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INFORMAÇÕES

SÓCIOS:
Instituto da Potassa e do Fosfato (EUA)
Instituto da Potassa e do Fosfato (Canadá)
Website: www.potafos.org

DIRETOR:
AGRONÔMICAS
T. Yamada
Engo Agro, Doutor em Agronomia N0 99 SETEMBRO/2002

30 SIMPÓSIO SOBRE ROTAÇÃO SOJA/MILHO


NO PLANTIO DIRETO MOSTRA A
IMPORTÂNCIA DA ADUBAÇÃO PARA O
AUMENTO DA MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO
Tsuioshi Yamada1
Silvia Regina Stipp e Abdalla2

A
POTAFOS realizou nos dias 10 a 12 de Julho pas-
sado, em Piracicaba-SP, o 3 o Simpósio sobre Veja neste número:
Rotação Soja/Milho no Plantio Direto, com a parti- Fisiologia, nutrição e adubação nitrogenada
cipação de 236 pessoas entre pesquisadores, professores, exten- do milho .................................................................. 7
sionistas e agricultores – setores envolvidos na cadeia produtiva
de milho e de soja. Divulgando a Pesquisa ........................................ 13
Milho e soja: uma comparação ........................... 20
A tônica do evento foi a identificação e discussão dos prin-
cipais fatores agronômicos envolvidos nos sistemas de produção Simpósio sobre Fósforo na Agricultura
que favorecem a maior eficiência da produção agrícola, visando a Brasileira ............................................................... 21
produtividade máxima econômica. Invista mais na produtividade do seu milho ...... 24
O Simpósio consistiu de três painéis e uma mesa redonda, Arquivo do Agrônomo: Como a planta de arroz
com os seguintes temas: se desenvolve

Primeiro painel – Potencial de produtividade do milho e da


soja – foram discutidos os principais fatores que afetam a produti-
vidade da soja e do milho.
PRINCIPAIS MENSAGENS DEIXADAS PELOS
PALESTRANTES
Segundo painel – Manejo da acidez do solo com ênfase no
sistema de plantio direto – mostrou novo enfoque sobre acidificação
do solo pelos adubos nitrogenados. • JOSÉ ANTONIO COSTA, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre-RS, fone: (51) 3316-6006, e-mail:
Terceiro painel – Manejo da matéria orgânica no sistema de
jamc@vortex.ufrgs.br.
plantio direto – tratou da importância de se produzir matéria orgâni-
ca no campo, comparando diferentes experiências em distintas re- Palestra: Rendimento da soja: chegamos ao máximo?
giões de cultivo.
A estimativa do potencial de rendimento da soja constitui-
A mesa redonda – A experiência do agricultor/pesquisador se numa ferramenta importante para identificar os fatores limitantes
na busca da alta produtividade – trouxe resultados de pesquisa das na expressão do rendimento potencial da cultura. É importante, hoje,
principais Fundações de apoio à pesquisa agrícola não governa- considerar o sistema ou ambiente plantio direto para definir o con-
mental, de empresas rurais e dos GDT’s – Grupos de Desenvolvi- junto de técnicas e interações que ocorrem na cultura e se adotar
mento de Tecnologia – de Mauá da Serra-PR e de Uberlândia-MG. ações de manejo para maximizar o rendimento.

1
Engenheiro Agrônomo, M.S., Doutor, Diretor da POTAFOS. E-mail: potafos@merconet.com.br
2
Engenheira Agrônoma, M.S., POTAFOS. E-mail: potafos.silvia@merconet.com.br

POTAFOS - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA PESQUISA DA POTASSA E DO FOSFATO


Rua Alfredo Guedes, 1949 - Edifício Rácz Center - sala 701 - Fone e fax: (19) 3433-3254 - Endereço Postal: Caixa Postal 400 - CEP 13400-970 - Piracicaba-SP, Brasil

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002 1


EVENTO POTAFOS
O domínio da interação dos fatores planta-ambiente-manejo • utilizar espaçamento de 17 cm, com 750.000 sementes/ha pa-
é a chave para aumentar o rendimento das culturas. À medida que ra variedades semi-anãs de crescimento determinado, e 562.500 se-
se melhora as condições do ambiente através do manejo e do con- mentes/ha para cultivares de crescimento indeterminado;
trole do ambiente (água, temperatura, nutrientes) melhora-se o ren-
• usar irrigação, quando necessário, para a água não ser
dimento da cultura. Quanto mais cedo se intervir no ciclo da lavou-
limitante;
ra, maior será o ganho no rendimento final, isto é, sanando-se al-
gum problema ainda no período vegetativo, o potencial de rendi- • usar fungicida, quando necessário, para evitar ou minimi-
mento se aproxima mais do rendimento final. O potencial atual de zar doenças foliares;
uma área de produção é determinado nos anos anteriores. • usar inseticida, quando necessário, para minimizar o ata-
A rotação de culturas é prática fundamental na (re)cons- que de insetos.
trução do potencial de uma área, e deve ser a mais simples possível. Com o uso desses procedimentos foi possível obter uma
Práticas como inoculação de sementes de culturas antecessoras à média de aproximadamente 6.000 kg/ha de soja, mas em condições
soja, uso de cultivares adequadas, uniformidade na distribuição de fotoperiódicas especiais, quando houve florescimento antecipado
sementes, menor espaçamento entre plantas e época correta de devido à maior temperatura no verão. Esta é a atual meta para a soja
semeadura (fotoperíodo) são relativamente fáceis de serem adota- em Ohio: desenvolver variedades com florescimento precoce, com
das, têm um custo zero e melhoram o potencial de rendimento. excelente potencial para produtividade de até 7.000 kg/ha.
A maximização do potencial de rendimento da soja só é eco-
nomicamente possível em áreas de plantio direto consolidado, onde
a disponibilidade de água é maior, pois a umidade no solo é fator • ÁUREO FRANCISCO LANTMANN, EMBRAPA-Soja,
ambiental primário limitante para alcançar rendimentos elevados. Londrina-PR, fone: (43) 371-6000, e-mail: aureo@cnpso.embrapa.br
Palestra: Equilíbrio nutricional na soja de alta produtivi-
• RICHARD L. COOPER, USDA/ARS, Wooster-OH, EUA, dade
E-mail: cooper16@osu.edu
Com o aumento da produtividade da soja há necessidade de
Palestra: Pesquisa sobre produtividade máxima da soja nos aferição dos parâmetros nutricionais que identifiquem o equilíbrio
EUA entre os nutrientes.
A pesquisa de produção máxima ajuda a identificar os fato- Através do uso de resultados de análise de solo, tabelas de
res que limitam a produtividade da soja, com resultados na Austrá- adubação e análise de folhas pode-se identificar possíveis desequi-
lia de até 8.604 kg/ha. líbrios nutricionais e ajustar as adubações.
No caso do Centro-Oeste dos EUA, o acamamento foi o Alterações na nutrição mineral e nas condições edafocli-
principal fator limitante da produtividade, seguido pela densidade máticas são, de certa forma, refletidas nas concentrações dos nu-
de plantas e pelo excesso ou falta d’água. trientes nas folhas.
O uso de variedades de soja adequadas ao local é importan- A utilização da análise foliar como critério de diagnóstico é
te para a maximização da produção, mas é necessário também o baseada na premissa de que existe uma relação direta entre supri-
manejo do espaçamento e do número de sementes/ha. Por exemplo, mento de nutrientes e aumentos ou decréscimos nas concentra-
a introdução de variedades semi-anãs, de hábito determinado, re- ções, que estariam relacionados a produções mais altas ou mais
sistentes ao acamamento, espaçadas de 17 cm, em lugar de varieda- baixas, respectivamente.
des altas, de crescimento indeterminado, que acamam, espaçadas Na avaliação nutricional da soja deve-se considerar: condi-
de 75 cm, proporcionaram um aumento médio de produtividade, em ções climáticas do ano, relação entre os nutrientes, informações
10 anos, de quase 1.000 kg/ha (média de cinco locais de Ohio, em sobre o ciclo das variedades, fertilidade local.
1979).
Em avaliação da situação nutricional de 1.450 amostras de
Devido à variabilidade de cultivares, solos e umidade em
folhas de soja de alta produtividade pelo DRIS, em cinco localida-
áreas de plantio de soja em Ohio, há interesse no manejo “sítio-
des do Paraná (Guarapuava, Londrina, Campo Mourão, Ponta Gros-
específico” da cultura (agricultura de precisão). O objetivo é mane-
sa, Cascavel), em dois anos safras (1999/2000 e 2000/2001), e em três
jar diferentes áreas dentro do campo para controlar os fatores
ciclo de maturação: precoce, 115 dias, semi-precoce, 116-125 dias,
limitantes específicos de cada área.
médio, 126-137 dias, observou-se que:
Os objetivos do sistema de produtividade máxima de soja • A concentração de nutrientes nos casos de alta pro-
em Ohio, são:
dutividade ficou dentro da faixa média até alta, estabelecida pela
• usar solo bem drenado para evitar danos por excesso de tabela-padrão;
água;
• manter alta a fertilidade do solo com a aplicação anual de
• O maior equilíbrio nutricional definido pelo índice de ba-
fertilizantes a lanço e incorporados antes do plantio; lanço nutricional (IBN), estabelecido por normas do índice DRIS, é
observado na soja de ciclo médio.
• usar dois anos de rotação soja/milho para minimizar doen-
ças e ataque de insetos;
• plantar cedo para obter a vantagem dos dias mais longos, • SYLVIE M. BROUDER, Purdue University, West
com maior intensidade luminosa na estação de crescimento (apro- Lafayette-IN, EUA, e-mail: sbrouder@purdue.edu
veitar o fotoperíodo);
Palestra: Fatores que afetam a produtividade da soja e do
• usar cultivares de soja com alto potencial de produtividade
milho nos EUA
e resistência ao acamamento;

2 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002


EVENTO POTAFOS
A maior parte do milho e da soja nos Estados Unidos é • Resistência a doenças: no planejamento para altas produ-
cultivada na região Central-Norte. Há duas características distintas tividades deve-se escolher variedades resistentes a doenças, ou as
no Cornbelt dos EUA: enquanto a maioria dos rendimentos mé- que você possa gerir as doenças de final de ciclo, em que há
dios dos Estados são semelhantes (de 9.000 a 10.000 kg/ha), as tecnologia para fácil controle.
práticas culturais de manejo do solo (operações de pré-plantio, época • Ciclo: o principal fator que interfere na produtividade da
de plantio, irrigação) diferem de Norte a Sul e de Leste a Oeste soja no cerrado é a época de plantio. Pode-se prever a produtividade
devido a diferenças na pluviometria e temperatura. Danos por con- de alguns produtores pela época em que fazem o plantio: a produti-
gelamento e estações de crescimento abreviadas são uma preocu- vidade pode variar de 50 sacas/ha ou menos, se o plantio for feito
pação nos Estados do Norte enquanto eles não são importantes em 50 dias, a até 65 sacas/ha, se o produtor plantar em 12-15 dias.
nos Estados mais meridionais. Os Estados orientais recebem signi- Por isso, ao se fazer o planejamento da produtividade, o fator princi-
ficativamente mais chuvas que os Estados ocidentais. pal é de ordem gerencial, isto é, no planejamento da lavoura é ne-
Na região mais úmida do Cornbelt, a instalação de estrutu- cessário analisar a compatibilidade entre a estrutura do produtor
ras de drenagem artificiais é essencial à alta produtividade para (número de plantadeiras, por exemplo) e a produtividade almejada.
remoção da umidade excessiva do solo na primavera, permite ope- A época de plantio é extremamente importante e é um dos
rações oportunas de pré-plantio e plantio e reduz a temperatura da fatores de maior influência na produtividade da soja no cerrado.
zona radicular do seedling e a tensão de água. A carga total de água Através dela pode-se ter uma gestão sobre o ambiente, o clima e a
que sai das áreas drenadas está sendo estudada bem como o fluxo adubação.
de nitrato (N-NO3-). Estratégias para remover a água e reduzir as No controle de pragas e doenças deve-se analisar:
perdas de nutrientes ao mesmo tempo incluem a drenagem contro-
• fungicidas: princípio ativo, alvo e época de aplicação, para
lada, o uso de filtros nas baixadas, e uma combinação: segurar a
evitar perdas. Em algumas variedades a resposta ao fungicida é
água da irrigação de subsuperfície e devolvê-la quando necessária.
pequena, em outras há ganhos significativos.
Os fertilizantes nitrogenados mais utilizados são a amônia • herbicidas: há perdas de produtividade em função de sua
anidra e as soluções de uréia com nitrato de amônio. interação com variedades.
Época para aplicações nitrogenadas:
• A recomendação básica é para a aplicação de todo o N em • ANTÔNIO MARCOS COELHO, EMBRAPA-CNPMS,
pré-plantio; Sete Lagoas, MG, fone: (31) 3779-1164, e-mail: amcoelho@cnpms.
• O parcelamento é recomendado nos solos arenosos e nos embrapa.br
com drenagem pobre. Assim, no Estado de Indiana, 50% do N é Palestra: Rendimento do milho: chegamos ao máximo?
aplicado em pré-plantio e outro tanto em cobertura;
• A aplicação em pré-plantio, no outono, não é incentivada. Nos últimos 31 anos houve aumentos de 193% na produção
Para o plantio direto recomenda-se os ajustes: e 144% na produtividade de milho no Brasil. A taxa anual de cresci-
mento foi de 4,5% e 6,0%, respectivamente.
• localize o N abaixo do resíduo orgânico; No Brasil, há uma enorme diversidade nas condições de
• devido às perdas por volatilização, a aplicação de uréia a cultivo que vão desde a agricultura tipicamente de subsistência,
lanço não é recomendada. sem o emprego de insumos, e cuja produção visa o consumo próprio,
• o uso de starters com N ou NPK é fortemente recomendado. sendo o excedente comercializado, até o outro extremo, em que agri-
Os sistemas de alta produtividade de milho são caracteriza- cultores utilizam o máximo de tecnologia disponível e têm produtivi-
dos por: dade equivalente à obtida em países de agricultura mais avançada.
• melhor manejo da água; Existe, assim, uma grande amplitude de variação nas produtivida-
des entre as diferentes regiões: os aumentos variam de 11 a 81 kg/
• disponibilidade de água e de nutrientes em sincronia com ha/ano. Agricultores com produtividades maiores que 4.500 kg/ha
as necessidades da planta ao longo do seu desenvolvimento; tiveram taxa de crescimento anual de 7%.
• população de plantas maior que as utilizadas atualmente. Assim, para aumento da produtividade é necessário que se-
Conclui com a mensagem da crescente preocupação da opi- jam adotadas tecnologias básicas – cultivares melhoradas, práticas
nião pública de que a busca da produtividade promove também a de manejo, calagem e adubação, etc., além do aprimoramento integra-
melhoria ambiental. do de todas as tecnologias para buscar produtividades de 9-10 t/ha.
É importante ressaltar que nos últimos anos a cultura do
• DARIO M. HIROMOTO, Fundação MT, Rondonópolis, milho no Brasil vem passando por importantes mudanças tecno-
lógicas, resultando em aumentos significativos da produtividade e
MT, fone: (66) 423-2041, e-mail: dario.dir@fundacaomt.com.br
produção. Dentre essas tecnologias destaca-se a adoção de se-
Palestra: Fatores que afetam a produtividade da soja no cer- mentes de cultivares melhoradas (variedades e híbridos), altera-
rado brasileiro ções no espaçamento e densidade de semeadura de acordo com as
características das cultivares, e a conscientização dos produtores
Os fatores que afetam a produção no cerrado – planta (cul- da necessidade da melhoria na qualidade dos solos, visando uma
tivar), ambiente (condições meteorológicas, edáficas e bióticas) e produção sustentada. Essa melhoria na qualidade dos solos geral-
manejo (solo e cultura) – estão em interação dinâmica. O aumento mente está relacionada ao manejo adequado, o qual inclui, entre
de produtividade requer paciência, persistência e a resolução das outras práticas, rotação de culturas, plantio direto, manejo da ferti-
interações e particularidades de cada região. lidade através da calagem, gessagem e adubação equilibrada com
O que faz com que as variedades de soja tenham produtivida- macro e micronutrientes, utilizando fertilizantes químicos e/ou or-
des tão diferentes é sua diferenciada resistência a doenças e seu ciclo. gânicos (estercos, compostos, adubação verde, etc.).

