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ANÁLISE ERGONÔMICA DA
ATIVIDADE DE ENVASE DE UMA
INDÚSTRIA DO SETOR QUÍMICO NA
CIDADE DE CAMPINA GRANDE - PB
(ERGONOMIC ANALYSIS OF THE
ACTIVITY OF FILLING A SODIUM
CHLORATE PLANT IN THE CITY OF
CAMPINA GRANDE - PB)
Jaqueline Matias da Silva (UFCG)
jaqueline.producao@hotmail.com
Ivanildo Fernandes Araujo (UFCG)
ivanildo@uaep.ufcg.edu.br
Maria Luiza de Ulisses Guerra Paiva (UFCG)
maria_luiza_paiva@hotmail.com
SUSANE DE FARIAS GOMES (UFCG)
susinha_farias@hotmail.com
Alina Diniz Barros (UFCG)
alina_barros@hotmail.com
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XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
1. Introdução
A Ergonomia tem os seus objetivos centrados na humanização do trabalho e na melhoria da
produtividade. As condições de trabalho incluem todos os fatores que possam influenciar no
desempenho e satisfação dos trabalhadores na organização (PEGADO,1990).
Para Dul e Weerdmeester (2004), a Ergonomia pode contribuir para solucionar um grande
número de problemas sociais relacionados com a saúde, segurança, conforto e eficiência, além
de contribuir para a prevenção de erros, melhorando o desempenho das atividades. Muitos
acidentes podem ser causados por erros humanos, em sua maioria, pelo relacionamento
inadequado entre os operadores e suas tarefas. A probabilidade de ocorrência desses acidentes
pode ser reduzida quando se consideram adequadamente as capacidades e limitações humanas
e as características do ambiente, durante o projeto de trabalho.
Segundo a International Ergonomics Association, Ergonomia é a disciplina científica que
trata da compreensão das interações entre os seres humanos e outros elementos de um
sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visam
otimizar o bem estar humano e a performance global dos sistemas, tendo como domínio de
especialização sua atuação como Ergonomia Física, Cognitiva e Organizacional. Nesta
pesquisa, serão analisados os aspectos restritos às características da anatomia humana,
antropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação com a atividade física. Os tópicos
relevantes incluem a postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos e o
projeto de postos de trabalho. Quanto ao domínio cognitivo será investigada, interação
homem-máquina e o estresse associado ao trabalho. Para o domínio como ergonomia
organizacional serão apresentados aspectos quanto ao processo, projeto de trabalho e a
organização temporal do trabalho.
Segundo Iida (2005), posto de trabalho é a configuração física do sistema homem-máquina-
ambiente, ou seja, é uma unidade produtiva envolvendo um homem e o equipamento que ele
utiliza para realizar o trabalho, bem como o ambiente que circunda. Diversos critérios podem
ser adotados para avaliar a adequação de um posto de trabalho. Entre eles se incluem o tempo
gasto na operação, os índices de erros e acidentes. Do ponto de vista ergonômico, um dos
melhores critérios, são a postura e o esforço exigido por parte dos trabalhadores,
determinando-se os principais pontos de concentração de tensões que tendem a provocar
dores nos músculos e tendões.
Tendo em vista os aspectos citados acima, este estudo tem como objetivo realizar uma análise
ergonômica das condições de trabalho dos funcionários do setor de envase de uma indústria
química, localizada na cidade de Campina Grande – PB, apontando sugestões ergonômicas
destinadas a eliminar ou reduzir os problemas encontrados na referida situação de trabalho.
2. Referencial Teórico
Esta sessão do artigo tem como objetivo abordar aspectos relevantes, a fim de basear o
instrumento de pesquisa deste estudo.
2.1. Análise dos Postos de Trabalho
Segundo Iida (2005), a análise dos postos de trabalho é o estudo de uma parte do sistema onde
um trabalhador atua. Deve ser feita a análise da tarefa, da postura, dos movimentos do
trabalhador e das suas exigências físicas e psicológicas. Esta análise deve ser feita a partir das
interações que ocorrem entre o homem, a máquina e o ambiente.
