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Apreciação, Execução e Composição

Dra. Cristina Rolim Wolffenbüttel


UERGS/SMED-POA

Para Swanwick (1979), pode-se vivenciar a música apreciando, executando


ou compondo. Estas atividades propiciam um envolvimento direto com música,
possibilitando a construção do conhecimento musical pela ação do próprio indivíduo.
São, assim, formas de aprender música.
Na apreciação são trabalhadas muitas formas de ouvir música e responder a
ela: falar sobre música, dançar, movimentar-se com ela, desenhar, etc. Na execução
reproduzimos uma música ou pequenos trechos já compostos, seja tocando um
instrumento, cantando, utilizando o corpo ou outras fontes sonoras. A composição,
por sua vez, inclui as várias atividades em que há criação ou manipulação de idéias
musicais, seleção e organização de elementos sonoros.
Além das atividades de apreciação, execução e composição, Swanwick
(1979) reconhece dois outros parâmetros, quais sejam, literatura e técnica.
A literatura abrange estudos históricos e musicológicos, sendo denominados
de conhecimento sobre música: contexto da obra, carreira do compositor ou
intérprete, análise, estilo, gênero, etc. A técnica se refere à aquisição de habilidades,
que incluem a técnica para se cantar ou tocar os instrumentos musicais, o
desenvolvimento da percepção auditiva e da leitura e escrita musicais. Por exemplo:
para conseguir tocar um instrumento, explorar suas possibilidades e se expressar
através dele, é necessário saber como segurá-lo ou se o mesmo será executado
com a mão ou com uma baqueta; também, é importante aprender a controlar os
músculos para tocá-lo de maneira precisa.
Literatura e técnica são concebidas como atividades complementares, já que
não propiciam um envolvimento direto com música. É preciso ter claro que essas
atividades, mas as mesmas não podem ser o aspecto principal de um trabalho em
sala de aula, porque não propiciam a vivência musical direta. Por exemplo: é
possível conhecer profundamente a vida de um compositor; mas, se não
apreciarmos uma de suas composições, não será possível vivenciar e aprender
música.
As atividades de apreciação, execução e composição, juntamente com a
literatura e a técnica, configuram o modelo (T)EC(L)A, onde: T=Técnica;
E=Execução; C=Composição; L=Literatura e A=Apreciação. Esse modelo constitui,
assim, um modelo de atividades musicais a ser utilizado como base para o ensino de
música em sala de aula (HENTSCHKE, 1996a; HENTSCHKE, 1996b).
A importância da definição dessas atividades musicais se relaciona ao fato de
as mesmas serem possibilidades de aprendizado em música. O foco das aulas de
música deve estar na prática musical, na relação das pessoas com a música, que se
dá através da apreciação, execução e composição. Estas atividades são formas de
fazer e aprender música, pois só se aprende música, fazendo música. Pelo menos
uma dessas três atividades deverá estar presente em qualquer aula de música.
Do mesmo modo, é importante considerar-se que, na escola, não se pretende
formar músicos ou instrumentistas, mas oferecer uma formação abrangente aos
alunos; assim, é importante tentar trabalhar sempre com as três atividades. A
principal meta do ensino de música nas escolas é desenvolver a capacidade dos
alunos de vivenciar música, possibilitando que ampliem e a aprofundem sua relação
com diferentes tipos de música.
Assim, concordando com Souza (2000), entende-se que “a tarefa básica da
música na educação é fazer contato, promover experiências com possibilidades de
expressão musical e introduzir os conteúdos e as diversas funções da música na
sociedade sob condições atuais e históricas” (p.176).

Referências:

HENTSCHKE, Liane. Um estudo longitudinal aplicando a Teoria Espiral de


Desenvolvimento Musical de Swanwick com crianças brasileiras da faixa etária de 6
a 10 anos de idade. Música: Pesquisa e Conhecimento, Série Estudos 2, p. 9-34,
1996a.
HENTSCHKE, Liane. A Teoria Espiral de Swanwick como fundamentação para uma
proposta curricular. Anais do 5º Encontro Anual da ABEM. 5º Simpósio Paranaense
de Educação Musical, p. 171-185, 1996b.
SOUZA, Jusamara. (Org.). Música, cotidiano e educação. Porto Alegre: Programa de
Pós-Graduação em Música do Instituto de Artes da UFRGS, 2000.
SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. Trad. de Alda Oliveira e
Cristina Tourinho. São Paulo: Editora Moderna, 2003.

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