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002 3


EVENTO POTAFOS
Com a introdução dos conceitos de agricultura de precisão, • Cultivar plantas que absorvam o nitrato o mais próximo
o objetivo principal é a amplitude de variação na produtividade e possível do local de nitrificação;
não o valor médio. Do mesmo modo, pode-se utilizar esse conceito • Cultivar lavouras e pastagens de raízes profundas;
para delinear a variabilidade da produção de milho no Brasil, o que • Reduzir a ação de bactérias nitrificantes mantendo o pH
possibilitaria a separação por zonas de produtividade. De posse (em água) do solo abaixo de 5,3 (@ 40% da saturação por bases);
dessas informações é possível identificar uma série de parâmetros • Aplicar fertilizantes nitrogenados que não contenham áci-
de caráter social, cultural, edafo-climáticos e tecnológicos os quais do (por exemplo, uréia) e manejá-los de modo que o N-nítrico pro-
possibilitariam definir estratégias para incrementar a produção de duzido não seja lixiviado. O efeito acidificante depende de quanto
milho no Brasil. do nitrato formado é lixiviado antes que a planta venha a usá-lo. O
autor mostra que sem lixiviação o índice de acidez da uréia e da
• GREG FENTON, NSW Agriculture, Austrália, e-mail: amônia anidra é zero.
greg.fenton@agric.nsw.gov.au O desafio para agricultores, e para quem lhe presta assesso-
ria, é estabelecer dentro do ecossistema agrícola um estado estável
Palestra: Ciclagem do nitrogênio, acidificação do solo e o
novo de equilíbrio de ácido/base. Diferentes ecossistemas desen-
manejo da acidez do solo
volvem diferentes situações de pH ao longo do perfil. A compreen-
são dos processos que acidificam o solo, como o ciclo do nitrogênio
Na natureza, a maioria dos ecossistemas evoluiu a um esta-
e do carbono, é a base para planejar como isto poderá ser alcançado.
do quase estável onde o equilíbrio entre acidez e alcalinidade muda
lentamente, chamado de “estado estável de pH”.
As taxas de acidificação aumentam quando o solo é utiliza-
• JOÃO CARLOS DE MORAES SÁ, Universidade Esta-
do para a agricultura e o estado estável natural do pH é destruído. dual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, PR, fone: (42) 220-3090, e-mail:
jcmsa@uepg.br
A acidificação do solo começa com os ácidos orgânicos
produzidos pelas plantas no “Ciclo do Carbono” e o N-nítrico pro- Palestra: Gênese e manejo da acidez do solo no sistema de
duzido no solo no “Ciclo do Nitrogênio”. plantio direto

Ciclo de Carbono: Um dos desafios para o sucesso do plantio direto inicia-se


pela correção do solo antes da adoção do sistema, que consiste na
Na folha: CO2 + H2O ® RCOO--H+ neutralização do alumínio tóxico e conseqüente aumento das bases
(ácidos orgânicos) trocáveis e na disponibilidade de nutrientes do solo.
Na raiz: cátions (por exemplo, Ca2+, Mg2+) são absorvidos e As maiores respostas à calagem ocorrem na fase de transi-
o H é eliminado para o solo. Com isso, a planta se torna alcalina e
+
ção e interface com a consolidação do sistema plantio direto. Áreas
o solo se torna ácido. Com o tempo, a planta morre, volta ao solo, com mais de 15 anos no SPD apresentam baixa resposta à calagem
transforma-se em matéria orgânica e sua alcalinidade neutraliza o e parece estar associada ao efeito tamponante da matéria orgânica
ácido no solo e, assim, o pH do solo fica inalterado. do solo.
Já num sistema de produção, os grãos são removidos levan- Com a estabilização do SPD e aumento da matéria orgânica
do os ânions orgânicos neutralizados por uma base e deixando, do solo, a liberação de prótons H+ no meio através das reações de
assim, o solo um pouco mais ácido que originalmente. nitrificação não causam grandes variações no pH devido ao aumen-
A maneira prática de corrigir a acidez é aplicar calcário sufi- to do efeito tampão do solo. Assim, a matéria orgânica é o compo-
ciente para restituir a alcalinidade levada pelos grãos. De maneira nente-chave nos processos de transformação de atributos da ferti-
geral, são precisos 9 kg de calcário por tonelada de trigo ou milho lidade do solo no SPD e reguladora de mecanismos da acidez.
exportada do solo. O aumento da fertilidade em solos de carga variável no sis-
tema plantio direto é resultante da interação do não revolvimento
Ciclo do N:
do solo associado à manutenção dos resíduos culturais.
O N atmosférico é fixado pelas bactérias fixadoras de N e é
utilizado pelas plantas. Estas, quando morrem, têm a matéria orgâni-
ca mineralizada com liberação de N-NH4+ e N-NO3- ao solo. O pro- • TELMO JORGE CARNEIRO AMADO, Universidade
cesso de nitrificação (NH4 ® NO3) produz ácido. O nitrato pode Federal de Santa Maria, Santa Maria-RS, fone: (55) 220-8108, e-mail:
ser desnitrificado, mas a maior parte é absorvida pela planta. Quan- tamado@ccr.ufsa.br
do isso ocorre, a planta libera OH-. Se o NO3- for lixiviado, o proces- Palestra: Manejo da matéria orgânica do solo no sistema
so deixa para trás um H+ e o solo fica mais ácido. plantio direto: experiência do Estado de Rio Grande do Sul
Como o solo fica mais ácido, a disponibilidade de alumínio
aumenta a níveis tóxicos, enquanto a disponibilidade de molibdênio As principais alternativas para enfrentar o problema ambien-
e fósforo diminui. A toxicidade de manganês também se desenvol- tal do aumento da concentração de gases na atmosfera, especial-
ve à medida que o solo fica mais ácido. Estas mudanças na disponi- mente CO2, são: o controle das emissões de gases, que tem forte
bilidade de alumínio e nutrientes para a planta causam a maior parte resistência por parte dos países emissores, e a adoção de medidas
dos efeitos no crescimento da planta atribuídos a terras ácidas (fal- compensatórias. Estas últimas compreendem, por exemplo, a pre-
ta de raízes). servação de florestas nativas e o reflorestamento, que são respon-
A acidez do solo também pode reduzir a nodulação e a fixa- sáveis pela retirada de grande quantidade de CO2 da atmosfera
ção de nitrogênio pelas leguminosas, as taxas de mineralização da através do processo de fotossíntese, e o uso do plantio direto.
matéria orgânica e a atividade microbiana em geral. O solo pode ser uma importante opção de dreno do carbono
A maneira prática de reduzir a lixiviação do N-nítrico é: da atmosfera e armazenamento temporário na forma de matéria or-

4 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002


EVENTO POTAFOS
gânica (MO). Este fato tem levado a uma revisão do ciclo do C em edáficos pela racionalização das estratégias de manejo do sistema
atividades agrícolas. Historicamente, a maioria dos solos agrícolas solo-planta ao longo do tempo.
teve seu conteúdo original de MO reduzido em 30 a 50% pelo culti-
vo com preparo convencional associado à ocorrência generalizada
• RICARDO MEROLA, Fazenda Santa Fé, Santa Helena-
da erosão. Com o preparo intenso do solo, visando o cultivo de
GO, fone: (34) 3231-6796, e-mail: merolasantafe@uol.com.br
culturas anuais, ocorre o rompimento do estado estável, com au-
mento nas taxas de perda de carbono do solo e redução na taxa de Palestra: Manejo da matéria orgânica do solo no sistema
adição via resíduos culturais. Com isto, grande quantidade de CO2 plantio direto: a experiência do cerrado com inverno seco – o Sis-
foi emitido para atmosfera. tema Santa Fé
Resultados de pesquisa no Sul do Brasil têm confirmado
As práticas culturais utilizadas pelo Sistema Santa Fé são
que, com a adoção de práticas conservacionistas, é possível recu-
aquelas requeridas nos sistemas de exploração intensiva dos solos
perar o teor de MO destes solos degradados. Para tanto, são neces-
agricultáveis, como as utilizadas pelo sistema de plantio direto. Este
sárias práticas como a fertilização (especificamente o nitrogênio), o
sistema, para entrar em equilíbrio de operacionalidade e produção,
sistema plantio direto e o emprego de culturas de cobertura que
requer uma correção prévia das propriedades do solo.
aportem grande quantidade de palha e raízes ao solo. A análise de
experimentos de manejo do solo conduzidos no Rio Grande do Sul No Sistema Santa Fé cultiva-se seqüencialmente uma a duas
pela UFRGS e UFSM indicou que os tratamentos mais efetivos em culturas solteiras por ano e uma última, a safrinha, consistindo de
promover o seqüestro de C foram: aveia + ervilhaca/milho + caupi um consórcio de uma cultura precoce com uma gramínea forrageira.
com adição média de 146 kg/ha de N mineral no milho, guandu/ A exploração agrícola, nestas condições, caracteriza-se por um culti-
milho, milho + mucuna com adição de 60 kg/ha de N mineral no vo solteiro no início da estação chuvosa, seja de milho, soja ou arroz,
milho. Estes tratamentos apresentaram taxas de seqüestro de car- e um cultivo de safrinha associada a uma forrageira, comumente a
bono próximas ou superiores a 1,0 t C ha-1 ano-1. Brachiaria brizantha. Geralmente, utiliza-se como cultura de safrinha
o milho, sorgo ou milheto, também realizada em plantio direto.
Este processo de seqüestro de carbono e recuperação do
Como resultado tem-se, a partir do segundo ano ou mais de
estoque de MO em solos agrícolas se verifica logo nos primeiros
cultivo, solos agricultáveis corrigidos, com altos níveis de fertilida-
anos de adoção das práticas conservacionistas e pode se estender
de e fisicamente estruturados. Essas áreas, inicialmente de fertilida-
por décadas. De maneira geral, as taxas de seqüestro de vários experi-
de comprometida, passam a apresentar altos teores de matéria orgâ-
mentos no Rio Grande do Sul com sistema plantio direto têm variado
nica, baixos níveis de acidez e elevada infiltração de água no solo
de 0,15 a 1,6 t C ha-1 ano-1, com uma média próxima a 1,0 t C ha-1 ano-1.
em relação às áreas onde ainda se utilizam das práticas de cultivos
O fato positivo é que, de maneira geral, as práticas que con- tradicionais. Dependendo da cultura anterior, há um controle de
duzem ao incremento do potencial produtivo do solo são as mes- pragas e doenças, seja por barreiras físicas ou pela qualidade
mas que propiciam o incremento do teor de MO, com reflexos posi- nutricional da matéria orgânica produzida, possivelmente favorecen-
tivos na qualidade ambiental. do a melhoria do estado nutricional e o desenvolvimento da cultura.
As vantagens do sistema Santa Fé são:
• OSMAR MUZILLI, Instituto Agronômico do Paraná, Lon- • Possibilita fazer silagem de milho e dois cortes para silagem
drina-PR, fone: (43) 376-2000, e-mail: omuzilli@pr.gov.br do capim;
Palestra: Manejo da matéria orgânica do solo no sistema • Colher milho para grão e ter pasto para o inverno com
plantio direto: a experiência do Estado do Paraná lotação de 2 UA/ha;
• Promove renda para a fazenda nos meses de entressafra;
Nos agroecosistemas tropicais e subtropicais prevalecen- • Possibilita o plantio de feijão no inverno com redução dos
tes no Estado do Paraná, a adoção do sistema plantio direto (SPD) custos diretos;
em substituição à prática de agricultura em terra “nua” constitui • Promove o retorno mais rápido do capital investido na
investimento na preservação dos recursos naturais e socioeconô- reforma de pastagens.
micos, que se reflete em maior sustentabilidade do agronegócio.
Ao contribuir para a diminuição da oxidação da matéria or- • ERIC SCOPEL, CIRAD/EMBRAPA-CPAC, Planaltina-DF,
gânica, o SPD destaca-se como estratégia eficaz para promover a
e-mail: eric@cpac.embrapa.br
melhoria das propriedades físicas (agregação, porosidade, aeração,
infiltração de água), o aumento da CTC (nos principais solos agrí- Palestra: Manejo da matéria orgânica do solo no sistema
colas paranaenses, a matéria orgânica é responsável por mais de plantio direto: a experiência do cerrado com inverno úmido
70% da CTC-dependente de pH), a liberação gradativa do nitrogê- Apesar de ter condições climáticas muito propícias à mine-
nio, a construção de um reservatório de fósforo lábil no perfil cultu- ralização rápida das biomassas (clima quente e chuvoso), é possí-
ral do solo e a correção da acidez por processos organo-químicos vel estabelecer para a região úmida dos Cerrados sistemas de plan-
sem a necessidade de incorporar-se os corretivos ao solo. tio direto eficientes quanto ao manejo do recurso solo, da sua ferti-
Também destaca-se o papel fundamental exercido pela rota- lidade e da produtividade de culturas comerciais como soja ou mi-
ção de culturas comerciais com plantas utilizadas para formar a lho. Com a introdução de coberturas, verdadeiras “bombas biológi-
cobertura vegetal na superfície do solo, que permite “construir” a cas”, recicla-se boa parte dos elementos (água e minerais) necessá-
matéria orgânica e potencializar os efeitos das adubações químicas rios a uma boa produção, fechando o sistema solo-planta. A longo
pela ciclagem de nutrientes no sistema solo-planta. prazo, as altas entradas de biomassa no sistema levam à recupera-
Dessa forma, o manejo da matéria orgânica do solo em SPD ção dos estoques de C e MO, muitas vezes alterados por um uso
deixa de constituir um aspecto meramente pontual e adquire agrícola inadequado, com preparo intenso do solo e monocultura
conotação sistêmica, proporcionando a melhoria dos atributos da soja.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002 5


EVENTO POTAFOS
Um exemplo é a evolução da performance dos sistemas de dia-MG, fone (34) 3226-9811, homero.fuzaro@terra.com.br; Aurélio
cultivo da soja, em Latossolos ácidos do Centro-Norte do Mato Pavinato, Agropecuária Schneider Logemann Ltda., Horizontina-
Grosso, no período 1986-2000: RS, fone (55) 3537-1650, pavinato@apsl.com.br; André Flores/Iná-
• A produção de matéria seca aérea total passou de 4 a 8 t/ha, cio Shiaku, Fazenda Santa Maria, Bom Jesus de Goiás-GO, fone
nos sistemas iniciais com uma só cultura anual, em 1986, para 25 a (64) 495-9339, srbomjesus@terranet.com.br.
28 t/ha em média, nos melhores sistemas em PD com 3 culturas por As principais mensagens foram:
ano, em 2000;
• Os fatores que determinam o potencial produtivo da cultu-
• A variação dos teores em MO nas camadas superficiais
ra são: planejamento, programa de adubação, manejo do solo, rota-
acompanhou estritamente a da produção de matéria seca total aé-
ção de culturas, variedade e época de plantio. Os fatores que sus-
rea: os SPDC mais produtivos acumularam, em média, entre 1992 e
tentam o potencial produtivo da cultura são: organização opera-
2000, entre 1,7 e 2,1% de MO;
cional, qualidade de plantio, qualidade das adubações, controle de
• Essas evoluções se repercutiram na produtividade da soja,
ervas daninhas e controle de pragas e doenças;
principal cultura da região, que passou de 1.700 kg/ha (28 sc/ha) em
• A obtenção de diagnósticos nutricionais através da análi-
1986, a mais de 4.600 kg/ha (77 sc/ha) no ano 2000.
se foliar (DRIS) não pode ser considerada uma avaliação definitiva
e deve integrar um conjunto de outros métodos, como: análises de
• JOSÉ PAULO MOLIN, ESALQ/USP, Piracicaba-SP, fone: solo, histórico das adubações usadas, diagnóstico visual, consulta
a resultados experimentais, comparação com a experiência de ou-
(19) 3429-4165, e-mail: jpmolin@esalq.usp.br
tros produtores e medição da produtividade, que devem confirmar
Palestra: Desafios da agricultura no Brasil a partir da agri- ou não as necessidades de correção indicadas pelo diagnóstico
cultura de precisão nutricional;
A proposta da agricultura de precisão é permitir que se faça • A produtividade e o controle de plantas daninhas nas cul-
aquilo que o pequeno agricultor sempre fez, isto é, conhecer em turas de soja e milho podem ser maiores em espaçamentos reduzi-
detalhes a sua roça, porém em larga escala e associando todo o dos nas entrelinhas. A utilização do sistema linha dupla de plantio,
conhecimento acumulado pelas ciências agrárias até hoje. A idéia por exemplo, com máquina desenvolvida pela KLLD Indústria e Co-
básica é de que o agricultor possa inicialmente identificar as “man- mércio Ltda., de Uberlândia-SP, proporciona ao produtor ganhos
chas” de altos e baixos de cada talhão e depois vir a administrar de 12 a 15 sacas a mais de milho/ha. Isso ocorre por possibilitar
essas diferenças. Para que isso seja possível é necessário um bom melhor distribuição espacial das plantas, melhorando a absorção
grau de automatização, que por sua vez está fundamentada em tecno- de água e nutrientes, aumento do número de plantas/ha e melhoria
logias modernas, muitas delas apenas adaptadas para o meio agrí- nos tratos culturais;
cola. Exemplo disso são o GPS, a informática com seus computado- • O aumento da dose de nitrogênio na base, no plantio, pro-
res e programas específicos e muitos dos sensores e controladores porciona um maior arranque inicial das plantas e melhor controle
utilizados nas máquinas agrícolas. das invasoras;
Visto como um sistema de gerenciamento, a agricultura de • A adubação boratada é importante para o aprofundamento
precisão compreende todas as seguintes etapas, aqui resumidas: do sistema radicular;
geração dos mapas de produtividade, amostragem sistêmica de solo, • O conhecimento da resposta das culturas às adubações
análise do conjunto de dados, interpretação das informações con- nas condições de solo de cada propriedade é fundamental para
tidas nos mapas, medidas de correção da variabilidade e acompa- maximizar a eficiência econômica dos fertilizantes;
nhamento da lavoura. É uma seqüência de atividades que, na sua • Altas produtividades podem ser obtidas com o aumento
maioria, lançam mão de ferramentas sofisticadas e que exigem domí- da matéria orgânica do solo através do plantio direto.
nio de novos conhecimentos.
Os principais pontos de estrangulamento do processo es-
PALAVRAS FINAIS
tão na desuniformidade das lavouras, na caracterização da fertilida-
de do solo (as correlações muitos baixas da produtividade com Mais uma vez nos sentimos satisfeitos e agradecidos pelo
cada um dos nutrientes presentes no solo), processo trabalhoso e crescente interesse dos participantes pelas novas tecnologias que
caro, e na automatização dessa etapa de amostragem. vem sendo difundidas através dos Simpósios da POTAFOS.
Em essência, a mensagem mais importante deixada nesse
PRINCIPAIS MENSAGENS NAS EXPERIÊNCIAS evento diz respeito à importância da matéria orgânica. A não adoção
do plantio direto não faz mais sentido com a contribuição da Ciên-
DOS AGRICULTORES/PESQUISADORES cia alertando para os benefícios que ele proprociona. Como novida-
No último dia foram apresentadas, em mesa redonda coor- de, aprendemos que nem todos os adubos nitrogenados causam
denada por T. Yamada, as experiências do agricultor/pesquisador acidificação do solo, caso não haja perda de N-nítrico por lixiviação.
na busca da alta produtividade. Foram relatados os trabalhos de: Temos conhecimentos mais que suficiente para melhorar mui-
José Francisco da Cunha, Tec-Fertil, São Paulo-SP, fone (11) 9196- to a produtividade das culturas, só é necessário colocá-los em prá-
2627, fmcunha@uol.com.br; Baltazar Fiomari, GDT, Uberlândia-MG, tica. Para tal, são importantes os campos de demonstração, pois “é
fone (34) 3257-3837, bfiomari@bol.com.br; Dirceu Broch, Fundação a planta que vai ensinar aos agricultores como cultivá-la”. O objetivo
MS, Maracaju-MS, fone (67) 454-2631, fundacao@sidronet.com.br; é que as ações de conscientização prossigam, multiplicando-se cam-
Toshio Watanabe, GDT, Mauá da Serra-PR, fone (43) 464-1291, po a campo e trazendo avanços na produtividade.
WatanabeSergio@aol.com; Leandro Zancanaro, Fundação MT, A sinopse aqui apresentada é mais para aguçar o interesse
Rondonópolis-MT, fone (65) 423-2041, leandro.pma@fundacaomt. dos leitores para os textos ou slides powerpoint e o vídeo das apre-
com.br; Homero Fuzaro, KLLD Indústria e Comércio Ltda., Uberlân- sentações que em breve estarão no nosso site: www.potafos.org.

