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Philippe Joutard
(traduo de Afonso Henriques Neto; reviso de Benjamin Al-
bagli Neto)
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Reconciliar Histria e Memria?
Duas memrias?
Para ultrapassar esta oposio, necessrio repensar a ambigi-
dade da noo de memria hoje. Assim, sou obrigado a constatar
que no h medida comum entre a memria que geralmente perce-
bo quando fao uma investigao de histria oral e a memria que
assume o primeiro plano e quer tomar o lugar da histria, retoman-
do todos os traos negativos atribudos a ela por seus adversrios.
De um lado, uma memria modesta, pouco segura dela mes-
ma, que comea sempre por eu no tenho nada a dizer, minhas
lembranas no tm interesse, voc deveria procurar o senhor ou a
senhora X, ele ou ela que sabem; a memria daqueles que devem
ser, antes de tudo, convencidos de que so atores da histria. Sem
o historiador, sem o pesquisador, eles jamais falariam. Depois de
algumas banalidades, eles se arriscam a dizer coisas inslitas, impre-
vistas, que desorganizam as idias aceitas, o pequeno feito da ver-
dade que confere sentido a toda narrativa. Tomarei como exemplo
uma pesquisa de minha esposa, Genevive Joutard, j concluda no
comeo da dcada de 1980, realizada com uma judia deportada para
Auchwitz, Clara Aben, que nunca havia comentado esse assunto,
nem mesmo com seus filhos. Relatando a sua priso e as da me e
da irm (ela foi a nica sobrevivente), acrescenta este detalhe espan-
toso: Eles nos puseram em um txi e nos fizeram pagar a corrida
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