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Filosofia
Disciplina na modalidade a distância
Palhoça
UnisulVirtual
2008
Por falar em distância, isso não significa que você estará sozinho/
a. Não se esqueça de que sua caminhada nesta disciplina também
será acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial da
UnisulVirtual. Entre em contato, sempre que sentir necessidade, seja
por correio postal, fax, telefone, e-mail ou Espaço UnisulVirtual de
Aprendizagem. Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo/a, pois
sua aprendizagem é nosso principal objetivo.
Equipe UnisulVirtual.
Filosofia
Livro didático
3ª edição revista e atualizada
Design instrucional
Karla Leonora Dahse Nunes
Leandro Kingeski Pacheco
Palhoça
UnisulVirtual
2008
Professores Conteudistas
Leandro Kingeski Pacheco
Maria Juliani Nesi
Design Instrucional
Karla Leonora Dahse Nunes
Leandro Kingeski Pacheco
Lívia da Cruz
(3ª edição revista e atualizada)
Diagramação
Rafael Pessi
Adriana Ferreira dos Santos
(atualização 3ª edição)
Revisão Ortográfica
B2B
100
P11 Pacheco, Leandro Kingeski
Filosofia : livro didático / Leandro Kingeski Pacheco, Maria Juliani Nesi ; design
instrucional Karla Leonora Dahse Nunes, Leandro Kingeski Pacheco, [Lívia da
Cruz]. – 3. ed. rev. e atual. – Palhoça : UnisulVirtual, 2008.
252 p. : il. ; 28 cm.
ISBN 978-85-7817-083-7
Inclui bibliografia.
1. Filosofia. I. Nesi, Maria Juliani. II. Nunes, Karla Leonora Dahse. III. Cruz,
Lívia da. IV. Título.
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
Palavras dos professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Bom estudo!
10
o livro didático;
o Sistema Tutorial.
Ementa
Tópicos do pensamento ocidental: Teoria do Conhecimento e
Ética.
Carga Horária
A carga horária total da disciplina é de 60 horas-aula, 4
créditos, incluindo o processo de avaliação.
Objetivos
Geral
Ler e interpretar textos filosóficos e produzir textos escritos.
Específicos:
Conteúdo programático/objetivos
Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de
conhecimentos que você deverá deter para o desenvolvimento
de habilidades e competências necessárias à sua formação. Neste
sentido, veja a seguir as oito unidades que compõem o livro
didático desta Disciplina, bem como os seus respectivos objetivos.
12
13
14
15
Atividades obrigatórias
16
O sentido primordial
da Filosofia
Leandro Kingeski Pacheco
Objetivos de aprendizagem
Compreender o sentido primordial da Filosofia.
Seções de estudo
Seção 1 O sentido primordial da Filosofia
18
Unidade 1 19
20
Unidade 1 21
22
Autonomia
Veja que a autonomia está ligada à capacidade de pensar
por si próprio. A palavra autonomia é de origem grega
e é composta por duas outras palavras, ‘autós’ e ‘nómos’.
‘Autós’ refere-se à condição de independência, de realizar
algo por si mesmo, por si próprio. ‘Nómos’ refere-se à lei, à
norma, à regra.
Vamos a um exemplo.
Unidade 1 23
Reflexão
A reflexão, por sua vez, refere-se à capacidade dos seres humanos
pensarem sobre o próprio pensamento. Neste livro didático
de Filosofia, queremos que você desenvolva a reflexão sobre a
realidade. Os conteúdos deste livro didático não significam nada
se você constantemente não procurar estabelecer uma reflexão
sobre eles. Assim, reflita sobre como estes conteúdos podem
ajudá-lo a ampliar sua visão do mundo e como, a partir desta
visão, você deve agir.
Veja um exemplo.
24
Crítica
Já a crítica está ligada a nossa capacidade de questionar e julgar.
Você também precisa desenvolver esta capacidade. Mas o que
significa criticar? Significa questionar e julgar, não se conformar
com as explicações já fornecidas sobre o nosso mundo. Observe,
assim, que a crítica sempre está condicionada a um modo como o
nosso mundo já foi explicado.
Atenção!
Crítica, no sentido filosófico, não deve ser confundida
com pura e simples crítica destrutiva ou depreciativa.
A crítica é um passo necessário para desenvolvermos a
criatividade, nosso próximo tópico de estudo.
Unidade 1 25
Criatividade
A criatividade está relacionada a nossa capacidade de gerar,
de criar o novo. A criatividade representa um passo posterior
em relação à crítica. Se, ao criticar, questionamos e julgamos
as explicações sobre o nosso mundo, então, agora estamos
preparados para desenvolver a criatividade, ao propor uma ‘nova’
explicação sobre o mundo.
Atenção!
26
Acompanhe um exemplo.
Unidade 1 27
Teoria do Conhecimento
A Teoria do Conhecimento é uma área da Filosofia que investiga
o conhecimento, quais as suas características, como ele ocorre,
qual a sua origem, quais os limites do ser humano para conhecer,
etc. Uma das perguntas formuladas é: - Como conhecemos?
Ética
A Ética, outra área da Filosofia, estuda a moral, como o ser
humano deve agir considerando valores e critérios, etc. Uma das
questões fundamentais, para a Ética, é: - Como devemos agir
moralmente? O que significa agir errado ou corretamente? Como
praticar o bem e evitar o mal?
Lógica
A Lógica estuda o raciocínio, como correto ou incorreto. Todos
os filósofos apresentam suas idéias através de raciocínios. Se
conseguirmos identificar os elementos que compõem o raciocínio,
mais facilmente entenderemos os raciocínios dos diferentes
filósofos. Uma das perguntas fundamentais, formulada pela
Lógica, é: - Como raciocinamos corretamente?
Filosofia Política
A Filosofia Política estuda como o Estado deve ser, quais leis
devem ser propostas, para os cidadãos, pelos cidadãos, etc. Entre
os inúmeros modos de organizar-se politicamente, destacam-se,
por exemplo, a proposta liberal e a social.
28
Ontologia
Ontologia significa o estudo do ser. ‘Ser’ refere-se, aqui, a todas
as coisas que existem, quais as suas características, propriedades,
diferenças, fundamentos, etc. Afinal: - O que existe? E, como
existe? O que existe está sujeito à mudança? Ou, o que existe
sempre permanece como já é? Se as coisas mudam, mudam
sempre do mesmo modo?
