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Boletim de Iniciação Científica em Psicologia – 2006, 7(1): 82-111

CONSTRUÇÃO DE UM TESTE DE ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA


SOBRE ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL. UMA ANÁLISE DE
CONSTRUTO

Osni Alessandro Encenha


Paloma Corine Andrioli Silva
Paloma Toledo Pucca
Renato Soares Ramos
Riviane Borghesi Bravo
Roberta Cassia Vaz da Costa
Roberta Schwarz Lourenço Mendes
Samira Figueiredo Domingues
Shaila Virginia Bomfim Moreira
Profa. Dra. Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira
Universidade Presbiteriana Mackenzie

Resumo: Com um grau adequado de conhecimentos a respeito do


processo de envelhecimento, a população poderia ter acesso a
métodos e informações a respeito da própria saúde, que resultaria no
aumento do bem-estar e qualidade de vida pessoal ao longo de toda
a vida. Ao mesmo tempo, um nível mínimo de alfabetização científica
sobre esta problemática, pode promover atitudes favoráveis em
relação a um envelhecimento saudável. O objetivo geral desta
pesquisa foi construir um instrumento piloto que permitisse avaliar o
índice de alfabetização científica que as pessoas adultas devem ter
em relação a um processo de envelhecimento saudável. O objetivo
específico foi validar este instrumento a partir de uma análise de
construto por critérios de juízes. Para executar essa análise, foram
calculados os índices de concordância em relação à adequação dos
itens aos construtos, conforme julgamento efetuado pelos peritos
(juízes). Os principais resultados apontaram que, dos 74 itens que
inicialmente o instrumento possuía, 50 obtiveram índices de
concordância acima de 70%. Os dados obtidos demonstram que a
maior parte dos itens ficou distribuída em quatro dos cinco construtos
definidos (Saúde Física, Saúde Mental, Bem Estar Social e Fatores
Multidimensionais). No caso do construto Atividades da Vida Diária,
Construção de um teste de alfabetização científica sobre envelhecimento saudável. Uma
análise de construto

apenas um item obteve um índice de concordância acima de 70%.


Em relação aos índices de clareza dos itens, avaliados pelos juízes, a
maior parte ultrapassou 50% do total da amostra, o que permitiu
inferir que, do ponto do vista do critério de equilíbrio, existe um certo
contínuo entre a facilidade e a dificuldade dos itens em termos de sua
compreensão. Finalmente, destacamos que este estudo piloto, cujo
escopo foi a construção de um instrumento que avalia conhecimentos
científicos sobre o envelhecimento saudável, está sendo desenvolvido
simultaneamente em outros dois países, com os quais mantemos
intercâmbios científicos. O objetivo futuro deste trabalho é
desenvolver um instrumento padronizado, que consiga medir
alfabetização científica em populações leigas, além de executar sua
validação em três línguas.
Palavras-chave: envelhecimento saudável, alfabetização científica,
teste.

CONSTRUCTION OF A SCIENTIFIC LITERACY TEST ABOUT


HEALTHY AGING. A CONSTRUCT ANALYSIS

Abstract: With an adequate amount of knowledge regarding the


process of aging, the population would have access to methods and
information about its own health, which would result in the increase
of well-being and quality of personal life. At the same time, the
minimum level of scientific literacy about the key issue, could
promote favorable attitudes regarding healthy aging. The general
objective of this research was to construct a pilot instrument that
would allow the index of scientific literacy that adult people should
have in relation to the process of healthy aging. The specific objective
was to validate this instrument, based on an analysis of the construct
by the criteria of judges. To perform this analysis one calculated the
index of agreement of each of the construct items (Physical Health,
Mental Health, Social Well-Being and Multidimensional Factors)

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Osni Alessandro Encenha, Paloma Corine Andrioli Silva, Paloma Toledo Pucca
Renato Soares Ramos, Riviane Borghesi Bravo , Roberta Cassia Vaz da Costa
Roberta Schwarz Lourenço Mendes, Samira Figueiredo Domingues
Shaila Virginia Bomfim Moreira, Profa. Dra. Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira

according to the experts’ judgment. It should be noted that this


research is being simultaneously conducted in two other countries.
The aim is to develop an instrument able to assess the scientific
literacy of lay populations validated in three languages.
Keywords: healthy aging, scientific literacy, test.

Introdução
Muito se tem pesquisado, ao longo de todo o século XX, sobre o
envelhecimento e um dos fatores que tem contribuído tem sido o
considerável aumento da população idosa no mundo (VERAS;
RAMOS; KALACHE, 1987; RAMOS, 2003; RAMOS, 2004). A população
em geral necessita de conhecimentos científicos adequados para
poder compreender as múltiplas questões relacionadas a um processo
saudável de envelhecimento.
O conceito de envelhecimento, diferente do que é normalmente
entendido, refere-se a um processo que se inicia com o nascimento e
termina com a morte. Assim, o termo envelhecimento não é sinônimo
de velhice; no entanto, um conceito depende do outro. Grande parte
das vezes, uma velhice com qualidade estará em dependência de
alguns fatores diretamente relacionados ao estilo de vida.
Este estudo trabalhou com um construto teórico que tem
adquirido reconhecimento internacional e identificado, até como um
slogan, presente nas metas educacionais contemporâneas. O termo
alfabetização científica refere-se à compreensão que o público em
geral deve ter sobre diversos aspectos da ciência. Em alguns países é
reconhecido como compreensão pública sobre ciência, alfabetização
científica e, inclusive, na França, é reconhecido com o termo cultura
científica (LAUGKSCH; SPARGO, 1996).
No caso da alfabetização científica em áreas relacionadas com
as ciências da saúde, o fenômeno da alfabetização é de extrema
importância, pois condutas inapropriadas, em populações
analfabetas, podem acarretar graves conseqüências. A popularização
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Construção de um teste de alfabetização científica sobre envelhecimento saudável. Uma
análise de construto

