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FACULDADE DE PSICOLOGIA E DE CIENCIAS DA EDUCACAO - UP INSTITUTO IRENE LISBOA PROJECTO CRIA-SE (Criatividade e Sucesso Escolar) (INICT - PCSH/461/92) RELATORIO FINAL Director do projecto: Prof. Doutor Agostinho Ribeiro 1997 INDICE INTRODUCAO 3 (© Campo de Pesquis 10 inicio do projecto 8 1. Os contextos de intervensio 8 2, As edueadoras/professoras, o trabalho escolar ea mudanca ° 13. As erlangas das escolas edos jardins de infincia ea eriatividade .. 10 | PARTE - UM MODELO DE EDUCACAO PARA A CRIATIVIDADE 1. «Projecto CRIA-SE: um projecto que se cria u 2.0 Modelo 6 2.4. A formagio 18 2.2. 0 conceito 2 23.0 curricula 6 3.0 Campo de Pesquisa: no fim do projecto 3.4. Os contextos deintervensio 34 3.2. Os adultos 35 33. As erangas 38 4. Consideragdes Finals, 39 4.1.0 outro lado do provesso de formagio 39 42. Mudanga e reconhecimento 40 43. Comunidades, escolis e grupos a 4.4, Niveis de ensino e sua articulagio 2 4.5 Cratvidade, educagio escolar e investgario 2 2* PARTE - PERCURSOS 1A Equipa Coordenadora 44 LA. L Fase 4s 12.2*Fase 13.3 Fase 2. A Comunidade “A” 2. Ano letivo 1993/94 2.2. Ano lective 1994195 2.3. Ano lective 199595 3.4 Comunidade “B" 3.1 Ano lestvo 1993/98 3.2 Ano lective 1994/95 33, Ano lective 1995/96 4. Sintese BIBLIOGRAFIA ANEXOS aa st 2 6 "4 a5 9 108 INTRODUCAO © projecto CRIA-SE - Criaividade e Sucesso Escolar - fnanciado pela SNICT ¢ sesenvolvido pela Faculdade de Psicologia e Ciéncias da Educagdo da Universidade do Porto (FPCE - UP) em colaboracio com o Instituto Irene Lisboa (IIL), assumiu como bjectivosintegrar a dimensto crstiva no trabalho escolar quotidian e vetfcar os seus fitos no desenvolvimento dos alunos, Abrangeu duas escoas primaias © dois Jardins de {nfinciadistribuidos por duas comanidades stuadas na ire urbana do Porto A definigdo da sua problematics central resultou de uma rellerdo sobre o estado do onhecimento relativo & criatvdade © sua integragdo nas dinmicas educatves © ‘organizou-se em tomo das seguntes perspecivas, * Partindo de consideragées que - acentuando a imprevisbilidade como ‘aracteristca fundamental da dinimica das sociedades actusis - estbeleciam 0 bem fundado de uma educagio para a cratvidade © enftizavam o papel bisico ai Proyecto momen apendisageo pe aprendiagem 4 dhalano do profewor Fig. 2~ Curiculo de Educagdo para a Criatividade 3 3.0 CAMPO DE PESQUES: NO FIM DO PRosECTO 3.1. Os contextos de intervencio A situasto estrutural nical das escolas e dos jardins de infénca,relativamente 4s caracterisicas do corpo docent, és texas de sucesso escolar © & rato adultoriance, ndo soffeualteragdes relevantes para a anilise do processo desenvolvide no projecto CRIA se Salicotam-se, no entanto,alteragdes, constatadas pela observacio decorrente da intervengdo, quer na insergdo das instiuigdes no meio local, quer nos modos de ‘elacionamento entre as escolase os jardins de infin, Comunidade A © Sinanciamento. do projecto Fazer Escola, referente 20 cixo pedagégico do Projecto de escola entretato elatorado no ambito da “escola criativa” do. projecto CRIA-SE, gerou uma dindmica intema ¢ de aberura ao exterior quer pelo seu desenvolvimento, quer pela sua divlgasdo em seminarios, encontrose publicagbes, A escola intensfcou as relaydes com a Junta de Freguesia e com a Cima “Municipal no sentido de methorar as suas condicdes,designadamente no fornecimento de refeives a criangas mais carenciaias © na criaglo de um espago para ocupacéo dos ‘empos livres; a Associagdo de Pas foi relangada por iniciativa do conselho escolar © Passou a ter uma infervengdo mais signitiativa na vida da escola. Esta