Antropologia Filosófica
A antropologia filosófica tem o homem como principal objeto
de estudo e propõe estudar questões como: - O que é o homem?
Existe um modelo de homem que deve orientar a todos? Ou, tal
modelo é uma ilusão uma vez que o homem se faz, realiza-se na
sua própria existência, no existir, nas suas vivências?
Estética
A Estética é uma área da Filosofia que pesquisa as sensações, as
impressões, que temos do mundo, ligadas à arte e ao belo. São
investigadas questões como: - O que é belo? O que é ‘o’ belo? O
que é a arte? Existem valores que determinam o que é belo?
Unidade 1 29
Síntese
30
Atividades de auto-avaliação
Ao final de cada unidade, você realizará atividades de auto-avaliação. O
gabarito está disponível no final do livro-didático. Mas, esforce-se para
resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois, assim, você estará
promovendo (estimulando) a sua aprendizagem.
Unidade 1 31
a) Autonomia
32
b) Reflexão
c) Crítica
d) Criatividade
Unidade 1 33
Saiba mais
http://www.mundodosfilosofos.com.br
(Site que dispõe material sobre a Filosofia e vários filósofos)
http://www.filosofos.com.br
(Site que dispõe material sobre a Filosofia e vários filósofos)
http://www.dominiopublico.gov.br
(Site do governo brasileiro que disponibiliza uma biblioteca digital e que contém e-books
grátis de alguns filósofos)
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Objetivos de aprendizagem
Conhecer a Lógica.
Seções de estudo
Seção 1 Qual é a origem e o que é a Lógica?
Seção 2 A Proposição
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Unidade 2 37
Atenção!
Esta definição de Lógica é suficiente e pertinente
aos nossos estudos introdutórios e, certamente, não
atende a todos os filósofos e teóricos – pois existem
vários tipos de Lógica, como, por exemplo, a Lógica
Tradicional, Lógica Clássica, Lógica Não-clássica,
Lógica Difusa, etc, com particularidades e focos de
estudo específicos.
Seção 2 – A Proposição
Nesta seção, você estudará o que é a proposição e qual a relação
dela com o raciocínio.
Viva.
Sentenças imperativas Faça.
Ajude-me.
Amor!
Sentenças exclamativas Justiça!
Paz!
Unidade 2 39
Por outro lado, veja que não tem sentido avaliar, como verdadeiro
ou falso, as outras sentenças, interrogativas, imperativas
ou exclamativas. Ninguém atribui um juízo sobre uma
sentença quando se diz “Não!”. Ninguém avalia uma sentença
interrogativa “Que horas são?” como verdadeira ou falsa.
40
Unidade 2 41
Todos os catarinenses
O sujeito da proposição é tomado em sua totalidade.
Totais, gerais são brasileiros.
ou universais Observe que as proposições universais podem ser Nenhum homem é
negativas. imortal.
Sócrates é
O predicado é expresso como uma condição necessária
Necessárias do sujeito. necessariamente
mortal.
42
Premissas
Você sabe o que é uma premissa?
Unidade 2 43
Conclusão
Você sabe o que é uma conclusão em um raciocínio?
44
Relação de Conseqüência
A relação de conseqüência é considerada o principal objeto
de estudo dos lógicos. Tal estudo investiga como fazemos a
passagem, no raciocínio, das premissas para a conclusão. Veja a
seguinte definição.
Unidade 2 45
Atenção!
Em nossa linguagem cotidiana,
filosófica ou científica, podemos
encontrar raciocínios de todos
os tipos e tamanhos, com, por
exemplo, uma premissa e uma
conclusão; muitas premissas e dez
conclusões; infinitas premissas e
uma conclusão; a conclusão antes
das premissas, etc.
O modo como este raciocínio é
apresentado pode nos causar
Observe que não existe um número
estranheza, mas, no dia-a- pré-definido de quantas premissas
dia, é comum encontrarmos e quantas conclusões deve ter o Figura 2.4 – Compreendendo os raciocínios
raciocínios assim. O ideal raciocínio, e nem em que ordem (www.unicam.it)
seria que todas as pessoas devem aparecer.
pensassem e se expressassem
de forma sistemática: primeiro Para compreender os raciocínios você precisa identificar que
apresentando as premissas sentenças são proposições (ou seja, que sentenças podem ser avaliadas
para depois propor a conclusão.
como verdadeiras ou falsas); que proposições exercem a função de
Mas, nem sempre é o caso. Veja
um exemplo de raciocínio com
premissas no raciocínio; e que proposição(ões) exerce(m) a função de
conclusão antes das premissas: conclusão em um raciocínio.
‘Eu existo. Eu penso. Todo
aquele que pensa, existe.’.
Lembre-se que, neste sentido, você já estudou a distinção das
Observe que a conclusão ‘Eu sentenças e a identificação das sentenças declarativas como
existo.’ foi disposta antes das proposições, quando presentes no raciocínio. Embora você também já
premissas ‘Todo aquele que tenha estudado a identificação das premissas e das conclusões, fique
pensa, existe.’ e ‘Eu penso.’. atento aos indicadores lógicos, nosso próximo assunto.
Indicadores Lógicos
Os indicadores lógicos podem facilitar a identificação das
premissas e da conclusão de um raciocínio.
46
Veja um exemplo:
Atenção!
Pode haver raciocínios em que não existam indicadores de premissas
nem um indicador de conclusão. Nestes casos, devemos procurar
entender o sentido do raciocínio, para distinguirmos as premissas da
conclusão. Veja este exemplo de raciocínio sem indicadores lógicos.
Joaquim é português.
Todo português é bigodudo.
Joaquina, esposa de Joaquim, também é bigoduda.
Unidade 2 47
48
Unidade 2 49
50
Unidade 2 51
Atenção!
O raciocínio indutivo é considerado válido em função
de certa verossimilhança, de certa probabilidade, em
relação à realidade.
Se novos indícios, elementos, amostras, forem
encontrados, e indicarem que uma premissa precisa
ser revista, então corremos o risco de que nosso
raciocínio seja inválido. Você deve ficar atento a estes
indícios ao interpretar uma indução.
52
Unidade 2 53
Atenção!
Observe que a diferença entre os sofismas e as falácias
reside no fato de que as falácias representam o
uso inocente, ignorante, de raciocínios inválidos,
enquanto os sofismas representam o uso
intencional de raciocínios inválidos.
