Professional Documents
Culture Documents
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS
1. CONTEXTO DA PROPOSTA
1.1. Contexto
O turismo representa a terceira maior atividade socioeconómica na UE em termos de
contribuição para o PIB e o emprego, após o comércio e a distribuição e os setores da
construção. É um dos raros setores económicos que regista um crescimento contínuo, não
obstante as dificuldades económicas e financeiras, oferecendo um forte potencial quanto ao
seu contributo para a realização da «Europa 2020», a estratégia da UE a favor de um
crescimento inteligente, sustentável e inclusivo da economia da UE.
Englobando cerca de 1,8 milhões de empresas, essencialmente PME, este setor1 emprega
cerca de 3,3 % da população ativa da UE (cerca de 8 milhões de empregos) e gera cerca de
2,9 % do PIB da UE. Se forem considerados os setores que lhe estão associados 2, a sua
contribuição indireta é ainda maior: estima-se que represente cerca de 8,5 % de todos os
empregos (aproximadamente 18,8 milhões de pessoas empregadas) e garanta cerca de 7,9 %
do PIB da União Europeia3. Apesar da concorrência crescente de outras regiões do mundo, a
UE é o primeiro destino turístico do mundo, tendo registado 384,8 milhões de chegadas
internacionais em 20114.
Com a adoção do Tratado de Lisboa, a UE passou a ter competência para completar a ação
dos Estados-Membros no setor do turismo, nomeadamente promovendo a competitividade das
empresas da União neste setor5.
Respondendo aos novos poderes que lhe foram conferidos e à necessidade de novas medidas
para estimular o crescimento da UE, a Comissão adotou uma comunicação em 2010 sobre um
novo quadro político para o turismo europeu6. Este quadro identifica um conjunto ambicioso
de ações destinadas a: a) estimular a competitividade no setor turístico na Europa; b)
promover o desenvolvimento de um turismo sustentável, responsável e de qualidade; c)
consolidar a imagem e a visibilidade da Europa como um conjunto de destinos sustentáveis e
de qualidade; e d) maximizar o potencial das políticas e dos instrumentos financeiros da UE
para desenvolver o turismo.
A ação 13 da Comunicação prevê expressamente o desenvolvimento de uma Marca Europeia
do Turismo de Qualidade, com base na experiência nacional existente, «para aumentar a
confiança do consumidor no produto turístico e recompensar os esforços realizados pelos
profissionais do turismo com o objetivo de aumentar a qualidade do serviço para satisfação do
cliente».
1
Operadores tradicionais do setor das viagens e do turismo (hotéis, restaurantes, agências de viagem,
locação de veículos, companhias de voos charter, autocarros turísticos, navios de cruzeiro, etc.) que
propõem bens e serviços diretamente aos visitantes.
2
Em especial, a distribuição, a construção, as empresas de transportes em geral (aéreos, ferroviários,
marítimos, rodoviários, etc.) e o setor cultural (incluindo as indústrias culturais e criativas).
3
World Travel & Tourism Council (WTTC) 2012
http://www.wttc.org/site_media/uploads/downloads/european_union2012.pdf
4
«UNWTO World Tourism Barometer», maio de 2012.
5
Artigo 6.º, alínea d), do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia. Segundo também o artigo
195.º do TFUE, para o efeito «a ação da União tem por objetivos: a) Incentivar a criação de um clima
propício ao desenvolvimento das empresas neste setor; b) Fomentar a cooperação entre os Estados-
Membros, nomeadamente através do intercâmbio de boas práticas».
6
«Europa, primeiro destino turístico do mundo Novo quadro político para o turismo europeu»,
COM(2010) 352 final.
PT 2 PT
Na sua reação à Comunicação, o Parlamento Europeu solicitou à Comissão que avaliasse, em
cooperação com os operadores do setor do turismo, a viabilidade de uma «marca europeia do
turismo de qualidade, […] a fim de criar uma marca-chapéu complementar às marcas
nacionais e reconhecida com base numa adesão voluntária ("opt-in")». 7 O estudo de 2009
sobre a competitividade da indústria do turismo da UE concluiu que, apesar de o número total
de chegadas internacionais na Europa continuar a crescer, a Europa tem vindo a perder
ultimamente a sua parte de mercado face aos novos destinos internacionais emergentes. Além
disso, a globalização, a Internet e a rápida evolução do comportamento dos consumidores,
bem como uma crescente preocupação com a «pegada ambiental» das atividades turísticas,
têm tido fortes repercussões nesta indústria8.
