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A G E N T E E S TA V A P E R T O D E D A R C E R T O

meio louco existir um texto sobre a nossa histria j que ela foi
relativamente curta. No que tenha sido coisa de um dia ou outro, porque
isso tambm no foi, mas, perto de muitas outras, ns jamais sonharamos
que ela chegaria a ser assim, to bem explicada em palavras.
Mas que, com a gente, as coisas se escrevem sozinhas. Eu no preciso
nem controlar, medir slabas, encontrar o sentido certo para a orao:
quando me dou conta, j est tudo feito escrito, transcrito, copiado, colado
ou o que mais quiser. Assim como a gente: algo que s vem e acontece.
A parte ruim disso que, da mesma forma que vem (e veio!), ela tambm
vai embora muito rpido. No nosso caso, no foi nenhum de ns que partiu,
mas as coisas acabaram de uma forma fugaz e nunca houve espao para
reticncias.
A nossa vida virou silncio. E eu nunca te disse tudo o que queria falar.
E a tal verdade que eu diria, naquela poca, seria fruto de um olho
brilhando, que via um algo a mais. Metade de mim lutava contra a mar
de coisas ruins que chegava aos nossos ps, mas a outra estava certa de
que havia algo muito melhor por vir.
Eu sentia de um jeito que invadia, preenchia e at causava arrepios. Como a
brisa l da ponta da praia, que soprava que estvamos perto de dar certo.
S que a gente no se permitiu continuar. Nossos nomes, juntos,
marcaram-se entre percalos e assim se eternizaram. Depois disso, bem que
tentei escrever de novo para ver se algo diferente rolaria, mas foi em vo,
quase como na areia.
Voc sabe: quando as coisas so escritas em terreno arenoso, j esperado
que, um dia, ondas cheguem para, sem d, aquilo tudo apagar.

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