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XXXVIII Congresso Brasileiro de Sistemas Particulados

ENEMP 22 a 25 de outubro de 2017


Departamento de Engenharia Química
2017 Universidade Estadual de Maringá
Maringá - Paraná

AVALIAÇÃO DO RECOBRIMENTO DE ESFERAS DE VIDRO COM QUITOSANA EM


LEITO FLUIDIZADO E DIP COATING E A INFLUÊNCIA DAS DIFERENTES
TÉCNICAS DE RECOBRIMENTO NA ADSORÇÃO DO CORANTE REATIVO PRETO 5

D.C. SILVA1*, C.P. PINHEIRO1, M.L.G. VIEIRA1, L.A.A. PINTO1, T.J. LOPES1, C.A.S. FELIPE1
1
Universidade Federal do Rio Grande, Escola de Química e Alimentos
*e-mail: danicosta.0607@gmail.com

RESUMO – Neste trabalho foi realizado o revestimento de esferas de vidro com


quitosana, em leito fluidizado e através da técnica de dip coating, sendo avaliada a
eficiência do processo de recobrimento. As esferas recobertas obtidas pelas duas
técnicas foram aplicadas na adsorção do corante Reativo Preto 5 em leito fixo, a fim de
verificar a capacidade de adsorção. Foram analisados os efeitos do pH (3,0 e 6,0) e das
vazões de alimentação (3,0 e 5,0 mL min-1) na capacidade de adsorção. Os resultados
mostraram que o processo de revestimento e a capacidade de adsorção obtiveram maior
eficiência para o leito fluidizado. O recobrimento em leito fluidizado apresentou
eficiência de 68%, enquanto que para a técnica de dip coating atingiu-se uma eficiência
de 46%. As maiores capacidades de adsorção foram obtidas em pH 3 e vazão de 3 mL
min-1, sendo essas de aproximadamente 581 mg g-1 para as esferas revestidas em leito
fluidizado e 96,4 mg g-1 por dip coating.

INTRODUÇÃO taxa de adsorção, além de afinidade elevada


com muitas variedades de corantes (Crini e
A indústria têxtil é uma das maiores Badot, 2008). O processo de adsorção em
geradoras de efluentes líquidos contendo colunas de leito fixo é vantajoso devido ao
corantes, devido às baixas taxas de fixação que pequeno espaço, simples operação, tratamento
apresentam ao longo do processamento. Um de grandes volumes de efluentes de forma
dos corantes mais utilizados na indústria têxtil contínua, capacidade de acomodar variações
é o Reativo Preto 5 e, do ponto de vista na concentração de adsorbato na alimentação e
ambiental, a remoção da cor dos efluentes é a fácil ampliação da escala de laboratório para
um dos grandes problemas enfrentados pelo a escala industrial (Gokhale et al., 2009).
setor têxtil. Sabe-se que os métodos A coluna de leito fixo possui um tempo
convencionais para a remoção de corante de trabalho determinado pela sua capacidade
possuem custo elevado e baixa eficiência. de adsorção, a fim de que na saída da coluna o
Assim, surge o processo de adsorção como contaminante obedeça aos níveis permitidos de
alternativa para remoção de corantes destas concentração para seu despejo no corpo
águas (Dotto et al., 2011). receptor. Este tempo de trabalho pode ser
A quitosana tem sido estudada como expresso mediante breakthrough ou curva de
adsorvente de corantes em soluções aquosas ruptura (Gokhale et al., 2009).
(Piccin et al, 2009; Annadurai et al, 2008). Já Visando aliar a versatilidade da
que este biopolímero é derivado de recursos quitosana e a necessidade de estudar o
naturais renováveis e sua utilização como processo de adsorção de corantes em processo
adsorvente mostra-se rentável, pois, possui alta contínuo, uma alternativa interessante é a do
2

