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Governo do Distrito Federal

Secretaria de Estado de Saúde


Subsecretaria de Atenção à Saúde
Diretoria de Atenção as Urgências e Emergências
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

Suporte Básico de Vida

Guia de estudo 1
SBV
SAMU Suporte Básico de Vida Módulo Único
DF

Fundamentos do
Suporte Básico de Vida
para adultos
SBV
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Equipe de Elaboração

Coordenação geral
Rodrigo Caselli Belém

Núcleo de Educação Permanente


Márcio Martins Melo

Serviço de Pesquisa em Urgências


Tiago Silva Vaz

Elaboração e organização do conteúdo


Tiago Silva Vaz

Colaboradores
Cláudio Rogério Batista
Zelinda Torri

Revisores
Márcio Martins Melo
Carolina Cunha
Léia Melo
Paulo Roberto

© Todos os direitos reservados 2013


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Apresentação
..................................

Prezado Cursista,

O módulo de estudo que você recebeu foi formulado a partir de uma


bibliografia especializada sobre o tema, com o objetivo de orientar suas
pesquisas, análises e reflexões, bem como facilitar a fixação dos conteúdos
propostos. Desse modo, a metodologia empregada priorizou a problematização
dos temas propostos como forma de aprendizagem, em que o aluno será
conduzido a análise e solução do conteúdo apresentado ao final dos módulos e
unidades.
Para que o conteúdo seja mais bem assimilado e para contribuir mais com
o seu auto-estudo, são indicados sites para pesquisa e leituras complementares.
O curso teórico é oferecido sob a forma de educação à distância,
privilegiando o auto-estudo e sendo mediado por material didático e apoio do
Núcleo de Educação Permanente, que será complementado com as atividades
práticas em manequins e monitorado pelos instrutores do Núcleo de Educação
Permanente do SAMU – DF.
A finalidade desta obra é tornar o aprendizado sobre as condutas atuais
utilizadas no atendimento pré-hospitalar o mais objetivo e prático possível aos
profissionais que atuam no Serviço de Atendimento Móvel de Urgências e
instituições afins, o que concorda com a realidade do cotidiano. Porém, faz-se
necessário enfatizar que apesar da importância de um instrumento que orienta e
padroniza as condutas, a avaliação clínica exercida pelo profissional treinado é
sempre soberana, pois o ser humano apresenta uma complexidade elevada,
devendo ser tratado como um indivíduo e nunca como um portador de órgãos,
sinais ou sintomatologias.

Diretoria de Atenção as Urgências e Emergências


Coordenação Geral SAMU 192 – DF
Núcleo de Educação em Urgência – NEU
Núcleo de Educação Permanente – NEP
Serviço de Pesquisa em Urgência – SPU
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Organização do Guia de Estudos e Pesquisa


..........................................................................
Apresentação: Mensagem da Coordenação do SAMU DF ao cursista.

Organização do Guia de Estudos e Pesquisa: Apresentação dos objetivos


propostos no guia do módulo apresentado.

Introdução: Contextualização do conteúdo a ser estudado, apontando


caminhos para a sua formação.

Ícones utilizados no material didático

Praticando (exercícios):
atividades sugeridas no Sugestão de leituras, filmes,
decorrer da leitura. sites e pesquisas: material de
exame complementar sugerida
ao aluno para aprofundar suas
Conceito: pensamento didático conclusões.
de um conhecimento ou
prática
Lembrar/ provocação: inserido
para despertar a atenção ou
Para refletir: questões reflexão sobre sua prática.
inseridas para estimulá-lo a
pensar a respeito do assunto
Para (não) finalizar
(considerações finais): texto,
Sintetizando/ enriquecendo ao final do módulo, com
nossas informações: intenção de instigá-lo a
aprofundamento das prosseguir com a reflexão.
discussões e/ou textos para
leitura complementar.

Ementa
 Cadeia de Sobrevivência Adulta;
 Parada Cardiorrespiratória;
 Reanimação Cardiorrespiratória no Adulto;
 Desobstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho;
 Desfibrilador Externo Automático (DEA).
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Sumário

Módulo Único
Fundamentos do Suporte
Básico de Vida para adultos

Unidade I
Introdução ao atendimento de uma PCR

Unidade II
Parada Cardiorrespiratória

Unidade III
Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho

Unidade IV
Desfibrilação Externa Automática (DEA)

Referência Bibliográfica
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Introdução
ao atendimento
de uma PCR
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Unidade I – Introdução

CASE
- SAMU 192, boa tarde. Qual a emergência?
- Mande-me uma ambulância, rápido!
O meu vizinho acabou de desmaiar e está ficando roxo!

- Ele respira?
- Acho que não. Depressa! Querem deixar o homem morrer?
- Ok. Um médico irá conversar com a Senhora.

- Médico do SAMU. Como está o paciente, senhora?


- Eu já disse que o que quero é uma ambulância.

- A ambulância já está a caminho. Quer fazer alguma coisa para ajudar a


salvar o seu vizinho? Sabe fazer suporte básico de vida?

Q
uando surge uma parada respiratória ou cardiorrespiratória, as chances de
sobrevivência para a vítima variam em função do tempo de intervenção.

Os recursos atuais permitem recuperar a vida, desde que sejam


assegurados os procedimentos adequados em tempo oportuno. Se o episódio
ocorre dentro de uma unidade de saúde, em princípio, é esperado que fossem
iniciadas de imediato as manobras de suporte básico e avançado de vida, por meio
das quais há maior probabilidade de sucesso do retorno das funções vitais.

Entretanto, a maioria das paradas cardiorrespiratórias (PCR’s) acontece fora de


qualquer estabelecimento de saúde (Figura 1).
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Figura 1 - Localização das PCR. Distribuição proporcional da ocorrência de morte súbita


em relação ao local da parada

Localização das PCR's


PÚBLICO CASA King County, WA
1990-94, n= 7,185

16%

84%

Becker L, Eisenberg M, et al. Circulation 1998; 97:2106-9

O evento pode ocorrer no mercado, na lanchonete, em casa, no metrô ou na


sequência de um acidente ou doença súbita. Dessa forma, a probabilidade de
sobrevivência e recuperação nestas situações depende da capacidade de quem
presencia o acontecido em saber quando e como pedir ajuda, e iniciar o Suporte
Básico de Vida (SBV).

