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Pensadores de grande destaque que foram Smith e Ricardo, assim como os Fisiocratas,
criaram grandes teorias visando explicar as relações econômicas entre as classes sociais. Outros
pontos de grande destaque em seus estudos foram a origem da renda, o valor das mercadorias, as
relações de troca, a criação e distribuição da riqueza na sociedade, a divisão do trabalho e a geração
do excedente econômico. Smith e Ricardo formularam teorias visando explicar qual seria a melhor
forma de os países manterem relações comerciais internacionais. Os séculos XVII e XVIII se
destacaram com o surgimento de grandes teorias econômicas em uma época em que não ainda
estudos ligados a economia e neste contexto surgem os Fisiocratas, Smith e Ricardo trazendo
grandes avanços para as Ciências Econômicas.
1.INTRODUÇÃO
Os séculos XVII e XVIII foram muito promissores para as ciências econômicas. Foi neste
período que começaram a surgir os grandes pensadores e estudiosos que viriam a formular teorias
que tentavam explicar a realidade econômica da época partindo da observação da realidade que
vivenciavam.
Neste contexto, surge a Escola Fisiocrática, com origem francesa e que defendia a existência
de uma ordem natural, com base na qual a sociedade deveria ser organizada. Os fisiocratas
acreditavam que somente a agricultura é que poderia gerar um excedente e assim formularam suas
teorias partindo do princípio da agricultura como centro da geração de riqueza na sociedade.
Uma grande evidência do destaque dado pelos fisiocratas à agricultura é o seu Tableau
Economiqué, em que mostravam através de um diagrama a distribuição da renda pelas três classes
da sociedade, sendo que no final a renda retornava aos proprietários de terras.
Posteriormente surgem Adam Smith e David Ricardo dando início à Escola Clássica e
propondo grandes alterações ao que havia sido exposto até então pelos fisiocratas e mercantilistas.
Ambos surgiram explicando teorias até então nuncaabordadas, como a teoria do valor, teoria do
lucro, dentre outras alterações. Smith e Ricardo foram dois dos maiores pensadores já vistos pela
economia moderna, ao lado de outros grandes estudiosos que surgiram posteriormente. Suas teorias
são dignas de profundas análises e reflexões e expressam o que de mais completo no contexto das
teorias econômicas havia no século XVIII.
Os fisiocratas surgiram na França com final do mercantilismo, por volta de 1756, com dois
pensadores principais: Quesnay e Turgot. Apesar de ter sido um movimento de oposição ao
mercantilismo, a fisiocracia não se afastou totalmente do feudalismo, pois a França era um país
essencialmente agrário.
Para os fisiocratas, a sociedade era regulada por uma ordem natural que rege a natureza
física. Assim, se os homens não colocarem obstáculos a essas leis a sociedade irá se configurar
segundo um desenho necessário, com leis que irão se impor automaticamente a todas as pessoas.
Segundo esta escola, a sociedade pode ou não existir, mas existindo traz vantagensas pessoas que
não poderiam ser obtidas de outra forma. Uma destas vantagens é a troca de mercadorias, que pode
reduzir e integrar as atividades econômicas dos homens. Esta realidade é o ponto de partida da
análise fisiocrática.
Para que possamos entender o motivo da crença fisiocrática nas leis naturais, devemos nos
voltar para a realidade francesa no século XVIII. Era uma economia essencialmente agrária, com
base na propriedade privada feudal; a economia já possuía um caráter capitalista, embora ainda
fosse possível encontrar camponeses nas províncias meridionais; as atividades realizadas nas
cidades eram de caráter artesanal; conviviam em uma mesma realidade as formas de produção
agrícola camponesa e a capitalista, com destaque para esta última forma, que segundo os fisiocratas
seria a forma mais desejável e avançada para a época.
Na fisiocracia a forma essencial do capitalismo só poderia se desenvolver totalmente nas
atividades agrícolas, pois para eles apenas na agricultura é que poderia haver um excedente.
3.TEORIA DO VALOR
Inicialmente Smith tentou formular sua teoria do valor com base no valor de uso e no valor
de troca das mercadorias. Para ele um bem não tinha a possibilidade de ser trocado se não possuísse
um valor de uso, pois somente a capacidade de levar prazer ao usuário é que poderia fazer um bem
digno de ser trocado. Caso contrário ninguém iria querer obtê-lo.
É também neste contexto que Smith fala sobre a escassez relativa marginal de um bem. Um
exemplo citado por Smith e que pode demonstrar claramente esta teoria.
"As coisas que têm um maior valor em uso freqüente têm pouco ou nenhum valor para troca; e,pelo
contrário, as que têm o maior valor de troca freqüentemente têm pouco ou nenhum valor de uso.