recobrimento de partículas inertes com solução Obtenção das esferas revestidas


à base de quitosana, já que essa possui boas Primeiramente foi realizado o preparo
propriedades de formação de película. Dentre das soluções de recobrimento através da
as técnicas aplicadas para o recobrimento de dissolução de quitosana em pó em ácido
materiais, a técnica dip coating é utilizada por acético 1% (v/v), sob agitação de 600 rpm por
ser um processo simples, porém através dessa 2h a temperatura ambiente (25 ± 2 °C). As
técnica não se obtém o recobrimento uniforme soluções foram obtidas em duas concentrações,
das partículas. Com isso, o recobrimento de sendo estas, 0,8% (m/v) para o recobrimento
partículas em leito fluidizado se torna uma em leito fluidizado e 0,5% (m/v) para o
proposta interessante, visto que essa operação recobrimento através da técnica dip coating.
garante um revestimento uniforme das Estes valores estão baseados em testes
partículas e proporcionar boa eficiência de preliminares e trabalhos prévios. As esferas
mistura, que garante ao processo altas taxas de foram revestidas em leito fluidizado e através
transferências de calor e de massa. Além disso, da técnica de dip coating. Para o leito
a forma singular de contato entre as fases fluidizado foi utilizado um volume de 130 mL
envolvidas e seu custo ser relativamente baixo de solução de quitosana para recobrir 1300 g
dentre as existentes, faz do leito fluidizado de esferas, enquanto na técnica dip coating foi
uma das configurações de leitos de partículas utilizado um volume de 100 mL de solução de
móveis mais eficazes. quitosana para recobrir 100 g de esferas. Desta
O objetivo deste trabalho foi comparar forma, a razão entre volume de solução de
duas técnicas de recobrimento para aplicação quitosana (mL) e massa de esferas (g) foi de
na adsorção de corante em leito fixo. O 1:10 para o leito fluidizado e de 1:1 para a
recobrimento foi realizado em leito fluidizado técnica dip coating.
e através da técnica dip coating, nas quais
foram avaliadas a eficiência do processo de Técnica leito fluidizado: As esferas passaram
recobrimento e a capacidade de adsorção do pela etapa de limpeza de acordo com o
corante Reativo Preto 5. Além disso, foi procedimento de Vijaya et al. (2008), antes do
avaliado a influência do pH e da vazão de processo de recobrimento. A unidade
alimentação do corante no processo de experimental empregada é composta dos
adsorção. seguintes componentes: coluna cilíndrica de
acrílico de 12 cm de diâmetro, soprador de ar,
MATERIAIS E MÉTODOS sistema de aquecimento e controle da
temperatura do ar; sistema de aquisição de
Material dados (termopares, transdutores de pressão,
O corante têxtil utilizado é o Reativo placa de aquisição e computador) e sistema de
preto 5 - RB5; índice de cor 20505, massa atomização pelo topo da solução de
molar 991,8 g mol-1; λmax = 596 nm com recobrimento. As esferas de vidro foram
pureza de 90%. Foi fornecido pela Sigma- revestidas com uma solução de quitosana 0,8
Aldrich, Brasil. Os demais reagentes utilizados % (m/v) nas seguintes condições de operação:
foram de grau analítico e as soluções foram carga de esferas de 1300 g, vazão de
preparadas com água destilada. O material alimentação de 6 mL min-1 , temperatura do ar
inerte utilizado para o revestimento foram de fluidização de 70ºC, e a taxa de circulação
esferas de vidro com diâmetro de partícula de d0 ar foi 1,6 vezes a velocidade mínima de
1 mm, esfericidade de 0,92 e massa específica fluidização. O processo de recobrimento foi
de 2300 kg m-3. interrompido aos 22 ± 1 min para impedir o
empacotamento do leito. Posteriormente as
Obtenção de quitosana partículas foram retiradas do leito e foi
A quitosana foi obtida com um grau de realizada a aplicação da cura química pelo
desacetilação de 85%, a partir de rejeitos de método de Vieira et al. (2014).
camarão (Penaeus brasiliensis), de acordo com
o procedimento de Weska et al., (2007).
3