tornotse um ‘ssunto de profissionalidade nas suas dimensBes de convivaldade, pedagogica e de omunicaglo, o que se traduziu mun novo projeto fnanciado pelo IIE, “Fazer Escola para o século XI" ‘8S relagdes da escola com o jardim de infincia, inexstentes no inicio do prejeto, tomaram-se fequentes e profisionalizadas, verifcando-se um aumento, muito signifiativo, no miimero de criangas do jardim de inféncia que escotheram esta escola ara inciar a escolarizagio. A ctiagdo de ume biblioteca no jardim de infincia permit que se estabelecessem rovasrelagdes com 0s pais, pois estes assumiram um papel activo na sua dinamizasio. A ™ biblioteca fo, também. disponbiizada para utiizagdo pelas crangas e professoras da econ, Comunidade B AS obras de beneficiagdo reslizadas nas instalagbes da escola forgaram a ‘wansferéncia desta para outro local jé fora dos limites de fleguesi), onde passou a funciona em regime de desdobramrento com outra escola. Esta stuagdo, sempre encarada ‘somo proviso, intoduciu alterayBes quer na sua dindmica, quer nas relagdes existentes ‘com o Jardim de lfinca, ‘Se, 10 primeiro ano de desenvolvimento do projeto, os encontros entre educadoras © professoras © a programagdo de iniciativas conjuntas foram frequentes © sentdos de ‘odo positivo plas institigdes, com atransterénca de instalagSes da escola as vivéncias «da comunidade esbateram-see praticament se extinguiram. Ao regressarem apés virios meses, 20 antigo edifcio, jremodelado e com novas Potencialidedes de utiizaglo pedagégica, as professoras centraram-se na rectiagio do brojecto de escoa, 0 que iffcultou o retomar das relagdes estabelecidas com o jardim de infincia, No entanto, a forte ligapdo da escola & populagto da freguesia permaneccu dominante nas actividades pedagovicas, nomendamente no estabelecimento de relagdes com associagSes cuturais da comunidade. © jargim de infincia manteve a sua forte vinculagdo 20 meio local, o que Aeterminow , em grande parte, a acco das educadoras 3.2. Os adultos Os instrumentos formais utiizados no projecto permitiram, numa fase ical, caracterizar os contestos educativos onde se ira intervi, ¢ pensivamos que permitiriam ‘onsituiralgumas orientagdes para a acgdo a desenvover. © processo revelar-nosia, ontudo, que a orientagio nilo se podia fundamentar numa pré-avaliagio, dependendo ‘antes da sua permanente interacglo com as vivéncias ¢ transformagées devorrentes do desenvolvimento do project. 35 Salientando-se a produgdo de outras formas de recolha de informacda na interior do Drojecto.parece-nos no entanto que a usa fake final, dos instrumentos usados na fase nical permite no 50 reforer alguns dos resultados da investgasao-sccdo, como ‘também objectivarpercepedes produzidas no contacto com as instiuigdes A comparagio dos resultados inciais e finais do MISPE (Abraham, 1984) revela alguns indicadores bastame perinentes para uma anilse avaiaiva do. projecto, Salientand-se a ovorréncia de variag¥es nas configuragdes que sto diferentes para cada uma das escols. A consideragfo de que os procestosvividos adquitram, de fecto, ‘especiicidades que se relacionam, nfo sé com as caractersticasprOprias dos contextos de intervengto, mas também com as caracteritcas pessoas dos ovientadores, eforc-se, ‘assim, na analise destes resultados ‘A descida, bastante significatva, da configuragio 1 (Harmonia Perféita) na escola da comunidade A, que apresentava valores muito elevados na fase inicialrelativamente a ‘utras amostras portuguesa, revela uma imagem de si mas ralsta © menos idealizada Com eftite, 20 permitir as profesoras a reflexto sobre as priticas pedagégicas © o exercicio de um