma insegura
no início, demonstrando muito talento para a função. E ela estava muito
estimulada também. Mas naquele momento não tínhamos muitas turmas para
ela. Comecei um novo projeto ao qual imaginava que ela poderia se encaixar
maravilhosamente. E Pimba! Acertei de novo. Em nossa cidade não existem
agências de emprego. E eu precisava colocar nossos alunos no mercado de
trabalho. Convidei-a para selecionar entre nossos alunos, os melhores, para
encaminhá-los para as vagas de emprego que ela mesma buscaria. Excelente.
Tudo ia maravilhosamente bem até que apareceu uma empresa de fora da
cidade com duas excelentes vagas. Com salários maiores que o dela, a
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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selecionadora. Meu Deus, bateu aquela fraqueza nela, e ela mais que
rapidamente, sumiu se apoderando da vaga de emprego.

Meu Deus, que decepção! Mas como disse anteriormente


nossa estória estava só começando. Claro que nada deu certo para ela na outra
empresa e ela teve que voltar rapidamente para sua velha realidade. Soube,
sem querer, que ela estava trabalhando no Bob’s. Que bom! Não guardava
mágoa. Já aprendi a esperar as piores traições e injustiças por parte de
funcionários. Na hora a gente se surpreende com a falta de ética, a falta de
respeito, a falta de reconhecimento que a quase totalidade dos empregados
têm com seus patrões, sempre encarando-os como inimigos. Mas depois nos
lembramos que são apenas funcionários. Uns vão, outros vêm. Não levo mais
para o lado pessoal e nem guardo rancor, coisa que não faz parte do meu
vocabulário de vida cristã. Dói um pouquinho, mas o tempo passa e trato de
liberar perdão logo que me sinto a vontade para fazer isso. E no caso dela, além
de voltar a falar com ela normalmente, acabei por aceitar o pedido dela de
voltar a dar aulas em nossa escola. Afinal, ela era boa fazendo isso e tinha me
dado boas idéias para a escola também. Eu precisava de alguém para seguir
com o projeto de ampliar os cursos na área administrativa. Por que não?
Recomeçamos nosso relacionamento. Contratei-a novamente. Ela foi, então,
ganhando mais espaço e se envolvendo mais com a escola. Quando
percebemos, ela estava dominando tudo, e eu já a tinha colocado como
gerente, quando Deus me mandou para Friburgo. Tudo corria muito bem. Ela
estava escrevendo para uma revista do ramo empresarial de nossa cidade.
Vinha ganhando boa reputação e sucesso. Na escola recebe um bom salário e
parecia muito satisfeita. Até que em uma de minhas viagens começo a ficar
cansada de encontrá-la sempre desequilibrada novamente, cada vez que volto
a Itaperuna. Pedi que fosse misericordiosa com uma funcionária que havia
cometido erros graves, mas era uma boa funcionária. Ela se recusou. Minha
amiga mostra, dia após dia, que a despeito do nível que alcança
profissionalmente, a despeito do carinho e dedicação que eu possa oferecer, a
despeito do destaque que ela tiver profissionalmente, a despeito do salário que
receba, a despeito do grau de segurança que ela possa atingir com relação ao
seu desempenho e a suas capacidades, estará sempre desequilibrada. Com
brincadeiras agressivas, que destoam da conversa, estará sempre sendo
procurada por cobradores, estará irredutivelmente dura na questão do perdão,
da misericórdia. Fiquei arrasada até que o Espírito Santo me mostrou que a
minha amiga se comporta desta forma porque nunca perdoou sua mãe. Ela foi
adotada por um casal e sua mãe adotiva a maltratava quando pequena. Ela se
lembra bem disso e não a perdoa. E não perdoa sua mãe natural também, por
havê-la dado a outra família. Quem sou eu para julgar alguém, ou imaginar
todo o sofrimento que esta criança28passou. Mas a minha amiga está com sua
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vida estagnada, dando voltas em círculos como eu, lembram? Ela não é
vencedora porque tem uma ferida enorme e só pode se livrar desta ferida
perdoando suas duas mães e entregando seu ferimento e sua dor ao Pai.
Somente Ele pode fazer algo por ela. Eu tentei, amados, com minha força e
teoria de educadora a estimular sua auto-estima, mas não adiantou de nada. Só
diminuiu sua dor por um tempo. Ela precisa de cura emocional. Cura da alma.
Minha atenção, os elogios que recebe, a boa impressão que causa em muitas
pessoas, servem somente para aliviar a dor desta grande ferida que ela tenta
esconder. Amados, mais valeria a ela mostrar sua grande ferida, tirar todos os
curativos ineficientes que ela colocou encima e entregar a Deus para que Ele
cuide. Dói, dói muito, mas é melhor que passar toda uma vida de prisão, de dor.
Pelo menos, quando entregamos a Deus, Ele vai com o tempo curando e
quando percebemos estamos curados. O ferimento não dói mais. E podemos
falar no assunto sem raiva, sem choro, sem fuga. Aí sim, curados, Deus pode
nos conduzir ao próximo nível de nossa caminhada espiritual.

O perdão é um primeiro passo, muito importante, na cura


interior. Pedimos perdão ou liberamos perdão por amor a Deus, mais do que
por amor à pessoa que pedimos perdão. Pedimos perdão ou liberamos perdão
para nos livrarmos da tensão, da dor, da prisão que nos ata àquela pessoa. Sei
que Deus é poderoso, claro, e que irá operar na vida de nossa funcionária.
Aprendi que eu, com minha força posso somente aliviar a dor dela. Não posso
muito. Ela precisa de Deus e de sua cura. Amados, ela é evangélica, é
extremamente atuante em sua igreja. Mas está com ministério, com vida
profissional, com vida pessoal, com todas as áreas de sua vida estagnadas
porque está doente. O que posso fazer é pedir a Deus por ela. O mais é por
conta dela e de Deus.

Ela planta corpo na área profissional mostrando ser uma


excelente funcionária, mas não tendo estabilidade e nem crescimento palpável.
Planta corpo na área ministerial quando prega para jovens e não pratica o que
prega, além de não ter crescimento palpável. Como professora também ensina
o que não pratica muitas vezes. Ela tem uma casinha própria muito simples e
um dia destes tivemos que deixar um visitante lá por uma semana. Amados,
faltava água. O homem ficou três dias sem tomar banho. E sabe o que ela pensa
em comprar como algo de mais urgente em sua casa? Um armário. Nas
finanças ela também só planta corpos, ela sabe bem disso. Sempre
conversamos sobre o assunto.

“Senhor, abençoe esta vida com uma visão diferente sobre


sua situação. Que ela possa, de fato, se render aos Seus pés e colocar em Suas
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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mãos as suas feridas. Para ser curada e receber a vida plena que o Senhor
tem para ela.“

Plantamos corpo quando agimos por impulso


Se alguém nos faz uma oferta e com isso mudamos
constantemente as coisas sem medir as conseqüências, nós estamos formando
um corpo sem consultar a Deus, sem submetermos nossa decisão ao Senhor de
nossas vidas. Isso demonstra, com certeza, que estamos plantando corpos.
Quando seguimos a Deus e esperamos nEle, nunca agimos por impulso e
sempre damos o passo certo e firme.

Num determinado momento, eu estava falida mais uma vez.


Gastei todo o dinheiro da venda da minha casa em um negócio. E, com os 40mil
da casa, lucrei uma dívida de mais de 100 mil reais. Era o fim da linha. Mais uma
vez humilhação, perseguição de credores, vergonha, nome no SPC. Fiquei sem
dinheiro, envergonhada em casa. Comecei a pensar no porquê destas coisas
acontecerem comigo e Satanás deu seu golpe final – Você tem desequilíbrio
mental!!! Claro. Só poderia ser isso. Quatro falências, três filhos na época,
quatro faculdades interrompidas e não concluídas...fácil ver que tem problema
sério aí. Só posso ser “maluca”. E, deste momento em diante, já me sentia
como louca. Passo seguinte: se sou louca e não sirvo para nada, melhor parar
de fazer todos sofrerem e me matar logo de uma vez. Acabar com todo esse
sofrimento. Então comecei a pensar insistentemente em “como” fazer isso –
como cometer um suicídio. Com um tiro? Tomando todos os remédios da
gaveta de remédios de uma vez? Atropelamento? Batida de carro....só pensava
no como!!! Que sofrimento!! Todos os dias, eu só pensava e até falava na
frente das crianças. A palavra de Deus diz que a boca fala do que o coração está
cheio. Meu coração estava cheio de mágoa, cheio de tristeza, cheio de desejo
de morte. Para me livrar desta obsessão pedi ao Carlos, meu marido, para me
ajudar. Ele sempre foi bom nisto. E fomos para Macaé tentar um retorno, uma
volta em nosso casamento, porque neste momento estávamos separados.
Macaé era a Meca para muitos. Lugar para se fazer dinheiro e isso significava
esperança para mim de refazer meu casamento e minha vida. Já que pensava
que minha felicidade dependia de dinheiro. Estava tentando sair de uma
depressão. A mais forte que tive até então. Pedia a Deus para unir a minha
família. O que Ele fez?

Ele plantou em meu ventre uma semente linda que se chama


hoje, Beatriz. Naquele momento não entendi nada. Carlos e eu nos separamos,
de novo. Ele não queria a gravidez. E eu dizia a Deus: ”Senhor, o Senhor quer
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acabar comigo? Te peço para unir minha a família e o Senhor me dá mais um


filho?”. Realmente, eu não sei nada de nada. Se fosse agir por impulso, teria
feito um aborto. Mas não. Foi pelo temor e pela obediência a Deus que eu
decidi a qualquer preço, mesmo em situação precária, levar a gravidez e seguir
a Deus.

Por causa da gravidez, uma força interior gigantesca começou a


tomar conta de mim. Necessidade de sobrevivência, de luta pela preservação
da espécie. Algo visceral começou a me tirar daquela profunda depressão. A
depressão era tão forte que me fez até não sentir o gosto da comida. Mas
depois da gravidez, tudo voltou a ter sabor, por causa do ser que Deus gerava
dentro de mim. Que experiência!!! Queria viver!!! Não era racional, era
químico. O gosto pelas coisas voltava aos poucos. Mas, ainda a incerteza de
estar grávida com 42 anos de idade, me deixava na expectativa do que Deus iria
fazer. E se esta criança viesse com algum problema grave de saúde? Todos
iriam virar as costas para mim. E se eu tivesse algum problema grave? Afinal
são 42 e não mais 23 anos, entende? Mas o que vocês acham que este Deus
maravilhoso fez? No dia do nascimento da Beatriz me trouxeram uma linda,
disse linda menina perfeitinha. Eu fiquei bem e ela também. Deus cuida de nós
todo o tempo. Isso já era suficiente – ser perfeita e estarmos as duas bem. Mas,
como Deus é generoso demais, Beatriz é loirinha, sonho de uma mãe morena. E
lindinha demais. O bebê mais lindo que já tive e olha que meus filhos são muito
bonitos.... Que Deus de medidas recalcadas e transbordantes!!! Ninguém virou
as costas para mim. Ela é o centro das atenções da família. E não só todos estão
me apoiando, como eu voltei a ter minha família. O Carlos, por causa dela, me
confessou, um dia, ter ficado bloqueado com possíveis idéias de ter outra
esposa ou outra família – por causa dela, amados. Vocês se lembram que eu
pedia a Deus para unir minha família, quando Ele me deu a Beatriz? Ela foi a
ferramenta de Deus para unir esta família. Mas só pude entender muito tempo
depois. Voltamos a viver juntos novamente após oito anos de separação. Deus
honra aqueles que o temem, não agem por impulso, guardam seus
mandamentos e O amam.

"Em lugar da vossa vergonha tereis dupla honra; e em lugar da


afronta exultareis na vossa parte; por isso na sua terra possuirão o dobro, e
terão perpétua alegria." (Isaías 61: 7)

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Plantamos corpo por rejeição
Quem agüentaria a rejeição que José sofreu? Vendido como
escravo pelos próprios irmãos. Movidos pelos ciúmes e pela inveja porque ele
era filho da esposa legítima e não de servas, e também era um dos últimos dos
doze filhos de Jacó. Trocado por vinte moedas de prata. Pobre José, rejeitado
pelos irmãos. Passaram-se muitos anos até que José pudesse rever seus irmãos
e com eles acertar as contas. Depois de tudo o que Deus tinha feito por José, na
verdade, Deus não o deixaria sem mais esta vitória. Sem esta experiência
espetacular. Depois de ter se tornado o governador do faraó, homem de total
confiança dele, José tinha tudo em suas mãos. Faltava apenas que o sonho se
cumprisse e que ele reinasse sobre seu pai e seus irmãos, motivo pelo qual seus
irmãos o venderam como escravo.

“Então Judá disse aos seus irmãos: Que proveito haverá que
matemos a nosso irmão e escondamos o seu sangue? Vinde e vendamo-lo a
estes ismaelitas, e não seja nossa mão sobre ele; porque ele é nosso irmão,
nossa carne. E seus irmãos obedeceram. Passando, pois, os mercadores
midianitas, tiraram e alçaram a José da cova, e venderam José por vinte
moedas de prata, aos ismaelitas, os quais levaram José ao Egito.” (Genesis 37:
26-28)

Parece que no início do seu encontro com os irmãos, como


privilégio de não ter sido reconhecido por eles, José ainda era movido por um
certo rancor. Ele esperou até que este sentimento se acalmasse dentro dele e
que Deus o orientasse sobre como fazer esta reaproximação. O Senhor o
orientou a receber bem seus irmãos e seu pai e acolhê-los em suas terras. Esta
é sempre a instrução de Deus para estes casos. Lembre-se que Jesus disse para
darmos a outra face. É deste evangelho que falamos, vivemos e nos
alimentamos todos os dias. O evangelho da Paz.

"Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao


que te houver tirado a capa, nem a túnica recuses;" (Lucas 6: 29)

O rejeitado não rejeita, neste evangelho. Acolhe.

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José poderia haver humilhado e expulso seus irmãos, mas não.


Ele os acolheu. José não plantou corpo, sempre esperou em Deus e aguardou
suas providências e orientações. Após ter sido colocado injustamente na prisão
por Potifar, esperou dois anos após ter pedido a outro preso que falasse dele
para o Faraó. Até o dia em que Faraó teve um sonho e ninguém pôde
interpretá-lo. Aí sim, chamaram José e ele pôde instruir o Faraó e tornar-se seu
homem de confiança. A ponto de José se tornar o homem mais poderoso do
Egito e transformar aquele reino no mais poderoso da região.

E você o que faria se fosse rejeitado por sua família, se fosse


vendido por alguns tostões? Se fosse privado do convívio com seus irmãos, o
convívio com sua mãe, seu pai? Suportaria e esperaria em Deus ou sairia
plantando corpos? A maioria de nós seguiria o caminho do crime, se renderia às
drogas, álcool, prostituição. Com um coração ferido e rancoroso a maioria de
nós faria as piores escolhas. Não conseguiríamos formar uma família, não
conseguiríamos ter uma vida equilibrada. Quase todos nós faríamos o pior. Eu
mesma, por muito menos fiz o pior que pude. Mesmo assim, o Deus que sigo é
misericordioso e esteve comigo todos estes anos. Ele conhece meu coração e
está me dando uma vida de honra, mesmo sem eu merecer. Ele me ama, e
pode fazer comigo o que fez com José. Por amor de mim. Pode fazer de você,
amado, um José. Basta que você, mesmo que rejeitado, confie em Deus, receba
seu amor e cuidado todos os dias e haja de acordo com suas instruções. E se
você foi rejeitado, deixado por seus pais, dado por sua mãe a outras pessoas,
criado por alguém que não te amou, não plante corpos, escolha as sementes de
Deus. Mas se você anda plantando corpos, pare agora! Analise sua vida,
entregue seu coração ferido a Deus e confie nEle. Ele transformará seus corpos
plantados como sementes em lindos corpos abençoadores e frutíferos. Belos
frutos servirão de alimento àqueles que têm fome e sede de Deus.

Plantamos corpo por medo do fracasso


O fracasso sempre foi meu lugar comum. Era tão previsível a
iminência do fracasso que era como se eu iniciasse bem algo já esperando a
hora em que tudo iria acabar mal.

Em tudo que eu me metia sabia que em algum momento, por


melhor que estivesse, tudo iria começar a caminhar na contra-mão. E eu, como
já prevendo tudo, antecipando os fatos, começava a buscar as soluções para o
mal agouro. Tomava iniciativas na intenção de apressar minha ruína para evitar
os períodos piores, os períodos mais dolorosos. Que mentira! Era pior ainda
passar por tudo de novo. O vazio do fracasso. Que horror! Que mal estar.
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Encontrar as pessoas na rua e ser perguntada sobre a confecção, por exemplo,
e ter que dizer que não estava mais com ela.

E com esse temor ao fracasso, plantava corpos. Por exemplo, se


tinha um negócio e já começava a sentir que iria ter dificuldades, mudava sem
orientação de ninguém, o ramo de atividade, ou o público alvo. Mudava tanto
de estratégia que houve uma vez que durante dois meses tinha dois negócios
em um mesmo escritório e não tinha experiência em nenhum deles. Fracassei,
é claro, nos dois ao mesmo tempo. Contratei tanta gente que não cabíamos no
mesmo lugar. Era um corpo plantado encima de outro e todos já mortos.

Buscava com minhas próprias mãos o fracasso diante dos


primeiros obstáculos, porque queria diminuir meu sofrimento. E com isso abria
negócios como quem joga na loteria. Não disposta a pagar o preço e insistir
buscando “soluções”. Ou, uma outra oportunidade de jogar para ter mais
esperança de sair daquela situação. Mas, já derrotada, fraca, indigna, me
colocava à frente da falência propriamente dita. Julgava ser uma vitória tentar
contornar a derrota, antecipando-me a ela. Que loucura. Mas e a vitória? Todos
esperavam a vitória. Eu mesma nem sei o que esperava. Creio eu que esperava
que algo fora de mim, além de mim, me entregasse a vitória de mão beijada,
em minhas mãos.

Eu era fraca, não agüentava nenhum tipo de pressão. Qualquer


coisa me derretia como manteiga, me desmanchava. Qualquer coisa, cama e
choro. Como uma criança mimada e carente. Isso mesmo, como eu era carente!
E buscava sanar minha carência produzindo mais carência. Levava tudo pelo
lado pessoal e me ressentia da maldade alheia. Da mentira alheia. Eu era uma
mulher tola, ou “maldita” segundo a palavra de Deus. Dava pena de me ver.
Toda “enrolada”, com quatro filhos na casa da mamãe. Chorando...

"Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e


faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!" (Jeremias 17: 5)

Algumas traduções dizem tolo em lugar de maldito. Quantos de


nós somos tolos, amados? Temos que fazer a nossa parte, e não ficar
choramingando pelos cantos porque as coisas e as pessoas não são como
queremos. Vamos fazer a nossa parte mesmo que saia tudo errado, Deus fará
nossos erros virarem acertos. Vamos fazer a nossa parte mesmo que ninguém
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acredite em nós. Vamos fazer a nossa parte por que somos filhos de Deus,
porque somos Seu Marketing. Porque confiamos nEle e em suas instruções.
Façamos a nossa parte quantas vezes forem necessárias. Este evangelho não é
para fracos. Perdão, ele é para fracos. Ele nos faz fortes, se praticarmos o que
Ele nos ensina. Porque a nossa força está no Senhor. Ele nos preenche com o
que não temos: estabilidade, força, persistência, coragem e com isso nos
entrega a vitória.

Eu era fraca e tola, hoje sou forte e sábia. Deus vem forjando
este caráter em mim. Não é mérito meu.

Plantar corpo quando “usamos nosso braço”


Contei-lhes a história da minha vida para ilustrar bem o que é
plantar corpo e porque fazemos isso.

Enquanto não entregamos o corpo plantado como semente a


Jesus, este corpo não evolui, fica como morto. Há alguns anos atrás, Deus me
permitiu e me orientou a dar aulas, montar uma escola e ver tudo dando certo
ao seu tempo, com esforço e persistência. Neste tempo tinha também um
jardim e cuidava dele. Esta experiência foi marcante para mim, pois após
plantar a semente, ia insistentemente mais de uma vez por dia ver se algo
nascia. Que ansiedade eu tinha de poder apreciar o que ia nascer. Mas ainda
não entendia que o meu tempo não era o mesmo da natureza. O mesmo
acontece com as coisas de Deus. Em geral elas demoram muito mais tempo do
que esperamos.

Pude também concluir que não dependia de mim o


crescimento da planta e que independente do meu esforço ela nasceria no seu
tempo, cresceria no seu tempo e daria frutos conforme a sua vontade. O
Espírito Santo de Deus trabalhou fortemente em mim naquele lugar, naquele
momento. Me fez abandonar as drogas, o cigarro, o álcool. Ministrou ao meu
coração fazendo-me afastar das coisas erradas. Isso tudo sem conversão, sem
freqüentar igreja e sem o apoio de ninguém, somente Deus e seu Espírito que
desde há muito tempo (aos meus 17 anos) já habitava em mim.

Hoje, planto sementes que eu cuido, para deixar Deus fazer


crescer um corpo lindo e sadio. Que traz benefícios a mim e a muitas outras
pessoas.

Hoje, por exemplo, Deus me deu de volta meu casamento, está


me dando de volta a união familiar que eu tanto sonhei. Neste novo lugar –
35
Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Friburgo. E quando vim para cá ainda estava com a tal ansiedade, querendo
plantar corpo. “Bom, já que estamos todos em uma casa, a família já está feita,
vamos ganhar dinheiro que é o que precisamos para resolver nossos
problemas”. Ledo engano. Estamos plantando uma semente orientada por
Deus para Ele fazer crescer um corpo. Não tem nada pronto aqui. Está tudo por
se fazer. Muito por ser feito em nós. E enquanto Deus nos trata, o corpo vai
crescendo, tomando vida.

Na área familiar estou realizando junto a Deus um dos meus


maiores sonhos: ter minha família, minha casa. Cozinhar para eles, planejar o
futuro com eles. E tem sido luta. No início, todos os dias eu queria desistir, e
voltar para o Egito. Mas Deus me advertiu, me exortou com sua palavra e me
fez ver que Ele me açoita para me chamar de filha (Hebreus 12: 6), me consola
e me põe de novo em seu caminho. Assim como Jonas, assim como o povo de
Israel no Egito.

Na área espiritual venho crescendo em fé e intimidade com


Deus a cada dia. Se, eu começo a plantar corpo, Deus não pode fazer crescer
nada que Ele queira, encima do que eu quero fazer com meu braço.

Plantar semente é ter a expectativa de ver um corpo crescer e


desfrutar de seu fruto.

Mas, se a nossa expectativa beira a ansiedade, nós não estamos


plantando semente. Se nós procuramos fazer com nossas forças que as coisas
dêem certo, não estamos plantando semente. Quando usamos nossa força, ou
seja, nosso braço, nós estamos plantando corpo.

Plantamos corpo por falta de conhecimento


Não temos nem idéia do que nos acontece quando estamos
plantando corpo. Não sabemos o que está acontecendo. Vemos que as coisas
não dão certo, mas nem imaginamos porque.

Não sabemos que estamos sofrendo por causa de ferimentos


em nossas almas. Menos ainda que nós estamos sofrendo porque fazemos as
coisas erradas por causa destes ferimentos. Pensamos, claro, que a culpa é dos
outros. Tentamos fazer as coisas certas e nada dá certo. Confesso a vocês que
agora, depois de todos estes anos é que as coisas começam a dar certo para
mim. Pensava que nada dava certo por causa do passado, dos meus pais, até
poderia pensar que tivesse sido por causa dos meus erros do passado. Mas, na
verdade, não era nada disso. Precisava ser curada e precisava de tempo para
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Deus agir em mim. Para que estivesse tão próxima a Ele que O pudesse deixar
agir. Precisava passar pelo tratamento de Deus, ser curada e seguir suas
instruções. Relaxar diante do Senhor. Esperar nEle.

"O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o


conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei,
para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei
do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos." (Oséias 4 : 6)

Como podem ver o conhecimento e a aplicação do que


Deus orienta-nos a fazer é tão importante, que Deus nos adverte que Ele
esquecerá de nossos filhos, que são nossos frutos. O que Ele nos promete está
em sintonia com a ordem natural das coisas. Se a semente não é boa, e se não
cuidamos da planta conforme as instruções do Mestre, nossos frutos
perecerão. Serão ruins, amargos, feios, podres. Aí cabe o livre arbítrio.
Podemos optar entre seguir a Deus ou não, o que não podemos fugir é das
conseqüências das nossas escolhas.

