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Marcus Vinícius da Cruz de Melo Moraes nasceu no Rio de Janeiro RJ em 19 de Outubro de

1913. Filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da prefeitura, poeta, violonista
amador, e de Lídia Cruz de Moraes, pianista também amadora, nasceu no bairro da Gávea e em
1916 mudou-se com a família para a casa dos avós paternos, em Botafogo, onde estudou na
Escola Primaria Afrânio Peixoto e escreveu seus primeiros versos. Em 1922, a família mudou- se
para a ilha do Governador, menos ele, que deveria concluir o primário e ficou com os avos. Nas
férias e nos fins-de-semana, ia para a casa dos pais, onde toda noite havia musica, com a
presença do tio Henrique de Melo Moraes e do compositor Bororó, entre outros.

Em 1924 entrou para o Colégio Santo Inácio, em Botafogo, onde cantava no coro da igreja e
montava pecinhas de teatro. Em 1927, cursando o ultimo ano ginasial tornou-se amigo dos
irmãos Paulo e Haroldo Tapajós, e, juntos, formaram um conjunto que tocava em festinhas nas
casas de amigos. Com Haroldo Tapajós, em 1928 compôs o fox-canção Loura ou morena, que
seria gravado, em 1932, pelos dois irmãos. Concluído o curso ginasial, em 1929 a família
retornou a Gávea e, nesse mesmo ano, ingressou na Faculdade de Direito do Catête, onde se
tornou amigo do romancista Otávio Faria, que descobriu e incentivou sua vocação literária. Em
sua fase inicial na musica popular, foi o letrista de dez musicas gravadas entre 1932 e 1933: sete
em parceria com Haroldo Tapajós, duas com Paulo Tapajós e uma com o violonista J. Medina,
esta gravada por Petra de Barros. As outras musicas foram gravadas pelos Irmãos Tapajós, mas
só obtiveram sucesso com Loura ou morena (Columbia). Em 1933 terminou a faculdade e o
C.P.O.R., e publicou o primeiro livro – O caminho para a distância – pela Schmidt Editora, edição
recolhida pelo autor. Nessa época, era amigo de Manuel Bandeira, Oswald de Andrade e Mário
de Andrade. Em 1935, seu livro Forma e exegese recebeu o prêmio Filipe d’Oliveira. No ano
seguinte, publicou em separata o poema Ariana, a mulher e, ainda em 1936, empregou-se como
censor cinematográfico, representando o Ministério da Educação e Saúde. Dois anos depois,
ganhou bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de
Oxford, e nesse ano publicou os Novos poemas. Com o inicio da Segunda Guerra Mundial,
retornou ao Rio de Janeiro.

Em 1941 empregou-se como critico cinematográfico no jornal A Manhã, colaborando também em


seu Suplemento Literário e na revista Clima, dirigida pelo critico literário Antônio Cândido. Ainda
em 1941, conseguiu cargo burocrático no Instituto dos Bancários e, aconselhado por Osvaldo
Aranha, começou a se preparar para prestar exame no Itamaraty, sendo aprovado em 1943.
Nesse ano publicou Cinco elegias, inaugurando nova fase em sua poesia. Continuou atuando
como jornalista e critico de cinema em diversos jornais e, em 1946, após dois anos de estagio,
assumiu seu primeiro posto diplomático, indo para Los Angeles, EUA, como vice-cônsul. Publica
então o livro Poemas, sonetos e baladas e, no ano seguinte, com Alex Viany, lançou a revista
Filme. Morto o pai, retornou ao Brasil em 1950 e, um ano depois, começou a trabalhar no jornal
Última Hora.