autocontrole sobre a sua propria acqdo, mantendoa simultaneamente aberta 4 aogto das eriangas, o hiito de cegistar e contontar ideas ¢priticas indiz um onkecimento mais complexo dos contextos edueativos e por isso também menos iealizado. A subida elevade da cosfiguragio 10 (Angista de ser desmascarado) nessa ‘escola, parece-nos, tendo em conta outros dados de observagdo, estar relacionada com ccitos de inseguranga provocades pela conexfo entre publcitagdo (exposigio) Progressiva do trabalho ¢o sentiment de dstanciagdo entre o que se projecte realizar €0 «qe nas stuagdes reais da acgdo se toma possvel concetizar. As subidas verficadas nas configuragées 3, 8 © 9 tormame muito signifiativas no contexto do projecto, Relacionando-se directamente com o trabalho realizado com as eriangas, revelam uma ‘maior identiicagto e abertura i crizng e satsfagdo na relagdo pedagdgica, mesmo que isso signifique uma conffontapio com as autoridades pedagdgicss. O principio de Drocedimento curricular de “ar 2 palavra as criangas", manifestando-se uma das Primiiras conviegBes produzidas no desenvolvimento do project, revelou-se também um factor decisivo para a vnculagdo e entusiasmo manifestados pela paricipantes, por se tratar de uma dimenséo que no quotiano escolar produz tansformagSes mais failmente 36 observadas A subida na autonomia, aceitado e abertwra de st indcacnos que o rajecto posite, efectivamens,o deseavolvimento profissionl destas docentes, A diminuigdo, na escola da comunidade B, da confguragio 2 (Identfcasio a ‘suoridade) ¢ também sintomatica da aproximacdo A crianga, revelada pela subida das configuracées 3 © 8, pois significa que hi um distanciamento ene 0 Self para a autoridade © o Self actual que é, agora, mais favordvel ao Self para os alunos. ‘A subide, mas duas escola, da configueagdo 11 Juizo confitul) néo nos Surpreende, ats plo contro cofrma a percepgio coastruida no interior do projet, {que 0 deservolvinento profisional dos professors e a tranformagdo das ists, sapesar de necessitarem da producto de alguns consensos, ndo inibem os confitos bisico), o que as levou a terem oportunidade de 6 contactar mais de perto com outras realidades, percebendo-as e valorizndo-1s, € aprendendo também a “expanse Nas reuniges de grupo analisaram-se e reflectram-se as situagSes vividas, claboraram-se trabalhos, rocaramse ideiase experiéncias, projetaram:se actividades de imtercdmbio no jardim, com a escola ¢com o Lar de Idosos. 0 estudo de caso, iniciado este ano, permitiu, por um lado, verficar, através do registo sistemitico de actividades diversiiadas, que a crianga, sujeita a um processo mais erative se tomava progresivamente mais comunicatva, tomando mais a palavra, tendo mais iniciatvas e, por outro lado, ter conciéncia da importincia das atitudes da eeducadora, capazes quer de levir 20 desenvolvimento da critvidade, quer & sua anutasio, 2.2- Ano lective 1994/05 ‘Se no ano anterior 0 projecto se desenvolveu,sobretudo, com base nos grupos de projecto enquanto tai, independentemente da realdade da insiuigio em que se imtegravam, neste ano a problemitca institucional tomou-se pregnant: coneretemente, ra medida em que 0 projecto se :omava viivel na escola, esta surga como entidade visivel para 0 project. ‘As reunies de comunidade ¢ a referéncia comunidade mantveram-se, segundo ‘um estilo semethante a0 ano anteir, mas no eram previamente programadss: decdiu- se que elas seriam relizadas de forma mais espagada e de acordo com necessdades surgidas no processo, © decurs0 do processo na escola vei, no entanto saientar « importincia das ‘educadoras no provesso comum, rela diversdade experiencia