Técnica dip coating: As esferas recobertas com Experimentos de adsorção


quitosana foram obtidas pelas etapas de O equipamento utilizado para o processo
limpeza, recobrimento e cura. A etapa de de adsorção está representado na Figura 1. A
limpeza foi realizada conforme o solução de corante contendo 50 mg L-1, foi
procedimento descrito por Vijaya et al. (2008) bombeada em fluxo ascendente nas vazões de
e a aplicação da cura foi realizada pelo método 3 e 5 mL min-1 e pH de 3 e 6, na temperatura
físico/químico (Vieira et al., 2014). Para o de 20 ± 2°C. Foram retiradas amostras no topo
recobrimento, 100 g de esferas foram imersas da coluna em tempos pré-estabelecidos até a
em 100 mL da solução de quitosana 0,5 %, à completa saturação do sistema (C=Ceq=C0),
temperatura (25 ± 2 °C) por 12h. Transcorrido sendo a concentração do corante remanescente
este período, as esferas foram separadas da na solução determinada por espectrofotometria
solução de quitosana por filtração. no comprimento de onda de 596 nm.

Quantificação do recobrimento Figura 1: Esquema do sistema experimental


A massa de sólidos aderida nas para o processo de adsorção
partículas (msól,part) foi dada pela diferença
entre a massa das esferas com o recobrimento
e a massa das esferas sem o recobrimento. Para
realizar esta quantificação procedeu-se um
ensaio de desprendimento da película
recoberta. Este ensaio foi realizado da seguinte
forma: Após o processo de recobrimento, uma
amostra de 25g de esferas foi transferida para
frasco contendo ácido ácetico 3% (m/v) e
mantida sob agitação de 900 rpm em agitador
magnético (Marte, MAG-01H, Brasil) por 30
min. Aas esferas foram filtradas, lavadas com
água destilada e secas em estufa a 105ºC por Fonte: Vieira et al. (2014).
24 h. Posteriormente foram pesadas em
balança analítica (Marte, AY220, Brasil). As Os dados coletados foram expressos
análises para a quantificação do processo de como curvas de ruptura. Estas são dadas pela
recobrimento foram realizadas em triplicata. relação entre a concentração de corante na
A eficiência de recobrimento para ambas saída da coluna pela concentração inicial de
as técnicas foi obtida através da Equação 1. corante (Ct /C0) como uma função do tempo. A
partir das curvas de ruptura foram calculadas:
a massa total de corante adsorvido na coluna,
(1) mad (mg); a capacidade de adsorção do corante
no equilíbrio, qeq (mg g-1); a massa total de
Para realizar a aplicação das esferas corante alimentada na coluna, mtotal (g); e o
recobertas na adsorção em leito fixo é percentual de remoção, R (%), conforme
necessário ter a informação da massa de Equações 2 a 5, respectivamente. O volume de
adsorvente contida no leito. Desta forma, esta efluente tratado, Vef (L) foi calculado pela
informação foi expressa como uma razão entre Equação 6.
miligrama de quitosana aderida por grama de
esferas. t  total


Q
mad  Cad dt (2)
1000 t 0
Caracterização das esferas recobertas
mad
A superfície das esferas foi analisada qeq  (3)
qualitativamente através da Microscopia m
Eletrônica de Varredura (MEV). C0Qttotal
mtotal  (4)
1000
4

mad Figura 2: Esferas revestidas (a) em leito


R(%)  100
mtotal (5) fluidizado e (b) dip coating (x75, x250, x50 e
x150, respectivamente).

Vef  Q ttotal (6)

A região de adsorção é definida como a


zona de transferência de massa (ZTM), que é a
região ativa do leito onde a adsorção ocorre.
Os tempos de ruptura, tb (min) e de exaustão, te
(min) foram definidos quando a concentração
no topo da coluna atingiu valores de 2,5 mg L-1
e 47,5 mg L-1, os quais correspondem a 5 e 95
% da concentração inicial do corante,
respectivamente.
O tempo te é o tempo no qual toda a
capacidade adsortiva do leito foi utilizada.
Assim, ele corresponde a toda a área entre a
curva de ruptura e a linha horizontal C/C0 = 1.
Já tb pode ser entendido como o momento no
qual toda a porção do leito antes do ponto de
ruptura já foi utilizada. Assim, a razão tb/te
fornece a fração do leito já utilizada quando se
atinge o ponto de ruptura. Por consequência, o
comprimento do leito não utilizável, que
corresponde, na verdade, à zona de
transferência de massa, pode ser determinado,
conforme a Equação 7 (Geankoplis, 1993):