Em 1953 compôs o primeiro samba, Quando tu passas por mim (com Antônio Maria). Ainda
nesse ano, seguiu para Paris, França, como segundo secretário da embaixada. Sua peça Orfeu
da Conceição, premiada em 1954 no concurso de teatro do IV Centenário de São Paulo SP, foi
publicada nesse ano na revista Anhembi. Em 1955 publicou a Antologia poética e, com Cláudio
Santoro, compôs algumas canções de câmara. No Brasil em 1956, resolveu montar Orfeu da
Conceição, paralelamente a filmagem da peça, que o francês Marcel Camus dirigia. O cenarista
da peça foi Oscar Niemeyer e a música ficou a cargo de um jovem pianista – Tom Jobim – quase
desconhecido na época. A peça estreou no dia 25 de setembro, no Teatro Municipal, do Rio de
Janeiro. Pôs letra nas músicas de Tom Jobim Lamento do morro, Se todos fossem iguais a você,
Um nome de mulher, Mulher, sempre mulher, Eu e o meu amor etc., lançadas logo em seguida
em disco de dez polegadas, pela Odeon, com o cantor Roberto Paiva, o violonista Luís Bonfá e
orquestra. No fim de 1956, retornou a Paris e, em 1957, lançou o Livro de sonetos. No mesmo
ano foi transferido para Montevidéu, Uruguai, onde ficou até 1960. Em 1958 Elizeth Cardoso
lançou, pela marca Festa, o LP Canções do amor demais, em que estavam incluídas
composições suas em parceria com Tom Jobim: Luciana, Estrada branca, Canção do amor
demais, Chega de saudade e Outra vez, sendo que, nas duas últimas, João Gilberto
apresentava a batida de violão que caracterizaria o movimento musical da bossa nova. No ano
seguinte, Lenita Bruno lançou o LP Por toda a minha vida, também com músicas dos dois
parceiros. Ainda em 1959, o filme Orfeu do Carnaval, baseado em Orfeu da Conceição, que
incluía a composição A felicidade (com Tom Jobim), ganhou a palma de ouro no Festival de
Cannes, França, e o Oscar de Hollywood, EUA, como melhor filme estrangeiro. Desse período
são também Eu sei que vou te amar e Amor em paz (ambas com Tom Jobim). Em 27 de abril de
1961, inaugurando o Teatro Santa Rosa, no Rio de Janeiro, foram levadas três peças de mesmo
titulo – uma de sua autoria e as outras, de Pedro Bloch e Gláucio Gil, mais tarde publicadas em
livro por Massao Ohno (São Paulo). Outro importante parceiro foi Carlos Lyra, que conheceu em
l961, ano em que fizeram juntos os sambas-canções Você e eu, Coisa mais linda, Primeira
namorada e Nada como ter amor, entre outras, Em 1962, em parceria com Pixinguinha, fez a
trilha sonora do filme Sol sobre a lama, de Alex Viany, lançado no ano seguinte. Também para
esse filme, colocou letra em Lamento, antigo choro do novo parceiro. Publicou livro de crônicas e
poemas, Para viver um grande amor e, ainda em 1962, conheceu Baden Powell, em show da
boate Arpège. Juntos compuseram grandes sucessos, como Samba da bênção, Só por amor,
Canção de amor e paz, Pra que chorar, Deixa, Tem dó, Tempo feliz, Formosa, Apelo, Samba em
prelúdio, Consolação e Berimbau. Interessaram-se também por musica de candomblé e, com a
viagem de Baden à Bahia, fizeram uma serie de afro-sambas, entre os quais Canto de Ossanha,
Canto de Xangô, Bocoxé e Samba de Oxóssi. Compôs ainda com Carlos Lyra A Marcha da
Quarta-feira de Cinzas e as músicas para sua peça Pobre menina rica, entre as quais Minha
namorada. Em agosto de 1962, ao lado de João Gilberto, Tom Jobim e de Os Cariocas, tomou
parte em Encontro, na boate Au Bon Gourmet, show com produção de Aluísio de Oliveira, no
qual foram lançados os êxitos Garota de Ipanema, Só danço samba, Insensatez, Ela é carioca e
Samba do avião (todos com Tom Jobim), e Samba da bênção. Na mesma boate foi apresentada
a peça Pobre menina rica (com Carlos Lyra), que lançou Nara Leão e as canções Sabe você, A
primavera e Pau-de-arara. Em 1963, novo parceiro: com Edu Lobo comporia, entre outras,
Arrastão, Zambi e Canção do amanhecer. Designado para trabalhar na delegação do Brasil junto
à UNESCO, em Paris, foi para a Europa, de onde voltou em 1964. Fez então parceria com
Francis Hime, produzindo Eu te amo, amor, Saudade de amar e Sem mais adeus. Com Dorival
Caymmi, fez show na boate Zum-Zum, gravado em LP da Elenco, que foi um grande sucesso e
lançou o Quarteto em Cy. No I FMPB, da TV Excelsior, de São Paulo, em 1965, Arrastão obteve
o primeiro lugar, interpretada por Elis Regina, e Valsa do amor que não vem (com Baden Powell)
ficou em segundo, defendida por Elizeth Cardoso. Trabalhou com o diretor Leon Hirszman no
roteiro do filme Garota de Ipanema, e, com Dorival Caymmi, voltou a fazer o show na boate Zum-
Zum. Participou, em 1966, do show Pois é (direção de Francis Hime), no Teatro Opinião, no Rio
de Janeiro, ao lado de Maria Bethânia e Gilberto Gil, quando foram lançadas para o público
carioca as musicas do compositor baiano. Convidado para participar do júri do Festival de
Cannes (França), descobriu que Samba da benção havia sido utilizado na trilha sonora do filme
Um homem e uma mulher (de Claude Lelouch), vencedor do festival, sem que os autores fossem
mencionados. Depois de. uma ameaça de processo, seu nome e o de Baden Powell passaram a
constar da apresentação do filme.

