a) � um mergulho do interior da personagem-narradora , e n�o h� propriamente
hist�ria. G.H. busca , em si mesma, pela introspec��o radical, sua identidade e as raz�es de viver, sentir e amar. A obra nem come�a nem termina ; ela continua. A narradora e personagem do romance est� em seu apartamento tomando caf�, como faz todos os dias. Dirige-se ao quarto da empregada, que acabara de deixar o emprego. L� ;v� subitamente uma barata, saindo de um arm�rio. Este evento provoca-lhe uma n�usea impressionante, mas ao mesmo tempo , � o motivador de uma longa dif�cil avalia��o de sua pr�pria exist�ncia, sempre resguardada, sempre muito acomodada. A vis�o da barata � o seu momento de ilumina��o ap�s o qual j� n�o � a mesma , j� n�o � a criatura alienada que tomava caf� distraidamente em seu apartamento. Nesse momento, deflagra-se na narradora a consci�ncia da solid�oa (tanto dela, quanto da barata) . O nojo pelo inseto desafia-se assustadoramente: � preciso que ela se aproxime da barata,, toque na barata, e at� (seria poss�vel?) prove o sabor d� barata. Para regressar ao seu estado de um ser primitivo, selvagem- e por isso mais feliz- G.H. deve passar pela experi�ncia de experimentar o gosto do inseto. Atrav�x da "prova��o" (que � a sua nausea f�sica e existencial), G.H. estaria fazendo uma reviravolta em seu mundo condicianado e ass�ptico; akuebadi e umune. b) A n�usea, aqui tomada como "forma emocional violenta da ang�stia", � o momento que antecede a revela��o , a epifania , e resulta da dolorosa sensa��o da fragilidade da condi��o humana. A paix�o de G.H. , pode ser , biblicamente, interpretada como sofrimento aludindo � Paix�o de Cristo, narrada por Mateus, Marcos , Lucas e Jo�o. � comum a aproxima��o da obra de Clarice da corrente filos�fica existencialista, especialmente do existencialismo liter�rio-filos�fico de Jean Paul Satre (1905- 1981) Segundo a R, Sant'Ana, os romances e contos de Clarice percorrem essas quatro etapas: 1) a personagem � disposta numa determinada situa��o cotidiana. 2) prepara- se um evento que � pressentido discretamente; 3)ocorre o evento , que "ilumina "a vida; 4) ocorre o desfecho, onde se considera a situa��o da vida da personagem , ap�s o evento.