 
ZTM  h 1  t b  (7)
 
 te 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Caracterização das esferas revestidas


As imagens obtidas através de MEV das
esferas revestidas estão apresentadas na Figura
2. Nota-se através da Figura 2, que a superfície
da esfera de vidro revestida em leito fluidizado
apresenta-se uniforme e homogênea. Já a
superfície da esfera recoberta por dip coating
apresentou uma superfície com rugosidade e
rupturas. Isso ocorre devido ao
desprendimento de uma partícula com a outra
no final do processo, acarretando em
desprendimento e quebra da película de
quitosana formada.
5

Eficiência do processo de recobrimento Avaliação da capacidade de adsorção


A massa de sólidos total utilizada no As Tabelas 2, 3, 4 e 5 apresentam os
processo de recobrimento em leito fluidizado parâmetros para adsorção e as Figuras 3, 4 e 5
foi de 1,05 ± 0,06 gramas de quitosana. apresentam as curvas de ruptura da adsorção
Enquanto para a técnica dip coating esta massa do corante Reativo Preto 5 por esferas
foi de 0,500 ± 0,004 gramas de quitosana. revestidas com quitosana em pH 3 e 6, nas
A massa de sólidos aderida nas vazões de 3 e 5 mL min-1, para as técnicas em
partículas e a eficiência de recobrimento das leito fludizado e dip coating.
técnicas em estudo estão apresentadas na
Tabela 1. Tabela 2: Parâmetros da adsorção do corante
Reativo Preto 5 em pH 3.
Tabela 1: Quantificação do recobrimento das Leito Fluidizado
técnicas em estudo Vazão
3 5
Tipo de leito msól,part (g)* η (%)* (mL min-1)
Fluidizado 0,72 ± 0,05 68 ± 1 tb (h)* 6,7 ± 0,2 3,5 ± 0,2
te(h)* 12,8 ± 0,3 7,0 ± 0,4
Dip coating 0,23 ± 0,02 46 ± 1
total(h)* 17,8 ± 0,3 9,8 ± 0,2
* média ± desvio padrão (n = 3)
Vef (mL)* 3204 ± 30 2940 ± 50
Através da Tabela 1 pode-se visualizar a mad (mg)* 87,0 ± 3,7 75,8 ± 5,2
diferença entre a massa de quitosana aderida qeq (mg g-1)* 580,1 ± 8,8 505,2 ± 6,4
nas partículas.
Nota-se que o recobrimento de esferas de R (%)* 54,3 ± 1,6 51,3 ± 2,5
vidro em leito fluidizado apresentou maior ZTM (cm)* 9,53 ± 0,1 10 ± 0,1
eficiência quando comparado ao processo dip *média ± desvio padrão (n = 3)
coating, utilizando o mesmo material inerte e Tabela 3: Parâmetros da adsorção do corante
polímero para o recobrimento. Além disso, a Reativo Preto 5 em pH 3.
eficiência alcançada utilizando a técnica de
leito fluidizado ficou superior ao valor Dip Coating
considerado mínimo para tornar viável o Vazão
processo de recobrimento, que é de 60% 3 5
(mL min-1)
(Porter; Hogan, 1984). Enquanto que o método tb (h)* 3,3 ± 0,2 1,9 ± 0,1
dip coating apresentou um valor de eficiência
abaixo do valor mínimo para o processo ser te(h)* 12,5 ± 0,3 6,3 ± 0,3
viável. No entanto, quando a comparação é ttotal(h)* 13,3 ± 0,4 7,0 ± 0,4
feita em termos de quantidade de massa de
Vef (mL)* 2340 ± 60 2100 ± 100
quitosana aderida por massa de esferas
utilizadas no processo de recobrimento, nota- mad (mg)* 54,9 ± 3,9 40,1 ± 5,4
se que a técnica dip coating se destaca com o qeq (mg g-1)* 96,4 ± 6,6 66,8 ± 9,0
valor de 2,3 ± 0,2 miligrama de quitosana por
R (%)* 40,9 ± 1,4 35,5 ± 2,7
grama de esfera, enquanto no leito fluidizado
obteve-se o valor de 0,55 ± 0,04 miligrama de ZTM (cm)* 14,7± 0,1 13,9 ± 2
quitosana por grama de esfera. Estes valores *média ± desvio padrão (n = 3)
estão atrelados a proporção utilizada de Através da análise das Tabelas 2 a 5 é
volume de solução (mL) para quantidade de possível notar a diferença pronunciada da
esferas (g) utilizadas em cada processo. capacidade máxima de adsorção da coluna
Enquanto no leito fluidizado essa razão é de para as diferentes técnicas, vazões e pHs.
1:10, na técnica dip coating a razão é de 1:1. Sendo que para o leito fluidizado os maiores
valores de capacidade máxima de adsorção
ficaram entre 505 e 580 mg g-1, conforme
6