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As atividades do homem no trabalho, segundo, ainda Santos e Fialho (1995) podem ser
analisadas segundo um modelo antropocêntrico, dentro de um sistema homem-tarefa, onde de
um lado está o homem, e do outro, as tarefas que ele deve executar, evidenciando-se as
principais condicionantes que afetam o desenvolvimento de suas atividades no trabalho:
Uma má concepção dos meios materiais de trabalho;
Características dos objetos, ferramentas, comandos de máquinas sobre os quais
o operador deve agir;
Características ambientais: ambiente térmico, acústico, luminoso, vibratório e
toxicológico;
Condicionantes temporais do trabalho: cadência, duração e horário de trabalho;
Características da organização: hierarquia, turnos, equipes, comunicação;
O ambiente psicossociológico;
Condições de vida extra profissional.
2.3. Postura de Trabalho
De maneira geral, na concepção dos postos de trabalho não se leva em consideração o
conforto do trabalhador na escolha da postura de trabalho, mas sim as necessidades da
produção (SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO – SIT 2002).
Segundo Dul e Weerdmeester (2004), a postura é, freqüentemente, determinada pela natureza
da tarefa ou do posto de trabalho. As características do cargo é o que determina a melhor
postura básica: sentada, em pé ou combinações sentada/em pé.
A altura da superfície para trabalho depende do tipo da tarefa, das dimensões corporais e das
preferências individuais. Quando essa mesma superfície é usada por várias pessoas, sua altura
deve ser regulável para acomodar as diferenças individuais. A faixa de ajustes deve ser de
pelo menos 25 cm. Isso acontece também quando a mesma pessoa deve trabalhar com peças
de diferentes alturas, neste caso, a faixa de ajustes depende da diferença de altura das peças a
serem manuseadas. Os usuários devem ser instruídos sobre a melhor altura da bancada para
cada pessoa, a fim de prevenir a fadiga.
Um espaço suficiente deve ser mantido livre sob a bancada ou máquina, para acomodar as
pernas e pés. Isso permite que a pessoa se aproxime do trabalho, sem necessidade de curvar o
tronco. O espaço livre deve permitir também mudanças freqüentes de postura, movimentando
as pernas e os pés. Os alcances com os braços, para frente e para os lados, devem ser
limitados para evitar a inclinação ou rotação do corpo. Para isso, as ferramentas, peças e
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controles de uso mais freqüente devem situar-se em frente e perto do corpo (DUL E
WEERDMEESTER, 2004).
A posição sentada exige atividade muscular do dorso e do ventre para manter esta posição;
praticamente todo o peso do corpo é suportado pela pele que cobre o osso ísquio nas nádegas.
Esta posição em relação à posição de pé, apresenta a vantagem de liberar as pernas para
tarefas produtivas, permitindo grande mobilidade desses membros. Além disso, o assento
proporciona um ponto de referência relativamente fixo, facilitando a realização de trabalhos
delicados com os dedos. Na posição em pé, além da dificuldade de usar os pés para o
trabalho, frequentemente necessita também de apoio para as mãos e braços para manter a
postura e fica mais difícil fixar um ponto de referência (IIDA, 2005). No entanto, devem-se
evitar longos períodos na posição sentada. As posturas prolongadas podem prejudicar os
músculos e as articulações. Assim atividades que exigem esta posição por um longo período
devem ser alternadas com outras que permitam ficar em pé ou andando, ou podem também,
ser variadas usando diferentes tipos de cadeiras.
Existem vários tipos/modelos cadeiras que permitem regular a altura do assento e ajustar a
posição do encosto. Estas devem ter as seguintes características:
A altura do assento deve ser regulável em movimentos contínuos e suaves, e
não por “degraus”;
A altura do assento pode ser considerada adequada quando a coxa está bem
apoiada no assento, sem esmagamento de sua parte inferior (em contanto com as bordas do
assento) e os pés se apóiam no chão. A postura com os pés em balanço são extremamente
fatigantes;
O encosto da cadeira deve proporcionar apoio para a região lombar (na altura
do abdômen); - Deve-se deixar um vão livre de 10 a 20 cm entre o assento e o encosto;
O encosto deve ter uma altura de 30 cm (portanto, a altura total deve ficar entre
40 a 50 cm acima do assento). Não se deve utilizar esse apoio lombar para apoiar as costas,
no caso de uma postura relaxada;
A parte inferior do encosto (próxima do assento) deve ser convexa, para
acomodar a curvatura das nádegas, ou ser vazada (na recomendação acima, o tamanho
desse vão livre deve ser regulável, entre 10 e 20 cm entre o assento e o encosto);
A cadeira também pode ser giratória. Isso reduz a necessidade de torcer o
tronco e permite maiores variações na postura, prevenindo a fadiga;
É preferível limitar o número de ajustes apenas para as dimensões mais
importantes da cadeira -pelo menos, a altura do assento e a altura do encosto-. Se houver
muitos ajustes, é provável que os usuários façam ajustes incorretos;
Os usuários das cadeiras devem receber instruções sobre a forma correta de
regulá-las. Isso deve incluir elementos ajustáveis do posto de trabalho, como a altura da
mesa, que deve estar conjugada com a altura da cadeira.
