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CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
elaborado por
Guilherme Fiorin Fornel
COMISSÃO EXAMINADORA:
AGRADECIMENTOS
RESUMO
As forças devido à ação do vento em edificações leves, como os pavilhões de aço para
usos gerais geralmente são preponderantes em relação às demais, e são as principais causas de
colapso neste tipo de estrutura. As forças aerodinâmicas atuantes nos edifícios dependem da
posição geográfica da construção, o relevo e obstáculos no entorno, de sua forma e dimensões.
Embora estes diversos condicionais dificultem a determinação da pressão de vento que atua nos
elementos do pavilhão, as normas de cálculo apresentam metodologias simplificadas,
incorporando resultados de ensaios em modelos reduzidos. Este trabalho tem como objetivo a
apresentação da teoria acerca da ação do vento em estruturas de aço do tipo pavilhões e da
metodologia de cálculo conforme a norma brasileira NBR 6123 (1988). Ao mesmo tempo, são
exibidos os coeficientes aerodinâmicos que devem ser considerados no projeto de edifícios
leves e de pouca rigidez relativa entre os elementos. Também, é apresentado um exemplo de
determinação e lançamento das forças devidas ao vento em um pavilhão para usos gerais.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
1.1 Objetivos......................................................................................................................................... 2
1.1.1 Objetivo geral ......................................................................................................................... 2
1.1.2 Objetivos específicos ............................................................................................................. 2
3.1.7 Cálculo da velocidade característica (Vk) e da pressão dinâmica (q) do vento ..................... 34
5.3 Fator rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre o terreno .................... 44
5.3.1 Vento incidindo a 0° ............................................................................................................ 45
5.3.2 Vento incidindo a 90° .......................................................................................................... 46
7 CONCLUSÃO..................................................................................................... 69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 82
1 INTRODUÇÃO
das construções, para que possa adotar os parâmetros corretos na elaboração dos projetos
estruturais de pavilhões de aço.
1.1 Objetivos
Este trabalho tem como objetivo geral o estudo das forças devidas à ação de vento em
edifícios leves e altamente susceptíveis a estas ações, como os pavilhões de aço para usos gerais.
1.2 Justificativa
dois reservatórios. Após a estabilização das cotas de superfície, o reservatório 2 contará com
maior massa, u/ocasionando fluxo na tubulação inferior no sentido de 2 para 1. O sistema então
volta ao estado inicial e o ciclo continua enquanto o reservatório 1 estiver aquecido.
i. Isóbaras paralelas
6
Neste caso, tem-se o equilíbrio entre a força de Coriolis (Fc) e a força de pressão (P).
A Figura 2 mostra como se dá o movimento até atingir a posição de equilíbrio. O movimento
da partícula, ocasionado pela força de pressão, proporciona o surgimento da força de Coriolis,
que modifica ligeiramente a direção do movimento. A força de Coriolis, sempre perpendicular
à força resultante R, muda de direção até a posição de equilíbrio, que caracteriza um regime
permanente. Este tipo de movimento é chamado de vento geostrófico. A velocidade do vento
geostrófico VG, é então definida pelo equilíbrio entre a força de pressão e força de Coriolis.
Para o caso de isóbaras curvas, além da força de pressão e da força de Coriolis surge a
força de inércia (Fi), centrífuga (Figura 3). O gradiente de pressão, equilibrado pelas forças
inercial e de Coriolis, gera o vento gradiente (Vg), tangente às isóbaras.
Blessmann (1995, pág. 15) menciona que “a pressão atmosférica é proporcional à massa
de ar acima do nível considerado e, portanto, diminuirá com o aumento da altitude”. Isso
implica diretamente que uma massa de ar, ao movimentar-se verticalmente, expandir-se-á ou
será comprimida, dependendo do sentido do movimento. Como para gases a pressão está
intimamente ligada à temperatura, uma expansão corresponderá ao resfriamento da massa de ar
e uma compressão ocasionará aquecimento, conforme as leis da termodinâmica.
Geralmente os movimentos verticais das massas de ar são suficientemente rápidos para
que haja pouca troca de calor com a atmosfera circundante, ou seja, constituem-se de processos
adiabáticos. Em uma ascensão adiabática, a massa de ar resfria-se devido à expansão. Se a
diminuição da temperatura do ar circundante devido à altitude for igual à diminuição da
temperatura da massa de ar em ascensão, o sistema estará em equilíbrio térmico. Nestas
condições, diz-se que a atmosfera está em equilíbrio neutro e a temperatura tem um gradiente
térmico adiabático (BLESSMANN, 1995).
Se a temperatura do ar circundante diminui mais rapidamente que o gradiente térmico
adiabático, a massa de ar em ascensão adiabática ficará mais quente e leve que a atmosfera no
contorno, continuando a subir. A atmosfera encontra-se em equilíbrio instável, com a formação
de correntes de convecção e intercâmbio de massas de ar de diferentes altitudes. Se a
temperatura da atmosfera no contorno diminui menos rapidamente que a massa de ar a subir,
ou aumenta com a altitude (fenômeno conhecido como inversão térmica), uma massa de ar em
ascensão adiabática tornar-se-á mais fria que o ar no contorno, tendendo a descer para a posição
inicial. Isto caracteriza um equilíbrio estável. (BLESSMANN, 1995).