que a ciência tem tido com o desenvolvimento tecnológico da mídia


começou na década de 50 do século XX. Desde essa época, o
conceito de alfabetização científica começou a ser legitimado
(LAUGKSCH, 2000). Como coloca Moscovici (1978, p. 26), a ciência
penetrou na sociedade e os conhecimentos científicos entraram no
laboratório da sociedade. Neste laboratório, nem sempre o critério
que prevalece é o de demonstração e do rigor. Muitas vezes, os
leigos processam informações científicas de diversas maneiras, que
podem estar contaminadas com erros provenientes dos próprios
conteúdos da imprensa, ou mesmo, pelas limitações intelectuais e
culturais do indivíduo ao ler tais informações. O escopo deste estudo
está, justamente, ao redor deste fenômeno. O tema do
envelhecimento tem se constituído em uma área de pesquisa de
suma importância na atualidade, dado o aumento do envelhecimento
demográfico populacional (IMHOF, 1987; VERAS; RAMOS; KALACHE,
1987).
Outros conceitos que são confundidos dentro da população leiga
são os de envelhecimento saudável e rejuvenescimento. É comum
que algumas pessoas identifiquem o envelhecimento saudável com o
rejuvenescimento. Stuart -Hamilton (2002) afirma que rejuvenescer
geralmente significa mascarar a velhice e o processo de
envelhecimento; a partir, muitas vezes, do uso de tecnologias
cosméticas. Entretanto, envelhecer saudavelmente é muito mais
complexo. Trata-se de um processo que deve ser estimulado desde a
infância (e principalmente na juventude).
Os principais objetivos do estudo foram: definir indicadores de
alfabetização científica sobre o tema envelhecimento saudável;
construir um instrumento que pudesse avaliar o índice de
alfabetização científica acerca de um processo de envelhecimento
saudável, que a população adulta deveria possuir e, finalmente,
executar uma análise de construto da pertinência ou concordância

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dos itens aos fatores, utilizando a avaliação de juízes na área de


gerontologia e geriatria.

Referencial teórico

Dimensões para um envelhecimento saudável. Modelo de


Envelhecimento
Para alcançar uma velhice em boas condições de saúde física,
mental e psicossocial, é preciso, ao longo da vida, controlar as
múltiplas variáveis pessoais e ambientais presentes no processo de
envelhecimento.
A definição de envelhecimento saudável inclui vários aspectos
que serão operacionalizados a partir de três dimensões.

1. Dimensão de Funcionamento Mental


Os acontecimentos emocionais, presentes durante a vida,
podem ser sentidos durante a juventude de forma diferente de como
seriam sentidos em uma idade mais avançada. Alguns dos fatores
que contribuem para essas mudanças são: a diminuição das
capacidades de adaptação da pessoa idosa, as inúmeras perdas
sofridas, o surgimento de doenças comuns nesta fase da vida, entre
outros. Aparece um fenômeno denominado por alguns autores como
balanço entre perdas e ganhos na velhice (BALTES, 1991; BALTES;
BALTES, 1990).
Quanto ao aspecto cognitivo, sabe-se que com o
envelhecimento surgem algumas perdas sensoriais e cognitivas como
a diminuição nas capacidades de memória, linguagem, atenção,
percepção e até mesmo de orientação. Entretanto, a estas perdas se
acrescenta um importante ganho historicamente reconhecido que é o
acúmulo de experiências, sinônimo de sabedoria.
Por esse motivo, o envelhecimento bem sucedido pode ser visto
como uma competência adaptativa, ou seja, uma capacidade

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análise de construto

generalizada para responder com resiliência aos obstáculos impostos


pelo corpo. Essa capacidade, segundo Néri (1995), remete à idéia de
que, apesar das perdas, é possível maximizar os ganhos através da
adaptação às situações.
Essa pragmática cognitiva, ou resiliência natural, segundo
Baltes (1991), traria efeitos compensatórios para as perdas físicas e
biológicas que afetam o desenvolvimento cognitivo a partir dos
múltiplos conhecimentos adquiridos na cultura. Já Bottino (2002)
enfatiza ainda mais estas possibilidades de resiliência referindo-se a
intervenções concretas. O autor apresenta o conceito de terapia de
orientação da realidade cujo objetivo é propiciar estímulos ambientais
que facilitem a orientação na qual estão inclusos os processos de
retenção e resgate das informações. Isto permite que o indivíduo
assuma a realização de atividades que sejam adequadas às suas
dificuldades e que possa interagir socialmente. Dessa forma, suas
habilidades cognitivas e de comunicação podem melhorar.

2. Dimensão Funcional
Esta dimensão se fundamenta em contribuições da medicina, e
especificamente da gerontologia, ao conceito de saúde. Esta não deve
ser medida apenas pela presença ou ausência de doenças, mas,
também, pelo grau de preservação da capacidade funcional do
indivíduo (RAMOS, 2003).
Daí a importância de associar indicadores de capacidade
funcional à presença ou não de doenças, tanto na velhice como em
outras fases do desenvolvimento. Segundo Kane e Kane (1993), este
paradigma de saúde é resultante da interação entre diversos fatores
ligados à saúde física, à saúde mental, à independência para a
realização das atividades da vida diária, à integração social, ao apoio
sócio-familiar e à independência financeira. Como resultado, o
indivíduo poderia alcançar o bem-estar, entendido como um estado
de saúde em um sentido mais amplo. Com isto, estar saudável não
deriva, necessariamente, da ausência de problemas ou de doenças.
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Para Gaspari e Schwartz (2005), adotar hábitos saudáveis de


alimentação, praticar regularmente exercícios físicos, inserir-se em
programas de convívio social, além de buscar atividades como uma
forma de preservar e melhorar a vida, a saúde e o bem-estar; são
práticas que vêm sendo paulatinamente adotadas pela população;
sobretudo a idosa. Este pode ser indicador de um crescente processo
de conscientização, no qual se busque um envelhecimento e uma
velhice saudáveis, e não apenas um prolongamento da vida. Para
isso, é necessário que as capacidades funcionais sejam preservadas.
Como apontam Fernández-Ballesteros, Izal, Montorio, González e
Díaz (1992, p. 146), a auto-suficiência no cuidado de si próprio,
assim como do entorno, é uma das dimensões imprescindíveis
qualquer que seja o conceito de qualidade de vida adotado.