Alguns tipos de cadeiras especiais podem ser recomendados para tarefas específicas. Uma
cadeira com braços pode ser escolhida, desde que não atrapalhem. Os braços da cadeira
devem ser curtos, para que a cadeira possa ficar próxima da mesa. Eles podem ajudar a
suportar os pesos do tronco e dos braços, além de proporcionar apoio na hora de levantar-se.
As rodinhas nos pés da cadeira podem ser úteis quando esta precisa ser movimentada
frequentemente. O assento também pode ser inclinável para frente e para trás, com pequeno
ângulo.
Porém, o uso da cadeira adequada não é suficiente para garantir uma postura correta no
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trabalho. A posição das mãos, bem como o ponto de focalização dos olhos, tem uma grande
importância para a postura da cabeça, tronco e braços. A altura correta das mãos e do foco
visual depende da tarefa, dimensões corporais e preferências individuais. Então, a altura da
superfície de trabalho deve ser determinada pelo compromisso entre a melhor altura para as
mãos e a melhor posição para os olhos. Isso acaba determinando a postura da cabeça e do
tronco (DUL E WEERDMEESTER, 2004).
2.4. Ruídos
O ruído pode ser considerado um som indesejável ou também um estímulo auditivo que não
contém informações úteis para a tarefa em execução (IIDA, 2005). Existem, basicamente,
dois tipos de ruídos: os contínuos e os de impacto. Os contínuos são aqueles de “fundo” que
ocorrem com certa uniformidade durante toda a jornada de trabalho. Aqueles de impacto são
picos de energia acústica de curta duração e que chegam a níveis de 110 a 35 dB.
Um som repentino de 10 dB, com duração aproximada de 5 ms, provoca um susto,
produzindo uma reação imediata de defesa, quando o organismo adota uma posição de
máxima estabilidade postural. Esse tipo de reação interfere no trabalho e retarda o tempo de
reação para outras tarefas. O ruído contínuo de 85 dB é considerado o máximo tolerável para
uma exposição durante 8 horas de jornada diária de trabalho, pelas normas brasileiras (NR –
15). O tempo de exposição depende também das freqüências. Para o mesmo nível, se a
freqüência aumentar, esse tempo tende a diminuir. Os riscos são maiores para a faixa de 2000
a 6000 Hz, especialmente para ruídos em torno de 4000 Hz. A exposição a um ruído com 100
dB, com 4000 Hz deve limitar-se a apenas 7 minutos.
2.5. Vibração
Vibração é qualquer movimento que o corpo ou parte dele executa em torno de um ponto fixo.
Os efeitos de vibração direta sobre o corpo humano podem ser extremamente graves, podendo
danificar permanentemente alguns órgãos do corpo humano. As vibrações são particularmente
danosas ao organismo nas frequências mais baixas, de 1 a 80 Hz. Elas provocam lesões nos
ossos, juntas e tendões. As freqüências intermediárias, de 30 a 200 Hz provocam doenças
cardiovasculares mesmo com baixas amplitudes (1mm) e, nas freqüências altas, acima de 300
Hz, o sintoma é de dores agudas e distúrbios neurovasculares (IIDA, 2005).
2.6. Luminosidade
Segundo Grandjean (1998), condições inadequadas de iluminação podem provocar fadiga
visual que por sua vez podem acabar provocando diminuição da produção e da qualidade do
trabalho, aumento das falhas e da freqüência de acidentes. Uma vez instalado, um sistema de
iluminação deve ser verificado periodicamente, tendo como objetivo a manutenção de seu
bom funcionamento e eficiência. A segurança e o bom desempenho do operário estão ligados
aos níveis de luminância. Posicionamentos de pontos de luz errados podem ocasionar erros
em leituras, gerar dimensionamentos diferentes daquilo que os olhos percebem. Segundo a
ABNT, o nível de luminância para atividades industriais de fabricação é de 300 lux.