Num mercado cada vez mais competitivo, a importância da qualidade aumentou para as
empresas do setor do turismo, que estão cada vez mais conscientes da vantagem competitiva
que representa a qualidade. Assim, o acesso a uma informação fiável, atualizada, rigorosa e
relevante sobre a qualidade de um determinado serviço turístico é essencial para que os
turistas possam estabelecer uma diferença entre serviços concorrentes e fazer uma escolha
informada.
Tal é especialmente importante para os turistas provenientes de outros Estados-Membros da
UE, uma vez que as incertezas podem acentuar-se por razões linguísticas, quando essa
informação não é fornecida numa língua compreensível para os consumidores.
Além disso, tendo em conta a atual crise económica, a UE deve fazer tudo o que estiver ao
seu alcance para atrair visitantes de países terceiros. É primordial assegurar que estes
visitantes beneficiam de um certo nível de qualidade dos serviços em toda a UE.
A informação fornecida aos consumidores sobre a qualidade dos serviços turísticos também é
crucial para atrair visitantes de países terceiros, cujo enorme potencial permanece largamente
por explorar, tendo em vista o aumento da chegada de turistas aos vários destinos na UE e
uma maior competitividade do turismo da UE. Em 2011, a despesa efetuada pelos turistas
estrangeiros ascendeu a 330,44 mil milhões de euros. Segundo estimativas recentes, deverão
ser criados 20,4 milhões de empregos e esta despesa deverá atingir 427,31 mil milhões de
euros até 20229.
Por conseguinte, a atual iniciativa deve ser considerada igualmente no âmbito da iniciativa da
Comissão para a promoção da Europa nos países terceiros 10 e, concretamente, da iniciativa
«Destino Europa»11, bem como da política de vistos da UE 12, facilitando a deslocação dos
7
P7_TA-PROV(2011)0407 – Resolução do Parlamento Europeu, de 27 de setembro de 2011, sobre a
Europa, primeiro destino turístico do mundo – novo quadro político para o turismo europeu.
8
Ecorys (2009), p. 2.
9
http://europa.eu/rapid/press-release_IP-12-1177_pt.htm
10
A Comunicação COM(2010) 352 final prevê a criação de uma «marca Europa», com o objetivo de
complementar os esforços promocionais aos níveis nacional e regional e ajudar os destinos europeus a
destacar-se dos restantes destinos internacionais (ação 18).
11
Efetuada graças a uma subvenção ad hoc, em cooperação com a Comissão Europeia do Turismo, com o
objetivo geral de definir uma estratégia de marca e de marketing da Europa enquanto destino turístico;
http://ec.europa.eu/enterprise/sectors/tourism/international/index_en.htm
12
COM(2012) 649 final.
PT 3 PT
cidadãos de países terceiros para a UE13, para que a Europa possa continuar a ser o primeiro
destino turístico do mundo.
1.2 Situação atual
Atualmente, não existe legislação específica a nível da UE no que diz respeito à informação a
fornecer aos consumidores sobre a qualidade dos serviços turísticos14.
Alguns dos atuais instrumentos de informação, nomeadamente sítios Web de comparação e de
avaliação em linha, podem ajudar os consumidores na sua tomada de decisão, na condição de
fornecerem informações transparentes e fiáveis.
Certos Estados-Membros dispõem de sistemas de qualidade nacionais, subnacionais ou
regionais no seu território, utilizados numa base voluntária. Existe também uma grande
variedade de iniciativas da indústria ao nível regional, nacional ou transnacional, que incidem
sobretudo nos aspetos específicos de qualidade dos serviços prestados nos seus subsetores
turísticos e respetivas zonas geográficas.
Como confirmado pela análise de mercado efetuada no contexto da avaliação das opções
estratégicas que acompanha a presente proposta15, estes sistemas de qualidade revelam uma
diversidade considerável e, por conseguinte, uma coerência muito reduzida, ao ser
comparados em termos de âmbito setorial, cobertura geográfica, gestão, métodos e critérios de
avaliação.