54
Falácia da Divisão
A falácia da divisão é um raciocínio inválido em que atribuímos,
distribuímos uma propriedade de um conjunto determinado para
os membros deste conjunto.
Unidade 2 55
Falácia da Composição
A falácia da composição é um raciocínio inválido, em que
atribuímos para o conjunto uma propriedade que pertence a todos
os elementos do conjunto.
Atenção!
A pergunta complexa não é um raciocínio, mas
implica uso desproposital do conhecimento lógico.
56
Atenção!
Lembre-se que tanto o sofisma quanto a falácia representam
um tipo de raciocínio inválido. Para especificarmos tal raciocínio
como um sofisma ou uma falácia, precisamos sempre identificar,
respectivamente, se há um uso intencional ou um uso inocente do
raciocínio inválido.
Paradoxos
Os paradoxos são proposições tais que, ao atribuirmos um
valor de verdade verdadeiro (V) ou falso (F), caímos em uma
contradição.
Atenção!
Os paradoxos não representam um raciocínio, mas também
representam um uso desproposital do conhecimento lógico.
Unidade 2 57
Dilema
O dilema é um raciocínio que nos impõe duas escolhas
indesejáveis. O dilema é um truque retórico, mas diferente dos
outros tipos de falácias ou sofismas, pois ele é um raciocínio
válido dedutivo.
Ou eu estudo ou eu trabalho.
Se eu estudo, passo fome.
Se eu trabalho, ganho pouco.
Logo, ou passo fome ou ganho pouco.
58
Síntese
Unidade 2 59
Atividades de auto-avaliação
Ao final de cada unidade, você realizará atividades de auto-avaliação. O
gabarito está disponível no final do livro-didático. Mas, esforce-se para
resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois, assim, você estará
estimulando a sua aprendizagem.
60
V
I VIII
III
II
IV
VII
IX
XII
VI
XV
XI XIII
XVI
XIV
Unidade 2 61
62
I)
II)
III)
IV)
Unidade 2 63
Saiba mais
64
Objetivos de aprendizagem
Identificar três questões fundamentais acerca do
conhecimento.
Seções de estudo
Seção 1 Questões acerca da Teoria do Conhecimento
66
Unidade 3 67
Unidade 3 69
Atenção!
O objeto não é entendido, aqui, exclusivamente
como objeto físico, mas no sentido de “objeto do
conhecimento”, que inclui coisas e fenômenos físicos e
mentais, mesmo tudo aquilo que se dá a conhecer.
70
Unidade 3 71
72
Unidade 3 73
74
Por outro lado, será que você conseguiria dizer o que é o objeto
em questão se não pudesse vê-lo ou senti-lo, se contasse apenas
com a descrição do objeto, feita por outra pessoa?
Unidade 3 75
Atenção!
O que queremos enfatizar é que nos parece
complicado definir os conhecimentos como
puramente empíricos ou puramente abstratos.
Eles podem ser classificados, sem prejuízo, como mais
empíricos e menos abstratos ou o inverso.
76
Unidade 3 77
E agora, se lhe fosse solicitado que conceituasse ave, que desse uma idéia
universal, capaz de incluir todas as aves, e apenas elas, qual seria?
78
Veja que, para a tarefa de conceituar a ave, foi necessário forjar uma
idéia universal que representasse as diversas aves particulares que
existem. Somos capazes de conhecer concretamente o canário, o
Unidade 3 79
Imagine que você está observando o vôo das aves, admirando sua
beleza e liberdade. Você pode admirar a beleza no vôo das aves e,
essa atividade, qualquer ser humano que tenha o sentido da visão
pode experimentar.
Atenção!
Um aspecto fundamental desta concepção realista
do conhecimento é o fato de que, embora este
conhecimento seja uma representação válida da
realidade, supõe-se que o sujeito nunca apreenderá
completamente a realidade exterior.
80
Unidade 3 81
82
Unidade 3 83
Unidade 3 85
Para começar...
86
• http://pwp.netcabo.pt/0710625001/analisepoetica.htm
Unidade 3 87
Mítico, relativo ao mito, que tem O conhecimento empírico do homem baseado no senso comum
as mesmas características do mito, é transmitido de geração para geração por meio da educação
ou seja, que mistura fantasia e informal, baseia-se na imitação e experiência pessoal assim como
realidade. é influenciado pelo pensamento mítico.
88
Unidade 3 89
90
Unidade 3 91
92
Síntese
Unidade 3 93
Atividades de auto-avaliação
94
Unidade 3 95
96
Saiba mais
Unidade 3 97
98
As raízes da Teoria do
Conhecimento
Maria Juliani Nesi
Objetivos de aprendizagem
Identificar a origem da reflexão sobre o conhecimento.
Seções de estudo
Seção 1 A descoberta da racionalidade.
100
Atenção!
Observe que os pré-socráticos protagonizaram uma
importante passagem do conhecimento mítico para
o conhecimento racional, evento que se repetiu
em outros momentos históricos do pensamento
ocidental. Eles eram filósofos, físicos, matemáticos
etc., mas não se pode chamá-los precisamente de
cientistas, já que não praticavam a experimentação
Unidade 4 101
102
Por mais simples que possa parecer esta distinção ente ser e
não-ser, veja que aqui é estabelecido um limite para o que pode
ou não ser conhecido. Só podemos conhecer o que existe e não
podemos conhecer o que não existe.
Unidade 4 103
104
Diferentemente de Parmênides e
de seus discípulos, Heráclito de
Éfeso (540-470 a. C.) afirmava
que a realidade está em constante
mudança. Tal mudança ocorre,
sempre, a partir da união de
contrários, do ser e do não-ser
como faces de uma mesma moeda.
Observe que, para conhecermos
precisamos reconhecer esta Figura 4.3 - Heráclito de Éfeso / pintura de
Johannes Moreelse (1602-1634)
“condição”.
(www.enciclopedia.tiosam.com)
Unidade 4 105
Tradição crítica
A segunda questão que abordaremos é a da tradição crítica
(perspectiva metodológica sobre o conhecimento) e que
caracteriza as escolas pré-socráticas.
106
A postura crítica, aliás, era adotada pela maioria das escolas pré-
socráticas e fomentada pelos seus mestres professores. Observe a
seguinte citação de Karl Popper acerca da teoria de Anaximandro
sobre a suspensão da Terra.