6 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002


MILHO

FISIOLOGIA, NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO


NITROGENADA DO MILHO1
Fred E. Below2

des de uma cultura de milho em crescimento, com somente 2-3% do


INTRODUÇÃO N convertidos para forma disponível a cada ano. Como resultado,

E
em geral precisa-se da adição de N através de fertilizantes químicos
ntre os elementos minerais essenciais, o nitrogênio
para otimizar o crescimento e o rendimento de milho.
(N) é o que com mais freqüência limita o crescimen-
to e o rendimento do milho. Esta limitação ocorre O nitrogênio é o único, entre os nutrientes minerais, que
porque as plantas requerem quantidades relativamente grandes de pode ser absorvido pelas plantas em duas formas distintas: como
N (de 1,5 a 3,5% do peso seco da planta), e porque a maioria dos ânion NO3- ou como cátion NH4+. Várias fontes diferentes de ferti-
solos não tem N suficiente em forma disponível para sustentar os lizantes nitrogenados são comumente usadas nos Estados Unidos,
níveis de produção desejados. Já que a deficiência de N pode dimi- as quais contêm relações variadas de NO3- e NH4+. Porém, devido
nuir o rendimento e a qualidade dos grãos, elaboram-se medidas às bactérias do solo oxidarem rapidamente o NH4+ a NO3- em solos
para assegurar que níveis adequados de N estejam disponíveis às quentes, bem arejados, favoráveis ao crescimento da cultura, o NO3-
plantas. Algumas estimativas sugerem que o fertilizante nitrogenado é a forma predominante absorvida pelas plantas, independente da
responde por 80% do custo total de fertilizantes e 30% de toda a fonte de N aplicada.
energia associada com a moderna produção agrícola (STANGEL, Além de ser a forma de N mais disponível à planta, o NO3-
1984). também é responsável pelas maiores perdas de N do solo já que é
Embora bem aceito pelos produtores de milho que teores suscetível à lixiviação ou desnitrificação. Também pode ser removi-
adequados de N são necessários para obter altos rendimentos, o do temporariamente da reserva disponível do solo através da
dilema está em saber que quantidade aplicar. Este problema resulta adsorção, fixação e imobilização microbiana. As implicações eco-
do complexo ciclo do N no ambiente, que pode permitir perdas nômicas destas perdas são patentes, especialmente quando elas
abaixo da zona radicular. É ainda mais complicado por problemas são grandes o bastante para limitar a produtividade da cultura. Es-
mecânicos associados a aplicações de N-fertilizantes e por incerte- tas perdas também muito ajudam em perpetuar a incerteza associa-
zas relacionadas às condições meteorológicas, especialmente dis- da com o manejo do adubo nitrogenado e o potencial de dano
ponibilidade de água. O N do fertilizante não aproveitado, além do ambiental.
prejuízo econômico, pode causar dano ambiental se perdido do
solo. Perdas excessivas de fertilizantes nitrogenados de culturas
agrícolas implicaram em contaminação de lençóis freáticos por ni- NITROGÊNIO NA PLANTA
trato, e tem contribuído para a zona hipóxica no Golfo do México
(CARPENTER et al., 1998; BURKART & JAMES, 1999). Com o cres- Independente da forma absorvida, uma vez na planta o N
cente interesse da opinião pública na qualidade ambiental, estão inorgânico tem que ser assimilado (isto é, incorporado em compos-
aumentando as pressões sobre os agricultores para melhorar o ma- tos contendo carbono) em formas orgânicas, tipicamente amino-
nejo de N. Com o advento das práticas de conservação do solo ácidos. Enquanto o N é incorporado em numerosos compostos
também aumentaram as questões relativas ao melhor manejo do essenciais à planta, a vasta maioria (90% ou mais) está presente nas
fertilizante nitrogenado. proteínas. Embora complexo, o impacto do metabolismo do N no
Este artigo explica brevemente como o N governa o cresci- crescimento e rendimento do milho pode ser resumido em duas
mento e o rendimento da planta e discute vários modos para melho- funções gerais: 1) estabelecimento e manutenção da capacidade
rar seu manejo. fotossintética e 2) desenvolvimento e crescimento dos drenos
reprodutivos (BELOW, 1995).
O objetivo em estabelecer a capacidade fotossintética é as-
DISPONIBILIDADE DE NITROGÊNIO segurar que a provisão de N não venha a limitar o desenvolvimento
do aparato fotossintético (enzimas, pigmentos e outros compostos
Sob condições naturais, o N entra no ambiente do solo como necessários à fotossíntese). Dentro de limites, o aumento no supri-
resultado da fixação biológica e/ou da decomposição dos resíduos mento de N aumenta o crescimento e o vigor da planta, enquanto a
animais e vegetais. A maior parte do N nos solos está contida na deficiência resulta em plantas menores, pálidas. Coletivamente, es-
matéria orgânica (> 90%), que é relativamente estável e não direta- tas diferenças afetam a interceptação solar, a fotossíntese e em
mente disponível às plantas. Embora uma porção do N na matéria última instância o rendimento de grãos. Enquanto deficiências de N
orgânica possa se tornar disponível pela mineralização através dos são prontamente identificáveis pelos agricultores (e pelos seus vi-
microrganismos do solo, a quantidade liberada é variável e depen- zinhos) devido à cor verde mais clara da cultura (Figura 1), já é
de das práticas de manejo e das condições ambientais. Além disso, muito mais difícil identificar com base na cor da cultura quando o
a liberação é normalmente muito lenta para satisfazer as necessida- nível de N está adequado, e não excessivo.

1
Palestra apresentada no 1o Simpósio sobre Rotação Soja/Milho no Plantio Direto, promovido pela POTAFOS, Piracicaba-SP, em 03 a 06/julho/2000.
2
Departamento de Ciências do Solo, Professor Associado, University of Illinois, Urbana, EUA. E-mail: f-below@uiuc.edu

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002 7


MILHO

Deficiente em N Suficiente em N
Figura 1. Vista aérea de uma cultura de milho onde diferentes doses
de N-fertilizante foram aplicadas antes do plantio. Áreas
Figura 3. Comparação entre espigas maduras de milho oriundas de
deficientes em N são vistas facilmente pela cor verde mais
plantas cultivadas com suprimento suficiente e deficiente
clara, enquanto áreas com excesso de N não podem ser
de N. Notar que as plantas deficientes em N exibem dimi-
facilmente distinguidas. A cultura está cerca de duas se-
nuição de fileiras de grãos no topo da espiga.
manas antes do florescimento.

Para alcançar altos rendimentos, as plantas têm que estabe- um impacto menor sobre o peso individual dos grãos, que no núme-
lecer não só a capacidade fotossintética, mas também continuar a ro de grãos. A adição de fertilizante nitrogenado aumentou o peso
fotossíntese durante a formação da semente e durante o período de de cada grão em apenas 10%, e este aumento foi obtido principal-
enchimento de grãos. Este papel é particularmente importante, des- mente com o primeiro incremento de N (67 kg N/ha). Por outro lado,
de que a acumulação de matéria seca nos grãos de milho depende todos os incrementos em fertilizante nitrogenado resultaram em
da fotossíntese presente. A maior parte do N na folha de milho está maior número de grãos, em um padrão bem parecido com a típica
associada ao cloroplasto (ao redor de 60% do N total da folha), e resposta de rendimento de grãos ao suprimento de N (Figura 4).
estas proteínas estão sujeitas ao desdobramento e remobilização
dos aminoácidos resultantes. Com o envelhecimento das folhas, a
capacidade fotossintética diminui, e também o suprimento de assi-
milados e o rendimento de grãos. Este declínio ocorre mais rapida-
mente para as folhas deficientes em N (Figura 2), e conduz a espigas
menores, com menos grãos (Figura 3).

Figura 4. Efeito de doses de N sobre os componentes de rendimento


do milho. Valores médios de dois híbridos em dois anos. As
barras indicam a DMS ao nível de 5% de probabilidade
Figura 2. Plantas de milho deficientes em N mostram folhas verdes para a comparação das doses de N.
pálidas e senescência precoce. Note também a variabili-
dade no tamanho, posição e fases de desenvolvimento da
No milho, o suprimento de N afeta o número de grãos princi-
espiga.
palmente pelo menor aborto de grãos (Figura 5). O número poten-
cial de óvulos é determinado no início do desenvolvimento da plan-
Outro importante papel do N em assegurar alta produtivida- ta (isto é, no estádio de folha 12), e é relativamente inalterado pelo
de de milho está no estabelecimento da capacidade do dreno fornecimento de N. No entanto, a proporção de grãos que abortam,
reprodutivo. ou aqueles que cessam cedo o desenvolvimento, é muito afetado
pela disponibilidade de N (Figura 5).
Apesar da capacidade do dreno reprodutivo ser função do
número e do tamanho dos grãos, o número de grãos por planta Como outros estresses, o aborto de grãos induzido pela
normalmente está mais relacionado ao rendimento de milho que deficiência de N ocorre principalmente na ponta da espiga (Figu-
qualquer outro componente de produção. Por conseguinte, muitos ra 3). Não se sabe ainda se este efeito é resultado direto da quanti-
estudos mostram que os aumentos de rendimento induzidos pelo N dade de N fornecida à espiga, ou resultado indireto de uma limita-
são primeiro o resultado de mais grãos por planta (BELOW, 1995; ção na fotossíntese induzida pela falta de N. Experimentos sobre
UHART & ANDRADE, 1995); um exemplo disso é mostrado nas redução na fonte (pelo sombreamento ou deficiência de N), realiza-
Figuras 3 e 4. Neste estudo, o aumento no suprimento de N causou dos por UHART & ANDRADE (1995), sugerem que o suprimento

8 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002


MILHO
de N afeta o rendimento de milho alterando a interceptação lumino- mente devido ao desejo de altos rendimentos e o conceito do N
sa e a fotossíntese do dossel; já nossa pesquisa com cultivo in extra como segurança.
vitro e infusão do caule indica que ao menos uma porção do efeito No Estado de Illinois, a recomendação atual de fertilizante
do N no desenvolvimento dos grãos e no rendimento se deve a uma nitrogenado para o milho é de 21,4 kg de N por tonelada de produ-
modificação no metabolismo dos grãos em resposta ao suprimento ção esperada (média de 5 anos mais 5% para melhorias genéticas
de N (BELOW et al., 2000). antecipadas), menos qualquer crédito para uma leguminosa como a
cultura anterior e para qualquer N casual (isto é, como starters,
fertilizantes fosfatados amoniacais, carregadores de herbicidas ou
aplicações de esterco). Quando a soja foi a colheita anterior (que é
o caso em mais de 90% do milho cultivado em Illinois), um “crédito
de N da soja” de 17 kg N por tonelada de soja colhida, até um
máximo de 45 kg, é subtraído das necessidades calculadas de N.
As evidências, porém, sugerem que a exigência de N pelo
milho é mais uma função do tipo específico de solo do que do nível
de rendimento produzido (VANOTTI & BUNDY, 1994a, 1994b), e
que o crédito de N da soja pode ser na verdade maior que o usado
nas recomendações de N-fertilizante (BUNDY et al., 1993; SCHOES-
SOW et al., 1996). Nosso dados também tendem a apoiar estas
considerações.
Os dados apresentados na Tabela 1 resumem as respostas
ao N de experimentos com milho seguido de soja conduzidos em
campo altamente produtivo em Champaign, IL, num período de cin-
co anos. Durante este período, as máximas produções de grãos
Figura 5. Efeito de doses variadas de N sobre os componentes do variaram de baixa, 8,0 t/ha, a alta, 13,2 t/ha, com rendimento médio
número de grãos de milho. Valores médios de dois híbri- de 10,5 t/ha; e doses econômicas ótimas de N de 130 a 180 kg/ha,
dos em dois anos. As barras indicam a DMS ao nível de 5%
uma dose média de 159 kg N/ha. Usando esta média de rendimento
de probabilidade para a comparação das doses de N.
de cinco anos (10,5 t/ha) e um crédito de N da soja de 45 kg N/ha, o
sistema atual de recomendação de N em Illinois calcularia a neces-
sidade de 191 kg de N-fertilizante para o máximo rendimento. De ma-
MANEJO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA neira interessante, em nenhum momento os 191 kg de N-fertilizante
foram necessários para ótimo rendimento, e em dois dos anos (1995
A resposta do milho ao fertilizante nitrogenado é afetada e 1998) muito menos fertilizante nitrogenado (ao redor de 55 kg) foi
por muitos fatores como ambiental, cultural e de solo, de modo que requerido. Outros experimentos de resposta ao N, conduzidos em
as curvas de resposta podem variar bastante entre diferentes lo- outros locais do Estado, forneceram resultados semelhantes (da-
cais. Assim, em um solo fértil, com alto suprimento residual de N, dos não mostrados).
adubações nitrogenadas podem não ter efeito ou até mesmo dimi-
nuir os rendimentos. Também, se outro fator além do N, como umi-
Tabela 1. Dose ótima econômica de N e exigência de N para máximo
dade do solo ou outro nutriente, estiver limitante, as aplicações de rendimento de milho desenvolvido no mesmo campo, num
N não aumentarão o crescimento e o rendimento mesmo quando o período de cinco anos. Todos os valores foram calculados a
suprimento de N no solo está baixo. A dose ótima econômica de N partir de curvas de resposta da produção de grãos ao N. A
também depende de vários outros fatores, como fonte de fertilizan- soja sempre foi a cultura anterior, e o crédito de N reco-
te nitrogenado e época de aplicação de N, e também das práticas mendado de 45 kg/ha está incluído nos valores calculados
culturais usadas no sistema de produção. A parte final desta revi- para N requerido.
são examinará brevemente estes fatores e usará alguns dos resulta-
Ano Rendimento Dose ótima Nitrogênio
dos de pesquisa de meu laboratório como exemplos. de grãos de N requerido
Nos Estados Unidos, as recomendações de adubação nitro-
genada são normalmente baseadas no histórico da cultura anterior t/ha kg/ha kg de N/t
e na meta de produtividade buscada e, em menor extensão, nas 1995 8,0 135 22,4
fórmulas para estimar a capacidade do solo em mineralizar o N. A 1996 10,7 170 19,9
cultura anterior também pode afetar a necessidade de N-fertilizante, 1997 11,2 180 20,0
como também outros fatores, como práticas culturais utilizadas e a 1998 9,5 130 18,8
relação custo/benefício do fertilizante. Apesar de lógicos, os pro-
1999 13,2 180 16,9
blemas com as recomendações de N-fertilizante podem surgir se a
meta de rendimento for irreal, ou se os produtores não avaliam com
precisão a capacidade do solo em prover a cultura com N. Soman- A exigência em N calculada (que incluiu o crédito de 45 kg
do-se a isso, há o fato que as recomendações de N-fertilizante po- N/ha da soja) também foi menor que a da recomendação atual
dem variar consideravelmente de Estado para Estado, em alguns (21,4 kg N/t de grãos) em todos os anos, menos no que apresentou
casos em Estados adjacentes, sem razão aparente ou explicação. menor rendimento (Tabela 1). Assim, em contraste com o que a
Levantamentos recentes e entrevistas face-a-face indicaram que maioria do produtores acredita, a exigência em N foi realmente mais
muitos fazendeiros aplicam mais N que o recomendado habitual- baixa no ano de maior produtividade, e mais alta no ano de menor
mente. Esta superaplicação ocorre por várias razões, mas principal- produtividade. Aparentemente, quando o ambiente é favorável a

