You are on page 1of 10
O sistema da mexida de cozinha: de que riem eles? Ana Carneiro «qa muitas foram as revisdes do texto pelo autor, Um texto que jit tendo sido fluido, esteticamente em The Portrait of the artist sas a Young mun, etn Ulysses tomon, além de fluido, ‘Cronométrico. (,.) Antijoyciano, EYRE, 1987, P13, sistesa, (© que é 0“sistema” de um povor, pergunto-thes! Ah... 60 modo de comer, © modo de conversar, respondem-me sempre de pronto, Cada povo tem seu modo, seu sistema, epetem-me: O Povo dos Buracns, 0 povo mineiro, 0 ovo baiano ow o povo gaticho, cada qual tem los priticos me sio dados com facilidade, a pada por gente vinda do sul do pais desde o final dos anos 70, Basta olhar 8 fachada das casas da antiga vila dos gatichos, hoje sede homonima de seu ida. Gaticha. Gaticho s-¢ de porta Fechada, s20 prosal, ros que, ao mesmo tempo, gabam-se de suas portas abertas, sua conversa animada. Mineiro: & gente de mandar ‘quem de direito se aproximar: Um cafezinho ao menos e, se Deus permitin, que se coma um de-comer. lag deste ceurso alg “clonal os iferencialmente ae comida? A especie de zona somibria da feremos. A cozinha, lugar por exceléncia das conversas e comilangas buraqueiras, é sempre de onde sai a baralhada dda gente Quem vem de fora logo pereebe a fumaga do fogio e°0 estarda- thaco das risadas; ¢ 0 de-comer puxando a prosa, Os de casa que por ven= war € ouvir © povo barulhar, fando direto (© povo aicho tem um sistema diferente do dos mineiros; sme estes, ji os bal sas beiras de @ perceber a prosa do ou noroeste de \ ianol A prosa dos mineiros ~ gente da-roga, gente ada’ com a dos baianos a *mexida” dos dois éuma sd, tu se encantrassem noutras casas, 20 1 jam o passo para alvangar depressa a porta de ti do: a “animac? cozinha e, sendo estas de gente de bem, 1 hures. am componente fun- I dasrelagdes socias, sem eniretanto ter ganhado peso sig no debate antropogico de'um modo gera.Talveza dificuldade ese em como se pode k Aqui, cle aparece como chave de enten- ddimento para 0 "sistema do qual fala eno qual viveo povo dos Buracos. ies pessoais ¢ familiares pelas quais circulam o de-comer e exaren na ERIE: a'prosa. Assim, 0 ma de um povo pode ou nao coincidir com o , puxando para sentar'© povo fo permaneceram ali. Tomaram mas goladas'de café de prosa € comida ‘glo para longe da cozinha, mantendo:se & particulares assumidas por pessoas” e “povos’, ratégico ern uma anilise que se pretende sociocosn vas do “pave” revelam-se conforme se vio. tudo-nas mesas da escola, Lim tanto de trem.-A comilanga fora na vizi de Miguel Arcanjo, conforme o Capitio jé acertara havia mais de més, No inde se vat comers movimento, se na expressio que pode set relacional do parentesco, tanto:no sentido de ue & 0 fendmeno pelo qual umas pessoas “puxam” outras, quanto por se caracteriear na totina de dar e receber 0 de-comer, propria 40s parentes- Nouiras palavras,fithos filhas “puxam? seus pais e suas mies de forma ‘9s donos da casa e partir. Nao tardariam a seguir caminho. las, percebiam que a mexida de covinha havia anloga & maneira com quea comida “pua”a prosa, que puxa comida, e dai pordiante. Fate & sistema ter-se com as conversas ainadas para que se desse ‘lesdenfaramno pote coma farina, preferiram animadas no terreiro, onde as vil fam se 18” como. uma nogio locados,nalinguagem académica, 4 8 a parada mais. de folia, esperava-see a boca, em seguida repetia 0 movk: com entusiasmo, yup para dentro! Sentado no chlo, encurvava as recompenetrado, até que alguém notow ¢ fez troga, Ehomem para ser gostador de arial turado ina farinha.. ‘queijo nessa farinha2! Os demais presentes interromperam suas tespecti- ‘as conversas e aos pouicos foram prestando atencao no ecorrido, disse que tinha qu restava enquianto-a dona da casa se ria obseryando a cena. Aquela altura o costas como ovo pros ia ficar sei 0 de cheia, Pensaram que era farinha pura ¢ fica Assim aconteceu durante