que representam. Asim, em Fevereiro de 95, retomaram-se as reuniges com as educedoras, estas reunides, de acordo com as ideias reflectdas na equipa coordenadora, prescrutaran-se semelhangas éiferengas na experiéncia dos grupos com vista ‘mplantagSo de um modelo de Educaglo para a Cratvidade por um lado e, por outro, fentou-se codificar as experiéacas comuns dos grupos com vista a uma maior ‘operatividade e objectvidade nas realizagbes do projcto [No que diz respeito a0 primeiro aspecto, as tés orientadoras reuniram-se para escrever 0 projecto de comunidade - Critividade © Comunicagdo - ja em curso © esbocado desde a primeira hora, mas nunca materializado na esrta. Nele expiitaram-se cbjectivose estratégias comuns aos trés grupos. Tratava-se de promaver a comunicagio pedagogica nas turmas, entre turmas, entre professrasleducadoras © entre as, professoras educadoras e de prosseguir, em conjunto, na construggo de um Modelo de Eiducagdo para a Critvidade, As statégias comunsidentificadas foram: 1 metodoiogia do projeto (00 caso do jardim, apenas como referencial comportamental, 6 intercimbio entre cranes, professoras ¢educadorss; © registo, pelas criangas, do trabalho realizado segundo formas diversas de expressvidade; «em geral, a valorizagio éo processo em detrimento de produto, No que diz respeito ao segundo aspecto,identificou-se um percurto-tipo para felagdo entre grupos e entre a escola e 0 jarim, no qual os intercémbios decorreram dos projects de turma e dos projestas dos grupos. Pretendeu-se, assim, tazer os projectos das eriangas pafa fora da sala de aula para serem panlhados pela instnigéo dando, smulténeamente, ao intercimbio, 1m papel mais evideate no desenvolvimento do nicleo do currculo. Coneretamente, of projectos de surma dariam origem exposigges Permanente ¢ a um centro de recursos que uns grupos poderiam vista, endo as visits, centretanto, preparadas eanimadas por outros. Durante o eno reaizaram.se algumas actividades de intecimbio entre escola, nos mesmos moldes das vistas mituasrealizadas no ano anterior. A Escola [Até Fevereiro de 95, 0 espago das reunides de comunidade do ano anterior era ccupado por reunides dos dois gupos do CRIA-SE na escola, chamadas reunites de Grande Grupo, as quas se instturam para responder a problemas ideniicados no final do ano anterior: Dentro do possivl, tentava-se responder & necestidade de os grupos ‘eunirem, idealmente, em conjunto (0 que ni era sempre possvel devido aos horérios das professoras), Dentro da mesma légica, e tendo em conta a consderagio, parithada Por todos, de que era impossvel ros grupos trabalhar-se bem, simultaneamente, quer 08, ois objectivos do projecto, quer os dois tipos de registo (de acividade e de caso), essas 6 reuries foram organizadas para epresentacdo de estudos de caso e debate sobre a Fela ene «educaydo para a critividade eo sucesso escolar A experiéncia permitiu verfcar que o grau de exporicio pessoal que assim era requerido nlo era equlbrado pelo necessirio caracter seeurzante do grupo reunido, ccjos elementos se desconhecian enquanto agentes!parceiros pedagiégicos. Mesmo assim, uma importante conclusio ¢ retrada da apresentagio de casos: relagdo entre ceducapio para a cratvidade o sucesso escolar passa por redescobrir no aluno a cranga educar e ensinar de acordo, O espago das reunites de Grande Grupo passou, entéo, de novo, 2 serocupado por reunides de comunidade organizadas de acordo com as ovienagdes acima apresentadas. ‘Ainda com 0 objectivo de serem encontradas ¢ sistematizadas semelhangas © formative uma profesiora esereveu: wwiver esta Jormacio no esprito do projecto foi novo & enriquecedor e inciei comigo mesma tem ‘ipo de trabalho lferente que espero prosseguir>, pois 6a formapao (..) que nos vem do nosso trabalho na sala e na‘ escola, dos nossos regisos, da nossa refleio & cessencial para nés. (.) Como ¢ vivida dia apés dia, senda por cada uma de’ nds, reflectla individual e colectvumente mese conmosco bem no intimo. Vamos omo falha e proporcionador de momentos de intense reflexdo e de novos desaios, 0 grupo do Jardim de Iafincia Gestdo do processo Pretendeu-se continuar 0 procto iniciado,tentando envolver todo 0 mio, Continuar-se-a a apostar nas reunides de comunidade, embora estas fossem agora menos assiduas devido & maior disincia.O trabalho de reflexlo assentaria na discussio de temas passveis de produzirem um referencial comum sobre a critvidade A investigagdo no processo Enquanto grupo de trabalho, houve a preocupacio de reflecire analisar, a partir dos reisios efectundos, estratégias que levassem as educadora a serem mais critvas ea cconseguirem eavolverno seu trabalho as Forgas vivas do meio, Os regisios das actividades © dos estudos de caso constturam a fone de investigagdo por exceléncia, na medida em que era a partir deles que se conseguiam 95 levantarhipoteses © traartinhas de imervencio mais adequadas, ideatficar problemas e sugeri solugdes originals. 0 processo de intervenedo [A tOniea do trabalho deste ano foi dada pela abertura do Jardim de Infincia a0 meio pelo envolvimento deste no trabalho com as criangas. Um exemplo dessa abertua foi a organizago de um cortejo de homenagem 30 santo patrons da freguesia, seguito de um espectaculo e para o qual foram convidadas ‘todas as insiuigdes e colectividedes, que aderiram entusiésticamente disponbilizando, esde Logo, slgumas pessoas para ajudarem as eriangas durante 0 percurso, A terceira idade também partcipou no comsjo e espectéculo, ndo tendo fultado os orgios de ‘comunicagto sociale a Juntade Freguesia, promotora ds inicativa Outra inciatva a qual todas as instinigSes aderram e foi anunciada na ridio e jomais fo "A corrida mais louca ce." (nome da freguesia) com a paticipagdo da atleta ‘Rosa Mota, o que consiits um momento muito interessante para as riangas, pare elém de Ser uma experincia completamente nova ede significative aprendizagem, O processo de formato CContinuou-se o estudo em conjunto de textos que sjudassem a relectre a analisar 8s pratcas e a toré-las mais erativas einovadoras [Auvés dos registos pOde-se ver até que ponto as criangasestavam ater voz activa « liberdade de acgio. Verficouvse que, embora elas tivessem vor active, no trabalho de sala essa voz tinha muitaslimitagSes que aos poucos se foi tentando elimina, através duma maior Dexibilizagio do trabalho nas salas, chegando-se & descoberta de que as criangas slo capazes e sabem mais do que nbs pensamos, s6 que nem sempre tém um ambiente que faite a exteriorizaio das ideas e dos comportamentos. Nas reunides do grupo pensaram-se actividades que proporcionassem intercimbios ‘© que contribuisem para alargar as experiéncias das criangas. 3.3 Ano lective 1995/96 ‘Nesta fse, 0 grupo de educadoras contiuou 2 semi os efeitos das mudangas na equips coordenadora do projecto, Tendo stido da equips 0 seu orientador, o grupo foi scompanhado, durante grande pare deste ultimo ano, pela orientadora do grupo do Jardim de Infincia da comunidade A. Parlelamente, a concepedo e desenvolvimento do E requera do trabalho nos grupos ena instituigdes uma maior ated, Em consequeneia, as reunides de comunidade foram sendo menos frequentes, facto apontado pelos grupos como nezativo, 0 que reflecte © sentimento de comunidade existente A Esco Com