Unidade 4 107
108
Sócrates
A tradição racional que começou com os pré-
socráticos foi continuada por Sócrates (470-399
a. C.), que buscava o verdadeiro conhecimento
por meio do exercício da razão. Sócrates
opunha-se aos sofistas, que eram considerados
os mais respeitados mestres da sociedade grega.
O foco dessa rivalidade era a teoria sobre o
conhecimento verdadeiro.
Figura 4.4 – Sócrates
(pressurecooker.phil.cmu.edu)
Os sofistas tinham uma visão pragmática
da política e do conhecimento em geral.
Os sofistas eram
Creditavam ao discurso, à forma, à eloqüência e ao poder de grandes oradores e
convencimento o critério de verdade, de modo que desenvolveram argumentadores. Eram,
uma filosofia que promovia o relativismo. também, mestres que
ensinavam argumentos
Assim, tantas verdades decorriam de quantos discursos fossem e posicionamentos
proferidos, de acordo com a tese preferida e argumentada pelo úteis para o sucesso na
vida prática e política.
cidadão.
Costumavam ser
contratados para ensinar
retórica e persuasão para
Atenção!
os jovens que almejavam
Para Sócrates, não se tratava de procurar o discurso “prosperar”.
eloqüente e persuasivo, mas de procurar a verdade
(universal), para além da diversidade de perspectivas.
Unidade 4 109
110
Unidade 4 111
Platão
Ao procurar continuar o pensamento de Sócrates, Platão
(428/27-347 a. C.) aprofundou a distinção entre a essência das
coisas e a aparência das coisas.
Atenção!
Não confunda o sentido da dialética de Platão com a
de Heráclito. Em Platão, a dialética é considerada um
método para a busca de conceitos universais. Para
Heráclito, a dialética é considerada uma explicação
ampla e geral acerca de como a realidade é regida.
112
Unidade 4 113
114
Unidade 4 115
Aristóteles
O estabelecimento das idéias como
fonte do conhecimento verdadeiro,
em Platão, não foi bem recebido por
Aristóteles (384-322 a.C.). Ele concorda
com o mestre que para alcançar o
conhecimento verdadeiro é preciso, pelo
trabalho da razão, chegar aos conceitos
universais, porém, não dispensando a
Figura 4.7 – Aristóteles
experiência sensível e a observação
(www.ayf.uni-freiburg.de)
acurada das coisas particulares, a
partir das quais podemos explicar o
movimento ordenado e harmonioso dos entes materiais e formar
idéias gerais que, aí sim, nos remetem aos conceitos universais.
Nisso Aristóteles discorda de Platão, pois para este os conceitos
universais são inatos e a experimentação somente nos desvia do
caminho para o conhecimento verdadeiro.
116
Unidade 4 117
Atenção!
O conceito universal de Flor, que define o conjunto
das diversas flores, não permite que você inclua
a cadeira, por exemplo. Observe que quando
consultamos o dicionário para buscar o significado de
uma palavra, buscamos, de certo modo, o conceito
universal que ela encerra.
118
Acompanhe um exemplo.
Unidade 4 119
120
material;
formal;
eficiente;
final.
Unidade 4 121
122
Unidade 4 123
Síntese
124
Unidade 4 125
Atividades de auto-avaliação
126
Saiba mais
Unidade 4 127
Questões do conhecimento
no pensamento moderno e
contemporâneo
Maria Juliani Nesi
Objetivos de aprendizagem
Identificar características da formação do pensamento
moderno e contemporâneo.
Seções de estudo
Seção 1 A redescoberta da racionalidade
130
Unidade 5 131
132
Unidade 5 133
Unidade 5 135
Idéias
136
Unidade 5 137
Descartes e o Racionalismo
Uma das principais características do
pensamento moderno é a consideração do
sujeito racional como fundamento para
o conhecimento e o reconhecimento da
atividade cognoscente como o princípio
que constitui e ordena o mundo objetivo.
Veja o exemplo.
138
Unidade 5 139
140
Unidade 5 141
142
Unidade 5 143
Hume e o Empirismo
Outro conhecido empirista é David Hume (1711-1776). Para este
filósofo, a fonte do conhecimento é a percepção e a associação
mental das idéias que dela decorrem.
as impressões ou sensações; e
as idéias.
144
Unidade 5 145
relações de idéias; e
relações ou questões de fato.
semelhança,
contrariedade,
graus de qualidade e
quantidade ou número.
146
Unidade 5 147
Reflita!
Pense no seu conhecimento sobre as cores.
Certamente você conhece diversas cores e em
diversos matizes. Imagine que entre tantas cores
que você conhece não está o vermelho; ou seja,
hipoteticamente falando, você simplesmente nunca
viu o vermelho.
Agora imagine que lhe fosse apresentada uma escala
de diversos matizes de vermelho, do mais fraco para o
mais forte, porém, faltando um dos matizes.
O que vai ocorrer é uma distancia maior entre aqueles
dois matizes contíguos em que falta um mais do que
entre os outros matizes da escala.
Responda:
Você pensa que, mesmo sem conhecer a cor vermelha,
seria possível identificar a falta de um matiz na escala
de vermelho? Justifique sua resposta.
148
Kant e o Criticismo
Immanuel Kant (1724-1804) é
conhecido como um dos mais rigorosos
filósofos de todos os tempos. No que
se refere à Teoria do Conhecimento,
pode-se dizer que a sua filosofia
ao mesmo tempo em que critica as
teorias anteriores (Empirismo inglês
e Racionalismo cartesiano), de certa
forma, aglutina os seus aspectos mais
Figura 5.7 - Immanuel Kant importantes.
(www.fredsakademiet.dk)
Kant, ao contrário do Empirismo,
considera a existência de idéias a priori,
ou seja, antes da experiência.
Unidade 5 149
sensibilidade/intuição,
imaginação,
entendimento e
razão.
150
Unidade 5 151
analíticos ou
sintéticos.
