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Epiderme

Aurea Portes Ferriani

EPIDERME

Tecido mais externo dos órgãos vegetais em estrutura primária.


É substituída pela periderme em órgãos com crescimento secundário.

Origem

 Protoderme
→ divisões anticlinais e alongamento celular tangencial =
uma camada de células;
→ divisões periclinais = epiderme múltipla (epiderme –
protoderme, hipoderme – meristema fundamental)

Funções

 Revestimento
 Impedimento de ataques de agentes patogênicos e choques mecânicos
 Trocas gasosas por meio dos estômatos
 Absorção de água e sais minerais (pelos radiculares, células
epidérmicas das folhas submersas de plantas aquáticas, tricomas
escamiformes em Bromeliaceae)
 Proteção contra radiação solar

Características

As células epidérmicas são vivas, vacuoladas e podem conter vários


tipos de substâncias como taninos, mucilagem, cristais e pigmentos
(antocianinas).
Cloroplastos presentes em tamanho reduzido ou não, além de
amiloplastos.
A maior parte das células são comuns (ordinárias) de formato tubular em
seção transversal. Células epidérmicas em paliçada estão presentes em
sementes (Phaseolus sp.), epidermes secretoras de nectários (Passiflora sp. e
Euphorbia sp.).
Epidermes com célula isodiamétricas (Begônia setosa). Entre as
ordinárias da epiderme algumas têm funções específicas, como as células-
guarda ndos estômatos, cálulas buliformes, os litocistos, células suberosas e
silicosas, além da grande variedade tricomas.
No limbo das folhas, em vista frontal, as células epidérmicas são
poligonais ou irregulares, especialmente nas folhas com nervação reticulada.
Em órgão alongados, como pecíolos, caules, rqaízes e limbos foliares com
nervação paralelinérvea, as células são alongadas sempre com o maior eixo
paralelo ao sentido longitudinal do órgão.
As células epidérmicas estão perfeitamente justapostas, sem deixar
espaços intercelulares.
Epiderme múltipla=a camada externa assume características típicas de
epiderme, com presença de poucos ou nenhum cloroplasto. Ex. velame da

Fonte: Appezzato-da-Glória e Carmello-Guerreiro, 2004


Epiderme
Aurea Portes Ferriani

orquídea Cattleya, e algumas Araceae. Palicourea rígida=bisseriada, Fícus


elastica=multisseriada.

Componentes

 Estômatos
Os estômatos são compostos por duas célulasque delimitam uma fenda
na região central (fenda estomática), pela qual se dá o contato entre o
interior do órgão e o meio externo.
É formado Poe duas células-guarda (oclusivas, estomáticas) e a fenda
(ostíolo). Células que circundam o estômato são chamadas subsidiárias.
Relacionam-se à entrada e saída de ar do interior dos órgãos, ou ainda
com a saída de água, no caso dos estômatos ou poros aüíferos dos
hidatódios.

Classificação dos estômatos

- Anomocítico (ranunculáceo) – Estômato envolvido por um número


variável de células que não diferem em formato e tamanho das demais
células epidérmicas. Encontrado nas famílias Ranunculaceae,
Geraniaceae, Capparidaceae, Cucurbitaceae, Malvaceae,
Scrophulariaceae, Tamariaceae e Papaveraceae.

- Anisocítico (crucífero) – Estômato circundado por três células


subsidiárias de tamanhos diferentes. É comum em Brassicaceae,
Solanaceae e Begoniaceae.

- Paracítico (rubiáceo) – Estômato acompanhado, de cada lado, por


uma ou mais células subsidiárias posicionadas de forma que seu eixo
longitudinal fica paralelo à fenda estomática. Encontrado em famílias
como Rubiaceae, Magnoliaceae, Convolvulaceae e Mimosaceae.

- Diacítico (cariofiláceo) – Estômato envolvido por duas células


subsidiárias posicionadas de modo que o seu maior eixo forma um
ângulo reto com a fenda estomática. Encontra-se nas famílias
Acanthaceae, Amaranthaceae e outras.

- Actinocítico (Estômato em torno do qual as células subsidiárias se


dispõem radialmente. Tipo pouco comum.

* Tetracítico: Estômato que apresenta quatro células subsidiárias, duas


paralelas às células-guarda e o par restante (polar) um pouco menor.
Encontrado em numerosas famílias de monocotiledôneas. Nas
dicotiledôneas em Tília (Tiliaceae) e em Asclepiadaceae.

Fonte: Appezzato-da-Glória e Carmello-Guerreiro, 2004


Epiderme
Aurea Portes Ferriani

 Apêndices epidérmicos

São apêndices comumente denominados tricomas, variáveis em


estrutura e de valor diagnóstico para a taxonomia. Família como Solanaceae e
Euphorbiaceae, e mesmo gêneros ou espécies podem ser facilmente
reconhecidas pelo tipo característico de tricomas, que se encontram em
qualquer órgão vegetal, de forma permanente ou efêmera.
Por apresentarem grande variedade de formas, os tricomas podem ser
classificados de diversas maneiras. Uma das formas mais simples é classifica-
los em tectores ou não-glandulares e glandulares. Suas paredes são
normalmente celulósicas, mas podem espessar-se após a lignificação,
impregnação de sílica e carbonato de cálcio. Apresentam conteúdo
diversificado, podendo conter cloroplastos, cistólitos e outros cristais.

