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Introdução ao Pensamento Filosófico

1 – Qual a verdadeira lição dada por Sócrates a Menon?

Ao questionar Ménon sobre o que ele considerava como virtude, Sócrates lhe
apresenta a dialética. Ménon insistente em suas definições, acaba por apenas
exemplificar o que é virtude e não por defini-la, cabe a Sócrates então tentar
fazê-lo enxergar a origem do conceito, porém o outro apenas interessa-se em
saber se a mesma pode ser ensinada para que, através disso, alcança-se
poder, riquezas e sucesso.

Sócrates tenta, de forma falha, mostrar a Ménon que o mesmo não


compreende o que é virtude, apesar de concordar com os exemplos que ele
disse. Admitir a sua própria ignorância, buscando a superação da mesma e
esforçar-se para que sejam relembrada as verdades inatas, é a lição de lógica
que é dada a Ménon.

2 – Descreva a teoria da reminiscência platônica.

Platão apresenta a teoria da reminiscência em seu diálogo com Menon.


Reminiscência ou Anamnese significa lembrança, esse é o ponto chave para
apresentar o mito platônico que afirma que a alma vivia no Mundo Inteligível e
contemplava a verdade absoluta, ao ser punida e castigada a viver no Mundo
Sensível, o espírito ao se instruir lembra-se das ideias puras que contemplou
anteriormente.

Para Platão, todas as pessoas tem acesso a esse conhecimento posterior o


mesmo está apenas adormecido esperando um gatilho para surgir. Ele utiliza a
facilidade de aprender geometria que um escravo tem para fundamentar esta
teoria.

A Teoria da Reminiscência é importante para compreendermos a vida humana,


pois apenas assim conseguiremos contemplar as ideias. "Aprender é lembrar
aquilo que você já sabe. Fazer é demonstrar que você o sabe. Ensinar é
lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você."
3 – Qual é a razão apresentada por Platão para que o filósofo governe a
cidade ou qual a justificativa do rei filósofo?

Toda a obra de Platão tem preocupações politicas, deixando evidente a


dedicação a vida politica que os gregos tinha. Para eles, a vida política era um
privilégio da liberdade do homem que evidenciava a diferente entre os gregos e
os povos selvagens, bárbaros. Platão acredita que a vida política deveria ser a
mesma, ou o mais próximo possível, da vida filosófica. Fica constatado que a
vida filosófica de Platão se desenvolve a partir de um ato político que foi a
morte de Sócrates. O mesmo morreu, dentre outros motivos, por ser filosofo. É
a partir dessa reflexão que Platão entende que um filósofo não é bem vindo às
cidades.

Platão passa a falar sobre a dificuldade do homem em deixar a cidade e como


a mesma deve ser reformulada, chegando então a comentar que apenas quem
“sabe” pode fazer esse feito, sendo esse homem então, o filósofo. Platão
justifica os reis filósofos baseados no conhecimento vasto que eles têm. Um
rei, que é também filósofo, saberia tomar melhores decisões para a cidade,
pois sabe distinguir entre o bem e o mal, a verdade e o erro, etc. Ele saberá as
melhores formas de educar a juventude e escolher e preparar os futuros
dirigentes, dessa forma os líderes não seriam mais aqueles por tradição, pela
riqueza ou boa oratória. O filosofo como homem de Estado, dotado de ciência
política, conduzirá a polis da melhor maneira de acordo com o seu
conhecimento.

4 – O que significa a ciência do bem de Platão ou como a discussão


sobre virtude converteu-se em uma filosofia moral? E qual é essa filosofia
moral?

Dada a discussão que Sócrates teve com Prótagoras sobre a cientificidade da


virtude e como a mesma poderia, ou não, ser ensinada, surge então a
possibilidade da virtude como filosofia moral. O sofista insiste em sua teoria da
multiplicidade de virtudes e é então derrotado pelas constantes
questionamentos de Sócrates que defende a unidade da virtude. Durante esta
discussão, fica clara a existência de uma única essência da virtude: o saber.

Ao defender sua teoria sobre uma única virtude, Sócrates, o qual pretende
aprofundar e esclarecer o sentido de senso comum, afirma que ninguém faz o
mal por querer, mas sim por ignorância. Os erros não são cometidos de forma
voluntária, e este, que é ignorante, logo não é virtuoso. Apenas possuí virtude
os homens que conhecem o bem, dessa forma, ele defendia o constante
desenvolvimento, e o conhecimento de si próprio, invés dos prazeres e bens
materiais.

Sendo assim, todo homem que possuí conhecimento é virtuoso. O


conhecimento das causas e do fim das ações e a racionalidade humana
demonstra a virtude do homem, e permite a ele uma forma de vida virtuosa e
moral seguindo na direção da ideia do bem.

5 – Quais as características distintas entre sofistica e a filosofia socrático-


platônica?

Os sofistas eram professores de eloquência, que ensinavam a retórica, o


discurso, a gramática e a arte de argumentar e manipular. O intuito era a
preparação de jovens para seguir carreira política ou jurídica, ensinando-os a
retórica como técnica de persuasão, valorizavam mais a forma que o conteúdo
a ser dito. A sofistica tem um conhecimento enciclopédico, com verdades
montadas e postura relativista, principalmente na questão do saber e da
verdade.

A filosofia socrático-platônica tem objetivos de investigação a pesquisa racional


da verdade. Pretende o desenvolvimento da dialética, e visa esclarecer e
compreender o exercício da razão, bem como o privilégio da sabedoria.

Platão fazia diversas criticas aos sofistas devido o ensino da retórica e da


manipulação, para ele a sofistica está apenas ligada ao poder político. Além
disso, os sofistas defendiam o relativismo, ou seja, a ideia da inexistência de
verdades universais no campo ético, existindo então diversos códigos morais e
costumes em sociedades diferentes. Porém, julgar isso faria com que se
entrasse na dualidade de “certo” e “errado”, impondo um padrão inexistente
dado a diferença entre as culturas.

Filósofos e sofistas também discordavam na concepção de “verdade”, pois os


sofistas preocupavam-se com os argumentos e ideias para defendê-los, sem
valorizar a procura pela verdade. Desse modo, a “verdade” não importava para
a sofística, porém era objeto de cuidado de filósofos como Platão. O mesmo
fazia diversas críticas sobre as técnicas sofisticas que apenas captavam a
atenção das pessoas e não lhes transmitia sabedoria. Notava que para os
sofistas a verdade era relativa à utilidade ou situação, também era subjetiva.

A filosofia, no entanto, empenha-se na procura pela verdade. Visa que os seres


humanos tenham um aperfeiçoamento ético e ontológico. Desenvolvendo uma
arte chamada dialética, que visa descobrir a verdade através dos discursos. A
mesma é um processo de abstração que destrói ideias construídas através do
diálogo. Desse modo, quanto mais sabem, os filósofos, mais tem noção da sua
ignorância.

Bibliografia

Koyré, Alexandre. Introdução à leitura de Platão, Editorial Presença, Lisboa,


1979.

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