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002 9


MILHO
altos rendimentos, também é favorável a altas taxas de mineralização Além de quanto N-fertilizante aplicar, os agricultores nos
do N do solo. Estes dados refutam ambas as razões (o desejo de Estados Unidos também têm que escolher entre várias fontes dife-
altos rendimentos e a idéia de N extra como seguro) que os fazen- rentes de fertilizantes nitrogenados. Estas fontes diferem na sua
deiros freqüentemente usam para justificar o uso de maiores doses porcentagem por peso de N, e na sua porcentagem de N como NH4
de adubo nitrogenado que as recomendadas, e sugerem que as ou NO3 (Tabela 2). Embora quaisquer destas fontes possa ser usa-
recomendações de adubos nitrogenados atuais estejam conserva- da em lavoura convencional ou no plantio direto, algumas reque-
doramente elevadas. rem considerações especiais para maximizar sua eficiência. Por exem-
A alusão adicional de que híbridos de milho modernos pos- plo, amônia anidra deve ser incorporada no solo e isto causa um
sam usar N mais eficazmente (e assim requerer menos N-fertilizan- certo revolvimento do solo. Alguns agricultores tiram proveito desta
tes) é indicada por um aumento contínuo no rendimento médio de aplicação plantando a semente diretamente sobre o corte da faca,
milho em Illinois durante os últimos 25 anos, enquanto o uso de uma prática de cultivo chamada cultivo em faixa (strip-tillage). Não
fertilizante nitrogenado permaneceu relativamente constante. apenas pela área estar relativamente livre de resíduo, mas devido à
Embora a soja seja uma removedora de N do solo (ou seja, proximidade íntima de N, em muitos casos o seedling tem um de-
deixa saldo negativo), há claramente um benefício à cultura de mi- senvolvimento inicial mais rápido.
lho subseqüente, conhecido como crédito de N da soja. As estima-
tivas desses créditos são normalmente obtidas pela determinação Tabela 2. Algumas fontes diferentes de fertilizante nitrogenado em
da dose de N-fertilizante exigida para produzir o mesmo rendimento uso nos Estados Unidos. Notar que elas contêm porcenta-
em milho contínuo comparada com o da rotação milho/soja, e são gens variadas de N e provêm porcentagens variadas deste N
referidas como valor de substituição de N (HESTERMAN, 1988). como amônio ou nitrato.
Estimativas experimentais do crédito de N para soja diferem nota-
Fertilizante %N % como NH4+ % como NO3-
damente entre locais e anos, e variam de 22 a 210 kg N/ha (BUNDY
et al., 1993). Apesar de variável de acordo com o Estado, a maior Amônia anidra 82 100 0
parte dos sistemas de recomendação de N-fertilizante nos Estados Liquid 28% 28 75 25
Unidos selecionou, empiricamente, o crédito máximo de N da soja Uréia 46 100 0
em 45 kg N/ha. Assim, outro fator que poderia conduzir a excessi-
Sulfato de amônio 21 100 0
vas aplicações de N-fertilizante é a subestimativa do crédito de N
da soja. Nitrato de amônio 35 50 50
Nitrato de potássio 14 0 100
O rendimento de milho como uma função da cultura anterior
e da taxa de N-fertilizante, para um solo altamente produtivo de
Illinois, é mostrado na Figura 6. Neste experimento, o rendimento de
grãos do milho contínuo foi menor que o do milho em rotação, a Enquanto algumas fontes de N podem ser aplicadas na su-
cada nível de N-fertilizante testado. Cerca de 135 kg/ha de fertilizan- perfície (que é o método de fertilização lógico em cultivos mínimos),
te nitrogenado foram exigidos para otimizar o rendimento do milho outras são mais sujeitas a perdas com esta prática. Este problema é
em rotação com a soja, enquanto o rendimento do milho contínuo maior para uréia ou fertilizantes contendo uréia (por exemplo, Liquid
ainda estava aumentando com 235 kg de N/ha. Com base na técnica 28%) porque a uréia é rapidamente dividida em NH4+ e CO2 pela
do valor de substituição de N, o crédito de 97 kg N/ha da soja pode ação de enzimas urease presentes no solo e nos resíduos de planta.
ser calculado a partir destes dados, que é duas vezes mais o normal- Esta conversão promove altos níveis de NH4+ e pH elevado no local
mente utilizado em recomendações de N-fertilizante. de aplicação, duas propriedades que contribuem para perdas por
volatilização de N como NH3 gasoso. Já o sulfato de amônio, por
não exibir reação alcalina com o solo, é muito menos sujeito a per-
das de N através da volatilização, mas é mais acidificante que a
maioria das outras fontes de N.
Diferenças nas proporções de NO3- ou NH4+ do fertilizante
nitrogenado também podem ter importantes efeitos no manejo de
N, já que o N-NH4 é muito menos sujeito a perdas de N por lixiviação
ou desnitrificação. Aumentando-se o suprimento de NH4+ nos so-
los pode-se também aumentar o desempenho da planta, como tem-
se observado em numerosas espécies de plantas que absorvem
mais N e crescem mais rapidamente quando supridas com misturas
de NO3- e NH4+ que quando supridas somente com NO3- (BELOW,
1995). Como sistemas com 100% de NH4+ são impossíveis de serem
obtidos sob condições normais de produção, a alteração da forma
de N nos solos se dá principalmente aumentando-se o suprimento
de NH4+ acima da quantidade que normalmente estaria presente.
Figura 6. Efeito da cultura anterior sobre a resposta do rendimento Este conceito tem sido livremente reportado como “suprimento acen-
de grãos de milho à dose de N-fertilizante aplicada. Os tuado de amônio” ou “nutrição nitrogenada mista”.
dados de rendimento de milho foram obtidos em 1999 para
Usando experimentos hidropônicos, onde a forma de N pode
milho após soja (milho/soja) ou milho (contínuo) em 1998.
As duas culturas cresceram adjacentes em um mesmo cam- ser estritamente controlada, observamos maiores e consistentes
po. Barras indicam a DMS ao nível de 5% de probabilidade rendimentos de milho (variação de 10 a 14%, para uma média de
para comparar a resposta da cultura anterior a uma deter- 12%) quando as plantas cresciam com nutrição nitrogenada mista
minada dose de N. do que somente com NO3- (Tabela 3). Embora estes aumentos te-

10 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002


MILHO
nham sido obtidos com hidroponia, onde é possível maior controle aplicação do N, mais eficiente seria seu uso. Devido a restrições de
das relações NO3-/NH4+, moderados aumentos de rendimento (6 a tempo, porém, esta prática nem sempre é possível, e uma considerá-
10%) também foram observados para alguns híbridos sob condi- vel quantidade de N-fertilizante é antecipada e aplicada no outono,
ções de campo usando fertilizante amoniacal e inibidor de nitrificação em Illinois. Além disso, algumas fontes de N, particularmente sulfa-
para aumentar o suprimento de N do solo como NH4+ (SMICIKLAS to de amônio, são aplicadas na superfície do solo congelado no
& BELOW, 1992). inverno. Esta prática é especialmente atraente para os agricultores
que utilizam o cultivo mínimo e que querem evitar a compactação do
solo.
Tabela 3. Efeito da forma de N no rendimento de grãos e nos parâ-
Nós avaliamos a melhor época para o N aplicando sulfato de
metros fisiológicos de milho cultivado até a maturidade
em meio hidropônico. Os valores são a média de todos o
amônio a intervalos mensais em 10 locais (num período de três
híbridos avaliados durante seis anos. anos) em doses consideradas adequadas para maximizar o rendi-
mento de grãos (dose padrão). Estes locais foram selecionados
Parâmetro Nitrato/Amônio para representar as variadas práticas de cultivo, e incluiu cultivo
com aiveca, mulch-till, strip-till e plantio direto (no-till). Apesar das
100/0 50/50
variações anuais, na média, foi observada uma notável diminuição
Rendimento de grãos (t/ha) 12,3 13,8 no rendimento quando o N foi aplicado no outono ou no inverno
Número de grãos (n /planta)
o
652 737 comparada à aplicação na primavera (Tabela 4). As diferenças em
Absorção de N pela planta (kg/ha) 279 343 magnitude destas diminuições na produção foram atribuídas a dife-
renças na precipitação de primavera (dados não mostrados). Para
locais com baixa precipitação primaveril a época de aplicação de N
Em todos os casos, os aumentos de rendimento induzidos não afetou notadamente o rendimento de grãos, enquanto o opos-
pela mistura de N foram devidos a mais grãos por planta, princi- to foi observado naqueles locais com alta precipitação primaveril.
palmente pelo menor abortamento de grãos na ponta da espiga Embora incrementos adicionais de fertilizante nitrogenado acima da
(Tabela 3 e Figura 7). Estes resultados sugerem um efeito fisiológi- dose padrão aumentaram os rendimentos nesses ambientes onde
co direto da forma de N no desenvolvimento dos grãos, já que aplicações de outono e inverno foram menos efetivas, não aumen-
ambos os tratamentos com N presumivelmente tiveram suprimen- taram os rendimentos ao nível obtido com a dose padrão aplicada
tos de N disponível mais que adequados. Embora a base fisiológica na primavera (dados não mostrados). De maneira interessante, a
para o menor aborto com a mistura de N ainda não esteja esclarecida, prática de cultivo utilizada não afetou a resposta à época de aplica-
o acúmulo adicional de N parece estar implicado, já que as plantas ção de N (dados não mostrados).
que se desenvolveram com mistura das duas formas de N conti-
nham mais N que as desenvolvidas somente com NO 3- (Tabela 3).
Estes resultados foram observados em plantas cultivadas hidropo- Tabela 4. Efeito da época de aplicação de N no rendimento de grãos de
milho em Illinois. O nitrogênio foi aplicado em pré-plantio
nicamente (Tabela 3) e também em solos (SMICIKLAS & BELOW,
na superfície do solo como sulfato de amônio, a intervalos
1992), e sugerem que plantas de milho são incapazes de absorver N mensais, em doses consideradas adequadas para ótimos ren-
suficiente para produtividades máximas quando o N for suprido dimentos. Valores que representam o outono são médias
majoritariamente como NO3-. dos meses de outubro e novembro, para o inverno os meses
de dezembro, janeiro e fevereiro, e para a primavera os
meses de março e abril (três locais em 1997 e 1998 e quatro
locais em 1999).

Época de Ano
Média
aplicação 1997 1998 1999
- - - - - - - - - - t/ha - - - - - - - - - - - -
Nenhum N 8,0 5,8 7,0 6,9
Outono 9,4 8,5 8,6 8,8
Inverno 9,3 9,4 9,2 9,3
Primavera 9,7 10,0 9,6 9,8

Além dos fatores previamente mencionados, numerosas prá-


ticas culturais (por exemplo, seleção de híbridos, manejo do solo,
controle de pragas, etc.) também podem influenciar a resposta do
Figura 7. Efeito da forma de nitrogênio no desenvolvimento da espi- milho ao fertilizante nitrogenado. O cultivo do solo pode afetar a
ga de plantas de milho cultivadas até a maturidade em disponibilidade de N e seu uso pela cultura pela alteração das pro-
meio hidropônico. Note que as plantas cultivadas com mis- priedades físicas do solo, como também seus componentes quími-
turas de NH4+ + NO3- exibiram melhor desenvolvimento de cos e bióticos. Iniciamos recentemente experimentos para investi-
grãos na ponta da espiga. gar o impacto do manejo do solo sobre as exigências em N pelo
milho, e alguns de nossos dados preliminares estão apresentados
Além da quantidade, da fonte e da forma de N disponível à na Tabela 5. As três práticas de cultivo mais comuns atualmente em
planta, a época em que este N está disponível também pode influen- uso em Illinois estão sendo avaliadas. Estas incluem mulch-till, que
ciar o uso de N e a produtividade. A ciência tradicional prescreve consiste em escarificação no outono seguida por uma gradagem
que quanto mais próximo do momento da absorção da cultura for a leve na primavera, strip-till, onde apenas a faixa da lavoura onde a

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002 11


MILHO
Tabela 5. Efeito do sistema de cultivo na resposta do rendimento de grãos produzida. A soja como cultura prévia reduz claramente a
grãos de milho às doses variadas de N-fertilizante (Valores necessidade por N-fertilizante, enquanto o suprimento de N à cul-
médios de três locais em 1999). tura como mistura de NO3- e NH4+ também pode aumentar a produ-
tividade. Quanto mais próximo da época de uso da cultura o N-
Dose de Sistema de cultivo
fertilizante for aplicado, maior será o rendimento. O cultivo, apesar
N Plantio direto Strip-till Mulch-till de afetar a produtividade quando o suprimento de N-fertilizante é
kg/ha - - - - - - - - - - - - - - - - - - - t/ha - - - - - - - - - - - - - - - - - - limitante, não afeta a dose de N-fertilizante necessária para rendi-
0 6,4 7,4 8,0 mento máximo.
45 8,9 9,6 9,8
90 11,2 11,2 12,0 LITERATURA CITADA
135 12,5 12,7 12,4
180 13,4 13,6 13,6 BELOW, F.E. Nitrogen metabolism and crop productivity. In: PRESSARAKLI,
246 13,6 13,9 13,9 M. (ed.) Handbook of Plant and Crop Physiology. New York: Marcel
Dekkar, Inc., 1995. p.275-301.
BELOW, F.E.; CAZETTA, J.O.; SEEBAUER, J.R. Carbon/nitrogen interactions
cultura será plantada é trabalhada, e plantio direto (no-till), onde during ear and kernel development of maize. In: Physiology and Mode-
ling Kernel Set in Maize. Madison: ASA, CSSA, SSSA, 2000. p.15-24.
nenhum cultivo é feito. O mulch-till deixa pouco ou nenhum resíduo
(CSSC Spec. Pub. No 29)
na superfície do solo quando a cultura prévia for soja, e menos de
BUNDY, L.G.; ANDRASKI, T.W.; WOLKOWSKI, R.P. Nitrogen credits in
30% de cobertura de resíduo quando a cultura prévia for milho, e
soybean-corn crop sequences on three soils. Agronomy Journal, v.85,
não é considerado cultivo de conservação; já strip-till e plantio p.1061-1067, 1993.
direto (no-till) deixaram mais de 30% de cobertura de resíduo e são BURKART, M.R.; JAMES, D.E. Agricultural-nitrogen contributions to hypoxia
consideradas práticas de cultivo de conservação. in the Gulf of Mexico. Journal of Environment Quality, v.28, p.850-
Nossos dados iniciais mostram que o cultivo pode influen- 859, 1999.
ciar a resposta do milho ao fertilizante nitrogenado, mas só nas CARPENTER, S.R.; CARACO, N.E.; CORRELL, D.L.; HOWARTH, R.W.;
baixas doses, quando o fornecimento de N foi limitante (Tabela 5). SHARPLEY, A.N.; SMITH, V.H. Nonpoint pollution of surface waters
with phosphorus and nitrogen. Ecol. Applic., v.8, p.559-568, 1998.
Nos talhões que não receberam N-fertilizante, onde o suprimento
de todo o N para a cultura foi através da mineralização, houve uma HESTERMAN, O.B. Exploiting forage legumes for nitrogen contribution in
cropping systems. In: HARGROVE, W.L. (ed.) Cropping Strategies for
clara vantagem do mulch-till sobre o strip-till e deste sobre o no-till Efficient Use of Water and Nitrogen. Madison: ASA, CSSA, SSSA,
(plantio direto). Este efeito pode ser devido à melhor aeração e à 1988. p.155-166. (ASA Spec. Pub. N o 51).
maior temperatura do solo causadas pelo cultivo do solo, que le- SCHOESSOW, K.A; KILLIAN, K.C.; BUNDY, L.C. Site-specific prediction
vam à decomposição mais rápida dos resíduos das culturas e da of soybean nitrogen contributions. In: NORTH CENTRAL EXT. INDUS.
matéria orgânica. Esta diferença persistiu com as doses mais baixas SOIL FERT. CONF., St. Louis, MO., 20-21, Nov. 1996. Proceedings.
de N-fertilizante, que não resultaram em máximos rendimentos (isto p.27-40.
é, 45 e 90 kg N/ha), mas não foi observada quando a dose de fertili- SMICIKLAS, K.D; BELOW, F.E. Role of nitrogen form in determining yield
zante estava acima daquela necessária para ótimo rendimento. En- of field-grown maize. Crop Science, v.32, p.1220-1225, 1992.
quanto estes resultados preliminares mostram que o cultivo pode STANGEL, P.J. World nitrogen situation, trends, outlook, and requirements.
afetar a resposta do rendimento ao N-fertilizante, eles não apóiam a In: HAUCK, R.D. (eds.). Nitrogen in Crop Production. Madison: ASA,
CSSA, SSSA, 1984. p.23-54.
idéia de que as práticas de adubação deveriam ser alteradas de
UHART, S.A.; ANDRADE, F.H. Nitrogen deficiency in maize: II. Carbon-
acordo com o sistema de cultivo.
nitrogen interaction effects on kernel number and grain yield. Crop
Em resumo, o N desempenha numerosos papéis importan- Science, v.35, p.1384-1389, 1995.
tes na planta de milho, onde aumenta o rendimento pela redução no VANOTTI, M.B; BUNDY, L.G. An alternative rationale for corn nitrogen
aborto de grãos. Enquanto as necessidades de N-fertilizante são fertilizer recommendations. J. Prod. Agric., v.7, p.243-249, 1994a.
variáveis de acordo com o ano e o local, a exigência em N para VANOTTI, M.B; BUNDY, L.G. Corn nitrogen recommendations based on
rendimento máximo raramente excede 20 kg de N por tonelada de yield response data. J. Prod. Agric., v.7, p.249-256, 1994b.

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12 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002


DIVULGANDO A PESQUISA

Nota do editor: Os trabalhos que possuem endereço eletrônico em azul podem ser consultados na íntegra

