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APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL.

1 Educação corporativa.
Educação corporativa pode ser definida como uma prática coordenada de gestão de pessoas e
de gestão do conhecimento tendo como orientação a estratégia de longo prazo de uma
organização.
Educação corporativa é mais do que treinamento empresarial ou qualificação de mão-de-obra.
Trata-se de articular coerentemente as competências individuais e organizacionais no contexto
mais amplo da empresa. Nesse sentido, práticas de educação corporativa estão
intrinsecamente relacionadas ao processo de inovação nas empresas e ao aumento da
competitividade de seus produtos (bens ou serviços).
Educação permanente, formação permanente, educação continuada, educação contínua,
educação corporativa, requalificação profissional e desenvolvimento profissional são termos em
torno de um mesmo núcleo de preocupação: o desenvolvimento da empresa.
Esse tipo de educação continuada consiste em um processo de aperfeiçoamento e atualização
de conhecimentos, visando à melhora da capacitação técnica e cultural do profissional. O
principal objetivo da educação corporativa é evitar que o profissional se desatualize técnica,
cultural e profissionalmente, e perca sua capacidade de exercer a profissão com competência e
eficiência, causando desprestígio à profissão, além do sentimento de incapacidade profissional.
Educação corporativa é, portanto, o conjunto de práticas educacionais planejadas para
promover oportunidades de desenvolvimento do funcionário, com a finalidade de ajudá-lo a
atuar mais efetiva e eficazmente em sua carreira.
A educação corporativa está cada vez mais presente nas empresas privadas e públicas
modernas. No Brasil, o número de empresas que adotam a educação corporativa subiu de 10
para 170 na última década, e este número deve crescer 15% até dezembro. A exemplo de
multinacionais como Siemens, diversas empresas brasileiras buscam capacitar e desenvolver
seu corpo de profissionais e, ainda, melhorar a produtividade e qualidade dos serviços. Isso
mostra que há preocupação por parte das empresas em investir em workshops e treinamentos
que mostrem aos colaboradores diferentes maneiras de atuar em grupo e de praticar técnicas
de persuasão e negociação. Com a educação corporativa, a empresa identifica que setor
precisa ser excelente e desenvolve essa competência nos funcionários.
Antigamente, ter o terceiro grau e falar inglês eram grandes diferenciais. Hoje, nem mesmo
uma pós-graduação é suficiente. É preciso mais: é preciso atualizar-se sempre. Diante desse
cenário de desafios, o investimento em Educação Corporativa torna-se imprescindível. A
implementação de um programa eficaz de atualização e treinamento do quadro de funcionários
demonstra uma nítida melhora da produtividade e competitividade.
Um programa de treinamento corporativo pode alterar beneficamente o posicionamento da
empresa no mercado.
Além das vantagens que já mencionamos acima, a educação corporativa permite que os
funcionários se envolvam em um constante aprendizado que visa a melhorar o desempenho e
aumentar sua produção nos negócios. As empresas dão a possibilidade de se manter
profissionalmente competitivo em sua carreira, aprendendo a cada dia e aumentando seus
conhecimentos.
Universidade corporativa, ou universidade empresarial, é uma instituição de ensino técnico e
superior, em nível de graduação e pós-graduação, vinculada a empresas privadas e públicas.
O objetivo da universidade corporativa (UC) é oferecer cursos técnicos específicos para os
colaboradores da corporação. Assim, ela customiza os cursos exatamente de acordo com as
políticas e estratégias das empresas, reduz custos do treinamento convencional e obtém
rapidez na formação da mão de obra.
A universidade corporativa difere das universidades acadêmicas tradicionais porque possui
características próprias: seus objetivos de aprendizagem estão sintonizados aos interesses,
objetivos e estratégias das empresas que promovem a formação dos seus funcionários.
Grande parte das suas estruturas geralmente são virtuais, ou seja, são oferecidos cursos on-
line, "via WEB".
Muito utilizado por organizações de grande porte, muitas vezes não aplicavel a pequenas e
medias empresas.
A Universidade Corporativa é o campo de atuação da Pedagogia Empresarial.
No Brasil as mais conhecidas são as do Banco do Brasil, da Petrobras (Universidade
Petrobras) e da Caixa Econômica Federal. No exterior, as referências se voltam para as
universidades corporativas da Shell Oil Corporation e hotéis Accor.
A educação formal para o trabalho, em nível superior, começa a enfrentar uma concorrência
inusitada: as universidades corporativas, surgidas das experiências de programas de
treinamento e desenvolvimento profissionais corporativos e da constatação de que a
universidade não prepara adequadamente para o trabalho. O conceito de universidade
corporativa surgiu nos EUA, em 1995, quando a General Eletric criou a Cotronville. Mas foi só a
partir da década de 80 que se assistiu a um aumento considerável destes novos espaços de
formação. Outro componente que contribuiu para o rápido crescimento das universidades
corporativas é a necessidade de contínua aprendizagem, como conseqüência das vertiginosas
mudanças no mundo do trabalho, em razão dos avanços tecnológicos permanentes e do
processo de globalização da economia. As universidades corporativas surgem como solução
para o alinhamento das iniciativas de treinamento com a estratégia da organização e de criação
de vantagem competitiva, por meio de aprendizado permanente.
O mundo vem passando por constantes e significativas transformações que colocam as
empresas diante da necessidade de se adaptarem a um novo ambiente bastante competitivo,
veloz e permeado por incertezas. O grande desenvolvimento tecnológico observado e vivido
por todos nas últimas décadas contribuiu para essa mudança. O conhecimento está se
tornando o fator de produção mais importante, deixando para trás o capital e a mão-de-obra.
Diante disto, as organizações vêem-se obrigadas a alterar sua forma de atuação para
responder ao mercado. As empresas devem acompanhar as mudanças com velocidade, o que
significa dizer que os indivíduos que fazem parte dessa organização devem acompanhar essas
mudanças, na mesma velocidade. Isto reflete-se no crescente investimento das empresas em
treinamento de seus profissionais, que tem um enfoque estratégico e amplo, oferecendo a
compreensão do contexto no qual a organização está inserida.
Neste sentido, surgem as universidades corporativas como complemento estratégico do
gerenciamento, do aprendizado e desenvolvimento dos funcionários de uma empresa. Uma vez
que as organizações necessitam que as pessoas aprendam mais rápido, acompanhando a
velocidade da geração de conhecimento do mundo atual, elas vêm com a missão de alinhar as
iniciativas de treinamento com a estratégia da organização, considerando a cultura
organizacional, o contexto organizacional (indústria, fornecedores, mercado) e as competências
essenciais.
Para Eboli (2003), a crença de que as competências, habilidades e o conhecimento formam a
base de vantagem competitiva reforça a necessidade de intensificar o desenvolvimento dos
funcionários nesses âmbitos e justifica, portanto, a existência da universidade corporativa.
Na verdade, as universidades corporativas personificam a filosofia de aprendizagem da
organização, cuja meta é oferecer, a todos os funcionários, o conhecimento e as competências
necessárias para que os objetivos estratégicos sejam alcançados. Elas também percorrem o
processo de seleção de parceiros de aprendizagem, que envolvem profissionais de
treinamento, consultores e instituições de educação superior.
O desafio do ensino superior será o do reconhecimento de sua pertinência, segundo a
UNESCO (1999), tendo em vista a rapidez e a amplitude das mutações em curso e os
desdobramentos esperados, tanto em âmbito mundial como no âmbito de cada sociedade. A
sociedade está se tornando cada vez mais cognitiva e dependente, portanto, da qualidade do
ensino superior e de sua abertura internacional.
De acordo com a UNESCO (1999), a sociedade do século XXI será uma sociedade da
comunicação. A chegada dessa sociedade provoca inúmeras conseqüências no mundo do
trabalho: a tomada de decisão afasta-se cada vez mais dos lugares de produção e pode se
fazer, em tempo real, a milhares de quilômetros de distância; o dinheiro circula não mais em
espécie nem em papel, mais virtualmente; as contabilidades tornam-se cada vez mais
deslocadas; os lugares de produção, de distribuição e de pesquisa estão cada vez mais
separados espacialmente, mais interligados em rede, graças às novas tecnologias.
É um elemento essencial investir na formação superior, mas os governos estão conscientes de
que sustentar o ensino superior, que tem necessidade de pesquisadores e professores de alto
nível, é um esforço que demanda recursos de longo prazo.
O documento da UNESCO, intitulado “Mudanças e Desenvolvimento no Ensino Superior”
(1995), dá uma idéia dos desafios que os governos e o ensino superior devem enfrentar nos
dias de hoje: “em nossa época, um país que não dispuser de um sistema de formação e de
pesquisa de qualidade no nível superior, não pode assegurar um progresso suficiente para
responder às necessidades e às expectativas de uma sociedade em que o desenvolvimento
econômico respeita o meio ambiente e é acompanhado da construção de uma ‘cultura da paz`,
baseada na democracia, na tolerância e no respeito mútuo, em suma, no desenvolvimento
humano. O ensino superior é chamado em todos os lugares a melhor adaptar e responder às
exigências de uma época em que as possibilidades novas que se abrem seguem lado a lado
com a emergência de novos desafios e profundas perturbações. O ensino superior, como
muitos outros graus e formas de educação, é chamado a reexaminar, levando em consideração
suas relações com a sociedade, e em particular com o setor econômico, a forma como é
organizado e, especialmente no plano institucional, financiado e administrado. É preciso que
ele, com a ajuda de todos os seus parceiros, chegue a uma visão global de seus objetivos,
tarefas e fundamentos”.
Este mesmo documento diz que, no futuro, presume-se que o ensino superior deve avançar
para que possa responder aos desafios evolutivos do mundo do trabalho de acordo com muitos
experts no assunto, desde que: - continue a considerar essencial a equidade de acesso em
função das origens sócio-biográficas; diversifique mais suas estruturas e, portanto, as
condições de estudos e os ensinos propostos; dê mais atenção às competências genéricas, às
qualificações sociais e ao desenvolvimento da personalidade; prepare os estudantes para a
globalização e a internacionalização das dimensões econômicas e societárias da vida; sirva
aos estudantes, oferecendo-lhes, além do ensino e da aprendizagem, serviços de comunicação
e de aconselhamento fora dos cursos, da oferta de diversas categorias de experiência de
trabalho e de vida, ou, ainda, apoio à busca de emprego, implementando formas de
comunicação regulares entre o ensino superior e o mundo do trabalho.
Da educação formal à evolução dos modelos de educação
A educação formal, em nível superior, dá-se em universidades, centros universitários,
faculdades integradas, faculdade e escola ou instituto superior.
Com a profissionalização do ensino, as universidades identificaram primeiramente as matérias
básicas e, secundariamente, àquelas específicas para a utilização no mercado de trabalho.
A educação formal pode oferecer, ao mundo empresarial, cursos e programas destinados ao
aperfeiçoamento e à especialização profissional, em nível de pós-graduação (atualização,
aperfeiçoamento, especialização ou mestrado profissional), seqüenciais (para complementação
de estudos ou para formação para o trabalho) ou de extensão (cursos de duração menor, com
o objetivo de reciclagem/atualização profissional ou de informação e atualização de
conhecimentos gerais). Os programas podem ser abertos à comunidade empresarial ou
fechados, especialmente planejados para determinada organização, levando-se em
consideração as necessidades do cliente e as características de seu negócio.
A educação superior deve decidir, segundo Meister (1999), se continuará a dedicar-se apenas
ao aluno tradicional (o jovem de 18 a 24 anos de idade, que pode freqüentar a universidade em
tempo integral) ou se passará a considerar também, em seu modelo acadêmico, o público
adulto profissional e a necessidade de aprendizagem permanente, que já vêm sendo atendidos
não apenas pelas universidades corporativas, mas também por consórcios (grupos de
empresas que atuam como corretores de treinamento, adquirindo conteúdo das instituições
tradicionais ou universidades corporativas para depois oferecê-lo no mercado aberto),
universidades virtuais (instituições de ensino a distância que oferecem cursos de graduação) e
empresas de educação com fins lucrativos.
Meister (1999) diz que a saída para as instituições tradicionais está em repensar seu
relacionamento com as empresas e reexaminar suas metodologias, produtos, serviços e
veículos de apresentação, pois, a partir do momento em que assumirem seu papel de parceiros
empresariais, poderão adotar um leque maior de estratégias orientadas para os mercados, que
variam de uma presença de local em uma organização ao licenciamento/merchandising de seu
currículo.
A evolução no modelo educacional, proporcionado pelas empresas e pelo mercado, passa do
treinamento pontual, correspondente a um evento, para um processo contínuo e sistemático.