a mudanga para as rerovadas intalagdes e com o PE - “Dinamizagio da Escola” que incuia a montagem de ‘ateliers' de culindria e de informatica, ¢ de uma jlioteca, a dindmica propria d> grupo de professoras que consul 0 CRIA-SE cestendeu-se a toda a escola, envolvendo, rum trabalho conjunt, todos os professores © alunos. Apesar de algumas ‘reticdncias’incais (tendo sido necessirio que a equipa de orentadorasestvesse presente nuna reunilo de CE para esclarecerdividas sobre o que € € para que serve um PE), as rofessoras que nio integravam o grupo de projecto foram-selhe abrindo e ganhando um entusiasmo gerador de uma acpHo cada vez mais Em cada reunito de CE era feta a avaliagio do trabalho desenvolvido © 0s sjutamentos que se consideravam elevantes na prossecugio dos objectives previstos no PE, (© acompanhamento dos ‘ateliers’ cou entregue as professoras que no tinham ‘urma, embors ndo se limitando a elas, o que denota, desde logo, uma vontade de todos coleborarem, pois prescindiuse de algumas horas de apoio prestado por essas professoras em pro! do desenvolvinento de um trabalho cooperativo e, essencalmente, terete ‘Todo o trabalho desenvolvide durante este ano culminou com a ralizago de uma ‘ira num largo da freguesia na qual os alunos venderam produtos confeccionados nas 7 salas ¢ nos ‘ateliars'. A animagio do cxpaga onde a ira ve veslicou contou com a colaboragio de vitiasinstinig6es, 0 que denota a maior abertura que, 20 longo do tempo. toi sendo conseguida grupo da excola Gestto do processo Nesta terceza © uitima fase do projecto havia muitas quests j8 reslvides. Importava estruturaro funcionamento no sentido dese “afinarem algumas regulridades «que permitissem as professoras continuarem a desenvolver um trabalho inovador, mesmo depois de aeabadoo projecto. 0 facto de as professoras sinda no estarem na ‘sua’ escola desmotivou-as @ concorter 20 IE com um project proprio, ‘8 desmotivagio sentida no inicio do ano e que dificultou 0 tabalho de todos deu lugar 2 um grande entusiasmo aquando da mudanga para a ‘velha’ escola agora ‘enovada, tentando as orientadorasajudar a geri esse entusiasmo canalzando-o para um mais efectivo desenvolvimento de projecto, (0 PE, que vsava imprimir uma dintmica diferente escola foi constuido de forma, ‘muito partcipativ, denotando jé alguma autonomia das professoras em relagdo és, corientadoras © uma muito maior seguranga, Importava agora tornar efectve aintegragio a criatvidade no trabalho escolar quotidiano © promover o intercimbio beseado nos projects pedagécicos de cada tunma. Paalelamente, ia-se dando forma a uma avaliaglo mais defnitva de todo 0 processo Com a elaboragdo do PE, osintercimbiosfaziam cada ver mais sentido, Assim, era grande a preocupasio com as questbes da comunicagdo da troca de experiéncias ava, para além disso, um crescent entusiasmo em refletic sobre 08 registosescrtos, porquanto estes eram os melhores orentadores da soso. [Apesar de nto se ter conseguido, nesta escola, que as eriangaselaborassem os seus Proprios projects, tomaram-se mis habituais os grupos de trabalho que se debrugavarn sobre um dos temas dos respectvos projectos de turma, sendo o trabalho por eles produzido apresentado nto s6 aos colegas da turma mas também aos coleges das outres 98 No trabalho desenvolvdo relo wrupo de projecto durante este anc foi bastante visivel 0 “alargamento” da eviativdade ao estudo das diversas éreas curriculares © um ‘eabalho de interdisciplinardade mato bem conseguido. ‘Ao longo do tempo as orertadoras passram a set vistas como alguém “da case até pelo consetho escolar que, gradualmente, foi percebendo as implicapdes