Se Deus nos diz para termos controle sobre nossas


emoções, nossos ímpetos, ou seja, domínio próprio como diz em Gálatas 5: 22-
23, e continuamos a brigar, gritar e humilhar o atendente de loja por causa dos
nossos direitos de consumidor, por exemplo, estamos fora da instrução de
Deus. Portanto, as conseqüências são abandono e estagnação espiritual.
Conheço muitos crentes que vão à igreja com freqüência, sobem ao púlpito,
são respeitados na igreja, mas diante de situações de ameaça, se mostram
verdadeiros “barraqueiros”, ameaçadores da paz, intransigentes, difíceis de
lidar. Eles não se dão conta que são estas pequenas coisas que demonstram sua
falta de compromisso com Deus. E que muitas vezes é por causa deste tipo de
comportamento que novos convertidos saem da presença de Deus. Não basta
ir à igreja, comprar livros, CDs, camisetas, dizimar valores altos. Temos que
calar na hora em que todos esperam que gritemos. Temos que oferecer a outra
face, assim como Jesus (Mateus 5: 39).

Se não entendemos o que nos acontece, não podemos


buscar a cura, a solução dos problemas. Pensamos que fracassamos porque não
era o momento. Pensamos que fracassamos porque não temos experiência –
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Deus capacita aqueles que Ele orienta. Pensamos que fracassamos por causa da
crise mundial – Não há crise mundial para os que confiam em Deus. Pensamos
que fracassamos por que o negócio é ruim – Mentira! Fracassamos porque
temos um problema na alma e precisamos de cura. Depois dela, tudo caminha
bem – não há fracasso. Só vitória.

“Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo


o que o homem semear, isso também ceifará”. (Gálatas 6: 7)

"Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma


coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus," (II
Coríntios 3: 5)

Plantamos corpo por não abrirmos mão de certas coisas


Faz muito pouco tempo, eu já estava morando em Friburgo,
quando ainda plantava corpo na área profissional. Deus me pediu a Provirtua,
nome da nossa escola em Itaperuna. Ele foi me preparando aos poucos para
tirá-la de mim. E, claro, como sempre, custei um pouco até entender.

Deus me falou no dia 26 de maio de 2009 que era para que eu


colocasse tudo às suas expensas e sob sua direção. Com estes versículos:

“Ora, ia com ele uma grande multidão; e, voltando-se, disse-


lhe: Se alguém vier a mim, e não aborrecer ao seu pai, e mãe, e mulher, e filhos,
e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu
discípulo. E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode
ser meu discípulo. Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta
primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para
que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo
acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele. Dizendo: Este homem
começou a edificar e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo à guerra a
pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com
dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? De outra
maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, e pede condições
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de paz. Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não
pode ser meu discípulo. Bom é o sal; mas, se o sal degenerar, com que se há de
salgar? Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora. Quem
tem ouvidos para ouvir, ouça.” (Lucas 14: 25-35)

Porque eu o havia perguntado o que faria com a Provirtua, já


que ela está sempre com problemas e nunca conseguimos sair do lugar, ou
seja, nunca conseguimos crescer. Quando cheguei à conclusão de que Deus me
pedia a Provirtua, comecei a pensar no fechamento da Provirtua, depois
pensava na tristeza de não ter mais os alunos, de não oferecer mais o ensino,
então, pensei nos computadores parados e concluí: “Deus só pode estar me
mandando fazer um projeto comunitário!”. Pensei de forma rápida e impulsiva,
como sempre, em doar os computadores para este “projeto”. Mas, na verdade
não era bem isso o que Deus queria. Ele me queria fora da Provirtua. Mas eu
não entendia. Achava que Ele me queria ainda como Diretora, mas de uma
ONG. Mentira! Ainda bem que pude esperar mais. Esperar em Deus e buscar
Sua resposta.

Se tivesse agido por impulso, estaria plantando corpo, e


também, se não tivesse aberto mão da Provirtua estaria em Itaperuna ainda –
plantando corpo.

Deus pediu para que eu abrisse mão da Provirtua. O problema


não é a Provirtua, o problema eram os motivos pelos quais eu tinha a Provirtua.
Eram motivos não alinhados com Deus e a sua palavra. Não tinham
embasamento. Já não me serviam para nada. Deus tem outros planos para
mim. Me apegava à Provirtua porque era meu corpo plantado como semente, e
não queria abrir mão dele. Nada impede que, agora a Provirtua, nas mãos de
meu filho, possa prosperar. Se as intenções dele estiverem alinhadas com as
intenções do Nosso Deus, porque não?

Temos que abrir mão de coisas que consideramos vitais para


nós. São estas coisas que sugam nossas vidas. Que nos prendem à nossa velha
vida. Que mantém os nossos velhos hábitos. Temos que viver a nossa vida,
aquela que Deus tem para nós. Para isso temos que ter coragem de deixar
aquilo que Deus nos manda deixar, porque já não diz mais nada para nós. Vital
é a presença do Senhor. E o fato de servi-lO. Todo o demais, podemos nos
abster.

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Plantamos corpos como semente e temos que dispor destes
corpos para Deus. Oferecê-los como semente para que Ele possa fazer crescer
um lindo corpo.

E, um destes corpos que eu plantei como semente na área


profissional era a Provirtua. Oferecendo-a para Deus como semente, para que
Ele faça crescer um corpo. A seu tempo, Deus amplificará seu alcance e formará
a estrutura que Ele deseja, afim de que seus propósitos se cumpram em nossas
vidas.

Plantamos corpo quando pensamos estar atrasados na vida


Com o fato de ter tido dois filhos antes dos meus vinte e cinco
anos de idade e ao mesmo tempo não ter terminado uma faculdade, além de
estar separada do pai deles, fez com o sentimento de atraso na vida tomasse
conta de mim. Enquanto a maioria de meus amigos fazia faculdade, se formava,
começava a trabalhar em sua área, faziam pós-graduação, especializações,
ficavam noivos, eu já tinha dois filhos, nenhum trabalho, nenhuma faculdade e
uma separação.

Para tirar esta diferença, que eu pensava que tinha com relação
aos outros, eu necessitava pular etapas em algumas áreas da minha vida. E foi
assim que comecei a plantar corpo. Imaginava ser a tartaruga da fábula da
corrida entre “a lebre e a tartaruga”. E para tirar meu atraso teria que tomar
atalhos. E demonstrar nenhuma preocupação. Tinha que inventar uma auto-
confiança em um futuro e uma caminhada inventada por mim. Não queria ficar
por baixo, então simulava estar com um objetivo de vida definido. E não estava.
Simulava ter errado um erro milimetricamente calculado. Por orgulho, por
vaidade. Não admitia meus erros, tão graves. Erros que eu imaginava serem
pequenos em relação às conseqüências. Agia por impulso e sem pensar, me
imaginando mais forte do que era realmente. Me expunha a desafios maiores
do que eu podia suportar. Não tinha estrutura como pessoa e não tinha
maturidade. Não tinha auto-controle, força interior, suporte espiritual.
Precisava da misericórdia de Deus. E Ele teve.

A diferença entre mim e os outros só poderia ser tirada por


Deus. Perdi muito tempo na vida me obrigando a ultrapassar os outros,
enquanto ficava cada vez mais para trás, em tudo. Somente agora, aos
quarenta e cinco anos, me sinto em sintonia com o meu tempo. Com minha
vida colocada nos trilhos. Não importa se estou atrasada ou adiantada. Estou
bem por causa de Deus. Ele me sustenta. Tudo me provê. Não sinto nenhum
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atraso. Me sinto bem, no meu tempo. Não concorro mais com ninguém. Todos
nós temos os nossos atrasos em alguma área.

No final das contas, todos os meus “atrasos” serviram para me levar


mais rápido e profundamente a Deus.

Plantamos corpo porque damos desculpas


Desculpas, desculpas, sempre arrumamos desculpas. Para nós
mesmos e para os outros, com a deliberada intenção de adiar algo que seja
importante, que vai mexer com as nossas estruturas e que temos vontade de
que seja esquecido, “para ver como fica”.

Damos desculpas para iniciar um regime, para não ler um livro,


para não fazer um curso que necessitamos. Tem gente que dá desculpas para
não se casar, para não ter filhos. Até passar da idade e, muitas vezes, se
arrepender de não ter tido uma família. Desculpas para não começar um
tratamento de saúde. Desculpas para não parar de fumar, não parar de beber.
Desculpas para não limpar os vidros da casa até não podermos ver mais a rua
direito. Desculpas para não ir à igreja, desculpas para não começar o regime,
desculpas para não estudar mais a bíblia. Desculpas, desculpas, desculpas.
Armadilhas de Satanás. Damos desculpas por preguiça. Preguiça de ter que
viver de uma forma diferente. Preferimos continuar com nossa “vidinha”.
Preguiça de lidar com nossas emoções. Elas nos dão trabalho. O desafio, em
geral, não trás garantia nenhuma. Preferimos ficar insatisfeitos, mas seguros na
nossa rotina, nos nossos mesmos valores de sempre.

Deus nos ilustra em sua palavra, em Lucas 14: 16-24, com uma
passagem em que um homem convida a muitos e, no entanto, todos dão uma
desculpa para não ir à festa. Tenho certeza que Deus quer nos mostrar com
esta passagem que nossas desculpas não são bem vistas por Ele. Que elas só
servem para sermos excluídos da Sua presença.

“Porém, ele lhe disse: Um certo homem fez uma grande ceia, e
convidou a muitos. E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados:
Vinde, que já tudo está preparado. E todos, um a um começaram a escusar-se.
Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e importa ir vê-lo; rogo-te que me
hajas por escusado. E outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou
experimentá-los; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Casei, e
portanto não posso ir. E, voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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senhor. Então o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas
ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos. E
disse o servo: Senhor, feito está como mandaste; e ainda há lugar. E disse o
senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a
minha casa se encha. Porque eu vos digo que nenhum daqueles homens que
foram convidados provará a minha ceia.”(Lucas 14: 16-24)

"Quem observa o vento, nunca semeará, e o que olha para as


nuvens nunca segará." (Eclesiastes 11: 4)

Quando damos desculpas, retardamos nosso processo de cura.


E com isso plantamos corpos. Porque para adiarmos a cura, ou seja, adiarmos o
fato de lidarmos com nossas feridas e entregá-las a Deus para que Ele as trate
da melhor forma, temos que continuar estancando nossa dor. De que forma?
Plantando corpo. Mostrando que estamos sempre no controle da situação e
que não há nada pendente em nós. Continuamos no comando. Somos nós que
comandamos essa bagunça, essa “geringonça”.

Aí me veio “aquela” vontade de ver no dicionário qual o


significado desta palavra, que no caso aqui de nossas reflexões está
substituindo a palavra corpo. E, pasmem, porque esta palavra existe no
dicionário Aurélio e quer dizer: “objeto ou coisa mal feita e de duração
precária. Coisa pela qual não se tem apreço”. Coisa mal feita - era disso que
falava. Mal feita porque é feita por alguém ferido, para mostrar que não está
machucado. Coisa de duração precária – Meu Deus era exatamente isso. É de
duração precária porque não tem estrutura, embasamento, fundação. Não foi
feita para durar, foi feita para mostrar. Não importando de forma alguma a
capacidade de quem fez esta coisa, ou corpo. Ou seja, pode ter sido feito por
alguém muito bom tecnicamente falando. Coisa que não se tem apreço – Deus
meu, quem vai ter apreço por algo que não tem firmeza. Algo superficial, feito
apenas para ser mostrado.

Se Paulo conhecesse a palavra geringonça, certamente a usaria


em lugar de corpo. Ela é perfeita para a situação. O versículo seria: "E, quando
semeias, não semeias geringonças, mas o simples grão, como de trigo, ou de
outra qualquer semente.”

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Plantamos corpo quando a ferida começa a sangrar


Quando a ferida foi feita em nossa infância, ela não sangra na
infância. Ela sangrará na vida adulta. Sendo criança não processamos o que nos
acontece, apenas guardamos. Somos passivos, acreditamos que a realidade
vivida em nossa infância é a única que todos vivem. Quando crescemos nossa
visão se amplia e aí então comparamos, raciocinamos, analisamos tudo o que
nos acontece. Guardamos as impressões, os sentimentos. Portanto na vida
adulta sim, começamos a plantar corpos devido a feridas sofridas na infância.

Na vida adulta também podemos ser feridos por pessoas do


nosso convívio. Mas estas feridas serão vivenciadas, se de alguma forma já
experimentamos a dor de feridas na infância e Deus ainda não as curou. São
ressentimentos e mágoas guardados. Porque ferirmos uns aos outros é coisa
normal, pois somos falhos. Mas adultos sadios do ponto de vista espiritual, não
se magoam com facilidade.

Se na infância tivemos pessoas tolerantes ao nosso redor que


nos incentivaram, que nos compreenderam, que confiaram em nós e nos
respeitaram, dificilmente acumularemos raiva e remorso de alguém em
qualquer fase de nossas vidas.

Mas se aqueles que nos criam não nos vêem, se estão mais
preocupados consigo mesmos do que conosco, amargaremos feridas por
muitos anos.

Aquele pai que se preocupa mais com trabalho do que com os


filhos, aquela mãe que se preocupa mais com sua aparência do que com os
filhos. Aquela mãe que por raiva pede separação e não pensa em como vai ficar
a criança. Longe do pai ou da mãe. Aquele pai que só pensa nele e em seu bem
estar, jogando a criança contra a mãe. Aquela mãe que usa do filho para fazer
raiva no pai, ou no ex-marido. Brigas infindáveis por causa de pensão
alimentícia. Amados, a família é sagrada. Mesmo sendo ex-marido, ele continua
sendo pai do seu filho. As pessoas não podem sair por aí se separando e
achando que é melhor do que ser tolerante e ficar junto tentando aceitar e se
adaptar ao outro. Estamos acabando com a família – patrimônio valiosíssimo
para Deus. Bênção sem igual para aquele que a cultiva.

Precisamos olhar para nossos filhos vivendo em situações


assim, fatalmente amargarão feridas por longos anos de suas vidas.

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Plantamos corpo quando palavras de maldição nos são ditas
As palavras têm um poder incrível. Têm o poder de construir e
de destruir. Quando Deus criou o universo, criou-o com palavras.

“E disse Deus: Haja luz; e houve luz.” (Gênesis 1: 3)

E assim por diante, Deus em cada etapa dizia. Não usava outra
força além da palavra. Só por estes eventos já podemos ver a importância que a
palavra tem para o Nosso Criador.

Palavras são sementes. Se plantarmos sementes boas, elas nos


darão bons frutos. Se as sementes são ruins, frutos ruins teremos. Portanto
toda vez que um pai ou mãe diz a seu filho que ele faz tudo errado, que é um
burro, que não vai ser nunca nada na vida, que ele é incapaz, estes pais estão
semeando sementes ruins, portanto colherão frutos ruins. Filhos inseguros,
com problemas nas áreas de relacionamento, profissional porque sempre vão
se achar incapazes de superar os desafios.
Portanto, todo aquele que é criado debaixo de palavras de
maldição plantará corpos. Tentará encobrir sua insegurança com projetos
mascarados. Amados, quantos de nós somos ou conhecemos pessoas que têm
projetos que nunca dão certo. Têm uma motivação descontrolada por realizar
coisas que nunca levam a cabo. Não têm força interior. Caem no primeiro
obstáculo porque seus projetos não têm base. A base é frágil. O Projeto existe
somente para satisfazer o próprio ego doente. A alma ferida. Amados, eu sou
especialista nestes projetos. Todos falharam.

Plantamos corpo por falta de confiança em nós mesmos


Poderia parecer que plantamos corpo porque temos excesso de
confiança em nós mesmos. Porque afinal de contas parece que aquele que
planta corpo, o faz porque confia demais em si mesmo para se colocar no lugar
de Deus. Mas, no final das contas tudo redunda na mesma coisa, porque aquele
que demonstra excesso de confiança em si mesmo, é no fundo um inseguro. O
que acontece é que aquele que é inseguro, busca mostrar que não é através de
conquistas. Mas, a insegurança continua lá dentro, latente.

Moisés era inseguro, Jonas também. Muitos personagens da


bíblia eram inseguros, principalmente porque Deus sempre levantou os mais
fracos, os mais frágeis. Para que seu poder fosse se aperfeiçoando em nós,
seres humanos fracos. Deus nunca escolhe os mais fortes.
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"Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para


confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para
confundir as fortes;" (I Coríntios 1: 27)

"Porém, muitos primeiros serão os derradeiros, e muitos


derradeiros serão os primeiros." (Mateus 19: 30)

Assim Deus prefere. Portanto se você se sente fraco, se você se


sente cansado, se você se sente excluído, impotente. Fracassado, subjugado,
abandonado. Aviso te dou agora: Você é o preferido de Deus!

Ele nos escolhe além de nossas capacidades, porque é Ele que


nos capacita. Ele nos escolhe com critérios próprios. Não podemos prever. Não
podemos julgá-lo. E se Deus nos escolhe é porque já sondou nosso coração.
Deus sabe aonde vai colocar sua força. Portanto, se Ele nos escolheu para fazer
algo e nos determina a que façamos, não podemos duvidar de nós mesmos.

A falta de confiança em nós mesmos por algo que Deus nos pede, é
como se nós duvidássemos de Deus e não de nós mesmos.

"Então disse Moisés ao Senhor: Ah, meu Senhor! eu não sou


homem eloqüente, nem de ontem nem de anteontem, nem ainda desde que
tens falado ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua. E
disse-lhe o Senhor: Quem fez a boca do homem? ou quem fez o mudo, ou o
surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor? Vai, pois, agora, e eu serei
com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar." (Êxodo 4: 10)

Plantamos corpo por falta de confiança em Deus


Sabemos o que temos que fazer, mas não sabemos como. E
continuamos a fazer tudo igual à anteriormente, por que precisamos de tempo
para aprender.

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Eu já estava em Friburgo, sabia que tinha que ficar aqui com o
Carlos, quer eu quisesse ou não. Porque esta era a vontade de Deus para minha
vida e eu sei que receberia uma recompensa ao final por ter sido obediente. Já
havia experimentado situações semelhantes anteriormente com Deus.
Especialmente se esta obediência me custasse muito. E foi assim que eu vim
para Friburgo e nem conto, amados, como foi duro e como Deus me tratou em
cada etapa.

Reatar com um marido que eu sabia estar pior do que antes?


Meu Deus, foi por amor e por obediência ao Senhor. Mas as coisas não
acontecem de uma hora para outra. Deus me mandou plantar uma semente
novamente no meu casamento há mais de dois anos, e eu plantei. Mas o corpo
Ele está formando e nos tratando ao mesmo tempo. Quantas vezes eu quis
voltar para Itaperuna, quantas vezes meu marido nos mandou embora. Mas, eu
fiquei e isso deu segurança a ele e também confiança em Deus, pois eu dizia a
ele que tinha voltado por obediência a Deus e que sabia que Deus tinha coisas
maravilhosas para nós. Quantas pessoas nos disseram para nos separarmos
novamente. Até um psiquiatra, ao qual eu tinha ido levar meus filhos por
sintomas de TDAH, me aconselhou separação. Ele disse: “Se estava bem
separado, porque reatar novamente?” Satanás o usou para me dizer que era
melhor para a saúde das crianças que nos mantivéssemos separados. Se eu já
não fosse crente madura, já pensou que estrago? Continuaria plantando corpo
ainda.

Nas férias de julho passei o mês na casa da minha mãe.


Principalmente por causa da Provirtua. Mas o fato é que Satanás, obstinado em
estragar meu casamento e vendo que não obtinha sucesso, mandou o meu
primeiro namorado, aquele que eu demorei anos para esquecer, entrar no
Youtube e ver um vídeo meu, que eu havia postado há uns meses atrás.
Acredita? Este ex-namorado, se eu já não tivesse superado seus estragos e já
tivesse entendido com que propósito ele havia entrado em minha vida, estaria
confusa na hora em que ele não satisfeito em me mandar e-mails, me liga para
trocar confidências e cobrar atitudes do passado. Amados, falo de um passado
de trinta anos atrás. Que loucura! Isso poderia ter arruinado meu casamento.
Eu busquei de Deus a resposta e me mantive distante. Simplesmente parei de
responder aos emails e ligações. Firmando com isso minha obediência a Deus.

Tudo isso foi armado por Satanás para me impedir de dar o


passo certo e receber a progressão espiritual que estou recebendo hoje.
Porque, agora sim, minha vida caminha nos trilhos de Deus.

Mas, o que eu quero contar ocorreu em um determinado


momento após nossa volta. Eu iria receber minha filha mais velha aqui em
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Friburgo e gostaria que ela visse que tínhamos mudado. Que estávamos bem,
mas de fato ainda não estávamos tão bem assim, como eu gostaria. Tudo corria
bem durante os dois dias em que ela ficou aqui comigo. Precisava mostrar
algum progresso à minha filha, pois todos estavam descrentes do meu sucesso
com esta volta do casamento. Justamente apostando que: ele não havia
mudado e que eu sempre escolho as opções erradas e também que já havíamos
tentado antes e nunca havia dado certo. Enfim, eu acreditava ser responsável
até pela relativa descrença e afastamento da minha filha das coisas de Deus.
Porque eu sempre dizia que “Deus proverá” e sempre, no caso da escola e de
nossa vida financeira, estamos “capengando”. Mas, eu quero que ela creia em
Deus mais e mais. E, no último dia de sua estadia aconteceu o que eu temia
acontecer. Meu filho de onze anos me responde mal, eu me irrito, começo a
discutir e o Carlos toma a frente e começa a dizer que ali quem manda é ele.
Enfim, circo armado. Satanás satisfeito e eu de cara no chão, envergonhada
diante de minha filha. Aí, o Espírito Santo começou a ministrar ao meu coração
e a me mostrar que eu não conseguiria fazer o papel do meu marido, do meu
filho e meu. Não valeria nada se o que eu estivesse mostrando não fosse
verdadeiro. Eu estava tensa durante todo o tempo em que ela esteve em minha
casa. Queria passar uma paz que ainda não vivíamos. O Espírito me mostrou
que era arrogância minha tomar o lugar de Deus e querer mostrar um corpo
que não existia. Só Deus pode formá-lo e mostrá-lo a minha filha. Ele a tem que
resgatar. Sua fé em Deus, se está abalada, é por motivos particulares dela com
Deus. Não sou eu, pretensamente tomando o lugar de Deus, que vou colocar as
coisas no lugar certo. Que bobeira. Assim eu só estrago tudo.

“Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, para teres o


cuidado de fazer conforme a toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela
não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que
prudentemente te conduzas por onde quer que andares.” (Josué 1: 7)

“Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” (Filipenses


4: 13)

Pensamentos que nos fazem plantar corpo


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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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TENHO QUE MOSTRAR ALGO MELHOR DO QUE O DELES. QUE TENHA FEITO POR
MINHA CONTA PARA MINHA FAMILIA E AMIGOS – SENTIMENTO DE REVANCHE
Por sentimentos de inferioridade causados por distanciamento
de familiares, ou por acusações e humilhações feitas quando criança. As feridas
provocam sentimento de revanche. Tem-se que mostrar algo que tenha feito e
que seja melhor do que o que eles já fizeram. Tem que ser mais rico do que
eles. Tem que mostrar que é melhor que eles. Que pode fazer tudo sem a ajuda
de ninguém. A pessoa planta corpo por haver escutado palavras de maldição
quando criança, fazendo com que tenha uma enorme insegurança em si
mesma querendo superar esta insegurança mostrando um corpo “bonito” e
vazio. Feito pelas próprias mãos.

ESTOU ATRASADO NA VIDA


Devido a cobranças referentes a padrões muito altos colocados
desde a infância. A incapacidade de alcançar estes padrões faz com que se
desenvolva esta sensação de atraso. Que vem acompanhada de extrema
ansiedade. Causando falta de planejamento, impulsividade, irresponsabilidade,
coragem desmedida, quase suicida. Produzindo um caos.