O elevado número e diversidade dos atuais sistemas de qualidade públicos e privados resulta
num mercado fortemente fragmentado em termos de avaliação da qualidade dos serviços
turísticos.
Devido a essa fragmentação, os turistas transfronteiriços não recebem informações coerentes
que permitam compreender facilmente os vários sistemas de qualidade e diferenciar serviços
concorrentes, o que suscita alguma confusão. Por sua vez, tal impede os sistemas de informar
eficazmente os consumidores sobre o nível de qualidade dos serviços turísticos oferecidos, o
que reduz a capacidade de os consumidores fazerem uma escolha informada, em especial
quando viajam para outro Estado-Membro ou provêm de países terceiros. As empresas que
investem na qualidade não são portanto recompensadas (através de escolhas mais favorecidas
ou de melhor reputação). Esta situação desincentiva a indústria de promover a qualidade, em
especial as PME com recursos financeiros limitados. A indústria europeia do turismo é, pois,
impedida de explorar plenamente a vantagem competitiva que resulta da qualidade dos seus
serviços e de realizar todo o seu potencial económico dando maior visibilidade a essa
qualidade. As partes interessadas do setor do turismo não conseguiram até hoje cooperar a
nível da UE para reduzir a incoerência nos Estados-Membros entre os atuais ou futuros
sistemas de qualidade, e não há sinais da existência de qualquer iniciativa pública ou privada
que permita melhorar esta situação. É, pois, urgente abordar a questão da fragmentação do
13
Existem atualmente 42 países e entidades cujos cidadãos não precisam de visto para viajar para a UE.
Os cidadãos de 16 países insulares das Caraíbas e do Pacífico poderão, em breve, viajar para o Espaço
Schengen sem necessidade de visto. O objetivo é simplificar as deslocações para o Espaço Schengen
dos cidadãos destes países, bem como de Chipre, da Bulgária e da Roménia. A proposta da Comissão
prevê que a isenção de visto seja retribuída através de acordos de dispensa de visto, que garantam um
regime completo de isenção de vistos para todos os cidadãos da UE que desejem viajar para estes
países: http://europa.eu/rapid/press-release_IP-12-1179_en.htm?locale=en
14
Foi já adotada legislação geral da UE em matéria de defesa do consumidor, como a Diretiva
2011/83/UE relativa aos direitos dos consumidores.
15
«Estimated Impacts of Possible Options and Legal Instruments of the Umbrella European Tourism
Label for Quality Schemes», CEPS, setembro de 2012, acessível em linha:
http://ec.europa.eu/enterprise/newsroom/cf/_getdocument.cfm?doc_id=7655, a seguir «CEPS (2012)».
PT 4 PT
mercado a vários níveis. A atual fragmentação dos sistemas de avaliação da qualidade gera
confusão e pode afetar negativamente a competitividade do turismo europeu.
16
http://ec.europa.eu/enterprise/newsroom/cf/itemdetail.cfm?item_id=5642&tpa=0&tk=&lang=pt
PT 5 PT
do problema pela Comissão e com a necessidade de uma iniciativa da UE neste domínio. Os
resultados da consulta pública estão publicados no sítio Web da Comissão17.
No âmbito da avaliação das opções estratégicas foi realizado um inquérito sobre a experiência
das empresas em termos de participação num sistema de qualidade, tendo a informação
fornecida, com base numa amostra representativa de sistema de qualidade existentes e de
empresas participantes, possibilitado uma melhor compreensão do impacto da iniciativa
proposta18.
2.2 Avaliação das opções estratégicas
A Comissão avaliou várias opções com o objetivo de melhorar a coerência entre os regimes de
qualidade atuais e futuros e, dessa forma, melhorar as informações fornecidas aos
consumidores.
No total, foram consideradas sete opções, sendo quatro das quais analisadas na avaliação. As
quatro opções analisadas incluem: uma opção statu quo, uma opção a favor da autorregulação
da indústria e duas opções que envolvem a intervenção da UE. Nas duas últimas opções, foi
analisado o impacto da possível inclusão no conceito de certos princípios, nomeadamente o
princípio da sustentabilidade ambiental. Os impactos económicos, sociais e ambientais
estimados de cada opção foram avaliados tendo em conta a sua eficácia para o cumprimento
dos objetivos políticos, a sua eficácia em termos de custos e a sua coerência com outras
políticas da UE.
