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IVONE PERL
Introdução
Cap 3 - Darshana
Cap 6 - O Necronomicon
Cap 9 - Joe
Cap 10 - Os avatares
Cap 12 - T.I.A.
IVONE PERL
IVONE PERL
Na distante cidade de Azevinhos uma jovem muito bonita,
finalmente convence a mãe a sair da santa terrinha e tentar a
sorte na América. Bem isso não é nenhuma novidade, apenas
seguir os ancestrais passos. Que todo português já nasce com
uma passagem nas mãos, só espera o melhor momento de
utilizá-la.
Já vai longe o tempo em que os portugueses se
amontoavam em um navio chinfrim, espremidos entre fados e
saudades, em busca de melhores dias. Agora a maioria
quando parte é em busca da aventura de conquistar uma parte
do paraíso prometido. Tirena simplesmente segue sua sina ao
deixar o Concelho onde nascera. Quem a olhasse vinha uma
moça de pele branca, ligeiramente sardenta covinhas nas faces
e uns olhos verdes, não desses maliciosos, mas desses que a
gente lembra de uma floresta de cedros e pinheirinhos, na
época do inverno; seus cabelos loiros e compridos estavam
sempre amarrados, de modo que todo seu rosto sempre estava
à mostra. Não era muito alta, tinha mais ou menos um metro e
sessenta e dois de altura, onde seus cinqüenta e oito quilos se
espalhavam de uma maneira harmoniosa, sem lugar para
ossos pontiagudas.
A faxina de sua casa não era difícil de fazer, ainda mais que
havia uma infinidade de produtos modernos e máquinas que
facilitavam o dia a dia. A única coisa que estava atrapalhando a
vida de Tirena era o fato de não ter conseguido fazer nenhum
amigo, nem amiga ali na universidade. Ali havia muitos
estrangeiros, mas nenhum português, talvez devesse ter ido
para o Brasil, apesar da má fama do país.
Sua vida iria definitivamente mudar naquele 4 de abril.
Uma moça alta de cabelos negros andava apressada,
quando deixou cair uma carteira. A moça nem percebera, mas
Tirena solícita como sempre a chamou.
- Ei, você deixou cair sua carteira.
- Obrigada, nem percebi, estou atrasada e esqueci de
guardar a carteira na bolsa.
- Às vezes eu me atraso um pouco também.
- De onde você?
- Sou de Portugal e você?
- França. Somos praticamente vizinhas. Qual sua turma.
- Estudo inglês, literatura moderna e autores modernos.
Afinal era pegar ou largar.
- Eu também. Venha conhecer meus amigos.
Assim as duas acabaram amigas e morando no mesmo
local, pois tinham alguns interesses em comum, o mesmo
gosto literário, musical e os filmes românticos.
Tirena, às vezes, ficava calada, curtindo sua tristeza
visceral, mas eram apenas segundos e depois explodia em
brincadeiras e piadinhas já que era muito popular com os
rapazes, embora não tivesse arranjado nenhum namorado por
ali, por sua culpa, já que se realmente quisesse eles fariam fila
para disputar um lugar a seu lado. Ela era o que se podia
classificar de amiga, sempre pronta a ouvir, a alegrar e a
compartilhar. No fundo conseguia esconder muito bem a
pessoa que realmente era, uma solitária a procura de
conhecimento e reconhecimento independente de seus verdes
e atraentes olhos.
Ela não era exatamente uma pessoa religiosa,
principalmente por odiar a mania de sua mãe de obrigá-la a
rezar intermináveis novenas a Santo Antônio e outros santos
que já não se lembra, os joelhos ficavam doloridos de tanto
dobrar e levantar nas missas infindáveis. Que bom, isso era
passado, ali, nada de missa, nada de padre, nada de reza. Ler
bastante, conversar com todos os rapazes que tivesse vontade,
como um bom aquário e resolver todos os problemas da
humanidade em um piscar de olhos.
Tirena, ou Ti, como Walesa a chamava seria apenas um
peão popular nesse imenso jogo de xadrez que é a vida.
Capítulo 3 – Darshana
IVONE PERL
- Veja Sarah a sua tatuagem está com a cor mais viva hoje.
Era Wal-Astaroth falando alto como era seu costume quando
queria chamar a atenção de alguém, com uma novidade.
- Srta. Astie, eu sei, fui dar retoque nela outro dia, porque a
coroa estava muito cinza e não dava para ver direito.
- E nem convidou a gente.
- Vocês estavam na casa da Darrie.
- Que é isso?
- A tradução de uma parte do Livro de Sarah, quer ouvir?
- Não chama o Silcharde, o Guland e até Nasty e Baimon?
- Está excluindo o S.L.?
- Não precisa, basta vocês se juntarem que ele vêm.
Nem precisaram chamar o resto da turma, pois com o
barulho que faziam todos acabaram acordando.
