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se quer voar
Imaginemos que nos foi proposta a tarefa de ensinar uma criança a andar de
bicicleta. Poderíamos iniciar o aprendizado mostrando à criança como funciona
uma bicicleta: poderíamos desmontá-la e montá-la, explicar peça por peça, depois
mostrar um vídeo de como aprender a se equilibrar nela, quando se deve acionar
o freio e assim por diante. Com certeza nossa tarefa resultaria em um grande
fracasso. Não é à toa que não vem manual nas caixas das bicicletas! Agora,
vamos nos lembrar de quando os pais ajudam seus filhos nos primeiros
movimentos de dominar aquele troço de duas rodas. As “rodinhas adicionais” às
duas rodas maiores ajudam, mas tanto o pai quanto o filho sabem que um dia elas
serão retiradas. Tudo funciona na base da tentativa e erro. Na prática!
Com a inovação ocorre o mesmo: primeiro se pedada, depois cai, depois levanta,
depois começa de novo. A inovação requer a prática, muita prática. Os pais põem
a mão no banco de trás para ajudar o filho a se equilibrar e o filho acredita nisso.
Ele acredita que pode ir em frente porque alguém que ele confia está com ele. E
isso ocorre até o momento que os pais percebem que o filho ganhou confiança e
pode seguir por sua própria conta. Então o pai continua próximo, correndo ao lado
do menino e de sua bicicleta,às vezes até dizendo que está segurando o banco,
quando não está mais. E não está porque de repente pai e filho perceberam que
um não precisa mais do outro. O aprendizado foi incorporado.
O que de fato esta em jogo nessa pequena história são duas palavras singelas e
ao mesmo tempo complexas – autoconfiança e segurança. Um exemplo real de
empresa que criou um sistema de proteção para liberar a criatividade de seus
funcionários é o da Brasillata. Conforme explica Antonio Carlos Teixeira,
superintendente da Brasilata, “um trapezista só vai se arriscar a dar um salto
inédito se contar com uma rede de segurança. O que fazemos é estender uma
enorme rede embaixo dos funcionários, dizendo que ninguém vai ser punido por
um erro bem intencionado. A partir daí, liberamos a imaginação das pessoas”.
O curioso desse processo é que uma vez vivenciado ele pode ser repetido por
vários outros grupos, em várias situações, datas e lugares. O interessante é que
cada ator passa a adaptar uma forma de inovar que melhor se encaixa às suas
condições. O pessoal de tecnologia cria um e-group, o da manufatura reserva uma
hora todas as sextas-feiras e vai para um bar, os cientistas criam fóruns de
discussões e convidam especialistas para ouvir vozes de fora do problema...
A Inovação como perspectiva atua como uma lente pela qual passa a se executar
e mesmo a definir estratégias e objetivos de maneira diferenciada da
concorrência, conquistando vantagem competitiva. Gary Hamel propôs ver a
Inovação como uma capacidade, uma habilidade sistematizável que as empresas
podem desenvolver e implantar. Pois bem, um dos maiores desafios para
implantar inovação é fazê-lo de forma estruturada e integrada com as atividades
da empresa. As estratégias de inovação devem ‘conversar’ com as outras
estratégias da empresa, numa relação de causa e efeito. De acordo com o
conceito defendido pela 3M, inovar é agir por resultados.
Tais fatores precisam estar alinhados para produzir resultados – desde inovações
incrementais em uma linha de produtos e serviços até inovações que modifiquem
o modelo de negócio da empresa. Chegar a esse processo institucionalizado é um
caminho longo e seguramente difícil. Inovar mexe com a inércia organizacional,
mexe com status, poder, pessoas, cargos e estruturas. Inovação incomoda muita
gente, mas os resultados aparecem e, esteja certo, são compensadores!
Não espere o amanhã chegar, aprenda a pedalar hoje, inove. Quando o futuro
chegar, os ciclistas sairão na frente.