Conceito

O Suporte Básico de Vida (SBV) é o conjunto de procedimentos e


manobras padronizadas com intuito de reversão da PCR, objetivando não
agravar as lesões pré-existentes ou gerar outras.

FATORES DE RISCO OU INDICATIVOS DE RISCO DE PARADA CARDÍACA


“Antecipar a parada cardíaca para prevení-la é muito, muito mais eficaz que tratar a parada instalada”
 Infarto agudo, ataque cardíaco  Respiração irregular, agônica ou de Biot  Trauma grave
 Cianose ou saturação < 70-80%  Convulsões (apnéia ou aspiração)  Queimadura extensa
 Choque de qualquer natureza  Espasmos ou edema de glote  Choque anafilático
 Bradicardia súbita < 40 bpm  Transporte improvisado de pte grave  Febre com petéquias
 Taquicardia > 150 bpm  Arritmia com repercussão hemodinâmica  Acidose grave
 Coma de início agudo e recente  Comatoso com hipersecreção bronquica  Hipercalcemia grave
 Admissão em CTI/UTI  Deslocamento inferior de marca passo  Hiperpotassemia grave
Fonte: PEDROSO; OLIVEIRA. Blackbook clínica médica. 2007
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Reconhecimento de uma Parada Cardiorrespiratória (PCR)

SINAIS PREMONITÓRIOS DE UMA PCR: SINAIS COMPROBATÓRIOS DE UMA PCR:

 Taquipnéia ou bradipnéia;  Inconsciência;


 Alteração do nível de consciência;  Ausência de pulsos centrais;
 Alteração do ritmo cardíaco.  Ausência de movimentos
respiratórios.

As Diretrizes de 2010 da American Heart Association (AHA) para RCP e ACE,


enfatizam a necessidade de integração entre os elos da nova Cadeia de
Sobrevivência do Adulto para que as possibilidades de sobrevivência sejam
otimizadas:

1. Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de


emergência/urgência.
2. RCP precoce, com ênfase nas compressões torácicas.
3. Rápida desfibrilação.
4. Suporte avançado de vida eficaz.
5. Cuidados pós-PCR integrados.

A chegada de um meio de socorro ao local, ainda que muito rápida pode demorar
tanto como... 4 minutos!

As chances de sobrevivência da vítima terão caído de 98% (PCR presenciada)


para... até... 0% a 2% se as pessoas que presenciaram a situação não souberem
atuar em conformidade com as diretrizes aceitas internacionalmente.
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Tabela 1 – Taxa de sobrevida em relação ao tempo-resposta.


Tempo Taxa de sobrevida
Sem RCP > 10 min 0% a 2%
RCP precoce, desfibrilação 2% a 8%
demorada > 10 min.
RCP e desfibrilação precoce 20%
< ou igual a 7 min.
RCP precoce e desfibrilação 30%
< 4 min

Em condições ideais, todo o cidadão deveria estar preparado para saber fazer SBV.
Porém, essa ainda não é uma realidade em nosso país, que carece de políticas
públicas efetivas como a instituição de desfibriladores em locais públicos e uma
cultura popular de atuação em primeiros socorros.

Riscos ocupacionais em APH

Por vezes, o desejo de ajudar alguém que nos parece estar em perigo de vida pode
levar-nos a ignorar os riscos que podemos correr. Se não forem garantidas as
condições de segurança antes de se abordar uma vítima, em casos extremos,
poderá ocorrer a morte da vítima e do profissional.

Existe uma regra básica que nunca deve ser esquecida: o profissional de APH não
deve expor a si e nem a terceiros, a riscos que possam comprometer a sua
integridade física. Antes de se aproximar de alguém que possa eventualmente estar
em perigo de vida, o profissional deve assegurar primeiro que não irá correr nenhum
risco:

 Ambiental – choque elétrico, desabamentos, explosão, tráfego, etc.


 Toxicológico – exposição a gás, fumo, tóxicos, etc;
 Biológico – tuberculose, hepatite, HIV, etc.

Na maioria das vezes, uma avaliação adequada e um mínimo de cuidado são


suficientes para garantir as condições de segurança necessárias. ANTES de
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qualquer socorro, os profissionais de APH devem avaliar a segurança da cena e se
necessário solicitar recursos adicionais (outras ambulâncias de suporte, policiais
para cuidar da sinalização e isolamento do local, bombeiros militares para retirada
de vítimas presas em ferragens ou na zona quente de um incêndio, etc).

Uniforme

O uniforme do SAMU consiste em:

1. Macacão (fornecido a cada profissional)


2. Sapato preto fechado (do próprio profissional)
3. Camiseta (Camiseta branca, gola redonda, do próprio profissional, sem
identificação alguma, sendo permitidas apenas as camisetas com o logotipo
do SAMU)

O uniforme, além de dar uma identidade visual a todos os que trabalham no


SAMU, tem o objetivo igualmente de proteção da equipe. É de uso obrigatório para
as equipes das unidades móveis, durante todo o turno de trabalho, devendo o
mesmo estar fechado.

Equipamentos de proteção individual e para


situações especiais (resgate, locais com barro, etc):

1. Óculos de proteção (disponível na unidade móvel, obrigatório em todos os


atendimentos traumáticos e recomendados nos casos clínicos com
possibilidade de emissão de partículas por parte do paciente/vítima).

Fonte: Google.com
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2. Luvas descartáveis (disponíveis na unidade móvel, obrigatória em todos os


atendimentos traumáticos e recomendado nos casos clínicos onde exista
possibilidade de emissão de partículas por parte do paciente /vítima).

