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CIVILIZAGAO BRASILEIRA E a 5 ° a 5 < vo a oe ° B iz fa = = G Zz < a 2 5 a “ ee DA UM LIVRO A SERVICO DA. LIBERTACAO DO HOMEM O Professor SERGE TCHAKHOTINE, psicdlogo da escola pavlo- viana, dedicou-se durante anos ao estudo dos métodos de propaganda do nazismo e do fascismo. Assim, se¢m preocupagées politico-parti- darias, analisg em : A MISTIFICAGAO DAS MASSAS PELA PROPAGANDA. | POLITICA a influéncia de personalidadés como Freud, Marx, Lénin, Pavlov, Hitler, Mussolini e Goebbels sébre a histéria dos tempos recentes. Com espirito: objetivo, isento, Tchakhotine pretende com éste livro servir a ciéncia e a humanidade, procurando indicar os caminhos que libertam as massas populares da mistificagfio em que a propa- ganda € capaz de envolvé-las hoje. 2 O Maquinismo Psiquico A — FENOMENOS GERAIS O sistema nervoso — Os centros — a cronaxia — A eletroencefalografia — Os reflexos — Os reflexos ritmicos — Os reflexos de conservacao — A inibigao. B — As ESTRUTURAS A consciéncia — 4 atengéo — O inconsciente — A Dsicandlise — A narcoanélise — O segundo sistema de sinalizacdéo de Pavlov — Qs impulsos. C — a ntuicio Os reflexos intuitivos — Os automatismos (re- flexos inatos) — Os tropismos — Os instintos — Os hdbitos — Os arquétipos — Os comple- x08 — Os fendmenos metapsiquicos — Os esque- eimentos — (As refenacdes) — Os recalques — As fulguracdes — (Espectracées) — Sintese da Psicandlise e dos reflexos condicionados. D — a InTELic£NcIA Os reflexos intelectivos — Os reflexos imediatos — Os heredorreflexos — Os neo-reflexos — Qs re- flexos reativos — As Vitatitudes — Os sentimen- tos — Os interésses culturais — As deformagées — Os vicios — Os reflexos psicolégicos — As alavancas psiquicas. E — 08 GRANDES PROBLEMAS Funcionamento do maquinismo psiquico — In- ventério psiquico — Determinismo ou livre ar- bitrio? O conjunto de estruturas orgdnicas, em cujo seio se desenro- lam os processos que analisamos no capitulo precedente e que de- terminam o comportamento dos séres vivos, é 0 sistema nervoso. Os elementos que 0 compdem sao as células nervosas dos centros e as fibras nervosas que saem das células e ligam os centros, os receptores (6rgaos dos sentidos) e os executores (misculos, glan- dulas). Resulta dai um emaranhado excessivamente grande, em tazio do extraordinario ntimero de células do cérebro, que chega a nove ou dez bilhdes no homem.! Na evolugdo ontogenética, par- tindo da primeira célula nervosa diferenciada do mesoblasto, para chegar a nove bilhdes no adulto, so necessdrias 33 divisdes celu- lares bipartidas; nos macacos antropéides, 31 divisdes; nos cies e nos gatos, 30 divisdes; nos passaros, 28 etc. Isso explica os graus de inteligéncia que se pode distinguir nos animais e, precisamente, nessa mesma ordem. Nos centros nervosos, uma pequena parte da substdncia cin- zenta € ocupada pelas préprias células, a maior parte pelas fibras que se entrecruzam. Como corolario da existéncia de uma relagio entre a inteligéncia e a massa dessas fibras, pode-se concluir que Os processos considerados psiquicos ocorrem nestes Ultimos e nao nas células, que teriam, antes, uma funcdo nutritiva, para a manu- tengio do sistema de fibras em bom estado, assegurando o seu fun- cionamento. No homem, os centros tornam-se mais complexos na seguinte ordem: ginglios, centros medulares, bulbo, cerebelo, cen- tros subcorticais, cértex cerebral (écorce).1 O cértex dos hemisférios compreende zonas de recepgfio sen- sitivo-sensorial e zonas de associagio. Estas sio tanto mais desen- volvidas quanto mais evoluida fér a espécie animal. As zonas de 1 Brach (20) pag. 229. INDICE Prefacio J Introdugio 5 1 Psicologia, Ciéncia Exata 11 2 O Madquinismo Psiquico 50 3 Reflexologia Individual Aplicada 114 4 A Psicologia Social 132 5 Impulso Nimero Um 189 6 O Simbolismo ¢ a Propaganda