8
A teoria da camada limite foi apresentada por Ludwig Prandtl em 1905. A intenção foi
apresentar uma teoria capaz de explicar os fenômenos ocorridos em fluxos perturbados pela
presença de corpos sólidos em meio ao escoamento. De acordo com Anderson Jr (2005), Prandtl
propôs que o atrito viscoso ocasiona a adesão do fluido adjacente à superfície, ou seja, ele
assumiu uma condição de não deslizamento do fluido na superfície (velocidade relativa nula) e
que os efeitos de atrito somente são preponderantes na camada limite, uma fina região próxima
à superfície. Ou seja, na camada limite a velocidade de uma partícula de fluido varia com a
distância da partícula analisada até a superfície do sólido, na direção do eixo normal n (ver
Figura 4). Fora da camada limite, o escoamento pode ser assumido como o escoamento
invíscido e a velocidade constante em relação ao eixo normal.
A teoria da camada limite é aplicada tanto a microescala quanto a macroescala. O perfil
de velocidade média do vento, que atua nas estruturas, também é concebido conforme esta
teoria. Próximo à superfície da Terra, a velocidade varia de zero, na superfície, até a velocidade
gradiente. A altura, medida a partir da superfície da Terra, em que a velocidade do vento atinge
a velocidade gradiente denomina-se altura gradiente. Este perfil situa-se na camada limite
9
atmosférica, região que, conforme a literatura, situa-se geralmente entre 250 e 600 metros de
altura. Este comportamento, e também a dimensão da altura gradiente, devem-se
principalmente ao atrito ocasionado pela rugosidade natural e artificial da superfície terrestre.
Quanto maior a rugosidade, maior será a agitação mecânica provocada no ar, maior o
intercâmbio turbulento de quantidade de movimento entre as partículas e maior será a altura da
camada limite atmosférica. A altura gradiente é maior e o vento mais turbulento, por exemplo,
em grandes centros urbanos do que em campos abertos, devido à alta rugosidade artificial das
grandes cidades (BLESSMANN, 1995).
O vento natural é formado por turbilhões de dimensões variadas, desde compatíveis com
a altura gradiente até pequenos redemoinhos da ordem de grandeza do milímetro. A
transferência de energia cinética se dá dos maiores turbilhões aos menores, em um efeito de
cascata, até sua dissipação na forma de calor. O movimento caótico é caracterizado pela
sequência aleatória de rajadas de vento originadas pelos turbilhonamentos, com as mais
variadas frequências e intensidades. As rajadas mais fortes que correspondem a chegada
simultânea de turbilhões ao ponto analisado, são de pequena duração e pequenas dimensões. A
partir disso, é adequado estudar as propriedades dos ventos concebendo-o como superposição
de ondas de vento diversas, onde um pico de rajada muito forte possa ser tomado como
superposição de picos de diversas ondas (BLESSMANN, 1988).
Em conformidade com o que foi exposto no item 2.4, quanto mais forte é uma rajada,
maior sua velocidade, menor o tempo de atuação e menor as dimensões do turbilhão
correspondente. Dessa forma, rajadas de grande velocidade abrangem pequenas áreas, muitas
vezes não causando ações desenvolvidas em toda a edificação. Blessmann (1995) afirma que
“ao definir a velocidade do vento devem ser considerados apenas turbilhões que tenham
dimensões suficientes para envolver plenamente a edificação”. Logo, a fim de compatibilizar
as dimensões dos turbilhões considerados no projeto com as dimensões da edificação, é
necessário adotar tempos de rajadas compatíveis com as dimensões da edificação. Blessmann
(1988; 1995), através de um estudo de análise dimensional, e comparando os trabalhos de outros
autores, sugere a equação (1) para cálculo do tempo de rajada t, onde L é a maior dimensão da
superfície frontal ao vento (largura ou altura) e Vt (h) é a velocidade média do vento sobre t
𝐿
𝑡 = 7,5 (1)
𝑉̅𝑡 (ℎ)
a correspondência da velocidade média sobre t segundos a z metros sobre o terreno Vt (z) com
𝑧 𝑝
̅ ̅
𝑉𝑡 (𝑧) = 𝑉𝑡 (10) ( ) (2)
10
As forças do vento que atuam em objetos sólidos são devidas à pressão efetiva, isto é, a
variação da pressão em relação à pressão atmosférica. Se em um objeto estiver atuando somente
a pressão atmosférica, esta se equilibrará, atuando no corpo de forma passiva.
Um corpo sólido situado no fluxo de ar causa perturbações no campo de escoamento.