Fonte: Google.com

3. Máscaras descartáveis (disponíveis na unidade móvel, obrigatória para


atendimentos cujos procedimentos ofereçam risco de contaminação por meio
das vias aéreas. Deve ser utilizada a máscara que melhor ofereça proteção
respiratória ao tipo de atendimento (máscara simples, respirador N95 etc).
Fonte: Google.com

4. Bota (para situações onde haja necessidade, sendo do próprio profissional).

Fonte: www.samu192df.com.br

5. Capacete (para situações onde haja necessidade, estando disponível dentro


da unidade).

Fonte: www.samu192df.com.br
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6. Capa de chuva (disponível na unidade).

Fonte: Google.com
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Parada
Cardiorrespiratória
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Unidade II – Abordagem a uma PCR

A
s doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte no
mundo, levando ao óbito o mesmo número de vítimas de câncer, doenças
respiratórias crônicas, acidentes e diabete mellitus combinados.

No Brasil, as doenças cardiovasculares possuem taxa de mortalidade ainda mais


preocupante. Dados da Organização Mundial de Saúde apontam 341 óbitos por
100.000 brasileiros em 2004 por doenças cardiovasculares, correspondendo a mais
que o dobro da taxa de mortalidade por câncer no Brasil no mesmo período, e
quase o triplo da taxa de mortalidade por DCV nos Estados Unidos.

Aproximadamente metade de todas as mortes por DCV são causadas por morte
cardíaca súbita. A incidência de morte cardíaca súbita é aproximadamente 55 por
100.000 habitantes nos Estados Unidos, representando 5,6% das causas de morte
anuais e um grave problema de saúde pública. Menos de 15% das paradas
cardiorrespiratórias (PCR) ocorridas fora do hospital estão relacionados a trauma,
sendo a grande maioria provocada por doença cardiovascular.

A abordagem à vítima de parada cardiorrespiratória (PCR) ainda na comunidade e a


rápida chegada de um serviço pré-hospitalar, são decisivos até a admissão à
unidade de pronto atendimento. É essencial que estas unidades, conhecidas como
unidades de suporte básico de vida (SBV) ou suporte avançado de vida (SAV),
disponibilizem profissionais capacitados, treinados e atualizados em procedimentos
de reanimação cardiopulmonar (RCP), com ênfase no rápido reconhecimento da
causa da PCR, do ritmo cardíaco e no uso do desfibrilador externo.

Conceito de PCR

Conceito

A Parada Cardiorrespiratória (PCR) é a interrupção súbita da atividade


elétrica e/ou mecânica ventricular, útil e suficiente, e da respiração;
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Vítima inconsciente
Parada respiratória PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA
Ausência de pulso carotídeo

Etiologia da PCR RCP


As causas mais comuns de uma PCR são: Infarto Agudo do Miocárdio, Doenças
coronarianas, Traumas, Obstrução de vias aéreas, Distúrbios hidroeletrolíticos,
Hipóxia aguda, Hemorragia e choque, Insuficiência respiratória, Hipotermia, Lesões
cerebrais, Intoxicação por drogas ou medicamentos, Reflexos vagal excessivo etc.

Em crianças, a Insuficiência respiratória é a causa mais comum, Cardiomiopatias


congênitas, Reflexo vagal, Distúrbios hidroeletrolíticos, Trauma etc.

Atividade Elétrica do Coração

Ritmo Sinusal Normal - Ondas P Positivas em D1, D2, V5 e V6 seguidas do


complexo QRS. É o ritmo mais comum de um coração normal. É proveniente do
marcapasso natural do coração.
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Os quatro ritmos cardíacos letais

Assistolia - É a cessação de qualquer atividade elétrica ou mecânica dos


ventrículos. No eletrocardiograma (ECG) caracteriza-se pela ausência de qualquer
atividade elétrica ventricular observada em, pelo menos, duas derivações.

É a causa mais frequente de PCR no ambiente hospitalar (85%).

Assistolia ventricular; no início do traçado registrou-se um complexo QRS e onda T, seguido de linha isoelétrica.

Fibrilação ventricular (FV) - É a contração assíncrona do miocárdio em


conseqüência da atividade caótica de diferentes grupos de fibras miocárdicas,
resultando na ineficiência total do coração em manter um rendimento de volume
sanguíneo adequado. No ECG, ocorre a ausência de complexos ventriculares
individualizados que são substituídos por ondas irregulares em ziguezague, com
amplitude e duração variáveis.

É a causa mais frequente de PCR em adultos no ambiente extra-hospitalar (85-90%)

Fibrilação ventricular.
A) ondas amplas e rápidas - fibrilação ventricular tipo "grosseiro"; B) ondas pequenas e lentas - fibrilação tipo "fino".

Taquicardia ventricular sem pulso (TVSP) - É a sucessão rápida de batimentos


ectópicos ventriculares que podem levar à acentuada deterioração hemodinâmica,
chegando mesmo à ausência de pulso arterial palpável, quando, então, é
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considerada uma modalidade de parada cardíaca, devendo ser tratada com o
mesmo vigor da FV.

Taquicardia ventricular.

Atividade elétrica sem pulso (AESP) - É caracterizada pela ausência de pulso


detectável na presença de algum tipo de atividade elétrica, com exclusão de TV ou
FV.

Dissociação eletromecânica ou ritmo agônico.


Complexos QRS largos e bizarros sem contração mecânica ventricular correspondente.

As causas mais comuns de AESP estão nos chamados 5T e 5H

Quadro 1. Relação Etiologia/tratamento dos 5H e 5T

Etiologia Tratamento
Tamponamento cardíaco Pericardiocentese
(neoplasia, IAM, trauma torácico)
Tensão do tórax Descompressão
5T (pneumotórax hipertensivo)
Trombose coronariana Difícil tratamento
(IAM extenso)
Tóxicos Bicarbonato/Antagonista
(antidepressivos, beta-bloqueadores, etc.)