Politica 255 7 A Propaganda Politica do Passado 300 8 O Segrédo do Sucesso de Hitler 343 9 Resisténcia ao Hitlerismo 380 10 A Violéncia Psiquica na Politica Mundial 425 11 As Ameagas da Situagio Atual 457 12 A Construcéo do Futuro 500 Conclusio 567 Bibliografia 579 Indice Analitico 587 e o massacre dos judeus; foi seguido com tanto maior satisfagio quanto suas palavras, néo compreendidas, pareciam maravilhosas. Os fmovimentos populares, safdos da efervescéncia causada pelas cruzadas, eram, sobretudo na Alemanha, sempre seguidos de massa- cres dos judeus. No fim do século XV, a mania de peregrinagées tomou o cardter de uma psicose!, estendendo-se sébre a Alemanha que parecia predisposta a epidemias désse género. Nesses movimen- tos, um fervor ingénuo aliava-se a uma impiedosa ferocidade e eram dirigidos contra os ricos, os judeus e os sacerdotes. O movimento de Tanchelm foi causado pela miséria social e é conhecido, na histéria, como uma manifestagio de “socialismo teocratico”, do mesmo modo que o de Hans Béheim?, no fim do século XV, particularmente hostil aos padres. Béheim era um jo- vem iluminado, pastor e misico. Era “o profeta e o reformador que téda a Alemanha esperava”. Munidos de velas e cantando hinos, milhares de fanaticos acorriam de téda parte, a fim de ver e ouvir aquéle a quem saudavam como a um semideus. Foi préso pelo Bispo de Wurzbourg e queimado vivo. De Felice (37) informa que “apesar da impiedosa repressio, per- sistiam, no meio das massas alemas, trés tendéncias que davam lugar a novas revoltas: primeiro, uma predisposicio natural para os arreba- tamentos gregarios, em seguida uma tendéncia irresistivel para ver sempre, nas reivindicagdes de ordem terrena e material, a propria expresso de vontade divina, enfim uma propensio acentuada para se entregar, cegamente, as sugestdes dos lideres. Esses trés fatéres con- tribuiram, poderosamente, para provocar, durante a primeira metade do século XVI, dois grandes movimentos misticos-politicos, o designa- do sob o nome de Guerra dos camponeses e © dos anabatistas em Munster.” Na primeira, cem mil pessoas morreram, em conseqiiéncia das represdlias dos nobres. Castelos e mosteiros foram pilhados e des- truidos as centenas. Entre os lideres, houve aventureiros como G6tz von Berlichingen, “o homem da mao de ferro” e Florian Geyer, chefe do “bando negro”. Este era, para Hitler, um precur- sor e um herdi, pois éle pretendia mostrar que sua organizagio se ligava 4 lembranga do movimento reyoluciondrio que foi a guerra 1 De Felice (37) pag. 298. 2 Ibid., pag. 304. 314 dos camponeses' : durante a ocupagao de Paris, na Segunda Guerra mundial, os nazistas apoderaram-se do Liceu Montaigne, transfor- maram-no em caserna e batizaram-no de Florian Geyer Burg. A alma da guerra dos camponeses era Thomas Munzen, um iluminado, que fanatizava as massas por meio de métodos de propaganda, lan- cando-as num tal estado de deméncia que, armadas sumiriamente e cercadas pelas tropas da nobreza de Schlachtberg, nas proximida- des de Frankenhausen, esperavam um auxilio miraculoso do céu @ foram massacradas. Alguns anos depois da derrocada dos camponeses e da morte de Miinzen, uma grande epidemia de frenesi gregdrio, conhecida sob o nome de movimento dos anabatistas, explodia em Munster. “Velhas heresias misticas e andrquicas de Idade Média? encon- traram, na crise da Reforma, uma ocasifo propicia para dilatar sua influéncia. “As perseguigdes provocaram uma intensa exalta- fo que tocava ao delirio. Na Holanda, por exemplo, houve pessoas a que a anunciada iminéncia da catastrofe final terrificou a tal ponto que se escondiam nos campos e trepavam nas drvores “para esperar a vinda de Jesus Cristo”. Em Amsterdam, homens e mulheres, de- pois de ter queimado suas roupas, corriam despidos nas ruas, gri- tando “Desgraga! A vinganga de Deus!” Recusavam vestes, dizendo ser