um giro de Folia, conforme hos Buracos, onde fiz pesquisa, mas de modo mi feceu nos Bois, na Vereda Danta ¢ por certo ei scuteio causo por diversos narradores e diferentes nar de lugare ocasiao do ocorrido, mas sengano do povo que nio sabia do q tha & 0 de-comer de todo dia, ma: de festa. Quando é tempo da seca, o lite € insuficiente para o paio de quetjo, Por meio de uma conhecida artimanha, as donas de €asa rendet; & 0 sister © povo € mui :isturam-no 4 farinha mode fazer © qu ism como se 1 fossem comedores de farinha, como se @ - Gente prosal Ahaha! esto de es {farinha nao fosse seu prato de todo dia. Desfeita f ‘grave, Gente prosa bre 6 povo de Guithermina, as udo, iio comem mada em casa de ninguém; rem comer na festa. Pow nojento, caso uma certadogura n prosa ruit,como.o tom dos adultos ao flagrarem suas eriangas fazendo travessura. ‘Adultos acham graga de eriangas quando estas imitam cédigos e et quetas da gente grande. sabevé na ignordneia dos filhos uma in tes do: causo ritam com os personagens ingénuos que, flagrados em gosto ppouco polido, desconcertaram-se ¢ se riram. Quando um narrador conta al como as ouvin- ditado, pegos de alga curta’ ~ recusando comida! C as criangas, Te peguei! Ahaha! A condenacio que thes ¢ sug ‘Vejamas entio que ha duas fo 4 que vai contra-6 povo de Gui ‘Que fazendo “fotaca’ ea que vai contra os desienhosos da farinha, de quem AA recusa do de-comes, ni $e faz galhofa e com quem se Fi jun ‘cuiso, ndo é cle todo condenive jever-se-ia apenas manter @ Fistaatitude do moda de ser buraqueito ~ propria ao modo mas feta para contradizé-to ~ segreda o que & Sabido por’ todos. f sobre esta espécie de armadilha sistémica da linguagem buraqueira, que meu foco de interesse se volta nesta rellexas, O momento de surpresa & Uma tem © pove dos Buracos é brincar ou jogar com esta ida do segredo, seja fazendo rx, seja arris- “perder o amigo’; Durante uma prosa qualquer, soltamn tiradas snvolvendo 0 vocabuiitio da comida e todos se riem jun- ‘una rime entao 6 briga, “Soltar vers ‘que’ 0s padrées de condata no verbalizados sto traziddos mente bburaqueiros apreendem uma imagem distanciada, lia € boa, 0 coro & composto por uma maioria de wadeira, em wedidamente da oferta de cachaga “controlada” pelo alferes,as mogas slam recados-em forma de verso. Se eu soubesse de certeza que meu bein le com arror; a folha da bana. juinha do meu bem de tio doce agucar eu subi na mandiogueira pra comer beiju de massa/eu 10 pé da lima, chupei fema” deste seu curtoso carter: contradizer-se sem Naquele pouso de folia, o anonimato desejado pelos que negaram 0) thes fez saber que, ser fina no citime e cozinha oferece o dikimo pedago de quijo e ainda sabe fzt-lo render. no multiplicow os pes? A gente sempre di um j porque fer 0 povo rir de a semi querer, abracei 0 snecessariamente ~ os melindres da sorte, os inesperados do giro, devem serevitados por meio da agdo ritual, “as abrigacies do santo” as mulheres quanto riu deles ees 1,0 lund rendeu. Todos sabem que o sisterna ppovo tem dessasartimanbas, segredos de eae de Quero‘argumentar que'acomicidade extraida destin reside na produgio de um efeto reflexivo, tomand ove que'ri de’, Uma série de exemplos etogréficos parece sustentar que casaram neste €famoso je riem muito toda vex que lembram do ass sn vergonha porgue o poyo tudo os anigos explictava uma rlagio de pria. Quando um homem e uma mul anestta cozinha ésabido que sto casados, como ¢ sabido que pratcam re es sexta ouvido em certa medida &0 que chamamos um “segredo de polichinela ‘Acham graga em mntre si E sistema, Todos sabens sem precisar que ej di 8 20 povo, Damesma forma, a expectativa sao de-comer que fize= é porque o casamento va das mogas buraqueiras sobre a recepydo dos ram é explctada por elas frequentemente, (Outta forma de rir do sistema é quando ele tende ao desequl modo de comer da gente “tola’, por exemplo, Ou reparar que snhads’, prefere comer