Etilogia Tratamento
Hipovolemia Fluidos
Hipóxia O2 a 100%
5H Hipercalemia / Hipocalemia Bicarbonato
Hipotermia Aquecimento
H + (íon hidrogênio) (acidose) Bicarbonato
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Mais de 90% das Paradas Cardíacas, que ocorrem no ambiente extra-hospitalar tem
como causa a FIBRILAÇÃO VENTRICULAR, um tipo de arritmia fatal, cuja reversão
efetiva só é possível através da desfibrilação.

O cérebro humano suporta, com razoável segurança, um período sem oxigênio de


até 3 minutos. A partir daí, a cada segundo, as chances de uma lesão irreversível
aumentam progressivamente. Dessa forma, ao ser constatada a parada
cardiorrespiratória, deve-se imediatamente iniciar as manobras de Reanimação
Cardiopulmonar (RCP).

Destaque dos principais pontos de discussão e alteração


das diretrizes da AHA (2010)
• Nova sequência de atendimento passa de ABC para CAB

• Modificação nas recomendações para o reconhecimento e o acionamento


imediato do serviço de emergência.

• Procedimento VER, OUVIR, SENTIR foi removido do algoritmo.

• A profundidade de compressão, em adultos, foi alterada da faixa de 1 ½ a 2


polegadas para, no mínimo, 2 polegadas (5 cm).

• A frequência de compressão deve ser, no mínimo, de 100/minuto (em vez de


aproximadamente 100/minuto).

Quadro 1. Conceitos críticos para um RCP de alta qualidade


Uma RCP de alta qualidade melhora as possibilidades de sobrevivência de uma vítima.

As características críticas de uma RCP de alta qualidade são:

Conceitos  Iniciar as compressões antes de 10 segundos, após a constatação da parada

Críticos 
cardiorrespiratória (PCR);
Comprimir forte e rápido: realizar as compressões com uma frequência mínima
de 100 compressões/minuto a uma profundidade mínima de 5 cm (2 pol) para
adultos;
 Retorno total do tórax após cada compressão;
 Minimizar as interrupções entre as compressões torácicas
(limitar a não mais que 10 segundos);
 Realizar ventilações eficazes para que o tórax se eleve.
 Evitar ventilações excessivas (hiperventilar a vítima).

Fonte: Adaptado do Manual de Suporte Básico de Vida da American Heart Association, 2011.
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O atendimento organizado a uma PCR exige além de treinamento e dedicação,


alguns pontos que devem ser mencionados, a saber:

1. Realização do CHECK-LIST

O problema, muitas vezes, não está na falta de


conhecimento, mas de organização e
planejamento mínimo. Por mais especializados e
treinados que sejam os profissionais de saúde, é
grande a frequência com que se deixa passar
alguma coisa. As listas de verificação, os
chamados check-lists, parecem fornecer mais
segurança e proteção contra estas falhas. São
indispensáveis na passagem de plantão.

2. Trabalho em equipe

Exige compreensão, escuta, proatividade,


respeito mútuo e desprendimento. Lembrar que
comentários desnecessários devem ser evitados!

3. Liderança

As habilidades de liderança e trabalho em equipe


devem ser estimuladas, principalmente nos
treinamentos, pois o atendimento a uma PCR
exige muitas habilidades simultâneas.

4. Autoconfiança

Inclui uma postura positiva com relação às


próprias capacidades e desempenho. O
socorrista deve estar convicto do que faz e ter
certeza de fazê-lo melhor possível sabendo lidar
com suas dificuldades e limitações.
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Reanimação Cardiopulmonar
Conceito

Compõe-se basicamente de manobras de respiração artificial, com o auxílio


de dispositivos para insuflação de ar/O2 por pressão positiva e compressão
torácica (Massagem Cardíaca Externa – MCE).

Quando se constatam, durante a avaliação primária da vítima, a ausência de


respiração e pulso carotídeo impalpável, estamos diante de um quadro de
parada cardiorrespiratória, cuja evolução, se não forem tomadas as medidas
adequadas, e em tempo hábil, é a morte cerebral.

ALGORITIMO UNIVERSAL
SIMPLIFICADO DE SBV
(SUPORTE BÁSICO DE VIDA)

SEGUNDO AS DIRETRIZES
DA AMERICAN HEART
ASSOCIATION (AHA)

2010

Percebe-se que algoritmo simplificado de SBV da AHA (2010) é circular,


diferentemente dos anteriores, por justamente enfatizar a simultaneidade e
dinamismo das ações, fatores que só serão eficientes a partir de equipes
entrosadas e bem treinadas para o atendimento.
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SISTEMATIZAÇÃO DO ATENDIMENTO A UMA PCR


Deslocamento e Avaliação da Cena
 Uso dos Equipamentos de
Paramentação está completa? Proteção Individual
Biossegurança
Velocidade da ambulância?  Condições da via, trânsito,
distância?

 Necessita isolamento?
 Necessita sinalização?
Segurança da Cena A cena está segura?  Verificar segurança:
Do socorrista e equipe,
Da vítima
De terceiros

Unidade de Suporte Avançado,


Aeromédico, Polícia Militar, Polícia
Necessita de apoio? Tenho recurso adicional disponível? Civil, Policia Rodoviária, DETRAN,
Defesa Civil, Bombeiros Militares,
CAESB, CEB etc...

Avaliação Rápida da Capacidade de Resposta da Vítima


RECONHECIMENTO Parece bem x parece mal x agônico/ parado Cor, tônus, postura, atividade,
alerta/não responsivo.
Classifique: Solicite RESPOSTA da vítima:
Simultaneamente que chamá-lo
A está Alerta? (Senhor?...senhor?)
Está consciente?
V responde a estímulo Verbal? provoque estímulo doloroso
D responde ao estímulo de Dor? (apertando a clavícula ou esterno)
I Inconsciente. Não responde ou reage?
Não respira Verifique se RESPIRA
Ou Não respira ou respiração agônica
Respiração tipo gasping (sons anormais),
Respiração anormal
(isto é, apenas gasping) solicite ajuda.
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INICIANDO A RCP
Se estiver sozinho perante uma vítima irresponsiva, grite por ajuda, peça um DEA
(desfibrilador externo automático), verifique o pulso e inicie RCP (sequencia C-A-B)

Inicie
C • Compressões torácicas
sequência
de RCP A • Abertura de vias aéreas
C-A-B
B • Boa ventilação
Palpe o pulso carotídeo
1. Localize a traqueia utilizando os três dedos –
indicador, médio e anelar;

2. Deslize-os até o sulco e procure o pulso


carotídeo;

Verificando o
pulso Não sentiu ou não tem certeza?
Inicie compressões torácicas

3. Sinta o PULSO pelo menos 5 segundos, no


máximo 10 segundos.