Segundo Blessmann (2011), pode haver de uma ou mais linhas de corrente incidirem
perpendicularmente à superfície do corpo. Chamam-se pontos de estagnação os pontos nos
quais isto ocorre.
Segundo a equação de Bernoulli, para escoamentos permanentes de fluidos inviscidos e
incompressíveis, sem consideração das perdas de energia, a pressão total do sistema ao longo
de uma linha de fluxo é conservada. Isto pode ser observado na equação (3), onde ρ é o peso
específico e u é a velocidade do fluido, p é a pressão estática, g a aceleração da gravidade e
1
z a altura da coluna de fluido, 𝜌𝑢2 é a pressão dinâmica e pt é a pressão total.
2
15
1 2
𝜌𝑢 + 𝑝 + 𝜌𝑔𝑧 = 𝑝𝑡 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (3)
2
1 2
𝜌𝑢 + 𝑝 = 𝑝𝑡 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (4)
2
1 1
𝜌𝑢0 2 + 𝑝0 = 𝜌𝑢𝑒 2 + 𝑝𝑒 (5)
2 2
1
𝜌𝑢 2 + 𝑝0 = 𝑝𝑒 = 𝑝𝑡 (6)
2 0
1
Δ𝑝 = 𝑝𝑒 − 𝑝0 = 𝜌𝑢 2 = 𝑞 (7)
2 0
Figura 9 – Medida da pressão dinâmica (ao longe) através de uma antena de Pitot-Prandtl
(BLESSMANN, 2011).
A equação (7) mostra que a pressão dinâmica do vento é então função do quadrado da
velocidade. Designando a velocidade por V, e admitindo o peso específico do ar igual a
1,226 N∙s²/m4, tem-se, na camada limite atmosférica, a pressão dinâmica q em função da
velocidade do vento, através da equação (8):
𝑞 = 0,613 𝑉 2 (8)
necessitam de ensaios com modelos em túneis de vento para determinações destas pressões
externas em alguns pontos do edifício.
A influência da inclinação do telhado pode ser observada na Figura 13. Telhados com
pouca inclinação estão mais susceptíveis a sucções tanto a barlavento como a sotavento
(dependendo do número de Reynolds); já telhados com grandes inclinações geralmente estão
sujeitos a sobrepressões a barlavento e sucções a sotavento. A influência do número de
Reynolds é apresentada na Figura 13 onde são mostradas as linhas de fluxo do escoamento.
Escoamentos de baixa velocidade tendem a ter maior colamento na estrutura; em contrapartida,
quanto maior a velocidade, maior a tendência de formar zonas de baixa pressão.
1 1
𝜌𝑢0 2 + 𝑝0 = 𝜌𝑢𝑚 2 + 𝑝𝑚 (9)
2 2
1 1 1 𝑢𝑚 2
∆𝑝𝑒 = 𝑝𝑚 − 𝑝0 = 𝜌𝑢0 2 − 𝜌𝑢𝑚 2 = 𝜌𝑢0 2 [1 − ( ) ] (10)
2 2 2 𝑢0
𝑢𝑚 2
𝑐𝑝𝑒 = [1 − ( ) ] (11)
𝑢0
dinâmica do vento. Por analogia, pode-se definir a pressão efetiva interna à edificação através
do coeficiente de pressão interna (cpi) (ver equação (13)).
∆𝑝 = 𝑞 ∙ 𝑐𝑝 (16)
𝐶𝑒 = ∫ 𝑐𝑝𝑒 ∙ 𝑑𝐴 (18)
𝐴
24
𝐹𝑒 = 𝑞 ∙ 𝐶𝑒 (19)
𝐹𝑖 = 𝑞 ∙ 𝐶𝑖 (20)
𝐹 = 𝐹𝑒 − 𝐹𝑖 = 𝑞 ∙ (𝐶𝑒 − 𝐶𝑖 ) = 𝑞 ∙ 𝐶 (21)
Equações na forma da equação (22), onde F representa a força (forças de arrasto, atrito,
sustentação, forças referenciadas a sistemas de coordenadas) e C representa o coeficiente
aerodinâmico relativo àquela força, podem ser utilizadas para descrever qualquer força de
origem aerodinâmica atuante nas estruturas.
𝐹 =𝑞∙𝐶 (22)
3 CÁLCULO CONFORME A ABNT NBR 6123:1988
Nos itens 3.1.1 a 3.1.10 está demostrado o procedimento para a determinação do perfil
de pressões do vento na camada limite atmosférica considerada, para a edificação a ser
analisada. Consequentemente, com a determinação do perfil de pressões atuantes, é possível
obter as forças de vento atuantes no edifício para cada altura acima do terreno.
A NBR 6123 (1988) apresenta o mapa de isopletas (ver Figura 17) da velocidade básica
do vento V0, em função da posição geográfica do edifício. Segundo esta norma, a velocidade V0
é a máxima velocidade média sobre 3 segundos, que pode ser excedida, em média, uma vez a
cada 50 anos, medida a 10 metros de altura acima do terreno, em lugar aberto e plano. Fica
evidente que para características diferentes das citadas acima é necessário corrigir esta
velocidade. Este procedimento é feito através dos fatores S1, S2 e S3 mostrados a seguir.