3. Dimensão Social do Envelhecimento


Segundo Carneiro e Falcone (2004), para interagir socialmente
de modo eficaz, o indivíduo deve ser capaz de selecionar, de maneira
acurada, informações úteis e relevantes de todo um contexto social,
além de usar essas informações para a obtenção de relações sociais
gratificantes. Dentro desta perspectiva, Kane e Kane (1993) definem
o funcionamento social como um construto amplo que abrange todas
as relações e atividades humanas dos grupos dentro da sociedade.
Para um melhor entendimento do conceito ‘funcionamento
social’, o construto foi operacionalizado a partir de outras variáveis. A
saber: - as interações sociais e recursos (envolvendo a medição de
aspectos da existência, natureza, freqüência e importância subjetiva
das interações e atividades sociais no curso de vida de uma pessoa,
assim como da magnitude dos recursos sociais); - a adaptação
pessoal e bem estar subjetivo (com relação à vida, bens morais,
felicidade, capacidade de adaptação, alegria, esperança, orientação
futura e realização pessoal); - o ajuste ambiental (que envolve a

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análise de construto

habilidade das pessoas para lidar com as regras e dificuldades


impostas pelo ambiente).

Principais patologias que incidem e prevalecem na velhice


A influência de fatores genéticos, além dos sociais e
psicológicos, no processo de envelhecimento humano; motivou uma
introdução a este tema, resumindo as principais doenças e aspectos
relacionados à biologia do envelhecimento, que podem comprometer
a saúde.
A saúde mental e a saúde física estão intimamente ligadas.
Existe na velhice, assim como em outras fases da vida, uma relação
muito estreita entre o bem estar físico, psicológico e social. Inclusive,
devido a esta relação ser tão estreita, os geriatras enfrentam
dificuldades para executar avaliações do estado de saúde dos idosos
em algumas ocasiões. Por exemplo, Kane e Kane (1993) referem
que, quando um idoso apresenta sintomas físicos e até restrições
para realizar as atividades do dia-a-dia, isto pode ser um reflexo de
problemas psicológicos ou sociais. A relação inversa também é
verdadeira, um problema psicológico, como a depressão, pode
repercutir seriamente no funcionamento físico da pessoa.
Todas as informações referentes ao envelhecimento patológico,
que serão resumidas nesta seção foram extraídas do Manual
Geriátrico Maerk Sharrp & Dohme. Merck & CO: 2004, disponível no
endereço eletrônico: http://www.msd-
brazil.com/content/corporate/br.

Problemas relacionados com o uso de medicamentos na


velhice
A alta incidência de doenças na velhice pode aumentar o uso de
medicamentos. Portanto, é necessário que o próprio idoso e o
especialista de saúde compreendam que alguns medicamentos, que

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podem causar reações adversas com mais freqüência e intensidade


nos idosos, devem ser evitados.
A seguir, serão elencadas as principais patologias que podem
afetar o idoso conforme uma classificação de sistemas biológicos:
doenças osteo-articulares, como osteoporose e osteoartrite;
distúrbios cardiovasculares; doenças nos sistemas sensoriais, como
perda auditiva e visual; distúrbios hormonais, como diabetes
mellitus; distúrbios cerebrais associados a diversos tipos de
demências, distúrbios do humor, entre outros, por exemplo, os
transtornos depressivos e transtornos ansiosos.
Independentemente de possíveis classificações diagnósticas que
orientam o trabalho terapêutico de especialistas na atenção ao idoso,
é de extrema importância que esse especialista compreenda a
implicação que um problema de saúde pode ter nas capacidades
funcionais do idoso.

Capacidade funcional na velhice


Por haver uma relação muito estreita entre o bem-estar físico,
psicológico e social; muitas vezes se torna difícil medir a saúde
baseando-se somente em aspectos físicos. Faz-se necessária uma
visão mais integral da saúde, na qual sejam focados aspectos da
funcionalidade, ou seja, aspectos relacionados à capacidade da
pessoa no desempenho das atividades da vida cotidiana. Embora o
conceito de capacidade funcional seja bastante complexo,
abrangendo outros como os de deficiência, incapacidade,
desvantagem, bem como os de autonomia e independência, na
prática, trabalha-se com o conceito de capacidade/incapacidade. A
incapacidade funcional define-se pela presença de algum grau de
dificuldade no desempenho de certas atividades da vida diária, ou
mesmo pela impossibilidade total de desempenhá-las, sendo a
capacidade o oposto disto (RAMOS, 2004).

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Construção de um teste de alfabetização científica sobre envelhecimento saudável. Uma
análise de construto

Existem duas formas de classificar a capacidade funcional: a


básica e a instrumental. Kane e Kane (1993) referem-se à capacidade
funcional básica como a independência da pessoa para executar
algumas das seguintes atividades: banhar-se, vestir-se, ir ao
banheiro em tempo, deitar-se/levantar-se da cama ou cadeira,
alimentar-se sozinho, pentear-se, cortar as unhas dos pés, subir um
lance de escadas, andar no plano, ou seja, atividades básicas para a
manutenção corporal ou atividades pessoais. Entretanto, as
atividades instrumentais da vida diária referem-se àquelas atividades
que são básicas para um convívio social independente na
comunidade, como por exemplo, preparar refeições, pegar ônibus,
deslocar-se de um lugar a outro, tomar remédios, fazer limpeza de
casa etc. A própria Organização Pan-americana da Saúde recomenda
avaliar a saúde do idoso atendendo a esses critérios básicos e
instrumentais da vida diária (Organización Panamericana de la Salud,
1992).
Podemos avaliar o estado de saúde geral de uma pessoa em
vários aspectos: a saúde física propriamente dita, a saúde mental, o
bem estar social, as redes de apóio social, a condição financeira, a
capacidade de realizar atividades básicas de auto-cuidado no dia-a-
dia e a competência para tarefas instrumentais associadas à vida
independente.
Não se pode avaliar o grau de independência de uma pessoa
somente com base na medição da saúde física; é preciso explorar a
interferência que a condição física tem sobre outras dimensões, por
exemplo, sobre as capacidades funcionais.
O ideal de um sistema de saúde seria preparar os indivíduos
para os auto-cuidados. Conscientizar os responsáveis pelas políticas
de saúde que são necessários cuidados constantes, de tipo
preventivo, ao longo de toda a vida de uma pessoa. A prática de uma
medicina curativa não é suficiente. As ações preventivas
especificamente voltadas para certos fatores podem propiciar

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benefícios para o prolongamento do bem estar da população, mesmo


em idades avançadas da vida.