Tendências da educação superior para o século XXI


As tendências da educação superior, na economia do conhecimento e da infovia , podem ser
assim resumidas, segundo Monteiro (2003):
- A participação das empresas na disseminação da aprendizagem, via educação corporativa,
será cada vez mais intensa.
- As parcerias entre as instituições de educação formal e as organizações empresariais tendem
a se ampliar, tornando-se rotina entre entidades líderes nessas áreas. Será a sinergia da
aprendizagem entre o mundo empresarial e o acadêmico.
- A educação a distância será utilizada com mais intensidade, universalizando o conhecimento.
As universidades virtuais, com a utilização de recursos multimídia, via rede ou satélite, farão
surgir as megauniversidades, com programas direcionados para todos os continentes.
- Uso mais intenso de tecnologias educacionais de ponta em apoio a metodologias avançadas
e mais atraentes, que facilitem o processo da aprendizagem.
- Educação continuada; necessidade de aprendizagem permanente.
- Cursos sob medida, que tenham como foco as qualificações, o conhecimento e as
competências requeridas pelos profissionais ou pelo mercado.
- Educação voltada para o mercado e para a empregabilidade, com foco na conveniência, no
atendimento individualizado do educando, em tempo real. O educando como consumidor de
conhecimento. Valorização do consumidor.
- Serviços educacionais com maior variedade de produtos e utilização de estratégias voltadas
para o mercado.
- Os programas de educação superior – os das instituições formais ou os das universidades
corporativas – voltados para a formação de talentos humanos para o mundo do trabalho,
devem desenvolver qualificações, competências e conhecimentos básicos, no educando, para
o ambiente de negócios.
- Aprender a aprender. Ser responsável pela própria aprendizagem contínua e saber qual é a
maneira ideal de aprender novas qualificações.
- Comunicação e colaboração. Comunicar-se efetivamente com os colegas de trabalho, saber
trabalhar em grupo e colaborar com os membros da equipe para compartilhar as melhores
práticas.
- Raciocínio criativo e resolução de problemas. Saber identificar problemas e ver a conexão
que existe entre a solução proposta e possíveis abordagens ao próximo problema.
- Conhecimento tecnológico. Usar as mais recentes tecnologias para conectar-se com os
membros de sua equipe em qualquer parte do globo.
- Conhecimento de negócios globais. Compreender o grande quadro global de como as
empresas operam através de um conjunto básico de técnicas empresariais como finanças,
planejamento estratégico e marketing.
- Desenvolvimento de liderança. Ter uma visão para sua equipe ou departamento que seja
compatível com a missão e as metas da organização.
- Autogerenciamento da carreira. Ter a capacidade de gerenciar a própria carreira, identificando
as qualificações e conhecimentos necessários para que se tenha valor no ambiente de
negócios e depois trabalhar para adquiri-los.

Educação corporativa
A educação corporativa, via universidades, institutos, centros ou escolas de diversos tipos e
estruturas, surgiu e está crescendo, rapidamente, para atender às necessidades de educação
continuada e, segundo Meister (1999), para sustentar a vantagem competitiva, inspirando um
aprendizado permanente e um desempenho excepcional dos valores humanos e,
conseqüentemente, das organizações. Tem por finalidade o desenvolvimento e a educação de
funcionários, clientes e fornecedores, com o objetivo de atender às estratégias empresariais de
uma organização como meio de alavancar novas oportunidades, entrar em novos mercados
globais, criar relacionamentos mais profundos com os clientes e impulsionar a organização
para um novo futuro.

Principais diferenças entre a educação formal e a educação corporativa


O ensino superior é, para Delors (2001), um dos motores do desenvolvimento econômico e, ao
mesmo tempo, um dos pólos da educação ao longo de toda a vida. É, simultaneamente,
depositário e criador de conhecimentos. Por outro lado, é o instrumento principal de
transmissão da experiência cultural e científica acumulada pela humanidade. Num mundo em
que os recursos cognitivos, enquanto fatores de desenvolvimento, tornam-se cada vez mais
importantes do que os recursos materiais, a importância do ensino superior e das suas
instituições será cada vez maior. Além disso, devido à inovação e ao progresso tecnológico, as
economias exigirão cada vez mais profissionais competentes, habilitados com estudo de nível
superior.
Neste sentido, a educação corporativa é um sistema de aprendizagem com foco nos
colaboradores para que estes desenvolvam as competências, técnicas e comportamentais, que
estejam em sintonia com as metas e objetivos da organização e que provoque neles um desejo
de aprender, de conhecer e de transformar seu trabalho e suas carreiras. O quadro a seguir
nos mostra a diferença entre educação formal e educação corporativa.

Principais diferenças entre a educação formal e a educação corporativa.


EDUCAÇÃO FORMAL EDUCAÇÃO CORPORATIVA
Necessita de credenciamento e Dispensa credenciamento ou reconhecimento oficial –
reconhecimento oficial o seu reconhecimento é pelo mercado
Diplomas para terem validade têm que Diplomas não necessitam de registro – o que vale é a
ser registrados aprendizagem
Cursos e programas são regulados por Cursos e programas são livres, atendendo às
lei e estruturados segundo normas necessidades das pessoas que integram as
rígidas do MEC organizações
Estrutura organizacional baseada em
colegiados, burocratizando e/ou Estrutura organizacional livre de órgãos colegiados
dificultando decisões rápidas e burocráticos – decisões estratégicas mais ágeis
estratégicas
Qualidade mensurada por padrões
Qualidade avaliada pelo mercado
quantitativos e alheios à realidade
Flexibilidade na oferta de períodos letivos – módulos
Rigidez na oferta de períodos letivos
diferenciados – fins-de-semana, quinzenais, bimestrais,
(anuais ou semestrais)
etc.
Preponderância de metodologias que privilegiam a
Preponderância de aulas expositivas, aprendizagem por meio de atividades práticas, de
teóricas exercícios, estudos de casos, simulação, jogos de
empresas, etc.
Currículo ou diretrizes curriculares
Currículo “sob medida”
nacionais
Corpo docente acadêmico dissociado da Corpo docente altamente profissional, praticando o que
realidade profissional transmite ao educando
Sistema integrado de gestão de talentos humanos de
Sistema educacional formal
um negócio
Aprendizagem temporária Aprendizagem contínua
Modelo baseado na graduação: liga o
Liga o conhecimento, nem sempre estruturado, às
conhecimento estruturado à formação
necessidades estratégicas de uma organização
técnica e científica de um indivíduo
Vínculo aluno-escola Vínculo empresa-talento
Ênfase no passado Ênfase no futuro
Instalações físicas (campus) Redes de aprendizagem
Aprendizagem baseada em conceitos Aprendizagem baseada na prática do mundo dos
acadêmicos negócios
Ensino não acompanha a velocidade das
Ensino em tempo real
mudanças
Aprendizagem individual Aprendizagem coletiva
Ensina a estudar e pesquisar Ensina a pensar e praticar
Ensina crenças e valores universais Ensina crenças e valores do ambiente de negócios

Fonte: Monteiro (2003)