26
Figura 17 - Mapa de isopletas da velocidade básica do vento conforme a NBR 6123 (1988)
(MOLITERNO, 2010).
O fator topográfico (S1) considera as variações do relevo do terreno. Para terreno plano
ou fracamente acidentado, características compatíveis com as apresentadas no item 3.1.1, a
velocidade não necessita de correção e a NBR 6123 (1988) apresenta S1 igual a 1.
Para construções em taludes e morros, o fator S1 depende da localização da construção.
A NBR 6123 (1988) considera somente taludes ou morros alongados, nos quais é admitido
fluxo de ar bidimensional, soprando no sentido indicado na Figura 18.
27
θ≤3°: 6°≤θ≤17°:
𝑆1 = 1,0 𝑧
𝑆1 = 1,0 + (2,5 − ) ∙ 𝑡𝑔(𝜃 − 3°) ≥ 1,0
𝑑
θ≥45°: 3°<θ<6° e 17°<θ<45°:
𝑧 Interpolar linearmente
𝑆1 = 1,0 + (2,5 − ) ∙ 0,31 ≥ 1,0
𝑑
Quadro 1 – Fator S1 em função de θ para edificações no ponto B.
Entre os pontos A e B e entre B e C, o fator S1 pode ser obtido por interpolação linear.
A NBR 6123 (1988) adota, para vales profundos, S1 igual a 0,9, para vento em qualquer direção.
28
Este fator é chamado S2. Conforme a NBR 6123 (1988, p.8), “O fator S2 considera o
efeito combinado da rugosidade do terreno, da variação da velocidade do vento com a altura
acima do terreno e das dimensões da edificação ou parte da edificação em consideração”.
i. Rugosidade do terreno
Conforme visto no item 2.5.1, as dimensões das rajadas de vento dependem do intervalo
de tempo de cálculo. A NBR 6123 (1988) menciona que foi constatado que o intervalo de tempo
de 3 segundos, o mais curto das medições usuais, corresponde a rajadas que envolvem
obstáculos de até 20 metros na direção do vento médio.
A fim de categorizar as edificações, a normativa define três classes de edificações, partes
de edificações e seus elementos, com seus respectivos intervalos de tempo para cálculo da
velocidade média, conforme pode ser observado no Quadro 2.
Além disso, para edifícios ou parte de edifícios com a maior dimensão da superfície
frontal excedendo 80 metros, o intervalo de tempo deve ser obtido de acordo com as indicações
do Anexo A da NBR 6123 (1988). O procedimento por aproximações é discutido no item 3.1.6.
29
Classe A B C
Intervalo
3 segundos 5 segundos 10 segundos
de tempo
Edificação ou parte da Edificação ou parte da Edificação ou parte da
edificação para qual a edificação para qual a edificação para qual a
Descrição maior dimensão da maior dimensão da maior dimensão da
superfície frontal não superfície frontal esteja superfície frontal
exceda 20 metros. entre 20 e 50 metros. exceda 50 metros.
Quadro 2 – Classes de edifícios segundo a NBR 6123 (1988).
Retomando as considerações feitas no item 2.5, o perfil de velocidades médias pode ser
aproximado pela lei de potência dada na equação (23), onde p é um parâmetro que depende do
intervalo de tempo de rajada e da categoria do terreno e z a altura do ponto de estudo acima do
terreno. Na equação (23) Vt,i (z) é a velocidade média do vento, sobre t segundos, a z metros
acima da superfície do terreno de categoria i, e Vt,i (10) é a velocidade média do vento, sobre
𝑧 𝑝
𝑉̅𝑡,𝑖 (𝑧) = 𝑉̅𝑡,𝑖 (10) ( ) (23)
10
terreno de qualquer categoria i ( Vt,i (10)), com a velocidade média sobre t segundos, a 10
𝑉̅𝑡,𝑖 (10)
𝑏𝑖 = (24)
𝑉̅𝑡,𝐼𝐼 (10)
terreno da categoria genérica i, com a velocidade média sobre 3 segundos, a 10 metros acima
do terreno, em um terreno da categoria genérica i segundo a equação (25). O fator de rajada,
para a categoria II é dado na equação (26). Como todos os termos são referidos ao mesmo
período de recorrência, se tomar o período de recorrência padrão como 50 anos, a velocidade
média sobre 3 segundos, a 10 metros sobre o terreno de categoria II ( V3,II (10)), esta velocidade
𝑉̅𝑡,𝑖 (10)
𝐹𝑟,𝑖 = (25)
𝑉̅3,𝑖 (10)
Combinando as equações (23), (24) e (26), chega-se a equação (27). O fator S2,i é
definido na equação (28) e então é obtida a relação de velocidades da equação (29):
𝑧 𝑝
𝑉̅𝑡,𝑖 (𝑧) = 𝑏𝑖 ∙ 𝐹𝑟,𝐼𝐼 ∙ 𝑉0 ∙ ( ) (27)
10
𝑧 𝑝
𝑆2,𝑖 = 𝑏𝑖 ∙ 𝐹𝑟,𝐼𝐼 ∙ ( ) (28)
10
A NBR 6123 (1988) apresenta a equação (28) para determinação do fator S2 para a
categoria genérica i. Na equação este fator depende explicitamente da altura sobre o terreno (z),
além de depender da rugosidade e dimensões da edificação através dos coeficientes b e p. O
fator de rajada (Fr) é tomado sempre para edificações da Categoria II. A normativa também
traz a altura do contorno superior da camada limite atmosférica (zg) para cada categoria de
terreno (ver Quadro 3), região em que o perfil de velocidades calculado é válido. Os valores
dos coeficientes estão tabelados na norma em função da categoria do terreno e classe da
construção.