Localizar o ponto de compressão sobre o esterno,


+ 2 dedos acima do processo xifóide.

Não apoiar os dedos no tórax e manter os braços


esticados

Utilizar o peso do corpo para fazer as


compressões, braços esticados em ângulo de 90º

Devem ser realizadas com uma frequência


Técnica de mínima de 100 compressões por minuto
Compressão
torácica COMPRIMA FORTE e RÁPIDO

Profundidade de pelo menos 05 cm

Lembrar-se de, SEMPRE, permitir o retorno


completo do tórax em cada compressão torácica

Minimizar as interrupções

Realizar 30 compressões intercalando com as


ventilações
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MASSAGEM CARDÍACA EXTERNA E SUAS VARIANTES

Vários dispositivos mecânicos para RCP foram avaliados em estudos recentes. Pelo
fato de serem dispositivos novos, na época das Diretrizes da AHA 2010, as
evidências científicas ainda não eram suficientes (Classe IIb) para se recomendar o
uso rotineiro. Estudos multicêntricos já começam a mostrar a eficiência de tais
equipamentos. IMPEDANCE THRESHOLD DEVICE (ITD)®
O uso do Dispositivo limiar de impedância (DLI)
melhorou a sobrevivencia a curto prazo.
AUTOPULSE® Poderá ser considerado por pessoal capacitado,
em adultos, em PCR, como um complemento.
Compressão Torácica com faixa Classe II b
de distribuição de carga.
O Autopulse aumenta a pressão LUND CARDIAC ARREST SYSTEM (LUCAS)®
Laboratório de hemodinâmica
de perfusão coronariana. Adequado em cateterismo cardíaco e intervenção
Uso por pessoal treinado. assegurando PAS adequada.
Classe II b Sem lesões fatais.
Classe II b

Clínico:
Técnica de extensão da cabeça e
elevação do mento
(Chin lift)

1. Coloque os dedos de uma mão na testa da


vítima e empurre com a palma para inclinar
a cabeça para trás;

2. Coloque os dedos da outra mão debaixo da


parte óssea da mandíbula inferior;

3. Levante a mandíbula para trazer o mento


pra frente

Abertura de
Vias Aéreas
Trauma:
Técnica de Anteriorização da Mandíbula
Verificar a (Jaw-thrust)
permeabilidade
1. Apoiar região tênar da mão sobre a região
das Vias
do zigomático, bilateralmente, estando
Aéreas posicionado sobre a “cabeceira” do paciente

2. Coloque a ponta dos dedos indicador e


médio atrás do ângulo da mandíbula,
bilateralmente, exercendo a força suficiente
para deslocá-la anteriormente;

3. Apoiar os polegares na região mentoniana,


imediatamente abaixo do lábio inferior, e
promover a abertura da boca.
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Realizar 2 ventilações (duração de 1 segundo cada) a cada 30 compressões


Evitar hiperventilar
Elevação torácica deve ser visível
UTILIZAR A TÉCNICA DE VENTILAÇÃO MAIS ADEQUADA:

Método sem equipamento (boca-boca)

1. Desobstruir as vias aéreas;


2. Pinçar as narinas da vítima com os dedos;
3. Colocar a boca sobre a boca da vítima, de
maneira a englobá-la totalmente;
4. Aplique 02 insuflações, observando a
expansão do tórax;
5. Após cada insuflação, libere a boca e o
nariz da vítima para que possa exalar o ar.

Método com equipamento


(boca-máscara)

1. Desobstruir as vias aéreas.


2. Fixar adequadamente a máscara sobre a
face da vítima, segurando-a firmemente.
3. Ventilar através da máscara.
4. Manter a mesma frequência do método
anterior, lembrando-se de liberar a máscara
Boa Ventilação para a vítima poder exalar o ar.

Método com equipamento BVM


(Bolsa-valva-máscara)

1. Escolha o BVM adequado ao tamanho da


vítima;
2. Coloque-se atrás da vítima;
3. Com uma das mãos segure firmemente a
máscara no rosto do paciente;
4. Utilize a técnica da mão em C-E, isto é,
polegar e indicador fazem um formato de C
e pressionam a máscara contra o rosto,
enquanto os dedos médio, anelar e
mínimo, no formato de E, puxam pra si a
região mentoniana (queixo) para que a
máscara tenha uma boa vedação;
5. A outra mão comprime o balão para a
ventilação, mantendo as mesmas
frequências anteriores.
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MANOBRAS DE RCP (01 SOCORRISTA)

1. Coloque-se ao lado da vítima, conforme a


figura ao lado;
2. Inicie as manobras de respiração artificial,
começando com 02 insuflações;
3. Inicie as manobras de compressão
torácica, realizando 30 compressões;
4. Mantenha uma relação de 30
compressões para cada 02 insufladas
5. A cada 2 minutos, aproximadamente, de
insuflação-compressão, pare e verifique os
sinais vitais

MANOBRAS DE RCP (02 SOCORRISTAS)

1. Posicionam-se ao lado da vítima conforme


a figura ao lado;
2. Inicia-se com 02 insuflações, seguida de
30 compressões torácicas;
3. Após o primeiro ciclo, manter uma relação
de 30 compressões para 02 insuflações;
4. Após 2 minutos, interrompem-se as
manobras para verificação dos sinais
vitais.