QUERO SER O MELHOR, MAIS BEM SUCEDIDO DA MINHA FAMILIA, MAIS BEM
SUCEDIDO DA MINHA VIZINHANÇA, MAIS BEM SUCEDIDO DA MINHA RUA PARA
TODOS FICAREM ME BAJULANDO, PARA PROVAR QUE EU SOU MELHOR QUE ELES –
VAIDADE EXTREMADA E ESPIRITO DE COMPETITIVIDADE
Pela dor que sente por alguma ferida feita por algum familiar,
cultiva-se uma vaidade extremada e espírito de competitividade. Sentimentos
que chegam a escravizar a pessoa. E a pessoa passa a determinar sua vida
sempre por este espírito maldito de competitividade com os familiares.
Desejando-os o mal, o fracasso. Tem necessidade extremada de mostrar
superioridade para muitas vezes compensar as próprias derrotas. Sente que
será feliz somente quando estiver melhor que eles: seus irmãos, pais, tios,
primos, filhos, esposa, etc.

EU NÃO NASCI PARA FICAR FAZENDO AS COISAS DE HÁ POUCO. QUERO TUDO


RÁPIDO E AGORA.
Inabilidade em planejar, esperar, perseverar, causadas também
por sensação de atraso. Imaturidade por não saber que as pequenas coisas é
que fazem valer à pena a construção do todo. Insegurança, prepotência,
arrogância advindas de sentimento de inferioridade.

PRECISO MOSTRAR QUE MUDEI E QUE AS COISAS MUDARAM

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Falta de confiança em Deus e nos outros. Necessidade de


controlar as situações ao seu redor. Disposição manipuladora. Preocupação
excessiva com o que os outros vão pensar, com a opinião dos outros.
Necessidade de auto-afirmação derivada de insegurança e auto-proteção
devido a possíveis feridas causadas por pessoas responsáveis na infância, por
negligência ou abuso. “Já que eles eram responsáveis por mim e não souberam
conduzir minha vida, eu tenho que fazer por mim. Não posso confiar em
ninguém”

AS COISAS SÓ DEPENDEM DE MIM. SE QUISER, POSSO FAZER 5 ANOS EM 5 MESES


Prepotência, arrogância e excesso de auto-confiança que
derivam de sentimento de atraso.

EU SOU COMO O “PHOENIX”, SEMPRE RENASÇO DAS CINZAS


Prepotência, excesso de auto-confiança derivados de feridas
que fazem a pessoa cair e se levantar mantendo-se sempre no mesmo nível.
Como se a vida caminhasse em círculos.

ESTOU NESTA VIDA A PASSEIO – SOBRE OPRESSÃO NA ÁREA SEXUAL


Sentimento de fuga da realidade por inabilidade em lidar com
situações básicas. Causando um instinto suicida, sem preocupações com
conseqüências. Imaturidade levada além dos limites de sua faixa etária. Feridas
causadas por abandono, abuso, forte sentimento de inferioridade. Fuga de
sentimentos de culpa. Falta de amor próprio devido à falta de afetividade na
infância.

EU NÃO CONSIGO. ISTO É IMPOSSÍVEL PARA MIM.


Falta de confiança em si mesmo. Medo. Feridas causadas por
acusações, comparações, abandono, incertezas na infância.

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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3. Malefícios de plantar corpo


Apressada em plantar corpos na tentativa de curar ou diminuir
a dor de minhas feridas, passei boa parte dos meus quarenta e cinco anos na casa
dos meus pais. E quanto mais desesperadamente tentava resolver a situação da
minha maneira, mais eu me afundava. Pior ficava a minha situação a ponto de ver a
mágoa que eu tinha dos meus pais, por eles não terem me dado a atenção e carinho
que eu precisava se transformar em mais dependência, mágoa, fracasso, carência e
mágoa de novo. Privações e vergonha. Minha situação ficava pior a cada tentativa
de melhorar. Isso não quer dizer que em todos os casos de pessoas que passam
pelo que passei sejam iguais ou até semelhantes. Cada caso é um caso.

E porque Deus já me havia escolhido, Satanás me perseguia,


armando ciladas e eu caía em todas elas – queria me matar e quase conseguiu.
Fiquei cativa a ele nos melhores anos – na juventude. Servi a Satanás levando gente
a beber, fumar, usar drogas. Eu era uma espécie de marketing de Satanás. Com
minha vida ele levava mais gente pro buraco. E eu não via nada disso. Era
depressiva, tinha pesadelos, nada dava certo. Quanto mais eu tentava, mais me
afundava. Tinha um magnetismo, uma imagem que era invejada por muitos, pelo
menos era isso o que eu pensava que acontecia e tinha dificuldades de sair dessa
armadilha, dessa mentira. Eu era um símbolo de liberdade – que mentira!!!

Era um cativeiro invisível que só poderia ser visto em meu


coração, em minhas noites mal dormidas, em minhas infinitas lágrimas vertidas dias
após dias nas crises depressivas, no final das longas noites de drogas, nos meus
olhos tristes e minhas mãos inseguras.

Privações decorrentes da vida “em cativeiro” na casa de meus pais


1. Privada da autoridade, inclusive espiritual, sobre meus filhos

2. Privada de ter o tipo de alimentação que eu gostaria

3. Privada de espaço

4. Privada de terminar uma faculdade/ ter uma carreira – porque não tinha
“cabeça”

5. Privada de ser o centro da minha casa – porque a casa era da minha mãe
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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6. Privada de dar aos meus filhos a educação que eu gostaria

7. Privada de desenvolver minhas habilidades domésticas

8. Privada de oferecer aos meus filhos lembranças e cheiros da cozinha da mamãe

9. Privada de ver minha vida de casal se desenvolvendo, crescendo

10. Privada de ter momentos em família, com a minha família

11. Privada de sair de ferias em família, com a minha família

12. Privada de ser amada por um marido após anos de convivência

13. Privada de ser respeitada socialmente como mulher, como mãe (sempre com a
sombra da minha mãe sobre mim), como esposa, como família

14. Privada de ver meus filhos serem respeitados como pertencentes a uma família
normal

15. Privada de planejar o futuro da família

16. Sempre ser vista de forma incompleta, doente, sequelada, manchada, difusa

17. Privada de dizer: “Tenho que falar com meu marido”

18. Privada de conviver com mulheres casadas da minha idade sem causar
desconforto

19. Privada de contar com o apoio de um marido em minhas fraquezas

20. Privada de contar com o pai de meus filhos para dividir responsabilidades,
decisões

21. Privada de escolher que alimentação ter, como decorar minha casa, o que fazer
nos finais de semana em família

22. Privada de ver nos olhos de meu marido o amor por nossos filhos

23. Privada de ver meu marido corrigindo meus filhos

24. Privada de oferecer aos meus filhos a presença do pai

25. Privada de ter este patrimônio chamado família

26. Vergonha, vergonha, vergonha de não ter um mínimo básico que os outros
têm: sua família, sua casa, suas louças, etc.

27. Vergonha de depender de meus pais


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28. Vergonha de que tudo o que eu tinha e usava eram dos meus pais

29. Vergonha de não ter nada concreto pra mostrar como conquistas minhas para
a sociedade, para meus filhos, para meus pais

30. Vergonha de estar sempre sozinha nos eventos familiares, algumas vezes
acompanhada de meus pais

31. Vergonha de durante anos ter que pedir dinheiro aos meus pais

32. Vergonha de vê-los pagar tudo para meus filhos e para mim também, mesmo
que eles não reclamassem

33. Vergonha de ter que aceitar sem outra opção

34. Vergonha de ter que ir com minha mãe comprar coisas para meus filhos ou
para mim

35. Vergonha de não ter nenhum tipo de poder

36. Vergonha de não conseguir

37. Vergonha de tentar e sempre fracassar

38. Vergonha de estar no mesmo lugar há 45 anos

39. Vergonha de ter oferecido aos meus filhos menos do que recebi de meus pais

Quando percebi que a maldição era benção?


Enquanto eu plantava corpos pela vida, Deus transformava
meus corpos em sementes. Ele transformava maldições em bênçãos.

As pessoas sempre achavam que meus problemas eram sem


razão. Me chamavam, durante um tempo, de “rebelde sem causa”. Pensavam
que era “frescura” minha, e que eu não merecia o apoio de meus pais.
Ninguém via ou entendia meu sofrimento. Eu só queria ser uma pessoa normal,
com uma vida normal, e não conseguia. Por quê? Porque fazia as coisas erradas
querendo acertar. Porque plantava corpos ao invés de sementes.

Ainda no início do tratamento de Deus, Ele tratou comigo a


questão dos meus pais, da forma mais singela do mundo. Deus fala conosco,
amados, de várias formas. Falou com Balaão através da jumenta (Números 22:
28-30). E foi assim, de uma forma fora do normal, que Deus mudou totalmente

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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a minha visão sobre minha situação em relação aos meus pais. E isso trouxe
revelação e cura.

Eu estava em casa num sábado à tarde. Creio que não havia


mais do que eu e minha última filhinha em casa. Fiquei totalmente
transtornada no momento em que Deus me deu a revelação sobre a situação
com os meus pais. Entrava e saía do quarto para a sala e da sala para o
banheiro, e chorava muito. Porisso, estou certa que não havia mais ninguém
em casa. Como disse, era sábado e estava vendo televisão a fim de matar o
tempo. Já não gostava muito de ver programação secular, como chamamos nós
os crentes, mas estava naquela tarde vendo o “Caldeirão do Hulk”. Estava
passando um quadro em que uma mulher com seus quatro filhos enfrentavam
um desafio. Ela tinha mandado cartas, assim como milhares de pessoas, para
participar deste quadro. O desafio era fazer algo, que não me lembro mais o
que era, para receber mil reais. Esta mulher estava lá com seus quatro filhos.
Estava participando porque não conseguia, com seu salário mínimo, pagar um
curso de Karatê para sua filha. Porque tinha que sustentar seus quatro filhos.
Incrível este Deus! Colocou na minha frente alguém, que tinha a situação muito
parecida com a minha. Quatro filhos, pouca renda. O Espírito Santo me fez
imaginar a vida daquela mulher. Me fez ver seu dia-a-dia. Me fez ver todo o
sufoco e todas as privações que ela e os filhos passavam. Me fez ver que
humilhação ela passava de estar ali, naquele programa, para tentar realizar o
sonho de uma de suas filhas. Que dureza, amados! E eu, mesmo tendo a
mesma situação daquela mulher, não passava nem um milímetro de todo o
sofrimento que ela passava porque tinha algo que talvez ela não tivesse - meus
pais. Amados, Deus me amparava todo o tempo utilizando meus pais. E eu não
podia ver isso antes. Naquele momento em que vi aquela mulher com seus
quatro filhos, pude perceber que aqueles que eu tanto culpava por meus
fracassos, eram o recurso que Deus me oferecia. Aquela situação abominável
para mim, pelo fato de estar na casa deles por tantos anos, era o conforto e a
segurança a mais que Deus me dava. Enquanto eu não podia vê-lo, tocá-lo,
conhecê-lo, Deus me sustentava com conforto, com amor. Conforto para mim e
para meus filhos, na casa de meus pais.

Que coisa maravilhosa poder enxergar isso, amados. Foi


grandioso demais o que Deus fez por mim. O que eu tinha a mais do que aquela
mulher? Porque merecia estar no conforto e segurança da casa dos meus pais
enquanto ela não tinha, talvez, nada. Imagino que ela agradecesse a Deus todos
os dias. E eu? Me desfazia em auto-comiseração. Naquele momento, amados,
eu chorei um choro que não era tristeza. Era um choro que vinha do mais
profundo de mim mesma. Era um choro que curava. Outras, poucas, vezes eu

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chorei um choro assim novamente. Era alegria, agradecimento, revelação,


amor, vergonha, constrangimento, arrependimento, cura.

Deus estava fazendo da maldição, benção. Apenas mudando a


minha visão da situação.

Porque plantamos corpo, nossas prioridades são confusas


Antes de passar pelo tratamento que Deus está me dando,
mesmo sem perceber, eu tinha minhas prioridades colocadas nos lugares
errados. Com o meu caminhar com Deus, ou seja, após ter adquirido mais
intimidade com Ele, Ele passou a conduzir minha vida e começou a colocar as
prioridades certas nos lugares certos. Antigamente pensava que tudo se
resolveria no momento em que minha vida financeira melhorasse. Então,
minhas prioridades estavam relacionadas a esta conquista: de uma vida
profissional bem-sucedida e conseqüentemente uma vida financeira bem-
sucedida também. Com dinheiro resolveria tudo. Com dinheiro poderia viver na
minha casa, criar meus filhos à minha maneira, eu teria orgulho de mim mesma
e meus familiares me respeitariam. Assim eu pensava.

Ledo engano. Deus me devolveu minha família, sem um


centavo, está prosperando os negócios do meu marido e sem um centavo meu
e de ninguém. Ele está melhorando minha vida aos poucos, sem um centavo
meu. Na verdade eu não precisava de dinheiro para solucionar meus
problemas, não precisava de sucesso profissional para ver minha vida
reconstruída. Precisava confiar em Deus totalmente e entregar de fato minha
vida a Ele.

Hoje, eu vivo em minha casa, crio meus filhos à minha maneira, eu


tenho orgulho de mim mesma e meus familiares me respeitam. Tudo sem sucesso
profissional.

Como minhas prioridades estavam atreladas ao desempenho


profissional eu plantava corpo me portando como uma diretora de curso, eu
plantava corpo arriscando em negócios que me levaram a falências e mais
dívidas. Eu plantava corpo me mostrando ser alguém que não era. Fazendo algo
que não era o que Deus queria que eu fizesse.

Na minha administração nenhuma instrução de Deus era


seguida. Demitia os funcionários sem pagar seus direitos trabalhistas, muitas
vezes até sem pagar seu salário completo. Nunca paguei impostos, mas sempre
falei de Deus aos funcionários. Se aquele negócio era de Deus realmente, teria
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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que seguir seus preceitos. Não estou me acusando sem explicações. Sempre fiz
desta forma porque sempre tive dificuldades para tocar os negócios. Talvez
nunca tenha entendido que tinha dificuldades porque era movida por um
impulso parecido com o daqueles que jogam, fazem apostas. Parecia que
acreditar que Deus era comigo, advinha de uma fé em que Ele operaria. E
operaria de forma grandiosa, repentina, instantânea, milagrosa, explosiva. Mas
como Ele podia operar de forma mágica e miraculosa, como vem fazendo agora
em minha vida aos poucos, se as bases estavam erradas? Impossível. Deus
nunca prosperaria algo, antes de estar tudo limpo. Ele pode prosperar somente
após a limpeza.

Hoje minhas prioridades são: Deus e tudo o que diz respeito ao


meu serviço a Ele, minha família incluindo meus filhos, meu marido, meus pais.
Desconsidero minha vida financeira uma prioridade, porque sei que Deus tudo
me suprirá, e esta nunca deve ser a prioridade de um crente. Porque Deus
garante nosso suprimento.

“Quem jamais vai à guerra à sua própria custa? Quem planta


uma vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta um rebanho e não se
alimenta do leite do rebanho?” (I Coríntios 9: 7)

Porque plantamos corpo, não somos estáveis


Estabilidade é o primeiro efeito realmente pratico em nossa
nova vida com Deus. Por causa da descoberta do imenso amor de Deus por nós,
inicia-se um processo de cura. Por causa deste amor de Deus, que eu senti em
meu coração, passei a não sentir falta do amor do meu pai da terra. Pude
avançar na cura. Pelo fato de estarmos firmados na rocha, nossos pés não
resvalam, nosso humor não se altera. Por causa dos maus hábitos deixados
após a conversão passamos a buscar e a ter estabilidade.

Sem esta estabilidade, plantamos corpos. Porque em um dia


estamos bem, em outro mal. Somos levados ao sabor do vento. Quando não
somos estáveis, para nos sentirmos estáveis buscamos sempre empreender em
algo que, claro, não está alinhado com a palavra de Deus. Precisamos de
“coisas” para mostrar que estamos bem. Sendo que por dentro, estamos
oscilando a cada movimento.

Recebendo os ataques de Satanás em nossas mentes,


oscilamos. Ouvindo o que algumas pessoas dizem para nos derrubar, oscilamos.
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Não recebendo o que esperamos de Deus no tempo em que esperávamos


receber, oscilamos. Estas são artimanhas de Satanás, que só podemos
enfrentar com discernimento, que produz estabilidade.

Quando estamos estáveis e o ataque vem, nos posicionamos na


defesa, recusando aceitar o ataque, mostrando ao inimigo que Ele é vencido e
que sua ação não tem efeito em nossa vida. E com isso, ganhamos terreno no
mundo espiritual, Satanás não pode nos derrubar, portanto ele se afasta por
um tempo, pelo menos.

Somente quando estamos estáveis podemos plantar sementes


que darão frutos saudáveis para a obra de Deus.

Porque plantamos corpo, trocamos de cônjuges


A maioria dos divórcios é causada por insatisfação de uma das
partes. Eu mesma me separei mais de uma vez e foi sempre por insatisfação
com a outra parte. Foi tentando me livrar de uma situação à qual eu não sabia
lidar. E começava a colocar culpa no outro, me mostrando insatisfeita e
considerando o outro aquém das minhas necessidades, aquém das minhas
expectativas, aquém do meu merecimento. Merecimento? Não sei de que, pois
eu era uma pessoa com feridas profundas que não sabia lidar nem com a minha
própria vida, que dirá com uma vida de casal. Eu era uma pessoa que se
relacionava com um homem pela aparência física dele. Pelo “charme” que eu
considerava que tivesse. Não me importava com suas atitudes. Não me
importava se me tratasse mal, aliás, se me tratasse bem eu não gostava. Eu
tinha minha auto-estima tão baixa por causa da forma distante que meu pai me
tratava, que eu precisava conquistar alguém que me ignorasse para que eu
pudesse me sentir bem. Meu desafio era iniciar um relacionamento em que a
pessoa não tivesse muito interesse em mim e nem em outra coisa além de si
mesmo e tentar mudar o foco dela. Isso às vezes dava certo por um tempo, mas
não sustentava um relacionamento duradouro, onde temos que perdoar, amar,
aceitar, ver o lado positivo. Impossível, com a mente negativa a qual eu tinha
sido criada, com a péssima imagem que tinha de mim mesma, com as feridas
enormes que carregava.

Mudar de cônjuge não ajudava nada. Só piorava. Deixava uma


bagunça para começar a fazer outra e saía de um relacionamento pior do que
estava antes. Deixava o outro muito mal também. Como foi no caso do Gustavo
que eu o deixei só e com dois filhos dele em outro país. Não o pude

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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acompanhar, não o pude aceitar com suas limitações. Creio ter deixado um
estrago em sua vida por algum tempo.

Pude melhorar nesta área somente agora, depois de receber o


amor de Deus, entregar minhas feridas para serem curadas por Ele e ter a raiz
de meus problemas tratada. Agora sim, posso aceitar meu marido como ele é.
Orar pelo que ainda não foi feito e que só Deus pode fazer, e não eu. Posso ter
misericórdia com ele e amá-lo verdadeiramente. Agora sim, posso ver
progresso e respeito nesta área em minha vida.

Portanto aqueles, que buscam resolver seus problemas


matrimoniais mudando de cônjuge, estão se enganando. Estão encobrindo uma
ferida que têm e que está aberta sangrando. Antes de terminar o
relacionamento, imaginando que o outro não serve para você, pergunte-se se
não há algo errado com você mesmo primeiro. Dê uma chance ao outro.
Imagine que seu cônjuge pode estar também insatisfeito com você, e ele (a)
deve ter razão no que reclama. Porque enquanto não tratamos de nossa cura
emocional, alguma área sempre poderá não ir bem em nossa vida.

Deus dá em sua palavra, inúmeras instruções com relação ao


casamento. Em Efésios no capítulo 5: 1-33, Paulo nos mostra como deve se
comportar um casal. Veja agora, se você vem fazendo o que deve ser feito para
ter um casamento abençoado. Você pode tentar, mas perceberá com o tempo
que para agir da forma correta e receber o resultado que é prometido, temos
que nos submeter a Deus e entregá-lo nossas feridas antes.

“Todavia também vós, cada um de per si, assim ame a sua


própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie a seu marido.” (Efésios
5: 33)

Porque plantamos corpo, mudamos muito de emprego


Ter um currículo com nome de dez empresas empregadoras de
áreas totalmente diferentes demonstra que este candidato não sabe o que está
buscando, não sabe o que quer, não tem domínio sobre sua vida profissional e
conseqüentemente não tem domínio sobre sua vida. Não demonstra
progressão e por isso não se torna interessante para boas empresas
interessadas em candidatos com perfil empreendedor.
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Com certeza este candidato pede demissão ou é demitido


porque como não possui um plano de carreira, se cansa do corpo que plantou e
demonstra ao seu superior que não era tão bom quanto parecia, começa a
aparecer sua insegurança. Começa a aparecer sua falta de motivação e de
consistência em suas atitudes. Ele provavelmente se preocupa muito com o que
os outros colegas estão pensando dele, e o que o seu superior está pensando
dele. Se, por acaso, seu superior o chama a atenção por algum erro que
realmente tenha cometido, ele pensa que seu superior o chamou a atenção
porque estava de mau humor ou teve algum problema em sua vida pessoal.
Isso, porque ele é incapaz de assumir seus erros, os erros sempre são dos
outros. Ele é a vítima. Portanto, regula boa parte do seu dia de acordo com o
possível “humor” do patrão. Seu desempenho depende disso. Sua motivação
está baseada nisto.

Esta pessoa não consegue ascender profissionalmente, pois


precisa receber atenção de seu superior continuamente. Não está interessado
em seu trabalho, precisa amenizar a dor da sua ferida. Seu foco é o que
aparenta, não o que é. Está preocupado em manter o corpo vivo, mas ele só
pode ficar vivo por um tempo. Quando o corpo morre, porque já vimos que
este corpo plantado como semente por um coração ferido tem duração
precária, ele é demitido ou encontra mil desculpas para pedir demissão,
colocando o erro no superior ou na empresa.

Porque plantamos corpo, nos sabotamos


Este mês iniciei aulas de Taekwondo. Eu já havia praticado
karatê por dois anos quando tinha dezoito. Reiniciei nas artes marciais agora,
após vinte e sete anos. Na verdade, não pratiquei nenhum outro esporte ou
atividade física além de caminhadas durante estes vinte e sete anos. Como
primeira opção de faculdade, eu escolhi educação física. Na verdade sempre
gostei de praticar esportes. Coisas como artes marciais, corrida, natação,
danças de todos os tipos e bicicleta. Sou da geração saúde. Mas com o tempo e
todas as tribulações, lutas, filhos, falta de dinheiro e etc, acabei eliminando esta
parte da minha vida. Sempre alegando falta de dinheiro, outras vezes falta de
tempo e outras tantas por causa de um acidente de automóvel que sofri aos
trinta anos de idade, que não me deixaram grandes seqüelas, além de certo
desconforto em pisar no chão quando me levanto e uma cicatriz enorme no
tornozelo. A base da minha tíbia ficou esfacelada. Agora tenho quarenta e cinco
anos, estou acima do meu peso e sinto a idade chegar.

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Confesso que tinha medo, muito medo de sentir dor, de piorar.
Me privava de fazer uma das coisas que mais gosto na vida: praticar esportes. A
experiência de iniciar o Taekwondo me deu uma nova visão de vida. Dá para ver
que Deus está neste negócio. Foi tudo feito por Ele. Amados, considero que
Deus me colocou num Spa. Meus dias têm sido maravilhosos. Com luta sim,
mas minha vida está excelente. Pelo menos aos meus olhos. Para outros pode
ser uma péssima vida. Para mim, estou vivendo os melhores anos da minha
vida. Obrigada, Senhor por isso. Não sabia que era tão simples. É só fazer o que
o Senhor manda, confiar nEle e enfrentar os desafios com pensamento positivo.
Não me deixar levar por pensamentos que Satanás introduz em minha mente.
Combatê-los com o nome de Jesus e com firmeza.

Estou plantando uma semente que Deus me deu na área da


saúde que está me dando muito prazer e auto-confiança. É uma semente,
tenho que agradecer a Deus todos os dias por cada aula que posso fazer. Nem
fazia idéia que me sabotava nesta área. Meu foco sempre foi a área profissional
por trinta e cinco anos.

No início da minha vida adulta eu perseguia o prazer,


imaginando que tudo me seria acrescentado se obtivesse prazer. Mentira!
Mentira de Satanás! Imaginava que se trabalhasse com o que me desse prazer
ficaria rica. Se me casasse com quem tivesse prazer, e isso quer dizer prazer
sexual, eu estaria bem casada por anos e minha vida matrimonial estaria
resolvida. Imaginava que o prazer era o centro de tudo. Depois de muito sofrer
e ser escravizada por demônios, eu vi que este prazer era temporário e debaixo
dele não se formava uma estrutura. Eu pisava em areia movediça. Ia me
afundando mais e mais. Resolvi parar com a estória do prazer e “meter a cara
no trabalho”. “Me esforçando, conseguirei resolver todos os problemas que
tenho”, assim pensava. Mas não consegui. Acumulei mais fracassos e derrotas
até chegar ao fundo do poço.