- Tricomas tectores (não glandulares): unicelulares e simples ou


multicelulares; são comuns e variam em forma e espessura da parede. Incluem
as papilas.
Podem apresentar-se ramificados, sendo classificados pelo tipo de
ramificação – estrelados, em forma de candelabro e em forma de ”T” ou
escamiformes (sem haste, em forma de escama) presentes em Pteridófitas e
Bromeliaceae.

Pelos radiculares (tricomas radiculares) são prolongamentos das células


epidérmicas das raízes, aumentando a superfície de absorção de água e
nutrientes.
Apresentam vacúolos grandes e parede celular fina; formam-se como
pequenas papilas nas células epidérmicas ou de células especiais, os
tricoblastos. São viáveis por um período curto, degenerando-se de em quatro
ou cinco dias. Em algumas espécies suas paredes se espessam, perdendo a
capacidade de absorção.

- Tricomas glandulares: estão envolvidos com a secreção de várias


substâncias, como óleos, néctar, sais, resinas, mucilagem, sucos digestivos e
água.
A extremidade dos tricomas glandulares é formada por uma cabeça uni
ou multicelular, que apresenta variação de formas e tamanho, uma haste ou
pedúnculo (uni ou multicelular) faz a união com a epiderme.
Há numerosos plasmodesmos na região do pedúnculo, na cabeça
mitocôndrias e outras organelas, dependendo do material secretado. A
secreção pode ser armazenada entre a parede e a cutícula, liberada por poros
ou rompimento cuticular.
Plantas carnívoras desenvolvem tricomas especializados, capazes de
secretar mucilagem para captura de presas e enzimas para sua digestão.

Fonte: Appezzato-da-Glória e Carmello-Guerreiro, 2004


Epiderme
Aurea Portes Ferriani

 Células especializadas

Células que se diferenciam das epidérmicas por apresentarem função


adicional.
- Suberosas ou silicosas: células pequenas com paredes suberificadas,
lume altamente vacuolizado e preenchido com substâncias ergásticas
(Gramineae); as silicosas apresentam-se como papilas,espinhos ou tricomas
(Cyperaceae e outras Liliopsida).

- Buliformes: células maiores que as demais epidérmicas e parede


celular fina e grande vacúolo. Não possuem cloroplastos e seu vacúolo
armazena água. Podem ser denominadas células motoras por relacionarem-se
aos movimentos de enrolamento e desenrolamento das folhas. Encontradas
em Liliopsida, especialmente em Poaceae.

- Papilas: projeções da parede pericilinal de células epidérmicas com


forma variada.
Função controversa: importância taxonômica ou reflexão da luz solar.
Em pétalas, conferem aspecto aveludado e no estigma, são importantes
no processo de polinização.

- Litocisto: células grandes eu contém deposição de carbonato de cálcio,


pectoses e sílica, denominada cistólito (citoplasma mais denso). Ocorrem
geralmente como idioblastos isolados em Acanthaceae e Moraceae, mas
podem formar grupos, como na famíli Boraginaceae.

Imagens:

1- Estômato anomocítico – Face abaxial Impatiens sp.


2- Estômato tetracítico – Face abaxial Tradescantia sp.
3- Estômato com células-guarda em forma de halteres (idem 7) Poaceae
4- Estômato anisocítico – Face abaxial folha Begonia sp.
5- Estômato paracítico – Face abaxial Glycine max
6- Estômato diacítico – Face abaxial Alternanthera philoxeroides
8- Vista frontal epiderme abaxial da folha Plantago major, evidenciando tricoma
tector pluricelular unisseriado.
9- Vista frontal de ticoma escamiforme de Tillansia sp.
10- Vista frontal epiderme abaxial da folha Plantago major, evidenciando tricoma
glandular .
11- Vista frontal epiderme abaxial da folha de Musa rosácea, evidenciando
estômato e cera epicuticular.

Fonte: Appezzato-da-Glória e Carmello-Guerreiro, 2004


Epiderme
Aurea Portes Ferriani

Fonte: Appezzato-da-Glória e Carmello-Guerreiro, 2004


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Aurea Portes Ferriani

Fonte: Appezzato-da-Glória e Carmello-Guerreiro, 2004


Epiderme
Aurea Portes Ferriani

16 – Estômato do caule de Bacopa monnierioides em seção transversal (seta)


crista estomática (*) câmara subestomática.
17 - Seção transversal da folha de Saccharum sp., epiderme abaxial com células
buliformes (seta).
18 - Seção transversal da folha de Palicourea rigida, epiderme adaxial bisseriada.
19 - Seção transversal da folha de Bracopa monnierioides, epiderme com cutícula
e estratos cuticulares estriados (seta).
20 – Seção longitudinal da semente de Linum sp. Evidenciando célula
mucilaginosas (EM).
21- Seção transversal da raiz de Cattleya sp. evidenciando o velame (V).

Fonte: Appezzato-da-Glória e Carmello-Guerreiro, 2004

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