31
Categoria I II III IV V
Zg (m) 250 300 350 420 500
Z0 (m) 0,005 0,07 0,3 1,0 2,5
Quadro 3- Altura do contorno da camada limite atmosférica (zg) e comprimento de
rugosidade (z0) de acordo com a NBR 6123 (1988).
Para transição para uma categoria de rugosidade maior, a NBR 6123 (1988) traz as
equações (30) e (31). O fator A é obtido através da equação (32).
𝑥 0,8
𝑧𝑥 = 𝐴 ∙ 𝑧02 ∙ ( ) (30)
𝑧02
𝑥 0,75
𝑧𝑖 = 0,36 ∙ 𝑧02 ∙ ( ) (31)
𝑧02
𝑧02
𝐴 = 0,63 − 0,03 ∙ ln ( ) (32)
𝑧01
32
Para a altitude zx ou superiores deverá ser considerado os fatores S2 para o terreno com
rugosidade z01. Para a altura zi ou inferiores, considerar S2 correspondente ao terreno com
rugosidade z02. Interpolar linearmente o fator S2 para altitudes entre zi e zx. (ver Figura 19).
Figura 19 – Perfil de velocidades do vento para Z01 < Z02. A reta vermelha representa a o
perfil interpolado linearmente na zona 3.
ii. Transição para uma categoria de rugosidade menor (z01 > z02)
Para este tipo de transição a altura zx é determinada conforme a equação (33) e o fator
A através da equação (34).
𝑥 0,8
𝑧𝑥 = 𝐴 ∙ 𝑧02 ∙ ( ) (33)
𝑧02
𝑧02
𝐴 = 0,73 − 0,03 ∙ ln ( ) (34)
𝑧01
A NBR 6123 (1988) menciona que para a altitude zx ou superiores deverá ser
considerado os fatores S2 para o terreno com rugosidade z01. Para a altura zi ou inferiores,
considerar S2 correspondente ao terreno com rugosidade z02, porém nunca deve ultrapassar o
valor do fator S2 determinado na altura zx para o terreno com rugosidade z01 (ver Figura 20).
33
Figura 20 – Perfil de velocidades do vento para Z01 > Z02. A reta vertical vermelha
representa o perfil na zona 3.
Figura 21 – Valores mínimos para o fator S3 segundo a NBR 6123 (1988) (MOLITERNO,
2010).
34
A relação entre a velocidade do vento que tem uma probabilidade Pm de ser excedida
pelo menos uma vez em m anos (V0+) e a velocidade básica do vento é apresentada na equação
(35). De acordo com a NBR 6123 (1988), quando for exigida maior precisão o fator S3 pode ser
obtido através da equação (36).
𝑉0 + = 𝑆3 ∙ 𝑉0 (35)
ln(1 − 𝑃𝑚 ) −0,157
𝑆3 = 0,54 ∙ [− ] (36)
𝑚
3.1.6 Intervalo de tempo para o caso de maior dimensão frontal superior a 80 metros
𝐿
𝑡 = 7,5 (37)
𝑉̅𝑡 (ℎ)
(h), e recalcular os valores com as equações (37) e (38) em processo iterativo, até que seja
obtido um erro aceitável. Os valores dos parâmetros p, b e Fr podem ser interpolados
linearmente.
𝑉𝑘 = 𝑉0 ∙ 𝑆1 ∙ 𝑆2 ∙ 𝑆3 (39)
A pressão dinâmica ao longe q, conforme esta norma, é obtida pela equação (40):
𝑞 = 0,613 𝑉𝑘 2 (40)
Também, definindo os coeficientes de pressão externa (cpe) e interna (cpi) nas equações
(42) e (43), tem-se a equação(44).
Δ𝑝𝑒
𝑐𝑝𝑒 = (42)
𝑞
Δ𝑝𝑖
𝑐𝑝𝑖 = (43)
𝑞
Analogamente, as forças resultantes F são obtidas pela equação (45) através dos
coeficientes de forma externos Ce e internos Ci.