“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as


pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a
rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram
aquela casa, e não caiu porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que
ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem
insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; E desceu a chuva, e correram
rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua
queda”. (Mateus 7: 24-27)
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Não quero me sabotar mais. Deus está me devolvendo tudo o


que o inimigo me tirou desde há vinte cinco, trinta anos atrás. Deus está me
preparando para viver a vida longa que Ele nos promete. Tenho ainda muitas
coisas para fazer para Deus. Estou apenas começando. E Satanás sabendo disso,
antigamente, fazia com que eu mesma me sabotasse nesta e em outras áreas.

Plantar corpo trás mais feridas para a alma


Por ter uma ferida na alma causada pela forma distante com
que meus pais me tratavam, comecei a plantar corpos. Estes corpos fizeram
com que eu começasse coisas que não iam bem, e que pela metade do
caminho terminavam. Iam se amontoando na minha vida seqüelas dos projetos
que eu não tinha força para levar adiante. E, estas seqüelas atingiam a todos, e
isso era tão repetido que tudo o que eu passava a dizer, a partir de um
momento, todos já se entreolhavam como que dizendo: “Lá vem ela
novamente com aquelas estórias dela. Que vão acabar mal como já sabemos.”
Para os de fora, me fazia passar como caloteira, sonhadora, “ela viaja na
maionese”. Abria minha boca e as pessoas como que não queriam ouvir o que
eu dizia por que parecia “conversa de vendedor”. Engodo, engano. E no meio
disso tudo, eu dizia que Deus está conosco, no meio de novos convertidos ou
no meio de pessoas do mundo, e com o histórico que eu tinha não convencia
nem um crente. Até o crente duvidava que Deus era conosco naquela
empreitada. E não devia estar mesmo. Dava mau testemunho até de Deus.
Porque era um corpo plantado como semente. Nem a persistência fazia com
que o corpo virasse semente. A persistência piorava tudo, porque o débito
aumentava, eu tinha que convencer mais pessoas que o que eu estava fazendo
ia dar certo e isso no final me fazia passar por tola, mau caráter. Nada dava
certo e tinha que fechar o negócio, acabar com o projeto porque se tornava
uma situação impossível de ser levada adiante. As pessoas, ao final, me
agrediam porque elas haviam empreendido tempo, trabalho, dinheiro, crédito
e nada havia dado certo. Funcionários, amigos, família apostavam em mim. Na
minha “lábia”, nas minhas palavras sinceras, nas minhas boas idéias, na minha
convicção, no meu empenho, nos meus sonhos. Que, na verdade, era um corpo
com validade vencida. E estas conseqüências me deixavam com mais ferida
ainda do que tinha no começo.

Não temos que plantar corpo. Temos que plantar sementes


para vê-las germinar, formar raízes, crescer sozinhas pelas mãos de Deus e
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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desfrutar dos frutos frescos e viçosos que Deus nos oferece com o corpo que
forma a partir da semente que plantamos.

Como Deus vê o fato de plantarmos corpo


Para Deus, o nosso plantar de corpos como sementes, é como
se quiséssemos parecer mais amadurecidos, melhores do que somos. Como
Deus nos olha sempre como filhos. Ele nos olha como se fossemos crianças que
querem parecer adultos fora do tempo.

Minha filha mais velha quando tinha quatro anos usava meus
sapatos altos e chapéus. Ficava como uma mulher adulta em tamanho
diminuto. Minha filha mais nova faz o mesmo com quatro anos. É próprio da
idade fazer este tipo de imitação. Querem se sentir e se mostrar mais
amadurecidas. Os garotos também têm necessidade de imitarem os adultos
para se mostrarem amadurecidos. Me lembro do meu irmão e depois vi meu
filho fazendo a mesma coisa: colocando uma camisinha na carteira para
mostrarem que são homens, assim que chegam na adolescência. Isso sem ter
tido nenhuma experiência sexual ainda. Coisas de crianças. Elas fazem estas
coisas porque querem se sentir adultos ou querem se mostrar adultos.

Pois é deste tipo de situação que estou falando e é desta forma


que Deus nos vê. Como crianças fazendo coisas para mostrar que estamos bem,
que sabemos lidar com nossas feridas, com as coisas de adultos. Aliás, nem
sabemos que temos feridas. Pensamos estar dominando bem as situações e
não entendemos porque as coisas não dão certo para nós.

Deus não nos recrimina por plantarmos corpo. Tem piedade e


misericórdia de nós. Quer nos tratar, mas só pode fazer isso se confiarmos nEle
e entregarmos nosso coração ferido em suas mãos. Assim como uma criança
confia em sua mãe para tratar sua ferida após uma queda de bicicleta.

É isso que Deus espera de nós. Espera nos ver entregues em


seus braços confiando que Ele, só Ele, pode nos curar. Aceitar sua cura, seu
tratamento. Ele não nos recrimina, Ele nos ama e se compadece de nossos
erros cometidos a partir de feridas. Ele transforma nossos erros em acertos se
aceitarmos Seu tratamento. Transforma nossos corpos plantados como
sementes em corpos fortes e frutíferos.

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Plantar corpo cansa


Todo corpo plantado como semente terá vida curta. Não
prosperará. Cairá como um prédio em implosão porque não tem sustentação.
Não tem fundação. Não tem objetivo real. Não tem estrutura. É cópia de algo
para ser mostrado como corpo. Para ser notado, comentado, invejado. Para
prestar contas, para demonstrar algo que não é. Ele é oco por dentro. O corpo
plantado como semente não tem vida própria. Não caminha sozinho. Precisa
que o dono do corpo o mantenha vivo o tempo todo. Porque este corpo não
teve semente, não tem raiz. É um corpo inflado. Falso. Não vive sozinho.
Precisa que seu dono tome conta dele o tempo todo.
E isso cansa muito. Porque temos que manter vivo um corpo
que já nasceu morto.
Cansa muito ao dono do corpo plantado como semente
também porque o corpo tem vida curta e a dor da ferida emocional continua.
Então a pessoa tem que novamente plantar outro corpo. Corpo morto. Corpo
sem vida e mantê-lo aparentemente vivo por mais um tempo.
Ao final de um período a pessoa que carrega a ferida continua
ferida e exausta de tantos fracassos. Desacreditada por todos, falida, com
destroços dos corpos mortos por todo lado.
Em meu caso, meu nome e de toda a minha família
negativados, dívidas enormes, falta de crédito, quatro filhos e sem marido, sem
pensão. Sem faculdade, sem perspectiva. Sem estrutura, sem vida. Perdida.
Fracassada. Isso nos cansa muito. Aí tinha períodos em que tinha que parar
com tudo, pois estava exausta e muito desanimada para iniciar nova
empreitada em qualquer coisa. Porque não havia resultados positivos.

Plantar corpo nos impede de ter comunhão com Deus


Enquanto plantamos corpo estamos muito ocupados em
manter o corpo, em arcar com as conseqüências do corpo, em mostrar o corpo,
em plantar novos corpos, em chorar por nossos fracassos, em nos recuperar do
esforço para manter o corpo. São muitas atividades e muito esforço.
Principalmente porque este esforço todo não alcança o resultado que se
espera. Apenas nos mantém aparentemente longe da ferida e da dor.

Portanto, com tantas atividades e esforços, não resta tempo


para Deus. Mesmo que estejamos todos os dias na igreja e até que tenhamos
um ministério atuante nela. Falta confiança em Deus. Por isso, é tão importante
a entrega total de todas as áreas de nossas vidas. Porque é a confiança que nos
faz descansar e deixa Deus agir. E faz com que a partir da confiança nEle,
venhamos a ter um relacionamento verdadeiro e profundo com o Pai. E aí sim,

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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deixar Deus agir com liberdade em nossa vida. Deixar Deus arrumar a nossa
bagunça. E desfrutar de comunhão com Ele.

"Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará."


(Salmos 37: 5)

Depois que deixamos Deus agir com liberalidade e poder em


nossas vidas, nossa confiança nEle aumenta a cada dia. Porque os resultados
são positivos. Portanto, nossa comunhão com Ele não será uma imposição pela
doutrina da igreja. Não será um discurso de crente apenas, será a água de
beber todos os dias, o alimento necessário para sobreviver.

Plantar corpo nos impede de ter relacionamentos sadios


Plantamos corpo para mostrar aos outros e para nos afastar da
ferida que temos na alma. Nos ocupamos de viver uma vida desde nós para
fora de nós, nunca para dentro. Porque para dentro tem dor. Precisamos aliviar
a dor lidando com o que está fora de nós. Aliás, muitas vezes nem sabemos que
fazemos isso. Que há dor, que há ferida. Precisa passar muito tempo até que
estejamos exaustos para, aí então, buscarmos socorro verdadeiro em Deus.

Mas enquanto plantamos corpo temos que nos relacionar de


forma superficial com as pessoas. Principalmente, nos relacionamos com
pessoas que podem nos favorecer em plantar corpo e nos relacionamos
também com pessoas que possamos mostrar o corpo para ser admirado.
Relacionamentos superficiais onde as pessoas nos auxiliam. Claro que como
sempre o corpo morre de uma forma repentina, descabida e desastrosa. E da
próxima vez em que plantarmos corpo, temos que buscar outras pessoas.
Dentro deste quadro, posso afirmar que os relacionamentos de quem planta
corpo são superficiais e temporários. Não há laços verdadeiros. Assim como os
corpos, os relacionamentos não são cultivados para durar. Não existe uma
preocupação em manter, cuidar, regar, compartilhar, dar, fazer crescer, amar,
perdoar. Existe cumplicidade, mas não existe amor ou compaixão. É um
relacionamento egoísta.

As pessoas que aceitam se envolver com pessoas que plantam


corpos são pessoas que de alguma forma também estão com problemas em
alguma área. Porque aquele que está firme e caminhando bem, verá logo que
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tem gente plantando corpo e não semente. E a pessoa se afastará com medo
das conseqüências, pois já sabe que a euforia é temporária. O corpo tem prazo
de validade.

Portanto, as pessoas que plantam corpo são sós e têm


relacionamentos superficiais com pessoas que de alguma forma apresentam
também problemas em alguma área.

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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4. Como deixar de plantar corpo


Entendendo que o problema está conosco
Enquanto a pessoa continua acusando os outros pelos
problemas que tem, ela está longe do processo de cura. Tudo se inicia com o
reconhecimento de que a pessoa tem responsabilidade sobre as
conseqüências. Se as coisas não estão dando certo para você considere ser o
responsável. Não o culpado. Porque culpar não é de Deus. O acusador é quem
gosta de culpar-nos por tudo. Para amedrontar-nos, para intimidar-nos e
paralisar-nos finalmente.

Se reconhecermos que o problema está conosco, baixamos as


guardas e podemos começar nosso processo de cura. Sem este reconhecimento
é impossível ser curado. Sei o quanto é difícil reconhecer que apesar de nossa
boa vontade, a despeito de nosso talento para fazer algo, as coisas não vão
bem e nem caminham de acordo com as promessas de Deus. Isso acontece
porque você precisa de cura e sem essa cura, Deus não pode abençoá-lo da
forma prometida.

Não fique estagnado por não querer admitir que o problema


está com você. É melhor admitir ser o responsável e caminhar para frente com
Deus, do que ficar se escondendo, caminhando em círculos, estagnado,
frustrado, derrotado. Não é isso o que Deus quer para você. Ele quer a sua cura
total para que possa gerar frutos bons e multiplicá-los.

Pare de culpar sua esposa, sua mãe, seu pai, seus irmãos, seus
colegas de trabalho, seu chefe. Pare de acusar seu professor do primário, seu
vizinho, aquele amigo de infância, aquela namorada. Tem gente que acusa até
Deus por estar passando por maus momentos. Pare de adiar sua entrega. Só Ele
pode te curar. Entregue seu coração e sua vida a Ele. Pegue tudo o que é seu e
oferte a Deus. Ele quer que você entregue tudo o que é seu. Se hoje o que você
tem é fracasso, derrota, dívida, falência, divórcio, briga, desentendimentos de
todos os tipos, angústia, medo, ansiedade, insegurança. Entregue tudo a Deus.
Ele fará de tudo isso bênçãos.

Ajoelhe-se e faça uma oração agora.

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“Senhor, meu Deus estou no fundo do poço. Minhas forças


terminaram. Não sei por que tudo isso de ruim está acontecendo comigo há tanto
tempo. Deus, minha vida fracassada te entrego agora. Todas as derrotas, eu te oferto
com amor. Porque sei que somente o Senhor pode arrumar essa bagunça em que
estou metido. As pessoas me odeiam, não me compreendem. Mas, eu sei que o
Senhor está comigo há muito tempo todos os dias, e sabe porque estou passando
por isso. Peço que aceite minha oferta, me perdoe por meus pecados e me mostre
em minha mente e em meu coração porque estou passando por tudo isso. Se eu
tenho feridas, Pai, me mostre quais são. Eu as oferto a ti também e espero receber
cura emocional. Te agradeço, Pai, por tudo em nome de Jesus. Amém.”

Entregando nossa vida a Deus


Sem a nossa entrega a Deus é impossível receber cura
emocional. Ninguém pode fazer por você o que só Deus pode. Quando estamos
doentes vamos ao médico. Você mesmo não pode se curar. Você não sabe o
que acontece com seu corpo. Pois o médico da alma é Deus. Você não pode se
curar. Não pode ver e nem saber o que acontece com você. Deus sabe. Só Ele
pode curar sua ferida da alma feita por alguém lá no passado. Ferida que você
escondeu de todos, até de você mesmo. Mas de Deus não. Ele é onisciente. Ele
tudo sabe. Não cai um fio de cabelo nosso sem que Ele saiba. Isso não te dá
confiança em Deus?

Portanto, não basta ir à igreja, ser crente há vinte anos, dizimar


todos os meses, fazer ofertas vultosas, pregar a palavra de Deus, ler a bíblia
todos os dias, se não entregamos de fato e sem restrição nosso coração a Deus.
Não basta tocar no ministério de louvor da igreja, ter um ministério que te
assoberba de tarefas, se seu coração não está realmente entregue a Deus. Mas
como podemos saber se nosso coração está totalmente entregue a Deus? Eu O
amo tanto!

Podemos ver se o coração de alguém, de fato, está entregue a


Deus se esta pessoa progride. Progredir não quer dizer ficar mais rico, podendo
estar incluído este parâmetro no progresso também. Falamos aqui de
progresso espiritual. Se vemos misericórdia em suas atitudes. Se vemos
tranqüilidade e busca por ajudar aos outros de forma verdadeira e não egoísta
e vaidosa. Também se o que ela fala se afina com o que ela vive. E isso não tem
nada a ver com o amor que possamos ter a Deus. Porque posso amar meu filho,
meu pai e não abrir mão de certas coisas por eles e continuar amando-os. Mas
amar a Deus exige mais de nós. Exige entrega total. Temos que estar dispostos
a abrir mão de tudo. Como na passagem em que Jesus diz ao jovem para deixar
sua riqueza para poder segui-lo.
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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“E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom


Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna? E ele disse-lhe: Por que me
chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar
na vida, guarda os mandamentos. Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não
matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho;
Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Disse-lhe o
jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta
ainda? Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o
aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me. E o jovem, ouvindo
esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.” (Mateus
19: 16-22)

Considere agora, algo que é imprescindível para você. E, se


hoje, Deus pedisse isso a você? Imagine que seja um filho, imagine que seja seu
trabalho, imagine que seja sua casa. Imagine qualquer coisa que seja muito
valiosa para você. O que faria? Abriria mão desta coisa, confiante que Deus
quer o seu melhor sempre, e que é para o seu bem que Ele te pede isso? Ou
desconversaria esta conversa com Deus e continuaria “amando-O” e cumprindo
os mesmos rituais religiosos? Amados, a coisa mais importante é Deus e Sua
presença. Deus é extremamente bom. Não perdemos nada em segui-lo e abrir
mão do que achamos mais importante para nós, se Ele pedir.

Sei que é difícil abrir mão de coisas importantes. Coisas que


achamos que Deus “não tem nada a ver com isso”. Mas, amado, Deus tem a ver
com tudo em nossas vidas. Dói abrir mão, mas depois que entregamos o que
Deus pede, sentimos conforto por saber que está nas mãos dAquele que é o
único que pode cuidar bem de algo que é nosso. Abra mão agora, irmão. E
depois que abrir mão, vigie-se para nunca mais exercer controle ou desejar de
volta o que já foi entregue a Deus. E passe a observar como Deus age em sua
vida após sua entrega. Porção dobrada terás, porque há recompensa mais do
que dobrada para tudo que Deus nos pede.

Confiando nEle
Se não confiarmos em Deus, nós não podemos entregar a Ele
nosso coração, e também não podemos ser curados. Portanto, confiar é uma
palavra chave no processo. É verdade que Deus nos pede coisas grandiosas.
Porque somos mesquinhos, pequenos.
68 Ele nos coloca grandes desafios quando
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decidimos segui-lo de todo o nosso coração. Mas confiar nEle é um dos


primeiros ensinamentos quando Ele quer que avancemos. Este relacionamento
como qualquer outro, exige-nos que confiemos nEle. A única diferença é que
em qualquer outro relacionamento a outra pessoa falha. Falha porque é
humana. Deus não falha nunca. Podemos confiar a despeito dos
acontecimentos. Quando aprendemos isso, nos tornamos estáveis e nos
entregamos com maior facilidade. Deus nos pede para perdoarmos alguém que
nos maltratou. Deus nos pede para cuidarmos de alguém que nos virou as
costas. Deus nos lança desafios grandes. Faz com que pisemos em nós mesmos.
Ele nos açoita para chamar-nos de filhos.

"Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que


recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque,
que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual
todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos." (Hebreus 12:
6-8)

Pedindo a Deus para curar nossas feridas


O ato de pedir é muito importante. Você acha, por exemplo,
que Deus conhecendo-nos como conhece, não saberia que há uma ferida que
necessita de cura em nossa alma? Com certeza Ele conhece. Ele tudo sabe. Ele a
vê com nitidez. Ele quer curá-la, mas não pode. Até que O peçamos para curá-
la. Aí sim, Ele passa a ter autonomia sobre nossas feridas. E pode começar a
curá-las.

"Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que
vos é necessário, antes de vós lho pedirdes." (Mateus 6: 8)

Se não O pedimos para curá-las, continuamos com a ferida


aberta e plantando corpos. Podemos continuar indo à igreja, podemos
continuar louvando a Deus por tudo, podemos continuar falando de Deus,
podemos ter um ministério ativo na igreja. Podemos continuar pregando, mas
estamos com uma ferida aberta e isso vai fazer muita diferença em tudo na
nossa vida. De fato, estaremos vivendo a vida que nós fazemos, não a vida que
Deus tem para nós.

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Perdoando quem nos magoou
O perdão é uma das chaves do sucesso do tratamento de Deus
em nós para a cura da alma. Sem o perdão Deus não pode nos curar. Ele fica
impotente. É assim que Deus se relaciona conosco. Esta é a forma que Ele
escolheu. Já falei anteriormente que Deus nos coloca grandes desafios. E
depende de nós superá-los. Se não o superamos Deus fica de lá, nos olhando
com piedade e esperança de que venhamos um dia nos render ao perdão. Para
passarmos para a etapa seguinte. Ele deseja intensamente ver-nos livres,
entregues a Ele. Tudo o que estou falando aqui é a nossa parte prática para
receber o tratamento de Deus e viver a nova vida que Ele tem para nós. A vida
calma, segura e feliz que ansiamos. A vida que eu já estou experimentando. Já
perdoei os que mais me machucaram, mas todos os dias aparecem situações
em que temos que exercitar o perdão.

É pena que muitos, mas muitos mesmo estejam estagnados


espiritualmente porque não conseguem perdoar. Perdoar é um alívio. Quando
não perdoamos estamos de guardas levantadas. Quando perdoamos
abaixamos as guardas. Relaxamos. Se aqueles que não conseguem perdoar
soubessem como é maravilhoso perdoar, já haveriam perdoado há mais tempo.
Quando perdoamos ou pedimos perdão, muitas vezes sem sermos os culpados
por nada, ficamos superiores na situação. Saímos por cima. Nos libertamos da
pessoa a qual estávamos presos pela falta de perdão.

Não perdoar ou não pedir perdão é ato intransigente e rebelde


diante de Deus. É ato mesquinho e pequeno. É como se nos colocássemos no
lugar de Deus e julgássemos alguém. O perdão é sempre a melhor opção. Ele
nos impulsiona para outro estágio espiritual. E temos que fazer, mesmo sem
sentir vontade. Tudo o que fazemos para Deus tem que ser a despeito da nossa
vontade. Tem que ser por obediência e por amor a Ele. A nossa vontade não
conta e não pode nos atrapalhar. A vontade é da carne. E Deus nos manda
matar a carne.

Fazendo coisas boas para quem nos magoou


Perdoar já é uma grande coisa, mas estamos falando aqui de
um Deus completo e um Deus que é amor.

"E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus
é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele." (I João 4: 16)

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Além de nos pedir para perdoarmos àqueles que nos


magoaram, Ele nos pede para fazermos algo de muito bom por esta pessoa que
nos fez algo desastroso no passado. Algo que tenha marcado nossa vida.
Principalmente se for alguém que nos defraudou na infância.

"E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que recompensa
tereis? Também os pecadores fazem o mesmo." (Lucas 6 : 33)

Deus nos pede para que procuremos esta pessoa e que além de
oferecer ou pedir perdão, ofereçamos amor, aconchego, proteção. E isto é
parte do tratamento de Deus para nossa vida. Quem lê assim o que eu estou
dizendo pode pensar: “Eu, hein, isso não é para mim não”. Mas, amados, tudo
que Deus pede tem uma recompensa.

"O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a


saber:" (Romanos 2: 6)

Você vai preferir a mágoa ou a recompensa? O prêmio ou a


maldição? A liberdade ou a escravidão?

Tomando posse da cura


A partir do momento em que entregamos nosso coração ferido
a Deus e pedimos para que Ele o cure, temos que entender que estamos
curados e que não temos mais que agir como doentes. Porque Deus nos curou.
E, portanto, se não somos mais doentes não temos que estar mais fragilizados
quando falamos ou tocamos no assunto que tanto nos incomodava
anteriormente. Não temos que esconder nada de ninguém, não estamos
preocupados com isso. Não temos que ser instáveis. Não temos que manter os
mesmos hábitos de antes. Algumas coisas podemos fazer por nossa conta e
aquilo que não podemos fazer, Deus fará no seu tempo. Não temos mais que
plantar corpos.
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Temos que tomar posse da cura e começar a agir de forma
diferente. Não precisamos mais mostrar algo que não somos, estamos curados.
Não precisamos mais impressionar ninguém, porque estamos curados. Na
verdade durante todo este processo de libertação e cura, Deus passa a ser
personagem principal. Não mais o seu pai que te magoou, a sua mãe que te
abandonou. Nós passamos a sentir piedade deles. Porque o que passa a ser
mais importante para nós é Deus e o que Ele acha do que fazemos. O que Ele
sente com relação a nós. Queremos mostrar a Deus como estamos melhores
agora, como estamos mais confiantes. Ele passa a ser o centro de nossas vidas.
Não por obrigação, mas por sentirmos Sua ação em nós. Porque confiamos nEle
agora.

Plantando sementes conforme Deus nos manda


Após sermos curados por Deus, devemos tomar posse da cura e
iniciar uma nova vida com Ele. E para isso continuaremos a plantar. Mas não
temos que plantar mais corpo. Precisamos aprender a plantar sementes. E para
isso temos que saber como Deus quer que façamos o plantio, o cultivo e a
colheita. E isso está detalhadamente explicado em Sua palavra. Basta que a
estudemos. A seguir seguem orientações a partir de um estudo feito para este
livro. Após ter lido, não saia plantando sementes, espere Deus oferecer a
semente para você em sua mente e em seu coração.