escondido — 0 sistema deles tende- jo “fracos da cabeca’, “no sabem conversar”. Por out ppovo fa galhofa deles sem que eles saibam, rir junto dos seus, comparam-s¢ a0s vizinhos "problemados’, Voce est , passando 0 café nesse coador gordurento! Credo! E no nivel pessoal se pede equilibrio do sistema. Note-se, por e le um causo'semipre corre'6 risco de ser prosa ~ vite para isto transforma os imentos impostos pela sorte. Ndo raro, 0 n nla ter sco acometi pela absoluta falta de reag € aperto, maior a graga de que como sugeria 5) sobre curiatura. im artigo destinado a buscar jor reclamaya uma anilise que mo deixasse de (Baudelaire. 885, p. a)" as € as conclusdes apresentadas por Baudelaire leo porém renovador. in le apenas observar ainda, além da sobriedade uma espécie de sforgos para dar~ the alguna ordem e assim tornar sua digestao mas fils © humor expe possiildades para alfm do sistema de sentidos fechado, elabora Alberti {apud Lagrow, 2006, p. 56). Contra a reclamagio 08 quais Baudelaire) de que o riso seria pouco estudado, Alberti menciona Batal Tonge, Aristételes, 2002 apud Tagrou, 2006, p. 58). Por outra perspec 0 riso nde estaria, fora mas, ao contririo, seria consti Pega essencial para o seu funcionamento. O tiso grotesco é, na abordagem do pocta, a propria funcio coneetiva entre a condigio selvagem do humano 0 conhecimento que 0 proprio homem tem disto, provocando a surpresa desconcertante eimediata& perda do estado de natureza SISTEMA OU MODO DE COME Els Lagrou (2006) também 1 encontos difuldade env tater 0 so como tlevante para uma andise “seria” dos sistemas socias. E de todo 0 sucesso do‘est humor é feito de um movimento-rellexivo, de uma stibita percepeao dis tanciada de seu préprio ‘sistema’ £,afinal, do: modo de comer e do: mado de conversar que essas brincadeiras tratam, © que pode querer Smplicos urna ma de sua dimensio de pensamen ‘Durante pesquisa de campo; toda vea que eu fa ceuja resposta eles consideravain dbvi Thavam. Primeiro riam de mim, depois riam comigos compart causado por pequenas mas consttutivas diferencas navamo-nos climplices deste do outro, A graca vinha da percepgio da diferenga, mas desaguava em geral sobre 9 sistema deles mesmos. Povo besta, tem medo de delunto, cheio de cismal Bestagem! Ahahal £ claro que também riam de o do meu pave, a quem gostavam dé ‘mostrar respeito (ao-menos quando estavain diante de mim). © povo teu ‘8a éidade, diziam-me, é povo estudado, Ou seja, quando a percepgso da diferenca se faria entre o meu povo eo deles, 0 que mai de si, daquilo que o meu aprenidizado thes revelava sobre: iodo deles. ‘Minha presenga ali, misturando-se a deles, dormindo 1a casa, rindo. lagies sto criadas, rompidas ou mantidas por «slas agbes e pelas tracas por elas engajadas? alguma pergunta buraqueiros riam rece nos exames de sangue, o médico doenga propria do pove da roga, 6 doenga das cdo pela reagio de um corpo qualquer & exposi . omen desa- Oesteporo é provo- contraste quente- seygida da ingestao selado, ou por um café que se toma logo antes de sair'sob a chuva. Que esta exposicao seja danosa @ qualquer um, é para os buraqueiros uma ‘Todavia, ees no thers etpecdaqure icamente que € mais recorrente entre 0 Soja. a mesida com fogao e égua, her ‘Também so sobretudo elas que devem evitar os alimentos “remosos’, pois estes normalimente sto especialmente danosos quando ingeridos nos Perlodos de menstruasao ou resguardo ~ momentos em que 0 alitivo emsinino altera as qualiddes do sanguefeminino, tormando ervavaan: 0 quanto, Frequentemente, sacavam de mim 0 eu thes perguntava e tornavamm objeto de interesse uma piada interna, nossa, Nao raro, repetiam para quagdes diversas, as mesmas palavtas ‘ou sugestivas que eu havia aprendi Ansinha! Ahahi! Beijurde bico! As mulheres dos Buracos gostam & de: debi or mim, repetindo 3 Reviviam {que podiam rir comigo, de mim e de luindo, A gente é besta mesmo, né? Desta ver, 0 pove