Surgimento das universidades corporativas


O surgimento das universidades formadas dentro das empresas teve o mercado e a
concorrência como forte impulsionadores, visto que as universidades tradicionais, orientadas
de modo funcional, formavam especialistas para o mercado de modo não específico. Neste
sentido, verificando que somente especialistas não atendiam às demandas do mercado, as
universidades tradicionais disponibilizaram cursos de especialização, visando ao atendimento
das empresas na formação de pessoas com uma visão sistêmica dos processos.
Algumas empresas, de acordo com Rodriguez (2003) partiram na frente, criando suas próprias
Universidades, com o objetivo ensinar de forma focada, tudo relacionado aos seus produtos e
serviços, já que somente a própria empresa poderia fazer, a partir da capacitação dos seus
empregados, clientes, fornecedores, sociedade e acionistas.
As universidades corporativas surgiram em momentos de grandes mudanças na sociedade, na
educação e na busca de qualificação profissional. Nos Estados Unidos, nos anos 50, 60 e 70,
as grandes e pequenas empresas formaram grupos para ensinar aos trabalhadores
profissionais como fazer melhor o seu trabalho. Essas infra-estruturas educacionais, dentro das
organizações, proliferaram em todo o país e ficaram conhecidas como universidades, institutos
ou faculdades corporativas. Tinham como objetivo que os profissionais estivessem a par ou
adiante de todos os acontecimentos.
Segundo Meister (1999), universidade corporativa pode ser definida como um guarda-chuva
estratégico para desenvolver e educar funcionários, clientes, fornecedores e comunidade, a fim
de cumprir as estratégias empresariais da organização. Para Eboli (2002), é um sistema de
desenvolvimento de pessoas pautado pela gestão por competências.
Alperstedt (2003) explica que, na expressão “universidade corporativa”, o uso do termo
“corporativo” significa que a universidade é vinculada a uma corporação e que serviços
educacionais não constituem seu principal objetivo. Já o termo “universidade” não deve ser
entendido dentro do contexto do sistema de ensino superior, no qual designa a educação de
estudantes e o desenvolvimento de pesquisa em várias áreas do conhecimento, uma vez que
“universidade corporativa” oferece instrução específica, sempre relacionada à área de negócio
da própria organização. Portanto, segundo a autora, “universidade” para essas empresas é
basicamente um artifício de marketing, Apesar disso, os programas implantados pelas
universidades corporativas são, em muitos aspectos, similares aos das instituições de ensino
superior.
As universidades corporativas não estão sujeitas a credenciamento pelo poder público nem o
diploma por elas expedido necessita de reconhecimento oficial para ser aceito pelo mundo
empresarial.
Os conteúdos dos cursos e programas das universidades corporativas são múltiplos e
diversificados, segundo a natureza da organização, suas características, sua categoria
econômica, nível de abrangência, porte e cultura organizacional, etc. A duração dos cursos é,
também, bastante diferenciada, variando de acordo com o aprofundamento e a natureza dos
estudos. Os cursos de conteúdo e duração mais densos são os destinados à formação e
desenvolvimento gerencial, sendo os mais comuns os MBAs (Master Business Administration).
As universidades corporativas podem oferecer cursos e programas com características da
educação formal, com o objetivo de atender a um público específico e visando à migração de
créditos, ou seja, ao aproveitamento dos estudos realizados no ambiente da educação
corporativa para a educação formal. Podem, ainda, atuar na área da especialização
profissional, em cursos e programas de pós-graduação (especialização ou mestrado
profissional) ou de formação profissional, em nível médio ou superior, ao abrigo da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB e das normas editadas pelo Ministério da
Educação e do Desporto - MEC, incluindo ensino a distância.
As universidades corporativas que desejarem oferecer esses cursos e programas devem
buscar o credenciamento junto ao MEC, com base nas normas vigentes:
- Ensino a distância – Decreto nº 2.494, de 1998, e Portaria MEC nº 301, de 1998.
- Educação profissional – Decreto nº 2.208, de 1997.
- Pós-graduação: em nível de especialização – Resolução CFE nº 12, de 1983 e em nível de
mestrado (mestrado profissional) – Portaria CAPES nº 80, de 1998.
No Brasil, o surgimento das universidades corporativas se deu apenas na década de 90,
quando o treinamento não oferecia nada mais além do que algumas qualificações. A
universidade se preocupa não somente com o fator “qualificar”, mas também com a
apresentação de uma maneira totalmente nova de pensar e trabalhar, para que os
colaboradores das organizações possam desempenhar papéis muito mais amplos no seu
ambiente de trabalho.
A universidade corporativa se constitui em um fortíssimo pólo de irradiação e consolidação da
cultura empresarial, motivo pelo qual direta e indiretamente deverão fazer parte do seu
currículo as atividades ligadas aos princípios, às crenças e aos valores da organização, que
funcionem com forte estímulo à consolidação da motivação dos seus colaboradores.
É o modelo de uso mais comum da aplicação do conceito de educação corporativa, atuando
como uma unidade independente de negócios, vinculando as metas de educação, treinamento
e desenvolvimento dos integrantes da cadeia produtiva e de relacionamento da organização
aos seus resultados estratégicos, prevendo o retorno financeiro dos investimentos, ou seja,
sustentar-se e gerar lucros como as demais unidades de negócios da organização.
A universidade corporativa é um dos elementos que irá auxiliar as empresas a migrar para a
Sociedade do Conhecimento. Neste sentido, Rodriguez (2003) diz que ela está orientada para
o desenvolvimento de competências críticas para que as estratégias da organização sejam
alcançadas, estando voltada diretamente para o resultado das empresas. Neste caso, o
investimento na capacitação das pessoas é visto como uma das formas de abrir novas
oportunidades de mercado e gerar novos negócios, proporcionando assim um impacto direto
nos produtos ou serviços oferecidos.
Para Meister (1999), são cinco as forças que sustentam o avanço das universidades
corporativas: a emergência da organização não-hierárquica, enxuta e flexível; o advento e a
consolidação da economia do conhecimento; a redução do prazo de validade do conhecimento;
o novo foco na capacidade de empregabilidade ocupacional para a vida toda em lugar do
emprego para a vida toda; e uma mudança fundamental no mercado da educação global.
Para a autora, essas tendências compõem o cenário que torna compreensíveis as sete
competências atualmente básicas nas organizações, definidas como “a soma de qualificações,
conhecimento e conhecimento implícito, necessária para superar o desempenho da
concorrência” e fundamental para a empregabilidade do indivíduo. Essas competências são:
- aprendendo a aprender – pode ser representada pela capacidade de análise de situações, de
elaboração de perguntas, de busca de explicações para o que não se compreende, de
pensamento criativo para gerar opções de aplicação do conhecimento a novas situações, de
experimentação do aprendizado em diversas fontes e de incorporação do aprendizado à vida.
- comunicação e colaboração - compreendem as habilidades de ouvir e se comunicar com os
colegas, de saber trabalhar, de compartilhar as melhores práticas com todos na organização,
de saber se relacionar com clientes, fornecedores e demais integrantes da cadeia de valor.
- raciocínio criativo e resolução de problemas - significa desenvolver habilidades para,
ultrapassando dados superficiais, criar soluções inovadoras para problemas inesperados, sem
orientação superior.
- conhecimento tecnológico - trata-se do uso da informática para conexão com colegas do
mundo todo, possibilitando compartilhar as melhores práticas e recomendar melhorias em
processos de trabalho.
- conhecimento de negócios globais - ou seja, visão do grande quadro global em que a
empresa opera e compreensão das implicações econômicas e estratégicas que envolvem a
gestão de um empreendimento comercial global.
- desenvolvimento de liderança - é o estímulo para que os funcionários sejam agentes ativos de
mudança, em vez de receptores passivos de instruções.
- autogerenciamento da carreira - trata-se do compromisso individual de buscar as
qualificações, o conhecimento e as competências requeridos, seja na função atual, seja nos
cargos futuro.
Com a formação das universidades corporativas, as empresas podem garantir que seus
funcionários estarão sendo preparados para agir de acordo com as necessidades de
conhecimento, habilidades e competências que levarão a empresa a estar competitiva no
mercado globalizado, tudo de acordo com seus princípios e valores. Outra importante
característica é que a partir da universidade corporativa, as empresas aumentam seu crédito
com a comunidade e com seus clientes e fornecedores, já que, além de capacitar as pessoas
de sua empresa, podem oferecer esta capacitação para os funcionários de seus clientes e
fornecedores.

Missão, objetivos e princípios da universidade corporativa


Missão – Consiste em formar e desenvolver, de acordo com Eboli (2003), os talentos humanos
na gestão dos negócios, promovendo a gestão do conhecimento organizacional (geração,
assimilação, difusão e aplicação), através de um processo de aprendizagem ativa e contínua.
Objetivos – Para que os funcionários se sintam mobilizados em formar uma força de trabalho
de altíssima qualidade, necessária para que a empresa tenha sucesso no mercado global, Stur
(2003) diz que existem alguns objetivos, como abaixo:
- Desenvolver e instalar as competências empresariais e humanas consideradas essenciais
para a viabilização das estratégias de negociação.
- Oferecer oportunidades de aprendizagem que dêem sustentação às questões empresariais
mais importantes da organização.
- Considerar o modelo de universidade corporativa como um processo e não um espaço físico
destinado à aprendizagem.
- Elaborar um currículo que incorpore cidadania corporativa (preservação de valores, tradições,
cultura da organização, estimulando o orgulho do funcionário e fortalecendo seu vínculo com a
empresa), estrutura contextual (proporcionar o conhecimento no contexto na qual a empresa
opera) e competências básicas (fornecer treinamento em várias competências básicas do
ambiente de trabalho - aprender aprendendo, comunicação e colaboração, criatividade e
resolução de problemas, conhecimento tecnológico, conhecimento de negócios globais,
desenvolvimento de liderança e autogerenciamento da carreira).
- Treinar todos os colaboradores internos e externos da empresa.
- Passar do treinamento conduzido pelo instrutor para vários formatos de apresentação da
aprendizagem.
- Encorajar o envolvimento dos líderes com o aprendizado, inclusive como facilitadores.
- Passar da alocação corporativa para a fonte de recursos próprios.
- Ter foco global no desenvolvimento de programas de aprendizagem.
- Desenvolver um sistema de avaliação dos resultados e dos investimentos.
- Utilizar a universidade corporativa para obter vantagem competitiva e entrar em novos
mercados.