- Conjuro do Rei do Oriente - Eu te conjuro e te invoco, ó
Magoa, valente rei do oriente, pelos nomes do Um e pela
minha obra sagrada! Ordento-te que me obedeças, venha a
mim, ou mande-me os mensageiros Massayel, Ariel, Satiel,
Arduel e Acorib, que possam responder minhas perguntas e
acudir meus desejos. Venha vós também em nome das
virtudes e poderes do Uno. Sarah recitava o papelzinho
freneticamente.
- Cadê o círculo de proteção?
- Não sei, não.
- Quem apagou a luz.
- Cinderelas, meu boa noite.
Passava dez minutos da meia noite quando o círculo
acendeu e não se sabe qual deles desenhou o segundo avatar
em homenagem a alguém.
Matinas et Laudas.
"Per obedientiam itaque raro praecipiendum censuit, nec
primo fulminandum iaculum, quod esse deberet extremum. Ad
ensem, inquit, non cito manus mittenda est. Eum vero qui
praecepto obedientiae obedire non festinaret, nec Deum timere
nec hominem reveri. Nihil verius istis. Nam quid in temerario
praeceptore auctoritas imperandi nisi gladius in manu furiosi?
Quid vero desperatius religioso obedientiam contemnente?
Capítulo 11 – Spiritus Locus
IVONE PERL
Era uma vez uma princesa muito magrela e feia que nasceu
em um reino distante, onde o ogro de seu pai costumava comer
um rancheiro por dia, só para abrir o apetite. Claro que a mãe
da princesa não concordava com essa comilança todo e de vez
em quando conseguia esconder um rancheiro e mandá-lo para
bem longe.
A princesa não sabia dos maus hábitos do pai e tinha
verdadeira adoração por ele, mas nunca entendera porque ele
sempre comia longe dos demais. Um dia resolveu surpreendê-
lo na hora do almoço com uma magnífica torta de morangos
feita por ela própria.
Com arte e engenho a princesa havia surrupiado o molho de
chaves do bolso do mestre do castelo e foi testando chave por
chave até descobrir qual delas abria a sala onde o pai comia.
Pensamento pensado, ato feito. Quando ela abriu a porta
deparou com o pai se deliciando com um pedaço da coxa do
último rancheiro assado, que estava tão mal passado que
escorria um caldo avermelhado.
Ela não era burra nem nada e percebeu muito bem como o
pai havia ficado vermelho de raiva, deixou a torta no aparador
desejando bom almoço e foi saindo de fininho.
À noite ela não conseguia dormir imaginando de quem seria
aquela perna, mas sua ignorância durou pouco tempo, quando
precisou de seu cavalo, o cavalariço que a atendeu era um
outro rapaz diferente e o bom moço que havia sido seu amigo
de infância havia desaparecido para todo o sempre.
A princesa ficou realmente muito aborrecida e foi pedir
ajuda da sua velha avó. Era simplesmente uma múmia
petrificada que um dia tinha sido uma mulher bonita. Ela
morrera jovem, aos 33 anos, não se sabe se de parto ou de
uma forte dor de cabeça.
Tante Imite Ami era o que estava escrito na certidão da avó,
e foi esse papel que a princesa levou e adotou o nome da Tia.
Claro que a magia da avó a transportou para outro tempo e
assim a princesa que nunca mais foi princesa vivia em dois
tempos, no passado e hoje, e a ponte que a levava de um lado
para o outro era absolutamente invisível para os outros, nem
mesmo ela sabia exatamente o caminho nem conseguia
destruir a ponte.
As portas da criação foram ultrapassadas e o Vago medita
sobre o Caos e Nêmesis acolhe quem bem ele entende e eles
escolheram Tia.
Capítulo 13 – A guitarra vermelha
IVONE PERL
I - COM QUALQUER
II - V
III – IV -VI OU- V
IV - II, V OU I(SE FINAL)
V - II OU VI
VI - II, IV OU V
VII - I OU VI
As cifras desfilam feito loucas na minha mente e os
sustenidos são mortos pelos bemóis.
Haydn, não eu quero Bach, Bolero de Ravel, não sei mais o
que,."
"Ela se foi e só agora eu percebi, eu queria uma vida e
minha vida era ela".
- Nossa que cara chato! disse Joe.
- Sarah esse caderno não é mesmo seu?
- Não, já disse que não. Meu aqui é o só o Livro de Sarah,
aquele que vocês esconderam porque tem medo de magia,
seus covardões.
- Eu não escondi nada defendeu-se Walesa.
- Disse covardões e não covardona, replicou Sarah rindo, já
desfeita de sua raiva inicial.
- Será que a T.I.A. sabe de quem é o caderno?
- Ah, eu não vou atrás dela uma hora dessa, passa de meia
noite e ela deve estar dormindo.
- Amanhã a gente fala com ela.
Capítulo 15 – Show e fantasias
IVONE PERL