Resumo dos principais componentes de SBV para adultos, crianças e bebês (AHA, 2010)
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REANIMAÇÃO PEDIÁTRICA

RCP em recém-nascidos (0-28dias)

Inicia-se com duas insuflações e mantêm-se a


frequência de 3 massagens para 01 insuflada;
Prevenção RCP Acesso SAVP Cuidados
Pós-PCR A compressão externa pode ser feita com dois
Segundo Guidelines de 2010 da American Heart dedos ou com o polegar;
Association (AHA), o quinto elo também foi inserido na
nova Cadeia de Sobrevivência Pediátrica:
1. Prevenção
2. RCP precoce
3. Acesso rápido aos Serviços de Emergência O volume de ar a ser insuflado deve ser
4. Suporte avançado de vida eficaz somente aquele armazenado nas bochechas
5. Cuidados pós-PCR integrados do socorrista.
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Obstrução de Vias
Aéreas por Corpo
Estranho (OVACE)
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Unidade III – Obstrução de Via Aérea por


Corpo Estranho (OVACE)

A
obstrução das vias aéreas pode se dar em qualquer nível de sua estrutura e
pode, ainda, ser completa ou incompleta.

As principais causas de obstrução de vias aéreas no ambiente pré-hospitalar são:

1. Relaxamento da base da língua


2. Corpo estranho
3. Vômitos ou outras secreções
4. Edema de glote (pacientes com passado alérgico)

SINAIS DE OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS

Agitação e ansiedade da vítima


Incapacidade de verbalização
Tosse
Respiração ruidosa
Cianose
Parada respiratória

“Sinal universal do engasgo”

Deve-se lembrar de que uma obstrução não revertida irá inevitavelmente evoluir
para um quadro de asfixia e posteriormente parada respiratória, portanto, assim que
identificada a obstrução, deve-se imediatamente iniciar as manobras apropriadas.

MANOBRAS PARA DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS

Vítima inconsciente

1. Deitar a vítima de costas


2. Abrir a boca da vítima e realizar a varredura
manual da orofaringe (usar luvas!!!!!)
3. Inclinar a cabeça para trás, com elevação
do queixo.
4. Aspiração de secreções*
5. Colocar uma Cânula de Guedel*
6. Verificar respiração e pulso
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OBSTRUÇÃO POR CORPO ESTRANHO

Vítima consciente  Manobra de Heimlich

Inicialmente deixa-se a vítima desimpedida para que a mesma


use seu esforço próprio de tosse para expulsão do objeto, sendo
essa a forma mais eficaz de desobstrução. Uma vez que se
perceba tosse ineficaz ou inconsciência iminente, procede-se à
manobra. Colocar-se atrás da vítima, passando os braços em
torno da mesma, mantendo um punho cerrado e outro
segurando o punho contralateral, aproximadamente, 04 dedos
acima do umbigo, conforme a figura ao lado.
Faz-se, então, uma pressão com um puxão rápido comprimindo
o abdome da vítima, na tentativa de expulsar o corpo estranho.
Deve-se prosseguir com esta manobra até a expulsão do objeto
ou então até a vítima perder a consciência.

*VÍTIMAS OBESAS E GESTANTES

As mãos devem ser colocadas ao nível da porção média do esterno.

VÍTIMA INCONSCIENTE OU CRIANÇAS


Coloca-se na posição indicada na figura ao
lado, apoiando as mãos entre o apêndice
xifóide e o umbigo, e com os braços
esticados, faz-se a compressão abdominal
ligeiramente orientada no sentido cranial.
Antes de iniciar a manobra, pode-se lateralizar
o pescoço da vítima, evitando assim, o risco
de aspiração no caso de vômitos.

Recém-nascidos e bebês
Apoia-se a criança com a palma da mão, conforme
a figura, sobre a coxa, mantendo a cabeça mais
baixa que o corpo, e aplicam-se 5 golpes na região
dorsal, entre as escápulas,com a mão em
“concha”. Se não houver sucesso, pode-se alternar
esta manobra com as compressões torácicas.
Ficar atento para a iminência de uma parada
respiratória.
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MANOBRAS DE DESENGASGO EM CRIANÇAS E BEBÊS

(<1 ano)

Lactente (<1 ano)

PARADA RESPIRATÓRIA

É a cessação dos movimentos respiratórios da vítima, com consequente falta de


oxigenação dos tecidos. Podem ocorrer devido a uma série de causas como
obstrução de vias aéreas, traumatismo de tórax, intoxicações e outras. A parada
respiratória, se não revertida a tempo, inevitavelmente, evolui para uma parada
cardiorrespiratória.

IDENTIFICAÇÃO

1. Parada de movimentos e/ou sons respiratórios


2. Cianose

Ao se identificar uma parada respiratória (PR), devem-se iniciar imediatamente as


medidas de respiração artificial e massagem cardíaca externa (MCE).

Inicialmente, providencia-se a desobstrução das vias aéreas, conforme descrito


anteriormente, realizando a extensão do pescoço e elevação do queixo. Em grande
parte das vezes, esta simples manobra pode ser suficiente para permitir que a
vítima respire espontaneamente. Mas, se isto não ocorrer, deve-se manter esta
posição e iniciar as manobras de RCP.

 A utilização do BVM por uma única pessoa exige certa prática para que
se consiga um resultado satisfatório. Dessa forma, deve-se, sempre que
possível, utiliza-lo com dois membros da equipe.
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 Durante a ventilação com o BVM, não é necessário retirar o mesmo da


face da vítima durante a expiração, pois este possui uma válvula de
escape que permite a saída do ar.

 Durante os procedimentos de ventilação, podem ocorrer vômitos,


devido à distensão gástrica causada pelo ar insuflado. Para diminuir os
riscos de isso acontecer, as insuflações não devem ser muito rápidas,
devendo levar em média 1 segundo para encher o tórax.

 O volume e a força da insuflação devem ser proporcionais ao biótipo da


vítima. Cuidado com crianças e recém-nascidos!