COMO SUPEREI O SENTIMENTO DE FRACASSO


O fracasso sempre foi um lugar comum para mim. Não que eu
sempre fracassasse. Mas as vitórias em minha casa não eram comemoradas.
Não havia glória nas vitórias, portanto as derrotas não pareciam tão amargas.
Quando tinha sete anos meus colegas da escola me chamavam de “perna-
longa” devido, é claro, ao tamanho das minhas pernas. A professora, uma vez,
fez uma atividade conosco em que tínhamos que saltar dois bastões colocados
paralelos que iam se afastando. Como tinha as pernas longas fiquei na disputa
final com um garoto. Todos batiam palmas e torciam para mim. Sabíamos todos
que eu iria ganhar. Minhas pernas eram longas e eu vinha ganhando com
facilidade. Mas ganhar era uma situação incômoda para mim. Me sentiria mal
depois. Me coloquei no lugar do garoto e decidi de última hora não me esforçar
e deixá-lo ganhar. Todos ficaram frustrados. Esse tipo de situação me perseguiu
a vida toda. Estar como derrotada me parecia melhor do que como ganhadora.
O mal estar da vitória me intimidava e deixar o outro vencer me parecia mais
elegante. Mais humano. A derrota para mim não era incomoda. Isso me
marcou. Sempre fiquei pensando porque fiz isso naquele dia. Poderia ter
vencido, mas dei a vitória para outro. Vê-lo perder me faria mal.
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E foi com este tipo de pensamento que cresci. Entre vitórias


que não passavam da minha obrigação e derrotas que não eram comentadas.

Os fracassos, eu os venho superando a cada dia com o amor de


Deus em meu coração. Hoje, não são as vitórias que o mundo prega que tenho
como alvo para me fazer superar os fracassos. São as pequenas vitórias do dia-
a-dia. É a vitória de morar na minha casa, coisa simples, não é? Mesmo não
sendo a tal “casa própria” ainda. A vitória de estar edificando a minha casa,
tratando de ser a mulher sábia. Vitória de ter um marido que me ama e me
respeita. Isso é vitória! Vitória de ter o tempo todo para Deus e ver minha casa
sendo suprida por Ele através do meu marido. Vitória de estar criando meus
filhos no caminho de Deus. Não é vitória para o mundo aplaudir. É vitória para
eu aplaudir. E sem Deus eu não conseguiria nada disso. Foi Ele que me deu tudo
isso. Pode parecer pouco para o mundo, mas muita gente no mundo não tem o
que eu tenho hoje. Paz.

Hoje estou plantando sementes que Deus me dá. Sei que Ele
fará crescer um lindo corpo e os frutos, amados, veremos depois.

COMO ELE ME CUROU


Todos já devem ter passado pela experiência, quando criança
de cair de bicicleta ou de correndo vir a cair. Corremos chorando e
resmungando para as nossas mamães para que elas resolvam o problema da
dor e tratem daquilo que não sabemos fazer. Uma criança mesmo estando
errada, não consegue esconder um machucado de sua mãe. Vocês devem se
lembrar de que para curar uma ferida, um raladão daqueles no joelho, a
mamãe tem que lavar a ferida. Meu Deus, que luta esta parte. Lavar aquela
ferida que estava ardendo mais do que podíamos suportar. Lavar para tirar a
terra e os micróbios. Ao invés da dor diminuir ao procurar mamãe, ela fez a dor
aumentar. E nossos gritos aumentavam na mesma proporção. Depois de lavar,
que já era terrível, vinha a colocação do remédio. Naquele tempo era aquele
“Merthiolate”, que ardia mais ainda. Pensávamos que não íamos mais agüentar
de dor e a mamãe nos encorajava e nos mantinha calmos pela sua presença,
pela sua voz firme e encorajadora ou por seus carinhos. Depois disso vinha a
gaze e o esparadrapo. Aí já era moleza. Amados, a dor não parava por aí.
Tinham que ser feitos outros curativos até que a ferida se cicatrizasse, e por
vezes parecia que ela não ia cicatrizar nunca. Vinha a hora do banho e
começava tudo de novo. Dor, dor e dor. Aquela ferida “babava”, era feia a
coisa. Mas no final de alguns dias ou semanas, depois de feita a casca da ferida,
nascia uma pele rósea por baixo da casca e já era a pele do joelho novinha em
folha. Imaginem uma criança sem mãe que escondesse a ferida? Esta ferida
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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poderia se complicar e até virar uma doença incurável. No nível da alma, esta
ferida pode não se fechar nunca. Se não for feito um tratamento adequado
para a cicatrização. E o tratamento adequado está nas mãos de Deus. Temos
que entregar nossas feridas abertas para que o Pai nos cure, como fez nossa
mãe quando éramos crianças.

Depois de adultos, já podemos ir diretamente ao Pai como


fazíamos com a nossa mãe quando éramos crianças, e sem choro oferecermos
nossas feridas e deixá-lo curá-las.

COMO ME ENTREGUEI A DEUS


Ele me deixou ir até aonde não podia ir mais sozinha. Quando
desisti de tentar sozinha conseguir o que achava que precisava, comecei a
entregar a Deus cada parte da minha vida. As finanças, meus relacionamentos,
minha família, minha vida espiritual, minha maternidade, os meus estudos,
meu ministério, meu casamento, meu trabalho. Foi aos poucos. Um de cada
vez. Ele ia me conduzindo. Até que me entreguei por completo. Que é como me
sinto hoje.

Meus filhos mais velhos, Deus os pediu a mim nas vésperas e


durante um “Encontro com Deus” no qual eu iria palestrar. Deus tratava
comigo em uma área a qual era a que eu me sentia mais segura. Assumia
facilmente meus erros em todas as outras, e achava que nesta área Deus não
precisava tocar. Eu pensava que dominava com maestria, pensava ser uma mãe
perfeita. Doce ilusão. Deus me mostrou naquele encontro que eu havia errado
mil vezes com eles: meus filhos. Que ao deixar o pai deles, por motivos
pessoais, não pensei neles. No quanto sentiram a falta dele. No vazio que eles
sentiram no dia dos pais. Eu me achava naquele tempo um “super-herói”.
Acreditava ser boa o suficiente para substituí-lo. Que tonta! Nunca poderia
fazer isso. Esta foi somente uma das terríveis açoitadas que Deus me deu
naquele encontro. Eu aceitei todas, amados. No final, Deus os pediu a mim. E
eu os entreguei a Ele. Quando entrei para pregar, queridos, servi de açoite de
Deus para todos os que estavam lá. Todos receberam o tratamento de Deus e
até hoje falam de mim por causa daquele encontro que tiveram com Ele
naquele lugar. Foi inesquecível o que o Nosso Senhor fez. Glória a Deus, pelas
açoitadas!

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5. O que é semente para Deus


Definição científica:
Semente é o corpo em tamanho e existência reduzida. Semente
é segundo o dicionário Aurélio: “causa, origem”. Semente é o início, mas
contendo tudo que será o corpo sem ele ainda existir. A semente é a
esperança, a vida, o novo. Na sua fragilidade de semente há uma força
sobrenatural que a faz resistir às adversidades, impulsiona-a a crescer, se
desenvolver, transformar-se e com isso morrer. Isso mesmo, a semente precisa
morrer para a planta nascer.

Definição segundo a Palavra de Deus:


Vamos ver o que Deus nos diz sobre esta sua criação. Com que
objetivo Deus criou a semente. E são muitas as orientações de Deus com
relação à semente.

“E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente,


árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente está nela
sobre a terra; e assim foi. E a terra produziu erva, erva dando semente
conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente está nela conforme a
sua espécie; e viu Deus que era bom." (Gênesis 1: 11-12)

Como vemos a semente trás em si uma missão: prosperar,


multiplicar, resistir, permanecer. Deus a fez com este propósito. De ser
abundante, de levar a vida adiante. De manter a identidade de sua espécie e
garantir que o que Deus cria não sucumbe. Ela representa a generosidade de
Deus.

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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A Palavra de Deus é semente
Se observarmos o ciclo da planta desde seu nascimento
veremos que a única coisa que fica da planta é a semente. A planta seca e
morre, o fruto cai e morre. Mas a semente fica para gerar nova planta. A
palavra de Deus é comparada à semente, segundo Pedro, porque permanece
para sempre garantindo a todos o acesso aos ensinamentos do Pai. Abundante,
generosa, perpétua.

"Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da


incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre. Porque
toda a carne é como a erva, e toda a glória do homem como a flor da erva.
Secou-se a erva, e caiu a sua flor. Mas a palavra do Senhor permanece para
sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada”. (I Pedro 1: 23 -25)

Na parábola do semeador Jesus nos chama de terra e nos


classifica em terra boa, lugares pedregosos, lugares espinhosos, beira do
caminho. E com isso nos ensina a sermos terra boa, ou seja, praticantes da
palavra. A palavra é a semente.

“E falou-lhes muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o


semeador saiu a semear. E quando semeava, uma parte da semente caiu à
beira do caminho, e vieram as aves e comeram. E outra parte caiu em lugares
pedregosos, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra
profunda; mas, saindo o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou-se. E outra
caiu entre espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram. Mas outra caiu
em boa terra, e dava fruto, um a cem, outro a sessenta e outro a trinta por
um.” (Mateus 13: 3-8)

E nos versos seguintes Jesus nos explica no mundo espiritual o


significado da parábola do semeador.

“Ouvi, pois, vós a parábola do semeador. A todo o que ouve a


palavra do reino e não a entende, vem o Maligno e arrebata o que lhe foi
semeado no coração; este é o que foi semeado à beira do caminho. E o que foi
semeado no lugares pedregosos, este é o que ouve a palavra, e logo a recebe
com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e
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sobrevindo a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se


escandaliza. E o que foi semeado entre os espinhos, este é o que ouve a
palavra; mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a
palavra, e ela fica infrutífera. Mas o que foi semeado em boa terra, este é o
que ouve a palavra, e a entende; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta,
e outro trinta.”(Mateus 13: 18-23)

Portanto, Jesus nos diz que a semente é a palavra de Deus e


que nós somos a terra, neste caso. Esta semente como todas as outras nasce
para se multiplicar e só se multiplicará em terra boa, que no caso somos nós.

Mas isso quer dizer que se somos terra ruim não podemos fazer
nada para mudar isso? Não. Se fosse uma questão de já nascermos desta
forma, ou seja, de sermos todos divididos em boa terra, má terra, terreno
pedregoso, ou outro tipo qualquer, estaríamos quase todos perdidos.

Deus nos fala nesta passagem que podemos estar como terra
boa ou má e também podemos estar como terreno pedregoso.

Em minha primeira experiência com Deus estava como lugar


pedregoso. Tiveram que passar muitos anos, aproximadamente 20 anos mais,
para receber Jesus em minha vida como terra boa. Aí sim, eu recebi a palavra
de Deus e a vejo me transformando e me fazendo dar frutos.

Porque agora ela pode prosperar em meu coração. Estou


pronta! Vem a perseguição e não me escandalizo. Sei que há perseguição.

Aliás, é a perseguição que firma nossa fé e funde a palavra em


nossa vida. Sem a perseguição a palavra é somente um texto bonito e sábio de
se ouvir e de se admirar. A aplicação da palavra em nossa vida se dá na
perseguição por causa da palavra. Para comprovar a eficácia e a existência da
palavra temos que dar frutos após a perseguição.

Bom, vou contá-los a minha primeira experiência com Deus


agora: Estava com 17 anos. Namorava desde os meus 15 anos. Ele era meu
primeiro namorado e eu era muito apaixonada por ele. Morávamos em São
Paulo e tudo ia muito bem. Sem aquele namorado meu mundo caía. Afirmava a
todos que nos casaríamos um dia e aquilo era levado a sério pelas duas partes,
tanto minha como dele.

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Bom, de repente um belo dia minha mãe se aproxima de mim e
me diz que daí a alguns meses mudaríamos para o Rio de Janeiro.

Meu Deus, como poderia viver sem ele? Frente a esta “terrível”
realidade precisava de alguém forte para me segurar – me segurei em Deus.
Comecei a buscá-lo na intimidade de meu quarto. Meu namorado era mais
novo do que eu e não tinha emprego certo, portanto pensar em casamento era
impossível. E neste clima desesperador, melancólico e inseguro, comecei a
buscar espontaneamente a Deus.

O que conhecia de Deus na época eram informações tiradas da


primeira comunhão e algumas orações de santinhos que minha mãe nos
ensinara a repetir. Meus pais eram católicos não praticantes. Comecei a orar e
a buscar a Deus com freqüência. Me trancava no quarto e conversava com
Deus por horas. Tínhamos um quadro pequeno com um desenho muito lindo
de Jesus e ficava conversando com Ele olhando para este quadro. Não havia
aprendido isto na igreja, com meus pais ou em qualquer outro lugar, fazia isto,
não sabia à época, mas inspirada pelo Espírito Santo de Deus. E este convívio
me acalmava, me consolava, me dava tranqüilidade e confiança em Deus e no
futuro.

Após a mudança para o Rio de Janeiro, em um destes


momentos de oração, busquei a Deus decepcionada por Ele não me ter
atendido em um pedido e comecei a dizê-lo que tudo aquilo era loucura da
minha cabeça e que não existia Deus algum – falava com o coração. E,
chorando muito, em um momento de desespero e choro levantei o quadro de
Jesus e como resposta ao que eu dizia dos olhos de Jesus desceram lágrimas
minhas. Ele estava chorando.

Jesus chorou por mim, na minha frente, com minhas próprias


lágrimas.

Foi tremendamente impactante. Parei de chorar naquele


instante e me pus a pedir desculpas. Jesus chorou diante do meu descrédito,
diante do meu rompimento, diante da minha rebeldia, diante do meu desamor
a Ele. Jesus chorou magoado. Ele já havia demonstrado sua participação no
meu relacionamento com Ele. Que prova mais eu queria?

Só porque não me atendeu uma vez, isso não invalidava sua


existência, seu amor, seu cuidado comigo. Fui ingrata e Jesus chorou. Aquele
ainda não era o momento oportuno para receber Jesus em minha vida de
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forma definitiva. Eu era ainda um lugar pedregoso. O ambiente não era


adequado. A semente que Deus tentava plantar em mim não vingaria. Não
havia raiz ainda e a semente secou.

Eu não conhecia nenhuma pessoa evangélica, não conhecia a


bíblia, não freqüentava nenhuma igreja. Desde aqueles dias em diante não me
lembro bem como deixei de me relacionar com Deus. Sei que Ele não me
abandonou. Eu parei de buscá-lo. Ele foi me preparando e permitindo que
muitas coisas ruins me acontecessem sem nunca, nunca deixar de me livrar das
piores situações. Que amor esse Deus tem por nós. Que generosidade!

Anos mais tarde com aproximadamente 32 anos, Ele começou a


tocar em meu coração. Me afastei de tudo o que era mal (álcool, drogas, sexo)
e comecei a buscar a Deus. Aos 37 anos, aí sim como terra boa, eu entrei em
uma igreja evangélica com enorme sede de Deus e de sua palavra, machucada,
doente, ferida, cansada. Aí então recebi Jesus como meu Senhor e Salvador.

Hoje com 45 anos estou escrevendo este livro por Sua


inspiração e já tenho um Projeto que atende a 30 mulheres carentes em minha
cidade com cursos, atendimento psicológico e espiritual. Hoje sou terra boa.

O Espírito Santo é semente


O Espírito Santo de Deus, que habita em nós também é
chamado de semente de Deus que é colocada em nós. Ele é a semente que
contém o DNA de Deus. Que nos fará ser como Jesus.

"Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a


sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus." (I
João 3: 9)

Deus nos chama de semente


Porque somos suas sementes. Ele nos plantou para darmos
frutos. A semente nasce para morrer e dar frutos após a sua transformação em
corpo, em árvore. É por isso que Deus nos chama de sementes também.
Chama-nos de sua semente e diz que nos plantou, além de considerar nossa
descendência como semente também, ou seja, Deus nos chama desta forma
porque nosso dever, nossa missão é crescer e nos multiplicarmos. E também
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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pelo fato de termos o dever de fazermos discípulos e espalharmos as boas
novas.

"Vós, semente de Israel, seus servos, vós, filhos de Jacó, seus


escolhidos." (I Crônicas 16: 13)

"Eu mesmo te plantei como vide excelente, uma semente


inteiramente fiel; como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada
como vide estranha?" (Jeremias 2 : 21)

Nossa descendência é chamada de semente


Nossa descendência é nosso fruto aqui na terra. E Deus os
chama de sementes porque eles multiplicarão a palavra de Deus. Eles
multiplicarão a ação, o alcance de Deus na terra. E há promessa de Deus para a
nossa semente antes mesmo dela existir na terra. Promessa que nada faltará a
eles.

"Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o


justo, nem a sua semente a mendigar o pão." (Salmos 37: 25)

Em todas as formas de se referir à semente, Deus fala de


progressão, projeção, multiplicação, ampliação. É pensando nestas sementes
que temos que entender o que é plantar semente.

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6. Características da semente de Deus


A semente tem que morrer para a planta nascer
Deus me mandou há alguns anos reatar meu casamento com
meu marido. Havia oito anos que estávamos separados. Bom, depois de muita
conversa com ele e de esperar mais de um ano para ele se decidir a voltar,
reatamos então. Voltamos a viver juntos na mesma casa. Bem, eu já havia
passado por muitas transformações em outras áreas. Sabia que eu precisava
mudar outras tantas coisas em mim para reiniciar com sucesso este casamento.

Mas quais seriam estas coisas? Desde que não estivesse


exposta às situações de uma mulher casada, não saberia muito bem como lidar
e em que precisava modificar. No fundo achava que pelo fato de já haver
sofrido transformações em outras áreas estava pronta para este desafio
também. Mas não estava. Continuavam as mesmas brigas, as mesmas rusgas,
as mesmas discussões. Fiquei indignada comigo e com Deus.

Meu Deus é isso o que o Senhor quer para mim? Foi para isso
que o Senhor me mandou para cá? Passar por tudo isso de novo? Para que? Por
quê? Não, não pode ser. Já tinha convivência com Deus tempo suficiente para
saber que algo mais Ele tinha para mim. Bastava que eu resistisse, persistisse e
esperasse até que Ele pudesse mover os corações e mudar nossa estrutura.
Todo dia um pouquinho. Clareando nossa mente como a aurora de pouco a
pouco.

Olhem, foi muito enriquecedor tudo o que vivi e tenho vivido


até o momento. Um belo dia, depois de mais uma discussão que tive com meu
marido após a nossa volta ao casamento, busquei consolo na palavra e pasmem
frente ao que Deus me disse:

"Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não


morrer." (I Coríntios 15: 36)

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Era isso! Eu precisava matar a velha Adriana para que a nova
tomasse o lugar dela.

Para que Deus pudesse operar o nascimento da nova Adriana


nesta área da minha vida. Precisava parar de pensar da mesma forma que
pensava antes e também tinha que parar de ter as mesmas reações, as mesmas
respostas frente às mesmas situações de antigamente.

Vi que ainda habitava em mim a velha Adriana – mulher rixosa,


controladora, carente, instável, insegura, mandona. Entendi que tinha que
parar de me ofender com facilidade, que os velhos pensamentos da velha
Adriana não me pertenciam mais e que eu deveria fechar meus ouvidos a eles
também. Nada muda se você não muda.

Mas como podemos matar algo que não deve existir mais para
que algo novo nasça? A velha Adriana era movida pela carne. Eu tinha que
vencer minha carne. A minha carne quer brigar, exigir, desgastar. Quer falar,
falar e falar. A minha carne é insubmissa e eu precisava ser submissa ao meu
marido e submissa a Deus.

SUBMISSÃO = COLABORAÇÃO

Comecei em não dar ouvidos a pensamentos do tipo: “Está


tudo errado”, “Isso não vai dar certo”, “Que absurdo ele fazer isso comigo!”,
não alimentando minha carne até que a velha Adriana morresse.

Tinha que fortalecer meu espírito. E foi o que aconteceu. Não


imediatamente, é claro, mas com o tempo. Fui vencendo minha carne não
aceitando seus desmandos.

E depois com mais algumas estratégias que aprendi com a


Joyce Meyer em “Vida sem contenda” eu pude perceber que em lugar de
discutir e impor minha vontade é melhor não discutir, não impor minha
vontade, me calar e pedir a Deus para mudar o que não posso. E também
aceitar o que não conseguia mudar. Tratando de enxergar as coisas positivas no
meu cônjuge, mais do que as negativas.

No passado, eu e meu marido fomos parar várias vezes em


delegacias. Imaginem um casal sempre às voltas com carro de polícia em sua
porta. Imaginem meus filhos gritando em casa para apartar brigas violentas,
agressões físicas. É impossível ser feliz assim. Nos agredíamos verbalmente,
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fisicamente, moralmente, de todas as formas possíveis. Víamos que existia


amor porque havia momentos bons também, mas não sabíamos como lidar
com as situações mais simples. Eu não queria me dobrar, ceder. Não aceitava
ficar calada. Exigia “meus direitos” o tempo todo. Queria mudá-lo no grito, com
a minha força. Na minha casa o que mais se ouviam eram gritos, xingamentos,
bater de portas - aquilo era um inferno! Satanás deveria rir e se divertir muito
conosco. O que consegui foram feridas, mágoas, ressentimentos. Separações,
medo, insegurança e depressão depois de alguns anos.

Mas hoje não. Sei que existia um demônio que nos manipulava
para a contenda. Hoje tenho um casamento abençoado. Um marido atencioso
e que colabora comigo. Existem respeito e silêncio em nossa casa. Os barulhos
que se ouvem são de risos de crianças brincando e de alegria. Pasmem com o
que Deus pode fazer em sua vida. Transformar um casal desequilibrado em
uma família harmônica. Transformar um ambiente hostil em uma casa
aconchegante.

Nossa postura é tão diferente da anterior que hoje


influenciamos a vizinhança com nossa postura.

No último mês um casal de vizinhos se mudou para a casa em


frente a nossa. Começaram a ter umas brigas com acusações e palavras de
baixo calão em voz alta, melhor, aos brados. Mas eles mesmos perceberam que
há uma família com estrutura sólida em frente de sua casa, um casal que se
respeita e fica chato ter que olhar na nossa cara depois de tudo o que se
disseram na noite anterior, entende? Parece que eles destoam do ambiente e
que o clima que impusemos com nossas atitudes é o que prevalece na
vizinhança.

Tenho orgulho da minha vida hoje. Antigamente só tinha


vergonha.
Você, cara amiga leitora, também pode ter esta mesma vida
abençoada, basta não dar corda ao inimigo. Basta você deixar que Deus te
instrua como agir. Não ouça a voz do mundo, ouça a voz de Deus.

O corpo que Deus está fazendo crescer, a partir da semente


que estou plantando agora em meu casamento, é lindo. Comparemos agora o
corpo morto que eu tinha em minhas mãos. Tinha uma vida de
relacionamentos destruída. Filhos sem pais. Separação, divórcio, mágoas,
feridas que sangravam em meus filhos, em mim e nos pais deles.

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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A semente possui reservas
Segundo o livro de ciências do meu filho de 11 anos, “uma
semente de feijão contém reserva de alimento para a nova planta iniciar seu
desenvolvimento” e mais, ”quando uma semente de feijão encontra condições
adequadas de umidade e temperatura, ela inicia seu desenvolvimento”. Isso
quer dizer que na semente além de existir a própria planta em miniatura que
crescerá assim que encontrar condições propícias para isto, existe também
reserva de alimento até que esta comece a crescer.

Fantástico nosso Deus! Ele não deixa a frágil semente entregue


a sua própria sorte. Cuida dela deixando uma reserva em seu interior para
sobreviver até que encontre condições favoráveis para seu crescimento.

Sementes boas e sementes ruins

"Porque haverá semente de prosperidade; a vide dará o seu


fruto, e a terra dará a sua novidade, e os céus darão o seu orvalho; e farei que o
restante deste povo herde tudo isto." (Zacarias 8: 12)

Mas existe a semente que é reprovada por Deus. Por que Deus
faz isso? Por que foi semente semeada em ambiente inadequado. De forma
repreensível para Deus. Com intenções escusas. Deus vê a intenção de nossos
corações, portanto se semeamos uma semente com intenção contrária à do
Pai, Ele não permite que esta vingue. A menos que o fato desta semente ruim
vingar seja para tratamento nosso. Porque Deus só está interessado em nosso
tratamento. Quer nos modificar para melhor, é claro.