Métodos de rejuvenescimento
Foi incluído o tema rejuvenescimento, como o outro assunto a
ser abordado dentro desta concepção de envelhecimento saudável,
porque muitas pessoas acreditam no desenvolvimento tecnológico a
favor do rejuvenescimento, confundindo este último com
envelhecimento saudável. Devido a isto, submetem-se a processos
cirúrgicos arriscados na procura de uma juventude física corporal
prolongada. Mesmo conhecendo os segredos de uma vida saudável
para um envelhecimento igualmente saudável, as pessoas continuam
tentando interromper apenas os sinais externos da velhice, tomando
cuidados com a saúde somente quando esta dá sinais claros de
debilidade e, mesmo assim, adotam medidas de modo corretivo, e
não preventivo, sem realmente adotar hábitos saudáveis. Em geral
essas práticas em cosmiatria e medicina estética são cada vez mais
freqüentes no mundo todo (DRAELOS, 1991; COLEMAN; BRODY,
1997; ODO; CHICHIERCHIO, 1998).
Muitas dessas práticas, a favor de um envelhecimento físico
estético, podem ser arriscadas quando não se têm em consideração
outros aspectos que comprometem o envelhecimento natural da pele;
por exemplo, exposições excessivas ao sol, consumo de álcool, fumo
e hábitos alimentares não balanceados (VELASCO; OKUBO; RIBEIRO,
2004).

Método
Descrição e seleção da amostra
Para este estudo, selecionou-se uma amostra de 18
profissionais que atuam na área de saúde e trabalham com pessoas
idosas, seja em ações preventivas como curativas. A amostra foi
composta por geriatras, educadores físicos, fisioterapeutas,
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análise de construto

gerontólogos, psiquiatras e psicólogos. O critério de seleção dos


sujeitos foi intencional, conforme a área de atuação profissional, para
agir na qualidade de juízes na avaliação de cada um dos itens do
instrumento piloto. O critério de inclusão desses sujeitos na amostra
foi o fato de terem uma relação profissional direta com idosos que,
necessariamente, exige conhecimentos sobre envelhecimento nas
respectivas áreas de atuação. Tal conhecimento seria indispensável
para avaliar a concordância dos itens aos construtos sobre o tema
envelhecimento. Este projeto recebeu aprovação da Comissão Interna
de Ética em Pesquisa com Seres Humanos sob o protocolo CIEP nº
197/11/05.

Procedimento de coleta de dados


Foram entregues aos juízes participantes três tabelas. Uma
delas com as definições constitutivas de cada um dos construtos ou
fatores (com suas respectivas siglas) para os quais foram criados os
itens do instrumento.
Seguem abaixo as definições de cada um desses construtos:

Variáveis ou Definição
Fatores
Atividades da vida Avaliação das capacidades funcionais para a realização
diária (AVD) das atividades da vida diária e auto-cuidados (tomar
banho, alimentar-se etc) e capacidades para realizar
atividades instrumentais mais complexas (fazer
compras, cozinhar, ir ao banco, passear).
Saúde física (SF) Avaliação de diversos indicadores que interferem no
processo saúde-doença do indivíduo, como a presença
de doenças, sintomas, exames laboratoriais e clínicos
anormais, hábitos de vida inadequados, uso excessivo de
medicamentos, entre outros.
Saúde Mental (SM) Avaliação de indicadores de capacidades cognitivas ou
intelectuais e do estado afetivo-emocional.
Bem-estar social Avaliação de indicadores de satisfação, felicidade, bem-
(BS) estar com o relacionamento social, relações humanas
satisfatórias e apoio familiar.
Fatores Avaliação de conhecimentos gerais sobre
Multidimensionais envelhecimento, assim como da relação existente entre
(FM) os aspectos físicos, sociais e mentais , durante o
processo de envelhecimento na vida adulta.

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A seguir, alguns exemplos de itens que compunham o


instrumento:
4. O uso de vários medicamentos na velhice é necessário para poder
combater as doenças que afetam a idoso.
5. Muitas doenças acarretam a perda de independência e autonomia
dos idosos.
11. Com o aumento da idade, algumas funções biológicas que ajudam
na eliminação de medicamentos diminuem.
17. Não importam os hábitos que a pessoa adotou no curso de vida.
O importante é se cuidar na velhice.
25. As pessoas de mais idade, em virtude de múltiplas perdas,
possuem redes sociais menores do que pessoas mais jovens.
34. Quanto mais rápido o idoso acostumar-se a viver solitariamente,
melhor viverá o resto de sua vida.
40. Todos os idosos possuem mais experiências vividas, porém,
raciocinam mais lentamente.
42. Qualidade de vida significa ter uma vida balanceada, com hábitos
alimentares saudáveis e exercícios físicos regulares.
49. Não é possível a prevenção de doenças na velhice, uma vez que
as mesmas são condições inevitáveis nesta fase.
68. Só com o aumento da idade é que as doenças tendem a aparecer
com maior freqüência. Por isso, cuidados e acompanhamento médico
desde a juventude não são necessários.
69. Confusão sobre a hora do dia, a data, o local ou a própria
identidade é habitual durante a velhice.
71. Envelhecimento não abrange uma única fase da vida.
74. As doenças crônicas que fatalmente surgirão na velhice tendem
necessariamente a limitar e incapacitar os idosos de terem uma
velhice saudável.

Os sujeitos envolvidos na pesquisa, além da concordância em


relação aos construtos descritos, responderam também sobre a

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análise de construto

clareza dos itens. Ou seja, efetuaram um julgamento sobre quão


claro ou confuso estavam formulados os itens do instrumento.
Estipulou-se que, para aceitar a qualidade de um fator, o índice
de concordância mínimo seria de 70%. Todos os itens do instrumento
foram elaborados segundo diferentes critérios referidos por Pasquali
(2000), a saber: critério de objetividade ou desejabilidade; critério da
simplicidade e da clareza; critério de relevância; critério da precisão;
critério da variedade; critério da modalidade; critério da tipicidade;
critério da credibilidade; critério da amplitude e critério do equilíbrio.
Os resultados do instrumento foram observados e
interpretados, assim como os comentários dos profissionais a respeito
deste, mesmo que o critério de análise mais importante, dos itens
elaborados em relação aos construtos, tenha sido o cálculo dos
índices de concordância.