apresentados na Tabela 2, enquanto que para a Nota-se, que a capacidade de adsorção


técnica de dip coating os maiores valores estão da coluna para a remoção do corante Reativo
na faixa de 91 e 96 mg g-1, apresentados na Preto V com as esferas revestidas em leito
Tabela 3 e 5, respectivamente. Estes valores fluidizado aumentou consideravelmente
estão na faixa da literatura, entre 25 e 2500 mg quando comparada com as esferas revestidas
g-1 (Crini e Badot, 2008). Além disso, ambas por dip coating. Isso pode ser justificado pela
as técnicas apresentaram os maiores valores de uniformidade e homogeneidade do
capacidade máxima de adsorção em pH 3. Isso revestimento das partículas quando realizadas
ocorre, porque em pH ácido os grupos amino em leito fluidizado (Figura 2a), já que pela
livres da quitosana estão protonados, sendo técnica de dip coating a película de
facilitada a interação eletrostática entre a recobrimento não apresentou essas
quitosana e os grupamentos sulfonados do características (Figura 2b).
corante (Crini e Badot, 2008). Em relação à zona de transferência de
Tabela 4: Parâmetros da adsorção do corante massa (ZTM), pode-se observar a partir das
Reativo Preto 5 em pH 6. Tabelas 2 a 5 que os melhores valores foram
apresentados para o leito fluidizado, os quais
Leito Fluidizado se encontram na faixa de 9 a 13 cm. Enquanto
Vazão que para a técnica de dip coating a ZTM
3 5
(mL min-1) encontra-se na faixa de 14 a 18 cm. Para as
tb (h)* 3,3 ± 0,2 - duas técnicas os valores de ZTM apresentaram
te(h)* 8,3 ± 0,3 4,0 ± 0,2 melhor resultado para o pH 3 e a vazão 3.
Nesta condição houve uma maior área
ttotal(h)* 10,8 ± 0,2 5,0 ± 0,2 utilizável. No entanto, quando utilizado pH 6,
Vef (mL)* 1944 ± 40 1500 ± 30 o valor da ZTM aumenta.
mad (mg)* 45,41 ± 1,2 26,9 ± 1,3 Além disso, os casos em que há o
aumento da ZTM com o aumento da vazão
qeq (mg g-1)* 302,7 ± 2,1 179,3 ± 1,7
podem ser explicados pelo tempo de residência
R (%)* 46,7 ± 0,4 35,7 ± 0,3 insuficiente para que ocorra a adsorção. Nestes
ZTM (cm)* 12,1 ± 0,1 - casos, o fenômeno de transferência de massa
*média ± desvio padrão (n = 3) para a troca pode não ser capaz de acompanhar
as altas taxas de transferência de massa
necessárias para uma maior vazão.
Tabela 5: Parâmetros da adsorção do corante Nota-se também, que para as duas
Reativo Preto 5 em pH 6. técnicas, na vazão de 5 mL min-1 em pH 6
Dip coating (Tabelas 4 e 5; e Figura 4) não houve tempo
de ruptura, pois este seria correspondente a
Vazão uma concentração na saída da coluna de 2,5 g
3 5
(mL min-1) mL-1 ou a um adimensional de concentração
tb (h)* 0,9 ± 0,3 - (Ct/C0) de 0,05. No entanto, o que se pode
te(h)* 6,8 ± 0,2 - observar, conforme Figura 4, são os
adimensionais com valores em torno de 0,2.
ttotal(h)* 9,7 ± 0,3 2,6 ± 0,2 Desta forma, pode-se inferir que toda a altura
Vef (mL)* 1740 ± 30 775 ± 25 da coluna foi ocupada pela ZTM. Veit et al.
mad (mg)* 30,1 ± 1,4 31,5 ± 1,2 (2009) salienta que a influencia da vazão de
alimentação sobre a ZTM depende da etapa
qeq (mg g-1)* 91,5 ± 2,3 52,6 ± 1,9 controladora da transferência de massa, sendo
R (%)* 34,58 ± 0,5 22,1 ± 0,4 que esta pode ser a resistência no filme externo
ZTM (cm)* 17,3 ± 0,2 - ou interno.
*média ± desvio padrão (n = 3)
7