Venho plantando em meu trabalho a muitos anos sementes na


área profissional. São empresas que abro, e tenho muita facilidade para
organizar, vender, contratar, enfim faço tudo direitinho para dar certo, mas
depois de um rápido tempo, tudo dá errado. Algumas vezes não deram certo,
pois não perseverei, outras não deram certo porque Satanás era quem reinava
em minha vida e claro ele não deixaria nada dar certo. Tenho quatro filhos e as
coisas não foram muito fáceis para mim. Principalmente na área financeira.
Mas mesmo depois que me converti continuei a abrir negócios e continuaram
acontecendo as mesmas coisas. Em uma determinada empresa perseverei
bastante, mas Deus não permitiu de forma alguma que qualquer semente na

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área financeira da minha vida vingasse mesmo depois de ter vida com Ele. Por
quê?

Perguntando isso a Deus um dia, Ele me respondeu que não


deixava a semente da área financeira vingar por que via cobiça em meu
coração e porque havia uma idolatria nesta área por causa da necessidade que
ainda sentia de provar a minha família que eu tinha capacidade. Hum-hum,
motivação errada! Deus percebia o que eu não podia ver.

O que eu chamava de necessidade financeira, Deus chamava de


cobiça.

Olha, que depois de me observar em algumas situações pude


perceber a minha sensação de revanche, a empáfia no meu rosto cada vez que
pensava estar saindo da tal situação financeira precária que tanto me
incomodava. Me incomodava por causa dos valores e da cultura familiar.

Não tenho mais a necessidade da velha Adriana de agradar e


nem de provar nada aos meus pais. A nova Adriana serve a Deus e quer agradá-
lo. Meus pais estavam interessados neles mesmos. Deus está interessado em
mim. O objetivo do desejo do meu sucesso para Deus sou eu mesma, para
meus pais eram eles.

Deus me fez enxergar que não tenho mais compromisso com


este tipo de meta. Minhas metas hoje são outras. Têm a ver com as metas de
Deus e com a vida que Ele quer para mim. É com Ele que eu tenho que me
preocupar. Isso me deu uma liberdade enorme, inimaginável. Meu
compromisso é com Deus e não com o que minha classe social espera de mim.

Ainda bem que Deus não me abençoou financeiramente


naquele momento. Tive que enxergar o milagre de Deus todos os dias, relaxar
quanto à minha vida financeira, deixar nas mãos dEle. A seu tempo Ele me
abençoará grandemente, com medida recalcada e transbordante. Enquanto
isso, eu entrego minhas metas financeiras a Ele e confio que nada nos faltará. E
é o que vem acontecendo. Deus está nos suprindo maravilhosamente através
do trabalho de meu marido. Isto dá segurança a ele, principalmente por que
Deus o levou a fazer um trato com Ele. Meu marido O pediu para que não
faltasse nada em casa e não tem faltado nada. Os clientes chovem e meu
marido está conseguindo entregar seus trabalhos em dia sem atrasos. E com
isso, Deus me provê estrutura para escrever este livro.

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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"Eis que reprovarei a vossa semente, e espalharei esterco sobre
os vossos rostos, o esterco das vossas festas solenes; e para junto deste sereis
levados." (Malaquias 2: 3)

Se Deus tivesse me permitido ser bem sucedida


financeiramente provavelmente perderia a cobertura espiritual de Deus.
Estaria fora do Seu alcance. Teria feito mal a muita gente e não teria resolvido
nenhum dos meus problemas, ao contrário eu os teria piorado. Estaria
passando por cima de muitas pessoas, como vejo outros fazendo. E isso não
serviria de nada nem a mim nem a ninguém. Não é este o plano de Deus para
minha vida. Ele tem outros planos para mim. Em provérbios, Salomão nos
adverte para aquele que semeia o mal, o mal também segará.

"O que semear a perversidade segará males; e com a vara da


sua própria indignação será extinto." (Provérbios 22: 8)

E quanto ao tamanho da semente?


Não devemos olhar para o tamanho da semente. Ela pode ser
bem pequenina. Pode ser uma pequena empresa com um funcionário, pode ser
um casamento entre adolescentes, pode ser uma situação frágil como a
gravidez de Sarah, mulher de Abraão, que teve Isaque com 90 anos. E o que
aconteceu? Abraão teve sua descendência multiplicada como as estrelas do
céu.

Pode ser como o filho mais jovem de Jessé, cujo pai havia
esquecido quando o profeta lhe pede que mostre outro filho, porque nenhum
dos que Jessé havia mostrado era o escolhido de Deus. E o Senhor o levantou
como Rei. O Rei mais amado e admirado por todos. O Rei Davi.

Deus nos mostra que não importa o tamanho da semente. A


planta que cresce após a boa semeadura e cultivo pode nos surpreender. Por
que é Deus que dá o crescimento segundo sua vontade. É Deus com sua imensa
generosidade que multiplica e prospera com abundância. O tamanho da
semente definitivamente não importa desde que seja semente dada por Deus e
não corpo feito por mãos humanas.

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“Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é


semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou, e semeou no seu
campo; o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, depois de ter
crescido, é a maior das hortaliças, e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do
céu, e se aninham nos seus ramos.” (Mateus 13: 31-32)

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7. Como semear
Semear com abundância
Mas existe diferença na colheita dependendo da quantidade
que semeio? Sim e muita. Quanto mais grãos de semente semear, mais
colherei. Esta é uma regra matemática. Paulo também nos adverte em II
Coríntios 9: 6.

“Mas digo isto: Aquele que semeia pouco, pouco também


ceifará; e aquele que semeia em abundância, em abundância também ceifará”
(II Coríntios 9: 6)

A garantia de uma colheita farta é uma semeadura abundante

Quem já plantou algo, sabe bem que se queremos plantar uma


árvore nós temos que semear mais do que um grão de semente. Abrimos um
buraquinho na terra e jogamos alguns grãos de semente e não apenas um, pois
há sementes que não vingam. São sementes infrutíferas. De olharmos assim
não podemos determinar qual é boa qual é ruim.

Para não perdermos a semeadura temos que colocar mais de


uma ao acaso e esperar até que germine para ver se espontaneamente tudo
correu bem. Existem também sementes que dão mais frutos que outras, mas
neste caso também não podemos saber qual delas é próspera ou não.
Precisamos esperar que cresça e que dê frutos.

Portanto, semeemos com abundância para que possamos


colher com fartura.

Deus nos dá a semente


Na vida assim como na natureza quem nos dá a boa semente é
Deus. Também conseqüentemente, a chuva, o pão e a multiplicação da
sementeira. 89
Simples Sementes em Lugar de Corpos
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"Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê


pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da
vossa justiça;" (II Coríntios 9 : 10)

“darei a chuva da tua terra a seu tempo, a temporã e a


serôdia, para que recolhas o teu grão, o teu mosto e o teu
azeite;”(Deuteronômio 11:14)

Portanto não temos muito que nos preocupar com a semente e


nem tampouco com aquilo que faz a semente crescer e ser abundante. Temos
somente que ter uma postura correta e afinada com os princípios de Deus. Ele
tem excelentes promessas para uma sega abundante.

Ele pede que nos compadeçamos dos que não têm o que
comer. Pede-nos para que emprestemos a quem não tem e garante-nos que
nossa semente será abençoada. Temos que usar de compaixão e de
misericórdia para com aqueles que não têm. Certamente nada nos faltará e
seremos abençoados em nossa semeadura.

"Compadece-se sempre, e empresta, e a sua semente é


abençoada." (Salmos 37: 26)

Deus nos diz também que tudo o que sofremos para semear
será retribuído na sega. E isso é demais. Garantia maior não há para aqueles
que semeiam em lágrimas. Na verdade não há como semear sem esforço.

"Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando,


voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos." (Salmos
126: 6)
“Os que semeiam em lágrimas, com cânticos de júbilo
segarão.” (Salmos 126: 5 e 6)

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No deserto não se pode semear


No deserto não se pode semear porque deserto é lugar seco.
No deserto estamos sendo tratados por Deus. No deserto sofremos privações.
Nada do que plantarmos vingará no deserto. Por que a terra não é boa, ou seja,
ainda não estamos prontos. No deserto a única planta que sobrevive é o cactus.
Porque é planta que tem raízes profundas e armazena alimento dentro de si
mesma. Deus se comunica muito conosco no deserto. Nos sustenta, nos aquece
à noite e nos protege do sol escaldante durante o dia. Deus realiza muitos
milagres no deserto para demonstrar a sua presença. Para conquistar a nossa
confiança. Não é hora de plantar. Não estamos capacitados para isso ainda. Por
isso, Deus nos leva para o deserto sempre antes de realizar algo em nossas
vidas. Depois de capacitados, aprovados por Deus, aí sim podemos semear. E
Deus espera que semeemos com abundância e alegria. O povo de Israel no
deserto pergunta a Deus:

"E por que nos fizestes subir do Egito, para nos trazer a este
lugar mau? Lugar onde não há semente, nem de figos, nem de vides, nem de
romãs, nem tem água para beber." (Números 20: 5)

E Deus com fúria pela forma como foi inquirido pelo povo, não
o permite entrar na terra prometida. Deus nos manda para o deserto para que
confiemos nEle. O povo de Israel nunca pode confiar em Deus a despeito de
todos os milagres maravilhosos que fez todos os dias. Entre eles estão o maná
de todo dia, a coluna de fogo à noite, a nuvem protegendo-os do sol durante o
dia, os sapatos e roupas que não se gastaram por 40 anos, a travessia do Mar
Vermelho. Por que não confiaram em Deus? Por que reclamavam tanto? Por
que se curvavam diante de outros deuses? Por que duvidavam de Deus?

O que é essencial para a semeadura?


A forma correta de contribuir é com alegria e não por tristeza
ou constrangimento. Esta é a forma correta de semear. Portanto temos que
semear com abundância e com alegria.

E isto me faz lembrar um pastor que considerava seu ministério


quase que uma “obrigação”. Trazia certa tristeza em seu coração quando falava
no assunto. Parecia-nos, muitas vezes, que ele não se sentia confortável com a
função e que seu real desejo era fazer “trabalho secular” como ele mesmo se
referia a seu trabalho de Administrador. Creio que ele tentava fazer seu
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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trabalho de pastor bem e considero-o muito bom pastor. Dedicado e
companheiro.

Mas faltava algo em seu ministério. Parece-me que vivia um


conflito. Por causa desta tristeza seu ministério não prosperava.

Sei que não é fácil ser pastor. Exige altruísmo. O ser humano é
ingrato, volúvel e tende a responsabilizar os outros por seus erros. Sei que nos
sentimos desanimados muitas vezes por nos dedicarmos a pessoas que
definitivamente não mudam. Parece que nada acontece a despeito do nosso
esforço.
O que acontece é um desgaste por tentarmos fazer com nossos
braços o milagre que só Deus pode fazer. A vaidade pode frear a ação de Deus
nestas circunstâncias.

Deus nunca nos manda fazer algo que não nos capacite. E
mesmo que à primeira vista o que Deus nos manda fazer é algo desconfortante,
sabe-se claramente que será bênção para nós mesmos e para outros.

Por isso temos que fazer com alegria para que se multiplique o
alcance. Peço a Deus sempre que me mande fazer coisas grandes e que
alcancem muitas pessoas. Que me use com poder.

Deus é alegria

Fazendo um breve estudo sobre a alegria, vejo que Deus é


alegria. Seu significado no minidicionário Aurélio diz que alegria é: “Qualidade
ou estado de quem tem prazer de viver, de quem denota jovialidade.” Prazer de
viver, amados. É isso que Deus quer que tenhamos por causa da sua presença.
E é isso que Satanás quer nos roubar: a alegria.

Por outro lado, no mesmo dicionário encontramos triste como


“O que tem mágoa ou aflição. Cheio de melancolia, infeliz. Abatido, deprimido.”
Portanto, o único que quer nos ver nesta situação é o inimigo de nossas almas.

"Louvor e majestade há diante dele, força e alegria no seu


lugar." (I Crônicas 16: 27)

92
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Se Deus é alegria, aquele que se encontra em sua presença


também é alegre. Ser alegre não é estar alegre, é ser alegre. Encarando as
adversidades com leveza e confiança no Senhor. Sabendo que Deus é provedor
e não nos abandona nunca. Que tudo o que nos é dado por Deus é para o
nosso bem, mesmo que muitas vezes não possamos compreender o Seu mover.

“Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com


tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria. (II
Coríntios 9:7)

Davi é um exemplo de alegria

De todos os heróis da bíblia o que mais nos chama a atenção


por sua alegria é Davi. A sua alegria era tanta em alegrar ao Pai que ele
extravasava de uma maneira espontânea. Externava esta alegria de uma forma
tão expansiva que sua esposa Mical, filha de Saul, se envergonhou dele em um
dia de celebração. A mulher de Davi o recriminou por sua alegria e Deus
“secou-lhe a madre”, a tornou estéril. Com este fato nos damos conta do
tamanho da importância da alegria para Deus.

"Quando entrava a arca do Senhor na cidade de Davi, Mical,


filha de Saul, estava olhando pela janela; e, vendo ao rei Davi saltando e
dançando diante do Senhor, o desprezou no seu coração." (II Samuel 6: 16)

"E Mical, filha de Saul não teve filhos, até o dia de sua morte.”
(II Samuel 6: 23)

Diante da nossa sincera alegria, Deus se alegra e prospera


nossas ações. A questão da alegria é tão importante que lá em Deuteronômio
28, Deus nos diz em 28 versículos (Deuteronômio 28: 16 – 44) quais as
maldições que Ele permitirá que nos aconteçam caso não venhamos a escutar
sua voz, obedecer a seus mandamentos e não servi-lo com alegria no coração.
Amados, isso é muito sério. Deus não brinca com esta questão da alegria.

“Todas estas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te


alcançarão, até que sejas destruído,
93 por não haveres dado ouvidos à voz do
Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Senhor teu Deus, para guardares os seus mandamentos, e os seus estatutos,
que te ordenou. Estarão sobre ti por sinal e por maravilha, como também sobre
a tua descendência para sempre. Por não haveres servido ao Senhor teu Deus
com gosto e alegria de coração, por causa da abundância de tudo”
(Deuteronômio 28: 45-47)

A alegria manda Satanás para longe

Deus é luz e o diabo é trevas. Seguindo este antagonismo, Deus


é alegria e Satanás é tristeza. Com certeza para combater nosso inimigo
necessitamos estar em oposição a ele sempre e não em concordância com ele.
Se nós estamos nos sentindo tristes, temos que entender que é obra do inimigo
de nossas almas. Então mesmo sem estarmos dispostos, mesmo nossa carne
não querendo temos que nos esforçar para ficarmos alegres e o diabo então,
fugirá de nós.

"Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós."


(Tiago 4: 7)

A alegria demonstra que confiamos em Deus

Como Deus é alegria e os demônios sabem disso, temos que


buscar esta alegria com persistência. Pois nosso inimigo vai tentar tirá-la de nós
a todo custo nos mandando notícias desagradáveis, enviando pessoas ou
situações que nos aborrecem ou entristecem. Colocando pensamentos ruins
em nossas mentes. Pensamentos de derrota, pensamentos de acusação. Mas
nós, estando cientes através do discernimento espiritual que Deus nos dá com
seu Espírito, temos que rejeitar estes pensamentos ou situações e
entendermos que é nosso inimigo querendo nos atingir.

Com tanta habilidade e discernimento, entregando nossas vidas


a este Deus maravilhoso, nossa busca pela alegria vai demonstrar a Satanás que
confiamos no nosso Deus. Ao invés de ficarmos entregues a sensações turvas
que o diabo quer nos colocar para nos paralisar e deixarmos de viver o que
Deus tem para nós.

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A alegria faz fluir a unção de Deus em nossas vidas

A unção de Deus em nossas vidas é como uma energia especial


que nos habilita além das nossas forças, além das nossas capacidades, além do
nosso conhecimento a realizar coisas que são necessárias no serviço ao Senhor
e conseqüentemente em nossas vidas. Nós a recebemos de Deus liberalmente.

"E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes
necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina
todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim
nele permanecereis." (I João 2: 27)

Sem esta unção é impossível servir a Deus da maneira que Ele


quer, ou seja, como galhos presos à videira. Como Deus é alegria e dEle vem
também a unção, concluímos que com tristeza a unção de Deus não flui porque
a tristeza provém de Satanás e quando estamos tristes nos sentimos sem
motivação, estagnados.

Bingo! É isto que o diabo quer.

A alegria tem que ser pedida a Deus

Se Deus é alegria e se podemos pedir a Ele tudo que


necessitamos, aliás, sempre devemos recorrer a Ele para que nos dê o que nos
falta. E se Ele considerar que o que pedimos é realmente necessário para nosso
tratamento aí sim Ele nos concede. Lembre-se que Deus está sempre
interessado em nos tratar e para isso muitas vezes tem que negar o que
pedimos, pois não ajudará no tratamento. Mas a alegria faz parte da lista de
prioridades de Deus para nossa vida. Ele a dá com liberalidade.

A alegria do Senhor é a nossa força

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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"Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e
enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é
consagrado ao nosso Senhor; portanto não vos entristeçais; porque a alegria do
Senhor é a vossa força." (Neemias 8: 10)

Quando leio a última parte deste versículo posso interpretá-lo


de duas formas. A primeira me diz que a alegria do Senhor é a nossa força
porque Deus é alegria e com a alegria dEle podemos ser fortes. A segunda me
diz que se agradarmos a Deus e Ele ficar feliz conosco, isso nos deixa feliz e esta
alegria de Deus nos faz sentir mais fortes. Porque a vontade daquele que ama a
Deus é agradá-lo.

O apego à carne tira nossa alegria

Muitas das vezes nos falta alegria por que nossa carne que é
apegada às coisas do mundo ainda não é dominada por nós em alguma área. E
com isso a tristeza que ela nos dá pela falta de algo que não tem importância
nenhuma no mundo espiritual, nos trás tristeza.

O que devemos fazer? Não aceitar os desmandos da carne

Lembrar que seguimos a Deus e que nada nos falta por que
nosso Deus é providente e que por isso a alegria nos domina e não a tristeza.

Paremos de chorar por coisas que não precisamos, faltas que


não necessitamos. E se há alguma ferida em alguma área da sua vida que o
magoa toda vez que você fala nela, peça a Deus para curá-la para que a alegria
do Senhor possa nos dominar.

A minha ferida na área profissional está sangrando muito, me


tirando a alegria nestes últimos tempos, por causa da mudança de atividades.
Por causa da necessidade de delegar a Deus e a outros a provisão, as decisões.

Ficar em casa cuidando de crianças e limpando, lavando,


esfregando, passando roupa, não tem nenhum glamour. Mas tem trabalho
palpável, real. É trabalho de agricultor que planta uma semente boa das mãos
de Deus. Não é o glamour da Diretora de escola que todos procuram para
solucionar algo. Para pedir algo. Mesmo que esta função tenha seus sacrifícios
também.
96
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Mas ser Diretora preenche a minha vaidade e alimenta minha


carne. Por isso sinto esta tristeza. Ela vem da carne e não do espírito, que está
feliz demais por estar servindo a Deus, por estar fazendo a coisa certa e estar
buscando a alegria que Deus está me devolvendo aos poucos.

Me fazendo ver quantas coisas lindas eu vejo e faço todos os


dias. Que vida de rainha ele está me dando! Não preciso daquela vida velha.
Preciso desta nova vida comprometida com os valores de Deus.

Planejar para semear


Gosto muito de falar neste tema, neste caso usando-o como
exemplo aqui, pois ele é bem atual e faz parte do meu cotidiano de vida.
Observo que na vida profissional, muitas pessoas investem seu tempo, ou seja,
plantam sementes em várias áreas diferentes. E querem ter um bom resultado.
Isso é impossível. Não podemos fazer curso de cabeleireiro, de costura, de
fotografia, pintura em porcelana e faculdade de petróleo e gás e sermos bem
sucedidos. O que estamos demonstrando é uma total falta de planejamento.
Mas se a pessoa faz, por exemplo, curso de costura e faculdade de moda, ela
tem mais chance de se dar bem. O que as pessoas pensam é de cercar o
mercado de trabalho por todos os lados pode garantir a elas mais
empregabilidade. É bem melhor você focar e oferecer mais conhecimento
prático e teórico ao seu empregador do que acumular conhecimentos não
correlacionados com o objetivo de pegar a vaga de trabalho que aparecer.

"Não semearás a tua vinha com diferentes espécies de


semente, para que não se degenere o fruto da semente que semeares, e a
novidade da vinha." (Deuteronômio 22: 9)

Temos que tomar a decisão hoje de sermos curados por Deus


Outro dia, eu ouvia um famoso pregador falar sobre o
fato de que ultimamente o povo tem adotado uma justificativa para ficar
passivo no processo de crescimento espiritual. Esta justificativa vem do fato de
ter sido criado em nosso meio um jargão que é a máxima do povo de Deus.
Quando algo não acontece, dizemos: “No tempo de Deus, você será curado”,
“No tempo de Deus, você encontrará um companheiro”, “No tempo de Deus, eu
paro de fumar”, “No tempo de Deus, eu leio mais a bíblia”, “No tempo de Deus,
97
Simples Sementes em Lugar de Corpos
_____________________________________________________________________________
eu paro de ver novelas”. Falam como se não tivessem compromisso com a obra
de Deus. Como se o único responsável pela conquista de nossas promessas é
Deus. Nós não. Não precisamos fazer nada. Deus tudo fará. Mentira! Satanás
está colocando isso no nosso meio para que fiquemos inertes.

Amados, o tempo de Deus é hoje. No que depende de nós, tem


que ser hoje. Porque Deus não pode operar sem nossa ação. Temos que ser
curados hoje, nós temos que parar de fumar hoje, temos que ir mais a igreja
hoje, temos que ler mais a bíblia hoje. Já sabemos o que temos que fazer. Então
não temos que esperar mais nada. Temos que fazer hoje.

"Quem observa o vento, nunca semeará, e o que olha para as


nuvens nunca segará." (Eclesiastes 11: 4)

Quem planta corpos não irá deixar de plantar corpos vazios e


temporários a menos que decida ser curado por Deus. Não há outra maneira de
se modificar o quadro, a menos que haja cura. Portanto não podemos ficar
como Salomão disse, observando o vento. Temos que decidir buscar a cura
hoje. Para que amanhã possamos plantar as sementes certas, da forma certa.
Tudo isso demanda tempo e quanto antes iniciarmos este processo, mais
rápido chegaremos ao ponto da sega abundante de frutos bons que tanto
ansiamos ter.

8. Como cuidar do que plantamos


98
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Agradecer todos os dias é o segredo do sucesso da semeadura


Agradecer a Deus pela possibilidade de semear, pela semente,
pela poda, pela chuva, pelos frutos que virão. Em tudo temos que agradecer a
Deus. O agradecimento inibe o inimigo e abre espaço para Deus agir com mais
força e poder.

"Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em


Cristo Jesus para convosco." (I Tessalonicenses 5: 18)

Paulo e Silas experimentaram o poder do louvor em uma


prisão. Diante das impossibilidades e após terem apanhado muito, Paulo
convida Silas a louvar ao Senhor. Os dois começaram e a força e o poder do
louvor quebraram os grilhões. Quebraram as cadeias, as grades, abriram as
prisões.

“E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão,


mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança. O qual, tendo
recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior, e lhes segurou os pés no
tronco. E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e
os outros presos os escutavam. E de repente sobreveio um tão grande
terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram, e logo se abriram todas as
portas, e foram soltas as prisões de todos.” (Atos 16: 23-26)

O agradecimento confirma diante de Satanás a nossa fidelidade


em nosso Deus. Principalmente o agradecimento feito em situações não
favoráveis a nós. Porque nunca sabemos os motivos reais pelos quais estamos
passando por determinada situação. Se quando as coisas não vão bem, ou
simplesmente quando estamos passando por tribulações, começamos a
praguejar e a duvidar da ação de Deus, deixamos nosso inimigo alegre. Ficamos
fracos e submetidos às circunstâncias.

O Senhor manda a chuva para a semente


Aquele que nos dá a semente não nos abandona. Nos dá
também a chuva. Ou seja, Deus nunca nos abandona durante o cultivo da
semente. Semente que Ele nos dá e99
a qual Ele formará um lindo corpo.
Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Muitas vezes podemos olhar aquela semente pequena e frágil e


podemos pensar que demorará muito até que ela cresça e dê frutos. Realmente
demorará bastante. Mas Deus não nos abandona. Ele supre a planta e a nós,
até que ela cresça e dê belos frutos. Até que possamos desfrutar de seus frutos.
Ele pode nos dar paciência se ela nos faltar. E pode fazer com que os anos
sejam frutíferos em outras áreas.