Discussão de resultados
Segundo Pasquali (2000, p. 15), para se elaborar um
instrumento de avaliação, é extremamente necessário que exista,
previamente, uma sistematização teórica sobre os construtos que o
instrumento mede, no caso deste estudo, a alfabetização científica.
Embora o desenvolvimento teórico sobre o envelhecimento não
seja fraco, a multiplicidade de avanços e descobertas científicas faz
com que, constantemente, muitas pessoas tentem se conduzir
baseadas em tais descobertas, o que pressupõe um mínimo de
informações científicas sobre o tema. Entretanto nem sempre as
informações científicas que chegam ao leigo são rigorosas, sobretudo
porque a prevenção de problemas de saúde na velhice não deve ser
praticada somente nesta fase e, sim, ao longo de todo o curso de
vida. No corpo teórico introdutório do artigo procurou-se sistematizar
as informações científicas sobre envelhecimento saudável. Acredita-
se, como diz Pasquali (2000, p. 15), que a miniteoria desenvolvida
guiou a elaboração do instrumento de medida do construto

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“envelhecimento saudável”. Nas páginas seguintes, discutir-se-ão os


resultados da análise de construto, efetuada a partir dos critérios dos
juízes participantes que avaliaram a pertinência dos itens aos
construtos operacionalizados no instrumento.
De 74 itens que o instrumento possuía, 45 receberam índices
de concordância acima de 70 % e 29 itens receberam os índices de
discordância, o que indica que 59,45% dos itens puderam ser
julgados como adequados aos diversos construtos ou fatores que os
juízes avaliaram.

Análise de pe rtinência dos itens ao construto Atividades da vida


diária (AVD)
Como mostra a tabela 1, no construto “Atividades da Vida
Diária” (AVD), um único item foi classificado como pertencente por
83.33% dos profissionais pesquisados (item 35 – “Um indicador
importante de saúde na velhice é a capacidade do idoso de realizar
de maneira independente as atividades do dia-a-dia”). Os itens
restantes distribuíram-se, apenas, entre os construtos “Atividades da
Vida Diária” e “Fatores Multidimensionais” (FM), com 16,67%. Cabe
salientar que o 83,33% dos juízes que avaliaram o item 35 como
pertencente ao construto AVD tinha variado campo de atuação
(médicos, educadores físicos, fisioterapeutas e médicos psiquiatras) e,
16,67% dos profissionais, que consideraram o item 35 como
pertencente aos construtos FM ou AVD, tinham como profissão a
medicina (psiquiatras) e a psicologia; no entanto isto não nos permite
afirmar que a polarização tenha sido determinada pela profissão ou
pela área de atuação. Um critério na construção deste item que merece
destaque é o da precisão. Como se mostrou na definição operacional
desses dois construtos, é provável que o item 35 contenha atributos
que são válidos, tanto para o construto AVD quanto para o construto
FM. De um lado, essa independência que o idoso deve ter para realizar
atividades do dia-a-dia (descrito no item 35), aponta para o fator AVD
Boletim de Iniciação Científica em Psicologia – 2006 7 (1): 82-111 96
Construção de um teste de alfabetização científica sobre envelhecimento saudável. Uma
análise de construto

propriamente dito e, de outro, esses conteúdos também devem fazer


parte de uma avaliação funcional integral (medido no construto FM),
pois como já foi dito, uma multiplicidade de fatores (bem estar social,
saúde física, saúde mental, estado emocional etc) incidem na
capacidade funcional, como um dos atributos que faz parte do
conteúdo do construto AVD.

Tabela 1. Itens com Índices de concordância e clareza acima de 70% no


Construto Atividades da Vida Diária

Item Concordância (%) Clareza (%)


35 83,33% 100

A baixíssima quantidade de itens classificados como AVD sugere


duas hipóteses. A primeira delas deve-se ao fato dos colaboradores
não terem compreendido o que realmente se entende por Atividades
da Vida Diária dentro desta classificação, o que pode ser resultado
de uma operacionalização deficitária da semântica do construto. A
segunda hipótese é de que o item AVD tenha sido confundido com
FM, já que neste se encontram fatores multidimensionais que podem
ter induzido o participante da pesquisa a uma resposta mais provável,
onde se encaixam todos os itens, já que o mesmo engloba todos os
assuntos o que será mostrado posteriormente na discussão dos
resultados da análise de pertinência dos itens ao “Fator
Multidimensional”.
O julgamento da clareza do item 35 foi ótimo já que foi
classificado como item claro por 100% dos juízes.

Análise de pertinência dos itens ao construto Saúde Física (SF)


Dentro do construto “Saúde Física”, 15 itens (itens 4, 5, 11, 15,
18, 20, 28, 34, 37, 45, 53, 55, 56, 64, 73) foram classificados como
pertencentes à SF pelos juízes, com um índice de concordância acima
de 70% como mostra a tabela 2. De modo geral, os 15 itens
classificados como saúde física se referiam a indicadores do processo
de saúde-doença no indivíduo, presença ou ausência de doenças,
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sintomas, exames laboratoriais e clínicos, hábitos de vida


inadequados, uso de medicamentos, entre outros. Do total de 15
itens, 7 foram avaliados com índices de concordância de 77,78%; 2
itens obtiveram um índice de concordância de 88,89%; 2 itens com
um índice de 72,22%; 3 itens obtiveram índices de 83,33% e apenas
l item obteve 94,44%, atingindo este ultimo a pontuação mais alta
dentro desse aspecto (item 18 - Os principais fatores de risco do
Acidente Vascular Cerebral (AVC) são a hipertensão arterial, nível alto
de colesterol, tabagismo e diabetes).

Tabela 2. Itens com Índices de concordância e clareza acima de 70% no


Construto Saúde Física

Item Concordância (%) Clareza (%)


4 77,78 83,33
5 88,89 94,44
11 77,78 55,56
15 83,33 72,22
18 94,44 94,44
20 77,78 77,78
28 77,78 88,89
34 83,33 77,78
37 77,78 83,33
45 83,33 66,67
53 77,78 88,89
55 77,78 88,89
56 72,22 83,33
64 88,89 100
73 72,22 83,33

Dos 15 itens descritos na tabela 2, apenas dois foram


classificados como não claros (itens 11 e 45). No item 1 1 (Com o
aumento da idade, diminuem algumas funções biológicas
responsáveis pela eliminação de medicamentos), ocorreu uma
concordância de 77,78% das respostas como sendo referente ao
fator “Saúde Física”, o que indica uma boa concordância entre os
profissionais a respeito da avaliação da fidedignidade e precisão do
item. No entanto, este não pareceu ser muito claro, pois apenas 10
dos 18 profissionais o avaliou desta forma.