Nada é mais útil do que a água; mas dificilmente se comprará alguma coisa com ela; dificilmente
ela se trocará com alguma coisa. Um diamante, pelo contrário,dificilmente tem qualquer valor para
uso, mas freqüentemente uma quantidade muito grande de outros bens pode ser trocada por ele."
(HUNT, p.110)
Posteriormente, Smith na elaboração de sua teoria do valor descarta a hipótese da utilidade e
se volta para o papel do trabalho. Ele diz que quando uma pessoa um bem que pretende trocar e não
fazer uso próprio, seu valor corresponde a quantidade de trabalho que o bem lhe dá direito de trocar,
ou seja a quantidade de trabalho demandável.
Segundo Smith, "o preço real de todas as coisas (...) para o homem que as quer adquirir é o
trabalho e o incômodo de adquiri-las." Sendo assim, um determinado produto que tivesse gasto uma
hora de trabalho para ser produzido só poderia ser trocado proporcionalmente por outro bem que
tivesselevado o mesmo tempo para ser produzido,ou então por dois bens que tivessem levado meia
hora em sua confecção, e assim sucessivamente.
Partindo da teoria smithiana do valor, Ricardo elaborou sua teoria complementando com o
que, segundo ele, faltava na de Adam Smith.Para Ricardo o valor de uma mercadoria devia ser dado
a partir do trabalho contido, ou seja, deveriam ser contabilizados os esforços realizados também
para a produção dos instrumentos de trabalho e não apenas o trabalho realizado na produção final.
A posição de Ricardo é que (...) o fato de que na economia capitalista uma parte do produto
não retorna aos trabalhadores na medida em que se transforma em lucro ou renda fundiária, não
impede totalmente que as mercadorias sejam trocadas segundo o trabalho nelas contido.
(NAPOLEONI, 1982 p. 110).
Apesar de discordar em alguns pontos, Ricardo via na teoria de Smith algo que considerava
correto para a formulação de sua teoria do valor: em uma economia capitalista simples, aquantidade
de trabalho que uma mercadoria poderia colocar em movimento estava relacionada com a
quantidade de trabalho contida nesta mercadoria, assim como no ato da troca de mercadorias, o
trabalho contido em ambas seria considerado.
Outro princípio importante considerado por Ricardo para a precificação de uma mercadoria
seria a satisfação que o produto poderia proporcionar a quem o adquirisse. Embora este não seja um
item exclusivo na determinação do preço, era importante que fosse observado. Há ainda um terceiro
ponto que segundo ele erade extrema relevância, a escassez. Alguns itens raros, como obras de arte,
moedas velhas e livros clássicos teriam seu preço determinado unicamente pela sua escassez.
Mas apesar destes dois pontos importantes citados por Ricardo, o valor de uma mercadoria
deve ser indiscutivelmente dado pelo trabalho. Ricardo entende por trabalho o trabalho acumulado,
todo o trabalho necessário para se chegar ao produto final gerador de riqueza.
Já a escola fisiocrática não possuía nenhuma teoria do valor. Adotam os valores das
mercadorias como dados e a partir daí desenvolvem suas idéias.
Ao analisarmos as teorias do valor de Smith e Ricardo devemos levar em consideração o
período em que foram escritas. Hoje sabemos que existem teorias muito mais completas sobre o
valor das mercadorias, mas a contribuição deixada por estes dois pensadores foi de fundamental
importância. Foi partindo da teoria do valor de Smith que Ricardo analisou os pontos críticos e
formulou uma nova teoria, mais completa. Enquanto Smith observou apenas a quantidade de tempo
de trabalho gasto para valorar uma mercadoria, Ricardo foi além a propôs que fosse considerado o
trabalho contido na mercadoria, pois isto envolveria uma remuneração também ao trabalho utilizado
na fabricação dos meios de produção,ou seja, seria contabilizado o trabalho acumulado das
mercadorias.
Para o século XVIII, período em que estavam começando a ser formuladas as primeiras
teorias econômicas, este foi um grande avanço. Os pensadores econômicos posteriores, como Karl
Marx por exemplo, apesar de possuíres uma linha de pensamento diferenciada se basearam nestas
teorias para seguires seus estudos e análises da sociedade econômica como um todo.
Para Smith a renda produzida pela terra dependeria da localização e da fertilidade da terra
em questão. Quanto maior fosse a procura por determinado produto maior seria o preço que o
produtor poderia exigir por ele. O valor mínimo cobrado seria aquele necessário a pagar salários e
gerar lucro.