Veja o exemplo:
152
Nos juízos sintéticos o predicado é tal que não “pertence” ao sujeito, isto
é, o predicado não está contido no sujeito. Porém, o predicado pode ser
dito sobre o sujeito, isto é, podemos atribuir tal predicado ao sujeito. Veja
um exemplo: Sócrates está sentado. Veja que o predicado ‘sentado’ não
faz parte da constituição do sujeito ‘Sócrates’, mas é algo que podemos
expressar sobre a condição do sujeito. Este é um juízo sintético a
posteriori porque a verdade deste juízo depende de certa ‘experiência’,
depende da nossa experiência para podermos dizer se ele é verdadeiro
ou falso. Observe o caráter cambiante de veracidade deste juízo, da
possibilidade, pois uma hora Sócrates pode estar sentado e em outra não.
Unidade 5 153
154
Unidade 5 155
156
Unidade 5 157
158
Atenção!
Apesar de Kuhn criticar a crença na acumulação e
no progresso gradativo e natural do conhecimento
científico, ele não nega que a Ciência produz um
conhecimento cumulativo - nos momentos de ciência
normal. Também não nega que os paradigmas, ainda
que provisórios, fundam princípios que, se seguidos,
permitem o desenvolvimento de pesquisas e o
conhecimento da natureza.
Unidade 5 159
160
Síntese
Unidade 5 161
Atividades de auto-avaliação
162
Unidade 5 163
Saiba mais
164
Ética e Moral
Leandro Kingeski Pacheco
Objetivos de aprendizagem
Identificar a Ética como uma ciência, cujo objeto de
estudo é a moral.
Seções de estudo
Seção 1 Ética e Moral
166
Unidade 6 167
Atenção!
A moral sempre fez parte da história da humanidade.
Todas as civilizações humanas, desde os primórdios,
apresentam um tipo de moral. Contudo, a Ética
(reflexão sobre a moral) surgiu como um fenômeno
posterior à moral. Veja que foi então, a partir de uma
prática moral, de vários costumes e comportamentos
morais já efetivos, vividos, de um contexto fértil que
surgiu a Ética.
168
Unidade 6 169
170
Unidade 6 171
172
Atenção!
Observe que não há sentido em falar de um
comportamento moral se você não tem consciência
ou liberdade.
Unidade 6 173
174
Unidade 6 175
Vamos a um exemplo:
176
http://www.dominiopublico.gov.br
Unidade 6 177
178
Unidade 6 179
Ética
Ética normativa
180
Ética prática
Considere a seguinte
situação (hipotética)
prática: existe um amigo
ou parente nosso que está
moribundo, vegetando
e sofrendo no leito do
hospital – com câncer.
O enfermo está infeliz Figura 6.6 – Eutanásia? Que fazer? (sepiensa.org.mx)
porque não pode mais
andar nem mexer os membros; porque só respira com o auxílio de
uma série de aparelhos. Para piorar a situação, não há expectativa
de melhora, apenas de mais sofrimento e de dor, que devem
prolongar-se por dois anos até a sua morte. Em função deste
contexto, o enfermo solicita que sua vida seja interrompida, para
que, então, possa encontrar a paz e a ‘felicidade’.
Unidade 6 181
182
Metaética
Unidade 6 183
Síntese
Você viu, ainda, que a Ética não é a única ciência que estuda
a moral, porém, percebeu que ela é a ciência que tem como
principal atividade o estudo da moral.
184
Atividades de auto-avaliação
Ao final de cada unidade, você realizará atividades de auto-avaliação. O
gabarito está disponível no final do livro-didático. Mas, esforce-se para
resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois, assim, você estará
promovendo (estimulando) a sua aprendizagem.
Unidade 6 185
Atenção!
186
( III ) “sou bem um homem [...] dirigindo-me sem ( ) A virtude deve ser
cessar a cada um em particular, como um pai ou investigada. Para sermos
um irmão mais velho, para o persuadir a cuidar virtuosos, precisamos conhecer a
da virtude”. (PLATÃO, 1987, p. 16). virtude através do fundamental
exercício da auto-análise.
Unidade 6 187
188
Unidade 6 189
190
Saiba mais
Unidade 6 191
A ética de Aristóteles,
de Kant e de Mill
Leandro Kingeski Pacheco
Objetivos de aprendizagem
Identificar características básicas da ética de Aristóteles,
de Kant e de Mill.
Seções de estudo
Seção 1 Aristóteles e a virtude
194
Unidade 7 195
Veja o exemplo.
196
Unidade 7 197
198
Unidade 7 199
200
Atenção!
Conforme a situação descrita no primeiro exemplo,
muitas pessoas aceitariam agir em função da boa
vontade.
De acordo com a situação descrita no segundo
exemplo, muitas pessoas defenderiam que é um
absurdo agir, neste caso, em função da boa vontade.
Veja que, no exemplo, a minha felicidade ficaria
comprometida se eu fosse preso. Ora, Kant pensa que
mais importante do que a felicidade do indivíduo
é agir por respeito ao dever, conforme uma boa
vontade. Kant não está dizendo que não podemos ser
felizes, mas enfatiza que devemos agir corretamente,
independentemente do fato de sermos felizes. Assim,
devemos agir por respeito ao dever, mesmo que tal
ação nos deixe infelizes.
Unidade 7 201
202
Unidade 7 203
Vamos a um exemplo.
204
Atenção!
Observe, com cuidado, que o utilitarismo de Mill
implica que nada é ‘proibido’ e que ‘todas as normas
são relativas’ - o que é extremamente delicado para o
nosso harmônico convívio social.
Ora, se a bondade da ação depende da maior felicidade,
para o maior número de pessoas, então o que garante
que a felicidade da maioria não possa causar danos à
felicidade de um número menor de pessoas?
Vamos a um exemplo. Imagine um hospital com
cinco pessoas na UTI. Destas, quatro morrerão se não
receberem imediatamente pelo menos um órgão de
algum doador. A outra pessoa presente na UTI é um
doador universal que está em fase de recuperação.
Veja que, na perspectiva do utilitarismo, justificaria-
se abreviar a vida deste último para salvar a vida dos
outros quatro.
Em nossa sociedade, esta perspectiva utilitarista é,
neste caso, inaceitável. Veja, então, que a aplicação do
utilitarismo para “certas situações” é complicada, para
não dizer absurda.