𝐹 = (𝐶𝑒 − 𝐶𝑖 ) ∙ 𝑞 (45)
Q=K∙A∙ρ∙V (46)
2 ∙ |∆𝑝𝑒 − ∆𝑝𝑖 |
V=√ (47)
𝜌
𝑛
2 ∙ |∆𝑝𝑒 − ∆𝑝𝑖 |
∑ ±𝐾 ∙ 𝐴 ∙ 𝜌 ∙ √ =0 (48)
𝜌
1
A normativa relata que resultados experimentais confirmam que a equação (49) pode
ser aplicada a aberturas maiores, desde que se considere coeficientes de pressão médios nas
periferias das aberturas. Na NBR 6123 (1988) é mencionado que estes coeficientes médios
podem ser tanto média de coeficientes de pressão encontrados na norma ou na literatura, como
também coeficientes de forma. Assim, considerando os coeficientes médios externos e internos
(Ce* e Ci*) tem-se a equação (50).
∑ ±𝐴 ∙ √|𝐶𝑒 ∗ − 𝐶𝑖 ∗ | = 0 (50)
1
i. Para quatro faces igualmente permeáveis, considerar cpi igual a 0 ou igual a - 0,3, o
que for mais nocivo;
ii. Em edificações com aberturas dominantes, quando não for possível determinar com
precisão a relação de permeabilidade, adotar para o coeficiente de pressão interna
(cpi) igual ao coeficiente de forma externo (Ce) para a zona em que se situa a abertura
dominante.
4 PAVILHÕES PARA USOS GERAIS EM AÇO
Esta classe de edifícios pode ser dividida, conforme Bellei (2010), em pavilhões de vãos
simples e pavilhões de vãos múltiplos. Pavilhões para usos gerais de vãos simples são
geralmente utilizados para cobrir pequenas e médias áreas e são caracterizados por somente um
pórtico vencendo o vão necessário. Um pórtico de edifício de vão simples é apresentado na
Figura 22.
Pavilhões de vãos múltiplos são construções com dois ou mais pórticos no mesmo plano,
geminados, a fim de cobrir grandes áreas. Pode ser adequado, dependendo do layout, dispor-se
do mínimo de colunas internas, quando em grandes vãos (BELLEI, 2010). Dentre estes, o
galpão geminado constituído por dois pórticos e quatro águas será de especial importância para
este trabalho. Um exemplo pode ser observado na Figura 23.
A superestrutura dos pavilhões para usos gerais pode ser convenientemente dividida em
peças tais como terças, vigas de cobertura, escoras dos beirais, contraventamentos, vigas e
colunas (ou pendurais) de tapamento lateral e colunas (pilares) dos pórticos. A Figura 24
apresenta um exemplo de um edifício com a localização de cada peça.
As terças são elementos que sustentam a cobertura, distribuindo as ações a elas
aplicadas às vigas dos pórticos. Devido sua fixação normalmente concordante com a inclinação
da cobertura, devem ser dimensionadas à flexão oblíqua para solicitações decorrentes das ações
gravitacionais. Devem também ser dimensionadas a solicitações devidas à ação do vento, como
elementos secundários da estrutura.
As vigas de cobertura recebem o carregamento das terças. Normalmente compõem os
pórticos principais, estando fixadas aos pilares principalmente por ligações rígidas, a fim de
garantir estabilidade ao edifício na direção do plano dos pórticos. Podem também compor
estrutura secundária, diminuindo o vão das terças; neste caso apoiam-se em elementos dirigidos
transversalmente ao plano dos pórticos, como as escoras dos beirais.
41
Figura 24 – Exemplo didático dos diversos tipos de elementos que podem ser utilizados
em pavilhões (BELLEI, 2010).
Parte das ações horizontais atuantes na direção ortogonal ao plano dos pórticos é
transmitida à estrutura pelas escoras dos beirais. Também podem servir de suporte para vigas
secundárias, pendurais de tapamento ou enrijecimento das vigas de tapamento lateral.
Conforme Bellei (2010), os contraventamentos são elementos sujeitos a esforços axiais,
convenientemente dispostos na estrutura, a fim de dar estabilidade ao edifício durante a fase de
construção e vida útil, e contribuindo para a rigidez espacial da estrutura.
Contraventamentos verticais são os principais elementos de estabilização transversal
aos pórticos, atuando em conjunto com as escoras dos beirais.
Os contraventamentos horizontais servem de elementos de contenção da cobertura,
além de artifícios para diminuir o comprimento de flambagem das vigas dos pórticos,
favorecendo a estabilidade à flexão lateral com torção.
As vigas de tapamento sustentam as chapas de tapamento lateral. Além das cargas
gravitacionais, devem ser dimensionadas a sobrepressões ou sucções devidas à ação do vento
nos planos laterais do edifício. É conveniente dispor os perfis de forma que resista com a maior
inércia às solicitações devidas ao vento, ficando a menor inércia responsável pela estabilidade
às ações gravitacionais. Pode-se reduzir o vão das vigas de tapamento lateral introduzindo-se
colunas de tapamento para suportá-las.