Características gerais da universidade corporativa


As universidades corporativas assumem diferentes características, segundo Meister (1999):
a) espaço físico – muitas universidades corporativas contam com instalações próprias, outras,
com as instalações de instituições de ensino superior tradicionais em regime de parcerias e
outras não contam com qualquer tipo de arranjo físico concreto, pois estão baseadas em redes
eletrônicas independentemente de espaço físico, constituindo o que se convencionou
denominar de organizações virtuais. Outras estão num meio termo, mesclam algumas
atividades presenciais com outras a distância.
b) créditos reconhecidos e outorga de diplomas – cerca de 25% das universidades corporativas
oferecem créditos universitários e 40% esperam começar a criar programas que garantam
créditos
Esses créditos têm validade a partir de uma parceria desenvolvida com uma instituição de
ensino superior tradicional que, a partir de critérios negociados, assume a validade dos
programas desenvolvidos pelas universidades corporativas como créditos reconhecidos para a
obtenção de um diploma.
A parceria entre as universidades corporativas e as instituições de ensino superior tradicionais
prevê uma troca de serviços entre ambas. As universidades corporativas ganham com a
validação dos créditos na obtenção de um diploma, além da experiência dos docentes da
instituição. E a instituição de ensino, por sua vez, tem aumentado o seu potencial de captação
de alunos, em função dos incentivos para que os empregados dêem continuidade aos seus
estudos, além do ganho pela aproximação com a realidade organizacional das empresas. No
Brasil, a Boston School, universidade corporativa do BankBoston, está buscando acreditação
de seu MBA junto à The International Association for Management Education – AACSB, que é
um órgão de acreditação americano.
c) composição do corpo docente - a política de composição dos professores para ministrar
estes cursos de treinamento é variável. Algumas universidades corporativas entendem que
apenas professores universitários titulados podem ministrar aulas, outras utilizam executivos da
empresa e/ou consultores externos como professores, e outras ainda se valem dos próprios
profissionais da empresa que, submetidos a um treinamento e preparação pela instituição de
ensino a qual estão vinculados em regime de parceria, obtiveram certificado de professor-
adjunto ou equivalente.
d) clientela - algumas das universidades corporativas extrapolam o oferecimento dos cursos de
treinamento para além dos funcionários da empresa, estendendo-os a clientes, fornecedores,
franqueados, outras empresas, e até mesmo à comunidade externa em geral. Vale lembrar que
a referência aos clientes engloba todos os intermediários no processo de venda, ou seja,
revendedores, distribuidores, atacadistas e lojistas. Tradicionalmente, esta expansão para
outros stakeholders é resultado do sucesso obtido pelo programa junto aos clientes internos e
motivado pela possibilidade de realocação de custos. Os programas educacionais promovidos
pelas empresas, durante muito tempo considerados como um mero centro de custos, passaram
a ser considerados como um potencial centro de lucros, constituindo-se em uma forma
alternativa de captação de recursos financeiros para a empresa.
e) origem do investimento - as universidades corporativas necessitam de investimentos
significativos por parte das empresas às quais estão atreladas e, além disso, o retorno sobre
esses investimentos é de difícil medição. Não surpreende, portanto, o fato de que essas
iniciativas sejam encontradas mais freqüentemente em grandes organizações. Por outro lado,
alternativas vêm sendo desenvolvidas para evitar a necessidade de grandes investimentos. É o
caso dos consórcios entre empresas não concorrentes que compartilham necessidades de
treinamento comuns e que têm se associado a fim de obter redução de custos.

Universidades corporativas e gestão do conhecimento


A questão da gestão do conhecimento da organização é uma discussão recente, de meados da
década de 80, e que teve seu grande marco e explosão a partir de 1990 com Peter Senge e
seu conceito de organização que aprende. Segundo Senge (1998), essas organizações do
novo paradigma são aquelas nas quais as pessoas expandem, de forma contínua, sua
capacidade de criar resultados, onde surgem novos padrões de raciocínio, onde a inspiração
coletiva é libertada e onde as pessoas aprendem a aprender em grupo. É um local onde são
inventados novos conhecimentos, não como uma atividade especializada, mas como uma
forma de conduta em um local onde todos os funcionários são trabalhadores do conhecimento.
Se o assunto é aprendizagem, novas idéias são essenciais, mas não bastam: a organização de
aprendizagem deve ser capaz de criar, adquirir e transferir conhecimento, bem como traduzi-lo
em novas formas de comportamento.
O conhecimento está presente, no seio das empresas, nas áreas de Pesquisa e
Desenvolvimento – P&D, e Treinamento e Desenvolvimento – T & D. As universidades
corporativas, por sua vez, têm um perfil proativo, enfoque estratégico, envolvendo também o
conhecimento a respeito da indústria em que a empresa opera (fornecedores, clientes e
concorrentes), do setor no qual está inserida e das competências básicas do negócio. Segundo
Alperstedt (2003), nessas condições a gestão do conhecimento é de fato realizada no que
compete ao subsistema de disseminação do conhecimento, visto que a gestão de
conhecimento, de maneira geral, compreende diferentes subsistemas relativos aos processos
de identificação, criação, captura, organização, disseminação e uso do conhecimento no
ambiente organizacional.

Universidade corporativa como fonte de vantagem competitiva


A economia de mercado se tornou o único caminho de desenvolvimento considerado pelo
poder político de quase todos os países do mundo, por isso a concorrência se tornou uma
forma de relação onipresente.
Para que as modernas organizações possam se preparar para enfrentar a competição nos
padrões da nova configuração internacional, Eboli (2003) diz que é imprescindível uma revisão
urgente na gestão de recursos humanos. E este seria o principal desafio à gestão de pessoas:
gerar resultados que enriqueçam o valor da organização para clientes, investidores e
funcionários.
Neste sentido, a educação corporativa será fundamental nesse processo, pois ela representa a
energia geradora de sujeitos modernos, capazes de refletir criticamente sobre a realidade
organizacional, de construí-la e modificá-la continuamente em nome da competitividade e do
sucesso. A mesma autora enfoca que a educação corporativa favorece a inteligência e o alto
desempenho da organização, na busca incansável de bons resultados. Não é por coincidência
que o tema universidades corporativas tem despertado tanto interesse nas empresas, pois as
universidades corporativas têm se revelado como eficazes veículos para o alinhamento e
desenvolvimento dos talentos humanos às estratégias empresariais.
Para Junqueira (2003), os diferenciais competitivos de uma universidade corporativa são:

- As parcerias com os consultores devem ser alianças de natureza proativa, em que cada um
se preocupe com a educação dos talentos humanos requerida para o futuro.
- Criação de uma cultura de empreendedorismo em substituição à mentalidade tradicional.
- Fixação e disseminação dos conceitos de educação permanente, autodesenvolvimento e
learning.
- Pioneirismo no segmento em que atua.
- Utilização da universidade como instrumento de visibilidade institucional.
- As participações eficazes nos programas de treinamento, disponibilizados pela universidade,
bem como a disseminação dos conteúdos e práticas dos conceitos, reverterão em benefício do
treinando, como:
a) contar pontos para o sistema de gestão de competências e potencial;
b) influenciar no bônus/participação de resultados;
c) permitir maior acesso a oportunidades internas;
d) permitir acesso a outros treinamentos;
e) servir como base para prêmios qualitativos.
- É importante desenvolver parcerias de longo prazo com as consultorias-chave, universidades,
fazendo com que estas estejam altamente comprometidas com o projeto universidade
corporativa.
- Os facilitadores/consultores deverão conhecer os negócios da empresa, seus valores e
princípios, bem como a missão da universidade.
- Para validação dos resultados alcançados com os programas da universidade, procurar
mensurá-los por meio de projetos/ações implementados com envolvimento anterior e posterior
dos líderes mediatos e imediatos dos treinandos.
- Programas da Universidade valendo como crédito em programas de universidades
tradicionais.
- Retenção de talentos e visualização de oportunidades de desenvolvimento em um mercado
altamente competitivo.
- Com vistas a mensurar os resultados da universidade, devem ser atrelados seus processos a
indicadores-chave (aprendizado e benefícios para o negócio).

Devido ao fato de as empresas estarem exigindo para seus funcionários uma educação mais
focada e mais alinhada em termos estratégicos, o mundo acadêmico terá de redefinir seus
negócios e até mesmo considerar a operação de franquias nas dependências de seus
parceiros corporativos.
As instituições acadêmicas, à medida que se sentirem mais confortáveis em seu papel de
parceiros empresariais, poderão descobrir que é útil abraçar um leque maior de estratégias
orientadas para o mercado, que variam de uma presença local em uma organização ao
licenciamento/merchandisind de seu currículo, que será transferido de e para empresas e seus
parceiros de aprendizagem. A parceria entre as IES e as universidades corporativas representa
uma oportunidade.
Se as universidades tradicionais não modificarem suas estruturas, continuarem a não atender o
aluno como cliente e consumidor de conhecimento e não se orientarem para o mercado, as
universidades corporativas se transformarão em competidoras diretas da educação formal.
De toda forma, podemos dizer, conforme Trevisan, apud Almeida (1999), que "as empresas
serão cada vez mais escolas e as escolas cada vez mais empresas".