Figura 3: Curvas de ruptura do corante Reativo tempos de ruptura diminuem para 4 horas para
Preto 5 em pH 3 o leito fluidizado e 1 hora para a técnica de dip
coating. Essa diminuição pronunciada está
relacionada ao pH, visto que em pH ácido a
quitosana reage de maneira mais eficiente com
o corante, como citado anteriormente.
Em relação ao efeito da vazão de
alimentação, pode-se observar nas Figuras 3 e
4 que o tempo de ruptura (tb) aumentou com a
diminuição da vazão de alimentação, chegando
a aproximadamente 7 horas para a vazão de 3
mL min-1, em pH 3 para as esferas revestidas
em leito fluidizado. Isto pode ser explicado
pelo fato de que, quanto menor a vazão, maior
é o tempo de retenção do corante no leito,
Figura 4: Curvas de ruptura do corante Reativo propiciando uma maior interação entre o
Preto 5 em pH 6 corante e a quitosana. Como consequência
disto, os tempos de exaustão (te) da coluna
seguem o mesmo comportamento dos tempos
de ruptura. Comportamento similar foi
encontrado por Elwakeel (2009) na remoção
do preto reativo 5 em leito fixo composto por
resinas de quitosana.
Além disso, na Figura 5 pode-se analisar
a diferença nas curvas de ruptura obtidas pelas
diferentes técnicas de revestimento. Ambas
apresentaram maior capacidade de adsorção
para vazão de 3 mL min-1 e pH 3, como
percebe-se o tempo de ruptura para as esferas
recobertas em leito fluidizado é praticamente o
dobro quando comparado com o tempo das
Figura 5: Curvas de ruptura do corante Reativo esferas revestidas pela técnica de dip coating.
Preto 5 em pH 3 e vazão de 3 mL min-1 Essa diferença pode ser atribuída a
uniformidade do revestimento apresentado nas
esferas quando utilizado o leito fluidizado.

CONCLUSÕES

Neste estudo foi avaliada a influência de


duas técnicas de recobrimento na capacidade
de adsorção do corante Reativo Preto 5, em
diferentes condições de pH e vazão de
alimentação.
As esferas revestidas em leito fluidizado
Através das Figuras 3 e 4 percebe-se que apresentaram maior valor de eficiência de
o aumento do pH acarreta em uma diminuição recobrimento e de capacidade de adsorção
do tempo de ruptura (tb), sendo que em pH 3 quando comparadas com a técnica de dip
para o leito fluidizado e por dip coating esse coating. As eficiências de recobrimento
tempo é em torno de 7 e 4 horas, obtidas foram de 68% para o leito fluidizado e
respectivamente. Enquanto que em pH 6 os 46% para a técnica de dip coating, sendo que
8

esta última apresenta um valor de eficiência de REFERÊNCIAS


revestimento abaixo do valor mínimo para a
técnica ser considerada viável. As esferas CRINI, G., BADOT, P. M. (2008) “Aplicação
revestidas apresentaram capacidade de de quitosana, um aminopolissacarídeo
adsorção de aproximadamente 581 mg g-1 para natural, na remoção de corantes de
o revestimento em leito fluidizado e 96,4 mg g- soluções aquosas por processo de
1
por dip coating, ambas em pH 3 e vazão de 3 adsorção, usando estudos em batelada:
mL min-1. Verificou-se que o pH ácido uma revisão da literatura recente”. Prog.
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