preciso que a verdade fésse completamente nua*. Os anaba- tistas Jean Matthys e Jean de Leyde, um belo jovem e outros fand- ticos conseguiram arrastar a Munster, a principio, as mulheres ¢ depois os homens para um motim que pés a cidade em seu poder. Durante o cérco que se seguiu, Jean de Leyde, sucedeu a Matthys, entéo morto, proclamou-se rei de Munster, instituiu a poligamia e manteve a multidio em exaltagdo por meio de festas e espeticulos sangrentos. Certa vez, Jean de Leyde arrastou, diante da assembléia dos fiéis, uma de suas mulheres, de que possufa uma diizia, acusan- do-a de propésitos de desobediéncia contra éle. Forgou-a a pér-se de joelhos, cortou-Ihe a cabeca e pisoteou seu cadaver. Durante €sse tempo, seus companheiros entoavam um c4ntico. Todo mundo, em seguida, comegou a dangar. A fome e a deméncia coletiva agra- varam-se. A libertinagem frenética, que nfo poupava sequer as meninas de doze anos, atingiu seu paroxismo : os sitiados comiam 1 De Felice (37) pg. 304. 2 Ibid. pag. 314. 3 Ibid., pag. 317. 315 Sio, como dissemos, imagens que nao podemos mais rever, nossa meméria tem lacunas, o feixe do Eu consciente se choca, se- guidamente, com camadas impermedveis no inconsciente e no con- segue clarear as representagdes que sabemos existir, mas, que, ape- sar de nossos esforgos, permanecem ocultas na sombra, Esquema que ilustra as relagdes em nosso psiquismo Zona obscura: tédas as imagens que se encontram nesta zona de opa- cidade psiquica sio inaclardveis. Elas nio-podem se tornar conscientes. Elas siio esquecidas (“recalcadas”). M, 0 eu consciente: “foco ilumi- nador”. F, feixe de luz, ic, imagens iluminadas atualmente conscientes. ti, imagens atualmente nao iluminadas mas ilumindveis (provisoriamente inconscientes). (De acérdo com Arthus, 10). __A psicopatologia, isto é 0 estudo das anomalias da vida psi- quica, nos revelou ésse importante fato: quando um individuo 66 guarda uma imagem nas profundezas do seu inconsciente, recolhida por ocasiaio de um acontecimento tragico ou penoso e suscetivel de despertar-lhe um sofrimento ou uma angiistia (caso em que ela viria a reaparecer no campo de sua consciéncia), ésse individuo é protegido contra essa lembranga dolorosa e o impede de tomar consciéncia das imagens desagradaveis, afastando dessas apresenta- ges perigosas o feixe luminoso do Eu consciente. Tudo se passa como se um anteparo opaco, no esquema que reproduzimos, viesse interpor-se entre o Eu consciente e certos recantos, determinadas zonas do inconsciente, impedindo, dessa forma, o feixe de cons- ciéncia de esquadrinh4-los. O inconsciente se encontra assim divi- dido em zonas aclaraveis e zonas obscuras. Em decorréncia do fato de que as imagens escondidas nas zonas obscuras nfo podem mais ser iluminadas pelo feixe do Ew consciente, essas representag6es est&o condenadas a permanecer de- finitivamente inconscientes. Estéo assim terminantemente subtrai- das 4 meméria, para sempre “esquecidas” e delas dizemos, fazendo mengao ao mecanismo que se opde 4 sua passagem ao campo da consciéncia, que esto recalcadas. (Deveriamos dizer, com maior precisfio, que esto excluidas). Chamamos dessensibilizacio o fe- némeno bioldégico, em virtude do qual um anteparo se coloca entre certas zonas do nosso inconsciente, onde dormem as lembrangas “perigosas” ¢ 0 feixe luminoso do Ew consciente. As dessensibilizagdes psiquicas sio, com freqiiéncia, reflexos adquiridos, repetigdes de antigos processos, automaticamente mesmo que sua manutencio j4 nao se justifique, diante das circunstancias atuais. A acgio dos reflexos de dessensibilizagio é, portanto, uma manifestacaio do conflito que explode freqiientemente em nés, entre nossas tendéncias conscientes, essencialmente variadas e varidveis, adaptadas as circunstancias, e o Eu inconsciente, reino do automa- tismo, que tende a conservar sempre as formas