menor taxa de pluviosidade pode ter favorecido condições de imo-


1. AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DE LINHAGENS DE
bilização (3,1 contra 6,9 mm.dia-1). No sulco de N-U houve maior
FEIJOEIRO DE DIFERENTES TIPOS DE GRÃO SOB ADU-
aumento de pH em relação ao pH do solo (pré-semeadura) que em
BAÇÃO NITROGENADA OU INOCULAÇÃO
cobertura, indicando que o solo com menor umedecimento foi mais
STRALIOTTO, R.; DEL PELOSO, M.J.; ZIMMERMANN, F.J.P.; sensível à mudança. Independente da época de aplicação, a maior
ARAÚJO, A.P.; TEIXEIRA, M.G. In: REUNIÃO BRASILEIRA eficiência do N-SA (84,3% do N-aplicado) resultou numa produtivi-
DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, Rio dade média acrescida em 775 kg.ha-1 de grãos em relação à eficiên-
de Janeiro, 2002. Resumos... SBCS, 2002. p.51. cia de N-U (54,7% do N-aplicado).
Apesar de ser considerada uma espécie com baixa capacida-
de de fixação biológica de nitrogênio, há uma grande variabilidade 3. EFICIÊNCIA DA FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE N2 POR ESTIR-
entre cultivares de feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) quanto a esta PES DE Bradyrhizobium NA SOJA EM PLANTIO DIRETO
característica. Neste trabalho foram avaliadas linhagens dos gru-
pos comerciais de grãos tipo Jalo, Roxo/Rosinha, Mulatinho, Iraí, CAMPOS, B.C.; HUNGRIA, M.; TEDESCO, V. Revista Brasilei-
Carioca e Preto, adubadas com 65 kg N.ha-1 ou inoculadas com rizó- ra de Ciência do Solo, v.25, p.583-592, 2001.
bio. Os grupos tipo Jalo e Iraí, que possuem tamanho de semente O presente trabalho foi realizado nas safras de 1994/95, 1996/
90% superior aos demais, apresentaram, quando inoculados, rendi- 97, 1997/98 e 1998/99 objetivando avaliar a eficiência das estirpes
mentos semelhantes àqueles obtidos com N mineral. As linhagens de Bradyrhizobium recomendadas pela pesquisa, pela determina-
com sementes de menor tamanho – Roxo/Rosinha, Mulatinho, Ca- ção da capacidade competitiva e da eficiência na fixação do N2 na
rioca e Preto – apresentaram respostas significativas à adubação. cultura da soja, sob o sistema plantio direto. Os experimentos foram
Estes resultados indicam que materiais com sementes grandes apre- instalados em áreas experimentais da FUNDACEP, Cruz Alta (RS),
sentaram maior potencial para fixação de N2 do que materiais com manejadas desde cinco até 10 anos em plantio direto. Na safra de
sementes pequenas. Materiais precoces, como o do grupo Iraí (ma- 1994/95 foram usados os seguintes tratamentos: testemunha sem
turação aos 75 dias), apresentaram maior potencial para obtenção inoculação; 200 kg ha-1 de N mineral, parcelados e sem inoculação;
de N simbiótico do que materiais de ciclo normal, como Carioca e as combinações das quatro estirpes recomendadas comercial-
(maturação aos 88 dias). Nos materiais com sementes grandes e mente, SEMIA 587 + SEMIA 5019; SEMIA 587 + SEMIA 5079;
hábito determinado, e que paralisam o crescimento vegetativo após SEMIA 587 + SEMIA 5080; SEMIA 5019 + SEMIA 5079; SEMIA
a floração, haveria a manutenção de um maior estoque de carboi- 5019 + SEMIA 5080; SEMIA 5079 + SEMIA 5080 e dois isolados do
dratos na planta e, conseqüentemente, maior reserva energética sorogrupo SEMIA 586. Em 1996/97 foi retirado o último tratamento
para o processo simbiótico. e acrescidos os tratamentos CPAC 40 + CPAC 44 e CPAC 42 +
CPAC 45. Na safra de 1997/98, foi acrescido o tratamento 20 kg ha-1
2. IMOBILIZAÇÃO DO N-URÉIA E N-SULFATO DE AMÔNIO de N mineral na semeadura + inoculação com SEMIA 5079 +
APLICADOS EM PRÉ-SEMEADURA E COBERTURA NA SEMIA 5080. A adubação nitrogenada reduziu a nodulação e não
CULTURA DE MILHO EM SISTEMA DE PLANTIO DIRETO resultou em acréscimos na produção da soja. Na avaliação do ren-
(2° ANO DE ESTUDO) dimento de grãos, em cada uma das quatro safras e na análise con-
junta, a testemunha sem inoculação não apresentou diferença sig-
COUTO, P.A.; LARA CABEZAS, W.A.R. In: REUNIÃO BRASI- nificativa em relação aos demais tratamentos. A não resposta da
LEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLAN- soja à prática da inoculação pode ser atribuída à população natura-
TAS, Rio de Janeiro, 2002. Resumos... SBCS, 2002. p.69. lizada de Bradyrhizobium, em número adequado e eficiente, e às
condições favoráveis à fixação biológica do nitrogênio, como tem-
Utilizando duas épocas de adubação (pré-semeadura e co- peratura e umidade adequadas do solo, proporcionadas pelo siste-
bertura) sob aveia preta e restevas anteriores (3,05 t.ha-1 de matéria ma plantio direto.
seca) foram aplicadas as fonte de uréia (U) e sulfato de amônio (SA)
na dosagem de 80 kg.ha-1 incorporadas nas entrelinhas de plantas
4. EFEITO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA E POTÁSSICA
de milho, com espaçamento de 0,8 m. Utilizou-se o delineamento
NO SOLO, PLANTA E PRODUÇÃO DE MILHO DOCE
inteiramente casualizado com parcelas subdivididas, com três repe-
tições. As parcelas (12 x 30 cm) foram constituídas pelas fontes e as
COUTINHO, E.L.M.; FRANCO, H.C.J.; COUTINHO NETO, A.M.;
subparcelas pela época de amostragem após a aplicação das fon-
CONSOLINI, F. Horticultura Brasileira, v.20, n.2, p.330-331,
tes. Os adubos, para efeitos comparativos, foram incorporados
2002.
a 5-7 cm. Foram instaladas microparcelas de 1,0 m de comprimento
substituindo-se o adubo comercial por adubo marcado com 15N O experimento foi conduzido em condições de campo, num
(4,86 e 5,01% de átomos em abundância de 15N para U e SA, respec- Latossolo Vermelho textura argilosa com teor muito baixo de potás-
tivamente). Estas unidades foram utilizadas para se quantificar o sio, localizado no município de Jaboticabal, SP, com o objetivo de
N-fertilizante imobilizado, no sulco da aplicação, a intervalos verificar os efeitos da adubação nitrogenada em cobertura (0, 50,
fenológicos definidos da cultura. A maior imobilização ocorreu em 100 e 150 kg.ha-1 de N), potássica (0, 60, 120 e 180 kg.ha-1 de K2O), na
pré-semeadura até a semeadura do milho para ambas as fontes; a produção de espigas (“milho verde”), na diagnose da nutrição

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002 13


nitrogenada e potássica na cultura do milho doce. Foram verificadas por hectare. Foram avaliados o rendimento de grãos, o teor de P no
respostas positivas na produção de espigas em função da adução solo (Mehlich 1) e o teor foliar, no ano 2000.
de nitrogênio em cobertura e potássio, sendo a máxima eficiência O rendimento de grãos de feijão aumentou com as doses de
técnica obtida com as doses de 131 kg.ha-1 de N e 137 kg.ha-1 de K2O, P2O5, atingindo um rendimento de máxima eficiência econômica
correspondendo respectivamente às produções de 14,2 e 13,6 t.ha-1 (MEE) de 3.821 kg.ha-1 com a aplicação da dose de 98 kg.ha-1 de
de espigas. A folha da base da espiga revelou-se adequada para a P2O5. O nível crítico de P no solo, associado à dose de MEE, foi
diagnose da nutrição nitrogenada e potássica, sendo que os teores 15,7 mg.dm-3 e para P foliar foi 3,9 g.kg-1.
de N e K considerados adequados estão situados dentro dos in-
tervalos: 31,9 a 33,9 g.kg -1 e 15,9 a 17,4 g.kg-1, respectivamente.
Por outro lado, a máxima produção de espigas esteve associada a 7. EFEITO DE ÉPOCAS DE APLICAÇÃO E DE DOSES DE PO-
uma concentração de K no solo de 1,46 mmolc.dm-3. A adição de TÁSSIO NA CULTURA DA SOJA, NA REGIÃO DE
potássio reduziu significativamente os teores de Ca e Mg nas fo- RONDONÓPOLIS, MT
lhas.
BORKERT, C.M.; OLIVEIRA JÚNIOR, A. de; CASTRO, C. de.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 28., Lon-
5. FONTES E MODOS DE APLICAÇÃO DE FÓSFORO NA drina, 2001. Anais... SBCS, 2001. p.123.
PRODUÇÃO E NUTRIÇÃO MINERAL DO MILHO EM PRI-
A área de cultivo com soja vem se expandindo na Região
MEIRO CULTIVO
Central do Brasil, onde ocorrem alguns solos com textura arenosa,
FURTINI NETO, A.E.; RESENDE, A.V. de; ARAÚJO, I.B.; ALVES, altamente intemperizados, com baixa CTC e teor de matéria orgâni-
V.M. de C.; PÁDUA, T.R.P. de; MENDES, B.R. In: REUNIÃO ca. Nesses solos encontram-se condições favoráveis à lixiviação
BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE de potássio no perfil, principalmente sob altas intensidade pluvio-
PLANTAS, Rio de Janeiro, 2002. Resumos... SBCS, 2002. p.24. métricas na fase inicial da cultura. Com o objetivo de encontrar a
melhor época de aplicação e a melhor dose de K, instalou-se um
Com o objetivo de avaliar o efeito de fontes de P em diferen- experimento em um Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico. Foram
tes modos de aplicação sobre a produção e nutrição mineral do testadas as seguintes épocas de aplicação: lanço na rolagem e/ou
milho, foi conduzido um experimento em condições de campo, num dessecação da cultura de cobertura (LR); lanço na semeadura (L) e
Argissolo Vermelho típico, textura argilosa, sob vegetação de cer- lanço na semeadura + lanço em cobertura (L + LC). As doses
rado. Os tratamentos constituiram-se das fontes de P: superfosfato totais de K2O aplicadas nas três épocas foram: 0, 40, 80, 120, 160
triplo, termofosfato magnesiano, fosfato reativo de Arad e fosfato e 200 kg.ha-1, na forma de KCl. Na época L + LC foram aplicados
de Araxá, aplicadas em área total ou no sulco de plantio, na dose 40 kg K2O.ha-1 no momento da semeadura e o restante da dose em
180 kg.ha-1 de P2O5, considerando-se o teor total de P2O5 das fon- cobertura, aos 20-30 dias após a semeadura.
tes. Utilizou-se ainda um tratamento adicional sem aplicação de P.
Nos três anos (1997 a 1999) não foram observadas diferen-
Foram analisados os teores de nutrientes nas folhas do milho no
ças significativas para as épocas de aplicação de K sobre o rendi-
florescimento e em diferentes partes da planta na colheita. Deter-
mento de grãos, enquanto a dose de máxima eficiência técnica ob-
minaram-se também a produção de matéria seca da parte aérea e de
servada foi de 146 kg.ha-1 de K2O. A adubação de K pode ser
grãos e o acúmulo de nutrientes.
efetuada na semeadura, reduzindo uma operação mecanizada. Hou-
Maiores produções foram obtidas com as fontes mais solú- ve aumento do teor de K na camada de 20-40 cm de profundidade,
veis (superfosfato triplo e termofosfato magnesiano) aplicadas em indicando ter havido lixiviação do íon K+ ao longo das três safras.
área total e com o fosfato reativo no sulco de plantio. O uso locali- A aplicação de doses elevadas de K2O (160 e 200 kg.ha-1) aumenta
zado de superfosfato triplo no sulco de plantio comprometeu a o teor desse nutriente na camada subsuperficial de solos arenosos
produtividade da cultura, provocando desordens metabólicas de- da Região da Serra da Petrovina.
vido à interação P x Zn. A análise foliar no florescimento mostrou-se
adequada para avaliação do equilíbrio P/Zn no milho.
8. ANTECIPAÇÃO DA ADUBAÇÃO POTÁSSICA DA SOJA
EM ROTAÇÃO COM MILHETO
6. RESPOSTA DO FEIJOEIRO A DOSES DE FÓSFORO EM
SOLO ARENOSO FOLONI, S.S.; ROSOLEM, C.A.; ERLO, J.V.; AMARAL, C. In:
REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NU-
SILVA, E. de B.; RESENDE, J.C.F. de; CINTRA, W.B.R. Ciência TRIÇÃO DE PLANTAS, Rio de Janeiro, 2002. Resumos... SBCS,
Rural, v.31, n.6, p.973-977, 2001. (http://www.scielo.br/ 2002. p.9.
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782001000600009&
Objetivou-se com este trabalho avaliar o desempenho da
lng=en&nrm =iso&tlng=pt)
soja em semeadura direta, em função de doses de KCl aplicadas na
A disponibilidade de fósforo é influenciada por vários atri- semeadura do milheto, cultivado na primavera, interagindo com
butos do solo que afetam a resposta das culturas à aplicação de P. doses aplicadas na semeadura da soja, feita sobre a palhada de
Foi conduzido um experimento a campo, na Fazenda Experimental milheto. O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental
de Mocambinho (EPAMIG), na região do Projeto Jaíba, Norte de Lageado da FCA/Unesp. Em Setembro/2000 semeou-se o milheto.
Minas Gerais, em Areia Quartzosa (AQ), com o objetivo de avaliar a Em Dezembro/2000 fez-se a semeadura da soja. Plantas de soja fo-
resposta do feijoeiro à aplicação de doses de P2O5 e estimar os ram coletadas aos 25, 50, 75 e 100 dae, e também fez-se a colheita de
níveis críticos de P no solo e nas folhas. Foram aplicadas quatro grãos. O delineamento foi o de blocos casualizados num esquema
doses de P2O5 (0, 35, 70 e 140 kg ha-1). Os tratamentos foram dispos- fatorial com quatro repetições, sendo 0, 30, 60 e 90 kg.ha-1 de K2O
tos no delineamento de blocos casualizados, com cinco repetições. no milheto e 0, 30, 60 e 90 kg.ha-1 de K2O na soja. O adubo aplicado
Usou-se a cultivar Carioca com uma população de 240.000 plantas no milheto inibiu o crescimento da soja aos 25 dae, porém, sem

14 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002


reflexos na produção. A antecipação da adubação potássica por 11. APLICAÇÃO FOLIAR DE CÁLCIO E BORO E COMPO-
ocasião da semeadura do milheto não compromete o rendimento de NENTES DE RENDIMENTO E QUALIDADE DE SEMENTES
grãos de soja, chegando a incrementar a produção em alguns ca- DE SOJA
sos. As melhores adubações foram em torno de 60 a 90 kg.ha-1 de
K2O, seja o KCl aplicado totalmente no milheto, seja este parcelado BEVILAQUA, G.A.P.; SILVA FILHO, P.M.; POSSENTI, J.C.
ou aplicado totalmente na soja. Ciência Rural, v.32, n.1, p.32-34, 2002. (http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782002000100006
9. MANEJO DA ADUBAÇÃO POTÁSSICA EM SEMEADURA &lng=en&nrm=iso&tlng=pt)
DIRETA: ACÚMULO DE K NA PALHA DE MILHETO E NA O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de cálcio (Ca) e
SOJA boro (B), aplicados em pulverização foliar, nas fases vegetativa e
reprodutiva da cultura de soja (Glycine max L. Merrill), cvs. FT
FOLONI, J.S.S.; ROSOLEM, C.A.; ERLO, J.V. In: REUNIÃO BRA- Cometa e BR 16, nos componentes de rendimento e na qualidade
SILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLAN- fisiológica de sementes. O trabalho foi conduzido em casa de vege-
TAS, Rio de Janeiro, 2002. Resumos... SBCS, 2002. p.70. tação. O solo usado foi um Planossolo, com as seguintes caracte-
Objetivou-se com este trabalho avaliar o acúmulo de K na rísticas físico-químicas: K = 1,67 mmoc.dm-3, P = 3,5 mg.dm-3, matéria
cobertura do solo, assim como na soja, ao longo do cultivo, em fun- orgânica = 16,6 g.dm-3; teores de Ca + Mg = 18mmolc.dm-3 de solo,
ção de doses de KCl aplicadas na semeadura do milheto, interagindo pH = 4,7 e argila = 11%. As unidades experimentais foram bandejas
com doses aplicadas na semeadura da soja. O experimento foi con- com capacidade para 20 kg de solo, mantidas com umidade próxima
duzido na Fazenda Experimental Lageado da FCA/Unesp. Em Se- da capacidade de campo (20%), durante o experimento. Os trata-
tembro/2000 semeou-se o milheto. Em Dezembro/2000 fez-se a se- mentos consistiram da aplicação da solução em quatro épocas: pré-
meadura da soja. Plantas de soja foram coletadas aos 25, 50, 75 floração, floração, pós-floração, pré-colheita, e com uma testemu-
e 100 dae, e também fez-se a colheita de grãos. A palha também foi nha não tratada. A solução foi preparada com cloreto de cálcio
coletada nas mesmas épocas. Determinaram-se os teores de K da (0,5% de Ca) e borato de sódio (0,25% de B), corrigido para pH 7,0,
soja e da palha. O delineamento foi o de blocos casualizados num usando-se volume de calda de 100 l.ha-1. Os componentes de rendi-
esquema fatorial com quatro repetições, sendo 0, 30, 60 e 90 kg.ha-1 de mento avaliados foram: número de vagens e peso de grãos/planta e
K2O no milheto e 0, 30, 60 e 90 kg.ha-1 K2O na soja. O parcelamento número de grãos/vagem. As sementes foram avaliadas através de
da adubação potássica minimiza a exportação de K via colheita. O emergência no campo, velocidade de emergência e peso da matéria
acúmulo de K nas folhas da soja em pleno florescimento não foi seca de plântulas. Com base nos resultados, conclui-se que: a) a
comprometido em função da adubação na semeadura do milheto. A aplicação de Ca e B aumentou o peso de grãos por planta; b) Ca e B
palha de milheto constitui uma reserva considerável de K, com não afetaram a qualidade fisiológica de sementes; c) as maiores
disponibilização de 90% aos 50 dias após a emergência da soja. respostas a Ca e B nos componentes de rendimento foram verifi-
cadas nas fases de floração e pós-floração.

10. EFEITO DA LOCALIZAÇÃO DA ADUBAÇÃO NPK E DA


12. IMPLANTAÇÃO DE PASTAGEM DE BRAQUIÁRIAATRA-
COBERTURA COM CLORETO DE POTÁSSIO SOBRE O
VÉS DA ADUBAÇÃO DE SEMEADURA DAS CULTURAS
RENDIMENTO DE GRÃOS DE SOJA
DE SOJA, ARROZ, SORGO OU MILHO
LECH, V.A.; BORTOLINI, C.G. In: CONGRESSO BRASILEIRO LEAL, A.J.F.; LAZARINI, E.; MURAISHI, C.T. In: REUNIÃO
DE SOJA E MERCOSOJA, 2., Foz do Iguaçu, 2002. Resumos... BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE
p.267. PLANTAS, Rio de Janeiro, 2002. Resumos... SBCS, 2002. p.3.
A forma de aplicação de adubação NPK pode alterar a capa- A região dos cerrados possui 117.000.000 hectares com pas-
cidade de aproveitamento dos nutrientes pela planta, o que pode tagens, sendo aproximadamente 50% degradada devido principal-
influenciar o rendimento de grãos na cultura da soja. Este trabalho mente à má formação inicial e inadequada correção do solo e aduba-
objetivou avaliar o efeito da localização da adubação NPK e da ção. O presente trabalho foi desenvolvido objetivando avaliar a
cobertura com cloreto de potássio sobre o rendimento de grãos da implantação de braquiária (Brachiaria brizantha) junto à aduba-
cultura da soja. O experimento foi instalado em sistema de semea- ção de semeadura das culturas de soja, milho, arroz ou sorgo. Os
dura direta em três locais distintos no município de Lucas do Rio tratamentos utilizados constaram de semeadura da braquiária junto
Verde, MT. Os tratamentos consistiram de três formas de aplicação ao adubo de semeadura de soja (45 ou 50 cm entre linhas), milho
da fórmula 02-20-18 = FTE [T1: 50% da dose integral aplicados em (silagem ou grão), arroz ou sorgo (45 ou 90 cm entre linhas e silagem
superfície antes da semeadura + 50% no sulco de plantio no mo- ou grão). As culturas também foram semeadas sem a presença da
mento da semeadura, com e sem cloreto de potássio (KCl) em co- braquiária no adubo, além da semeadura de braquiária solteira, so-
bertura); T2: 100% da dose no sulco de semeadura com e sem KCl mente com adubo utilizado nas culturas ou com areia grossa. A
em cobertura; T3: 100% da dose a lanço em superfície antes da dosagem utilizada foi de 250 kg.ha-1 de 08-28-16 para a soja, milho e
semeadura com e sem KCl em cobertura]. sorgo e 150 kg.ha-1 para arroz e 15 kg de semente de braquiária por
O tratamento T1 + KCl em cobertura apresentou os maiores hectare. Em função dos resultados obtidos no presente trabalho
valores de rendimento de grãos nos três locais avaliados em rela- pode-se concluir que: é possível a instalação da pastagem junto à
ção aos demais tratamentos, sendo a diferença média de 2,5 sacas/ha semeadura de culturas anuais colocando a semente da forrageira
em relação ao T2 + KCl em cobertura, e de 4,0 sacas/ha em relação junto ao adubo de semeadura; deve-se adequar às condições lo-
ao T3 + KCl em cobertura. Independentemente do local, a cobertura cais de solo a profundidade de semeadura; o milho e o arroz mostra-
com cloreto de potássio aumentou cerca de 4,0 sacas/ha o rendi- ram-se melhores como cultura em consórcio para implantação da
mento de grãos da soja. pastagem.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002 15