42
Para a velocidade básica do vento (V0) adotou-se o valor de 45 m/s, para a região de
Santa Maria (RS), conforme descrito no item 5.1 da NBR 6123 (1988).
Admitido terreno plano, resulta para o fator S1 igual a 1,0 pelo item 5.2 da NBR 6123
(1988).
A superfície frontal do edifício, para vento incidindo a 0°, conforme Figura 28, tem
maior dimensão igual a 40,00 m. A edificação enquadra-se na Classe B, que considera intervalo
de tempo de 5 segundos.
Conforme o item 5.3.3 da NBR 6123 (1988), seguem, na Tabela 1, os valores dos
parâmetros meteorológicos para as referidas categorias do terreno e classe da edificação.
Parâmetro Valor
b 0,85
Fr 0,98
P 0,125
z (m) S2
≤5 0,76
10,5 0,84
13 0,86
Para simular o perfil de velocidades com maior precisão, pode-se considerar o fator S2
variando continuamente, através da Equação (51), que também consta no item 5.3.3 da NBR
6123 (1988).
𝑧 𝑝
𝑆2 = 𝑏 𝐹𝑟 ( ) (51)
10
A superfície frontal do edifício, para vento incidindo a 90°, conforme Figura 29, tem
maior dimensão igual a 108 metros. Assim, deve ser classificado através do Anexo A da NBR
6123 (1988).
O fator S2 depende do intervalo de tempo, que, neste caso, deve ser calculado. O
intervalo de tempo, por sua vez, depende do fator S2. A norma recomenda o cálculo através de
47
t calculado,
t arbitrado,
Iteração
tc (s)
ta(s)
h (m) b Fr p S2
(m/s) ta e tc
Seguindo o item 5.4 da NBR 6128 (1988), o edifício industrial pertence ao Grupo 3-
Edificações e instalações industriais com baixo fator de ocupação (depósitos, silos,
construções rurais, etc.). O fator estatístico para esta categoria é 0,95.
Os coeficientes de força resultantes são apresentados nas figuras 42 a 46. Nas figuras, à
esquerda aparecem os coeficientes externos e interno e a direita os coeficientes resultantes. O
cálculo dos coeficientes resultantes segue a Equação (52), onde C é o coeficiente de força, Ce
o coeficiente de forma externa e cpi o coeficiente de pressão interna.
𝐶 = 𝐶𝑒 − 𝑐𝑝𝑖 (52)
Para fins deste trabalho foram utilizados somente os cpi máximos positivos e negativos
e cpi nulo para as duas orientações de vento (0° e 90°). Dessa forma é possível obter as máximas
sucções e sobrepressões no edifício sem a necessidade de considerar todos os cpi.
São apresentadas nas figuras 47 a 56 as forças de vento resultantes para cada um dos
casos considerados a 5; 10,5 e 13 metros de altura sobre o terreno. O cálculo destas forças segue
a Equação (53), onde F é a força por unidade de área resultante, C o coeficiente de força
resultante, q a pressão dinâmica do vento.
𝐹 =𝐶∙𝑞 (53)
Figura 47 – Forças de vento por unidade de área resultantes, em kN/m², para vento a 0° e
cpi=0.
60
Figura 48 – Forças de vento por unidade de área resultantes, em kN/m², para vento a 0° e
cpi=0 (Continuação).
61
Figura 49 – Forças de vento por unidade de área resultantes, em kN/m², para vento a 0° e
cpi=-0,3.
62
Figura 50 – Forças de vento por unidade de área resultantes, em kN/m², para vento a 0° e
cpi=-0,3 (Continuação).
63
Figura 51 – Forças de vento por unidade de área resultantes, em kN/m², para vento a 0° e
cpi=+0,7.
64
Figura 52 – Forças de vento por unidade de área resultantes, em kN/m², para vento a 0° e
cpi=+0,7 (Continuação).
65
Figura 53 – Forças de vento por unidade de área resultantes, em kN/m², para vento a 90° e
cpi=0.
66
Figura 54 – Forças de vento por unidade de área resultantes, em kN/m², para vento a 90° e
cpi=0 (Continuação).
Figura 56 – Forças de vento por unidade de área resultantes, em kN/m², para vento a 90°
e cpi=-0,9 (Continuação).
6 EXEMPLO DE LANÇAMENTO DAS AÇÕES DO VENTO EM
PROGRAMA DE USO COMERCIAL
São apresentadas nas figuras 58 a 77 as ações lançadas diretamente nas barras que
representam as terças e as vigas de tapamento. As ações são distribuídas nestes elementos de
acordo com sua área de influência. Este lançamento serve somente ao dimensionamento da
estrutura principal, pois a estrutura secundária (terças e vigas de tapamento) devem ser
dimensionadas para combinações contemplando as pressões locais adicionais. As ações em
vermelho têm a direção do eixo X global; as em azul, do eixo Y global e as em verde, do eixo Z
global.