Boletim de Iniciação Científica em Psicologia – 2006 7 (1): 82-111 98


Construção de um teste de alfabetização científica sobre envelhecimento saudável. Uma
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A partir deste resultado, se faz necessário observar algumas


questões relacionadas com os critérios estabelecidos para a
elaboração dos itens, principalmente no que diz respeito ao critério
de simplicidade e clareza, pois os mesmos garantem ao item, não
apenas a clareza, mas também a objetividade. Isto é, frases curtas,
numa linguagem simples que facilite o entendimento do sujeito
acerca da semântica do item e do construto ao qual ele
pertence. É importante ressaltar que a validade aparente não basta
para concluir se uma medida é de fato válida. Neste sentido,
Pasquali (2000) afirma que um item não pode, apenas, dar a
impressão de seriedade. Complementando a frase do autor, ele deve
ser sério tanto no fenômeno quanto na sua essência. Embora não
tenhamos proposto aos juízes executar uma análise semântica dos
itens, acreditamos que na escrita do item 11 tenha prevalecido uma
terminologia científica que determinou o julgamento do mesmo como
pouco claro; tendo em vista que em um segundo momento será a
população leiga quem responderá ao instrumento.
O outro item que, apesar de não demonstrar um verdadeiro
risco para a validade do instrumento, deve ser re-analisado com mais
cuidado, foi o item numero 45 (O risco de isquemias e derrames na
velhice não aumenta quando o indivíduo apresenta doenças como
hipertensão arterial, aterosclerose, cardiopatias ou diabetes). Tal
item obteve concordância de 83,33% entre os juizes no que diz
respeito à sua pertinência ao fator SF, mostrando ser válido para o
construto. Entretanto, o mesmo não poderia ser aplicado no aspecto
clareza, pois, proporcionalmente falando, este item obteve um índice
baixo em relação à mesma (tabela 2, item 45, 66,67% de índice de
clareza). A partir desta analise, deve-se retomar um dos critérios
utilizados na construção do instrumento, a saber, o próprio
critério de clareza. O item não contém palavras totalmente simples
ou leigas, pelo contrário, termos científicos que podem ser de difícil

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Renato Soares Ramos, Riviane Borghesi Bravo , Roberta Cassia Vaz da Costa
Roberta Schwarz Lourenço Mendes, Samira Figueiredo Domingues
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acesso à população em geral, daí o comprometimento que isto deva


ter provocado na avaliação da clareza do mesmo.
Como mostra a tabela 2, com relação à avaliação da clareza
dos itens restantes julgados como pertencentes ao fator SF, os
valores mais altos foram obtidos nos itens 18, 64 e 5. O item 18,
além de obter o maior índice de concordância (tabela 2 – índice de
94.44%), atingiu também o mesmo índice de clareza.
O item mais claro, segundo a avaliação dos juízes, foi o item 64
(A fraqueza muscular é um problema freqüente em indivíduos
idosos), com 100% de concordância em relação à clareza. Na maioria
dos sete itens avaliados com um índice de 77,78% de concordância
em relação ao fator SF, a clareza foi, também, avaliada como
satisfatória de acordo com a tabela 2, o que nos permite inferir que a
elaboração dos mesmos condiz com o objetivo proposto na
construção do instrumento. Este comentário também é válido na
avaliação da clareza dos itens 4 e 37, pois ambos obtiveram um
percentual de 83,33% quanto à clareza, indicando, também, terem
sido de fácil entendimento e compreensão na avaliação efetuada
pelos juízes.
Chama a atenção o fato de que os itens que obtiveram 83,33%
de concordância (itens 34 e item 45) atingiram menores índices em
relação à clareza. Infere-se, pelos conteúdos dos itens, que é provável
que a clareza tenha sido prejudicada pelo fato desses itens se
referirem a mais de um assunto, por exemplo:
• Item 15 (refere-se a exames de laboratório e a diagnóstico
clínico): “Exames laboratoriais podem substituir um diagnóstico
clínico”.
• Item 73 (refere-se a elementos de envelhecimento molecular e
ao surgimento de doenças): “Na velhice, todas as doenças
apresentam relação direta com os radicais livres”.
Os índices de concordância obtidos neste construto indicaram
que esses 15 itens parecem medir o construto “Saúde Física”.
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análise de construto

Análise de pertinência dos itens ao construto Saúde Mental


(SM)
Do total de 44 itens, com índices de concordância acima de
70%, 9 itens foram julgados como pertencentes a este fator.
Observa-se na tabela 3 que os itens 8, 29 e 60 obtiveram 72,22% de
concordância, os itens 9 e 57 obtiveram 88,89%, o item 67 obteve
77,78%, o item 38 obteve concordância de 94,44%, e 100% de
concordância no item 44. Este alto nível de concordância entre os
profissionais mostra que os mesmos atingiram seu objetivo no que se
refere à concordância em relação ao construto SM.

Tabela 3. Itens com Índices de concordância e clareza acima de 70% no


Construto Saúde Mental

Item Concordância (%) Clareza (%)


8 72,22 94,44
9 88,89 61,11
29 72,22 77,78
38 94,44 83,33
44 100 94,44
57 88,89 83,33
60 72,22 94,44
65 100 72,22
67 77,78 88,89

Todos esses itens julgados pelos sujeitos como válidos para


medir a saúde mental obtiveram índices de clareza acima de 60%. O
item 9 (“Para avaliar a saúde mental do idoso, deve-se levar em
consideração, apenas, aspectos intelectuais”) foi julgado como o
menos claro em relação ao total de 9 itens, com 7 dos 18
profissionais classificando-o como não claro. Uma revisão mais atenta
a alguns critérios de tipicidade e precisão permite supor que o termo
intelectual pode não ser muito claro para leigos no momento de
entender o que isto significa. Os itens restantes atenderam
satisfatoriamente ao critério de clareza (tabela 3).

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Renato Soares Ramos, Riviane Borghesi Bravo , Roberta Cassia Vaz da Costa
Roberta Schwarz Lourenço Mendes, Samira Figueiredo Domingues
Shaila Virginia Bomfim Moreira, Profa. Dra. Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira

Conclui-se que, no que diz respeito aos 9 itens classificados


pertinentes ao construto “Saúde Mental”, 8 deles apresentaram-se
válidos, cumprindo a maior parte dos critérios exigidos para a
construção de um instrumento; como por exemplo, a possibilidade de
compreensão destes pela população leiga (avaliado pelo critério
“clareza”), a confiabilidade, a validade e a precisão dos itens dentro
do construto SM do instrumento (avaliado pelos índices de
concordância obtidos).

