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Francieli Boaria
Mestre no programa Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Professora no
curso de Turismo do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - UDC. Assistente de Marketing no
Iguassu Convention & Visitors Bureau. franboaria@gmail.com
Resumo
As TICs transformaram a função de distribuição para o mercado eletrônico, onde o acesso à informação é
alcançado e, ao mesmo tempo, a interatividade entre intermediários e consumidores oferece grandes
oportunidades (BUHALIS; LICATA, 2002). Assim, A Internet impulsiona a reengenharia de todo o
processo de produção e entrega de produtos turísticos, bem como estimula a interatividade entre os
parceiros que podem projetar produtos especializados, a fim de maximizar o valor adicionado fornecido
aos consumidores individuais. Perante tais alterações, este artigo objetiva identificar e analisar as
estratégias das redes hoteleiras nacionais e internacionais estabelecidas no Brasil em relação aos
diferentes canais de distribuição. Por meio de survey eletrônico, a pesquisa contou com uma amostra de
15 redes hoteleiras, às quais representam 223 hotéis. Com análises de abordagens quali-quantitativa
realizadas, é possível afirmar que as OTAs são os canais mais utilizados pelas redes hoteleiras
pesquisadas, mesmo apresentando crescimento nas vendas diretas online.
Palavras-chave: Canais de Distribuição; TICs; Redes Hoteleiras.
Abstract
ICTs have transformed the distribution function for the electronic market, where access to information is
achieved and at the same time, the interaction between intermediaries and consumers provides great
opportunities (BUHALIS; LICATA, 2002). Thus, the Internet drives the reengineering of the entire
manufacturing process and delivery of tourism products , as well as stimulating interactivity between
partners that can design specialized products in order to maximize the added value provided to individual
consumers. Given these changes, this article aims to identify and analyze the strategies of national and
international hotel chains established in Brazil in relation to the different distribution channels. Through
electronic survey, the research involved a sample of 15 chains, which represent 223 hotels. With analysis
of qualitative and quantitative approaches done, it is clear that the OTAs are the channels most used by
hotel chains, even with growth in online direct sales.
Key-words: Distribution Channels; ICTs; Hotel Chains.
1
Artigo apresentado no VIII Fórum Internacional de Turismo do Iguassu, 2014.
73
INTRODUÇÃO
2
E-commerce ou comércio eletrônico Relacionado com a atividade de vendas de bens e serviços através
da distribuição eletrônica.
3
A Amadeus, sediada na Alemanha, é uma empresa que oferece soluções de tecnologia e distribuição de
informações para hotelaria e restauração em todo o mundo.
Como resultado, foi possível analisar diante dos dados expostos que todas as
redes hoteleiras pesquisadas utilizam diferentes canais de distribuição para a venda
da unidade habitacional (UH) e relacionamento com o cliente, e, aponta também
diferenças relevantes entre as redes hoteleiras nacionais e internacionais.
Churchill e Peter (2000, p. 368) descrevem canal de distribuição como “[...] uma
rede (sistema) organizada de órgãos e instituições, que, em combinação, executam
todas as funções necessárias para ligar os produtores aos usuários finais, a fim de
realizar a tarefa de marketing”. Os intermediários executam diversas funções dentro do
canal de distribuição, sendo um elo entre dois extremos, desde o ponto inicial,
conhecido como fabricantes, produtores ou prestadores de serviços, até o ponto final,
os consumidores ou usuários de produtos ou serviços.
4
Google Adwords ou Links Patrocinados é uma estratégia de divulgação do site da empresa pela Internet.
Segundo Buhalis e Licata (2002), Webb (2002), Tsai, Huang e Lin (2005) e
Berne, Garcia-Gonzalez e Mugica (2012), os canais de distribuição offline devem
agregar valor ao serviço, oferecendo, por exemplo, pacotes personalizados, aplicação
5
E-business engloba oferta de serviços aos consumidores, colaboração com parceiros de negócios e
condução de transações eletrônicas dentro de uma organização, incluindo as atividades de marketing
(venda e pós-venda).