2 Educação a distância.
De acordo com José Manuel Moran, Educação a distância é o processo de ensino-
aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial
e/ou temporalmente.
É ensino/aprendizagem onde professores e alunos não estão normalmente juntos, fisicamente,
mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas,
como a Internet. Mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o
CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes.
Na expressão "ensino a distância" a ênfase é dada ao papel do professor (como alguém que
ensina a distância). Preferimos a palavra "educação" que é mais abrangente, embora nenhuma
das expressões seja perfeitamente adequada.
Hoje temos a educação presencial, semi-presencial (parte presencial/parte virtual ou a
distância) e educação a distância (ou virtual). A presencial é a dos cursos regulares, em
qualquer nível, onde professores e alunos se encontram sempre num local físico, chamado sala
de aula. É o ensino convencional. A semi-presencial acontece em parte na sala de aula e outra
parte a distância, através de tecnologias. A educação a distância pode ter ou não momentos
presenciais, mas acontece fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente
no espaço e ou no tempo, mas podendo estar juntos através de tecnologias de comunicação.
Outro conceito importante é o de educação contínua ou continuada, que se dá no processo de
formação constante, de aprender sempre, de aprender em serviço, juntando teoria e prática,
refletindo sobre a própria experiência, ampliando-a com novas informações e relações.
A educação a distância pode ser feita nos mesmos níveis que o ensino regular. No ensino
fundamental, médio, superior e na pós-graduação. É mais adequado para a educação de
adultos, principalmente para aqueles que já têm experiência consolidada de aprendizagem
individual e de pesquisa, como acontece no ensino de pós-graduação e também no de
graduação.
Há modelos exclusivos de instituições de educação a distância, que só oferecem programas
nessa modalidade, como a Open University da Inglaterra ou a Universidade Nacional a
Distância da Espanha. A maior parte das instituições que oferecem cursos a distância também
o fazem no ensino presencial. Esse é o modelo atual predominante no Brasil.
As tecnologias interativas, sobretudo, vêm evidenciando, na educação a distância, o que
deveria ser o cerne de qualquer processo de educação: a interação e a interlocução entre
todos os que estão envolvidos nesse processo.
Na medida em que avançam as tecnologias de comunicação virtual (que conectam pessoas
que estão distantes fisicamente como a Internet, telecomunicações, videoconferência, redes de
alta velocidade) o conceito de presencialidade também se altera. Poderemos ter professores
externos compartilhando determinadas aulas, um professor de fora "entrando" com sua
imagem e voz, na aula de outro professor... Haverá, assim, um intercâmbio maior de saberes,
possibilitando que cada professor colabore, com seus conhecimentos específicos, no processo
de construção do conhecimento, muitas vezes a distância.
O conceito de curso, de aula também muda. Hoje, ainda entendemos por aula um espaço e um
tempo determinados. Mas, esse tempo e esse espaço, cada vez mais, serão flexíveis. O
professor continuará "dando aula", e enriquecerá esse processo com as possibilidades que as
tecnologias interativas proporcionam: para receber e responder mensagens dos alunos, criar
listas de discussão e alimentar continuamente os debates e pesquisas com textos, páginas da
Internet, até mesmo fora do horário específico da aula. Há uma possibilidade cada vez mais
acentuada de estarmos todos presentes em muitos tempos e espaços diferentes. Assim, tanto
professores quanto alunos estarão motivados, entendendo "aula" como pesquisa e intercâmbio.
Nesse processo, o papel do professor vem sendo redimensionado e cada vez mais ele se torna
um supervisor, um animador, um incentivador dos alunos na instigante aventura do
conhecimento.
As crianças, pela especificidade de suas necessidades de desenvolvimento e socialização,
não podem prescindir do contato físico, da interação. Mas nos cursos médios e superiores, o
virtual, provavelmente, superará o presencial. Haverá, então, uma grande reorganização das
escolas. Edifícios menores. Menos salas de aula e mais salas ambiente, salas de pesquisa, de
encontro, interconectadas. A casa e o escritório serão, também, lugares importantes de
aprendizagem.
Poderemos também oferecer cursos predominantemente presenciais e outros
predominantemente virtuais. Isso dependerá da área de conhecimento, das necessidades
concretas do currículo ou para aproveitar melhor especialistas de outras instituições, que seria
difícil contratar.
Estamos numa fase de transição na educação a distância. Muitas organizações estão se
limitando a transpor para o virtual adaptações do ensino presencial (aula multiplicada ou
disponibilizada). Há um predomínio de interação virtual fria (formulários, rotinas, provas, e-mail)
e alguma interação on-line (pessoas conectadas ao mesmo tempo, em lugares diferentes).
Apesar disso, já é perceptível que começamos a passar dos modelos predominantemente
individuais para os grupais na educação a distância. Das mídias unidirecionais, como o jornal, a
televisão e o rádio, caminhamos para mídias mais interativas e mesmo os meios de
comunicação tradicionais buscam novas formas de interação. Da comunicação off-line estamos
evoluindo para um mix de comunicação off e on-line (em tempo real).
Educação a distância não é um "fast-food" em que o aluno se serve de algo pronto. É uma
prática que permite um equilíbrio entre as necessidades e habilidades individuais e as do grupo
- de forma presencial e virtual. Nessa perspectiva, é possível avançar rapidamente, trocar
experiências, esclarecer dúvidas e inferir resultados. De agora em diante, as práticas
educativas, cada vez mais, vão combinar cursos presenciais com virtuais, uma parte dos
cursos presenciais será feita virtualmente, uma parte dos cursos a distância será feita de forma
presencial ou virtual-presencial, ou seja, vendo-nos e ouvindo-nos, intercalando períodos de
pesquisa individual com outros de pesquisa e comunicação conjunta. Alguns cursos poderemos
fazê-los sozinhos, com a orientação virtual de um tutor, e em outros será importante
compartilhar vivências, experiências, idéias.
A Internet está caminhando para ser audiovisual, para transmissão em tempo real de som e
imagem (tecnologias streaming, que permitem ver o professor numa tela, acompanhar o
resumo do que fala e fazer perguntas ou comentários). Cada vez será mais fácil fazer
integrações mais profundas entre TV e WEB (a parte da Internet que nos permite navegar,
fazer pesquisas...). Enquanto assiste a determinado programa, o telespectador começa a poder
acessar simultaneamente às informações que achar interessantes sobre o programa,
acessando o site da programadora na Internet ou outros bancos de dados.
As possibilidades educacionais que se abrem são fantásticas. Com o alargamento da banda de
transmissão, como acontece na TV a cabo, torna-se mais fácil poder ver-nos e ouvir-nos a
distância. Muitos cursos poderão ser realizados a distância com som e imagem, principalmente
cursos de atualização, de extensão. As possibilidades de interação serão diretamente
proporcionais ao número de pessoas envolvidas.
Teremos aulas a distância com possibilidade de interação on-line (ao vivo) e aulas presenciais
com interação a distância.
Algumas organizações e cursos oferecerão tecnologias avançadas dentro de uma visão
conservadora (só visando o lucro, multiplicando o número de alunos com poucos professores).
Outras oferecerão cursos de qualidade, integrando tecnologias e propostas pedagógicas
inovadoras, com foco na aprendizagem e com um mix de uso de tecnologias: ora com
momentos presenciais; ora de ensino on-line (pessoas conectadas ao mesmo tempo, em
lugares diferentes); adaptação ao ritmo pessoal; interação grupal; diferentes formas de
avaliação, que poderá também ser mais personalizada e a partir de níveis diferenciados de
visão pedagógica.
O processo de mudança na educação a distância não é uniforme nem fácil. Iremos mudando
aos poucos, em todos os níveis e modalidades educacionais. Há uma grande desigualdade
econômica, de acesso, de maturidade, de motivação das pessoas. Alguns estão preparados
para a mudança, outros muitos não. É difícil mudar padrões adquiridos (gerenciais, atitudinais)
das organizações, governos, dos profissionais e da sociedade. E a maioria não tem acesso a
esses recursos tecnológicos, que podem democratizar o acesso à infomação. Por isso, é da
maior relevância possibilitar a todos o acesso às tecnologias, à informação significativa e à
mediação de professores efetivamente preparados para a sua utilização inovadora.
Educação a distância (EaD, também chamada de teleducação), por vezes designada
erradamente por ensino à distância, é a modalidade de ensino que permite que o aprendiz
não esteja fisicamente presente em um ambiente formal de ensino-aprendizagem, assim como,
permite também que faça seu auto estudo em tempo distinto. Diz respeito também à separação
temporal ou espacial entre o professor e o aprendiz.
A interligação (conexão) entre professor e aluno se dá por meio de tecnologias, principalmente
as telemáticas, como a Internet, em especial as hipermídias, mas também podem ser utilizados
o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax, o celular, o iPod, o
notebook, entre outras tecnologias semelhantes.
Na expressão ensino a distância a ênfase é dada ao papel do professor (como alguém que
ensina a distância). O termo educação é preferido por ser mais abrangente, embora nenhuma
das expressões, segundo o professor, seja plenamente completa.
História
A educação a distância (EaD), em sua forma empírica, é conhecida desde o século XIX.
Entretanto, somente nas últimas décadas passou a fazer parte das atenções pedagógicas. Ela
surgiu da necessidade do preparo profissional e cultural de milhões de pessoas que, por vários
motivos, não podiam freqüentar um estabelecimento de ensino presencial, e evoluiu com as
tecnologias disponíveis em cada momento histórico, as quais influenciam o ambiente educativo
e a sociedade.
Na Antiguidade
Inicialmente na Grécia antiga, e depois em Roma, existiam redes de comunicação que
permitiam o desenvolvimento significativo da correspondência e, por conseqüência, a troca de
informações.
Hoje temos a educação presencial, semi-presencial (parte presencial/parte virtual ou a
distância) e educação a distância (ou virtual). A presencial é a dos cursos regulares, em
qualquer nível, onde professores e alunos se encontram sempre num local físico, chamado sala
de aula. É o ensino convencional. A semi-presencial acontece em parte na sala de aula e outra
parte a distância, através de tecnologias. A educação a distância pode ter ou não momentos
presenciais, mas acontece fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente
no espaço e ou no tempo, mas podendo estar juntos através de tecnologias de comunicação.
Os séculos XVII e XVIII
Com a Revolução Científica iniciada no século XVII, as cartas comunicando informações
científicas inauguraram uma nova era na arte de ensinar. Segundo Lobo Neto (1995), um
primeiro marco da educação a distância foi o anúncio publicado na Gazeta de Boston, no dia