13. AVALIAÇÃO DE ESCÓRIAS DE SIDERURGIA COMO FON- ram aumento na liberação de Si ao longo do tempo, sendo o período
TES DE SILÍCIO EM DOIS TIPOS DE SOLO: LATOSSOLO entre os dias 5 e 9 o que apresentou melhor correlação entre o Si
VERMELHOAMARELO (LVA) EAREIAQUARTZOSA(AQ) extraído pelo arroz e o Si recuperado na análise das várias fontes
(r2 = 0,70). O Si extraído com Na2CO3 + NH4NO3 dos fertilizantes
CHAGAS, R. de C.S.; MURAOKA T.; KORNDÖRFER, G.H.; pode expressar com um bom grau de confiabilidade o potencial de
TREVISAN, A.; SALVADOR, J. In: REUNIÃO BRASILEIRA liberação deste elemento no solo e aproveitamento pelas plantas.
DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, Rio
de Janeiro, 2002. Resumos... SBCS, 2002. p.7.
15. INFLUÊNCIA DO SILICATO DE CÁLCIO NA TOLERÂN-
O Brasil apresenta uma grande quantidade de resíduos deri- CIA DO ARROZ DE SEQUEIRO AO DÉFICIT HÍDRICO DO
vados da indústria de siderurgia, os quais apresentam altos teores SOLO
de Si em sua composição. A utilização desses resíduos como fonte
de Si resolveria inclusive o problema ambiental de acúmulos de KORNDÖRFER, G.H.; FARIA, R.J. de; DATNOFF, L.E.; PEREI-
resíduos. Objetivou-se avaliar a capacidade destas fontes em for- RA, L.E. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO
necer silício (Si) às plantas, pois na maioria das vezes, apesar de SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, Rio de Janeiro, 2002. Resu-
apresentarem altos teores de Si, elas são de muita baixa solubilida- mos... SBCS, 2002. p.143.
de. Foram testadas quatro fontes quanto à solubilidade do Si. São Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da aplica-
elas: Wollastonita (24,20% Si), Recmix (12% Si), Albright & Wil- ção do silício (silicato de cálcio) em dois solos de cerrado, Latossolo
son (21,52% Si) e Sama (8,55% Si), nas dosagens de 0, 200, 400 e Vermelho-Amarelo e Areia Quartzosa (LVa e AQa) sobre o Si acu-
800 kg Si.ha-1 com três repetições. Dois tipos de solos foram utiliza- mulado e a tolerância à falta de água no arroz de sequeiro. O experi-
dos, correspondendo às seguintes classes: Latossolo Vermelho mento foi montado num esquema fatorial completo (2 x 3 x 4)
Amarelo (LVA) e Areia Quartzosa (AQa), ambos provenientes do com 4 repetições, 3 níveis de água (60, 70 e 80% C.C.) e 4 doses de
município de Piracicaba, SP. Nesta etapa usou-se o método de incu- Si (0, 200, 400 e 600 kg.ha-1). Avaliaram-se as seguintes variáveis:
bação descrito por MEDINA-GONZALES et al. (1988), onde as fon- produção de grãos, peso seco da parte aérea e raiz, altura de plan-
tes de Si foram misturadas com 500 g de terra fina seca ao ar. Depois tas, número de perfilhos, teores trocáveis de Ca, Mg, Al e pH e
de misturado, foi adicionada água destilada até atingir a capacidade análise química de Si no solo e na planta após colheita dos grãos.
de campo. As amostras depois de preparadas foram mantidas em Os teores de Si extraível no solo foram superiores no LVa se compa-
ambiente escuro a uma temperatura de 26°C durante um período de rados aos da AQa e aumentaram em ambos com as doses de silicato
incubação de oito semanas. Após esse período, amostras homo- aplicadas. Os efeitos do Si sobre a produção de grãos foi maior nos
gêneas de terra foram retiradas, secas ao ar e analisadas para Si solos submetidos a uma tensão maior de água. Houve efeito do Si
disponível (0,5 M ácido acético - KORNDÖRFER et al., 1999). aplicado na quantidade de Si absorvido pelas plantas e que, por
Observamos que o produto Recmix, seguido pelo Albright sua vez, foi proporcional ao extraível do solo. O Si promoveu au-
& Wilson, reagiram melhor com o solo, deixando-o em forma dispo- mento na produção de grãos e tolerância à falta de água.
nível para as plantas, ou seja, solúvel. Houve uma grande diferença
nos valores de Si quando comparamos os dois tipos de solos usa-
dos: Areia Quartzosa e Latossolo Vermelho Amarelo, com respecti- 16. AMENIZAÇÃO DAACIDEZ DO SOLO ATRAVÉS DE COM-
vos teores de 2 e 4 mg Si.kg-1. Os altos valores de Si solúvel no LVA POSTOS ORGÂNICOS VEGETAIS
são devidos ao maior teor de argila que este solo apresenta em
relação à AQ. MEDA, A.R.; CASSIOLATO , M.E.; PAVAN, M.A.; MIYAZA-
WA, M. Brazilian Archives of Biology and Technology, v.44,
n.2, p.185-189, 2001. (http://www.scielo.br/scielo.php?script=
14. EXTRAÇÃO DE SILÍCIO EM FERTILIZANTES COM CAR-
sci_arttext&pid=S1516-89132001000200012&lng=en&nrm=
BONATO DE SÓDIO MAIS NITRATO DE AMÔNIO
iso&tlng=en)
PEREIRA, H.S.; RAMOS, L.A.; REIS, C.B. do; KORNDÖRFER, Foram conduzidos experimentos de laboratórios para ava-
G.H.; CAMARGO, M.S. de. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE liar os efeitos de extratos de plantas solúveis em água na acidez do
FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, Rio de solo. Os materiais de plantas foram: aveia preta, nabo, tremoço bran-
Janeiro, 2002. Resumos... SBCS, 2002. p.23. co e azul, mucuna cinza e anã, Crotalaria spectabilis e C. breviflora,
A extração de Si em escórias com Na2CO3 + NH4NO3 visa milheto, guandu, grama estrela, grama mato grosso, folhas de café,
quantificar o Si potencialmente aproveitável pelas plantas. O méto- folhas de cana-de-açúcar, palhada de arroz e palhada de trigo. Foi
do baseia-se na dissolução dos materiais em meio alcalino usando utilizado o seguinte procedimento para o extrato da planta solúvel
Na2CO3 + NH4NO3 como extrator. Para este estudo foram utilizadas em água: pesar 3 g de material de planta, adicionar 150 ml de água,
diferentes concentrações do extrator (10 + 16 g.L-1, 30 + 48 g.L-1, 50 agitar por 8 h e filtrar. Os extratos de plantas foram adicionados na
+ 80 g.L-1 e 100 + 160 g.L-1 de Na2CO3 + NH4NO3, respectivamente) superfície do solo em uma coluna de PVC (1 ml.min-1). Após, adicio-
e diferentes tempos de contato da solução extratora com o fertili- nou-se água deionizada em quantidade equivalente a três volumes
zante (1 h, 1, 2, 5, 9, 14 e 21 dias). Simultaneamente, foi conduzido de poros.
um experimento em casa de vegetação, com o cultivo de arroz Os extratos de plantas aumentaram o pH, Ca e K trocável e
inundado e com a aplicação de 125 kg.ha-1 de Si total, utilizando diminuíram Al. Nabo, aveia preta e tremoço azul foram os melhores
12 diferentes fontes de Si. As concentrações de 10 + 16 g.L-1 e 30 + e milheto o pior material para amenizar a acidez do solo. O nabo
48 g.L-1 de Na2CO3 + NH4NO3 mostraram-se as mais promissoras na aumentou o teor de Al na água de drenagem. As alterações quími-
extração de Si, por isso a menor concentração (10 + 16 g.L-1) foi cas foram associadas com as concentrações de cátions básicos
usada para avaliar as fontes quanto ao tempo de contato. Durante nos extratos de plantas: quanto maior a concentração maior o efeito
o período de contato, verificou-se que todas as fontes apresenta- na amenização da acidez do solo.

16 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002


17. RELAÇÕES ENTRE CONTEÚDO DE ÓLEO, PROTEÍNA E 19. GERMINAÇÃO DE SEMENTES E DESENVOLVIMENTO DE
TAMANHO DE SEMENTES EM SOJA PLANTAS DE SOJA EM RESPOSTA AO TRATAMENTO
COM MANGANÊS VIA SEMENTE
MAREGA FILHO, M.; DESTRO, D.; MIRANDA, L.A.; SPI-
NOSA, W.A.; CARRÃO-PANIZZI, M.C.; MONTALVÁN, R. GONÇALVES, A.C.; PRESTES, A.L.; LUCHESE, A.V.; BURIN,
Brazilian Archives of Biology and Technology, v.44, n.1, p.23- A.; CLAUS, L.; TRAUTMANN, R.R. In: REUNIÃO BRASILEI-
32,2001. (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext RA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS,
&pid=S1516-89132001000100004&lng=en&nrm=iso&tlng=en) Rio de Janeiro, 2002. Resumos... SBCS, 2002. p.158.
Durante 1995/96 e 1996/97, foram conduzidos experimentos Na região Sul do Brasil, não é uma prática comum a aduba-
na Universidade Estadual de Londrina, visando: quantificar os teo- ção com micronutrientes, ao contrário dos solos de cerrado que
res de óleo e proteína em dois grupos de genótipos de soja tipo freqüentemente apresentam alta deficiência de micronutrientes e
alimento; estimar as correlações fenotípicas e genotípicas existen- por isto justificam-se as pesquisas nesta região. A adubação com
tes entre os teores de óleo, proteína e tamanho das sementes; e micronutrientes, inclusive o Mn, pode ser feita via solo, foliar ou
identificar genótipos para consumo humano de forma direta, com pelo tratamento de sementes, método que pode colaborar na redu-
elevado teor de proteína. Foram avaliados os caracteres Peso de ção de custos para o agricultor, com o objetivo de obter níveis
Cem Sementes (PCS, expresso em gramas/100 sementes), Teor de máximos em relação à aplicação de Mn via semente, sem prejudicar
Óleo (TO) e Teor de Proteína (TP), expressos em %. a fase inicial de instalação da cultura da soja. O experimento foi
realizado em condições de casa de vegetação. Os tratamentos utili-
Na população conduzida a campo, a característica TO va-
zados foram 0,0, 0,5, 1,0, 2,0 e 4,0 g de Mn por kg de sementes
riou de 12 a 20,4%, e TP de 35,7 a 41,8%. A população conduzida em
através da fonte sulfato de manganês. Semeou-se 50 sementes trata-
casa de vegetação apresentou uma variação de 12,3 a 21,8% para
das em bandeja plástica contendo areia lavada, sendo avalia-
TO, e de 33 a 41,6% para TP. As correlações entre TO e TP foram
dos a germinação, o desenvolvimento inicial, a matéria seca da par-
negativas e significativas. A relação do PCS com TO e TP mostrou-
te aérea e a disponibilidade de Mn para as plantas. Pelos resultados
se baixa e muito afetada pelos efeitos dos anos.
obtidos podemos afirmar que acima de 2,0 g de Mn.kg-1 de semen-
Devido aos seus altos teores de proteína e estabilidade para tes os tratamentos foram afetados, sendo provavelmente este o
os teores de óleo e proteína, destacaram-se, dentre os tratamentos nível máximo de manganês que pode ser aplicado às sementes de
conduzidos a campo, GA23 e GA20; e dentre os tratamentos con- soja.
duzidos em casa de vegetação, PI408251, Waseda, B6F4 (L-3 less),
PI423909 e Tambagura.
20. TEORES DE ZINCO NO SOLO E NA FOLHA DE SOJA NO
ESTADO DO MATO GROSSO
18. SENSITIVITY OF N2 FIXATION TRAITS IN SOYBEAN CUL- BORKERT, C.M.; PEREIRA, L.R.; SFREDO, G.J.; OLIVEIRA
TIVAR JACKSON TO MANGANESE JUNIOR, A. de. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE
DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, Rio de Janeiro, 2002.
VADEZ, V. & SINCLAIR, R. Crop Science, v.42, p.791-796, 2002. Resumos... SBCS, 2002. p.165.
There are large increases in leaf ureides, allantoin, and Na exploração intensiva de grandes culturas, alguns
allantoic acid upon water deficit in N2 fixing soybean [Glycine max micronutrientes têm apresentado deficiência, principalmente em
(L.) Merr.], which are likely to trigger a feedback innibition of nodule solos dos cerrados. A utilização da análise de solo para recomenda-
activity. The degradation of ureides in the leaves appears to be a ção de micronutrientes é muito limitada, pois os teores críticos des-
major factor associated with N2 fixation tolerance to water deficit. ses são ainda pouco estudados. O uso indiscriminado pode causar
Since one of the possible enzymes responsible for allantoic acid excessos, pela falta de parâmetros precisos de recomendação. En-
degradation depends on Mn as a cofactor, we investigated the tretanto, a adição de micronutrientes nos solos tem sido feita com
possibility that the previously demonstrated N2 fixation tolerance base no uso da diagnose foliar. Como a análise foliar deve ser feita
to water deficit of the cultivar Jackson may result from a superior no início da floração, dificilmente as deficiências poderão ser
ability to accumulate Mn. corrigidas na mesma safra. Com o objetivo de determinar os teores
Indeed, Jackson was found in field and greenhouse críticos de Zn nos solos para a cultura da soja, com base na análise
experiment to have higher leaf Mn concentrations than other de solo, foi instalado um experimento em LEa textura franco-areno-
genotypes over a range of Mn availability. Acetylene reduction sa, em Pedra Preta, MT, com seis saturações por bases (30%; 40%;
activity after treating Jackson plants grown on hydroponic solutions 50%; 60%; 70% e 80%) e seis doses de Zn (zero; 1,25, 2,5; 5,0; 10,0
with ureide did not vary, however, with leaf Mn concentration. This e 15,0 kg.ha-1). A metodologia usada para a determinação do
was in contrast to a soybean line with N2 fixation sensitive to water teor crítico foi a dos quadrantes de Cate & Nelson, dividindo-se
deficit in which acetylene reduction activity following ureide em três faixas. Na recomendação da Embrapa Soja, o teor crítico
treatment was greater as the leaf Mn concentration increased. In é de 1,6 mg.dm-3 de solo. Os teores de Zn no solo encontrados
addition, ureide degradation rates in Jackson leaf samples with foram: teor baixo, < 2,5 mg.dm-3; teor adequado ou médio, de 2,5 a
differing Mn concentration were insensitive to Mn concentration. 3,3 mg.dm-3; e teor alto, > 3,3 mg.dm-3. O teor crítico no solo, acima
These results indicate that ureide degradation likely did not involve do qual não é esperada resposta à aplicação de Zn, é de 2,5 mg.dm-3.
Mn as a cofactor and that ureide degradation in Jackson is catalyzed Os teores de Zn encontrados na folha situam-se muito acima da
by an enzyme not requiring Mn as a cofactor. It was concluded that tabela de interpretação. Não houve correlação entre a produção e o
the capacity to maintain a high leaf Mn concentration in Jackson teor de zinco nas folhas de soja, e os teores variaram de 30 mg.dm-3 a
under sufficient Mn availability was a trait with no causal 45 mg.dm-3. Nas melhores produtividades, os teores estavam na
relationship to N2 fixation tolerance of water deficit. faixa de 34 mg.dm-3 a 40 mg.dm-3 de Zn na folha.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002 17


21. AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA CULTURA 23. PREPARO DO SOLO EM FAIXA SOBRE ÁREA DE PAS-
DA SOJA [Glycine max (L.) Merrill] EM SISTEMA DE PLAN- TAGEM E MANEJO DAS ENTRELINHAS NAFORMAÇÃO
TIO DIRETO, NA REGIÃO DE SILVÂNIA-GO DA LARANJA PÊRA
CUNHA, P.P. da; LEANDRO, W.M. In: CONGRESSO BRASI-
AULER, P.A.M.; FIDALSKI, J.; PAVAN, M.A.; JACOMINO,
LEIRO DE SOJA E MERCOSOJA, 2., Foz do Iguaçu, 2002. Re-
A.P. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO,
sumos... p.252.
28., Londrina, 2001. Anais... SBCS, 2001. p.292.
Nos cerrados, a adoção do sistema de plantio direto prova-
Em 1993 foi implantado um pomar de laranja Pêra sobre limão
velmente tenha ocorrido no final da década de 70 e início da de 80
Cravo em área de pastagem (Brachiaria humidicola), em Latossolo
através da migração de produtores que adotaram tal tecnologia na
Vermelho do arenito Caiuá, em Alto Paraná, noroeste do Paraná,
região Sul do país. Hoje, o sistema de plantio direto cresceu muito
com o objetivo de estudar seis manejos das entrelinhas: 1) abacaxi,
nos últimos anos e tem demonstrado ser uma boa alternativa aos
2) calopogônio, 3) Arachis pintoi, 4) Paspalum notatum, 5) vegeta-
produtores. Com o objetivo de diagnosticar os nutrientes mais
ção espontânea com B. humidicola e 6) preparo do solo em faixa, de
limitantes à produção da soja, para o sistema de plantio direto, na
2 m, com a manutenção da pastagem remanescente nas entrelinhas.
região de Silvânia, GO, produtores foram selecionados através de
Utilizou-se blocos ao acaso com três repetições.
critérios como: plantio da cultura da soja, manejo adequado da cul-
tura e proximidade da cidade de Silvânia, GO. As propriedades es- O manejo exerceu influência significativa sobre as caracte-
colhidas foram visitadas e as glebas divididas em áreas de 0,25 rísticas químicas do solo e não sobre a produção de frutos das
a 0,5 ha, procurando-se manter o máximo de uniformidade dentro primeiras quatro safras (análise conjunta). As gramíneas 4, 5 e 6
das glebas e o máximo de variação entre elas. As amostras de folhas proporcionaram melhor cobertura e características químicas do solo
foram coletadas no estádio R2 da soja (quando mais de 50% das em relação aos demais manejos. O manejo 6 aumentou os teores de
plantas estavam no florescimento). Coletou-se a 3a folha, a partir do carbono, Ca, Mg e V do solo em relação aos manejos 1, 2 e 3 e
ápice, num total de 30 folhas por gleba. Coletou-se 1 metro de plan- melhorou a nutrição das plantas em relação ao manejo 1. O manejo
tas, com auxílio do bastão nas linhas de plantio, em 10 pontos esco- 2 não se perenizou e o 1 e 3 acidificaram o solo. O preparo do solo
lhidos aleatoriamente, para avaliar a produtividade da cultura da em faixa é um manejo que pode ser utilizado na formação de poma-
soja nas glebas, após a maturação fisiológica. As análises foliares res de laranja, em áreas de pastagens, no noroeste do Paraná.
foram interpretadas pelo método dos níveis críticos.
A ordem de limitação para os níveis críticos foi: Cu > N > S > 24. LEGUMINOSA NO CONTROLE INTEGRADO DE PLAN-
P > K > Fe. Os nutrientes mais limitantes nas folhas pelos níveis TAS DANINHAS PARAAUMENTAR A PRODUTIVIDADE
críticos foram o Cu e o N, para a cultura da soja nos anos agrícolas DA LARANJA ‘PÊRA’
97/98. A utilização de adubos com Zn pode estar induzindo à defi-
ciência do Cu. CARVALHO, J.E.B. de; SOUZA, L. da S.; CALDAS, R.C.; AN-
TAS, P.E.U.T.; ARAÚJO, A.M. de A.; LOPES, L.C.; SANTOS,
R.C. dos; LOPES, N.C.M.; SOUZA, A.L.V. Revista Brasileira
22. DECOMPOSIÇÃO “IN SITU” E LIBERAÇÃO DE NU- de Fruticultura, v.24, n.1, p.82-85, 2002. (http://www.scielo.br/
TRIENTES DA PALHADA DE PLANTAS DE COBERTURA scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-29452002000100018
VITOI, V.; GUERRA, J.G.M.; ALMEIDA, D.L de; DUARTE, R. &lng=en&nrm=iso&tlng=pt)
de L. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO Objetivou-se avaliar a produtividade da laranja ‘Pêra’ em
E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, Rio de Janeiro, 2002. Resumos... dois ecossistemas, considerando dois diferentes manejos de solo
SBCS, 2002. p.15. para o controle integrado de plantas daninhas. O experimento foi
Este trabalho avaliou o desempenho de plantas de cobertu- instalado nos municípios de Rio Real e Conceição do Almeida, Bahia,
ra para plantio direto de hortaliças. Foram analisados o teor e a no período de 1994 a 1999, em área total de 6.000 m², em cada local.
acumulação de nutrientes, a taxa de decomposição e de liberação O manejo utilizado pelo produtor constou de três capinas manuais
dos nutrientes da palhada de sorgo, crotalária e vegetação espon- nas linhas de plantio e três gradagens nas entrelinhas, enquanto o
tânea. O experimento foi realizado no Sistema Integrado de Pesqui- manejo proposto utilizou como cobertura vegetal o feijão-de-porco
sa em Produção Agroecológica, Seropédica-RJ. Utilizou-se o deli- (Canavalia ensiformes L.), nas entrelinhas do pomar, associado a
neamento em blocos ao acaso com quatro tratamentos (sorgo, crota- uma subsolagem. O controle químico das plantas daninhas nas
lária, sorgo + crotalária e vegetação espontânea). A vegetação es- linhas do pomar foi realizado duas vezes ao ano com glifosate. O
pontânea apresentou elevado teor de nutrientes, mas a acumulação manejo proposto apresentou melhores resultados em relação ao
total de nutrientes foi baixa. A crotalária foi a espécie com maior manejo do produtor nos dois municípios para todos os parâmetros
acumulação de N (147,7 kg.ha-1) e Ca (60,4 kg.ha-1), o sorgo com analisados: peso do fruto, número de frutos por planta e produtivi-
maior acumulação de P (25,5 kg.ha-1), K (170,2 kg.ha-1) e Mg dade. Em Conceição do Almeida, o sistema proposto foi 56,8% mais
(22,4 kg.ha-1). O sorgo apresentou a menor velocidade de decom- produtivo que o do produtor e, em Rio Real, 64,9%.
posição (T1/2 = 82 dias) e a vegetação espontânea a maior (T1/2 =
32 dias). O K foi liberado em menor tempo e o Ca apresentou libera- 25. RESPOSTA DA SOJA A NÍVEIS DE RADIAÇÃO LUMI-
ção mais lenta. Os resultados obtidos com o consórcio entre sorgo NOSA
e crotalária evidenciaram a possibilidade de explorar características
específicas de cada uma destas espécies, ou seja, a extração de NEUMAIER, N.; WOBETO, C.; FARIAS, J.R.B.; OYA, T.;
nutrientes do solo, aporte de N atmosférico, liberação de nutrien- DELATTRE, N.; RODRIGUES, O.; NEPOMUCENO, A.L. In:
tes, qualidade e tempo de residência da palhada sobre o solo, e CONGRESSO BRASILEIRO DE SOJA E MERCOSOJA, 2., Foz
viabilizar a exploração de hortaliças em sistema de plantio direto. do Iguaçu, 2002, Resumos... p.21.

18 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002


A base do aumento da produtividade da soja para níveis com 142,6 mg/100 g, BR 37 com 121,72 mg/100 g e Davis com 60,40
próximos do potencial é a maximização do uso das disponibilidades mg/100 g, mostrou que há possibilidade de existência de uma rela-
ambientais pela cultura. O objetivo do presente trabalho foi carac- ção direta entre o conteúdo de isoflavonas e a resistência da se-
terizar a resposta da soja às condições de baixa radiação luminosa, mente à deterioração. Portanto, há evidências de que o maior teor
no período reprodutivo. Na safra 2000, foram realizados dois en- de isoflavonas melhorou a qualidade fisiológica das sementes das
saios a campo, um em Londrina (Embrapa Soja) e outro em Guara- cultivares testadas.
puava (FAPA). Em ambos, foi usado sombrite sobre as parcelas,
para restringir a radiação fotossinteticamente ativa (RFA). Em Lon-
drina, foram avaliados três tratamentos, em blocos ao acaso, com 27. ABSORÇÃO FOLIAR E TRANSLOCAÇÃO DO BORO EM
quatro repetições, sobre a cultivar Embrapa 48: (1) testemunha (100% PLANTAS JOVENS DE CITROS
da RFA) e (2) 45% da RFA, por 20 dias a partir do florescimento (R1),
ou (3) por 25 dias durante o enchimento dos grãos (R5). Em Guara- BOARETTO, R.M.; BOARETTO, A.E.; MURAOKA, T.; SILVA,
puava, sob blocos ao acaso com parcelas subdivididas e três repe- D.H. da. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO
tições, foram testados, nas parcelas, três níveis de RFA (100%; 70% SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, Rio de Janeiro, 2002. Resu-
e 45%) por 39 dias a partir de R5 e, nas subparcelas, quatro genótipos mos... SBCS, 2002. p.154.
(Embrapa 59, BRS 132, OC12158 e OC127837). Todos os ensaios A adubação foliar é empregada para prevenir ou corrigir
foram semeados em 26/11/99 e colhidos em abril/2000. Foram fei- deficiências de micronutrientes. Em citros, a eficiência de absorção
tas avaliações fenológicas, fisiológicas e agronômicas. do B aplicado via foliar e sua translocação na planta ainda não
Em Londrina, a restrição da RFA causou decréscimo na taxa estão bem estabelecidas. O objetivo do experimento foi estudar a
fotossintética (A), tanto em R1 quanto em R5. O tratamento com absorção foliar de soluções com diferentes concentrações de B em
45% da RFA, por 20 dias, após R1, não diminuiu o rendimento, mas função do tempo, e a mobilidade do B absorvido pelas folhas para
a mesma restrição por 25 dias, em R5, reduziu o rendimento em 22%. órgãos que cresceram após a aplicação foliar. Plantas jovens de
Em Guarapuava, a taxa fotossintética (A) e a resistência estomática laranjeira ‘Valência’ enxertadas em limoeiro ‘Cravo’ foram pulveri-
(RE) foram menores sob 45% RFA e 70% RFA. O genótipo OC12158 zadas com diferentes concentrações de B (0; 0,085; 0,170; 0,255 e
apresentou a menor A. ‘BRS 132’ apresentou a menor RE. A partir 0,340 g.L-1). Após 3, 6, 12 e 24 horas e 5, 15 e 30 dias da aplicação, as
de R5, a massa seca total (MST) foi maior sob 100% RFA. Na ma- plantas foram colhidas. A parte aérea foi dividida em “parte velha”
turação, ‘Embrapa 59’ e o genótipo OC12158 apresentaram MST (existente no momento da adubação) e “parte nova” (nascida de-
maior do que OC127837. Níveis subótimos de RFA favoreceram as pois da adubação). Pelos resultados verificou-se que todas as do-
doenças de final de ciclo e esta resposta foi dependente do genótipo. ses elevaram o teor foliar de B nas folhas da “parte velha”, porém
O acamamento foi maior nos tratamentos com restrição de RFA. As não alteraram o seu teor nas folhas da “parte nova”. A eficiência da
reduções nos rendimentos, causadas por 45% RFA, variaram de absorção foliar do boro foi aproximadamente de 9%, valor obti-
25,6% para ‘Embrapa 59’ a 67,3% para OC127837. ‘Embrapa 59’ e do 15 dias após a pulverização.
‘BRS 132’ foram menos sensíveis às baixas radiações do que os
genótipos OC12158 e OC127837, indicando existência de variabili-
dade genética para adaptabilidade a menores níveis de radiação. 28. TEORES DE BORO NA CULTURA DA SOJA NO ESTADO
DO MATO GROSSO

NETO, W. de O.; CASTRO, C. de; PEREIRA, L.R.; BORKERT,


26. RELAÇÃO ENTRE A QUANTIDADE DE ISOFLAVONAS E C.M.; MUNIZ, A.S. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILI-
O VIGOR DE SEMENTE DE SOJA DADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, Rio de Janeiro,
2002. Resumos... SBCS, 2002. p.164.
KRZYZANOWSKI, F.C.; WEST, S.H.; FRANÇA NETO, J. de
B.; HENNING, A.A.; COSTA, N.P. da. In: CONGRESSO BRASI- Os solos dos Cerrados são originalmente pobres em alguns
LEIRO DE SOJA E MERCOSOJA, 2., Foz do Iguaçu, 2002. Re- micronutrientes. Os nutrientes devem ser aplicados conforme as
sumos... p.357. quantidades exigidas pela planta. Mas como a análise foliar deve
ser efetuada no início da floração, dificilmente as deficiências pode-
As sementes deterioradas lixiviam mais eletrólitos quando
rão ser corrigidas no mesmo cultivo, sendo então recomendada a
postas para embeber diretamente em água. Altos níveis de radicais
análise de solo. Com o objetivo de determinar o teor crítico do boro
livres extremamente reativos têm sido associados com o processo
(B) no solo para a cultura da soja, instalou-se um experimento em
de envelhecimento do sistema biológico. Radicais livres são áto-
Latossolo Vermelho-Escuro álico (LEa), textura franco arenosa,
mos que apresentam eléctrons com valências livres produzidos du-
em Pedra Preta, MT, com seis saturações por bases (30%; 40%;
rante as reações oxidativas. A degradação da membrana celular das
50%; 60%; 70% e 80%) e seis doses de B (zero; 0,5; 1,0; 1,5; 3,0
células das sementes pela ação de radicais livres é uma das mais
e 6,0 kg.ha-1). A metodologia usada para determinação do teor crí-
discutidas e aceitas teorias de deterioração de sementes, por ser o
tico foi a dos quadrantes de Cate & Nelson, dividindo-se em três
início do processo de deterioração. A interação de radicais livres
faixas. Os teores de B no solo estão abaixo do recomendado, confor-
com os lipídios da estrutura das membranas é a base do mecanismo
me os resultados obtidos. No LEa houve correlação, e as faixas de
de deterioração da teoria proposta.
B encontradas no solo foram: teores baixos, abaixo de 0,13 mg.dm-3;
Dados preliminares permitiram observar que sementes de teores adequados ou médios, de 0,13 a 0,15 mg.dm-3; e teores altos,
soja com alto teor de isoflavonas geralmente tinham alta qualidade acima de 0,15 mg.dm-3. Por isso, o teor crítico no solo, acima do qual
fisiológica. É conhecido que as isoflavonas atuam como inibidores não é esperada resposta à aplicação de B, é de 0,13 mg.dm-3. Não
da ação dos radicais livres a nível celular. Estudo conduzido em houve correlação nas faixas de B na folha, porém os teores situam-
teste de deterioração controlada, com três cultivares de soja apre- se na faixa de 20 mg.dm-3 a 40 mg.dm-3. Na faixa de 25 mg.dm-3 a
sentando conteúdos distintos de isoflavonas como segue: IAS 5 35 mg.dm-3 de B na folha situam-se os maiores rendimentos de grãos.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002 19


PAINEL AGRONÔMICO

MILHO TAMBÉM É UMA BOA OPÇÃO AJUDA GOVERNAMENTAL RECEBIDA


PELOS PRODUTORES RURAIS DOS
A soja vai tirar área de plantio de algodão, do arroz, do milho EUA E DA UNIÃO EUROPÉIA –
e das pastagens. Mas o milho também deverá ser uma boa opção
para o agricultor. Segundo Nelson Batista Martin, diretor do Insti- ALGUNS NÚMEROS
tuto de Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura do Estado
de São Paulo, é exagerado o pessimismo que se formou em torno do Item EUA União Européia
plantio de milho na safra 2002/2003. Acredita que a área de milho na
temporada deverá cair, no máximo, 5%. Em meados de agosto, as Valor da produção $ 190 bilhões $ 197 bilhões
cooperativas do Paraná, por exemplo, podiam fechar contratos de N de propriedades
o
2,06 milhões 7,37 milhões
exportação para 2003 por R$ 20 a saca, um preço excelente. Área 425 milhões ha 134 milhões ha
As indústrias não dão liquidez ao mercado de milho porque Área média da propriedade 207 ha 18 ha
é muito caro carregar estoques por 12 meses pagando juros de 30 a Estimativa da Ajuda Total (EAT) $ 92,3 bilhões $ 103,5 bilhões
40% ao ano. O governo também errou ao definir preço mínimo EAT per capita $ 338 $ 276
de R$ 9,50 a saca no Centro-Sul, ao invés de algo em torno de R$ 12 EAT % PIB 0,92% 1,32%
para estimular o plantio. Os contratos de opção também foram lan- Estimativa da Ajuda ao
çados muito tarde. Produtor (EAP) $ 49 bilhões $ 90,2 bilhões
Depois das altas do milho e da soja na bolsa de Chicago, EAP/produtor full time $ 20.000/produtor $ 14.000/produtor
mesmo o preço mínimo perdeu sentido. O preço de importação de Fonte: New Ag International, Setembro 2002.
milho em meados de agosto estava em US$ 8 a saca, o que represen-
tava R$ 25,60 a um dólar de R$ 3,20. Isso é que está motivando o
produtor a antecipar a compra de sementes de milho safrinha, que é
plantado logo depois da colheita da soja (Globo Rural, n.203, 2002. MILHO E SOJA: UMA COMPARAÇÃO
p.71).
Uma comparação acerca do desempenho dos dois produtos
no Brasil e nos EUA.
Começando pela soja: cada vez mais o Brasil firma-se na
SOJA E MILHO CAROS DÃO posição de segundo maior produtor mundial. A produção prevista
para 2003 (48 milhões/t) corresponde a mais de um quarto da produ-
MAIS ESPAÇO AO SORGO ção mundial e a 67% da produção norte-americana. Nada impede
que o país “encoste” ou mesmo supere a produção norte-america-
O custo da ração animal poderá diminuir nos próximos anos na, já que, aqui, o crescimento vem sendo contínuo, enquanto lá há
com a esperada expansão da lavoura de sorgo no Brasil. Um produ- leves indícios de estabilização.
to típico dos países tropicais, o sorgo entrou em escala comercial Caso do milho: aqui, para dizer o mínimo, a situação é humi-
no mercado brasileiro na década de 70, mas ainda não deslanchou lhante para a produção brasileira. É verdade que o Brasil não deixa
como se esperava. de estar entre os grande produtores mundiais – atrás de EUA e
O Brasil já domina a técnica do cultivo do sorgo, e os produ- China e com produção similar à do bloco de 15 países que compõem
tores têm à disposição boas sementes, que são, inclusive, exporta- a Comunidade Européia. No entanto, o volume produzido (37 mi-
das para vários países da América Latina. O sorgo nacional é de lhões/t, é a previsão para 2003) vai representar apenas 6% da safra
boa qualidade, e já atrai a atenção dos japoneses, os mais rígidos mundial (contra 26% da soja).
no controle das importações de grãos. E, comparativamente aos EUA,
nossa produção mal chega a
A produção, no entanto, ainda é pequena. Paulo Motta
16% do que será colhido pelos
Ribas, consultor para o agronegócio do sorgo da Embrapa Milho e
americanos (contra 67% na soja)
Sorgo, diz que a produção deverá avançar nos próximos anos. O
(Vide figura ao lado).
sorgo começa a ser visto como um complemento do milho. A queda
Observando esse cená-
de produção desse cereal e os elevados preços deverão abrir cami-
rio, qualquer leigo constataria
nho para o sorgo. Ribas espera que em três anos o Brasil já esteja
que há algo de errado na rela-
produzindo 3 milhões de toneladas.
ção soja/milho dos dois países
O aumento da área plantada vai permitir a utilização de mais analisados. Inocente, poderia
tecnologia na lavoura, elevando a produtividade. Com mercado até indagar: será que os EUA
garantido e preços melhores, os produtores vão elevar a produção são tão equivocados a ponto de
e aumentar os investimentos, segundo Ribas. Esse círculo de maior produzirem 3 vezes mais milho do que soja? Mas não, o equívoco
demanda pelo produto e maior produtividade poderá colocar o Bra- não é deles, só nosso. E reforça a tese de que o milho brasileiro está
sil entre os principais produtores mundiais (Informativo Semanal exigindo uma política de estímulo específica (Informativo Semanal
Avisite 10/09/2002, www.avisite.com.br). Avisite, 14/08/2002, www.avisite.com.br).