adquiridas e que se caracteriza por uma propensao a imutabilidade. De acérdo com a importincia das fércas que intervém para tornar impotente o feixe luminoso do Eu consciente, as zonas obscuras sio mais ou menos amplas. As zonas obscuras mais amplas, correspondem sempre anomalias importantes na vida psi- quica da pessoa. Se o Eu consciente é forte e as dessensibilizagGes raras, as possibilidades de meméria serio aumentadas. Mas, se as dessensi- bilizagSes sao numerosas, as zonas obscuras extensas e o Eu cons- 67 isto é, da teoria da predominancia das causas econémicas. Nao pode haver divida quanto ao fato de que a ideologia socialista na Rissia tem, como fundamento tatico, o impulso combativo: todos os métodos de luta, mesmo a aplicag&éo, em determinados periodos, do regime do Terror, téda a propaganda, sao afirmativas, autorité- rias, combativas. Est4 af 0 motivo por que conseguiram vencer em seu préprio pais, do ponto de vista tatico da luta. O mesmo fe- némeno se observava também nos paises totalitérios fascistas, « Alemanha e a Itélia, em que se viram tendéncias socialistas, em- bora totalmente desfiguradas, mas, utilizando o sistema combativo que as levou a tomar o Poder e a dominar as ideologias ¢ as tati- cas de propaganda dos movimentos obreiros do tipo social-democra- ta que insistiam em opor-lhes couraga bem mais fraca de racioci- nios e fatos emotivos, com base nos interésses econédmicos dos povos. 5 Impulso Numero Um (Instinto combativo) O impulso combativo, base do comportamento de luta — As batalhas infantis — A Implicéncia — A cruelda- de — A influéncia da guerra sébre as criancas — Os jogos — A educacio esportiva e militar — A luta — O instinto agressive — As profissdes agressivas — Ca- nalizagao e sublimagdo do instinto combativo — A violéncia corporal — A dor — A ameaca — A fasci- nacéo — O mimetismo de terrificacgéo — O médo e @ angistia — O panico — Khodynka — A invasio dos marcianos — Os arrebatamentos gregdrios nos nao civilizados — Os derviches — Os Khlystes e as epide- mias de danca — Glossolalia e possessto — Lourdes — Arrebatamentos gregdrios nos protestantes — A psi- copatologia coletiva — Os adornos guerreiros — O uni- forme — O passo de ganso — A disciplina — A misi- ca militar — O éxtase e o entusiasmo — A coragem — A psicologia e a guerra (0 inferno de Verdun) — O problema do chefe — Os lideres — O arquétipo Wotan dos alemaes — A divinizacdo do chefe — A di- vinizagao das massas — O Marechal Psicolégo. Mencionamos, nos capitulos precedentes, que o comporta- Mento humano, no dominio da vida coletiva e politica, pode ser 189 Fe Tuas e nos lugares mais freqiientados — a palavra técnica désse género de propaganda era passeio de simbolos. Eis uma prova manifesta da eficdcia da propaganda dinamica por simbolos. (Fig. 10). Um domingo, em Copenhague, os jovens socialistas percorre- ram as ruas da cidade em bicicletas, em fila indiana; conduziam pequenas bandeiras vermelhas com as trés flechas, que flutuavam ao yento; o primeiro da fila tinha, além disso, fixado no guidon um estandarte do mesmo tipo e uma corneta na mio; o corneteiro dava um sinal estridente e todos os demais que o seguiam erguiam si- multaneamente o punho e gritavam “Kamplar”! (pronto para o combate) — o grito de guerra dos jovens. Os transeuntes, aténitos, paravam e olhavam a fila passar, rapida e surpreendentemente. No dia seguinte, os jornais registravam: “Ontem, a cidade foi invadida por equipes de jovens socialistas que faziam uma propaganda de névo tipo.” etc. “A direcio da juventude, desejando controlar o efeito, tinha enviado As ruas, agentes que deviam interrogar os transcuntes sObre suas impressdes, especialmente, sébre o ntimero dessas equipes que circulavam na via piiblica e sébre a quantidade de participantes. As cifras indicadas variavam entre 200 e 300. Na realidade, nio houve mais que