20 de março de 1728, pelo professor de taquigrafia Cauleb Phillips: "Toda pessoa da região,
desejosa de aprender esta arte, pode receber em sua casa várias lições semanalmente e ser
perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em Boston".
O século XIX
Em 1833, um anúncio publicado na Suécia já se referia ao ensino por correspondência, e na
Inglaterra, em 1840, Isaac Pitman sintetizou os princípios da taquigrafia em cartões postais que
trocava com seus alunos. No entanto, o desenvolvimento de uma ação institucionalizada de
educação a distância teve início a partir da metade do século XIX.
Em 1856, em Berlim, Charles Toussaint e Gustav Langenscheidt fundaram a primeira escola
por correspondência destinada ao ensino de línguas. Posteriormente, em 1873, em Boston,
Anna Eliot Ticknor criou a Society to Encourage Study at Home. Em 1891, Thomas J. Foster
iniciou em Scarnton (Pensilvânia) o International Correspondence Institute, com um curso sobre
medidas de segurança no trabalho de mineração.
Em 1891, a administração da Universidade de Wisconsin aceitou a proposta de seus
professores para organizar cursos por correspondência nos serviços de extensão universitária.
Um ano depois, o reitor da Universidade de Chicago, William R. Harper, que já havia
experimentado a utilização da correspondência na formação de docentes para as escolas
dominicais, criou uma Divisão de Ensino por Correspondência no Departamento de Extensão
daquela Universidade.
Por volta de 1895, em Oxford, Joseph W. Knipe, após experiência bem-sucedida preparando
por correspondência duas turmas de estudantes, a primeira com seis e a segunda com trinta
alunos, para o Certificated Teacher’s Examination, iniciou os cursos de Wolsey Hall utilizando o
mesmo método de ensino. Já em 1898, em Malmö, na Suécia, Hans Hermod, diretor de uma
escola que ministrava cursos de línguas e cursos comerciais, ofereceu o primeiro curso por
correspondência, dando início ao famoso Instituto Hermod.
História Moderna
No final da Primeira Guerra Mundial, surgiram novas iniciativas de ensino a distância em
virtude de um considerável aumento da demanda social por educação, confirmando, de certo
modo, as palavras de William Harper, escritas em 1886 "Chegará o dia em que o volume da
instrução recebida por correspondência será maior do que o transmitido nas aulas de nossas
academias e escolas; em que o número dos estudantes por correspondência ultrapassará o
dos presenciais."
O aperfeiçoamento dos serviços de correio, a agilização dos meios de transporte e, sobretudo,
o desenvolvimento tecnológico aplicado ao campo da comunicação e da informação influíram
decisivamente nos destinos da educação a distância. Em 1922, a antiga União Soviética
organizou um sistema de ensino por correspondência que em dois anos passou a atender 350
mil usuários. A França criou em 1939 um serviço de ensino por via postal para a clientela de
estudantes deslocados pelo êxodo.
A partir daí, começou a utilização de um novo meio de comunicação, o rádio, que penetrou
também no ensino formal. O rádio alcançou muito sucesso em experiências nacionais e
internacionais, tendo sido bastante explorado na América Latina nos programas de educação a
distância do Brasil, Colômbia, México, Venezuela, entre outros.
Após as décadas de 1960 e 1970, a educação a distância, embora mantendo os materiais
escritos como base, passou a incorporar articulada e integradamente o áudio e o videocassete,
as transmissões de rádio e televisão, o videotexto, o computador e, mais recentemente, a
tecnologia de multimeios, que combina textos, sons, imagens, assim como mecanismos de
geração de caminhos alternativos de aprendizagem (hipertextos, diferentes linguagens) e
instrumentos para fixação de aprendizagem com feedback imediato (programas tutoriais
informatizados) etc..
Atualmente, o ensino não presencial mobiliza os meios pedagógicos de quase todo o mundo,
tanto em nações industrializadas quanto em países em desenvolvimento. Novos e mais
complexos cursos são desenvolvidos, tanto no âmbito dos sistemas de ensino formal quanto
nas áreas de treinamento profissional.
A educação a distância foi utilizada inicialmente como recurso para superação de deficiências
educacionais, para a qualificação profissional e aperfeiçoamento ou atualização de
conhecimentos. Hoje, cada vez mais foi também usada em programas que complementam
outras formas tradicionais, face a face, de interação, e é vista por muitos como uma
modalidade de ensino alternativo que pode complementar parte do sistema regular de ensino
presencial. Por exemplo, a Universidade Aberta oferece comercialmente somente cursos a
distância, sejam cursos regulares ou profissionalizantes. A Virtual University oferece cursos
gratuitos.
Gerações
O desenvolvimento da EaD pode ser descrito basicamente em três gerações, conforme os
avanços e recursos tecnológicos e de comunicação de cada época.
- Primeira geração: Ensino por correspondência, caracterizada pelo material impresso
iniciado no século XIX. Nesta modalidade, por exemplo, o pioneiro no Brasil é o Instituto
Monitor, que, em 1939, ofereceu o primeiro curso por correspondência, de Radiotécnico. Em
seguida, temos o Instituto Universal Brasileiro atuando há mais de dezenas de anos nesta
modalidade educativa, no país…
- Segunda geração: Teleducação/Telecursos, com o recurso aos programas radiofônicos e
televisivos, aulas expositivas, fitas de vídeo e material impresso. A comunicação síncrona
predominou neste período. Nesta fase, por exemplo, destacaram-se a Telescola, em Portugal,
e o Projeto Minerva, no Brasil;
- Terceira geração: Ambientes interativos, com a eliminação do tempo fixo para o acesso à
educação, a comunicação é assíncrona em tempos diferentes e as informações são
armazernadas e acessadas em tempos diferentes sem perder a interatividade. As inovações da
World Wide Web possibilitaram avanços na educação a distância nesta geração do século XXI.
Hoje os meios disponíveis são: teleconferência, chat, fóruns de discussão, correio eletrônico,
blogues, espaços wiki, plataformas de ambientes virtuais que possibilitam interação
multidirecional entre alunos e tutores.
Aspecto ideológico
A EaD caracteriza-se pelo estabelecimento de uma comunicação de múltiplas vias, suas
possibilidades ampliaram-se em meio às mudanças tecnológicas como uma modalidade
alternativa para superar limites de tempo e espaço. Seus referenciais são fundamentados nos
quatro pilares da Educação do Século XXI publicados pela UNESCO, que são: aprender a
conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.
Assim, a Educação deixa de ser concebida como mera transferência de informações e passa a
ser norteada pela contextualização de conhecimentos úteis ao aluno. Na educação a distância,
o aluno é desafiado a pesquisar e entender o conteúdo, de forma a participar da disciplina.
Sistemática
Nesta modalidade de ensino estudantes e professores não necessitam estar presentes num
local específico durante o período de formação. Desde os primórdios do ensino a distância,
utiliza-se a correspondência postal para enviar material ao estudante, seja na forma escrita, em
vídeos, cassetes áudio ou CD-ROMs, bem como a correcção e comentários aos exercícios
enviados, depois de feitos pelo estudante. Depois do advento da Internet, o e-mail e todos os
recursos disponíveis na World Wide Web tornaram-se largamente utilizados, ampliando o
campo de abrangência da EaD. Em alguns casos, é pedido ao estudante que esteja presente
em determinados locais para realizar a sua avaliação. A presencialidade é muitas vezes
necessária no processo de educação.
Metodologias utilizadas
No ensino a distância não deve haver diferença entre a metodologia utilizada no ensino
presencial. As metodologias mais eficientes no ensino presencial são também as mais
adequadas ao ensino a distância. O que muda, basicamente, não é a metodologia de ensino,
mas a forma de comunicação. Isso implica afirmar que o simples uso de tecnologias avançadas
não garante um ensino de qualidade, , segundo as mais modernas concepções de ensino. As
estratégias de ensino devem incorporar as novas formas de comunicação e, também,
incorporar o potencial de informação da Internet.
A Educação apoiada pelas novas tecnologias digitais foi enormemente impulsionada assim que
a banda larga começou a se firmar, e a Internet passou a ser potencialmente um veículo para a
comunicação a distância.
A EaD caracteriza-se pelo estabelecimento de uma comunicação de múltiplas vias, suas
possibilidades ampliaram-se em meio às mudanças tecnológicas como uma modalidade
alternativa para superar limites de tempo e espaço.
Ambientes virtuais de aprendizagem (AVA)
O ambiente virtual de aprendizagem ou LMS(Learning Management System) é um software
baseado na Internet que facilita a gestão de cursos no ambiente virtual. Existem diversos
programas disponíveis no mercado de forma gratuíta ou não. O Blackboard é um exemplo de
AVA pago e o Moodle é um sistema gratuíto e de código aberto. Todo o conteudo, interação
entre os alunos e professores são realizado dentro deste ambiente. De acordo com Clark e
Mayer(2007), os ambientes virtuais são elementos fundamentais na tarefa de ensino, porém
carecem de suporte pedagógico adequado em relação ao processo de aprendizagem.
O professor como mediador no EAD
Nesse processo de aprendizagem, assim como no ensino regular o orientador ou o tutor da
aprendizagem atua como "mediador", isto é, aquele que estabelece uma rede de comunicação
e aprendizagem multidirecional, através de diferentes meios e recursos da tecnologia da
comunicação, não podendo assim, se desvincular do sistema educacional e deixar de cumprir
funções pedagógicas no que se refere à construção da ambiência de aprendizagem. Esta
mediação tem a tarefa adicional de vencer a distância física entre educador e o educando. O
qual, deverá ser auto-disciplinado e auto-motivado, para que possa superar os desafios e as
dificuldades que surgirem durante o processo de ensino-aprendizagem.
Hoje, se tem uma educação diferenciada como: presencial, semi-presencial e educação à
distância. A presencial são os cursos regulares onde professores e alunos se encontram
sempre numa instituição de ensino. A semi-presencial, acontece em parte na sala de aula e
outra parte a distância, utilizando tecnologia da informação.
As pessoas se deparam a cada dia com novos recursos trazidos por esta tecnologia, que evolui
rapidamente atingindo os ramos das instituições de ensino. Falar de educação hoje, tem uma
abrangência muito maior, e fica impossível não falar na educação sem nos remetermos à
educação a distância, com todos os avanços tecnológicos proporcionando maior interatividade
entre as pessoas. Utilizando os meios tecnológicos a EaD veio para derrubar tabus e começar
uma nova era em termo de educação.
Esse tipo de aprendizagem não é mais uma alternativa, para quem não disponibiliza da
educação formal, mas se tornou uma modalidade de ensino de qualidade que possibilita a
aprendizagem de um número maior de pessoas. Antes o EaD não tinha credibilidade era um
assunto polêmico e trazia muitas divergências, mas hoje esse tipo de ensino vem conquistando
o seu espaço. Porém, não é a modalidade de ensino que determina o aprendizado, seja ela
presencial ou à distância, aprendizagem se tornou hoje sinônimo de esforço e dedicação de
cada um.
Perspectivas atuais
