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DE ANÁLISE DE TRONCO
Autores: Maria Zélia Ferreira1, Mayara Aparecida Maciel Guimarães2, José Roberto S.
Scolforo3
1 INTRODUÇÃO
1
Doutoranda do curso de Engenharia Florestal, Universidade Federal de Lavras, Lavras-MG, Brasil,
mzferreira@ufla.br
2
Mestranda do curso de Engenharia Florestal, Universidade Federal de Lavras, Lavras-MG, Brasil,
myr_maciel@yahoo.com.br
3
Professor titular do Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Lavras, Lavras-MG ,
Brasil, scolforo@ufla.br
altura dominante, existe a possibilidade da realização de estudos cronodendrométricos,
para se obter os pares “idade-altura dominante” para a classificação dos sítios. Associada
á esta falta de informações, a análise de tronco se constitui em uma ferramenta rápida e
econômica, se comparada com o inventário florestal, para se obter os dados para a
classificação de sítios.
A análise de tronco é uma técnica que possibilita reconstruir o crescimento
passado das árvores através da soma dos incrementos anuais em diâmetro e em altura.
A reconstituição do crescimento em altura, não é tarefa simples, uma vez que os nós de
crescimento anual em altura se encontram dentro do fuste. Vários métodos para
determinação da altura por meio da análise de tronco foram desenvolvidos, entre eles, o
mais simples e teoricamente mais consistente é o que foi descrito por Carmean (1972),
entretanto pouco experimentado.
Assim, dada a importância de se conhecer os diferentes sítios florestais e à
possibilidade de se utilizar a análise de tronco como uma ferramenta para a obtenção dos
dados, este trabalho objetivou construir e analisar as curvas de índice de sítio para Pinus
taeda, utilizando dados de análise de tronco.
2 MATERIAIS E MÉTODO
2
2.2 Levantamento dos dados e análise de tronco
3
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Figura 1 – Procedimentos para a obtenção dos discos para a análise de tronco. (a)
Seleção da árvore dominante. (b) Derrubada da árvore selecionada. (c)
Seccionamento da árvore. (d) Identificação do disco. (e) Discos identificados
e organizados. (f) Discos secos e armazenados no laboratório.
O método utilizado para estimar a altura das árvores foi proposto por Carmean
(1972) e tem como princípios básicos que o crescimento anual em altura é constante para
qualquer ano, independente de estar completamente ou parcialmente contido dentro da
4
mesma seção e que, em média, o disco é retirado na metade do crescimento anual em
altura. Matematicamente estes dois princípios podem ser descritos como:
H ij = hi +
( hi +1 − hi ) + ( j − 1) ( hi+1 − hi )
2 ( ri − ri +1 ) ( ri − ri +1 )
onde:
Hij – altura total estimada na idade tij
tij – idade da árvore associada ao anel j no iésimo disco. Matematicamente:
tij = n − ri + j
n – idade total da árvore
ri – número de anéis de crescimento no iésimo disco
j – cada anel de crescimento contado a partir da medula, para cada iésimo disco
retirado da árvore, j=(1,2, ...,ri)
i – número do disco, sentido base-topo
hi- altura de corte do iésimo disco, ou seja, é a soma de todos os comprimentos
abaixo do iésimo disco.
O método utilizado para construir as curvas de índice de sítio foi o da curva guia
ou média. Este método gera curvas anamórficas, onde a taxa de crescimento relativo em
altura é considerada constante para todos os sítios.
O modelo utilizado para ajustar os dados de altura e idade para cada árvore
dominante amostrada foi de Chapman & Richards:
1
1− m
[
Hd = A ⋅ 1 − exp − k ⋅ Id
]
onde:
A = valor assintótico;
k = expressa a taxa de crescimento da variável de interesse;
m = ponto de inflexão da curva;
Hd = altura média das árvores dominantes;
5
Id = idade.
O método de ajuste foi o de Marquardt. A preferência por esse modelo foi devido
às boas características que ele apresenta como forma sigmoidal, passa pela origem e
tende a uma assíntota superior finita. Tais características têm significação biológica, o que
o torna adequado. A precisão do ajuste foi verificada através da análise gráfica dos
resíduos, do erro padrão residual (Syx) em metros e em percentagem e pelo coeficiente de
determinação (R2%).
A idade índice é a idade padrão escolhida arbitrariamente, na qual se compara a
altura dominante dos diferentes sítios (Schneider, 1993). A escolha dessa idade depende
da rotação da espécie e deve ser preferencialmente fixada no final desta. Neste estudo,
optou-se por uma idade de referência de 18 anos, por esta ser a idade de rotação média
para Pinus taeda no Brasil, manejados em densidade completa. A amplitude entre classes
de sítio adotada foi de 3 metros.
A confiabilidade da classificação dos índices de sítio, ao longo do desenvolvimento
do povoamento florestal, é essencial para a acuracidade na aplicação dessas curvas em
períodos sucessivos. Segundo Clutter (1984), o desejável é que a altura média das
árvores dominantes da unidade amostral permaneça em uma mesma classe de sítio
durante toda a sua vida, propiciando, dessa forma, uma forte base para estudos de
crescimento e produção. O critério de verificar a estabilidade das médias das alturas das
árvores dominantes de cada árvore foi aplicado neste estudo, utilizando todos os pares de
altura dominante e idade disponíveis.
3 RESULTADOS E DISCUSSÔES
6
Tabela 2 – Descrição dos dados de altura dominante para cada idade.