positivas de uma educapio para a critvidade A investigagd no processo Para este ano elaboraram-segrelhas de registo segundo as tts dimensdes - escola crativa, intercdmbios e ensino crntvo - © uma outra para as orientadoras. Embora se ‘enka pretendido que cada proiessora elaborasse of registos em relagdo a uma ‘eterminada dimensto, tal nfo velo a acontecer, tendo elas optado por regisar as vias dimensdes conforme as oportunidades que jam surgindo,. As reunides, em principio Imensais, votaram @ calendarizagio quinzenal por manifesta falta de tempo para se discutiem todos os registos. A relexdo era feta oralmente e mito participada 0 que ‘cupava bastante tempo, mas tnka como resultado uma importantissima produgSo de conesimentos, a interiorizepio de toda a dndmica que enformou o projectoe constiuia um impulso para novos desafos. ‘A preocupagio com a elaboragdo de um PE que integrase todos os professores da escola © que respondesse és preocupagdes do colectivo foi ocasito de discussdes ‘animadss em conselho escolar, por vezes com a paricipagto das orientadoras, ¢ ‘etrataram as mudangas que havian sido jé operadas no grupo de projecto. 0 processo de intervenedo Neste periodo @ intervensdc foi mais direccionada para o desenvolvimento dos rojectos pedagogicose, em simultineo, para o projecto de escola que com els e inter- ‘elacionava © virios projectos proporcionaram intercdmbios entre grupos de diferentes turnas que apresentavam o trabalko por si desenvolvide aos colegas, apresentasdo esta, «que era alvo de preparagao prévia ra turma. (0s grupos de alunos foram organizando “dossier sobre os respectvos projectos e ofereceeam eOpias sutras tars, Todo 0 processo de ensino-prendizagem softeu madangas, partcipando os alunos de forma efetiva nas aprendizagens levadas a cabo com a ajuda da professors, num processo de autonomizagdo e sovalzagdo evidente. As aprendizagens jé mio se confinavam aos manuals escolares. Tudo podia servi de ocasio de aprendizagem: uma noticia trazida para @ escola, um acontecimento da sala de aula, uma histéria contada ‘Tudo podia consttir a ponte pare o estudo dos conteidos curiculares Alguns repstosrevelam esta diferente manera de estar nasala¢ na escola, como é exemplo © que escreveu uma professora: «Os alos estavam radiantes cam a ideia de ‘rem a uma feira escother livros para a escola. Ja falam da ‘nossa’ biblioteca, 0 processo de formacdo [A dimensto formativa desta fase esteve bem patente na consciencalizagio de todo © processo e na forma como os registos eram elaborados. No se registava por repsta, registava-se © que se sentia como necessirio. Nem sempre ecgdes, mas também preocupagdes de tipo mais pessoal que inham a ver mais com a pessoa em si, © trabalio em equipa torau-se um hibito adquirdo e era no seu seio que se discutiam as grandes questbes do PE - organizapio dos ‘atelier’ ¢ tudo quanto fosse susceptvel de imprimir uma nova dindmica escola através de ma maior entabilzago (c-embelezamento) dos renovados espagos, 'A gradual tomada de conscitecia da complexidade das situagies ¢ 0 empenhamento na sua mudanga constitiram momentos de formaglo por exceléncia, pois forentaram a discussio ¢ a conffontagdo de ideias e proporcionaram a emergéncia de uma identidade profissionale de escola diferente. 