Atualmente, a educação a distância possibilita a inserção do aluno como sujeito de seu
processo de aprendizagem, com a vantagem de que ele também descobre formas de tornar-se
sujeito ativo da pesquisa e do compartilhar de conteúdos. Cabe às instituições que promovem o
ensino a distância buscar desenvolver seus programas de acordo com os quatro pilares da
educação, definidos pela Unesco.
Aprender a conviver diz respeito ao desenvolvimento da capacidade de aceitar a diversidade,
conviver com as diferenças, estabelecer relações cordiais com a diversidade cultural
respeitando-a e contribuindo para a harmonia mundial.
E-learning
O termo e-Learning é fruto de uma combinação ocorrida entre o ensino com auxílio da
tecnologia e a educação a distância. Ambas modalidades convergiram para a educação online
e para o treinamento baseado em Web, que ao final resultou no e-Learning.
EaD no mundo
A Suécia registrou sua primeira experiência em 1833, com um curso de Contabilidade. Na
mesma época, fundou-se na Alemanha em 1856 o primeiro instituto de ensino de línguas por
correspondência. O modelo de ensino foi iniciado na Inglaterra em 1840, e, em 1843 foi criada
a Phonografic Corresponding Society. Fundada em 1962, a Universidade Aberta mantém um
sistema de consultoria, auxiliando outras nações a implementar uma educação a distância de
qualidade. Também no século XIX, a EaD foi iniciada nos Estados Unidos da América na
Illinois Weeleyan University.
Já no século XX, em 1974, a Universidade Aberta Allma Iqbal no Paquistão iniciou a formação
de docentes via EaD. A partir de 1980, a Universidade Aberta de Sri Lanka passou a atender
setores importantes para o desenvolvimento do país: profissões tecnológicas e formação
docente. Na Tailândia, a Universidade Aberta Sukhothiai Thommathirat tem cerca de 400 mil
estudantes em diferentes setores e modalidades.
Criada em 1984, a Universidade de Terbuka na Indonésia surgiu para atender forte demanda
de estudos superiores, e prevê chegar a cinco milhões de estudantes. Já na Índia, criada em
1985, a Universidade Nacional Aberta Indira Gandhi tem objetivo de atender a demanda de
ensino superior.
A Austrália é um dos países que mais investe em EaD, mas não tem nenhuma universidade
especializada nesta modalidade. Nas universidades de Queensland, New England, Macquary,
Murdoch e Deakin, a proporção de estudantes a distância é maior ou igual à de estudantes
presenciais.
Na América Latina programas existentes incluem o Programa Universidade Aberta, inserido na
Universidade Autônoma do México (criada em 1972), a Universidade Estatal a Distância da
Costa Rica (de 1977), a Universidade Nacional Aberta da Venezuela (também de 1977) e a
Universidade Estatal Aberta e a Distância da Colômbia (criada em 1983).
Brasil
No Brasil, desde a fundação do Instituto Rádio Técnico Monitor, em 1939, o hoje Instituto
Monitor, depois do Instituto Universal Brasileiro, em 1941, e o Instituto Padre Reus em 1974,
várias experiências de educação a distância foram iniciadas e levadas a termo com relativo
sucesso. As experiências brasileiras, governamentais e privadas, foram muitas e
representaram, nas últimas décadas, a mobilização de grandes contingentes de recursos. Os
resultados do passado não foram suficientes para gerar um processo de aceitação
governamental e social da modalidade de educação a distância no país. Porém, a realidade
brasileira já mudou e nosso governo criou leis e estabeleceu normas para a modalidade de
educação a distância em nosso país.
Em 1904, escolas internacionais, que eram instituições privadas, ofereciam cursos pagos, por
correspondência. Em 1934, Edgard Roquette-Pinto instalou a Rádio-Escola Municipal no Rio
de Janeiro no projeto para a então Secretaria Municipal de Educação do Distrito Federal
dirigida por Anísio Teixeira integrando o rádio com o cinema educativo(Humberto Mauro)a
biblioteca e o museu escolar numa pioneira proposta de educação à distância. Estudantes
tinham acesso prévio a folhetos e esquemas de aulas. Utilizava também correspondência para
contato com estudantes. Já em 1939 surgiu em São Paulo (cidade) o Instituto Monitor, na
época ainda com o nome Instituto Rádio Técnico Monitor. Dois anos mais tarde surge a
primeira Universidade do Ar, que durou até 1944. Entretanto, em 1947 surge a Nova
Universidade do Ar, patrocinada pelo SENAC, SESC e emissoras associadas.
Durante a década de 1960, com o Movimento de Educação de Base (MEB), Igreja Católica e
Governo Federal utilizavam um sistema radio-educativo: educação, conscientização,
politização, educação sindicalista etc.. Em 1970 surge o Projeto Minerva, um convênio entre
Fundação Padre Landell de Moura e Fundação Padre Anchieta para produção de textos e
programas. Dois anos mais tarde, o Governo Federal enviou à Inglaterra um grupo de
educadores, tendo à frente o conselheiro Newton Sucupira: o relatório final marcou uma
posição reacionária às mudanças no sistema educacional brasileiro, colocando um grande
obstáculo à implantação da Universidade Aberta e a Distância no Brasil.
Na década de 1970, a Fundação Roberto Marinho era um programa de educação supletiva a
distância, para ensino fundamental e ensino médio. Entre as décadas de 1970 e 1980,
fundações privadas e organizações não-governamentais iniciaram a oferta de cursos supletivos
a distância, no modelo de teleducação, com aulas via satélite complementadas por kits de
materiais impressos, demarcando a chegada da segunda geração de EaD no país. A maior
parte das Instituições de Ensino Superior brasileiras mobilizou-se para a EaD com o uso de
novas tecnologias da comunicação e da informação somente na década de 1990. Em 1992, foi
criada a Universidade Aberta de Brasília (Lei 403/92), podendo atingir três campos distintos: a
ampliação do conhecimento cultural com a organização de cursos específicos de acesso a
todos, a educação continuada, reciclagem profissional às diversas categorias de trabalhadores
e àqueles que já passaram pela universidade; e o ensino superior, englobando tanto a
graduação como a pós-graduação. Em 1994, teve início a expansão da Internet no ambiente
universitário. Dois anos depois, surgiu a primeira legislação específica para educação a
distância no ensino superior. As bases legais para essa modalidade foram estabelecidas pela
Lei de Diretrizes e Bases na Educação Nacional n°9.394, de 20 de dezembro de 1996,
regulamentada pelo decreto n°5.622 de 20 de dezembro de 2005, que revogou os decretos
n°2.494 de 10/02/98, e n°2.561 de 27/04/98, com normatização definida na Portaria Ministerial
n°4.361 de 2004. No decreto n°5.622 dita que, ficam obrigatórios os momentos presenciais
para avaliação, estágios, defesas de trabalhos e conclusão de curso. Classifica os níveis de
modalidades educacionais em educação básica, de jovens e adultos, especial, profissional e
superior; Os cursos deverão ter a mesma duração definida para os cursos na modalidade
presencial; Os cursos poderão aceitar transferência e aproveitar estudos realizados em cursos
presenciais, da mesma forma que cursos presenciais poderão aproveitar estudos realizados
em cursos à distância. Regulariza o credenciamento de instituições para oferta de cursos e
programas na modalidade à distância (básica, de jovens e adultos, especial, profissional e
superior).
Em Maio de 2009, a ABED - Associação Brasileira de Educação a Distância organizou o 7º
SENAED - Seminário Nacional ABED de Educação a Distância totalmente online, envolvendo
nas atividades palestrantes do Brasil, Portugal e outros países de língua portuguesa.
Aplicações
Existem diversas aplicações da educação a distância. O ensino de ciências jurídicas e língua
portuguesa já possuem aplicações bastante fundamentadas. Em 2006 foi lançado o projeto
wikiversidade, ainda em fase experimental. Trata-se de um grande projeto de ensino
colaborativo mediado pela internet com várias aplicações inclusive o nível superior.
Ensino jurídico a distância
O ensino jurídico a distância é o ensino da ciência do Direito a Distância, ou a aplicação da
educação a distância à esta ciência.
O ensino jurídico por transmissão de imagens via satélite é largamente utilizado no Brasil por
empresas de ensino jurídico, que erigem canais de TV digital via satélite para transmitir aulas
para todo o território. Estas aulas tem o objetivo principal de preparação para concursos
públicos, sendo uma seara comercialmente lucrativa, visto que o ensino jurídico nas
universidades nem sempre é de bom nível.
O ensino jurídico a distância é pouco utilizado pelas universidades brasileiras como alternativa
e auxílio na formação dos estudantes para a vida prática profissional. É inegável a vantagem
que existiria na associação de universidades públicas e particulares para a produção e
distribuição de conteúdo jurídico.
No Brasil, não há nenhum curso de direito autorizado na modalidade à distância.
Língua portuguesa
O professor Sérgio Guidi foi um dos pioneiros no ensino à distância público no Brasil. [10] De
1988 a 1993 o professor de Língua Portuguesa da Universidade Católica de Santos, em São
Paulo, manteve cursos de atualização em Português Instrumental a Distância. Destinava-se a
profissionais que tinham na língua portuguesa ferramenta de trabalho mas, em razão da
ocupação laboriosa não podiam freqüentar uma escola regular.
Através do sistema MINITEL, que no Brasil era chamado videotexto, dez capítulos de
atualização na língua portuguesa foram criados como: grafia correta de palavras, acentuação
gráfica, uso correto de expressões. Certificados eram emitidos para todo o país. Na
Universidade Católica a elaboração dos conteúdos ficava a cargo do Laboratório de
Telemática, fechado em 1995 pelo então diretor da Faculdade de Comunicação, professor
Marco Antonio Batan.
Administração de empresas
O ensino a distância em Administração de empresas é uma área que vem se desenvolvendo.
Experiências em países de língua portuguesa, notadamente no Brasil, e em em outros países
tem demonstrado uma atividade já consolidada.
No Brasil, o MEC intensifica o seu apoio governamental a cursos a distância para nível superior
(stricto sensu e latu sensu), entre outras áreas para cursos de administração.
A. EDUCAÇÃO BÁSICA na modalidade de Educação a Distância:
De acordo com o Art. 30º do Decreto n.º 5.622/05, "As instituições credenciadas para a oferta
de educação a distância poderão solicitar autorização, junto aos órgãos normativos dos
respectivos sistemas de ensino, para oferecer os ensinos fundamental e médio a distância,
conforme § 4o do art. 32 da Lei no 9.394, de 1996, exclusivamente para:
I - a complementação de aprendizagem; ou
II - em situações emergenciais.
Para oferta de cursos a distância dirigidos à educação fundamental de jovens e adultos, ensino
médio e educação profissional de nível técnico, o Decreto n.º 5.622/05 delegou competência às
autoridades integrantes dos sistemas de ensino de que trata o artigo 8º da LDB, para promover
os atos de credenciamento de instituições localizadas no âmbito de suas respectivas
atribuições.
Assim, as propostas de cursos nesses níveis deverão ser encaminhadas ao órgão do sistema
municipal ou estadual responsável pelo credenciamento de instituições e autorização de cursos
(Conselhos Estaduais de Educação) – a menos que se trate de instituição vinculada ao sistema
federal de ensino, quando, então, o credenciamento deverá ser feito pelo Ministério da
Educação. (fonte: Mec)