Podemos olhar aquela pequena planta ou aquele minúsculo


broto e podemos imaginar que ele não vai vingar. Que o vento pode quebrá-lo,
que a tempestade pode arrancá-lo, que algum animal pode feri-lo, mas Deus
não abandona sua lavoura. A semente que plantamos com Deus será protegida
por Ele. Nenhum mal a arruinará.

“Então ele te dará chuva para a tua semente, com que


semeares a terra, e trigo como produto da terra, o qual será pingue e
abundante. Naquele dia o teu gado pastará em largos pastos.” (Isaias 30: 23)

Deus tem promessas para os semeadores


Hoje nos encontramos cada em um estágio da nossa caminhada
com Deus. Mas Ele nos promete que em um dia estaremos todos juntos
caminhando em seus caminhos.

"Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que o que lavra alcançará
ao que sega, e o que pisa as uvas ao que lança a semente; e os montes
destilarão mosto, e todos os outeiros se derreterão." (Amós 9: 13)

Instruções para o cultivo


Deus não nos deixaria sem instruções sobre a forma de cultivar.
Assim como instruiu Moisés, Noé e tantos outros, Ele nos instrui como cultivar.
Se vamos fazer as coisas debaixo da instrução de Deus, temos que ter um
coração misericordioso e temos que caminhar em amor. Não podemos ter o
nosso olhar fixo em resultados somente. Muito menos se a nossa preocupação
com resultados está baseada no nosso bem-estar somente. Quando Deus nos

100
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manda semear algo é para beneficiar mais do que nós mesmos. Precisamos
pensar nos outros.

“Seis anos semearás tua terra, e recolherás os seus frutos; mas


no sétimo ano a deixarás descansar e ficar em pousio, para que os pobres do
teu povo possam comer, e do que estes deixarem que comam os animais do
campo. Assim farás com a tua vinha e com o teu olival” (Êxodo 23: 10-11)

“Seis dias farás os teus trabalhos, mas ao sétimo dia


descansarás; para que descanse o teu boi e o teu jumento, e para que tome
alento o filho da tua escrava e o estrangeiro.” (Êxodo 23: 12)

Deus nos chama para o amor, pois Ele é amor. Amor é respeito
ao próximo, amor é compartilhar, o amor não pensa somente em si mesmo. O
amor não se envaidece. Em I Coríntios 13, Paulo nos diz muito bem o que é
amor. E é com ele que devemos cultivar nossa plantação.

Deus nos diz também para não descuidarmos da nossa


plantação. Depois de semeado, temos que continuar dando atenção, pois não
sabemos qual semente prosperará.

"Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua


mão, porque tu não sabes qual prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas
serão igualmente boas." (Eclesiastes 11: 6)

A importância da raiz
Raiz segundo o Mini-dicionário Aurélio Buarque de Holanda, é
“a parte da planta que cresce para baixo, geralmente dentro do solo, fixando-a
e fornecendo-lhe a água e os nutrientes que absorve”. Portanto, a raiz além de
fixar a planta, fornece-lhe alimento.

O corpo plantado como semente NUNCA tem raiz. Raiz é coisa


que demora a crescer e em geral cresce antes da planta. Ou seja, a planta forte
101
Simples Sementes em Lugar de Corpos
_____________________________________________________________________________
e saudável precisa estar bem fixada ao solo para se alimentar e para se fixar e
não estar sujeita a desastres. O corpo plantado como semente não tem
vocação para ser fixo, não há preocupação com isso. O corpo é só para mostrar,
não é para durar. Quem planta corpo como semente está interessado somente
com o que aparece acima da terra. Não está preocupado com estrutura, com
alimentação. Quer que o corpo se desenvolva, mas não quer saber como. Acha
que com seu esforço vai fazer o corpo crescer. Doce ilusão! Como já vimos, o
corpo plantado como semente não nasce, morre logo.

Uma vez brincando com meu filho de montar construções


com peças, Deus me revelou algo importantíssimo para minha caminhada.
Enquanto construía algo, colocando as peças todas agrupadas entre elas e bem
coloridas, pude ver que minhas construções eram ricas e bem criativas.

Enquanto me divertia e admirava a beleza de minhas


construções, pude perceber ao colocá-las sobre o solo, que elas não ficavam
em pé. Após a terceira que eu montei e que pude vê-las despencando no chão,
Deus me revelou que era desta mesma forma que eu construía as coisas. Era
desta mesma forma que eu montava as empresas. Era desta mesma forma que
eu me casava. Era desta mesma forma que eu tinha filhos, montava casa e me
relacionava com as pessoas.

Minhas construções de “brincadeira” cresciam rapidamente


para cima sem base, sem estrutura, assim como todo o demais em minha vida.
O peso colocado na parte de cima tombava toda a construção. Elas eram lindas,
mas, não paravam em pé. Precisava me preocupar com a base. Precisava me
preocupar com a raiz.

A raiz dá sustentação e alimenta. Precisava mais de Jesus na


minha vida. A base era fraca. Hoje é forte. Vai demorar mais até a raiz crescer e
o corpo se formar, mas será definitiva. Será uma construção substancial, útil,
viva de verdade.

O que fazer contra os ataques do inimigo em nossa boa plantação?


É esta uma preocupação constante do crente considerando que
o nosso inimigo não tem nenhuma intenção de nos deixar em paz e nem
tampouco deixar nossa plantação crescer mesmo que façamos tudo
corretamente. Sua intenção diária é acabar com o que plantamos. Destruir
nossa lavoura. Matar nossa força.

Confundir-nos colocando joio com trigo para que venhamos a


destruir o trigo pensando que é joio.
102
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Nosso inimigo não dorme, ele ruge ao nosso derredor dia e


noite bramando como um leão querendo nos tragar. O que Deus nos aconselha
é deixarmos a plantação boa crescer em meio à danosa e quando estiver
grande arrancar a planta má, pois se torna mais fácil de diferenciar uma da
outra. Jesus nos instrui sempre e nos faz vitoriosos diante do nosso inimigo.
Além de que Ele protege nossa plantação enquanto a deixamos crescer. Tudo
porque se fizermos o que Deus manda em sua palavra estamos sempre
cobertos por Sua proteção. Nada nos atinge. Haverá ameaças, mas serão
apenas ameaças.

Nesta parábola duas coisas me chamam a atenção: uma é o


fato de ser enquanto os homens dormem que o inimigo vem e semeia o joio.
Não foi em qualquer momento. Vejam que malícia. Portanto enquanto
“dormimos” Satanás planta falsos crentes em nossas igrejas para causar
rebeliões e tirar muitos dos caminhos do Senhor, ele planta maus namorados
nas vidas de nossas filhas para que elas pequem e saiam da presença do
Senhor, planta maus funcionários em nossas empresas para causar
descontentamento e revolta com conseqüentes pedidos de demissão em
massa ou boicotes com atrasos na entrega de pedidos causando letargia,
insatisfação geral e até falência.

Mas nosso Deus é justo e na parábola que Jesus nos conta Ele
diz para que deixemos o joio crescer. Por quê? Porque o nosso Deus é
especialista em transformar maldição em bênção.

Uma vez em nossa escola tivemos uma situação em que


contratamos uma leva de funcionários novos e eu os estava treinando para
darem aulas. Ao mesmo tempo, tínhamos outra leva de funcionários antigos já
há um ano conosco. Todos já treinados. Trabalhavam todos muito bem e
parecíamos satisfeitos.

Dentre os da segunda leva havia um que era joio. E começou a


plantar a discórdia e a desunião “nos bastidores“ da empresa. Plantando a
insatisfação com certos procedimentos da empresa. Ele era naturalmente líder
e fui percebendo que quanto mais o tempo passava, mais terreno ganhava.
Mas segui o que Jesus me havia ensinado nesta parábola. Claro que no final de
um período perdi quase todos os funcionários ao mesmo tempo. Os antigos e
os novos. Todos quase no mesmo dia. Uns pediram demissão e outros eu tive
que demitir.

103
Simples Sementes em Lugar de Corpos
_____________________________________________________________________________
No início foi muita dor de cabeça. Minha carne reclamava da
minha dedicação a eles, do tempo perdido, do dinheiro desperdiçado. Achei
que estava destruída, mas o Espírito Santo de Deus foi me mostrando aos
poucos o lado positivo da situação e pude perceber que havia reduzido em 80%
minha folha de pagamento e isso representava toda a economia que iria
necessitar para passar os tempos difíceis para a escola, que são as Festas de
Final de Ano e as Férias de verão.

Deus começou a me mostrar que bastavam fazer alguns ajustes


na metodologia e estava garantida a nossa sobrevivência. Ao invés de fazer
mais investimento, que era o que eu achava ser o certo, Deus me fez fazer mais
economia. E com isso sobrevivi muito bem o mau período que foi de festas, e
de enchentes por mais de um mês em minha cidade. Se Deus não tivesse
permitido que aquele joio estragasse parte da plantação de trigo, eu não teria
sobrevivido. Se eu tivesse me apressado em tirar somente o joio antes dele
crescer, eu teria ficado com o compromisso com todos aqueles funcionários
num momento péssimo para tantas despesas.

“Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é


semelhante ao homem que semeou boa semente no seu campo; mas, enquanto
os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e
retirou-se. Quando, porém, a erva cresceu e começou a espigar, então
apareceu também o joio. Chegaram, pois, os servos do proprietário, e disseram-
lhe: Senhor, não semeaste no teu campo boa semente? Donde, pois, vem o
joio? Respondeu-lhes: Algum inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram:
Queres, pois, que vamos arrancá-lo? Ele, porém, disse: Não; para que, ao
colher o joio, não arranqueis com ele também o trigo. Deixai crescer ambos
juntos até a ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro
o joio, e atai-o em molhos para o queimar; o trigo, porém, recolhei-o no meu
celeiro.”(Mateus 13: 24-30)

Porque Deus provê a semente e a multiplicação


Quantas vezes, estando no mundo, eu plantei sementes que
não frutificaram, ou que frutificaram tão rápido e tão abundantemente que não
havia estrutura para manter a colheita.

Buscamos tanto a ascensão rápida de nossas idéias, mas não


vemos que não estar preparado para esta ascensão pode ser nossa destruição.
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E isso já demonstra que a tão desejada ascensão não provém de Deus. Este tipo
de ascensão é promovida por Satanás. Ele sim quer nossa destruição, não Deus.

Porque Deus nunca nos dá algo que já não estejamos


preparados para receber. Primeiro Ele nos prepara, depois nos dá. Porque o
que Deus nos dá é para ficar, é para edificar permanentemente, é para
abençoar a nossa vida e a de outros.

Deus está me dando um tratamento completo. Antes de aceitar


Jesus como meu Senhor e Salvador, minha vida estava um horror. Todas as
áreas estavam com problemas sérios. Eu não tinha paz. Eu tinha problemas de
relacionamentos em todas as áreas. Problemas que tinham origem nos meus
pais.

Portanto, se a raiz de todos os problemas estava na família,


Deus começou tratando a família. Mas antes disso me afastou das drogas, do
álcool, dos “namorados”. Me colocou na casa dos meus pais novamente
trabalhando com eles. Foi terrível para mim. Tinha bloqueios terríveis. Até que
Deus usou meu primeiro pastor para me dizer que havia uma pedra de
ressentimento no meio da minha família e que eu deveria dar o primeiro passo
e pedir perdão. Aquilo foi um choque. Nunca imaginaria que ele poderia me
dizer aquilo.

Pedir perdão? Ele estava louco? Eu era a vítima. Porque eu


deveria pedir perdão? Eles, sim, tinham que me pedir perdão! Chorei, chorei
muito. Todos os cultos eu chorava muito. Passei durante minha caminhada com
Deus por três igrejas, em todas eu chorava muito nos cultos, me acabava em
cada um deles. As pessoas me olhavam e diziam: “Esta moça deve ter muitos
problemas...coitada.” Deus foi, aos poucos, me lavando as feridas e curando-as
com minhas próprias lágrimas.

O tratamento foi longo e penoso. Desci do meu salto. Me


humilhei e em nome do meu temor a Deus, meu amor por Ele e minha
obediência pedi perdão à todos os meus familiares, um a um. Meu Deus, que
maravilha! Aquilo foi um espetáculo para mim.

Dois meses depois meu pai me deu o tão sonhado carro “zero
quilômetros” que eu desejava. Ganhei meu primeiro carro aos quarenta anos
de idade. Com o meu trabalho na empresa dos meus pais, Deus me devolveu
meu relacionamento com meu pai, que eu mal conhecia devido ao
temperamento distante dele. A ausência dele nos causou muitos problemas.
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Deus me deu dignidade, porque hoje sou respeitada diante da minha família.
Porque fui honesta com eles, os sustentei nos momentos difíceis, não com
dinheiro, mas com amor e pensamentos positivos que provinham do Espírito
Santo de Deus.

Agora sim, fortalecida nesta área, Deus pôde me mandar de


volta para meu marido. Deus curou meu relacionamento com meus pais, agora
ele passou a tratar a minha área de relacionamento marido-mulher, que
também estava completamente destruída.

E pensar que meu plano para resolver todos os meus


problemas era prosperar no trabalho, ganhar muito dinheiro e com isso
mostrar aos meus pais que eu era boa, competente e que com dinheiro
solucionaria tudo, entende? Que simplista. Que cegueira. Quanta mentira e
prepotência da minha parte. Deus sabe de tudo, amados. Entreguemos nossas
vidas e nossas preocupações a Ele. Ele é fiel.

Ele tudo nos dá para que O reconheçamos como o Senhor da


nossa vida. Para que com nosso coração agradecido deixemos Satanás bem
longe. Anulemos a ação dele. Isso demonstra reconhecimento do senhorio de
Deus em nossas vidas. Temos que louvar a Deus nas boas e nas más situações.
Porque Deus trás conforto, Ele abre caminhos. Amplia nossos horizontes.

“Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, e pão para


comer, também dará e multiplicará a vossa sementeira, e aumentará os frutos
da vossa justiça. Enquanto em tudo enriqueceis para toda a liberalidade, a qual
por nós reverte em ações de graças a Deus.” (II Coríntios 9: 10-11)

Deus nos poda

"Porque antes da sega, quando já o fruto está perfeito e,


passada a flor, as uvas verdes amadurecerem, então, com foice podará os
sarmentos e tirará os ramos e os lançará fora." (Isaías 18: 5)

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Deus nos instrui em sua palavra que a poda é necessária. A


poda neste caso é de Deus. Ele nos poda. Mas quem gosta de ser podado? De
um dia para outro ver tudo aquilo que acumulamos e chamamos de estrutura,
ver sendo tirado de nossas vidas. Tudo aquilo que nos referencia perante as
outras pessoas, todos aqueles “mimos” que guardamos, tudo que mantemos
como “necessários” para nossa tranqüilidade, ou para nossa “sobrevivência”.
Os guarda-roupas lotados de roupas, as comemorações caras, os livros, as
revistas, os aparelhos eletrônicos, os cursos, as viagens. Ou qualquer outra
coisa que Deus considere que não precisamos carregar em nossa caminhada
com Ele. E, amados, Ele avalia com critérios próprios. Mas efetivos, com
certeza. Ao final, vemos que realmente aquilo só nos tomava tempo, nos
escravizava, nos prendia a uma vida fútil e vazia.

A poda serve para tirar tudo de “ruim” que carregamos conosco


e que nos impede de progredir espiritualmente. A poda nos limpa, nos trata.

Muitas vezes ouço pessoas pedirem a Deus santidade. Mas não


querem ser podadas. As pessoas pedem para serem abençoadas, mas não
querem ser podadas. Elas pedem um ministério grande, mas não querem ser
podadas.

Quando podamos uma planta tiramos dela as folhas secas ou


estragadas que sugam nutrientes que a raiz manda para a planta. Portanto, ao
invés destes nutrientes estarem nutrindo as folhas sadias ou fazendo brotar
outras mais sadias, as folhas secas ou ressecadas, feias, elas estão sugando-os.
Na poda cortamos também folhas e galhos sadios, para que os galhos que
ficam se tornem mais grossos, mais fortes, mais cheios de folhas verdes e
sadias. Para que as flores sejam mais bonitas e os frutos mais suculentos. Na
poda também podemos ir modelando a planta, dando a forma que quisermos.
Se podarmos na parte de cima, crescerá mais a parte de baixo. Se podarmos
mais na parte de baixo, crescerá mais para cima. Se podarmos mais no lado
esquerdo, crescerá mais para o lado direito. Portanto na poda, somos como o
vaso. E nosso oleiro ou agricultor é Deus. Por isso, Ele nos poda. Para sermos
melhores.
A poda dói, mas é necessária. Sem ela, crescemos de forma
desordenada e nunca chegamos a ser uma bela planta frutífera.

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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9. Como colher
Quando Deus nos ensina algo, o ensinamento é completo. E se
Ele nos ensina a plantar, não poderia deixar de nos ensinar a colher. Em Sua

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palavra, Deus nos diz para sermos misericordiosos, para agirmos e


caminharmos em amor. Ele chega a nos dizer que nada tem valor sem amor.

“E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento


dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não
tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” (I Coríntios 13:3)

O amor é tudo porque Deus é amor

"Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é


amor." (I João 4: 8)

E por que Deus é amor, a forma de colhermos o que plantamos


terá como características a misericórdia e a bondade. Como marcas do bom
agricultor. Não colhendo tudo, sempre deixando algo para os que necessitam
mais. Na verdade, sempre compartilhando com os menos favorecidos, sem
exigir nada. Boaz permitia que Rute fosse colher dos cantos de seu campo e foi
assim que ela e a sogra sobreviveram. Com misericórdia, sabendo que tudo
pertence a Deus e que se Ele nos permite colher, vamos compartilhar com
outros. Os mais amantes das economias podem chamar esta atitude de
desperdício. Para Deus é serviço a Ele e bondade.

"Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão


necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus?" (I
João 3: 17)

A orientação de Deus é para que a colheita seja rica e abastada.


Ampla em seu alcance. Se catamos os bagos e segamos os cantos, tomamos
tudo para nós, retemos tudo. E isso é contrário às leis de Deus. Claro que Deus
não nos manda desperdiçar, porém é sábio e amável acolher aos pobres.

“Quando fizeres a colheita da tua terra, não segarás


totalmente os cantos do teu campo, nem colherás as espigas caídas da tua
sega. Semelhantemente não rabiscarás a tua vinha, nem colherás os bagos

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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caídos da tua vinha; deixá-los-ás para o pobre e para o estrangeiro. Eu sou o
senhor vosso Deus.” (Levítico 19: 9-10)

Deus nos adverte também aqui que Ele é nosso Deus. Não nos
esqueçamos nunca disso. Deus pode nos pedir a que nos desfaçamos de tudo
que temos. Com certeza, nada nos faltará. Porque Ele é o nosso Deus. Que
nunca nos abandona e que tudo nos supre.

O que lavra deve debulhar com esperança de participar do fruto

“Pois na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca do boi


quando debulha. Porventura está Deus cuidando dos bois? Ou não o diz
certamente por nós? Com efeito, é por amor de nós que está escrito; porque o
que lavra deve debulhar com esperança de participar do fruto. Se nós
semeamos para vós as coisas espirituais, será muito que de vós colhamos as
materiais? Se outros participam deste direito sobre vós, por que não nós com
mais justiça? Mas nós nunca usamos deste direito; antes suportamos tudo,
para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo. Não sabeis vós
que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os
que servem ao altar, participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos
que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho. Mas eu de nenhuma
destas coisas tenho usado. Nem escrevo isto para que assim se faça comigo;
porque melhor me fora morrer, do que alguém fazer vã esta minha glória.”
(I Coríntios 9: 9-15)

Assim como Paulo e os discípulos, devemos plantar com


expectativa de colher e de desfrutar do fruto. A nossa expectativa é muito
importante, pois se nada esperamos nada colhemos. No texto acima, Paulo se
refere aos que vivem do evangelho. Mas quem pode tomar conhecimento do
evangelho e a partir daí não passar a viver deste mesmo evangelho? Todos os
que realmente conhecem Jesus, rende-se a Ele. Seguem e vivem deste
evangelho. Mesmo que tenham que viver de trabalho secular. Portanto, em
tudo o que empreendem forças, levam a expectativa de colher os frutos
plantados das sementes deste evangelho.

Não devemos atar a boca do boi quando debulhamos (segundo


o Mini-dicionário Aurélio Buarque110
de Holanda, debulhar é extrair os grãos ou
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sementes de) porque o boi participa do processo de plantio. Portanto,


compartilha do que Deus oferece ao lavrador.

Colher com reconhecimento (ações de graças)


Além de termos expectativa de boa colheita, temos que
reconhecer a quem devemos agradecer pela colheita, seja ela boa ou não. E a
nossa forma de agradecer é dizimando parte do campo ao Senhor. A palavra diz
que é do Senhor. É santa esta parte. Não podemos tocar. Não damos a Deus,
entregamos o que já é dEle. E não há prova maior de nossa fidelidade do que o
ato de dizimar. Satanás fica impotente diante do nosso dizimo. Não só a nossa
área financeira, mas outras áreas também ficam protegidas por Deus por causa
da nossa fidelidade. Deus não precisa do nosso dinheiro, precisa da nossa
entrega total, da nossa confiança.

"Também todas as dízimas do campo, da semente do campo,


do fruto das árvores, são do Senhor; santas são ao Senhor." (Levítico 27: 30)

Na nossa escola tivemos uma experiência muito profunda nesta


área. Desde o momento em que Deus colocou a escola em minhas mãos e de
meus filhos, Ele me instruiu a dizimar parte da renda para sua obra. Eu estava
neste momento, já bem consciente de que meu desempenho nas finanças era
péssimo. No início chamei uma pessoa para me orientar nesta parte, mas não
deu certo. Não era isso que Deus queria. Então, eu e meu filho assumimos a
situação. Aprendemos muito e Deus nos deu a vitória. A escola sobreviveu, nós
sobrevivemos e estamos em vias de crescer.

A parte que separávamos, mesmo sem saber para que fim Deus
nos houvesse instruído a fazer isso, nos auxiliou a manter a escola aberta nos
piores momentos. Ajudou-nos a sobreviver nos primeiros meses aqui em
Friburgo e hoje somos patrocinadores em três grandes ministérios que
abençoam milhares de vidas aqui no Brasil e no exterior. Além de que nos dá a
oportunidade de dirigir um pequeno projeto que abençoa 30 mulheres. Os
valores não são altos, mas Deus não se importa com isso. Conhece nossa
fidelidade e conhecemos a dEle. Cresceremos, sem dúvida.

Não sabíamos por que Deus havia nos instruído a guardar 10%
da renda bruta. Ele me passou a instrução, mas não me disse o porquê. Hoje,
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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vejo claramente os motivos pelos quais Ele nos instruiu desta maneira. Com
certeza, um dos motivos era preparar meu filho, que hoje cuida das finanças.
Ele ainda era inexperiente nesta área. Hoje, ele administra as finanças com
maestria. Além de que viemos de uma família que não sabe economizar. Tudo
o que ganhamos, gastamos. Não existe aquela cultura saudável de guardar
parte do que se ganha como segurança, entendem? Gastamos até o último
centavo todos os meses. Com esta experiência dos 10%, aprendemos a
economizar. E sentimos o poder de não ficar na mão de agiotas e nem de
bancos. Sentimos o poder de barganhar com os fornecedores com pagamentos
a vista. Sentimos também o gostinho da segurança de saber que temos de onde
retirar algum dinheiro, caso surja algo urgente e muito importante. Tirou-nos
da humilhação. Foi maravilhoso. Obrigada Senhor, por seu valioso
ensinamento!

Deus determina quanto haveremos de colher


Quem determina o tamanho da colheita é Deus. Ele é o que
multiplica nossa sementeira. Não serve de nada para uma boa colheita que nós
lancemos muitas sementes ao campo. Deus nos trata através da colheita. É na
colheita que Deus vê a intenção do nosso coração. A colheita, muitas vezes, não
corresponde ao nosso esforço. Mas nosso esforço não conta para Deus. O que
conta é a intenção do coração. Tem um período em nossa caminhada com Deus
que é o período da prova, e na prova não colhemos muito. Precisamos ser
testados por Deus. Testados para sermos aprovados. Não podemos confiar em
nossa força. Não podemos confiar em nossas técnicas. Temos que confiar
somente em Deus. Temos que precisar somente de Deus.