Para vento atuando a 0° com cpi = 0 as ações aplicadas no modelo são apresentadas nas
figuras 58 a 61.
Figura 59 – Vista aproximada das ações para vento a 0° e cpi = 0 na região anterior do
edifício.
Figura 60 – Vista aproximada das ações para vento a 0° e cpi = 0 na região intermediária do
edifício.
71
Figura 61 – Vista aproximada das ações para vento a 0° e cpi = 0 na região posterior do
edifício.
Para vento atuando a 0° com cpi = - 0,3 as ações aplicadas no modelo são apresentadas
nas figuras 62 a 65.
Figura 63 – Vista aproximada das ações para vento a 0° e cpi = -0,3 na região anterior do
edifício.
Figura 64 – Vista aproximada das ações para vento a 0° e cpi = -0,3 na região intermediária
do edifício.
73
Figura 65 – Vista aproximada das ações para vento a 0° e cpi = 0 na região posterior do
edifício.
Para vento atuando a 0° com cpi = +0,7 as ações aplicadas no modelo são apresentadas
nas figuras 66 a 69.
Figura 67 – Vista aproximada das ações para vento a 0° e cpi = -0,3 na região anterior do
edifício.
Figura 68 – Vista aproximada das ações para vento a 0° e cpi = -0,3 na região intermediária
do edifício.
75
Figura 69 – Vista aproximada das ações para vento a 0° e cpi = 0 na região posterior do
edifício.
Para vento atuando a 90° com cpi = 0 as ações aplicadas no modelo são apresentadas nas
figuras 70 a 73.
Figura 71 – Vista aproximada das ações para vento a 90° e cpi = 0 na região anterior do
edifício.
Figura 72 – Vista aproximada das ações para vento a 90° e cpi = 0 na região intermediária
do edifício.
77
Figura 73 – Vista aproximada das ações para vento a 90° e cpi = 0 na região posterior do
edifício.
Para vento atuando a 90° com cpi = - 0,9 as ações aplicadas no modelo são apresentadas
nas figuras 74 a 77.
Figura 74 – Vista geral das ações para vento a 90° e cpi = -0,9.
78
Figura 75 – Vista aproximada das ações para vento a 90° e cpi = -0,9 na região anterior do
edifício.
Figura 76 – Vista aproximada das ações para vento a 90° e cpi = -0,9 na região
intermediária do edifício.
79
Figura 77 – Vista aproximada das ações para vento a 90° e cpi = -0,9 na região posterior do
edifício.
7 CONCLUSÃO
Em edificações leves, como os pavilhões de aço para usos gerais, as forças devidas à
ação do vento geralmente são superiores ao carregamento gravitacional; dessa forma é
necessário obter estas ações de forma correta para uso em projeto. A velocidade a ser
considerada no projeto depende das características geográficas da região e das dimensões da
edificação. Na metodologia de cálculo da velocidade característica da NBR 6123 (1988) alguns
fatores são tomados de forma subjetiva. O fator de correção devido à rugosidade do terreno
pode ser obtido com melhor precisão em ensaios em túnel de vento.
A distribuição das pressões na superfície dos edifícios depende de seu formato. As
normativas trazem coeficientes aerodinâmicos para relacionar as pressões na superfície do
edifício com a pressão do vento numa região do escoamento não perturbada. As pressões
internas dependem da permeabilidade do fechamento lateral e da cobertura, que geralmente são
de difícil determinação, e também da localização de abertura de dimensões muito maiores que
as demais, chamadas de aberturas dominantes. Como alternativa, a NBR 6123 (1988) traz
alguns casos simples em que se o edifício se enquadrar não é necessário o conhecimento preciso
da permeabilidade.
É visto que algumas configurações da localização de aberturas em pavilhões podem
aumentar drasticamente as sobrepressões ou sucções na cobertura ou nos tapamentos laterais.
Edifícios com maior parte das aberturas a barlavento ficam sujeitos a sobrepressões internas,
que aliadas a sucções externas em telhados com pequenas inclinações geram grandes forças de
arrancamento na cobertura. Em telhados com grandes inclinações as sobrepressões internas são
mais favoráveis, pois aliviam as sobrepressões externas. Por outro lado, maior parte das
aberturas a sotavento ocasionam sucções internas; neste caso, em telhados com pequenas
inclinações as sucções internas aliviam as sucções externas, atuando favoravelmente à
estabilidade. Para telhados com grandes inclinações as sucções internas somam-se às
sobrepressões externas, aumentando a resultante das forças na direção das cargas
gravitacionais. Assim, uma solução seria fazer a análise para todas as combinações de aberturas
possíveis, dentro de limites praticáveis.
O último capítulo deste trabalho mostra o lançamento das ações em um modelo de
pórtico espacial do edifício. As ações foram lançadas diretamente nos elementos de barra que
representam a estrutura secundária que sustenta o tapamento e a cobertura, as vigas de
tapamento e as terças. Teoricamente, o lançamento dessa forma gera resultados mais realistas,
81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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