3 Projeto pedagógico.
De acordo com Carolina Bedendo, a dimensão pedagógica é o aspecto mais essencial de
qualquer modelo de educação corporativa, na qual pode-se enxergar “a alma de cada
uma delas”.
É na concepção pedagógica que se distingue os variados modelos empregados pelas
organizações, a partir da definição das suas variáveis qualitativas.
O desenho do modelo pedagógico, ou na melhor definição, do projeto pedagógico é que
vai nortear as ações da educação corporativa. Para tanto, deve estar em consonância com
todos os agentes envolvidos, o que significa que a sua operação, desde a elaboração,
implantação, execução e avaliação requer uma profunda mudança na cultura da organização.
Geralmente, inicia-se o trabalho a partir do levantamento das principais necessidades das
equipes, através dos gerentes.
Este trabalho deve ser abrigado pelos responsáveis dos processos educacionais; no
caso, defendo aqui a atuação do pedagogo, pois como um profissional da educação tem ao
seu alcance o melhor conhecimento acerca dos modelos pedagógicos de ensino e
aprendizagem, tomando como princípio o público alvo da ação educativa, o que não
caracteriza o trabalho educativo de “treinamentos” aplicados por empresas de consultoria, que
mantém um mesmo plano para variadas empresas, como pôde ser visto no levantamento de
dados na empresa na qual realizei minha pesquisa de campo para a elaboração deste
trabalho.
Para a construção de um projeto pedagógico, o profissional da educação deve considerar:
- a identificação da demanda e da oferta dos cursos – estando inserido dentro da
organização, “tendo” que agir conforme surgem as necessidades de cada equipe de
trabalho;
- a caracterização do público-alvo, ou seja, o pedagogo comprometido com seu papel de
formador, deve buscar conhecer a cultura de quem aprende e trabalhar levando-a em
consideração no processo de ensino e aprendizagem, buscando de maneira dialogada a
construção do conhecimento que se vise contextualizado e não meramente imposto;
- a escolha das metodologias de ensino, incluindo o material didático que há de se utilizar, de
maneira a buscar a interatividade, a comunicação, a troca de saberes e experiências entre os
educandos de modo a estabelecer uma aprendizagem crítica para o trabalhador.
Após a elaboração de um projeto pedagógico, o pedagogo parte para a implantação na
prática com os educandos ou define a equipe a pôr em prática o projeto elaborado.
Em educação corporativa, como se viu, muitas práticas, talvez a maioria, são realizadas a
distância. Sendo assim, o processo de ensino e aprendizagem deve fazer com que o
educando interaja com seu próprio processo de construção do conhecimento, de tal modo a
garantir a criatividade, a autonomia e a sua organização, uma vez que há limitações quanto à
socialização, dificuldades de interação entre professores e alunos, bem como na atualização
e acompanhamento dos cursos.
Aí encontra-se a importância que tem o projeto pedagógico, no que se refere ao que é
de fato realizado nas práticas educativas, mesmo tendo como “professor” o computador ou a
televisão.
Entretanto, sob certa ótica, as distâncias vencidas pela tecnologia não foram superadas
quanto à verdadeira aproximação e sintonia entre as pessoas. Isso requer uma pedagogia
muito especial, que vai além das técnicas – para muitos burocráticas – do e-learning
que vem sendo predominantemente praticado. Requer algo como uma sintonia fina
sobre a qual ainda precisamos descobrir, aprender mais e desenvolver. É preciso
superar o deslumbramento aparelhista, o deslumbramento por novos equipamentos, e
mergulharmos mais na sua melhor utilização. (Lauro Morhy, p.13, in Bayma, 2005).
O pedagogo, portando sua formação crítico-reflexiva, encontra-se nesta fase da
implantação do projeto pedagógico em face da contradição entre o adaptar-se à cultura
da organização em um movimento de conformidade e entre o desejo de resistência, no
sentido de fazer da sua prática um meio de emancipação do trabalhador, aqui tratado como
educando, visto que vai buscar um processo de ensino e aprendizagem que valorize a
experiência e a cultura trazidas por homens e mulheres que estão submetidos ao processo de
educação e que muitas vezes desconhecem sua razão.
Educar não deve ser como preencher uma folha em branco ou encher uma vasilha
vazia; é acender uma “luz” na mente das pessoas, ensinar a pensar sobre o que se sabe.
Segundo Leonardo Boff (2005), in: Bayma, 2005, toda comunicação, mesmo que a
distância, deve incorporar três dimensões: o pensamento crítico, criativo e cuidante.
A atitude crítica corresponde situar cada texto ou evento em seu contexto biográfico, social e
histórico, além de resgatar a liberdade como capacidade de moldarmos nossa vida e o
sentido da sociedade.
Todo conhecimento envolve também interesses que criam ideologias que são formas de
justificação e também de encobrimento. Ser crítico é tirar a máscara dos interesses
escusos e trazer à tona as conexões ocultas. Que interesses estão por detrás dos muitos
saberes acadêmicos, especialmente os técnico-científicos? Que tecnologias são propiciadas e
a quem servem? (In: Bayma, 2005, p.9).
O pensamento criativo possibilita a maneira livre de se expressar conforme o próprio
pensamento, o que exalta as capacidades do ser humano, pois toda a informação, à distância
ou presencial “deve propiciar a realização das potencialidades humanas, agora possíveis de
serem democratizadas e acessíveis a um número incalculável de cidadãos”. (id. ibid. p.10).
A atitude cuidante se propaga quando o bem comum paira acima do bem particular e o
pensamento torna-se coletivo, comunitário e democrático.
O que se coloca aqui é que, acima de tudo, a educação no âmbito organizacional ou
em qualquer outro posto na sociedade, deve ser um instrumento de participação ativa,
cooperativa e crítica do cidadão que vai construir uma sociedade mais justa e igualitária.
É neste sentido fala-se de uma prática educativa libertadora, no mesmo sentido que
Paulo Freire (1996) defende, enquanto dimensão social da formação humana,
advertindo-nos para a necessidade de se assumir uma postura vigilante contra todas as
práticas de desumanização.
Neste sentido, cabe aqui denunciar todos os tipos de “treinamentos” existentes ainda em
grande parte nas práticas das empresas, que visam a “rapidez” do processo, como se se
tratasse de um adestramento, desses que se dão em animais, nos quais a cada ordem dada
pelo dono, o animal obedece na “hora”. Segundo Freire (1996), esta saída cabe aos
que obedecem cegamente à ideologia “fatalista e imobilizante” que diz que o mundo é
assim mesmo, e não tem jeito, para a qual só há uma saída para a prática educativa: adaptar
o educando a esta realidade que não pode ser mudada, bastando o treino técnico,
indispensável à adaptação do educando, à sua sobrevivência.
A prática que se diz crítico-reflexiva possibilita ao educando que enquanto ser humano,
assuma-se como ser social e histórico, participativo de uma História na qual ele é sujeito.
A última fase da atuação do pedagogo no trabalho com o projeto pedagógico é a sua
avaliação.
Depois de elaborar, executar e implantar o projeto pedagógico, o que inclui certamente
uma mudança na postura dos envolvidos nos processos educativos, o pedagogo, tendo em
vista o leque de subsídios e de conceitos que julgou necessários para uma prática
coerente com sua postura crítico-reflexiva, busca neste momento verificar o que pôde
ser aprendido e apreendido pelos educandos e o que a empresa havia solicitado
através do levantamento das suas necessidades, o que é verificável durante as práticas
cotidianas da organização.
Defende-se a implantação do projeto com “inovação emancipatória ou edificante”, de acordo
com o que propõe Veiga (2003): Os processos inovadores lutam contra as formas instituídas e
os mecanismos de poder. É um processo de dentro para fora. Essa visão reforça as
definições emergentes e alternativas da realidade. Assim, ela deslegitima as formas
institucionais, a fim de propiciar a argumentação, a comunicação e a solidariedade...pressupõe
uma ruptura que, acima de tudo, predisponha as pessoas e as instituições para a
indagação e para a emancipação.
Conseqüentemente, a inovação não vai ser um mero enunciado de princípios ou de boas
intenções. A inovação emancipatória ou edificante é de natureza ético-social e cognitivo-
instrumental, visando à eficácia dos processos formativos sob a exigência da ética. A
inovação é produto da reflexão da realidade interna da instituição referenciada a um
contexto social mais amplo. Este ponto é de vital importância para se avançar na construção
de um projeto político-pedagógico que supere a reprodução acrítica, a rotina, a racionalidade
técnica, que considera a prática um campo de aplicação empirista, centrada nos meios.
(p.4)
Por ser coletivo e integrador, o projeto, quando elaborado, executado e avaliado, requer o
desenvolvimento de um clima de confiança que favoreça o diálogo, a cooperação, a
negociação e o direito das pessoas de intervirem na tomada de decisões que afetam os
processos educativos da instituição e de comprometerem-se com a ação.
O projeto não é apenas perpassado por sentimentos, emoções e valores. Um processo de
construção coletiva fundada no princípio da emancipação reúne diferentes vozes, dando
margem para a construção da hegemonia da vontade comum, e o pedagogo crítico-
reflexivo é capaz de assegurar estes princípios.

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