Unidade 7 205
Síntese
Com a ética de Kant, você estudou que o indivíduo deve agir por
respeito ao dever em função da boa vontade. A felicidade é então
atenuada, pois mais importante é agir conforme o imperativo
categórico, máxima formal que generaliza as ações morais que
devem ser racionalmente escolhidas e praticadas. Deste modo,
o indivíduo torna-se legislador de si mesmo, escolhendo ações
morais autônomas e evitando uma moralidade que lhe é exterior,
que é tradicional. Assim, mesmo diante das particularidades
de ações morais específicas vividas pelos indivíduos, é possível
agir de modo moralmente correto considerando o imperativo
categórico.
206
Atividades de auto-avaliação
Ao final de cada unidade, você realizará atividades de auto-avaliação. O
gabarito está disponível no final do livro-didático. Mas, esforce-se para
resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois, assim, você estará
estimulando a sua aprendizagem.
P A S E D A S D I S A B E M T U T J T
R I U Q A R I D S E M A C A V E Ó U R
A R E R C I D S E M A I V B R O N S S
F A T L U S S A X A R P E R I O N T N
V F E F I T A Í R É T I C A R A R O R
Í I R E Z Ó Q T Ó N E R R S I S T M E
C M N L S T A M Z G E J E T R E J E A
I O X I T E C Z V I R T U D E C A I D
O Q R C T L E R A S D E F G H I J O A
M Ã L I M E R A R R Ô H Á B I T O T P
E I T D A S M U I O I M S B O C R I E
R E R A S K C L R R P R A T P A V N S
Z A Á D A L B R É N Z E S X S U S E A
S A N E S C O L H A R A C I O N A L A
I S S R I T N E M A I R A T P U T H P
E D I S P O S I Ç Ã O A U T Ô N O M A
Unidade 7 207
I) “tanto o vulgo como os homens de cultura superior dizem ( ) Para ser virtuoso e feliz,
que esse bem supremo é a felicidade [...] porém, divergem o homem precisa satisfazer
a respeito do que seja a felicidade [...] Voltemos ao bem [...] certas necessidades básicas,
ele é a finalidade em todas ações e propósitos, pois é por sua até mesmo materiais. A
causa que os homens realizam tudo o mais. Se, pois, existe uma prosperidade alcançada a
finalidade visada em tudo o que fazemos, tal finalidade será o partir destes meios, permite,
bem atingível pela ação, e se há mais de uma, serão os meios mais facilmente, praticar a
atingíveis por meio dela”. (ARISTÓTELES, 2001, p. 19-25). virtude e alcançar a felicidade.
II) “o bem do homem vem a ser a atividade da alma em ( ) A virtude não é inata.
consonância com a virtude [...] Mas é preciso acrescentar ‘em Mas, em função da natureza
uma vida inteira’, pois uma andorinha não faz verão, nem um dia humana, é possível ser vituoso.
tampouco; e da mesma forma um dia só, ou um curto espaço de A vitude é uma capacidade
tempo, não faz um homem feliz”. (ARISTÓTELES, 2001, p. 27). que se desenvolve com
o hábito, e que deve ser
exercitada.
1 encobre, esconde
2 refere-se às gerações anteriores
3 refere-se às gerações posteriores
208
Unidade 7 209
210
Unidade 7 211
212
Saiba mais
Unidade 7 213
Objetivos de aprendizagem
Identificar algumas considerações éticas dos seguintes
filósofos contemporâneos: Nietzsche, Foucault, Rawls e
Singer.
Seções de estudo
Seção 1 O martelo de Nietzsche
216
Unidade 8 217
218
Unidade 8 219
220
Se, por um lado, o cuidado de si é uma prática em que se exercita Autocontrole, moderação,
a liberdade, por outro lado esta liberdade não significa liberdade prudência, comedimento.
absoluta, mas, antes, autodomínio1 , autoconhecimento2, além Conhecimento de si
do conhecimento de certas regras de conduta e prescrições3 mesmo.
morais. Normas, regras.
Unidade 8 221
222
Unidade 8 223
224
Unidade 8 225
226
Unidade 8 227
• http://www.princeton.edu/~psinger/
228
Síntese
Unidade 8 229
Atividades de auto-avaliação
Ao final de cada unidade, você realizará atividades de auto-avaliação. O
gabarito está disponível no final do livro didático. Mas, esforce-se para
resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois, assim, você estará
promovendo (estimulando) a sua aprendizagem.
230
Exame
I) “Este pequeno livro é uma grande declaração de guerra; ( ) Nietzsche critica a moral minucioso
e, quanto ao escrutínio1 de ídolos, desta vez eles não cristã por associar o bom e o
são ídolos da época, mas ídolos eternos, aqui tocados bem com valores escravos, ditos Pomposo,
com o martelo como se com um diapasão - não há, invertidos. Para o filósofo, na ostentador
absolutamente, ídolos mais velhos, mais convecidos, mais moral cristã, aquele que não
empolados2 ... E tampouco mais ocos... Isso não impede se encaixa no perfil da moral
que sejam os mais acreditados [...]”. (NIETZSCHE, 2006, p. ‘escrava’ age moralmente
8). errado.
III) “Esse homem do futuro, que nos salvará não só do ( ) Nietzsche afirma que
ideal vigente, como [...] do grande nojo, da vontade atacará com o ‘martelo’ os ídolos,
do nada, do niilismo [...] que torna novamente livre a pois estes são insignificantes
vontade, que devolve à terra sua finalidade e ao homem para a vida do homem, e,
sua esperança, esse anticristão e antiniilista, esse portanto, devem ser destruídos.
vencedor de Deus e do nada – ele tem que vir um dia...”.
(NIETZSCHE, 2003, p. 84-85).
IV) “[...] os judeus [...] ousaram inverter a equação de ( ) Nietzsche nos propõe uma
valores aristocráticos (bom = nobre = poderoso = belo analogia, na qual o homem é
= feliz = caro aos deuses), e com unhas e dentes [...] se superior ao macaco, e o Super-
apegaram a esta inversão, a saber, ‘os miseráveis somente homem é superior ao homem.
são os bons, apenas os pobres, impotentes, baixos são O homem atual é visto como
bons, os sofredores, necessitados, feios, doentes são sendo fortemente influenciado
os únicos beatos, os únicos abençoados, unicamente por crenças supraterrestres
para eles há bem-aventurança – mas vocês, nobres e - crenças religiosas ou crenças
poderosos, vocês serão por toda a eternidade os maus, metafísicas - de tal modo que
os cruéis, os lascivos, os insaciáveis, os ímpios [...] os se encontra inferior a todos os
desventurados, malditos e danados!...’ [...] A propósito macacos. A condição de Super-
[...] com os judeus principia a revolta dos escravos na homem é a melhor coisa que
moral: aquela rebelião que tem atrás de si dois mil anos pode acontecer ao homem, mas
de história, e que hoje perdemos de vista, porque foi isto só acontecerá quando o
vitoriosa...”. (NIETZSCHE, 2003, p. 26). mesmo repudiar suas atitudes
conformadas diante da realidade
e passe a constituir a felicidade a
partir da própria vontade, a partir
da própria existência.