duas equipes com doze jovens, ao todo, e em todos os lugares.! Como simbolos sonoros, para criar o entusiasmo, empregam- se hinos ou cantos. Conhece-se 0 Horst Wessel Lied dos hitleristas ou a Giovinezza de Mussolini e a Internacional, dos socialistas. Como hino, na Revolucdo Russa, foi empregada, muitas vézes, a Marselhesa. A Frente de Bronze tinha, também, um hino muito harmonioso e de ritmo arrebatador, cujo estribilho dizia: “Ouve a marcha das colunas Ouve o troar dos nossos passos - Cedo a liberdade seré ganha Vem, itm&o, marcha conosco”. Como simbolo sonoro irénico, espalhava-se uma exclamacio que tornava ridiculo o grito nazista “Heil Hitler’. Baseava-se num jogo de palavras: transformava-se “Heil” (viva) em “Heilt” (curai) e, quando os adversérios gritavam “Heil Hitler”, retrucava-se: 1 Symbolbummel, em aiemio. 274 “Com efeito, é necessario curar Hitler de sua mania de grandeza!”. Ou, entio “éle ficaré logo curado”, ou, ainda, “A Frente de Bronze © curaré rapidamente”! Da mesma forma, quando se encontravam escritas num muro as palavras “Heil Hitler”, acrescentava-se um “a palavra “Heil”, de maneira que a inscrigao tornava-se “Heilt Hitler” (curai Hitler); assim, a saudagao hitlerista era tornada ri- dicula e perdia sua eficicia de simbolo ameagador. Enfim, pode-se ainda acrescer, enormemente, a eficdcia psico- légica de um simbolo, combinando os dois princfpios; por exemplo, um pequeno desenho simbélico da Frente de Bronze teve um grande sucesso, na Alemanha, nessa época e foi reproduzido em milhdes de exemplares. Apresentava a cruz gamada de botas, com a cabe- ga de Hitler apavorada, fugindo diante das trés flechas.t A guerrilha de simbolos toma, as vézes, formas muito curio- sas: os adversdrios deformam reciprocamente os simbolos; os na- zistas, por exemplo, transformavam as trés flechas em trés guarda- chuvas (fig. 16),2 os socialistas, por sua vez, ridicularizavam a cruz gamada e a cabeca de Hitler, como vemos abaixo (fig. 11), 6 Fig. 11 Simbolos gréficos na guerrilha entre a cruz gamada de Hitler e as trés flechas da Frente de Bronze na Alemanha. a. imagem da cruz gamada riscada pelas trés flechas. b. imagem da cruz gamada, transformada em cara de Hitler, riscada pelas trés flechas. 1 Ver 15 pig. 382. Ver pag. 398. aes Voltando ao tema da propaganda soviética, teriamos que indi- car o advento, na esfera politica mundial dos tltimos anos, do fe- némeno da “guerra fria” entre os dois gigantes, a URSS e os EEUU, de que ainda nos ocuparemos no Capitulo X. 342 8 O Segrédo do Sucesso de Hitler O fenémeno Hitler e a configuragao politica na Alema- nha apés a Primeira Guerra mundial — A distincao entre os “5.000” e os “55.000” — A propaganda emo- cional popular e a propaganda da persuasio — Rex na Bélgica e Franco na Espanha — Instrugées para a propaganda da Frente de Bronze — Criagéo do en- tusiasmo — Mein Kampf — Taética hitlerista — Pro- paganda anti-semita — Demagogia social — Apélo aos fatéres emotivos — Técnica da propaganda de Hitler — Mussolini. Eis-nos, agora, em face de casos recentes, tornados classicos, de Hitler e Mussolini, onde o valor real dos princfpios, cujo estudo € objeto déste livro, se encontra demonstrado inequivocamente. Tentemos, entio, esbocar as etapas e delas retirar os ensinamentos. No campo dos acontecimentos internacionais, comegou pelo ato de pilhagem levado a efeito, na Etidpia, pelo satélite italiano que, iso- lado, pobre, submetido as sang6es de cingiienta e duas nagdes, s6 pode concluir seu assalto gragas 4 ajuda politica e efetiva da Ale- manha hitlerista que jogava a chantagem da guerra. O ultraje que a Franga tinha experimentado no Reno no estava ainda esqueci- do, sem ter havido as conseqiiéncias légicas e legais que o mundo esperava, enquanto os diversos paises da Europa central e balcani- 343

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