Análise de pertinência dos itens ao construto Bem Estar Social


(BS)
Na tabela 4, podem ser observados os itens que foram julgados
com índices de concordância acima de 70% para este fator. Do total
de 44 itens, 7 cumpriram este requisito.

Tabela 4. Itens com Índices de concordância e clareza acima de 70% no


Construto Bem Estar Social

Item Concordância (%) Clareza (%)


7 77,78 94,44
21 83,33 94,44
24 77,78 66,67
32 72,22 77,78
50 94,44 44,44
62 77,78 100
70 77,78 94,44

O item 24 (“Pessoas idosas, em virtude de múltiplas perdas,


geralmente possuem menos amigos do que pessoas mais jovens”) e
o item 50 (“As redes de apoio social abrangem todas as relações
humanas do dia-a-dia”), que apresentaram respectivamente 77,78%
e 94,44% de concordância, obtiveram índices de clareza abaixo do
esperado (índices de clareza de 66,67% e 44,44%, respectivamente).
É possível que os itens apresentem conteúdos que afetem os critérios
de simplicidade e clareza. Quer dizer, expressões que não condizem
claramente uma única idéia. Como afirma Pasquali (2000), é provável
Boletim de Iniciação Científica em Psicologia – 2006 7 (1): 82-111 102
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análise de construto

que esses itens contenham palavras e termos pouco precisos para


pessoas leigas, por exemplo: “redes de apoio social”.

Análise de pertinência dos itens ao construto Fatores


Multidimensionais (FM)
A tabela 5 mostra os índices de concordância acima de 70%, que
os itens receberam em relação ao construto “Fatores
Multidimensionais” (FM). Dentro do fator “Saúde Física”, 20 itens
foram classificados pelos profissionais pesquisados como pertinentes a
este fator, sendo que apenas 2 foram classificados como não claros. A
saber, os itens 1 (Uma das metas da medicina geriátrica é o
tratamento de problemas físicos e mentais de maneira tal que eles
comprometam o mínimo possível o funcionamento social) e o item 33
(O envelhecimento demográfico depende, apenas, da redução da
mortalidade infantil). Os itens restantes atingiram avaliações de
clareza acima de 70%.

Tabela 5. Itens com Índices de concordância e clareza acima de 70% no


Construto Fatores Multidimensionais

Item Concordância (%) Clareza (%)


1 77,78 55,56
3 72,22 100
6 88,89 88,89
14 72,22 77,78
25 100 77,78
33 77,78 50
39 100 88,89
46 94,44 100
54 88,89 100
59 100 94,44
61 72,22 83,33
68 94,44 100
69 94,44 83,33

Observa-se que, nos itens 1 e 33, apenas 55,56% e 50 % dos


juízes os consideraram adequados quanto à clareza. A maior parte
dos juízes que efetuaram este julgamento dos itens como não claros
Boletim de Iniciação Científica em Psicologia – 2006 , 7(1): 82-111 103
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são médicos. Questionamos se a clareza dos itens não ficou


prejudicada pela presença de termos muito técnicos , como por
exemplo, envelhecimento demográfico e redução da mortalidade
infantil. Em nosso entendimento, mesmo tratando-se de termos
científicos, eles devem fazer parte de uma adequada alfabetização
científica ao redor do tema envelhecimento saudável. Em futuras
pesquisas, quando procedermos com a validação do instrumento, a
precisão do item será testada.
Itens como o número 39 (Uma avaliação de saúde do idoso
deve abranger aspectos mentais e físicos, dispensando-se os sociais)
e o número 59 (O envelhecimento tem relação direta com todas as
fases da vida) obtiveram 100% de concordância em relação ao
construto FM, segundo a avaliação dos juízes. Também a avaliação
da clareza destes itens recebeu pontuações altas (88,89% e
94,44% respectivamente).

Análise dos índices de discordância obtidos nos itens do


instrumento
Cabe, nesse estudo, fazer uma análise também daqueles itens
que obtiveram índices de concordância semelhantes em mais de um
fator, isto é, predominantemente obtiveram índices de discordância.
Pasquali (2000) aponta que, quando os juízes mostram alguma
discordância quanto à aplicação do item a um ou outro construto,
algumas discordâncias podem ser consideradas como concordâncias.
Tratando-se de um instrumento piloto, esses itens podem ser
reavaliados para verificar que regras não foram adequadamente
seguidas na construção do item em questão, ou se os construtos a
que eles parecem pertencer mantêm algum tipo de relação entre si.

Boletim de Iniciação Científica em Psicologia – 2006 7 (1): 82-111 104


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análise de construto

Tabela 6. Itens com Índices de discordância inferiores a 70%

Item AVD (%) SF (%) SM (%) BS (%) FM (%) Clareza (%)


2 0 27,78 27,78 11,11 33,33 94,44
10 5,56 66,67 5,56 0 22,22 83,33
12 0 27,78 27,78 5,56 38,89 94,44
13 5,56 0 0 61,11 33,33 61,11
16 11,11 0 66,67 0 22,22 66,67
17 27,78 5,56 0 0 66,67 83,33
19 0 11,11 38,89 0 50 100
22 5,56 0 5,56 61,11 27,78 61,11
23 0 38,89 0 0 61,11 88,89
26 5,56 61,11 0 0 33,33 94,44
27 5,56 55,56 0 0 38,89 100
30 5,56 55,56 0 0 38,89 72,22
31 0 16,67 38,89 0 44,44 88,89
36 0 66,67 5,56 0 27,78 88,89
40 27,78 11,11 0 5,56 55,56 94,44
41 0 55,56 0 0 44,44 72,22
42 0 38,89 0 11,11 50 88,89
43 5,56 0 0 55,56 38,89 83,33
47 0 44,44 0 0 55,56 77,78
48 0 61,11 0 0 38,89 83,33
49 0 55,56 5,56 0 38,89 77,78
51 61,11 0 5,56 0 33,33 94,44
52 0 33,33 0 5,56 61,11 77,78
58 0 0 5,56 27,78 66,67 94,44
63 55,56 11,11 0 0 33,33 88,89
66 0 44,44 0 0 55,56 77,78
71 0 66,67 5,56 11,11 16,67 94,44
72 16,67 50 0 5,56 27,78 94,44
74 0 61,11 0 0 38,89 55,56

Na tabela 6 aparecem os 29 itens restantes do instrumento,


cujos índices de concordância foram inferiores a 70%. Far-se-á uma
análise de seis itens, cujos índices de concordância foram semelhantes
em relação a dois fatores como máximo. Os itens são:
• Item 27 - A eficácia de muitos dos tratamentos na velhice
depende da detecção precoce de problemas de saúde.
• Item 30 - Na velhice, o tratamento de doenças torna-se mais
eficiente do que a prevenção.
• Item 41 - Avanços médicos para curar uma doença podem
deixar o idoso mais vulnerável à outra.