“Porquanto te esqueceste do Deus da tua salvação, e não te


lembraste da rocha da tua fortaleza; por isso, ainda que faças plantações
deleitosas e ponhas nelas sarmentos de uma vide estranha, e as faças crescer
no dia em que as plantares, e florescer na manhã desse dia, a colheita voará no
dia da tribulação e das dores insofríveis.” (Isaias 17: 10-11)

Quando um atleta precisa levantar sua perna acima da cabeça,


seu técnico põe bastante peso em seu tornozelo. Põe dificuldades, para que no
momento em que o atleta precisar na hora da prova, na hora da luta, ele estará
pronto para levantar bem acima da cabeça do adversário com rapidez e leveza.
Deus faz como o técnico. Faz-nos ter resultados pequenos para que na hora em
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que estivermos prontos, os resultados nos surpreendam. Temos que continuar


treinando. Deus nos faz isso para apurar a nossa vontade, para fazer a nossa
força interior crescer. Temos que nos estimular, confiar em nosso técnico. Não
sair do treino reclamando dEle. Maldizendo-o, duvidando de suas intenções.

"Lançarás muita semente ao campo; porém colherás pouco,


porque o gafanhoto a consumirá." (Deuteronômio 28: 38)

Promessas para a colheita


Sobre as conseqüências do que fazemos nada sabemos. Mas
Deus tem ótimas promessas para aqueles que são obedientes e que mesmo em
meio a tribulações e obstáculos, mesmo chorando, mesmo não tendo vontade,
mesmo doendo, fazem a vontade de Deus. Podem descansar, pois Ele cumpre
sempre o que promete. E Deus não nos pede nada que não tenha uma
promessa de vitória antes. Todo pedido ou orientação de Deus quanto a
qualquer assunto terá incluída uma promessa. Por exemplo:

“Honra ao Senhor com a tua fazenda e com as primícias de


toda a tua renda; então se encherão os teus celeiros abundantemente e
transbordarão de vinho os teus lagares” (Provérbios 3; 9-10)

Viram a promessa? Celeiros cheios SE honrarmos ao Senhor


com as primícias da renda. Agora vejam:

"Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas


estas coisas vos serão acrescentadas." (Mateus 6: 33)

Viram outra promessa? Todas as coisas nos serão


acrescentadas SE nós buscarmos primeiro o reino de Deus. Mas existem
promessas que não nos agradam também. Vejam só:

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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“Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o
ânimo.” (Colossenses 3: 21)

Aqui Deus nos promete que nossos filhos perderão o ânimo se


os irritarmos. Deus sempre trás uma promessa para cada pedido ou orientação.
Portanto, se Deus nos diz que haverá boa colheita após dura semeadura,
qualquer dúvida que se tenha sobre a colheita quando a semeadura foi feita
entre lágrimas, deve ser afastada de nós. Deus nos garante a boa colheita.

Amada, se você estudou muito, sabe que mesmo com toda a


dificuldade que enfrentou durante a faculdade, a hora de buscar o emprego
chegou? Relaxe, Deus te garante boa colheita. Se você cuidou e amou seu filho,
mas as drogas o levaram para uma vida de tormento, fique firme. A colheita
será boa e cheia de júbilo. Se você se converteu e começou a pregar para sua
família porque os ama e quer vê-los bem, e eles a ignoram hoje - dê glória a
Deus. Eles estarão convertidos amanhã. Isso é sério. É promessa de Deus. Tem
sua garantia. Relaxe. O inimigo quer te ver ansiosa, descrente. Não olhe as
circunstâncias. Está garantido por Deus. Você voltará com seus molhos e
cânticos de júbilo.

“Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. Aquele que


sai chorando, levando a semente para semear, voltará com cânticos de júbilo,
trazendo consigo os seus molhos.” (Salmos 126: 5-6)

A promessa de Deus é clara: aquele que semeia entre lágrimas,


colherá com alegria. Então pode ficar alegre. Aquela ferida que entre lágrimas e
dor você entregou a Deus, vai cicatrizar. Aquela situação ruim por causa da
ferida vai mudar. A dor vai sarar. Você não vai mais precisar se esconder atrás
de corpos sem vida. Você não vai mais precisar manter estes corpos vivos.
Chore amado, chore agora de gozo e alegria. Porque se este livro chegou às
mãos, foi para cumprir seus propósitos. Curar você e transformar sua vida.

Semeie agora a ferida que você tem aí dentro em seu coração.


Entregue-a para Deus. Ele fará pontes das suas construções destruídas. Deus
fará organismos inteiros dos corpos mortos que você carrega. Sinta o alívio,
amado, sinta o alívio da cura de Deus.

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A santa semente
Quando tudo está destruído entendamos, amados, pode ser do
mover de Deus. E Ele não faz nada pelas metades. E nem faria algo novo
encima de algo velho, a menos que seja tudo o que estava vivo anteriormente
praticamente destruído. Deus não constrói uma vida limpa encima de uma suja,
sem antes tratá-la.

"Ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha; doutra


sorte o mesmo remendo novo rompe o velho, e a rotura fica maior." (Marcos 2:
21)

E o pouco que restar depois do tratamento de Deus é a


semente santa, ou no caso, o toco. O que Deus usará para fazer da nossa vida
uma nova vida. Em meu caso, Deus está usando meu ex-casamento. Reatando
nosso relacionamento destruído e usando o nosso elo, que são os filhos, para
reconstruir esta bela família. Que por causa de feridas não curadas feitas na
infância, feridas que causaram problemas na área de relacionamentos, esta
família foi aniquilada por Satanás há oito anos. Em alguns momentos quase nos
tirou a vida. Ele deu golpes terríveis em nós. Jogando um contra o outro.
Fazendo um ferir ao outro, inclusive fisicamente. Marcas que pareciam
impossíveis de esquecer.

Onde havia remorso e mágoa hoje há perdão.

“Então disse eu: Até quando, Senhor? E respondeu: Até que


sejam assoladas as cidades, e fiquem sem habitantes, e as casas sem
moradores, e a terra seja de todo assolada, e o Senhor tenha removido para
longe dela os homens, e sejam muitos os lugares abandonados no meio da
terra. Mas se ainda ficar nela a décima parte, tornará a ser consumida, como o
terebinto, e como o carvalho, dos quais, depois de derrubados, ainda fica o
toco. A santa semente é o seu toco.” (Isaias 6: 11-13)

Deus sempre deixa algo pelo qual pode construir uma vida
nova. Se você está com tudo destruído, pense agora no que há em sua vida que
Deus deixou como semente santa para reconstruí-la. Pode ser um talento,
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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podem ser seus filhos, máquinas de uma velha empresa que faliu, aquela
profissão que você nunca exerceu, talvez um sonho escondido, algo nos
destroços dos inúmeros corpos que você plantou e que agora pode ser usado
por Deus para erguer uma construção sólida. Peça inspiração ao Espírito Santo
de Deus para que o ajude a se lembrar. Oferte este algo a Deus. Oferte como
uma semente, a semente santa que é seu toco e que será o início de algo novo
e profundo em sua vida.

10. Desfrutando do tempo que a


semente leva para virar corpo
A semente demora certo tempo para virar árvore e, aí sim, dar
frutos. Durante o tempo da espera, na maioria das vezes, desanimamos e
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muitas vezes desesperamos e lançamos mãos de tudo. Outras vezes, tentamos


com nossas forças realizar, o que só Deus, a seu tempo e de acordo com nossa
colaboração pode realizar.

Isto pode nos atrapalhar muito, este tempo de espera é que faz
toda a diferença. Pois, é no tempo de espera que Deus nos trata, nos instrui,
nos testa, nos prova, nos aprova e nos prepara para o tempo da colheita. Até
podemos semear e entregar esta semente a Deus. Mas, o tempo que dura para
que todo o processo termine e nos dê aquilo que esperamos – os frutos -
demora. Este tempo é parte do tratamento de Deus para nossa vida. E é parte
valiosa da construção também. Mas nos dias de hoje como saber lidar com o
tempo? Tudo é para ontem. As cobranças são muitas.

Mas estas questões não estão somente relacionadas com os


dias atuais. Já no tempo de Abraão o homem não tinha paciência de esperar e
com sua força dava uma “ajudinha” a Deus. Vejamos, portanto que este não é
apenas um problema dos dias de hoje. Vamos ver como Sara, esposa de
Abraão, enfrentou o tempo de espera pelo filho prometido por Deus. E vamos
também analisar as conseqüências de suas atitudes.

Naquele tempo uma mulher que não tinha filhos era


considerada inferior às que podiam tê-los. Parte da prosperidade de um
homem estava no fato de ter filhos. Deus já havia prometido a Abraão uma
descendência tão numerosa quanto às estrelas do céu. Mas os anos passavam e
Abraão não tinha filhos. Sara não engravidava. Então, Sara impaciente falou a
Abraão para se deitar com sua serva Agar e ter um filho com ela. Já que ela não
tinha filhos como Deus havia prometido. E foi o que Abraão fez. Sara usou sua
força, seu braço para realizar algo que somente Deus poderia fazer. O que
aconteceu? Agar passou a ter mais moral frente a todos e Sara começa a ficar
incomodada. Ela reclama com Abraão e ele diz para Sara fazer o que quisesse,
pois Agar era sua serva. Sara, então, a manda embora. Agar se sente magoada e
vai embora. O anjo a encontra e diz para voltar, pois esta era a vontade de
Deus. Ou seja, o casal comete o erro e ainda para consertar o marido “lava suas
mãos” e a esposa exclui a serva de sua vida, aparentemente resolvendo seus
problemas. Fácil, não é? Quando Sara estava com noventa anos de idade, ela
engravida. Parecia impossível. Mas Deus realizou. A descendência de Abraão é
tão numerosa quanto às estrelas do céu. Deus cumpriu o prometido. Mas,
vejam quanta confusão Abraão e Sara fizeram enquanto eles esperavam a
promessa se cumprir. Sara imaginou que Deus havia dito que outra mulher
poderia dar a Abraão um filho, já que Sara mesmo não engravidava.

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Quando usamos a nossa força humilhamos a Deus.

Porque queremos dizer que Deus não pôde fazer. Não foi
capaz. E que nós podemos em seu lugar. Mentira! Deus tudo pode. Se não fez
algo que prometeu é porque ainda não é hora. O momento chegará. Temos
que ter bom ânimo e confiança em Deus. Quando quis eliminar os problemas
que causou com sua má decisão, Sara toma uma decisão por conta própria sem
considerar que ela tinha iniciado o problema e por isso era também
responsável por Agar e pelo filho de seu marido, que sua serva havia gerado.
Se, realmente, fora Deus quem houvera mandado Abraão ter um filho com a
serva de sua esposa, Sara nunca poderia ter mandado Agar embora. Teria que
conviver com ela confiando que Deus sabe o que faz. Apesar de todos estes
erros, Deus não os abandonou. Prosperou o filho de Agar, consertando o erro
de Sara e ainda deu a Sara e Abraão o filho prometido em condições para lá de
precárias.

No caso de Sara e Abraão o tempo foi fator determinante para


todo o processo. Foi o tempo que mostrou que tipo de Deus é o nosso. Até Sara
e Abraão poderem receber o prometido.

Aprendemos com a passagem de Abraão e Sara que não são os


tempos modernos que nos pressionam a realizar coisas que somente Deus
pode fazer. É a natureza humana, a nossa carne. A nossa fraqueza, nossa visão
reduzida e a nossa falta de compromisso com as coisas de Deus. Portanto,
podemos vencer o nosso tempo. Podemos fazer a diferença, mesmo com toda
a pressão dos tempos modernos quanto a imediatismos.

Deus nos ensina através do profeta Isaías que aquele que


semeia não o faz o tempo todo. Aquele que cuida não o faz o tempo todo.

"Porventura lavra todo o dia o lavrador, para semear? Ou abre


e desterroa todo o dia a sua terra?" (Isaías 28: 24)

Mas então o que Deus nos aconselha a fazer enquanto


esperamos a planta crescer para colhermos os frutos? Devemos ficar
distraídos? Devemos nos ocupar de qualquer outra coisa? Devemos ficar
reclamando? Devemos fazer algo de nossa iniciativa para a planta crescer mais
rápido? Não, não devemos fazer nada disso. Deus nos aconselha a aprender a
ouvir suas instruções e praticá-las. Vejam:
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“Não é antes assim: quando já tem nivelado a sua superfície,


então espalha nela ervilhaca, e semeia cominho; ou lança nela do melhor trigo,
ou cevada escolhida, ou centeio, cada qual no seu lugar? O seu Deus o ensina, e
o instrui acerca do que há de fazer. Porque a ervilhaca não se trilha com trilho,
nem sobre o cominho passa roda de carro; mas com uma vara se sacode a
ervilhaca, e o cominho com um pau. O trigo é esmiuçado, mas não se trilha
continuamente, nem se esmiúça com as rodas do seu carro, nem se quebra com
os seus cavaleiros. Até isto procede do SENHOR dos Exércitos; porque é
maravilhoso em conselho e grande em obra.” (Isaías 28: 25-29)

Esta é a melhor parte do nosso relacionamento com Deus.


Receber as instruções que Ele nos dá. Amados, nos tornamos sábios. As pessoas
nos procuram para se aconselharem. Elas nos buscam tentando encontrar uma
resposta. Tentando buscar o equilíbrio que percebem em nós. Porque sabem
que temos algo diferente. Minha família, hoje, me consulta para saber qual é a
minha opinião. Anteriormente, não queriam nem me ouvir. Claro que não
tenho resposta para tudo. Mas busco seguir os padrões de Deus. Eles são
sensatos, equilibrados. As respostas para questões na área do casamento, por
exemplo, são claras: Deus ama a família. Devemos fazer tudo por ela, como
mulheres principalmente. Pois, Deus nos diz que é ela quem edifica o lar. A
mulher deve ser submissa ao seu marido, mas antes submissa a Deus. As
instruções de Deus não se encontram somente em sua palavra. Seu Espírito
Santo ministra a nosso coração sempre. E quando buscamos, sempre O
encontramos. Ele até hoje nunca me deixou sem resposta. E me passou
instruções detalhadas de como enfrentar o período turbulento que a escola do
meu pai passou. E a transição das mãos dele para as nossas. Senti-me segura e
todos me procuravam para se sentirem seguros também. Foi uma experiência
incrível. Também me encheu de instruções quando reatamos o casamento e na
minha vinda para Friburgo. Me instruiu dia-a-dia como reagir diante das
tribulações. Está dando tudo certo. Já faz um ano que estou aqui e tudo
caminha na Santa Paz de Deus. Recentemente, tive alguns “probleminhas” com
meu filho de onze anos. Ele está me instruindo em cada passo. O corpo está
crescendo e Ele não me abandona. Me instrui. E eu cresço em intimidade com
Ele, em sabedoria, em confiança, em serviço a Ele. E o corpo está crescendo.

Durante o tempo em que esperamos o corpo crescer, Deus nos


instrui e nos faz crescer também. Aproveite o tempo do crescimento da planta.
Este tempo é a parte mais importante do nosso crescimento espiritual. É
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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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durante este período que realmente conhecemos Deus. É o tempo que Deus
nos prepara para que alcancemos um estágio superior. Prepara-nos para a
colheita. Para que esta colheita possa ser feita da forma que Deus deseja.

Altar – lugar de receber instruções


Antes de receber as instruções de Deus, Ele me orientou a
erguer um altar. Fiquei pensando alguns dias. Mas, Senhor, o que é um altar?
Pesquisei e também recebi resposta de Deus em meu coração. O altar de Deus
foi construído, naquela época, no caminho das caminhadas que fazia todas as
manhãs. Não era um móvel ou qualquer lugar específico. Altar é um lugar
especial e separado para se conversar com Deus. Durante todo o caminho
conversava com Deus e o agradecia pelo caminho. Ele colocava tudo o que eu
precisava saber em minha mente. Com detalhes me explicava como teria que
fazer a transição da empresa. E tudo deu certo. Exatamente como Ele falou.
Hoje não estou mais no mesmo lugar e não faço mais caminhadas como
antigamente. Hoje, minha casa é um altar a Deus. Ele fala comigo todo o
tempo. Eu O busco a todo o momento.

Hoje sou mais que vencedora


Durante todo o livro procurei expor detalhes da minha vida,
para ilustrar de forma real todos os ensinamentos que Deus tem para nós. Este
livro é um marco na minha caminhada. Antes dele estava em um nível abaixo.
Depois dele novas coisas virão. Espero amados, que Deus faça em vocês o que
fez em mim. Que muitos possam ser transformados e que possam receber a
vida que Deus tem para vocês.

O momento que eu vivo agora não é um final feliz. É um início


feliz. Hoje sou mais que vencedora como Paulo. Porque a maior vitória é
desfrutar do amor e da companhia de Deus.

"Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores,


por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida,
nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o
porvir. Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos
poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor."
(Romanos 8: 37-39)

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Submissão a Deus – segredo do sucesso do corpo, ou seja, vida em


abundância em todas as áreas
Já falamos anteriormente que submissão é colaboração. Se não
formos submissos a Deus, nada Ele poderá fazer. Porque foi esta a forma que
Deus escolheu para se relacionar conosco. Porque nos ama. A submissão é um
meio, não um fim. Nos submetemos para sermos elevados. Nas mãos de
Satanás somos humilhados como um fim. Somos submetidos para ficarmos
submetidos. Satanás nos eleva para nos humilhar. Nos submete para nos
matar. Deus não, nos pede para que nos humilhemos para nos elevar. Sua
palavra diz que os humilhados serão exaltados.

“Ele põe num lugar alto os abatidos; e os que choram são


[exaltados] à segurança.” (Jó 5: 11)

"O Senhor eleva os humildes, e abate os ímpios até a terra."


(Salmos 147: 6)

Submissos a Deus nossa vida vai se transformando de pouco a


pouco, assim como nosso caráter também. Para recebermos as instruções de
Deus durante o crescimento do corpo, nós temos que estar submissos. Sem
submissão, Deus não pode agir.

Sou um fracassado. Como faço para ser um vencedor?


Se este livro chegou até as suas mãos, se ele chamou sua
atenção de alguma forma, Deus tem algo para você. Se a sua vida hoje é um
vale de ossos secos. Acredite, Deus fará um exercito.

“Veio sobre mim a mão do Senhor, e ele me fez sair no Espírito


do Senhor, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos. E me fez
passar em volta deles; e eis que eram mui numerosos sobre a face do vale, e eis
que estavam sequíssimos. E me disse: Filho do homem, porventura viverão
estes ossos? E eu disse: Senhor Deus, tu o sabes. Então me disse: Profetiza sobre
estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor. Assim diz o
Senhor Deus a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis. E
porei nervos sobre vós e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei
pele, e porei em vós o espírito, e vivereis, e sabereis que eu sou o Senhor. Então
profetizei como se me deu ordem. E houve um ruído, enquanto eu profetizava; e
121
Simples Sementes em Lugar de Corpos
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eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achegaram, cada osso ao seu osso. E
olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele
sobre eles por cima; mas não havia neles espírito. E ele me disse: Profetiza ao
espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito: Assim diz o Senhor
Deus: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para
que vivam. E profetizei como ele me deu ordem; então o espírito entrou neles, e
viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo.” (Ezequiel 37: 1-
10)

O profeta Ezequiel nos mostra uma visão de um vale de ossos


secos. Com fé e confiança no Senhor, ele profetiza sobre os ossos secos e estes
se enchem do Espírito de Deus e vivem. Podemos reconhecer a confiança de
Ezequiel quando o Senhor o pergunta: “Filho do homem, porventura viverão
estes ossos?” (versículo 3). E Ezequiel responde: “Senhor Deus, tu o sabes.”
(verso 3). Outro fator importante a se considerar é a participação de Ezequiel.
Assim que Deus o pedia para fazer algo, neste caso profetizar, ele fazia logo em
seguida. Ezequiel não parava para se perguntar se daria certo ou não. Não se
perguntava o porquê. Não barganhava nada com Deus. Apenas realizava o que
Deus pedia. Este é o nosso papel se queremos vencer. Portanto, para ser
vencedor temos que:

1. Aceitar Jesus como nosso Salvador


2. Confiar neste Deus
3. Entregar-nos a este Deus
4. Submeter-nos ao tratamento dEle
5. Entregarmos nossas feridas da alma para serem curadas
6. Receber a cura espiritual
7. Tomar posse da nova vida que Deus tem para nós
8. Deixar Deus comandar nossa vida

Oração
Amado, pare de sofrer agora por seus fracassos. Eles não são
mais seus a partir de agora. Pare de olhar para a sua vida como se fosse uma
vitrine, onde você tem que mostrar algo. A sua vida é preciosa para Deus. Não
para as pessoas que você quer mostrar algo.

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Deus precisa da sua vida para realizar coisas boas para outras
pessoas.

Pare de se sentir um coitado, um “azarado”. Pare de pensar


que alguém fez trabalho de macumba para você. Pare de culpar os outros. Pare
de reclamar. Pare de sentir vergonha. Os fracassos não são seus. Deus tem
vitórias para você. Elas, sim, são suas. Desta bagunça toda que você fez, Deus
quer fazer algo lindo. Entregue a Ele. Veja que você, assim como eu, e todos
nós não passamos de criaturas pequenas. Não se compare a ninguém. Se seus
pais faziam isso na sua infância, você não precisa repetir isso para você mesmo
o resto da sua vida. Ninguém é melhor que ninguém. Somos todas criaturas de
Deus. Que Ele quer amar e cuidar.

Agora ajoelhe-se e peça a Deus:

“Senhor, por favor, mostre-me em minha vida o que é corpo


que eu tenha plantado como semente, para que eu possa abrir mão dele e
ofertá-lo, para que o Senhor possa fazer crescer um lindo corpo. Perdoe-me,
Senhor, por meus pecados. Ensina-me a entregar-me a ti e mostra-me as
feridas para que eu as entregue a ti e receba sua cura. Em nome de Jesus.
Amém.”

Agora eu faço uma oração a Deus:

“Senhor, obrigada por este livro. Ele já fez tanto por mim.
Senhor, que ele possa fazer o mesmo e até mais por esta pessoa que está
lendo. Pai, que ele possa chegar às mãos daqueles que precisam de seu
socorro. Daqueles que padecem terrivelmente com os fracassos. Daqueles que
estão cansados e desesperados com todos os erros e amontoados de corpos
que plantaram. Cura, Senhor, as feridas da alma, transforma as vidas e
abençoe a todos com uma nova vida e com sua presença. Em nome de Jesus.
Amém.”

E não nos esqueçamos do conselho de Deus:

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Simples Sementes em Lugar de Corpos
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"E, quando semeias, não semeias o corpo que há de
nascer, mas o simples grão, como de trigo, ou de outra qualquer
semente." (I Coríntios 15:37)

Bibliografia
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Mini Aurélio – Aurélio Buarque de Holanda Ferreira – Editora Positivo – 6ª edição

Beleza em Vez de Cinzas – Joyce Meyer – Gráfica e Editora Del Rey – 1ª edição

A Bíblia Sagrada Versão Digital 6.0 Freeware – Programado por Marcelo Ribeiro de
Oliveira

Bíblia 4.0.1 – Programado por Mauricio Pensky

Auto Ajuda através da Bíblia – Versão 2G – Programado por Ismael A. R. Vieira

125
Simples Sementes em Lugar de Corpos
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Sobre a Autora

Adriana Horta é estudante de teologia e escreve artigos em seu blog


www.dricahorta.blogspot.com relacionados com a prática dos ensinamentos de Deus
para o nosso dia-a-dia. Também é empresária do ramo de escolas de informática e
capacitação profissional.

Adriana Horta é casada e mãe de quatro filhos. Seu anseio é auxiliar mulheres a
reconstruírem suas vidas, por isso iniciou um projeto que hoje atende 30 mulheres. O
“Projeto Mulher CapA-Z”. No blog do projeto www.mulhercapaz.blogspot.com pode-se
saber mais sobre esta iniciativa que oferece ajuda na área profissional, psicológica e
espiritual.

Adriana Horta fala de uma forma direta e oferece suas vivências pessoais para ilustrar
e enriquecer os ensinamentos que Deus nos oferece. Sua vida conturbada pelo uso de
drogas e álcool, sua falta de formação profissional, as inúmeras empresas que abriu e
que faliram e seus dois casamentos desastrosos obrigaram-na a viver boa parte de
seus 45 anos na casa de seus pais. Com este quadro caótico, Adriana chegou a um
momento em que só pensava em suicídio. Foi quando Deus mostrou seu amor e seu
cuidado. Sua vida vem sendo transformada dia após dia. Este livro é o testemunho
disso e um marco nesta caminhada.

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