2.7. Temperatura
A temperatura e a umidade ambiental influem diretamente no desempenho do trabalho
humano (IIDA, 2005). O clima de trabalho deve satisfazer as diversas condições para ser
considerado agradável. Quatro fatores contribuem para isso: temperatura do ar; calor radiante;
velocidade do ar e umidade relativa. Outros fatores também a ser considerado são o tipo de
atividade e o vestuário (DUL E WEERDMEESTER, 2004). De acordo com o anexo 3 da
NR15, o trabalho no posto da empresa em questão é leve, e por isso a temperatura a qual ela
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Figura 2: a) Postura no momento da pega do recipiente 2.b) Postura do envase 2.c) postura na embalagem
Neste setor as atividades são realizadas na posição sentada, não há uma alternância entre
posições em pé e sentadas, o que, segundo Grandjean (1998), é altamente recomendável do
ponto de vista ortopédico e fisiológico, pois a postura prolongada pode provocar sérios riscos
à saúde.
Trabalhar na posição sentada parece exigir pouco das condições de trabalho sobre o
organismo. Nesta posição, a pressão nos discos intervertebrais é bem maior do que na posição
em pé. Trabalhar sentado também pode originar uma série de complicações: distúrbios
músculo-ligamentares e sedentarismo. Porém pode-se superar estes problemas sentando-se
com postura adequada, numa cadeira ergonomicamente projetada, de acordo com uma relação
cadeira-mesa-acessórios adequada (COUTO, 1995).
Quando se deixa a posição em pé e passa sentar-se, várias mudanças posturais ocorrem no
esqueleto e no funcionamento dos músculos do ser humano. Na postura em pé a maior parte
do peso é transferida ao chão através dos pés, ficando os joelhos e o quadril quase ou
totalmente estendidos. Entretanto, quando se está sentado, dobra-se a articulação do quadril, o
que leva à rotação dos ossos e as pontas dos ossos que estavam voltadas para trás, passam a
apontar para baixo, acarretando a retificação da coluna lombar ou até a sua inversão. Logo,
parte do peso do corpo é descarregada através das duas pontas dos ossos da bacia.
Com a retificação da lombar na posição sentada, a parte anterior do disco intervertebral é
achatada e a posterior esticada. Isso faz com que o núcleo que estava no centro do disco seja
empurrado para trás levando ao aumento de todas as estruturas que estão na parte posterior da
coluna. Desta maneira, a alteração que ocorre na posição sentada é um súbito e importante
aumento na pressão dos discos intervertebrais da coluna lombar. Este aumento de pressão é
decorrente de ficar eliminado todo o amortecimento de pressões dado pelo arco dos pés e
pelos tecidos moles dos membros inferiores.
Outra alteração é que com o achatamento do arco lombar as estruturas posteriores -
ligamentos, pequenas articulações e nervos que deixam a medula - as estruturas que ficam na
parte de trás da medula são esticadas. Com o passar do tempo pode ocasionar lombalgia, pois
essas estruturas são muito sensíveis (pela grande inervação local, inclusive nervo espinhal).
Predispõem também a complicações: idade superior a 35 anos, esforço manual excessivo ou
repentino, mais de cinco anos de trabalho na postura sentada. Esses fatores aumentam as
chances de ocorrer hérnia de disco.
Na posição sentada, a inclinação do tronco para frente leva a uma tendência de queda de todo
o corpo devido à ação da gravidade. Para se equilibrar e manter o tronco na posição ereta, os
músculos paravertebrais desenvolverão uma contração estática; como os músculos
paravertebrais estão firmemente fixados nos corpos vertebrais, esta contração muscular resulta
em aumento da pressão nos discos lombares. Então para reduzir a fadiga, o indivíduo tenderá
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a apoiar os cotovelos sob a mesa, reduzindo a carga muscular no dorso, isto pode resultar em
compressão do nervo ulnar que passa superficialmente nessa região (COUTO, 1995).
Ao ser realizada a entrevista com os funcionários, todos se queixaram com relação às posturas
aplicadas durante a execução de suas atividades. Isso porque o posto de trabalho não foi bem
projetado para os perfis de operários que iriam trabalhar neste setor. Analisando as Figuras 2a,
2b e 2c, podemos perceber que a funcionária se curva bastante por diversas vezes para pegar
os vasilhames, fazer o envase e colocar os produtos acabados na embalagem que encontra-se
disposta no chão do outro lado, indo para o setor de estoque.
As condições da cadeira para a realização das atividades são inadequadas aos trabalhadores,
devido não haver um ajuste para altura, o que provoca dores e desconforto. Este fato é
constatado na maioria dos entrevistados, os quais afirmam sentir dores na coluna lombar,
dorsal e cervical.