Deve-se observar que a renda entra na composição do preço dos bens de um modo diferente
dos salários e dos lucros. Salários e lucros altos ou baixos são a causa de preços altos ou baixos;
renda alta ou baixa é seu efeito. É porque os salários e lucros altos ou baixos devem ser pagos para
levar um determinado bem ao mercado que seu preço é alto ou baixo, muito mais, ou muito pouco
mais, ou não mais do que o suficiente para pagar tais salários e lucros, é que ele proporciona uma
renda alta ou baixa ou, então, não proporciona renda alguma. (HUNT, p.123)
Smith considerava que a cada melhoria na economia levaria a um aumento na renda da terra
de forma direta ou indireta.
Já para David Ricardo o processo de formação da renda da terra ocorre de forma um pouco
diferente. Para ele inicialmente são cultivadas as terras mais férteis e de melhor localização,
encontradas de forma ilimitada. Assim, não existe renda da terra, pois o produto é obtido do trato da
terra livre de qualquer custo. Todo valor recebido na venda da produção agrícola se constitui no
lucro do capitalista que investiu seu capital.
(...) Podemos obter, em uma terra do melhor tipo, 300 quarters de cereal mediante uma
antecipação anual de capital (incluídos os salários) equivalente em valor a 200 quarters, a taxa de
lucro é de 100 sobre 200, ou seja, 50%. Se, com a continuação do processo de desenvolvimento,
devemser cultivadas terras menos férteis e situadas em localizações menos favoráveis, verificar-se-á
que sobre uma dessas terras o mesmo produto de 300 quarters poderá ser obtido unicamente através
de uma antecipação maior de capital – digamos, 210 quarters. Nesse caso, a taxa de lucro sobre a
terra considerada será de 90 sobre 210, isto é 43%.(NAPOLEONI, 1982 p.89)
Como podemos observar, o cultivo da terra em um segundo momento gera uma renda
diferencial sobre a terra cultivada em um primeiro momento. Como a fertilidade das terras agora é
menor, há necessidade de se investir uma quantidade inicial maior, o que faz com que o lucro final
do produtor seja menor, pois a renda paga pelo uso da terra vai aumentando conforme há menos
terras disponíveis e os salários pagos vão diminuindo porque o número de trabalhadores aumenta.
Para Ricardo a renda surge do aumento populacional, cuja expansão exige um aumento na
produção de alimentos. Ainda que os proprietários se recusassem a receber o pagamento da renda, o
preço dos produtos originários da terra não deixaria de subir, pois a pressão demográfica causada
pelo aumento populacional força o cultivo de terás menos férteis, incorporando cada vez mais
trabalho e capital.
Sob esta ótica os únicos beneficiados seriam os proprietários de terras, uma vez que tanto os
lucros quanto os salários diminuiriam progressivamente. Com a ocorrência deste fato, o trabalhador
ficaria duplamente prejudicado, pois além de conviver com a alta dos preços dos produtos agrícolas,
também sofreria com a baixa dos salários. Segundo Ricardo, "(...) os salários, enquanto forem
regulados pela lei da oferta e da procura, tendem a baixar,pois o número de trabalhadores
continuará a crescer um pouco mais rapidamente do que a procura da mão-de-obra".
Essa teoria de Ricardo sobre a renda ficou conhecida como Teoria dos Rendimentos
Decrescentes.
Observando as teorias de Smith e a de Ricardo podemos perceber que Ricardo foi bem mais
detalhista na elaboração de sua teoria, pois analisou com mais profundidadea ordenação das terras
de cultivo,enquanto Smith não se ateve a estes detalhes. Partindo deste princípio é que foi mais fácil
para Ricardo compreender o que aconteceria com as taxas de lucro dos produtores com o passar do
tempo, o que não foi possível a Smith.
5. TEORIA DA DISTRIBUIÇÃO
Para os fisiocratas, a distribuição da renda na sociedade podia ser explicada pelo Tableau
Economiqué, o qual consideravam ser sua maior contribuição para a ciência econômica. O Tableau
descrevia a criação e a circulação da riqueza entre as três classes sociais.
O Tableau é a primeira tentativa de explicação que surge em nível macroeconômico, apesar
de retratar uma economia fechada, sem comércio exterior. Segundo esta análise o proprietário de
terras recebe o aluguel dos lavradores e estes contratam a mão-de-obra do trabalhador. O esquema
analisa apenas o setor agrícola e considera que todas as trocas são feitas entre classes e não entre
indivíduos.
O Tableau explica a criação do produto líquido, sua circulação entre as classes e sua
reprodução no ano seguinte. No esquema a circulação da riqueza entre as classes depende do
pagamento de renda a classe proprietária, que ao gastar esta quantia movimenta o processo de
trocas. No final, como todos dependem da produção agrícola, a riqueza acaba voltando para a classe
proprietária e permite que seja iniciado um novo ciclo produtivo.
