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especial: MEDO
58 vol.8
n2
Corte para a atualidade. Milnios de cultura alteraram a relao do homem com seu
ambiente, e o mecanismo do medo j no mais
to fundamental para nossa sobrevivncia fsica.
Para o bem ou para o mal, o meio ambiente e os
perigos naturais esto razoavelmente dominados, e o homem moderno, ao contrrio de seus
ancestrais, j no convive mais com predadores
a serem enfrentados em cada esquina.
Mas o mecanismo biolgico do medo, presente em nosso cdigo gentico, permanece
inalterado mesmo que j no necessitemos
tanto dele. E com grande frequncia ele se
manifesta, em situaes em que o perigo no
mais real, mas imaginrio. Falar em pblico,
dormir no escuro, ouvir troves, viajar de avio
ou mesmo andar de elevador so situaes da
vida moderna em que muitos de ns, com
maior ou menor intensidade, continuamos
experimentando o instinto do medo.
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O medo no cinema
Manifestao cultural
relativamente recente,
o cinema aprendeu
com maestria a
manipular o instinto
milenar do medo
Outra dessas situaes o cinema. Manifestao
cultural com pouco mais de cem anos de existncia,
o cinema aprendeu com maestria a manipular o
instinto milenar do medo. No ambiente seguro de
uma sala climatizada, e no conforto de poltronas
estofadas, ele nos oferece estmulos que enganam
nosso crebro e desencadeiam reaes semelhantes
quelas que uma vez garantiram a sobrevivncia dos
nossos antepassados: nosso corpo se prepara, involuntariamente, para o ataque ou para a fuga.
Nascimento do cinema. O cinema tem-se mostrado capaz de manipular o medo desde os seus
primeiros momentos de vida. Em 1895, em Paris, os
irmos Auguste e Louis Lumire apresentavam pela
primeira vez ao pblico a sua recente inveno, o
cinematgrafo. Dez pequenos filmes foram exibidos
na ocasio, e diz a lenda, embora no comprovada,
que um deles, intitulado Chegada de um trem em
La Ciotat, desencadeou uma reao de pnico entre
os presentes. As imagens, que mostravam um trem
de passageiros aproximando-se da cmera, teriam
criado a impresso de que o trem avanaria na platia. Os relatos do incidente do conta de que as
pessoas correram aos gritos para os fundos da sala,
amontoando-se junto sada.
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n2
ago/dez 2009
especial: MEDO
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