A avaliação prestou especial atenção à possibilidade de a participação do setor, quer na opção
de autorregulação quer na opção de intervenção da UE, ter um caráter voluntário. Foi também
considerada a importância da singularidade e da diversidade da oferta turística europeia,
sobretudo tendo em conta a grande variedade de subsetores do turismo europeu aos quais os
princípios da qualidade dos serviços se podem aplicar.
A avaliação não identifica apenas uma opção favorável, uma vez que a comparação das
diversas opções demonstrou a mesma eficácia, eficiência e coerência, tanto para a opção que
inclui unicamente os princípios relativos à qualidade dos serviços como para a opção que
alarga a informação a outros aspetos, como a sustentabilidade ambiental.
PT 6 PT
A situação atual (descrita no ponto 1.2) em matéria de avaliação da qualidade dos serviços
turísticos na Europa não favorece a existência de condições adequadas de concorrência na
indústria da UE. A incoerência dos sistemas de avaliação da qualidade dos serviços turísticos
aos níveis nacional e regional confunde os consumidores e coloca obstáculos ao mercado
interno.
Os Estados-Membros têm pouca capacidade e margem de manobra para poderem
individualmente melhorar a coerência da qualidade dos serviços turísticos oferecidos em toda
a UE. Até ao momento, os Estados-Membros ainda não deram início a uma coordenação
transfronteiriça dos princípios de qualidade do turismo e não há indicação de que venham a
fazê-lo no futuro. Tendo em conta o número atualmente reduzido de sistemas públicos
existentes a nível nacional, essa cooperação não resultaria de qualquer modo numa
cooperação transfronteiriça em grande escala. Além disso, os Estados-Membros não podem
individualmente melhorar a coerência entre os sistemas privados de outros Estados-Membros.
Por conseguinte, a ação da UE é necessária e justificada.
Além disso, as ações desenvolvidas pela indústria, mesmo a nível transnacional, limitam-se a
um subsetor específico (ou talvez a um número reduzido de subsetores relacionados), mas não
possuem um âmbito verdadeiramente horizontal. Tal resulta na incoerência da informação
fornecida ao consumidor e limita o poder informativo dos regimes de qualidade e das
empresas neles participantes num contexto transfronteiriço intra-UE e em relação aos
viajantes provenientes de países terceiros. Não se espera que esta situação mude, pelo que é
necessária uma ação a nível da UE.
Para assegurar que as competências dos Estados-Membros são respeitadas, recomenda-se que
os Estados-Membros coordenem, acompanhem e promovam a aplicação dos princípios de
qualidade do turismo europeu nos respetivos territórios, em cooperação com a Comissão.
Com estas medidas, a proposta respeita devidamente o princípio da subsidiariedade.
PT 7 PT
Os princípios de qualidade do turismo europeu estabelecidos na presente proposta são
aplicáveis aos serviços turísticos oferecidos na União diretamente aos consumidores,
recomendando-se que sejam seguidos pelas organizações públicas e privadas que prestam
serviços no setor do turismo.
A iniciativa destina-se a melhorar a informação fornecida aos consumidores, especialmente às
pessoas que viajam para outro Estado-Membro ou que provêm de um país terceiro, sobre a
qualidade dos serviços turísticos, permitindo que os consumidores interessados na qualidade
façam uma escolha mais informada. Isto, por sua vez, incentiva as empresas do setor do
turismo da UE, em especial as PME, a investirem na qualidade. Tal pode ser alcançado
melhorando a coerência da qualidade dos serviços turísticos a nível da UE, através da
aplicação de princípios europeus a respeitar pelas organizações do setor do turismo. Estes
princípios resultam dos critérios propostos pelas partes interessadas e avaliados durante a
consulta aberta.
PT 8 PT
base em inquéritos específicos nos Estados-Membros e junto dos representantes da indústria e
dos consumidores.