Unidade 8 231
I) “[...] o que é a ética senão a prática da liberdade, a prática ( ) Nas relações humanas
refletida da liberdade? [...] A liberdade é condição ontológica sempre há alguma relação de
da ética. Mas a ética é a forma refletida assumida pela poder. Estas relações não são
liberdade.”. (FOUCAULT, 2004, p. 267). fixas e podem ser alteradas. Para
alterar essas relações de poder,
é preciso praticar a liberdade.
Mesmo as relações de poder
dos ditos estados de dominação
podem ser alteradas.
II) “[...] sobretudo nos gregos -, para se conduzir bem, para ( ) Cuidar de si mesmo implica
praticar adequadamente a liberdade, era necessário se o conhecimento de si além de
ocupar de si mesmo, cuidar de si, ao mesmo tempo para se regras de conduta.
conhecer [...] e para se formar, superar-se a si mesmo, para
dominar em si os apetites que poderiam arebatá-lo. [...]”.
(FOUCAULT, 2004, p. 268).
III) “Não é possível cuidar e si mesmo sem se conhecer. O ( ) O cuidado de si não é amor
cuidado de si é certamente o conhecimento de si [...] mas exagerado por si mesmo, nem
é também o conhecimento de um certo número de regras negligência ou abuso dos outros.
de conduta ou de princípios que são simultaneamente
verdades e prescrições.”. (FOUCAULT, 2004, p. 269).
IV) “Não se deve fazer passar o cuidado dos outros na ( ) O cuidado de si implica a
frente do cuidado de si; o cuidado de si vem eticamente em prática da liberdade, a ocupação
primeiro lugar, na medida em que a relação consigo mesmo e a formação de si mesmo,
é ontologicamernte primária. [...] o cuidado de si não pode de modo que o sujeito possa
em si mesmo tender para esse amor exagerado a si mesmo superar-se e, então, dominar os
que viria a negligenciar ou outros ou, pior ainda, a abusar do apetites.
poder que se pode exercer sobre eles.”. (FOUCAULT, 2004, p.
271-273).
V) “[...] nas relações humanas, quaisquer que sejam elas ( ) A liberdade é uma condição
[…] o poder está presente [...] essas relações de poder são para a própria existência da ética.
móveis, ou seja, podem se modificar, não são dadas de E a ética é a prática refletida da
uma vez por todas [...] só é possível haver relações de poder liberdade.
quando os sujeitos forem livres [...] para que se exerça uma
relação de poder, é preciso que haja sempre, dos dois lados,
pelo menos uma forma de liberdade. Mesmo quando a
relação de poder é completamente desiquilibrada, quando
verdadeiramente se pode dizer que um tem poder sobre o
outro, um poder só pode se exercer sobre o outro à medida
que ainda reste a esse último a possibilidade de se matar,
de pular pela janela ou de matar o outro. Isso significa que,
nas relações de poder, há necessariamente possibilidade
de resistência [...] se há relações de poder em todo o
campo social, é porque há liberdade por todo lado. Mas há
efetivamente estados de dominação. Em inúmeros casos,
as relações de poder estão de tal forma fixadas que são
perpetuamente dessimétricas e que a margem de liberdade
é estremamente limitada.”. (FOUCAULT, 2004, p. 276-277).
232
IV) “[...] idéia da posição original: supus que ( ) A sociedade bem ordenada
a concepção de justiça apropriada para uma é composta por pessoas morais,
sociedade bem-ordenada é aquela que seria livres e iguais.
acordada numa situação hipotética que fosse
eqüitativa entre indivíduos concebidos como
pessoas morais livres e iguais, isto é, como
membros de uma tal sociedade.”. (RAWLS apud
OLIVEIRA, 2003, p. 63).
A) I, II, III, IV. B) II, III, IV, I. C) III, IV, I, II. D) III, IV, II, I.
Unidade 8 233
I) “O tema deste livro é a ética prática, ou seja, a aplicação da ética ( ) Singer admite que a ética
ou da moralidade (usarei indiferentemente essas duas palavras) à que ele propõe é uma variação
abordagem de questões práticas, como o tratamento dispensado do utilitarismo. Em função da
às minorias étnicas, a igualdade para as mulheres, o uso de animais perspectiva utilitária, defende a
em pesquisas e para a fabricação de alimentos, a preservação do necessidade de que se universalize
meio ambiente, o aborto, a eutanásia e a obrigação que têm os a ação moral, pensada a partir do
ricos de ajudar os pobres.”. (SINGER, 2006, p. 9). indivíduo.
II) “[...] há uma abordagem sempre válida da ética que ( ) Para Singer, viver de acordo
praticamente não é afetada pelas complexidades que tornam com padrões éticos depende,
as normas simples difíceis de serem aplicadas: a concepção sobremaneira, da utilização da
conseqüencialista. Os seus adeptos não partem de regras morais, razão, da justificação e defesa de
mas de objetivos. Avaliam a qualidade das ações mediante certas ações morais. Por outro
uma verificação do quanto elas favorecem esses objetivos. O lado, quando não justificamos as
utilitarismo é a mais conhecida das teorias consequencialistas [...] ações morais realizadas, vivemos
Para o utilitarista, mentir será mau em algumas circunstâncias e desvinculados de padrões
bom em outras, dependendendo das conseqüencias que o ato éticos. Neste sentido, a ética é
acarretar.”. (SINGER, 2006, p. 11). compreendida como uma reflexão
racional sobre os atos morais.