Em 1967, após a estréia do filme Garota de Ipanema, no Rio de Janeiro, afastou-se um pouco
das atividades musicais, organizando festival de arte em Ouro Preto MG. Em 1968 foi punido
pelo Ato Institucional n.º 5 com aposentadoria compulsória do Itamaraty, depois de 26 anos de
serviços prestados. Também em 1968, participou de show em Lisboa, Portugal, ao lado de Chico
Buarque e Nara Leão, e em Buenos Aires, Argentina, com Dorival Caymmi, Baden Powell,
Quarteto em Cy e Oscar Castro-Neves. No ano seguinte, apresentou-se com Dori Caymmi e
Maria Creusa em Punta del Este, Uruguai.

Em 1969, tornou-se parceiro de Toquinho, e, em 1970, com Marília Medalha, fizeram show em
Salvador BA, no Teatro Castro Alves. Nesse ano, os três apresentaram-se também em Buenos
Aires, na boate La Fusa. Também fez sucesso com Gente humilde, cuja letra foi escrita em
parceria com Chico Buarque, a partir de um tema musical composto cerca de 20 anos antes por
Garoto, e lançou o livro Arca de noé, que em 1980 seria transformado em dois programas
especiais da TV Globo. As musicas desses programas foram gravadas em LP por Toquinho: A
arca de noé (Ariola, 1980) e A arca de noé Vol. 2 (Ariola, 1981); ambos depois lançados na Itália.

Em 1971, as primeiras composições da parceria com Toquinho, como Tarde em ltapoã e Como
dizia o poeta, foram lançadas em LP pela RGE. A partir de então, iniciaram grande atividade
artística, apresentando-se em shows pelo Brasil e exterior, e lançando sucessos como Maria-vai-
com-as-outras (1971), Testamento (1971), Regra três (1972) e outros. Em fevereiro de 1973,
apresentou-se, ao lado de Toquinho e Clara Nunes, no show O poeta, a moça e o violão, no
Teatro Castro Alves, em Salvador. Em 1974, suas composições As cores de abril e Como é duro
trabalhar foram incluídas na trilha sonora da novela Fogo sobre terra, da TV Globo, e lançadas
em LP pela Philips. No ano seguinte, a Philips lançou o LP Vinícius e Toquinho, e a RGE,
Toquinho e Vinícius – O poeta e o violão; na França, saiu o LP Le Brésil de Vinícius de Moraes
avec Maria Creusa et Toquinho (EMI e Pathe Marconi). Em 1976, pela RCA Victor, foi lançado o
LP Ornella Vanoni/Vinícius de Moraes/Toquinho – La voglia/La pazzialL’inconscienzalL’allegria.
Ainda na década de 1970, foram gravados os LPs: Deus lhe pague, com músicas em parceria
com Edu Lobo (EMI, 1976); Toquinho & Vinícius (RGE, 1977); Tom, Vinícius, Toquinho e
Miúcha, gravado ao vivo no Canecão (Som Livre, 1977); Vinícius – Antologia poética
(Phonogram, 1977); Amália/Vinícius (Chantecler, 1978); e 10 anos de Toquinho e Vinícius
(Philips, 1979). Na década seguinte, saíram os LPs Vinícius de Moraes – Poeta y amigo
(Philips,1980), em castelhano; Marcus Vinícius da Cruz de Melo Moraes (álbum duplo, Som
Livre, 1980); Toquinho/Vinícius – Um pouco de ilusão (Ariola, 1980), último LP da dupla, que
totalizou 20 LPs gravados; e, postumamente, O grande encontro – Maria Creusa, Toquinho e
Vinícius (Som Livre, 1988), com participação de Marília Medalha e Monsueto, e Vinícius de
Moraes (Empresa Carioca de Engenharia, 1988). Em 1991 foi lançado o CD triplo A história dos
shows inesquecíveis – Poeta, moça e violão: Vinícius, Clara e Toquinho, pela Collector’s Editora.
Em 1993 saíram pela Lumiar Editora (Rio de Janeiro) os três volumes do songbook Vinícius de
Moraes, de Almir Chediak. Dois anos depois, a cantora portuguesa Eugênia de Melo e Castro
lançou um CD dedicado inteiramente às suas musicas. Em 1991 e em 1996, José Castelo
publicou os livros Vinícius de Moraes – Livro de letras (Companhia das Letras, São Paulo) e
Vinícius de Moraes (Relume-Dumará/Rio Arte, Rio de Janeiro). Em 1997 foi publicado Vinícius
de Moraes, de Geraldo Carneiro (Toca do Vinícius), reedição com algumas ampliações do livro
lançado em 1984 na coleção Encanto Radical, da Brasiliense. Vinícius faleceu no Rio de Janeiro
em 09 de Julho de 1980.

Biografia: Enciclopédia da Música Brasileira


Art Editora e PubliFolha

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