O Programa para a Competitividade das Empresas e das PME (COSME) 2014-2020
estabelece o objetivo específico de melhorar as condições fundamentais da competitividade e
da sustentabilidade das empresas da União no setor do turismo. Com o objetivo de melhorar a
imagem e o perfil da Europa enquanto destino de alta qualidade, responsável e sustentável, a
Comissão desenvolverá ações de informação, comunicação e promoção, incluindo a criação
de um sítio Web que disponibilizará informações sobre os princípios de qualidade do turismo
europeu. A Comissão facilitará também o intercâmbio de boas práticas e experiências.
3.3.3 Avaliação
Está prevista uma avaliação da execução da presente recomendação três anos após a sua
publicação no Jornal Oficial da União Europeia. A Comissão avaliará igualmente se deverão
ser tomadas medidas adicionais para reforçar a coerência da qualidade dos serviços no setor
do turismo.
4. INCIDÊNCIA ORÇAMENTAL
Uma dotação orçamental adequada pode ser prevista para a promoção dos princípios de
qualidade do turismo europeu no âmbito do Programa para a Competitividade das Empresas e
das PME (COSME)19.
19
Regulamento (UE) n.º 1287/2013 que cria um Programa para a Competitividade das Empresas e das
Pequenas e Médias Empresas (COSME) (2014-2020), JO L 347 de 20.12.2013, p. 33.
PT 9 PT
2014/0043 (NLE)
Proposta de
RECOMENDAÇÃO DO CONSELHO
Considerando o seguinte:
20
COM(2010) 352 final.
21
Regulamento (CE) n.º 66/2010 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de novembro de 2009,
relativo a um sistema de rótulo ecológico da UE (JO L 27 de 30.1.2010, p. 1).
22
Regulamento (CE) n.º 1221/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de novembro de 2009,
relativo à participação voluntária de organizações num sistema comunitário de ecogestão e auditoria
(EMAS), que revoga o Regulamento (CE) n.º 761/2001 e as Decisões 2001/681/CE e 2006/193/CE da
Comissão (JO L 342 de 22.12.2009, p. 1).
PT 10 PT
5. Não havendo uma avaliação coerente entre os vários sistemas de qualidade existentes,
as empresas do setor do turismo têm tido dificuldade em obter visibilidade junto dos
consumidores e beneficiar de ações coordenadas. Isto aplica-se sobretudo às pequenas
e microempresas que, muitas vezes, não dispõem de instrumentos e recursos
adequados para se promoverem a si próprias e os serviços de elevada qualidade que
fornecem.
6. Para estimular a competitividade da indústria do turismo, é necessário tornar as
empresas deste setor atrativas para os nacionais de países terceiros.
7. Afigura-se, pois, apropriado definir um conjunto de princípios de qualidade do turismo
europeu que seja reconhecido pelos consumidores e pela indústria.
8. A fim de abranger o maior leque possível de subsetores do turismo e, ao mesmo
tempo, preservar a diversidade da oferta turística da União, os princípios de qualidade
do turismo europeu devem ter um caráter geral, mas oferecer um valor acrescentado,
de acordo com as expectativas dos consumidores de oferta de serviços de turismo de
alta qualidade.
9. A fim de garantir uma prestação satisfatória dos serviços turísticos, é necessário
dispensar uma formação adequada aos trabalhadores envolvidos sobre as tarefas que
lhes são atribuídas. A mesma razão justifica o registo dessa formação.
10. Para facilitar a melhoria contínua da qualidade dos serviços turísticos, e satisfazer as
exigências dos consumidores, é importante realizar inquéritos juntos dos consumidores
e dar uma resposta efetiva às queixas apresentadas.
11. A fim de promover a autenticidade e a diversidade da oferta turística na União, é
necessário fornecer aos consumidores informações atualizadas sobre os costumes
locais, o património, as tradições, os serviços e os produtos.
12. No intuito de promover a sensibilização sobre os princípios de qualidade do turismo
europeu, e, dessa forma, conquistar a confiança dos consumidores, é fundamental que
as organizações do setor do turismo prestem informação e aconselhamento
relacionados com esses mesmos princípios aos consumidores.
13. A fim de facilitar a aplicação dos princípios de qualidade do turismo europeu no seu
território, bem como a coordenação das respetivas ações, os Estados-Membros
deverão coordenar, acompanhar e promover esses princípios de uma forma
transparente.