III) “A idéia de viver de acordo com padrões éticos está ligada a ( ) Singer defende que uma
idéia de defender o modo como se vive, de dar-lhe uma razão de abordagem ética adequada
ser, de justificá-lo. Desse modo, as pessoas podem fazer todos é aquela que privilegia as
os tipos de coisas que consideramos erradas, mas, ainda assim, conseqüências de uma ação
estar vivendo de acordo com padrões éticos, desde que tenham moral e não se limita a simples
condições de defender e justificar aquilo que fazem. Podemos ordenamentos ou regras morais.
achar a justificativa inadequada e sustentar que as ações estão Entre as teorias que privilegiam
erradas, mas a tentativa de justificação, seja ela bem sucedida ou as conseqüências da ação moral
não, é suficiente para trazer a conduta da pessoa para a esfera situa-se o utilitarismo, uma vez
do ético, em oposição ao não-ético. Quando, por outro lado, as que as ações são escolhidas
pessoas não conseguem apresentar nenhuma justificativa para o considerando-se, entre outras
que fazem, podemos rejeitar a sua alegação de estarem vivendo coisas, as conseqüências da ação.
de acordo com padrões éticos, mesmo se aquilo que fazem estiver
de acordo com princípios morais convencionais.”. (SINGER, 2006,
p. 18).
IV) “o modo de pensar que esbocei é uma forma de utilitarismo. ( ) A investigação de Singer
Difere do utilitarismo clássico pelo fato de “melhores lida com a aplicação da ética a
conseqüências” ser compreendido como o significado de algo questões polêmicas, que fazem
que, examinadas todas as alternativas, favorece os interesses dos parte das práticas dos seres
que são afetados, e não como algo que simplesmente aumenta humanos. Práticas que, enquanto
o prazer e diminui o sofrimento [...] A postura utilitária é uma tais, também se referem aos
posição mínima, uma base inicial à qual chegamos ao universalizar animais e ao meio ambiente.
a tomada de decisões com base no interesse próprio.”. (SINGER, Singer denomina esta investigação
2006, p. 22). de ética prática.
A) I, II, III, IV. B) IV, III, II, I. C) III, IV, I, II. D) III, IV, II, I.
234
Saiba mais
E os seguintes sites:
http://www.dominiopublico.gov.br
(site do governo brasileiro que disponibiliza uma biblioteca digital e que
contém e-books grátis de alguns filósofos).
http://www.princeton.edu/~psinger/
(site do professor e filósofo Peter Singer).
Unidade 8 235
Dizem que bom conselho é aquele que não é dado. Porém, não
podemos deixar, aqui, de incitá-los a pesquisar a Filosofia, de
estudar os originais dos próprios filósofos, de estudar outros livros,
compêndios e dicionários sobre Filosofia.
Um forte abraço,
INÁCIO, Inês C.; LUCA, Tânia Regina de. O pensamento medieval. São Paulo:
Ática, 1994.
KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. [Os pensadores], São Paulo: Nova
Cultural, 1996.
240
NOVAES, Adauto (org.). Ética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
241
VÁZQUEZ, Adolfo Sanches. Ética. 12. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1990.
242
UNIDADE 1
1) a, c, e.
3) a) Resposta pessoal.
b) Resposta pessoal.
c) Resposta pessoal.
d) Resposta pessoal.
UNIDADE 2
1)
V
I VIII P R E M I S S A S
L N
Ó III T
II G R É C I A I
I R G
C IV R A C I O C Í N I O
A S
T
Ó
T
E VII
L P IX
E R XII C
VI S I L O G I S M O
P N N
O D C
S U L
I T U
Ç I S
XV Ã V Ã
P XI D E D U T I V O O O XIII
A F
X R E L A Ç Ã O D E C O N S E Q U Ê N C I A
A L
XVI D I L E M A Á
O C
X I
O XIV S O F I S M A
3)
I) D II) I III) D IV) I
4) a) Resposta pessoal.
b) Resposta pessoal.
c) Resposta pessoal.
d) Resposta pessoal.
246
UNIDADE 3
1) Resposta pessoal.
247
3)
a) Resposta pessoal.
b) De modo geral, acredita-se que os cientistas, quando estão fazendo
pesquisa, não têm outro interesse que o de conhecer a realidade e
inventar tecnologias. Por isso, não se imagina, a princípio, que eles
podem ser responsabilizados pela aplicação do conhecimento produzido
e pelas conseqüências que suas descobertas e invenções provocam.
Este, provavelmente, é o raciocínio das crianças citadas no exercício,
assim como também é o raciocínio do homem comum, a menos que
reflitam profundamente sobre a polêmica questão ética que envolve o
conhecimento científico.
UNIDADE 4
248
UNIDADE 5
249
UNIDADE 6
1) a, b, c, d.
2) a, b, c.
3) B.
4)
a) M. b) A. c) N.
UNIDADE 7
1)
A ética de Aristóteles considera fundamental a escolha racional e o
hábito como fundamentais para cultivar a virtude. Tal prática da virtude
é conseqüência de nossa disposição autônoma em detrimento das
nossas inclinações, paixões ou desejos. A virtude consiste, propriamente,
na ação moral que considera o justo-meio como um equilíbrio entre
dois vícios extremos. Tais vícios são marcados pela radicalidade da ação,
seja pela falta ou pelo excesso. A prática da virtude tem sempre um fim,
que representa um bem para o próprio indivíduo, e o bem mais alto que
podemos almejar e encontrar é a felicidade.
250
P A S E D A S D I S A B E M T U T J T
R I U Q A R I D S E M A C A V E Ó U R
A R E R C I D S E M A I V B R O N S S
F A T L U S S A X A R P E R I O N T N
V F E F I T A Í R É T I C A R A R O R
Í I R E Z Ó Q T Ó N E R R S I S T M E
C M N L S T A M Z G E J E T R E J E A
I O X I T E C Z V I R T U D E C A I D
O Q R C T L E R A S D E F G H I J O A
M Ã L I M E R A R R Ô H Á B I T O T P
E I T D A S M U I O I M S B O C R I E
R E R A S K C L R R P R A T P A V N S
Z A Á D A L B R É N Z E S X S U S E A
S A N E S C O L H A R A C I O N A L A
I S S R I T N E M A I R A T P U T H P
E D I S P O S I Ç Ã O A U T Ô N O M A
2) D.
3) B.
4)
A) Para Mill, a felicidade representa a finalidade da ação e a utilidade é o
critério para distinguir as ações corretas das ações incorretas.
B) Para Mill, a ação moral também depende do cultivo da virtude.
5)
a) M. b) A. c) K. d) M. e) A. f) K.
251
UNIDADE 8
252