Inicialmente em sua teoria da distribuição, Smith comenta sobre o estabelecimento de um
contrato entre trabalhador e empregador e deste acordo é que seria estabelecido o salário a ser pago
ao trabalhador. Mas ainda assim, Smith ressaltava que este salário deveria ser no mínimo aquele
necessário a sobrevivência do trabalhador.
A longo prazo os salários não deveriam ficar abaixo do nível de subsistência. Quando os
salários são maiores a população também tende a crescer em um ritmo mais acelerado. Entretanto,
ao contrário de Malthus, Smith não possuía uma visão pessimista deste crescimento, pois acreditava
que com isso haveria também uma maior inserção da classe operária no mercado de trabalho,
possibilitando uma maior divisão do trabalho e conseqüente especialização da produção.
Smith considera ainda que os lucros do capitalista estão intimamente ligados aos salários,
baixando quando estes baixam e aumentando quando estes se elevam. Uma possível medida para
um aumento salarial seria um aumento no estoque, pois este aumento geraria uma maior procura por
mão-de-obra. A diminuição na disponibilidade de mão-de-obra no mercado geraria concorrência e
conseqüentemente faria com que os salários subissem.
Para Ricardo a composição da sociedade por classes sociais é condicionante no
desenvolvimento da vida econômica e deve ser objeto rigoroso de estudo. Segundo ele, as leis que
regiam a distribuição eram o principal problema a ser explicado pela Economia Política.
A parcela do produto social atribuída aos salários representava uma remuneração aos
trabalhadores pela sua mão-de-obra; a parcela atribuída á renda fundiária remunera a terra utilizada
durante o processo produtivo; e por fim, a parcela do produto social que é atribuída aos lucros
remunera o capital investido no processo de produção.
Esta era a ordenação natural da distribuição da riqueza na sociedade capitalista para David
Ricardo e segundo ela é que se regulamentava todo o processo produtivo em uma economia
capitalista. O autor publicou uma obra que tratava desta distribuição em 1817, intitulada "Princípios
de Economia Política e Tributação".
Como é possível perceber a distribuição da riqueza entre as classes sociais se constituiu em
um dos temas mais abordados pelos fisiocratas, por Smith e por Ricardo. A teoria foi sendo
aprimorada com o passar dos tempos e atingiu em David Ricardo seu maior grau de explicação de
acordo com a sociedade capitalista da época.
6. TEORIA DO LUCRO
8. COMÉRCIO INTERNACIONAL
9. DIVISÃO DO TRABALHO
Teoria esta defendida pela escola fisiocrática, propunha que apenas a agricultura é que
poderia gerar um excedente econômico. Tanto na Indústria quanto no comércio, para estes
pensadores só havia uma transferência de valores. Já a agricultura ao final da produção gerava uma
quantidade maior que a investida inicialmente, o chamado excedente econômico.
Smith e Ricardo ao desenvolverem suas teorias deixam explicita a idéia de que ao contrário
dos fisiocratas, acreditavam que a indústria também poderia gerar um excedente ao passo que
recebia a matéria em estado bruto e a transformava em um novo produto com um maior valor
agregado.
CONCLUSÃO
A partir da análise desenvolvida das diferentes teorias propostas pela escola fisiocrática e
pelos pensadores Adam Smith e David Ricardo, podemos concluir que a economia moderna tem
bases sólidas, desenvolvidas não apenas por estes pensadores aqui citados, mas também pelos seus
sucessores.
Tendo sido criadas em uma época em que ainda não haviam muitos estudos acerca das
ciências econômicas, essas teorias representaram uma grande evoluçãopara a economia, apesar de
apresentarem alguns pontos falhos ou incompletosmas que viriam a ser resolvidos posteriormente
pelos outros teóricos estudiosos do tema.
Se fizermos uma análise temporal da evolução das teorias desde os fisiocratas até Ricardo
podemos perceber que houve grande progresso. Smith conhecendo a teoria fisiocrática elaborou de
forma mais completa suas obras, defendendo idéias que segundo ele faltaram aos fisiocratas. Já
Ricardo conseguiu evoluir ainda mais partindo da obra de Smith. Formulou teorias mais completas,
corrigiu alguns pontos que considerava errôneos na teoria smithiana e complementou. Ricardo se
destacou na época por sua destreza enquanto pensador.
Cada um dos pensadores aqui analisados com sua parcela e de acordo com a realidade que
presenciaram fizeram com que a economia desse grandes passos e chegasse ao que conhecemos
hoje: uma economia capitalista altamente desenvolvida e que pode ser compreendida quando
partimos de teorias pré elaboradas.