A má postura na realização das atividades também traz ao trabalhador uma sensação forte de
fadiga muscular, principalmente nas regiões das pernas, ombros e antebraços. Dessa forma é
possível observar que os funcionários realizam movimentos de torção unilateral com a coluna
vertebral, fator de risco e causador de patologias da coluna, tais como: lombalgias e
herniações discais. É possível observar também que a cadeira utilizada não é regulável, e
apesar de ser estofada, a espuma já perdeu a memória, além de não estarem de acordo com as
dimensões compatíveis com as normas ergonômicas. Seguem abaixo as dimensões da cadeira
utilizada:
g
a f d
b
Não existe uma cadeira específica para cada operação que possa ser usada de forma contínua
ao longo das 8 horas trabalho, pois a compressão dos tecidos exige mudanças periódicas de
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A altura destas bancadas também devem estar de acordo com o perfil do operário, de forma
que este não precise realizar movimentos desnecessários, que afetem sua saúde;
A empresa deve substituir as cadeiras ergonomicamente irregulares por outras
com assentos e encostos estofados e reguláveis, além de estarem dentro das medidas
recomendadas por Iida (2000) e Grandjean (1998).
A empresa deve apresentar um sistema organizado em que os funcionários
possam sempre alternar suas posições em pé e sentado;
Manter a cultura da prática da ginástica laboral, pois ajuda na amenização dos
riscos de doenças ocupacionais, além de preparar fisicamente os funcionparios, motivando-
os no início do período de trabalho.
Para um melhor aproveitamento da produção, caso a empresa tenha condições,
seria melhor a automatização no setor de envase e rotulagem, evitando assim esforços dos
operários e uma maior confiabilidade do processo, já que o ser humano está sujeito a várias
condições que podem afetar na produtividade da empresa, além da diminuição do lead time
da produção.
6. Considerações Finais
A Ergonomia, de uma forma geral, visa buscar a satisfação e o bem estar dos trabalhadores
em suas atividades, procurando adaptar o ambiente de trabalho ao homem, e não o contrário.
A análise ergonômica do trabalho, conduzida de maneira ampla e procurando observar o
contexto organizacional e de trabalho, permite identificar e avaliar como os diversos fatores
afetam o trabalho dentro da instituição e conduz ao estabelecimento do quadro geral de
necessidades da organização. Um estudo bem elaborado da análise da atividade pode mostrar
os problemas que determinado posto de trabalho apresenta, de forma a corrigi-lo mais
eficazmente.
Alguns dos problemas observados se devem, muitas vezes, na concepção dos postos de
trabalho não considerar o conforto do trabalhador na escolha da postura de trabalho, e sim, as
necessidades diretamente ligadas à produção. Nesta organização, pode-se perceber uma certa
deficiência no cumprimento às normas regulamentadoras que regem a saúde do trabalhador
no setor de envase e rotulagem, gerando assim, desconfortos aos trabalhadores, o que pode
resultar na redução da produtividade e baixa qualidade dos seus produtos. Garantir boas
condições nos postos de trabalho gera satisfação, motivação e bem-estar a todos os envolvidos
na atividade, e por fim, gera a produtividade que as empresas tanto almejam.
Após a análise dos resultados foram propostas medidas a serem cumpridas objetivando
contribuir para um trabalho mais eficiente, podendo tornar a empresa mais competitiva em
relação aos seus concorrentes na cidade.
Referências
COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia aplicada ao trabalho. O manual técnico da máquina humana. Belo
horizonte: Ergo Editora, 1995.
DUL, Jan & WEERDMEESTER, Bernard. Ergonomia Prática, 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2004.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991. GRANDJEAN, Etienne.
Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho do homem. Porto Alegre: Bookman, 1998
GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul Ltda, 1998.
IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. 5. ed. São Paulo : Edgard Blücher, 1998.
Manual de aplicação da Norma Regulamentadora nº17. 2ª ed. Brasília: MTE, SIT, 2002.
PEGADO, P. Saúde e atividade física na empresa: Esporte e lazer na empresa. Brasília: SEED/MEC, 1990.
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SANTOS, N. & FIALHO, F. Manual de Analise Ergonômica do Trabalho. Curitiba: Genesis, 1995.
VIEIRA, S.I., PEREIRA JÚNIOR, C. Guia prático do perito trabalhista: aspectos legais, técnicos e questões
polêmicas. Belo Horizonte, MG, ERGO. 1997.
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