0 grupo do Jardim de Infincia Gestdo do processo [As reunides de grupo consituiram, neste ano final do projecto, momentos de avaliglo e de acompanhamento des projectos desenvolvidos nas diferentes sal, 100 (0 projecto "Viver "(a feguesia) continuou como um interesse fuera, mas agora ennquesido © aberto a novas expenéncias. Um convtg da Cimara dirigido a todos os professes e educadores, no semido de se ‘constut’ uma escola nova e adapteda is diferentes reformas do sistema educativo, possibility novas expeiéncas na formagio & informagdo dos professores e motvou a participagio em diversos coldquios ea criag8o de inhasabertas para as quais os docentes podem recorrer sempre que pressarem, A investigagdo no processo [Exe ano foi intensificado 0 hibito criado entre as educadores de registarem ¢ 0 fazerem o registo em grethas dex origem ao sprofundamento das reflexSes que iam sendo reaizadas pelo grupo. Foi imprescindvel atender so contexto psicossocil institucional marcadamente “baltista’ para compreender ideiss © comportamentos que poderiam conduit a um cima de aprendizagem erative 0 processo te intervencito Desde sempre houve uma vertente de trabalho para o exterior, planeando actividades para fora do Infantirio, mas desde que se iniciou 0 CRIA-SE este trabalko passou a ser planeado em equipa eenvolvendo cada vez mas o meio. Este ano além do Cortejo, cue se considera tadigi, realizou-se uma saida aos Bombeiros do Porto, vista essa que, posteormente, foi trabalhada nas sala foi claborado com as criangas um dexdobrivel que foi distibuido peas crancas a todas as pessoas da feguesia,incluindo lois, nsituigdese clectivdades. Para encerrar este ano leevo convidaram-se todas as instnigdes @ paricipar ‘numa exposipfo que decorreu numa insttugdo local com trabalhos das criangas sobre o tema "Viver ..”. Esta exposigio teve grande importincia para as eranga, tal como fai "a expasigdo faz-nos sentir pessoas ‘expresso por duas delas que disseram: ‘importantes.."," a exposigdioéo comego de uma vida nove, rol 0 processo de formacdo Alem da formacio que se fi fazendo através dos regisos- sua discussio e anise as edueadoras também squentaram alguns mBdulos de formagio © que cada uma cexcolheu de acordo com as suas prefréncias enecessidadessentidas A pariha de saberes e as achegas de cada uma para a retlexto sabre os reistos individuals consttuiram momentos muito rcos de formagio, Mas, neste ano final, a reflerdo incidiu em grande parte sobre as implicagdes das rmudangas que, 20 longo dos trés anos, foram sendo operadas nas histrias de vida das educadors, tanto a0 nivel pessoa, como profisional, 0 que constituiu um momento ‘muito importante da formacio desenvolvida pelo CRIA-SE. 4-SINTESE [A deseigdo dos percursos de cada grupo, institugdo e comunidade demonstra as ‘comunalidades, mas também as divesidades, a varios nivel, que hes foram inerenes Os quadros que se seguem, onde se sintetizam os percursos dos diversos grupos, Ademonsiram-no, mais uma vez or Quadro n.’ 4-0 processo do grupa ‘x’ da conmiidade vps 1904 98 vs 1908 otar’pnipst no ip | -Setiars paca a | straara inenen ated a eat parts oss a | vlna pur an oe € |-csrotieseceinr | Sant’mgnoss | Seema aoa de © | osttars eho brea me § lyase | -apeseastopeitcade | -tlian sistema dos + |rmnonaioawess "| sanscoimtonsianice | pewssreseutons © | Sects refesso wm engo | ascrctotescaeteuo >” | lmeneepe, ® ts A | caps nie e runt de nove eis A [sethenaioe tame caniedor | tchedeceanse ¢ | canon arcae E | scram dos motiopm | xpi don dn KX |Seveiveamiicne | modesto esimlaode | cnn eis © | vine de ono de satin maps nade 1 | aesssriamesescieis | -slaganento orcs pa | dei de reco de s | Scions ‘renaagem ns ene vse i Uiistisc commande | Solgar pane E | seu demos R | amartocccreiode | -raluaiodeaterenes | enna deinerintios ¥ [Reon jomsorporoumaiee te |inmetier terme oo E = ‘omer arte N | -ratiat de ences rebeonce © | prseor parce merino co jim ‘ otessimas ogo,” |

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