besta, a gente beste, rele fica novo, fica maisfraco, Bescogo vermetho, O sangue vitae a gente fica:com a sade mais preci, © sangue virar pode ser mode a pessoa mesmo, ou entio mo © pescogo inchado do homem chegava a roxear. As enulhere fila do posto de sade, aguardavam para pegar suas fichas meédicas e, como 4, faziam perguntas no intuito de obter detalhes sobre 0 causo daquela 103 ter sido a tol ede paure quando ‘aquele pozinho; ou também maa gue esta novo, pode d Oassunto do ficou remoso, gross feu bem. Ou € 4 pessoa On éa doengs que nao apenas ¢ erénico, podendo sempre aparecer, desaparecer € 1 3 Sintomas diversox: alergia de pete, dor de A classificagio também se imento é ou no, para venta em fungi da pessoa: qual qual razio, se fi a co nacio-com outro alimento, se foi cisma, tese, Além dessas varidvels, hd sempre que se Jevar em consideragao ‘uma ou outa tes. Tuto isso tem portanto muitos melindres, o carter sistémico da clas: sificagio torna:se parcialmente obscura ao entrecruzar-se com 0s aspectoe contingentes que ou bem fazer valer, ou bem bloquelam o prescrto pela ‘A prosa rende, A partie de descrigdes sobre experiéncias de doengas, ‘um ou outro dos interlocutores vai deliberanda sobre qualidades que iden- tificam e diferencia peculiaridades pessoais, familiares, de género ede io ent familias) de um mesmo “sistema” (0 povo da toga, 0 povo anti lade entre o que a medicina ‘ocidental considera por exceléncia como irredutivelmente isolado ~ 0 san- sio também, por definigdo, “prosa rai ‘que nio dé bem, explicam-me para evitar smal-queréncia. 104 istema de iformidade quanto a percep- o pode ser considers sporta é que em todas elas ‘notadamente nos per de mensiruagao ¢ gravider, processos fisiologicos da menstraagao ¢ da grav dex, assim como aamamertagao (le 24), como essencialmente rom dade de toda gestacio e criagio de vida De acordo com 6 que apresen jalidade do corpo feri- so para, nsio entre dois polos pede que o a No se tata de uma opo- io mascul ‘enfao, uma tendénecia 8 ruptura, mas antes uma poténeia da animagio, do ‘movimento, do riso este, igualmente capar de criar cumplicidade e ofensa. Deixando o recorte panorimico de Woortman note-se que, 10s Buracos, « forga motriz do “sistema” que o define encontra-se na “mexida de cozinha’ ‘termo reterente is priticas de preparar e propiciar 2 circula fog. Fst mexida é, por definigio, sabe se jeito: mesmiinho de fazer um de-comer vai dar ce ‘Nunca se sabe sobre o olbo dos outros. Nunca se sabe quartdo nuidade entre a movimentagao de uma dada cular, © que os buraqueiros chamam de "sister nos, ema so ivade toda estrutura social. Sem alentada acusagio contra essa anilise, no que ela promover tuna alienagio da agéncia femitnina (cE Rubin, 1975) creio podermos, com presenile abordagem, inverter 0 eixo a partir do qual a circulacao se mostra ccozinhas, So as regentes da circulagao de prosa fe congragamento ede risco, endo este silenciado ou tornado piad, porém nunca eliminado das varabilidades imprevistas,quigi danosas,efetuadas na interacao entre pessoas ¢ corpos. A rmexida, embora arriscada, €0 que se pode chamar “sal da via, Monos & MODAS ) dos modos e modas importados pelos brasileiros no Iberto Freyre (1986) reforca a importineia da incor- poragio realizada pelas br idade feminina, em ‘suas novas formas de feminilidade. Um exemplo do interesse socioldgico ye nas modas de mulher situa-se mais de meio século de Londres ¢ Nova York para competir com Paris e Roma, ¢ repercutica 0 sentimento pés-Primeira Guerra Mundial de glorificaglo de herdis masculi- tendéncia de redugio da diferenciagio entre as s¢ projetava to para a contempora- significa quase um inteiro Favorecidos historicamente (os homens criam sta itima observagio tragio de mods © modas agéncias ferinina e mascalina na produio soc colocado aqui ao observarmas a mexida de e tema social’, as"modas’ por sua vez, no sio tidas como supérfluos, como