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A Paix�o Segundo G.H.

- Clarisse Lispector

a) � um mergulho do interior da personagem-narradora , e n�o h� propriamente


hist�ria. G.H. busca , em si mesma, pela introspec��o radical, sua identidade e as
raz�es de viver, sentir e amar. A obra nem come�a nem termina ; ela continua. A
narradora e personagem do romance est� em seu apartamento tomando caf�, como faz
todos os dias. Dirige-se ao quarto da empregada, que acabara de deixar o emprego.
L� ;v� subitamente uma barata, saindo de um arm�rio. Este evento provoca-lhe uma
n�usea impressionante, mas ao mesmo tempo , � o motivador de uma longa dif�cil
avalia��o de sua pr�pria exist�ncia, sempre resguardada, sempre muito acomodada. A
vis�o da barata � o seu momento de ilumina��o ap�s o qual j� n�o � a mesma , j� n�o
� a criatura alienada que tomava caf� distraidamente em seu apartamento. Nesse
momento, deflagra-se na narradora a consci�ncia da solid�oa (tanto dela, quanto da
barata) . O nojo pelo inseto desafia-se assustadoramente: � preciso que ela se
aproxime da barata,, toque na barata, e at� (seria poss�vel?) prove o sabor d�
barata. Para regressar ao seu estado de um ser primitivo, selvagem- e por isso mais
feliz- G.H. deve passar pela experi�ncia de experimentar o gosto do inseto. Atrav�x
da "prova��o" (que � a sua nausea f�sica e existencial), G.H. estaria fazendo uma
reviravolta em seu mundo condicianado e ass�ptico; akuebadi e umune. b) A n�usea,
aqui tomada como "forma emocional violenta da ang�stia", � o momento que antecede a
revela��o , a epifania , e resulta da dolorosa sensa��o da fragilidade da condi��o
humana. A paix�o de G.H. , pode ser , biblicamente, interpretada como sofrimento
aludindo � Paix�o de Cristo, narrada por Mateus, Marcos , Lucas e Jo�o. � comum a
aproxima��o da obra de Clarice da corrente filos�fica existencialista,
especialmente do existencialismo liter�rio-filos�fico de Jean Paul Satre (1905-
1981) Segundo a R, Sant'Ana, os romances e contos de Clarice percorrem essas quatro
etapas: 1) a personagem � disposta numa determinada situa��o cotidiana. 2) prepara-
se um evento que � pressentido discretamente; 3)ocorre o evento , que "ilumina "a
vida; 4) ocorre o desfecho, onde se considera a situa��o da vida da personagem ,
ap�s o evento.

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