14. A fim de assegurar que os princípios de qualidade do turismo europeu são aplicados,
de forma voluntária, pelas organizações do setor do turismo que operam em mais do
que um Estado-Membro (as organizações transnacionais), é essencial que os Estados-
Membros cooperem mutuamente.
15. No intuito de facilitar uma aplicação coerente dos princípios de qualidade do turismo
europeu, bem como a sua coordenação, acompanhamento e promoção em toda a
União, os Estados-Membros são convidados a trocar informações e experiências. A
Comissão deve facilitar esse intercâmbio de informações.
16. Para completar a ação dos Estados-Membros a favor da competitividade do setor do
turismo, é importante informar os consumidores e sensibilizá-los para os princípios de
qualidade do turismo europeu, através de ações de promoção e divulgação adequadas
na União, mas também, e em especial, nos países terceiros, com vista a promover a
União como conjunto de destinos de alta qualidade. Além disso, para garantir um
ambiente propício ao desenvolvimento do turismo, é também importante tornar os
PT 11 PT
princípios de qualidade do turismo europeu atrativos para as organizações deste setor.
Por conseguinte, é importante que os Estados-Membros e a Comissão cooperem nesta
matéria.
17. A fim de facilitar o acompanhamento e a avaliação da aplicação dos princípios de
qualidade do turismo europeu, os Estados-Membros têm um papel essencial, cabendo-
lhes informar a Comissão sobre a aplicação desses princípios no seu território,
nomeadamente no âmbito do Comité Consultivo para o Turismo.
18. Para responder à rápida mutação das condições do mercado no domínio do turismo e
assegurar o valor acrescentado dos princípios de qualidade do turismo europeu a longo
prazo, a Comissão deve controlar a sua aplicação e avaliar a aplicação da presente
recomendação três anos após a sua publicação no Jornal Oficial da União Europeia.
Pela mesma razão, a Comissão deve igualmente avaliar se serão necessárias medidas
suplementares para garantir a realização dos objetivos previstos na presente
recomendação,
RECOMENDA:
2. DEFINIÇÕES
Para efeitos da presente recomendação, aplicam-se as seguintes definições:
(a) «organização do setor do turismo», uma entidade pública ou privada,
estabelecida na União, que ofereça serviços aos consumidores no domínio do
turismo a nível local, regional, nacional ou transnacional;
(b) «organização de turismo transnacional», qualquer organização do setor do
turismo que opere no território, ou partes do território, de vários Estados-
Membros.
PT 12 PT
i) criar um mecanismo de tratamento das queixas dos consumidores no
local da prestação do serviço ou via Internet;
ii) fornecer uma resposta célere às queixas apresentadas pelos
consumidores;
iii) realizar inquéritos de satisfação junto dos consumidores e utilizar os
resultados alcançados para melhorar a qualidade dos serviços;
(c) Definir e aplicar uma limpeza documentada e um plano de manutenção das
instalações ou equipamentos, se for caso disso;
(d) Disponibilizar informação aos consumidores, incluindo o seguinte:
i) fornecer informação sobre os costumes locais, o património, as tradições,
os serviços e os produtos;
ii) fornecer informação em matéria de acessibilidade relacionada com os
serviços prestados;
iii) informar sobre as questões de sustentabilidade relacionadas com os
serviços prestados;
iv) informar sobre os princípios de qualidade do turismo europeu;
(e) Garantir que a informação é fiável, correta, clara e acessível, e que é fornecida
pelo menos na língua estrangeira mais relevante para os consumidores, se
adequado em função do local e do conceito comercial.
PT 13 PT
6. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO
6.1. A Comissão deve avaliar a aplicação da presente recomendação até [data a definir
três anos após a data de publicação da recomendação no Jornal Oficial da União
Europeia]
6.2. A Comissão deve igualmente avaliar se é necessário propor outras medidas que
permitam melhorar a coerência da qualidade dos serviços turísticos nos Estados-
Membros, em conformidade com o objeto da presente recomendação.
7. DISPOSIÇÕES FINAIS
A presente recomendação será publicada no Jornal Oficial da União Europeia.
Feito em Bruxelas, em
Pelo Conselho
O Presidente
PT 14 PT