20 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002


CURSOS, SIMPÓSIOS E OUTROS EVENTOS

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
SIMPÓSIOS DA POTAFOS EM 2003 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

1. SIMPÓSIO SOBRE FÓSFORO NA AGRICULTURA 2. 4O SIMPÓSIO SOBRE ROTAÇÃO SOJA/MILHO NO


BRASILEIRA PLANTIO DIRETO
Promoção: POTAFOS, ANDA e IBRAFOS Local: Piracicaba, SP
Local: Piracicaba, SP Data: 10 e 11/JULHO/2003
Data: 15 e 16/MAIO/2003 Temas a discutir:
Temas a discutir: • Matéria orgânica no plantio direto
• Fósforo no solo e na planta • Relação entre nutrição de plantas e incidência de pragas e
• Relação com outros nutrientes e com a microbiologia do solo doenças
• Eficiência da adubação fosfatada • Integração agricultura-pecuária
• Respostas das culturas à adubação fosfatada • Manejo da acidez com ênfase em solos de baixa CTC
Público-alvo: Agrônomos das indústrias de fertilizantes, pes- Público-alvo: Consultores e produtores buscando alta produti-
quisadores, professores, extensionistas, consultores e produ- vidade, extensionistas, pesquisadores e professores.
tores. Inscrição e informações: POTAFOS
Inscrição e informações: POTAFOS Telefone: (19) 3433-3254/3422-9812 ou
Telefone: (19) 3433-3254/3422-9812 ou E-mail: potafos@potafos.com.br
E-mail: potafos@potafos.com.br Website: www.potafos.org
Website: www.potafos.org

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
OUTROS EVENTOS EM 2002 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

1. SIMPÓSIO SOBRE DINÂMICA DE DEFENSIVOS AGRÍCO- 4. IV CURSO – USO DE GPS (SISTEMA DE POSICIONAMENTO
LAS NO SOLO – Aspectos práticos e ambientais GLOBAL) NAAGRICULTURA
Local: ESALQ - Anfiteatro do Depto. de Ciências Florestais Local: Centro Experimental Central, Avenida Theodureto de Almei-
Data: 07 e 08/NOVEMBRO/2002 da Camargo, 1500, Vila Nova, Campinas, SP
Inscrições: Profissionais R$ 340,00 Data: 08/NOVEMBRO/2002
Estudantes R$ 135,00 Inscrições: Profissionais R$ 90,00
Informações: FEALQ Estudantes R$ 45,00
Av. Carlos Botelho, 1025 Informações: Instituto Agronômico de Campinas
Piracicaba-SP Fone: (19) 3231-5422, ramal 165
Fone: (19) 3429-4393 Website: www.iac.sp.gov.br
E-mail: agrohoje@esalq.usp.br (Maria Eugênia)
5. 4th FERTILIZANTES CONO SUR
2. I REUNIÃO BRASILEIRA SOBRE INDUÇÃO DE RESIS- Local: Sheraton Porto Alegre, Porto Alegre-RS, Brasil
TÊNCIA EM PLANTAS CONTRA FITOPATÓGENOS Data: 18 a 20/NOVEMBRO/2002
Informações: Matilde Diaz
Local: Hotel Fazenda Fonte Colina Verde, São Pedro (SP) British Sulphur Publishing
Data: 19 a 21/NOVEMBRO/2002 Telefone: (44) 20 7903-2444
Inscrições: Profissionais: R$ 180,00 Telefax: (44) 20 7903-2432
Estudantes R 60,00 E-mail: conferences@crugroup.com
Informações: E-mail: ir2002@esalq.usp.br Website: www.britishsulphur.com
Website: http://sites.uol.com.br/alfito
6. REUNIÃO TÉCNICA SOBRE A CULTURA DO MILHO
3. IFDC - INTERNATIONAL WORKSHOP ON NPK FERTILI- SAFRINHA
ZER PRODUCTION ALTERNATIVES
Local: Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agro-
Local: Brasil/Argentina negócios do Médio Paranapanema, Rodovia SP 333, km 53
Data: 23/OUTUBRO a 05/NOVEMBRO/2002 (Assis-Marília), Assis, SP
Informações: Telefone: +1 256 381-6600 Data: 17/DEZEMBRO/2002
E-mail: hrd@ifdc.org Informações: Fone: (18) 3322-3197 ou (18) 3322-5891
Website: www.ifdc.org Website: www.iac.sp.gov.br

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002 21


PUBLICAÇÕES RECENTES
1. DOENÇAS BACTERIANAS DAS HORTALIÇAS 5. CAFÉ ADENSADO – espaçamentos e cuidados no manejo da
lavoura
Autores: Lopes, C.A. & Quezado Soares, A.M.; 2001.
(IAPAR. Circular 121)
Conteúdo: Apresenta uma visão simplificada das doenças
bacterianas mais comuns das principais hortaliças, Autor: Androcioli Filho, A.; 2002.
com recomendações técnicas voltadas para o con- Conteúdo: Estratégias de produção de café, procedimentos para
trole integrado, visando reduzir a dependência da o ajuste da densidade de espaçamento, estratégia para
aplicação de agrotóxicos. Fartamente ilustrado para condução de lavouras com alta densidade, cuidados
facilitar a diagnose das doenças. Inclui, ainda, um especiais no manejo de lavouras com alta densidade.
glossário para auxiliar o entendimento dos termos Número de páginas: 32
técnicos. Editor: Idem item 3
Formato: 18 x 25 cm
Número de páginas: 72
6. CURSO SOBRE CULTIVO, PROCESSAMENTO E COMER-
Preço: R$ 20,00
CIALIZAÇÃO DE PALMITO DE PUPUNHA – Introdução ao
Editor: EMBRAPA
cultivo de palmeira real para palmito
Caixa Postal 040315
(IAPAR. Circular 117)
70770-901 Brasília-DF
Telefone: (61) 448-4236 Conteúdo: Cultivo de pupunha para palmito: importância, merca-
Fax: (61) 340-2753 do e aspectos biológicos e agronômicos; manejo de
E-mail: vendas@sct.embrapa.br ervas daninhas; doenças da pupunheira (Bactris
gasipaes Kunth) no Paraná; produção de mudas de
pupunha; irrigação; o envase de palmito de pupunha
2. COMPACTAÇÃO E DESCOMPACTAÇÃO DE SOLOS em vidro; introdução ao cultivo de palmeira real para
Autores: Kochhan, R.A.; Denardin, J.E.; Berton, A.L.; 2002. palmito no Paraná; produção de mudas de palmeira
Conteúdo: Mostra o que é compactação e como e quando é pre- real (Archontophoenix spp).
ciso adotar práticas de descompactação de solos. Número de páginas: 149
Preço: R$ 3,00 Editor: Idem item 3
Editor: idem item 1.
7. DESENVOLVIMENTO DE PUPUNHA (Bactris gasipaes Kunth)
3. MANEJO INTEGRADO DAS PRINCIPAIS DOENÇAS CULTIVADA PARA PALMITO EM DIFERENTES REGIÕES
FÚNGICAS E DE PRAGAS DE SOLO DA CULTURA DA BA- DO PARANÁ
TATA – uma visão holística de controle para o Estado do Paraná (Boletim Técnico, 67)
(IAPAR – Circular 118) Autores: Chaimsohn, F.P.; Morsbach, N.; Durigan, M.E.; Treitny,
Autores: Nazareno, N.R.X. de; Brisolla, A.D.; Trach, R.; 2001. M.R.; Gomes, E.P.; 2002.
Conteúdo: Manejo integrado de doenças foliares, manejo inte- Conteúdo: Apresenta-se neste trabalho os resultados de unida-
grado de pragas do solo, manejo do solo e interfe- des de observação de B. gasipaes cultivada para pal-
rências fitossanitárias. mito nas regiões do Litoral, Alto Ribeira, Noroeste e
Formato: 15 x 22 cm Oeste do Paraná.
Número de páginas: 30 Número de páginas: 51
Editor: Instituto Agronômico do Paraná Editor: Idem item 3
Rodovia Celso Garcia Cid, km 375
86001-970 Londrina-PR 8. ARMAZENAMENTO DE HORTALIÇAS
Website: www.pr.gov.br/iapar Autores: Luengo, R. de F.A. & Calbo, A.G.; 2001.
Conteúdo: Princípios pós-colheita para aumentar a conservação
das hortaliças; limites fisiológicos e genéticos para a
4. MANEJO DO SOLO – adubação e calagem, antes e após a im-
conservação; técnicas de armazenamento; irradiação,
plantação da lavoura cafeeira
fundamentos e usos; soluções simples para armaze-
(IAPAR. Circular 120)
nar hortaliças nos pontos de venda; pós-colheita.
Autor: Chaves, J.C.D.; 2002. Formato: 15 x 21 cm
Conteúdo: Conheça o solo, amostragem do solo, preparo do solo, Número de páginas: 242
calagem, calagem em área total, calagem na cova/sul- Editor: Embrapa Hortaliças
co, adubar?, adubação de plantio, adubação verde, Caixa Postal 218
adubação de formação, adubação de produção, uma 70359-970 Brasília-DF
explicação necessária, calagem para o cafeeiro em pro- Telefone: (61) 385-9000
dução. Fax: (61) 556-5744
Número de páginas: 36 E-mail: sac.hortaliças@embrapa.br
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22 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002


PUBLICAÇÕES DA POTAFOS

R$/exemplar BOLETINS TÉCNICOS (PROMOÇÃO) DESCONTOS


7,00 "Nutrição e adubação do feijoeiro"; C.A. Rosolem (91 páginas) Para compras no valor de:
7,00 "Nutrição e adubação do arroz"; M.P. Barbosa Filho (120 páginas, 14 fotos) R$ 100,00 a R$ 200,00 = 10%
7,00 "Potássio: necessidade e uso na agricultura moderna" (45 páginas, 34 fotos) R$ 200,00 a R$ 300,00 = 15%
R$ 300,00 a R$ 400,00 = 20%
mais que R$ 400,00 = 25%
LIVROS/CD
15,00 "A estatística moderna na pesquisa agropecuária"; F. Pimentel Gomes (162 páginas)
15,00 “Desordens nutricionais no cerrado”; E. Malavolta, H.J. Kliemann (136 páginas)
15,00 "Ecofisiologia na produção agrícola"; P.R.C. Castro e outros (eds.) (249 páginas)
15,00 "Nutrição mineral, calagem, gessagem e adubação dos citros"; E. Malavolta (153 páginas, 16 fotos)
15,00 "Nutrição e adubação da cana-de-açúcar"; D.L. Anderson & J.E. Bowen (40 páginas, 43 fotos)
15,00 "Cultura do milho"; L.T. Büll & H. Cantarella (eds.) (301 páginas)
15,00 "Fertilizantes fluidos"; G.C. Vitti & A.E. Boaretto (ed.) (343 páginas, 12 fotos)
20,00 "Cultura do cafeeiro"; A.B. Rena e outros (ed.) (447 páginas, 49 fotos) (LIQUIDAÇÃO DE ESTOQUE)
30,00 "Avaliação do estado nutricional das plantas - 2ª edição"; Malavolta e outros (319 páginas)
30,00 "Manual internacional de fertilidade do solo - 2ª edição, revisada e ampliada" (177 páginas)
30,00 “Cultura do algodoeiro”; E. Cia, E.C. Freire, W.J. dos Santos (eds.) (286 páginas, 44 fotos)
30,00 "A cultura da soja nos cerrados"; Neylson Arantes & Plínio Souza (eds.) (535 páginas, 35 fotos)
30,00 "Nutrição e adubação de hortaliças"; Manoel E. Ferreira e outros (eds.) (487 páginas)
30,00 "Micronutrientes na agricultura"; M.E. Ferreira & M.C.P Cruz (eds.) (734 páginas, 21 fotos)
30,00 "Cultura do feijoeiro comum no Brasil"; R.S. Araujo e outros (coord.) (786 páginas, 52 fotos)
50,00 CD-ROM - Anais do Simpósio sobre Fisiologia, Nutrição, Adubação e Manejo para Produção Sustentável de Citros
50,00 CD-ROM - Anais do I Simpósio sobre Soja/Milho no Plantio Direto (4 CD’s: vídeos, palestras e slides)
50,00 CD-ROM - Anais do II Simpósio sobre Soja/Milho no Plantio Direto (4 CD’s: vídeos, palestras e slides)
ARQUIVOS DO AGRÔNOMO (PROMOÇÃO)
Nº 1 - A pedologia simplificada (2ª edição - revisada e modificada) (16 páginas e 27 fotos), Nº 2 - Seja o doutor do seu milho -
7,00 2a edição, revisada e modificada (16 páginas e 27 fotos), Nº 3 - Seja o doutor do seu cafezal (12 páginas, 48 fotos), Nº 4 - Seja o
cada doutor de seus citros (16 páginas, 48 fotos), Nº 6 - Seja o doutor da sua cana-de-açúcar (16 páginas, 48 fotos), , Nº 8 - Seja o
número doutor do seu algodoeiro (24 páginas, 77 fotos), Nº 9 - Seja o doutor do seu arroz (20 páginas, 41 fotos), Nº 11 - Como a planta
de soja se desenvolve (21 páginas, 38 fotos), Nº 12 - Seja o doutor do seu eucalipto (32 páginas, 71 fotos).

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 99 – SETEMBRO/2002 23


Ponto de Vista
INVISTA MAIS NA PRODUTIVIDADE DO SEU MILHO
T. Yamada, diretor

A
s previsões de plantio de verão da safra 2002/03 Além de sistema radicular extenso e bem ramificado, a planta
indicam aumento na área de soja de 15,8 para precisa de resistência ao estresse hídrico, que pode ser conferida
17,4 milhões de ha e recuo na de milho de 9,5 para pela adubação potássica. Assim, para evitar riscos, é importante
9,2 milhões de ha. Felizmente, a área com o milho safrinha tem au- manter alta fertilidade potássica nos solos com milho safrinha. A
mentado ano a ano, e para 2003 está previsto o plantio de 3,4 mi- diferença pode não ser pronunciada nos anos com chuva adequa-
lhões de ha. Tudo indica que 2003 será um ano com bons preços da, mas nos anos com seca, ou ainda com excesso de chuva, a
não só para a soja como também para o milho. É de se esperar que a correta adubação potássica pode funcionar como o seguro contra
demanda de milho será coberta basicamente com a produção inter- perdas, conforme observado por Barber (1963):
na, pois o dólar caro poderá inibir a importação. É preciso lembrar
Chuva -K +K Aumento
ainda que é proibida a importação de milho transgênico, de maior
disponibilidade no mercado internacional. Temos, pois, que inves- mm/ano - - - - - - - - milho (kg/ha) - - - - - - - - %
tir na busca da produtividade do milho. Que é fácil de se alcançar Baixa, 180 5.710 8.150 2.440 42,7
com apenas alguns cuidados simples como escolha do melhor hí- Média, 450 9.280 9.870 590 6,4
brido, população adequada, adubação balanceada, entre outros. Alta, 653 5.770 8.780 3.010 52,2
Destes, a adubação balanceada é um dos que mais influenciam na
produtividade do milho, tanto o de verão como o safrinha. Fonte: Barber, S.A. (1963). Better Crops, v.47, n.1, p.6-9.

Nunca é demais repetir. A recomendação da adubação deve


ser feita em função da análise do solo e da produtividade desejada. Em ensaio realizado com milho safrinha no inverno de 2002,
Cada tonelada de grãos de milho contém 18,2 kg de N, 5,4 kg de Evandro Nogueira Barbosa, da Agroplan Planejamentos Agropecuá-
P2O5, 5,0 kg de K2O, 1,3 kg de Ca, 1,3 kg de Mg e 1,3 kg de S (dados rios, Rio Brilhante-MS, fone (67) 452-7734, evandro@legio.com.br, pro-
de Altmann, N., 2001. II Simpósio Soja/Milho, POTAFOS). Assim, duziu 8.460 kg/ha com o híbrido DKB-350 adubado com 300 kg/ha de
para uma produção de 10 toneladas de grãos/ha, apenas para a re- 00-20-20 mais 330 kg/ha de nitrato de amônio, aplicados a lanço em
posição da exportação são necessários 182 kg de N, 54 kg de P2O5 e pré-plantio, e 300 kg/ha de 10-20-10 (formulada com sulfato de amônio)
50 kg de K2O. Altas produtividades de milho tem sido observadas no plantio. O tratamento com 300 kg/ha de 10-20-10 no plantio, que
em áreas que recebem 30-40 kg de N mais todo o P e parte do K representa a adubação média da região, produziu 5.950 kg/ha. A me-
aplicados no plantio, e o restante do N e do K em cobertura, de lhor adubação aumentou a produtividade em 42%, provando que o
preferência, incorporado no meio da rua, logo após a germinação milho safrinha pode produzir muito mais do que se colhe comumente.
do milho. Caso não tenha tratores e adubadeiras em quantidade Além da maior produtividade, a melhor adubação do milho
suficiente, para não atrasar demasiadamente esta tarefa, é possível safrinha aumenta os teores de P e K do solo para a cultura da soja
também aplicar a dose de cobertura em pré-plantio. Neste caso, o subseqüente. Isto porque, dos 120 kg de P2O5/ha e 90 kg de K2O/ha
que temos feito com sucesso é a incorporação no solo, para evitar aplicados, apenas 46 kg de P2O5 e 42 kg de K2O/ha são exportados
perdas de uréia por volatilização, em pré-plantio, de formulação NK nos grãos colhidos (8.460 kg/ha), deixando no solo, para a soja do
feita com uréia, sulfato de amônio e cloreto de potássio, com a próximo verão, 74 kg de P2O5/ha e 48 kg de K2O/ha.
adubadeira espaçada de 40-45 cm (como no plantio da soja). Não tenho dúvidas de que melhor adubação do milho
Mais que o milho de verão, o milho safrinha precisa formar safrinha reverterá em aumento da produtividade não só de milho
rapidamente um sistema radicular profundo, para melhor resistir ao como também da soja no verão. Estamos passando por um período
déficit hídrico. É importante, pois, que tenha N e P em alta disponi- excepcionalmente favorável para a agricultura brasileira. Não perca
bilidade perto da semente, melhorando a absorção dos mesmos e esta chance. Lucre mais adubando melhor as culturas de verão e de
favorecendo um bom desenvolvimento radicular. safrinha.
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T. YAMADA - Diretor, Engo Agro, Doutor em Agronomia


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