O suporte ventilatório deve ser oferecido a vitima de PR conectando-se o cilindro de


oxigênio (10-15 l/min.) ao BVM na frequência de 1 ventilação a cada 6-8 segundos
(8 a 10 ventilações/minuto). Reavaliar a cada 1 ½ a 2 minutos (inclusive o pulso)
para verificar se o paciente voltou a respirar ou se evoluiu para uma Parada
Cardiorrespiratória (PCR).

Mantenha o procedimento até o paciente voltar à respiração espontânea. Neste


caso, coloque-o na posição lateral de recuperação.

Posição lateral de recuperação.


Paciente é colocado em Decúbito Lateral Esquerdo, perna direita semi-fletida e mão direita firmando a lateralização da cabeça
para evitar obstrução da via aérea.

Veja a técnica Posição lateral de recuperação: http://www.youtube.com/user/INEMVIDEOS

Se ao reavaliar o paciente, ele evoluir para PCR inicie as manobras de RCP,


lembrando-se de sempre começar pela compressão torácica (C-A-B).
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Desfibrilação
Externa Automática
(DEA)
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Unidade IV – Desfibrilação Externa Automática


DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO (DEA)

Conceito

Os DEAs são equipamentos para desfibrilação dotados de um microprocessador


que analisa a presença ou não de fibrilação ventricular e, se presente, promove a
realização de choques sucessivos para a reversão da mesma.

O termo “automático” na realidade significa “semi-automático”, pois a maioria dos


DEAs disponíveis no mercado informarão ao operador que o choque é necessário,
mas não aplicarão um choque sem uma ação do socorrista (ou seja, o socorrista
deve pressionar o botão CHOQUE).

Os eletrodos adesivos conectam o DEA ao paciente. A maioria dos DEAs opera da


mesma maneira e tem componentes similares.

O DEA faz-se fundamental como elo na Corrente da Sobrevida, uma vez que a sua
utilização por pessoas leigas é considerada segura, desde que devidamente
treinadas, oferecendo, dessa forma, a desfibrilação precoce.

Desfibriladores Externos Automáticos

Em países desenvolvidos, a presença do DEA em locais de grande fluxo de


pessoas, como shoppings, aeroportos e estádios de futebol, está se tornando uma
realidade cada vez mais presente. Além disso, as grandes empresas aéreas
também estão colocando os DEA como parte do equipamento de emergência nas
aeronaves, treinando devidamente suas tripulações na utilização dos mesmos.
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Presença do DEA no Aeroporto de Tókio. Japão

No Brasil, infelizmente, o seu uso por pessoas leigas, bem como a disponibilidade
de aparelhos, ainda é uma realidade incipiente. Atualmente, apenas algumas
empresas aéreas, em algumas aeronaves, e algumas unidades do Corpo de
Bombeiros, de alguns estados, possuem este equipamento disponível, bem como
amparo legal para seu uso.

RESUMO DOS PRINCIPAIS PONTOS DE DISCUSSÃO E ALTERAÇÕES (AHA, 2010)

• Integração dos DEAs a Cadeia de Sobrevivência com acesso público a desfibrilação


(aeroportos, cassinos, instituições esportivas);

• Consideração do uso de DEA em hospitais, como forma de facilitar a desfibrilação


precoce;

• Os DEAs podem ser usados em bebês, se não houver um desfibrilador manual


disponível.

DEFIBRILAÇÃO

Conceito

A Desfibrilação é uma terapia elétrica (Choque), aplicada sobre o coração com


Arritmia, visando a sua despolarização (assistolia) temporária.

Após esse breve período de assistolia espera-se que o paciente volte a


desenvolver um ritmo cardíaco organizado e hemodinamicamente efetivo.

O intervalo do colapso até a desfibrilação é um dos mais importantes fatores


determinantes da sobrevivência a uma parada cardíaca. Os DEAs são dispositivos
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computadorizados sofisticados, confiáveis e de simples operação, que permitem
que pessoas leigas e profissionais de saúde tentem a desfibrilação com segurança.

A desfibrilação precoce (terceiro elo da Cadeia de Sobrevivência) é fundamental


para vitimas de parada cardíaca súbita pelas seguintes razões:

1. O ritmo inicial mais comum em casos de parada cardíaca súbita


testemunhada é a fibrilação ventricular (FV). Quando a FV está presente, o
coração passa a apresentar tremores e não bombeia sangue;
2. O tratamento mais eficaz para a FV é a desfibrilação elétrica (aplicação de
um choque para reverter a FV);
3. A probabilidade de uma desfibrilação bem sucedida diminui rapidamente com
o passar do tempo;
4. A FV não tratada deteriora para assistolia.

Quanto mais precoce for a desfibrilação, maior a taxa de sobrevivência. Quando a


FV está presente, a RCP pode fornecer um pequeno fluxo sanguíneo para o
coração e cérebro, mas não pode diretamente restaurar um ritmo organizado. A
restauração de uma perfusão adequada requer a realização imediata de RCP e de
desfibrilação nos primeiros minutos da parada inicial.

MECANISMO DE DESFIBRILAÇÃO
SBV
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FV = Fibrilação Ventricular
Dg = Drogas de emergência
SBV = Suporte Básico de Vida
SAV = Suporte Avançado de Vida

PPCor = Pressão de perfusão coronariana


PPCer = Pressão de perfusão cerebral

Após 3-4 minutos de Fibrilação Ventricular (FV) os estoques de energia (ATP-


Adenosina Trifosfato) praticamente se esgotam, fonte de energia vital para uma
desfibrilação bem sucedida. O ATP é o combustível químico que a actina e miosina,
principais proteínas musculares, necessitam para realizarem sua função de
contração/relaxamento muscular.

Nó sinusal = marcapasso natural

Nó atrioventricular
SBV
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Adenosina trifosfato (ATP), o qual se dissocia em adenosina difosfato (ADP).

O pulso de corrente elétrica que atravessa o coração promove a despolarização


(contração) de uma grande quantidade de fibras ventriculares que estavam
repolarizadas (relaxadas) e prolonga a contração das que já estavam contraídas. Se
uma certa massa crítica (75% a 90%) das fibras responderem simultaneamente a
esta contração forçada, quando retornarem ao estado de repouso estarão em
condições de responder ao marcapasso natural do corpo e, com sincronismo, o
bombeamento é restabelecido.