Scuos &realidade concreta do sistema. Ao contrario, nada mais do que a moda, ela é imagem, com 0 olhar de outrem, um novo con Embora contingent tomar um sistema a0 deixar de tétrco”(Freyre, 1986, ps, gifo meu). Conform trecho citado na epigrate deste artigo, a composigao ima- gistica forma um sistema quando assume a forme de uma ee parece-me, &a da tea ~ dos elas, e nao dos seus componentes. En tido que Freyre pode dizer queo mado é “guardado em ‘de imagem elaborado por cengendrado substantiva da imagem (ou da moda), mas sim naquilo ela cria constante- mente: novos: je relagaes. ‘A concepgac dle imager e agéncia feminina trazida por Freyre remete- nose olta ao humor—que como moda presentiica uma nova relacio con tingente reconfigurando todo 0 conjunto de relagées ma qual ela'se enreda, assim, um dis entre elas que se-observa com mal nna eovinha, a maior variagio 0 do humor grotesco com a i Qual saber é expresso pelo cOmi ‘como para os amerindios em geral, “estética” e cognigio!: Assim, ao trataro iso como forma de conhecimento, Lagrou observa uma espécie de exegese nativa da imagética humoristica, wdo-Ihes valores e concepgdes sobre socialidade © agé ido: “o- poder provoca o riso assim como o prépri erguntara-se o autor, Fle analisou dois mitos onde o m poderoso xami, no primeiro caso, ede as de sua propria estupider e de sua prey is, riem daqueles que deveriam ser ais respeitados, admirados e temidos,o xama co jaguar, Estas figuras poderosis s20 tornadas andlogas a partir de um esforgo comparativo, mas resen- De querriem os nativos queiro e, a0 mesmo ta proviséria, parece encaminhar-se para 6 no desfecho que estrutura a narra condigao presente, umia quebra na concretude inconteste do presente, Isto, parece, promovera intimidade (sempre tio amorasa quanto conflitante), na tum “rir de sf” que no se separa de um “rir dos outros” ¢ tampouco do “rir cont os outras” Esse humor efetua-se como pen- sumento na medida em que produz congracamento e estranheza a um so tempo, criando desequi vento, ap snesmo tempo em que pensa Buracos, onde a palavra é Quando éassim, o povo “descontro 109 REFERENCIAS HIBLIOGRAFICAS Collections Literatura. Disponivelete trub=oravnatersesSeil 2781, ‘Aces em: juno 1s” Parente ds Buracos: mexida de prosa e cozinha 204, ido em Antropol de fancies Record, 1986. LAGROU; £Rirdo podereo poder do riso nas narrativase performances kaxinawa. Revista de Antropologia da USP, vol. 49.1.1 2006. [USTRAUSS, Ce extentupaselomentares da parentssco, Petripolis: Vores 198, M. Proibigdes rat Conoridade de Pescadores. Brasilia n Antropologia) ~ Programa de Pos-Gradugio. em 1975, cestudo etmogrifico sabres folias em Urucuia, “sstemsas* nos encontos de fla The trafic in women in: REITER, Rayna (ed) womei: New York: Monthly Review Press, 1975. etn, fs teennos Wines, corpo Baraat &penog 2008. anvanthropology of A festa dos outros: fundamento e sistemas nas folias de Urucuia, MG Luzimar Paulo Pereira Em Urueuia, um fli, por dfinigio, aquele que “faz uma fli’ sendo o agente fundamental da sua realizao. Na pratia, no entant, cantar e tocar pare aefetivagso de uma festa religiosa no encerram as atividades do perso- hnagem. Set tm folio também implica “gostar de folio que significa estar acompanhar e eventu: ' compromissos, de fe ‘meu trabalho de campo, a fe personagens destacavam a afeicio do tocador pela festa. O foi tudo um devoto, Nao se trata, aqui, no entanto, apenas de obrigagoes. Um devoto no € apenas aquele que deve um voto ao santo, mas também é uma pessoa que nutre um verdadciro gosto pelasfestasa ele dedicadas. “Ir numa ae gosta-se dola ou porque esté-se obrigado a mncia de um poder agenciador (uma condiciona e determina a pré- le flldes por diversas festas urucuianas, tendo como pano de fund dos participantes dos fes ento de pessoas, palavras e coisas, fun trata, no entanto, dle pensarmos 0 conflito como tuma ameaga externa & vida

You might also like