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• Item 47 - Não é possível a prevenção de doenças na velhice,


pois estas são condições inevitáveis nesta fase.
• Item 49 - Quando atingem certa quantidade, os radicais livres
podem alterar as estruturas das proteínas e das gorduras,
resultando, desta forma, em uma série de doenças que
aceleram o processo de envelhecimento.
• Item 66 - Só com o aumento da idade é que as doenças
tendem a aparecer com maior freqüência. Por isso, cuidados e
acompanhamento médico desde a juventude não são
necessários.
Na tabela 6, observa-se que os índices de concordância de
todos esses itens referiram-se, simultaneamente, aos construtos
“Saúde Física” e “Fatores Multidimensionais”. Isto indica uma possível
correlação entre esses dois construtos. De um lado a saúde física
constitui um fator em que podem ser operacionalizadas as variáveis
que interferem no processo saúde-doença, por exemplo, os aspectos
físicos como sintomas e doenças. De outro lado, o construto “Fatores
Multidimensionais” detém na sua operacionalização, também
aspectos físicos. Inclusive, este construto foi definido para avaliar
conhecimentos gerais sobre envelhecimento e sobre a relação
existente entre os aspectos físicos, sociais e mentais durante o
processo de envelhecimento na vida do adulto. É provável, que esses
6 itens sejam mantidos no instrumento piloto para, posteriormente,
proceder com a validação do instrumento em uma amostra
populacional. Com isso, o instrumento piloto, para essa validação,
poderia ser composto por 50 dos 73 itens que inicialmente o
compunham. Os itens, cuja clareza ficou comprometida, abaixo de
70%, porque não se atendeu adequadamente a alguns critérios na
construção do instrumento, serão reavaliados e, se necessário,
redigidos com o objetivo de melhorá-los.
Na tabela 6 podem ser observados vários itens cujos índices de
concordâncias ficaram distribuídos entre os cinco construtos.
Boletim de Iniciação Científica em Psicologia – 2006 7 (1): 82-111 106
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Inferimos que essa discordância tenha sido causada pela falta de


tipicidade de muitos deles, para se referir a um único construto
isoladamente.

Considerações finais
Destacamos que, para a construção do instrumento, foi
realizada uma cuidadosa revisão bibliográfica das principais áreas que
podem ser incluídas em uma alfabetização, ou cultura geral,
orientada para um processo saudável de envelhecimento. É útil que
os conhecimentos científicos estejam presentes na cultura geral das
pessoas, sobretudo de um tipo de pessoa que, no século XXI, deve
estar consciente de que a sua expectativa de vida pode ultrapassar
os 70 anos de idade. Porém, não é suficiente atingir mais de 70 anos;
também é necessário que as pessoas, desde jovens, desenvolvam
hábitos saudáveis de vida para garantir um mínimo de qualidade na
velhice.
Sob esta perspectiva, foi construído este instrumento piloto,
que foi avaliado por um grupo de juízes quanto à pertinência dos
itens aos construtos que foram julgados essenciais para um processo
científico de alfabetização que as pessoas leigas deveriam ter.
Foi relevante o fato de poder inferir que, dos 74 itens que
inicialmente compuseram o instrumento, 50 podem ser considerados
para um futuro estudo de validação em uma amostra populacional de
indivíduos adultos. Os dados obtidos mostram que a maior parte dos
itens ficou distribuída em quatro dos cinco construtos definidos (SF,
SM, BS e FM). No caso do construto AVD, apenas um item obteve um
índice de concordância acima de 70%. Devido a esse dado, em uma
fase posterior da pesquisa será reavaliada a quantidade de itens do
instrumento, pois em outros construtos o número de itens foi
razoável em detrimento dos itens do construto AVD.
Finalmente, queremos salientar o resultado obtido em relação
aos índices de clareza dos itens que foram avaliados pelos juízes.

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Percebe-se que a maior parte destes índices ultrapassou 50% do


total da amostra. Geralmente, os pesquisadores da área da avaliação
psicológica recomendam neste estudo sobre análise de construto a
presença, no mínimo, de seis juízes. Neste estudo foram
entrevistados 18 sujeitos e a maioria avaliou a clareza dos itens como
razoável. Isto nos permite inferir que, do ponto do vista do critério do
equilíbrio, existe um certo contínuo entre a facilidade e a dificuldade
dos itens em termos de sua compreensão. Os itens discutidos que
atingiram índices de concordância acima de 70%, mas cujos índices
de clareza são inferiores a 50%, serão reavaliados quando se
proceder com o estudo de validade do instrumento. De acordo com a
discussão de dados, outro critério que ficou comprometido em alguns
itens foi o critério de precisão. Com base nesses critérios executar-
se-á uma nova avaliação desses itens, com a finalidade de melhorá-
los.
Acredita-se que este trabalho possa ser relevante para
profissionais de diversas áreas, que trabalham com a saúde das
pessoas de maneira preventiva, visando a um prolongamento da vida
humana com qualidade. Finalmente, queremos destacar que o estudo
piloto direcionado para a construção deste tipo de instrumento, que
avalia conhecimentos científicos sobre o envelhecimento saudável,
está sendo desenvolvido simultaneamente em outros dois países;
com os quais temos mantido alguns intercâmbios científicos. O
objetivo futuro deste trabalho é desenvolver um instrumento
padronizado que consiga medir alfabetização científica sobre o
assunto em populações leigas e executar a validação do mesmo em
três línguas.

Boletim de Iniciação Científica em Psicologia – 2006 7 (1): 82-111 108


Construção de um teste de alfabetização científica sobre envelhecimento saudável. Uma
análise de construto

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Construção de um teste de alfabetização científica sobre envelhecimento saudável. Uma
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Contato:
Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira
cris@teixeira.org

Tramitação:
Recebido em junho/2006
Aceito em novembro/2006

Boletim de Iniciação Científica em Psicologia – 2006 , 7(1): 82-111 111

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