Compressões eficientes
auxiliam a re-estabelecer
as ATPs aumentando a
chance de uma
desfibrilação bem
sucedida.

A desfibrilação é a aplicação de uma corrente elétrica em um paciente cuja função é


a reversão das arritmias cardíacas de um pulso de corrente elétrica de grande
amplitude num curto período de tempo. Ao atravessar o coração esta corrente força
uma contração simultânea das fibras cardíacas, possibilitando o restabelecimento
de um ritmo normal.
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Sequência de RCP utilizando o DEA

INSTALAÇÃO DO DEA OU DESFIBRILADOR (PÁS)

Posicionamento das pás:


Anterolateral (convencional) POSIÇÕES ALTERNATIVAS
Igualmente aceitáveis na desfibrilação:
- Anteroposterior
- Infraescapular ântero-esquerda
- Infraescapular ântero-direita

Colocada na posição
esterno-apical

INDICAÇÃO DO QUANTITATIVO DO CHOQUE

O DEA é bifásico, isto é, assim como todos desfibriladores bifásicos (automáticos,


semi-automáticos ou manuais) administra uma menor quantidade de choque (120J
a 200J) em relação aos desfibriladores monofásicos (360J) para o fazer o mesmo
efeito desfibrilatório sobre as células do miocárdio.

A segurança da equipe na administração do choque deve ser observada:

“CHOQUE INDICADO!”  Socorrista: “Eu afasto, você afasta, todos afastam!”


 Compressão das pás em caso do desfibrilador manual
 Início imediato das compressões após o choque
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ALGORITMO GERAL DE ATENDIMENTO A RCP ADULTO

Não responde
Sem RESPIRAÇÃO
Ou respiração tipo gasping

Peça Ajuda Solicite um


Solicite 192 DEA

Verificar Pulso
COMPRESSÕES TORÁCICAS
30 compressões/ 2 ventilações Se a PCR for
presenciada
Use o DEA o
+ rápido
possível
ABRIR VIA AÉREA
Verificar obstrução

RESPIRAÇÃO
2 ventilações

IDENTIFICAR O RITMO

FV ou TVSP Assistolia ou AESP


DESFIBRILAR NÃO DESFIBRILAR
SUPORTE AVANÇADO

Durante as manobras
Manter via aérea aberta
1 CHOQUE
Ventilação e oxigenação
Posição do eletrodo
Corrigir causas reversíveis
Retornar as
Retornar as Considerar manobras
manobras Via aérea definitiva 30 compressões
30 compressões Vasopressor/antiarrítimicos 2 ventilações
2 ventilações 5 ciclos
5 ciclos Monitorizar
Glicose, temperatura, CO2
Eletrólitos

RCP de alta qualidade

Frequência de pelo menos 100x/min


Comprimir tórax ao mínimo de 5cm (profundidade);
Permitir um retorno torácico completo
depois de cada compressão;
Minimizar as interrupções entre as compressões
(não superior a 10 seg.)
Evitar ventilação excessiva;
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DROGAS DE EMERGÊNCIA

FIBRILAÇÃO VENTRICULAR/ TAQUICARDIA VENTRICULAR SEM PULSO (FV/ TVSP)

VASOPRESSORES:

Adrenalina: 1 mg IV em bolus a cada 3-5 minutos até o restabelecimento da circulação


* Vasopressina 40 UI em substituição à 1a ou 2a dose (única dose)

A adrenalina é a droga de início na PCR.


Ação vasoconstrictora, inotrópica e Cronotrópica Positiva. Ação Adrenérgica: Alfa e Beta
Alfa Beta
1. Aumenta a pressão da aorta; 1. Aumenta o Inotropismo;
2. Aumenta a pressão de perfusão 2. Aumenta FC;
coronariana; 3. Dilata leito vascular coronariano;
3. Aumenta a Venoconstricção. 4. Aumenta o consumo de O2
Miocárdico.

ANTIARRÍTMICOS:
Amiodarona
Dose de ataque: 300 mg IV em bolus, podendo-se repetir dose de 150 mg
Dose de manutenção: 1 mg/min nas primeiras 6h e 0,5 mg/min nas 18h seguintes;
Antiarrítmico considerado de 1a escolha nessa situação

Lidocaína
Dose de ataque: 1-1,5 mg/ kg IV em bolus, podendo-se repetir a cada 3-5 minutos até o total de 3 mg/ kg;
Dose de manutenção: 1-4 mg/ min
Antiarrítmico considerado de 2a escolha nessa situação

ASSISTOLIA/ ATIVIDADE ELÉTRICA SEM PULSO (ASSISTOLIA/ AESP)

Adrenalina: 1 mg IV em bolus a cada 3-5 minutos até o restabelecimento da circulação


* Vasopressina 40 UI em substituição à 1a ou 2a dose (única dose)

A atropina não é mais recomendada para uso de rotina no tratamento da atividade elétrica
sem pulso (AESP)/assistolia.
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Referências
Bibliográficas
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1. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?idb2010/c04.def.


Acesso em 17/09/2012.

2. MANSUR, A. P; GOMES, E. P. TREINAMENTO INTEGRADO EM MEDICINA DE


EMERGÊNCIA. Epidemiologia da síndrome isquêmica aguda com
supradesnivelamento do segmento ST. Disponível em:
http://www.projetotime.com.br/apostilas/Cap.01.pdf. Acesso em 15/09/2012

3. AMERICAN HEART ASSOCIATION. Manual de SBV para profissionais de


saúde. AHA. 2010

4. AMERICAN HEART ASSOCIATION. GUIDELINES CPR ECC 2010. Destaque das


diretrizes da American Heart Association 2010 para RCP e ACE.

5. SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGENCIAS – SAMU 192 DF. Curso


básico de urgências e emergências do SAMU 192 DF. 2009

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