Desvio
Idade Média CV(%) Mínimo Máximo n
Padrão
1 0,70 0,5328 76% 0,18 2,50 42
2 2,50 0,9678 39% 1,00 5,55 42
3 4,78 1,3436 28% 2,50 9,50 42
4 7,00 1,3611 19% 4,50 10,50 42
5 9,08 1,2465 14% 6,55 12,50 42
6 11,00 1,2239 11% 9,48 13,50 42
7 12,84 1,3442 10% 10,50 15,55 42
8 14,52 1,4591 10% 11,50 17,25 42
9 16,11 1,3729 9% 12,50 18,50 42
10 17,51 1,6233 9% 14,50 20,50 39
11 18,83 1,6923 9% 15,54 21,60 38
12 20,16 1,8481 9% 16,50 23,60 38
13 21,35 1,7503 8% 17,50 24,55 38
14 22,45 1,7023 8% 19,25 25,50 38
15 23,49 1,8572 8% 19,75 26,50 34
16 24,32 1,8156 7% 20,50 28,25 33
17 25,20 1,9940 8% 21,50 29,50 32
18 26,21 2,0771 8% 22,50 30,50 27
19 27,28 2,3890 9% 23,25 32,12 21
20 28,41 2,0891 7% 23,75 31,50 17
21 27,98 2,1725 8% 24,21 32,37 11
22 26,99 1,5804 6% 24,62 27,83 4
23 28,37 0,2184 1% 28,22 28,68 4
24 28,66 0,0000 0% 28,66 28,66 2
25 29,10 0,0000 0% 29,10 29,10 2
Por esta análise verifica-se que uma das vantagens da análise de tronco para a
classificação de sítio é a obtenção de um grande número de informações em todas as
idades, inclusive nas idades prematuras, o que nem sempre é comum partindo-se de
dados de inventário florestal. Entretanto, nestas idades jovens há muita variação na altura
dominante, e a inclusão de tais dados pode não ser vantajosa para a classificação dos
sítios. Também deve-se considerar que as características dos sítios possivelmente ainda
não se manifestaram nos povoamentos jovens, pois estes ainda estão sob o efeito dos
tratamento silviculturais.
Todos estes resultados e observações são consistentes biologicamente e
constatam que o método de estimativa da altura dominante, pela análise de tronco,
proposto por Carmean, também é consistente. Este fato pode ser verificado, também,
pela própria formulação do método.
7
3.2 Ajuste do modelo
10.0
8.0
6.0
4.0
2.0
Resíduo (m)
0.0
-2.0
-4.0
-6.0
-8.0
-10.0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27
Idade (anos)
8
Gráfico de Resíduos (%)
50
40
30
20
10
Resíduo (%)
-10
-20
-30
-40
-50
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27
Idade (anos)
Tabela 4 – Classes de sítio com seus limites, inferior (LI) e superior (LS) e valor do índice
de sítio (S), para a idade de referência de 18 anos.
9
(2002), os valores de S variaram de 6 a 30 metros, para a mesma idade de referência
aqui utilizada, ou seja, 18 anos.
A Figura 4 apresenta o comportamento das curvas de sítio juntamente com a
dispersão total dos dados. Nota-se que o modelo de Chapman & Richards ajustado
acompanha a tendência de crescimento das parcelas, o que, juntamente com as medidas
de precisão o caracteriza como um bom modelo para descrever o crescimento em altura
dominante para a região estudada.
Curvas de Sítio
42.0
36.0
30.0
Altura Dominante (m)
24.0
18.0
12.0
6.0
0.0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27
Idade (anos)
10
3.4 Análise da confiabilidade das curvas de sítio
Árvore 1
42.0
36.0
30.0
Altura Dominante (m)
24.0
18.0
12.0
6.0
0.0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27
Idade (anos)
11
A mesma instabilidade pode ser observada para a árvore 2, onde a altura
dominante antes do 10 anos de idade variou entre as classes II e III. Novamente, após os
10 anos a estabilidade foi de 100%.
Árvore 2
42.0
36.0
30.0
Altura Dominante (m)
24.0
18.0
12.0
6.0
0.0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27
Idade (anos)
Árvore 3
42.0
36.0
30.0
Altura Dominante (m)
24.0
18.0
12.0
6.0
0.0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27
Idade (anos)
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A árvore 4 não apresentou instabilidade acentuada como as árvores anteriores,
sendo classificada como pertencente à classe de sítio III em idades anteriores aos 10
anos.
Árvore 4
42.0
36.0
30.0
Altura Dominante (m)
24.0
18.0
12.0
6.0
0.0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27
Idade (anos)
Desta forma, pela análise da estabilidade das curvas de sítio após a idade de 10
anos, pode-se afirmar que o modelo de Chapman & Richards descreveu bem o
comportamento das árvores dominantes em função da idade.
4 CONCLUSÕES
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• o modelo de Chapman & Richards descreveu bem o comportamento da altura
dominante, pela avaliação da estabilidade
5 REFERENCIAL TEÓRICO
ASSMANN, E. The principles of forest yield study. Oxford: Pergamon Press, 1970.
506p.
CARMEAN, W. H. Site index curves for upland oaks in the Central States. Forest
Science 18:109-120, 1972.
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DAVIS, K. P. Forest managment, regulation and valuation. USA: Mc Graw Hill, 1966.
519p.
SCHNEIDER, P.R. Introdução ao manejo florestal. Santa Maria: Ed. UFSM, 1993. 348
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SCOLFORO, J.R.S. Curvas de índice de sítio para Pinus caribaea var. hondurensis.
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v. 12, n. 2, p. 61-73, 2002.
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