METODOLOGIA
Internacional 4 26,7
Nacional 11 73,3
Gestor de e-commerce
Não 3 20,0
Sim 12 80,0
Revenue manager
Não 4 26,7
Sim 11 73,3
Treinamento para equipe de marketing
Não 4 26,7
Sim 11 73,3
Quase Quase
Nunca Às Vezes Sempre %
Nunca Sempre
N1 I2 I
N% I% N% N% I% N% I% P
Questões % % %
Maior atenção às estratégias e à 0, 25
0,0 0,0 0,0 9,1 45,5 25,0 45,5 50,0 0,886
concorrência 0 ,0
0, 0,
0,0 9,1 0,0 0,0 54,5 25,0 36,4 75,0 0,189
Aumento da concorrência 0 0
0, 0,
0,0 9,1 0,0 18,2 18,2 0,0 54,5 100,0 0,119
Política da marca 0 0
0, 25
0,0 9,1 0,0 0,0 36,4 0,0 54,5 75,0 0,655
Reputação online 0 ,0
0, 0,
0,0 0,0 25,0 18,2 54,5 0,0 27,3 75,0 0,364
Monitoramento volume de vendas 0 0
0, 0,
0,0 0,0 0,0 18,2 54,5 0,0 27,3 100,0 0,022
Atualização da página web 0 0
0, 0,
0,0 0,0 25,0 9,1 63,6 50,0 27,3 25,0 0,602
Controle de compra pelo cliente 0 0
0, 25
0,0 0,0 0,0 9,1 54,5 0,0 36,4 75,0 0,432
Criação de novas funções 0 ,0
Alargamento geográfico para 0, 0,
0,0 9,1 0,0 9,1 45,5 25,0 36,4 75,0 0,175
segmentos alvo 0 0
0, 0,
0,0 0,0 25,0 36,4 18,2 0,0 45,5 75,0 0,616
Ouvir os clientes 0 0
0, 25
0,0 0,0 0,0 27,3 27,3 0,0 45,5 75,0 0,472
Mídias sociais 0 ,0
Vendas diretas online pela rede 0, 0,
0,0 0,0 0,0 0,0 9,1 0,0 90,9 100,0 0,546
hoteleira 0 0
Autonomia em abrir e fechar 0, 0,
0,0 0,0 0,0 18,2 36,4 0,0 45,5 100,0 0,073
disponibilidade 0 0
Vendas em canais com info. 0, 0,
0,0 0,0 0,0 0,0 36,4 0,0 63,6 100,0 0,174
detalhada sobre a rede 0 0
Vendas por canais de conexão 25 50
18,2 9,1 0,0 18,2 27,3 0,0 27,3 25,0 0,639
direta com dpto reservas ,0 ,0
Volume de negócios por cada 0, 0,
0,0 0,0 0,0 27,3 36,4 75,0 36,4 25,0 0,778
canal parceiro 0 0
Confiança e privacidade 0, 0,
0,0 0,0 25,0 9,1 18,2 0,0 72,7 75,0 0,867
protegidos em site de parceiros 0 0
0, 25
0,0 0,0 0,0 9,1 18,2 0,0 72,7 75,0 0,933
Imagem da marca do parceiro 0 ,0
Custos de transação de cada 0, 0,
0,0 0,0 0,0 9,1 18,2 0,0 72,7 100,0 0,262
canal 0 0
0, 0,
0,0 0,0 0,0 9,1 36,4 0,0 54,5 100,0 0,115
Sites velozes e confiáveis 0 0
50 0,
9,1 45,5 0,0 9,1 27,3 25,0 9,1 25,0 0,787
Importância do mercado-alvo ,0 0
25 0,
27,3 18,2 25,0 36,4 9,1 0,0 9,1 50,0 0,547
Evitar a venda por fax ou tel ,0 0
Controle sobre as tarifas em sites 0, 0,
0,0 18,2 0,0 9,1 18,2 25,0 54,5 75,0 0,374
de terceiros 0 0
0, 0,
0,0 18,2 0,0 27,3 18,2 25,0 36,4 75,0 0,127
Pesquisas de canais parceiros 0 0
cliente tenha que realizar mais buscas. Embora apresente diversas facilidades, entre
outras características apresentadas, as OTAs cobram altas comissões pelas reservas
produzidas, fator que levam as redes hoteleiras a diversificarem os canais e tentarem
diferentes alternativas de vendas diretas. Para ilustrar a forma em que as redes
hoteleiras no Brasil têm utilizado os canais de distribuição, observa-se o Gráfico 1.
Questões N %1 I %2 N% I% N% I% N% I% N% I% P
OTA3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 25,0 36,4 0,0 63,6 75,0 0,937
GDS4 0,0 0,0 0,0 0,0 45,5 0,0 18,2 50,0 36,4 50,0 0,267
Email 0,0 0,0 9,1 25,0 45,5 25,0 9,1 25,0 36,4 25,0 0,731
Motor de reservas da rede 0,0 0,0 18,2 0,0 9,1 0,0 36,4 25,0 36,4 75,0 0,160
Agência de viagem offline 0,0 25,0 36,4 25,0 0,0 0,0 27,3 0,0 36,4 50,0 0,782
Walk-in 18,2 25,0 18,2 25,0 27,3 25,0 18,2 0,0 18,2 25,0 0,739
Compras Coletivas 45,5 50,0 18,2 25,0 9,1 0,0 27,3 25,0 0,0 0,0 0,834
Apps Celulares 45,5 0,0 36,4 50,0 9,1 0,0 9,1 25,0 0,0 25,0 0,063
Outro 72,7 50,0 27,3 25,0 18,2 0,0 0,0 0,0 0,0 25,0 0,720
Fonte: Elaborado pelos autores.
ferramentas em aplicativos para dispositivos móveis, enquanto que apenas 25% das
redes internacionais (I) sempre utilizam.
O motor de reservas, embora seja um canal direto com a rede hoteleira, ainda
é pouco utilizado pelas redes nacionais (N) (36,4% sempre utilizam), dando espaço
para o GDS e as OTAs, sendo a última, com maior percentagem de utilização (63,6%
sempre utilizam). Quanto às redes internacionais (I), a utilização das OTAs chega a
75% de afirmação de que sempre utilizam. Estas constatações vão de encontro com a
abordagem teórica, que explica que os hotéis em geral estão evitando acordos com o
GDS e OTAs devido ao alto custo administrativo, porém, os hotéis ainda dependem
destes intermediários para manter a ocupação no estabelecimento (O'CONNOR,
2001a; O'CONNOR, 2001b; BUHALIS; LICATA, 2002; VADELL, 2005;
HOTELMARKETING.COM, 2013; HOSTELTUR.COM, 2013).
Quase Quase
Nunca Às Vezes Sempre
Nunca sempre %
CONCLUSÃO
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Recebido: 08/03/2014
Received: 03/08/2014
Aprovado: 18/07/2014
Approved: 07/18/2014